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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Iª UNIDADE

1. Conceito

↪️ O Direito Internacional é o ramo jurídico responsável por estudar e agrupar todas as


normas criadas por uma sociedade, através de seus representantes, cuja finalidade seja
auxiliar e melhorar as relações externas e a boa convivência entre os países.
É através da sua análise que se torna possível compreender as nuances e as normas de
cada nação, abrindo o caminho para respeitar as características de cada uma e alcançando
harmonia nas negociações.

↪️ No século XIX, ocorre um maior florescimento do Direito internacional, devido a criação


dos primeiros organismos internacionais com o objetivo de regular assuntos transacionais, a
proclamação da Doutrina Monroe e primeira das Convenções de Genebra, dentre outras
inúmeras iniciativas.

↪️ No século XX, o direito internacional foi aprofundado e consolidado com a criação da


Sociedade das Nações, sendo mais tarde a Organização das Nações Unidas (ONU), sendo
neste século codificado o Direito internacional e a proliferação de tratados, surgindo da
necessidade de acompanhar o intenso intercâmbio internacional do mundo contemporâneo.

↪️ A partir da Segunda Grande Guerra Mundial, o Direito Internacional é o que mais tem
evoluído dentre todos os ramos jurídicos, influenciando todos os aspectos da vida humana.
Até o início do século XX, o Direito Internacional era bidimensional, versando apenas sobre
a terra e o mar, a partir de então, graças às façanhas de Santos Dumont, passou a ser
tridimensional e, após a Segunda Grande Guerra, passou a abarcar ainda o espaço
ultraterrestre e os fundos marinhos.

↪️ O Direito Internacional Público pode regular qualquer tipo de matéria, assim boa parte
delas pode ser igual à ordem jurídica interna. Contudo o maior problema não é quando
ambos os sistemas regulam a mesma matéria, e sim quando regulam ao mesmo tempo só
que de forma convergente.

↪️ O direito internacional, entendido como público, tem a finalidade de estabelecer um


conjunto de normas jurídicas que regulamentam as interações e negociações entre
Estados, respeitando, sempre, a soberania, os indivíduos e características de cada um
deles.

↪️ O fundamento do DIP é explicado por duas correntes distintas, quais sejam: a corrente
voluntarista ou subjetivista e a corrente objetivista.

a) Corrente subjetivista: defende que o fundamento do direito internacional é


a vontade dos Estados e das organizações internacionais. Assim, a ordem
jurídica internacional é obrigatória porque os Estados e as organizações
internacionais manifestaram livremente seu consentimento em a ela se
submeter.
b) Corrente objetivista: por sua vez, advoga que há princípios e normas
superiores de importância tão elevada que de seu cumprimento depende o
regular funcionamento da sociedade internacional. Assim, há valores e
normas que são superiores ao ordenamento jurídico estatal e que se impõem
aos Estados independentemente de seu consentimento.

↪️ No âmbito do direito internacional público (DIP), temos como principais fontes as


convenções internacionais, os costumes internacionais e princípios gerais de direito,
conforme o art. 38 do ECIJ (Estatuto da Corte Internacional de Justiça).
Adicionalmente, existem as chamadas ‘novas fontes do direito internacional’, vez que não
estão previstas no supramencionado artigo, quais sejam: os atos unilaterais dos Estados, as
decisões das organizações internacionais e o jus cogens. A doutrina divide as fontes do DIP
em duas espécies: fontes (i) materiais e (ii) formais:

Fontes Materiais Fontes Formais

Não fazem parte da ciência do São os métodos e processos formais de


direito, e sim da política do direito, criação das normas, compostos por diversas
sendo caracterizadas como o técnicas que permitem a criação de uma lei
conjunto de fatores políticos e pertencente ao meio jurídico internacional,
econômicos que condicionam sua vinculando os atores que serão sujeitos ao
formalização. novo regramento.

↪️ A Convenção de Haia, de 18 de outubro de 1907, foi o primeiro texto internacional a


estabelecer um rol de fontes do direito internacional. Mas apenas em 1920 surgiu o Estatuto
da Corte Internacional de Justiça que, em seu art. 38, trouxe o rol mais conhecido de fontes
do DIP (tratados internacionais, costumes internacionais e princípios gerais de direito),
sendo este reconhecido até os dias atuais.
Importante ressaltar que este artigo determina que as decisões judiciárias e a doutrina
especializada sejam consideradas meios auxiliares para determinação das regras de direito,
sendo certo que o rol do art. 38 não é taxativo, não impedindo que a corte se utilize desses
meios para dirimir uma questão, ainda que estes não sejam propriamente fontes de direito.

a) Tratados internacionais: Um tratado internacional é um pacto realizado entre dois ou


mais sujeitos de direito internacional que gera obrigações a estes, ou seja, o tratado
é um meio pelo qual sujeitos de direito internacional estipulam, por via escrita,
direitos e obrigações entre si. O termo ‘tratado’ não é uma denominação específica,
sendo possível a utilização de termos como acordos, convenções, pactos etc.
Assim, os tratados internacionais consubstanciam uma vontade livre e conjugada
dos Estados e organizações internacionais, sendo capaz de regular diferentes
matérias, enquanto traz consigo força normativa especial, sendo a fonte do DIP mais
fácil de comprovar, dada sua forma escrita. Nesse contexto, evidente que o tratado
deve passar por algumas etapas que ocorrem alternadamente entre o plano
internacional e o interno. Assim, destacam-se três etapas:

1- Autenticação, que sustenta a irrevogabilidade da ratificação;

2- Aprovação pelo Congresso Nacional;

3- Ratificação, que é a fase final e mais importante.

b) Costume internacional: O Costume Internacional é uma espécie de norma formada


pela reiterada prática dos sujeitos do Direito Internacional. Os costumes se mostram
essenciais por não existir, no DIP, um centro integrado de produção de normas. São
considerados uma fonte formal, possuindo processo regido pelo Direito Internacional
de forma autônoma, conforme disposto no art. 38 do ECIJ. Importante ressaltar que
o costume ainda é a fonte-base do DIP, vez que mesmo sendo positivado em
tratado, o costume não deixa de existir para aqueles Estados que não façam parte
da convenção ou para aqueles que se retiraram por meio de denúncia unilateral.

Para que um costume seja reconhecido, há três exigências no âmbito do Direito


Internacional Público:

1. Prática Geral (deve ser praticado nas relações entre os Estados);


2. Natureza habitual e consistente
3. Crença dos Estados (os Estados devem crer que existe obrigação legal nessa
prática).

c) São os princípios acatados pelo direito internacional que são reconhecidos pela
generalidade dos Estados nacionais como obrigatórios, desde os de fundamento
lógico, até os de natureza estritamente internacional, como o da autodeterminação
dos povos. O reconhecimento dos princípios gerais de direito como fonte do direito
internacional advém, assim como os tratados e os costumes, do art. 38 do ECIJ, que
determina esses princípios como formas legítimas de expressão do DIP.
2. Tratados Internacionais - Decreto nº 7.030/09

↪️ Os tratados internacionais possuem como função principal ordenar o entendimento


entre as partes envolvidas, a fim de equilibrar o atendimento às demandas de cada povo ou
nação. Na hierarquia das leis brasileiras, por exemplo, os direitos dos tratados ratificados e
publicados são admitidos como lei. Assim, havendo alguma divergência entre um tratado
e uma norma interna, mantém-se o tratado.

↪️ Para a validade do tratado internacional, é necessário atender às seguintes condições:


haver consentimento mútuo entre os signatários, haver capacidade das partes (são capazes
no âmbito internacional: os Estados, as Organizações Internacionais, a santa sé, conhecida
popularmente como vaticano e a palestina), haver habilitação dos agentes signatários
(estes são trazidos pela Constituição de cada organismo; no caso do Brasil, a CF/88 prevê
que o Presidente da República e o Ministro das Relações Exteriores são plenipotenciários
plenos, ou seja, têm poderes plenos, enquanto o Chefe de Missão Diplomática e o Detentor
de Carta de Plenos Poderes são plenipotenciários relativos, ou seja, podem atuar, mas têm
poderes restringidos) e haver objeto lícito.

↪️ Etapas:
1. Negociações iniciais e assinatura: nessa primeira fase, com o auxílio do corpo
diplomático, os representantes das nações discutem os termos e apresentam as
demandas de cada parte. A contratação de um tratado internacional pelos países
(e/ou organizações internacionais) interessados se dá através de um longo processo
de negociação entre as partes envolvidas até que se cheguem aos objetivos
pretendidos, como se dá em qualquer outro tipo de negociação entre entes
contratantes de um negócio jurídico qualquer.
2. Aprovação no parlamento de cada nação: finalizada a primeira parte, o texto é
submetido à aprovação parlamentar, que não poderá incluir alterações no texto
original
3. Ratificação ou adesão ao texto: por meio da autorização do Poder Legislativo, o
texto é ratificado e o país adere aos termos estabelecidos
4. Decreto e promulgação do texto na Imprensa Oficial do Estado: última etapa do
processo, é por meio dela que o tratado internacional passa a ter vigência interna e
externa.

↪️ A fase da ratificação do tratado internacional é a responsável por internalizar os termos


do texto no direito nacional dos países signatários, ao mesmo tempo em que confere
validade no âmbito internacional. Apesar de ainda ser de competência do Poder Executivo,
a ratificação somente pode ser levada a cabo se for autorizada pelo Poder Legislativo nas
duas casas, tanto na Câmara como no Senado, no caso do Brasil. A rejeição é possível se,
durante o trâmite das aprovações, não houver a aceitação dos deputados ou senadores.
Nesse caso, o presidente da República, mesmo sendo um agente plenipotenciário, não
poderá ratificar o tratado internacional. Em uma situação mais extrema, mas possível, ainda
que autorizado pelo Poder Legislativo, o presidente poderá se recusar a ratificar o tratado,
e nesse caso também, o documento não produzirá efeito.

↪️ Classificação:
a) Em função do número de partes:

Bilaterais: apenas entre dois Estados ou Estado e Organização;

Multilaterais: mais de dois Estados ou Organizações.

b) Em função do procedimento para sua conclusão: tratados que exigem ou não ratificação
para o comprometimento jurídico dos Estados.

c) Em relação ao conteúdo:

De acordo com a natureza: contrato ou norma (em desuso);

De acordo com a matéria: direitos humanos ou tratados gerais.

↪️ Aplicação de tratados sucessivos : art. 30 e ss. do decreto nº 7.030/09: Quando um


tratado estabelece que está subordinado a um tratado anterior ou posterior ou que não deve
ser considerado incompatível com esse outro tratado, prevalecem as disposições deste
último.

↪️ Nulidade: duas hipóteses de nulidade absoluta do próprio tratado, com efeitos ex tunc.
São elas: a coação sobre um Estado soberano pela ameaça ou emprego da força (art. 52) e
o conflito de tratado posterior com uma norma imperativa de Direito Internacional geral – jus
cogens (art. 53).
Suspensão: A extinção de um tratado, sua denúncia ou a retirada de uma das partes
só poderá ocorrer em virtude da aplicação das disposições do tratado ou da presente
Convenção. A mesma regra aplica-se à suspensão da execução de um tratado.

Extinção: Primeiramente, o tratado pode ser extinto quando houver a execução integral
dele. Outras formas é pelo consentimento mútuo, isto é, quando todas as partes concordam
em encerrar o tratado.

Por fim, pode-se também extinguir um tratado através de termo final (estabelece um prazo,
quando acabar o prazo acabar finaliza a obrigação), superveniência de execução resolutória
(estabelece uma condição), renúncia do beneficiário, caducidade ou desuso, conflitos
armados (os tratados bilaterais se encerram com um conflito armado; para os multilaterais
gera a suspensão do tratado entre as partes em conflito), fato de terceiro (um terceiro
impossibilitando a execução do tratado; não admite como fato de terceiro fatos naturais,
quando isso acontece, é chamado de impossibilidade de extinção), ruptura das relações
diplomáticas (quando a obrigação presente no tratado depender das relações diplomáticas
e ela for extinta, o tratado também vai ser extinto; a exceção é sobre os tratados que
versam sobre a proteção diplomática), inexecução de uma das partes (quando uma das
partes descumpre o contrato, a outra parte não é obrigada a cumprir) e por último a
denúncia unilateral (é a retirada unilateral de umas das partes; tem que ser prevista no
tratado, caso contrário, na dúvida ele é indenunciável).

3. Convenção de Viena de 1986

↪️ A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) é um tratado do direito


internacional que estabelece as regras comuns para a assinatura de tratados entre
Estados-nações. Elaborada em 1969 pela Comissão de Direito Internacional (CDI), uma
instituição da ONU, após quase duas décadas de planejamento, a Convenção foi efetivada
em 1980. Ao prover uma estrutura unificada para a condução de tratados internacionais, ela
ficou conhecida como o "Tratado dos Tratados", e sua base em costumes prevalentes do
direito internacional a caracteriza como um exemplo de direito consuetudinário.

↪️ té o rascunho final do tratado, que foi aberto para assinaturas em maio de 1969, a
Comissão se esforçou em criar um código orgânico de regras, ou seja, um que respeitasse
as práticas mais costumeiras do direito internacional até então. Além da natural dificuldade
de encontrar um consenso entre as várias nações participantes, o trabalho da CDI foi
complicado pelo constante surgimento de países no período, a exemplo da independência
de ex-colônias europeias na Ásia e África. Uma vez pronto, o texto da Convenção só
entraria vigor quase onze anos depois, em janeiro de 1980, com sua ratificação, ou seja, a
vinculação das regras na legislação nacional, por 35 países.

↪️ Assim, membros que ratificaram a Convenção estão legalmente obrigados a seguir


seus termos, mesmo que em conflito com seus interesses nacionais. Embora aderido pela
maior parte dos membros da ONU, com 114 ratificações até 2016, a Convenção não é
válida para todo o mundo, havendo países que jamais a assinaram (Venezuela, França) e
outros que a assinaram, mas não a ratificaram, como Bolívia e Estados Unidos. O exemplo
norte-americano é peculiar, pois, mesmo havendo desejo do governo federal em aderir ao
tratado, as divergências na esfera estadual foram tão grandes que o Congresso preferiu não
ratificá-lo.

↪️ O Brasil foi um dos participantes do lançamento da Convenção, assinando-a com outros


trinta países. A ratificação, no entanto, chegaria só quatro décadas depois, com a
aprovação de decreto legislativo pelo Congresso Nacional e promulgação do Decreto Nº.
7030 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2009.

4. Chefe de Estado e Ministro das Relações Exteriores

↪️ CHEFE DE ESTADO: O Chefe de Estado pode ser considerado o representante público


mais elevado de um Estado-nação. Ele tem um papel representativo que excede a própria
população e personifica os ideais e longevidade do Estado. Ele serve como um símbolo da
legitimidade e da força de um país. Como incorporação do espírito de uma nação, o Chefe
de Estado normalmente é alguém que representa, seja pela sua hereditariedade, sua força
ou eleição, o poder de um povo. Junto com o papel simbólico, o Chefe de Estado assume
poderes executivos e políticos também. Em muitos países ele exerce um papel diplomático
importante, podendo assinar e ratificar tratados internacionais, como se fosse um ministro
de relações exteriores. Em muitos outros, o Chefe de Estado tem a prerrogativa de nomear
ministros e até Chefes de Governo e juízes. Além disso, ele é considerado o comandante
máximo das forças armadas em muitos países, pode ter imunidade judicial e poder de
conceder perdão (no Brasil, por exemplo, o presidente pode conceder indulto a presos, os
livrando de sua pena; o mesmo ocorre em outros diversos países, de maneiras diferentes).

Na sua maioria, o Chefe de Estado concentra, inclusive, algumas funções legislativas, como
assinar, ratificar e até vetar leis e projetos das câmaras legislativas, dissolver o legislativo e
demitir Chefes de Governo.

Em países presidencialistas, como os Estados Unidos e o Brasil, a legitimidade vem do


voto.

↪️ CHEFE DE GOVERNO: Ao Chefe de Governo cabe a liderança e a formulação de


políticas públicas, econômicas e sociais, manutenção do funcionamento dos poderes
executivo e legislativo, diálogo entre os partidos, atores institucionais, Chefe de Estado e
população. Em termos gerais, o Chefe de Governo é a figura principal da política do país e
o principal articulador das vontades da população.

Em regimes parlamentaristas, o Chefe de Governo também é o chefe do legislativo,


enquanto em regimes presidencialistas, como o brasileiro, as casas do Congresso (Senado
Federal e Câmara dos Deputados) elegem seus próprios líderes, ou seja, o poder atribuído
ao Chefe de Governo também é diverso dependendo da nação e de seu sistema político.
↪️ O Ministro de Estado das Relações Exteriores é o auxiliar do Presidente da República na direção
da política exterior do Brasil. O Ministro de Estado designará seus auxiliares de Gabinete dentre os
funcionários do Ministério das Relações Exteriores. O Ministério das Relações Exteriores, sob a
direção do Ministro de Estado, é o órgão político-administrativo encarregado de auxiliar a formulação
e assegurar a execução da política exterior do Brasil. O Ministério das Relações Exteriores tem a
seguinte organização: Secretaria de Estado; Missões Diplomáticas e Repartições Consulares. - art. 1
e ss. Lei nº 3.917/61

↪️ Competências - art. 1º do Decreto nº 11.357/23:


Art. 1º O Ministério das Relações Exteriores, órgão da administração pública federal
direta, tem como áreas de competência os seguintes assuntos:

I - assistência direta e imediata ao Presidente da República nas relações com Estados


estrangeiros e com organizações internacionais;

II - política internacional;

III - relações diplomáticas e serviços consulares;

IV - coordenação da participação do Governo brasileiro em negociações políticas,


comerciais, econômicas, financeiras, técnicas e culturais com Estados estrangeiros e com
organizações internacionais, em articulação com os demais órgãos competentes;

V - coordenação, em articulação com os demais órgãos competentes, da defesa do


Estado em litígios e contenciosos internacionais e representação do Estado em cortes
internacionais e órgãos correlatos;

VI - programas de cooperação internacional;

VII - apoio a delegações, a comitivas e a representações brasileiras em agências e


organismos internacionais e multilaterais;

VIII - planejamento e coordenação de deslocamentos presidenciais no exterior, com o


apoio do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

IX - coordenação das atividades desenvolvidas pelas assessorias internacionais dos


órgãos e das entidades da administração pública federal, inclusive a negociação de
tratados, convenções, memorandos de entendimento e demais atos internacionais;
X - promoção do comércio exterior, de investimentos e da competitividade
internacional do País, em coordenação com as políticas governamentais de comércio
exterior; e

XI - apoio à formulação e à execução da Política Nacional de Migrações, Refúgio e


Apatridia.

↪️ Função - art. 2º da Lei nº 3.917/61: é o órgão político-administrativo encarregado de


auxiliar a formulação e assegurar a execução da política exterior do Brasil.

↪️ Missões diplomáticas - Lei nº 3.917/61


Art. 3º O Ministério das Relações Exteriores tem a seguinte organização:

2. Missões Diplomáticas.

Art. 4º A Secretaria de Estado é o órgão central do Ministério das Relações Exteriores e


orienta, coordena e superintende as Missões Diplomáticas e Repartições Consulares.

Art. 20. As Missões Diplomáticas destinam-se a assegurar a manutenção de boas relações entre o
Brasil e os Estados em que se acham sediadas bem como a proteger os direitos e os interêsses do
Brasil e dos brasileiros.

Art. 21. As Missões Diplomáticas compreendem Embaixadas, Delegações permanentes


junto a Organismos Internacionais e Legações.

Parágrafo único. As Missões Diplomáticas serão criadas por decreto do Executivo, que lhes
fixará a categoria e a sede.

Art. 22. Mediante prévia aprovação do Senado Federal, os chefes das Missões Diplomáticas
serão nomeados pelo Presidente da República com o título de Embaixador ou de Enviado
Extraordinário e Ministro Plenipotenciário, segundo se trate, respectivamente, de Embaixada ou de
Legação.

↪️ Escolha dos agentes diplomáticos:


Art. 22. Mediante prévia aprovação do Senado Federal, os chefes das Missões Diplomáticas serão
nomeados pelo Presidente da República com o título de Embaixador ou de Enviado Extraordinário e
Ministro Plenipotenciário, segundo se trate, respectivamente, de Embaixada ou de Legação.

Art. 23. Os Embaixadores serão escolhidos dentre os Ministros de 1º Classe.

§ 1º Poderá ser designada, excepcionalmente, para exercer a função de Embaixador


pessoa estranha à carreira de Diplomata, brasileiro (Vetado) maior de 35 anos, de reconhecido
mérito e com relevantes serviços prestados ao Brasil.

§ 2º (Vetado).
§ 3º Poderão ser comissionados Ministros de 2ª Classe como Embaixadores, desde que
possuam o mínimo de 20 anos de serviço na carreira, dos quais, 10 de exercício no exterior e que
tenham realizado o Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco.

§ 4º Os Ministros de 2ª Classe poderão ser nomeados pelo Presidente da República para


servir em Embaixadas e Delegações, na função de Ministro Conselheiro.

§ 5º Os Primeiros, Segundos e Terceiros Secretários, serão designados para servir nas


Missões Diplomáticas pelo Ministro de Estado.

§ 6º Com o término do mandato do Presidente da República cessará automàticamente o


exercício da Comissão de Embaixador e de Chefe de Delegação Permanente junto a Organismos
Internacionais.

§ 7º Os Chefes das Missões e Delegações Permanentes junto a Organismos Internacionais


terão o título, a precedência e as prerrogativas que forem fixadas no decreto da respectiva criação.

Art. 24. Os Enviados Extraordinários e Ministros Plenipotenciários serão escolhidos dentre


os Ministros de 2ª Classe.

Art. 25. A juízo do Ministro de Estado das Relações Exteriores, as Missões Diplomáticas
poderão ser encarregadas do serviço consular aplicadas, no que couberem, as disposições
referentes às Repartições Consulares.

↪️ PRERROGATIVAS E IMUNIDADES: São prerrogativas especiais reconhecidas às


missões diplomáticas, às repartições consulares, às organizações internacionais, bem como
a seus agentes e funcionários, para que esses consigam exercer plena e livremente suas
funções no país em que cumprem missão, sem a interferência indevida do país receptor. Os
privilégios e imunidades diplomáticos e consulares estão previstos, respectivamente, na
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 e na Convenção de Viena sobre
Relações Consulares de 1963. Os privilégios e imunidades de funcionários das
organizações internacionais, por outro lado, são regidos pelos acordos bilaterais entre o
Brasil e cada uma das organizações de que o país é membro e/ou que possui sede ou
representação em território brasileiro. sendo que os funcionários da ONU e suas agências
especializadas seguem a Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas de
1946 e Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Agências Especializadas das
Nações Unidas. Essas prerrogativas aplicam-se às missões diplomáticas, repartições
consulares e sedes ou escritórios de representação de organismos internacionais.
Aplicam-se, também, aos agentes diplomáticos e consulares, aos membros do pessoal
técnico-administrativo das embaixadas e dos consulados e aos funcionários de
organizações internacionais.

Agentes diplomáticos e consulares fazem jus a privilégios e imunidades junto às


autoridades locais quando cumprem missão junto a representações de seu país no exterior,
mas não gozam de qualquer imunidade em seu próprio país. Por exemplo, agentes
diplomáticos brasileiros gozam de imunidades quando exercem funções em embaixada do
Brasil no exterior, mas não estão imunes à jurisdição das autoridades brasileiras. Da mesma
forma, agentes diplomáticos de determinado país gozam de imunidades quando cumprem
missão junto à respectiva embaixada no Brasil, mas não estão imunes à jurisdição das
autoridades de seu próprio país.

Os agentes diplomáticos e membros do pessoal técnico-administrativo das embaixadas –


desde que não tenham nacionalidade brasileira – gozam de imunidade absoluta, não
podendo ser presos, detidos ou processados no Brasil. Já os funcionários e empregados
consulares, membros do pessoal de serviço das embaixadas e funcionários internacionais
gozam de imunidade parcial, restrita aos atos praticados no exercício de suas funções,
podendo ser presos ou detidos por crimes comuns, desde que em decorrência de crime
grave e com decisão judicial.

Os privilégios podem abranger:

1. isenção/restituição de tributos diretos (IR, IPTU, IPVA, etc.) e, em alguns casos,


indiretos (IPI, ICMS);
2. importação de mercadorias e de veículos sem incidência de tributos;
3. segurança do Corpo Diplomático e Consular;
4. outros, não previstos em acordos, e concedidos mediante reciprocidade (matrícula
de cortesia em Universidades Federais, assistência médica no Hospital das Forças
Armadas etc.)

As imunidades incluem, entre outras:

1. inviolabilidade das Missões Diplomáticas, Repartições Consulares e Representações


de Organismos Internacionais, de seus arquivos e de seus funcionários;
2. imunidade de jurisdição do agente diplomático ou consular e do representante de
Organismo Internacional.

Essa imunidade pode ser retirada? Sim, o país receptor pode solicitar às autoridades do
país de origem que retirem a imunidade de seus agentes diplomáticos ou membros do
pessoal técnico-administrativo em casos de crimes graves. Os agentes consulares, os
membros do pessoal de serviço das missões diplomáticas e, na maioria dos casos, também
os funcionários internacionais, por terem imunidades apenas quanto aos atos praticados no
exercício de sua função, estão sujeitos à jurisdição das autoridades locais no caso de
crimes comuns ou de quaisquer atos não relacionados a suas atividades oficiais.

↪️ DELEGAÇÕES INTERNACIONAIS: compõe-se das delegações que os Governos dos


Estados membros acreditem. Todos os Estados membros têm direito a fazer-se representar
na situação oportuna. Cada Estado tem direito a um voto. As Delegações dos Estados
membros serão compostas dos representantes, assessores e demais membros que os
governos acreditarem. Cada delegação terá um chefe de delegação, que poderá delegar
suas funções a qualquer outro membro da mesma.

↪️ Cônsules - Decreto nº 997-B/1890: Aquele que representa diplomaticamente uma nação,


estando num país estrangeiro. Funcionário que, numa embaixada ou consulado, é
responsável pelo departamento dos vistos e passaportes, além de oferecer auxílio aos
cidadãos de seu país, representando também o embaixador; agente
consular.Diferentemente do diplomata, que é o funcionário encarregado de representar o
seu Estado perante um país estrangeiro ou organismo internacional, o cônsul não tem
função de representação política junto às autoridades centrais do país onde reside, mas
atua na órbita dos interesses privados dos seus compatriotas. Os cônsules gerais e
cônsules, por decreto do Governo; à vista dos quais se lavrarão as respectivas cartas
patentes.

5. Organização das Nações Unidas


↪️ A Carta da ONU determinou um objetivo principal: desenvolver o direito internacional.
Isso significa que os países-membros dialogam sobre questões internacionais para criar leis
e tratados – acordos firmados para garantir interesses em comum, como paz, segurança,
preservação ambiental ou desenvolvimento social. Além dos representantes dos Estados,
há profissionais trabalhando dentro da Organização que não são vinculados a nenhum país,
como os juízes.

↪️ A ONU – Organização das Nações Unidas surgiu no fim da Segunda Guerra Mundial
para substituir a Liga das Nações, que foi criada em 1919 depois da Primeira Grande
Guerra. O nome Nações Unidas foi concebido por Franklin Delano Roosevelt, presidente
dos Estados Unidos, na época da elaboração da Declaração das Nações Unidas em
primeiro de janeiro de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, oficialmente, a
Organização das Nações Unidas passou a existir a partir de 24 de outubro de 1945, quando
a carta foi ratificada pela China, Estados Unidos, França, Reino Unido, União Soviética e
pela maioria dos países membros-fundadores. Fundada por 51 países, entre eles o Brasil, a
ONU, hoje, conta com mais de 180 países membros. Apesar do prédio das Nações Unidas
está em Nova York, a ONU é território internacional.

↪️ O sistema ONU é complexo. Conta com Organismos, possui quinze agências


especializadas. Elas atuam em áreas como saúde, finanças, agricultura, aviação civil e
telecomunicações, entre outras. Elas são entidades independentes vinculadas às Nações
Unidas por acordos especiais. As agências se reportam ao Conselho Econômico e Social
ou à Assembleia Geral.

AIEA - Agência Internacional de Energia Atômica

Bird - Banco Mundial

FAO - Organização das Nacões Unidas para a Agricultura e a Alimentação

Fida - Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola

FMI - Fundo Monetário Internacional

Icao - Organização de Aviação Civil Internacional

OIT - Organização Internacional do Trabalho

OMC - Organização Mundial do Comércio

OMI - Organização Marítima Internacional

OMM - Organização Meteorológica Mundial

OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual

OMS - Organização Mundial de Saúde

UIT - União Internacional de Telecomunicações


Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

Unido - Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial

UPU - União Postal Universal

A Assembleia Geral é o órgão principal da ONU e tem caráter deliberativo, nela estão
representados todos os países membros, cada um com direito a um voto. O dia das Nações
Unidas se celebra no 24 de outubro.

Os seis principais órgãos da ONU são:

a) Conselho de Segurança

Tem quinze membros, dos quais cinco — China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e
União Soviética — são permanentes e dotados do poder de veto, isto é, qualquer uma
dessas potências tem direito a bloquear uma decisão do Conselho. Os dez membros não
permanentes são eleitos pela Assembleia Geral por um período de dois anos.

b) Assembleia Geral

O principal corpo deliberativo, reúne to­dos os países-membros, com direito a um voto cada.
Suas sessões regulares são convocadas anualmente, em setembro, mas podem ser
realizadas outras, especiais ou de emergência.

c) Conselho de Tutela

Controla os territórios colocados sob tutela da ONU. Em 1982 restava apenas o Território
das Ilhas do Pacífico nessas condições.

d) Secretariado

As funções administrativas da ONU são desempenhadas pelo Secretariado Geral, dirigido


pelo mais alto funcionário da organização, o secretário geral, eleito pela Assembleia Geral
por cinco anos, com direito a reeleição.

e) Corte Internacional de Justiça

Principal órgão jurídico da ONU, julga as disputas que surgem entre os países. Compõe-se
de quinze juízes, de diferentes nacionalidades, eleitos pela Assembleia Geral e pelo
Conselho de Segurança, para um período de nove anos. Tem sua sede em Haia, Holanda.
Devido ao número de países-membros e à gama de atividades de que se ocupa, a ONU é a
entidade supranacional mais abrangente. Há, porém, numerosas outras, de caráter regional
ou voltadas para assuntos específicos, principalmente atividades econômicas e militares
(segurança coletiva).

f) Conselho Econômico e Social

Sua principal função é promover a cooperação cultural, o respeito pelos direitos humanos e
o progresso econômico e social. Reúne 54 membros e trabalha através dos órgãos
subsidiados, como por exemplo, a Comissão de Direitos Humanos, a Comissão sobre a
Situação da Mulher e a Comissão Populacional.
6. Sujeitos do Direito Internacional

↪️ É possível entender o direito internacional com certa abrangência, ou seja, como um


conjunto de regras e princípios de aplicação geral que tratam da conduta dos Estados e das
organizações intergovernamentais e suas relações entre si, bem como com algumas de
suas relações com pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. Ou também como o conjunto de
normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as das
demais pessoas internacionais, como determinadas organizações, e dos indivíduos. Tem
sua origem quando se estabelecem relações com certa estabilidade entre grupos com
poder de autodeterminação. Por outro lado, se o ponto de partida se resumir tão somente à
atuação e vontade dos Estados, o direito internacional público pode ser entendido como um
conjunto de normas jurídicas que regem as relações entre todos os componentes da
sociedade internacional Ou, é o conjunto de normas que regula as relações externas dos
atores que compõe a sociedade internacional. Tem-se que o direito internacional público
está de certa forma relacionado com uma sociedade que esteja politicamente organizada.

↪️ ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO: território, população e governo.


↪️ CLASSIFICAÇÃO:
Unitário: Aqui temos apenas um único pólo de poder atuando sobre todo o território
nacional. Ou seja, há somente um centro produtor de normas aplicáveis sobre a
população. Foi um modelo muito presente na formação dos primeiros estados
europeus e que ainda se faz muito expressivo neste continente, em países como a
França, Espanha e Portugal.

Federação: Cada estado, ente federativo, conserva a sua soberania, sua liberdade,
sua independência e todos os poderes, jurisdição ou direitos que não sejam
superiores a Constituição.

Confederação: A confederação é concebida como um tratado entre estados


independentes, que decidem se unir, mas mantendo sua soberania e o direito à
secessão, ou seja, de dissolverem o vínculo existente, no momento que desejarem.
Há, portanto, uma pluralidade de entes soberanos que podem, a qualquer momento,
quebrarem todos os vínculos existentes e voltarem à condição de plena
independência.

↪️ Vida e Morte dos Estados:


● CRIAÇÃO DE ESTADOS: Os Estados são sujeitos primários da ordem internacional,
sendo seu nascimento um fato histórico.

● RECONHECIMENTO DE ESTADOS: O reconhecimento do Estado é ato unilateral


pelo qual um Estado declara ter tomado conhecimento da existência de outro, como
membro da comunidade internacional. Entendemos que a teoria declarativa encontra
melhor amparo na realidade internacional, porque o Estado existirá mesmo sem o
reconhecimento formal; no entanto, seu período de vida poderá encurtar-se ou pelo
menos ter enormes dificuldades de sobrevivência se não criar relações com outros
membros internacionais. A prática internacional, bem como alguns julgados
internacionais, mostram-se favoráveis à teoria declarativa. Não existe obrigação
jurídica de se reconhecer um novo Estado. Porém, há obrigação de não fazê-lo —
obrigação moral — quando do nascimento de Estado resulte ato contrário ao Direito
Internacional (ex: Israel). O reconhecimento de um Estado pode ser expresso, com a
declaração objetiva, ou tácito, quando resulta de algum ato que torne claro o
tratamento de Estado, como iniciar relações diplomáticas. Com o reconhecimento do
Estado, há o estabelecimento de relações diplomáticas.

● EXTINÇÃO DO ESTADO: Assim como o Estado nasce, pode ocorrer de se extinguir.


Temos, aí, seu desaparecimento, que acontece quando seus elementos constitutivos
desaparecem: o território (um cataclismo físico, p. ex.), o povo (hipótese acadêmica)
ou o poder político soberano (hipótese de possibilidades mais reais: incorporação
em outros Estados, fusão convencional ou divisão do território em outros Estados).
Um exemplo recente de incorporação foi o das Alemanhas, ex-RDA na ex-RFA.
Quanto à fusão, tivemos, em 1964, Tanganica e Zanzibar, que cederam lugar à
Tanzânia. E de divisão existem vários exemplos ocorrendo no mundo, como a
extinção da ex-URSS e o nascimento concomitante de novos Estados, compondo a
Comunidade de Estados Independentes — CEI — ou a extinção da
Tcheco-Eslováquia e sua substituição (nascimento) por dois novos Estados:
República Tcheca e República Eslovaca; ou, ainda, o exemplo da Iugoslávia se
desfazendo em vários outros países.

● SUCESSÃO DOS ESTADOS: A extinção de Estados, nos exemplos citados acima,


provoca, também, a figura da sucessão. Há sucessão de Estados não só quando o
Estado desaparece totalmente, tomando-lhe o lugar outro Estado, como quando ele
não desaparece, mas sofre mudança profunda em qualquer um dos seus elementos
constitutivos. Como se dá a sucessão de um Estado? A sucessão é a substituição
de um ente estatal por outro na responsabilidade das relações internacionais
de um território.

↪️ A Carta da OEA (Organização dos Estados Americanos) de 1948 — vigente no Brasil


por força do Decreto nº 30544/1958 — recepciona o princípio da não intervenção e o define
de maneira bastante cristalina:
Artigo 19: nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou
indiretamente, seja qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro.
Esse princípio exclui não somente a força armada, mas também qualquer outra forma de
interferência ou de tendência atentatória à personalidade do Estado e dos elementos
políticos, econômicos e culturais que o constituem.

Em outras palavras, o não intervencionismo traduz-se como a proibição de um Estado em


intervir em assuntos que caberiam exclusivamente às competências domésticas de outro. O
objetivo é proteger os aspectos nacionais de um país nos mais diversos âmbitos:
econômicos, políticos, culturais, militares, sociais, etc.

↪️ O termo “intervenção humanitária” tem sido usado para definir o uso da força de um
Estado ou grupo de Estados contra outro Estado, sem a permissão deste, com o objetivo
declarado de pôr fim a violações graves de direitos humanos no território do Estado contra o
qual a força é usada. O conceito é controvertido, ambíguo e não está codificado no direito
internacional. O debate sobre “intervenções humanitárias” ressurgiu com força no imediato
pós-Guerra Fria, quando houve a imposição de zonas de exclusão aérea para proteger os
curdos e xiitas no Iraque (1991), a intervenção autorizada pela ONU na Somália (1992-93),
a intervenção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em Kosovo, então
província da Sérvia (1999), e o fracasso em estancar o genocídio da população da etnia
tutsi em Ruanda (1994).

↪️ A responsabilidade internacional do estado é o instituto jurídico que tem como objetivo


responsabilizar um Estado pela prática de ilícito internacional, cometido contra os direitos de
outro Estado, prevendo-se reparação, para esse Estado agredido, pelos prejuízos sofridos
injustamente. São excludentes de responsabilidade do Estado a legítima defesa; as
contramedidas, a força maior; o perigo extremo; o estado de necessidade e a renúncia do
indivíduo lesado.

↪️ A Santa Sé e o Estado da Cidade do Vaticano também são considerados sujeitos de


Direito Internacional Público, com possibilidades e atribuições de atuação no plano
internacional, a Santa Sé e o Estado da Cidade do Vaticano, que, apesar de vinculados à
Igreja Católica Apostólica Romana, são dois entes distintos.

A Santa Sé representa a cúpula do governo da Igreja Católica, chefiada pelo Papa e


composta por um conjunto de órgãos que auxilia o Sumo Pontífice em suas atribuições
missionárias, e tem sede no Estado da Cidade do Vaticano. Assim, e apesar de a
concepção dos Estados se dar de maneira autônoma, com reconhecimento de soberania e
sem qualquer subordinação a algum sistema religioso, foi mantido o reconhecimento da
figura do Papa como soberano da Santa Sé perante as Relações Internacionais, à
semelhança de qualquer chefe de Estado. Destaca-se que nunca foi negada a capacidade
da Santa Sé de agir internacionalmente, em pé de igualdade com os demais sujeitos de
Direito Internacional Público, celebrando tratados (denominados concordatas) e com direito
de convenção (enviando e recebendo delegados).

Concebendo-se ente Estatal, chefiado pelo Papa, o Estado do Vaticano tem personalidade
jurídica distinta da Santa Sé, concentrando atribuições políticas. Por se fundar a partir de
um instrumento constitutivo, diferentemente dos demais Estados, que têm origem
autônoma, considera-se que o Vaticano é um Estado anômalo. Assim, não tem participação
ativa nas Organizações Internacionais e, na ONU, tem posição de observador permanente.

7. Vias para solução de controvérsias

↪️ O Artigo 33 da Carta da ONU traz o rol não taxativo (não é Numerus Clausus) dos meios
diplomáticos de solução pacífica de conflitos Internacionais, são eles: a negociação
diplomática direta, mediação, o Inquérito e a Conciliação. Via de regra não há hierarquia
entre eles, podendo as partes adotarem o mais adequado para a solução da controvérsia.

a) Negociação Diplomática Direta: Entre os meios diplomáticos, as negociações continuam


a constituir o meio mais utilizado para solucionar disputas internacionais, desenvolvendo-se
oralmente (mais comum) ou por troca de notas entre chancelaria e embaixada.
Normalmente não há participação de terceiro colaborando com as partes em disputa, pois
há um total controle entre elas. Nessa modalidade, há três soluções possíveis:

1. Desistência de negociar : As partes querem buscar outro meio de solução


pacífica de controvérsia Internacional.
2. Aquiescência (rara): Uma das partes em disputa aceita os argumentos da
outra parte.
3. Transação: Cada parte cede um pouco para alcançar a solução satisfatória.
Se a solução foi encontrada, passa a ser obrigatória entre as partes.

b) Mediação: Há um envolvimento de um terceiro no conflito, mas ao contrário do bom


oficiante, o mediador pode tomar conhecimento dos argumentos das partes e formular
pareceres de forma a buscar uma solução negociada para a disputa. O mediador, que
possui a confiança das partes, participa ativamente das negociações, não podendo ele ser
parcial a perder essa confiança. Seus pareceres são sugestões (proposta) que não obrigam
as partes, ou seja, não vinculantes. Caso as partes recusem o parecer, o mediador poderá
retomar as conversas com os litigantes de forma a buscar outra solução para resolver o
conflito. Um exemplo recente de perda de confiança do mediador ocorreu no caso
envolvendo palestinos e Israelenses com a afirmação do governo Trump reconhecendo
Jerusalém como a capital de Israel, tentando assim, tirar da mesa de negociação a divisão
de Jerusalém com os Palestinos. Os EUA, que eram mediadores, perderam a confiança por
serem parciais, visto que a divisão de Jerusalém fazia parte de um acordo de paz.
c) Inquérito: No que tange ao Direito Internacional Público, o inquérito seria um
procedimento preliminar a instância diplomática, política ou jurisdicional. Na doutrina
Brasileira, seria o único meio diplomático a ser empregado anteriormente aos outros. O
Inquérito tem essa peculiaridade pois ter a finalidade de estabelecer a materialidade dos
fatos através Comissões de Investigações neutras para apurar os fatos mediante relatório
imparcial para conferir a solução da controvérsia, ou seja, somente menciona os fatos.

d) Conciliação:Trata-se de uma variante da conciliação consagrada por tratados como A


Convenção de Viena sobre o direito dos Tratados (1969), A Convenção das Nações Unidas
sobre o Direito ao mar (1982) na qual há um exercício coletivo da Comissão de Conciliação
integrada por representantes dos Estados em conflito e elementos neutros composta de
número ímpar. Nesta composição, cada litigante indica um conciliador de confiança sendo
um de sua nacionalidade e os quatro apontam um quinto conciliador para a presidência da
comissão. A decisão da comissão e dada por maioria através de um relatório não vinculante
para propor a solução da controvérsia. Se o relatório for recusado pelas partes, a Comissão
de Conciliação encerra suas funções e não reavalia os fatos.

Há todavia, outros meios Diplomáticos não previstos no art. 33 da Carta da ONU para a
Solução pacífica de Controvérsias Internacionais que podem ser adotados pelas partes se
assim desejarem. Vejamos:

a) Sistema de Consultas:. Alguns doutrinadores como Francisco Resek mencionam o


Sistema de Consulta como meio diplomático para SPCI, mas há questionamento se esse
não seria uma variante institucionalizada das negociações diplomáticas. Aqui, não há
intervenção de terceiros.Trata-se de um entendimento programado na qual as partes
consultam-se mutuamente sobre os seus desacordos previamente combinados. A previsão
(expressa normalmente em tratados) de encontros periódicos entre os Estados que trarão
em pauta suas reclamações mútuas acumuladas durante o período e buscarão através de
diálogo direto e programado suas controvérsias.

b) Bons Ofícios: É um meio diplomático de uso recorrente no Direito Internacional. Há um


entendimento direto entre os contendores, entretanto facilitada pela ação amistosa de um
terceiro envolvido conhecido por prestador de bons ofícios ou bom oficiante, sendo este,
uma pessoa de Direito internacional (Estado ou Organização) podendo ser requerido pelas
partes. Sua função é aproximar as partes em disputa para estabelecer um canal direto, ou
seja, servindo como uma “ponte” para repassar comunicações, sugerir o estabelecimento
de contato, servindo de campo neutro entre elas, sem tomar conhecimento dos argumentos
das partes nem propor soluções da controvérsia em si. Um exemplo de bons ofícios foi no
caso Christie que em 1864, Portugal atuou como bom oficiante entre o Brasil e
Grã-Bretanha para que restabelecessem seu relacionamento diplomático.

Os bons ofícios muitas vezes são utilizados para solucionar controvérsias entre
Estados que romperam relações entre si ou Estados que nunca tiveram relações
diplomáticas diretas. Pode ser oferecido pelo Secretário Geral da ONU conforme prevê o
art. 25 da Carta da OEA.

↪️ PROTOCOLO DE OLIVOS: O Protocolo de Olivos, que substituiu o antigo Protocolo de


Brasília sobre o mesmo tema, tem por objetivo principal garantir a correta interpretação,
aplicação e cumprimento dos instrumentos fundamentais do processo de integração e do
conjunto normativo do MERCOSUL, de forma consistente e sistemática.

Há dois tipos de controvérsias que trata o Protocolo: a) controvérsias entre os Estados; b)


controvérsias entre um particular e um Estado. Controvérsias que surjam entre os Estados
Partes sobre a interpretação, a aplicação ou o não cumprimento do Tratado de Assunção,
do Protocolo de Ouro Preto, dos protocolos e acordos celebrados no marco do Tratado de
Assunção, das Decisões do Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo
Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio do MERCOSUL serão
submetidas aos procedimentos estabelecidos no presente Protocolo.

As controvérsias compreendidas no âmbito de aplicação do presente Protocolo que possam


também ser submetidas ao sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do
Comércio ou de outros esquemas preferenciais de comércio de que sejam parte
individualmente os Estados Partes do MERCOSUL poderão submeter-se a um ou outro
foro, à escolha da parte demandante. Sem prejuízo disso, as partes na controvérsia
poderão, de comum acordo, definir o foro.

Uma vez iniciado um procedimento de solução de controvérsias de acordo com o parágrafo


anterior, nenhuma das partes poderá recorrer a mecanismos de solução de controvérsias
estabelecidos nos outros foros com relação a um mesmo objeto.

Ao tentar solucionar as controvérsias, os Estados podem optar por certos caminhos/opções:


Negociações Diretas, Procedimento Arbitral Ad Hoc, Intervenção do Grupo Mercado
Comum, Acesso direto ao Tribunal Permanente de Revisão.

↪️ TRIBUNAL PERMANENTE INTERNACIONAL: O Tribunal Permanente de Justiça


Internacional, ou Corte Permanente de Justiça Internacional, por vezes referido por
Tribunal Mundial, foi um tribunal de jurisdição internacional criado em 1921 no seio da Liga
das Nações, iniciando as suas deliberações em 1922. O Tribunal foi instalado no Palácio da
Paz, na Haia, tendo cessado a sua actividade em 1940, em resultado da tomada daquela
cidade pelas forças da Alemanha Nazi, mas foi apenas formalmente extinto em 1946. Entre
1922 e 1940, o Tribunal deliberou sobre 38 processos de contencioso entre Estados e
emitiu 27 recomendações. O Tribunal foi sucedido em 1946 pelo Tribunal Internacional de
Justiça, criado no contexto da Organização das Nações Unidas.

↪️ COMISSÕES INTERNACIONAIS DE INQUÉRITO E CONCILIAÇÃO: ão denominadas


comissões de investigação e conciliação criadas para facilitar soluções de litígios
internacionais ou elucidar fatos controvertidos, por meio da investigação criteriosa e
imparcial. Ocorrendo um conflito entre dois ou mais Estados, uma comissão estuda os fatos
que ensejaram a divergência, elaborando, em seguida, um relatório que, se aprovado,
servirá de base para solucionar o impasse. Embora a conclusão do relatório não seja
obrigatória para as partes, estas se comprometem a não iniciar qualquer atividade bélica
enquanto a Comissão estiver exercendo suas atividades. Convém salientar que o relatório
concluído não é obrigatória para as partes, estas se comprometem a não iniciar qualquer
atividade bélica enquanto a comissão estiver exercendo as suas atividades.

↪️ SOLUÇÕES JURÍDICAS: A Corte Internacional de Justiça é qualificada pelo art. 92 da


Carta da ONU que prevê “a Corte Internacional de Justiça será o principal órgão judiciário
das Nações Unidas. Funcionará de acordo com o Estatuto anexo, que é baseado no
Estatuto da Corte Permanente de Justiça Internacional e faz parte integrante da presente
Carta.” A competência da Corte abrange todas as questões que as partes lhe submetam,
bem como todos os assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou em
tratados e convenções em vigor. Os Estados partes do presente Estatuto poderão, em
qualquer momento, declarar que reconhecem como obrigatória ipso facto e sem acordo
especial, em relação a qualquer outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição
da Corte em todas as controvérsias jurídicas que tenham por objeto: a. A interpretação de
um tratado; b. Qualquer questão de direito internacional; c. A existência de qualquer fato
que, se verificado, constituiria violação de um compromisso internacional; d. A natureza ou
a extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional.

↪️ TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL - TPI: O Tribunal Penal Internacional (TPI), criado


pelo Estatuto de Roma, é um organismo internacional permanente, com jurisdição para
investigar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes
de guerra e crime de agressão. O TPI é composto por quatro órgãos: Presidência, Seções
Judiciais (Recursos, Julgamento em Primeira Instância e Instrução), Promotoria e
Secretariado.

A Promotoria do TPI consiste em órgão autônomo, independente, responsável pela


investigação e pelo exercício da ação penal. Sua coordenação é exercida por um
Procurador, eleito para mandato de nove anos pela AEP, por votação secreta e maioria
absoluta.

O Secretariado é responsável pelos aspectos não judiciais da administração e


funcionamento do TPI. Sua coordenação é exercida pelo Secretário, “principal funcionário
administrativo do Tribunal”.

As funções judiciais do TPI são exercidas por dezoito magistrados, eleitos pela Assembleia
dos Estados Partes para mandato de nove anos. Uma vez eleitos, os juízes são alocados
em uma das três Seções do TPI: Instrução, Julgamento em Primeira Instância ou Recursos.
O Estatuto de Roma prevê três mecanismos para que sejam iniciadas investigações pela
Promotoria. Uma situação pode ser denunciada por Estado Parte no Estatuto de Roma,
encaminhada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) agindo nos termos
do Capítulo VII da Carta da ONU, ou ainda ter sua investigação iniciada de ofício (proprio
motu) pela Promotoria. Antes de dar início a uma investigação formal, a Promotoria em
geral realiza exames preliminares, quando analisa a viabilidade de um processo criminal
para determinada situação.

A jurisdição temporal do TPI para crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de


guerra limita-se a crimes cometidos após 1º de julho de 2002, data em que entrou em vigor
o Estatuto de Roma. O referido tratado estabelece sistema misto de jurisdição, com foco
nos princípios de territorialidade (local onde foi cometido o crime) e de nacionalidade ativa
(autor da conduta).

O Brasil assinou o Estatuto de Roma em 7 de fevereiro de 2000, tendo-o ratificado em 20


de junho de 2002. Desde então, o referido tratado integra a legislação brasileira.

↪️ SOLUÇÕES COERCITIVAS: Os meios coercitivos de resolver um conflito entre dois ou


mais Estados podem ser definidos como certas medidas que um Estado toma contra outro
membro da comunidade internacional com o objetivo deste abandonar suas pretensões em
relação ao primeiro.

a) Retorsão: é o ato por meio do qual um Estado ofendido aplica ao Estado que tenha
sido o seu agressor as mesmas medidas ou os mesmos processos que este
empregou ou emprega contra ele. A retorsão implica a aplicação, de um Estado, de
meios ou processos idênticos aos que ele empregou ou está empregando. Esse
instrumento se fundamenta no princípio da reciprocidade e no respeito mútuo, que
toda nação deve ter para com as demais.

b) Represália: medidas coercitivas, derrogatórias das regras ordinárias do direito das


gentes, tomadas por um estado em consequência de atos ilícitos praticados, em seu
prejuízo, por outro estado e destinadas a impor a este, por meio de um dano, o
respeito ao seu direito. O bloqueio pacífico ou bloqueio comercial constitui outra
forma de represália. Consiste em impedir, por meio de força armada, as
comunicações com os portos ou as costas de um país ao qual se pretende obrigar a
proceder de determinado modo. Difere-se da retorsão uma vez que pressupõe em
violações de direitos e injustiças contra um Estado, ao passo que na retorsão os
atos praticados estão sempre dentro da soberania do Estado que os praticou.

c) Embargos: é uma forma especial de represália, que consiste, em geral, ao


sequestro, em tempo de paz, de navios e cargas de nacionais de um Estado
estrangeiro, ancorados nos portos ou em águas territoriais do estado que lança mão
desse meio coercitivo. Embargo econômico é uma sanção que consiste em
restrições ou proibições de comércio e de comercialização para setores,
mercadorias, serviços, entre outros segmentos, de algum país específico. Cada vez
mais abandonado pelos Estados, a pratica destes atos são completamente
reprovadas pela comunidade internacional pois deles muitas vezes resultam as
guerras. Criados normalmente por potências econômicas, como os Estados Unidos,
essas medidas normalmente representam o corte de relações comerciais entre
nações com o objetivo de acabar com conflitos ou derrubar governos autoritários.

d) Bloqueio pacífico: consiste em impedir, por meio de força armada, as comunicações


com os portos ou as costas de um país ao qual se pretende obrigar a proceder de
determinado modo. Um exemplo de bloqueio pacífico ocorreu durante a Guerra Fria,
quando os Estados Unidos da América utilizaram esse tipo de embargo para
realizarem seus objetivos diplomáticos. De acordo com um relatório da Organização
das Nações Unidas (ONU), até 2005, o bloqueio econômico dos EUA sobre Cuba já
havia causado um prejuízo de mais de US$ 89 bilhões para a ilha.

e) Boicotagem: é a interrupção de relações comerciais e financeiras com outro Estado.


Quando realizada de forma pacífica, é legal perante o direito internacional, pois pode
representar um meio de defesa do Estado. A doutrina destaca que a boicotagem
pode ser realizada por Estados ou particulares. A ONU utilizou a boicotagem no
combate ao Apartheid, na África do Sul em 1984, impondo sanções econômicas
como forma de pressão para que cessasse a política de segregação racial constante
naquele momento, na África do Sul.

f) Rompimento das relações diplomáticas: é um ato discricionário do Estado, e se


traduz pela decisão unilateral que este toma ao fechar sua missão diplomática,
impondo, assim, a mesma decisão ao seu parceiro, em virtude do princípio da
reciprocidade.

8. Guerra

↪️ As guerras são conflitos armados que acontecem por diferentes motivos, como
desentendimentos religiosos, interesses políticos e econômicos, disputas territoriais,
rivalidades étnicas, entre outras razões.É uma luta armada entre nações, ou entre partidos
de uma mesma nacionalidade ou de etnias diferentes, com o fim de impor supremacia ou
salvaguardar interesses materiais ou ideológicos.

↪️ Convenção de Genebra é o nome que se dá a vários tratados internacionais assinados


entre 1864 e 1949 para reduzir os efeitos das guerras sobre a população civil, além de
oferecer uma proteção para militares capturados ou feridos. A história desses tratados está
associada ao suíço Henri Dunant, fundador da Cruz Vermelha. Dunant tomou a iniciativa de
organizar esse tipo de acordo em uma convenção na cidade de Genebra, na Suíça, em
1864.

Crimes de guerra:

• Assassinato ou maus-tratos da população

• Deportações para trabalhos forçados

• Assassinato ou maus-tratos de prisioneiros

• Pilhagem de propriedade pública ou particular

• Destruição indiscriminada de cidades e devastação sem necessidade militar


• Assassinato de reféns

Crimes contra a paz:

• Planejar guerra de agressão ou em violação a tratados internacionais

• Participar de plano comum ou conspiração para promover esses atos

Crimes contra a humanidade:

• Extermínio, escravização e outros atos desumanos antes ou durante uma guerra

• Perseguições por motivos políticos, raciais ou religiosos

A primeira Convenção
Ela deu ordem de respeitar e cuidar dos militares feridos ou doentes sem discriminação.
Desde então, as ambulâncias e os hospitais são protegidos de todo ato hostil e serão
reconhecíveis pelo símbolo da cruz vermelha com fundo branco. A primeira verdadeira
aplicação deste tratado aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial.

A segunda Convenção
A segunda Convenção foi escrita em 1906. Ela estendeu as obrigações da primeira
Convenção às forças navais.

A terceira Convenção
A terceira Convenção de Genebra foi escrita em 1929 e teve como objetivo definir o
tratamento de prisioneiros de guerra. O termo prisioneiro de guerra é definido nesta
Convenção: É reconhecido como prisioneiro de guerra todo combatente capturado,
podendo este ser um soldado de um exército, um membro de uma milícia ou até mesmo um
civil, como os resistentes.
Foi esta Convenção que permitiu ao Comitê internacional da Cruz Vermelha (CICR) visitar
todos os campos de prisioneiros de guerra sem nenhuma restrição. O CICR pode também
dialogar, sem testemunhas, com os prisioneiros.
Essa Convenção fixa igualmente os limites do tratamento geral de prisioneiros, como:
● a obrigação de tratar os prisioneiros humanamente, sendo a tortura e quaisquer
atos de pressão física ou psicológica proibidos;
● obrigações sanitárias, seja ao nível da higiene ou da alimentação;
● o respeito da religião dos prisioneiros.
A quarta Convenção
A quarta Convenção foi escrita em 1949. Ela revisou as três Convenções anteriores e
acrescentou uma quarta, relativa à proteção dos civis em período de guerra.
Quando se fala hoje em dia da Convenção de Genebra, refere-se ao resultado desta
Convenção.
De acordo com esta Convenção, os civis são claramente protegidos de toda hostilidade:
● eles não podem ser sequestrados, para servir, por exemplo, de "escudos
humanos";
● toda e qualquer medida de retorsão visando os civis ou seus bens é estritamente
proibida;
● As punições coletivas são estritamente proibidas.

Convenção de Genebra - versão atual

1. Os países em guerra não podem utilizar armas químicas uns contra os


outros.
2. O uso de balas explosivas ou de material que cause sofrimento
desnecessário nas vítimas é proibido.
3. O bombardeio de balões com projéteis é proibido.
4. Prisioneiros de guerra devem ser tratados com humanidade e protegidos da
violência. Não podem ser espancados ou utilizados com interesses
propagandistas.
5. Prisioneiros de guerra devem fornecer seu nome legítimo e patente. Aquele
que mentir pode perder sua proteção.
6. As nações devem identificar os mortos e feridos e informar seus familiares.
7. É proibido matar alguém que se tenha rendido.
8. Nas áreas de batalha, devem existir zonas demarcadas para onde os
doentes e feridos possam ser transferidos e tratados.
9. Proteção especial contra ataques será garantida aos hospitais civis marcados
com a cruz vermelha.
10. É permitida a passagem livre de medicamentos.
11. Tripulantes de navios afundados pelo adversário devem ser resgatados e
levados para terra firme com segurança.
12. Qualquer exército que tome o controle de um país deve providenciar comida
para seus habitantes locais.
13. Ataques a cidades desprotegidas são proibidos.
14. Submarinos não podem afundar navios comerciais ou de passageiros sem
antes retirar seus passageiros e tripulação.
15. Um prisioneiro pode ser visitado por um representante de seu país. Eles têm
o direito de conversar reservadamente, sem a presença do inimigo.

↪️ CLASSIFICAÇÃO:
a) Aérea: A guerra aérea é o uso do espaço de batalha de aeronaves militares e
outras máquinas voadoras na guerra. A guerra aérea inclui bombardeiros que
atacam instalações inimigas ou uma concentração de tropas inimigas ou alvos
estratégicos; aviões de caça lutando pelo controle do espaço aéreo; aeronaves de
ataque engajadas em apoio aéreo aproximado contra alvos terrestres; aviação naval
voando contra alvos marítimos e terrestres próximos; planadores, helicópteros e
outras aeronaves para transportar forças aerotransportadas, como paraquedistas;
tanques de reabastecimento aéreo para estender o tempo de operação ou alcance;
e aeronaves de transporte militar para movimentar cargas e pessoal.
b) Marítima/Naval: Entende-se por guerra naval todo o combate decorrido nos mares,
oceanos, ou noutras grandes superfícies aquáticas, tal como grandes lagos e rios de
grande envergadura. Tal como acontece com as restantes formas de batalha, as tácticas
navais modernas baseiam-se, sobretudo, em fogo e mobilidade, que se pode traduzir na
combinação eficiente do poder de fogo entregue, conseguida através dos batedores e
ocupação das melhores posições no terreno. A mobilidade é, efectivamente, uma
componente crucial no combate moderno; uma frota naval pode viajar centenas de
quilómetros num único dia. Na guerra naval, a chave encontra-se, sobretudo, em
conseguir detectar o inimigo sem ser detectado. Por esse motivo, é gasto muito tempo e
esforço em negar essa possibilidade às formas inimigas.

c) Terrestre: conflitos travados em solo. ex: trincheiras

↪️ NEUTRALIDADE: Um país neutro é um Estado que mantém uma política de


neutralidade em relação aos beligerantes em uma guerra específica ou se mantém
permanentemente neutro em todos os possíveis conflitos futuros (inclusive evitando entrar
em alianças militares como a OTAN ou OTSC). Com o status de não combatente, os
cidadãos de países neutros gozam de proteção sob o direito de guerra contra ações
beligerantes em maior medida do que outros como civis inimigos e prisioneiros de guerra.
Diferentes países interpretam sua neutralidade de maneira diferente: alguns, como a Costa
Rica, se desmilitarizaram, enquanto outros, como a Suíça, mantêm a "neutralidade
armada", para que possam se proteger de invasões estrangeiras.

↪️ PÓS GUERRA: os beligerantes são movimentos contrários ao governo de um Estado,


que visam a conquistar o poder ou a criar um novo ente estatal, e cujo estado de
beligerância é reconhecido por outros membros da sociedade internacional. As principais
consequências do reconhecimento de beligerância incluem a obrigação dos beligerantes de
observar as normas aplicáveis aos conflitos armados e a possibilidade de que firmem
tratados com Estados neutros.A convenções entre beligerantes pressupõem o estado de
guerra e podem ser definidas como compreendendo todos os acordos internacionais
concluídos entre sujeitos beligerantes no que concerne à conduta e ao fim das operações
de guerra.

↪️ SANÇÕES: As sanções internacionais (unilaterais ou multilaterais) são ações usadas


como forma de expressar desaprovação e punir de maneira não militar governos ou
organizações estrangeiras a fim de atingir um objetivo político ou comercial. Ex: sanções da
UE contra a Rússia

↪️ LEIS DE GUERRA: Direito de guerra ou leis da guerra é uma área do direito que regula
justificativas aceitáveis para entrar em guerra e sobre os limites da conduta aceitável
durante uma guerra As normas da Guerra, ou Direito Internacional Humanitário, estipulam o
que pode e o que não pode ser feito durante um conflito armado. As Convenções de
Genebra e os seus Protocolos Adicionais são a essência desse conjunto de normas. Elas
estabelecem limites para a guerra, oferecendo proteção aos civis e parâmetros do que se
considera aceitável ou não no campo de batalha e fora dele. São crimes de guerra: “a
tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas”, bem como a
“tomada de reféns”, “dirigir intencionalmente ataques à população civil, em geral ou civis que
não participem das hostilidades”, lançar ataques propositalmente contra civis. privar
prisioneiros de guerra de julgamento justo. torturar prisioneiros de guerra, matar médicos
militares ou atacar postos médicos em zonas de conflito.

● As quatro Convenções de Genebra (e os seus Protocolos Adicionais)


● As Convenções de Haia de 1907
● A Convenção sobre os Direitos da Criança
● Convenções internacionais que regulamentam ou proíbem o uso de certas armas
(como minas antipessoal, armas químicas ou munições cluster)
● Normas consuetudinárias e outros princípios gerais do Direito

↪️ TPI: Criado em 1998, pelo Estatuto de Roma, ao Tribunal Penal Internacional (TPI) foi
conferida competência para julgar indivíduos responsáveis por crimes considerados “de
maior gravidade com alcance internacional”, dentre os quais foram incluídos os crimes de
guerra. O Tribunal possui sede em Haia, nos Países Baixos, e pode julgar apenas fatos
ocorridos após o início de seu funcionamento, ocorrido em 2002. Ademais, o TPI julga
apenas indivíduos nacionais de Estados que ratificaram seu Estatuto, atualmente 122, ou
que cometeram o crime em território de um Estado membro. Não sendo atendidos esses
requisitos, o TPI só poderia atuar mediante solicitação do CSNU, que pode requerer a
análise de quaisquer indivíduos, independentemente de sua nacionalidade. Não sendo
possível a atuação do TPI, a punição ficaria novamente adstrita ao julgamento por órgãos
nacionais. Por serem considerados crimes de caráter mais grave, de interesse de todos os
estados, seria possível que qualquer país realizasse o julgamento, o que esbarra em
questões políticas. Ainda que realizasse o julgamento de um estrangeiro, a menos que este
estivesse em seu território, o Estado dependeria da extradição do acusado. Na prática, não
havendo interesse de seu país de nacionalidade no julgamento, é possível que o indivíduo
permaneça impune.

↪️ ARMAS NUCLEARES: As armas nucleares são dispositivos explosivos cuja força


destrutiva deriva de reações nucleares de fissão ou de reações nucleares de fissão e fusão
combinadas. Como resultado, mesmo a menor e mais simples das armas nucleares será
mais destrutiva e poderosa que a maior das armas convencionais. As armas nucleares
foram utilizadas, pela primeira vez, ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Diante de
suas consequências catastróficas, a comunidade internacional se movimenta desde então
para coibir seu uso em conflitos, por meio de tratados internacionais e pactos globais.
Contudo, alguns países mantêm em seus arsenais tais ogivas, sob a justificativa de defesa
e estratégia militar. A Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 21, o qual
discorre sobre as competências da União e é cláusula pétrea, apresenta, no inciso XXIII,
alínea a, o seguinte:
“a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e
mediante aprovação do Congresso Nacional.”

Isso quer dizer que a Carta Magna não permite a produção de armas nucleares em território
nacional. O Brasil detém tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos, como as duas
usinas nucleares em funcionamento no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro, além
de um projeto com a França para o desenvolvimento de um submarino nuclear. Vale
lembrar que o Brasil é também signatário de diversos acordos com países e organismos
internacionais que selam o compromisso e garantem o uso pacífico da tecnologia nuclear,
como o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em vigor desde 1970 e do
qual o país faz parte desde 1998. Outro acordo mais moderno, o Tratado de Proibição de
Armas Nucleares (TPAN), teve o Brasil como agente ativo em sua elaboração, além de ser
o primeiro país a assiná-lo, em 2017. Contudo, apesar da assinatura e com o TPAN em
vigor desde janeiro de 2021, o acordo ainda não foi ratificado pelo Congresso Nacional
Brasileiro, algo que é alvo de crítica por parte de especialistas.

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