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Iª UNIDADE
1. Conceito
↪️ A partir da Segunda Grande Guerra Mundial, o Direito Internacional é o que mais tem
evoluído dentre todos os ramos jurídicos, influenciando todos os aspectos da vida humana.
Até o início do século XX, o Direito Internacional era bidimensional, versando apenas sobre
a terra e o mar, a partir de então, graças às façanhas de Santos Dumont, passou a ser
tridimensional e, após a Segunda Grande Guerra, passou a abarcar ainda o espaço
ultraterrestre e os fundos marinhos.
↪️ O Direito Internacional Público pode regular qualquer tipo de matéria, assim boa parte
delas pode ser igual à ordem jurídica interna. Contudo o maior problema não é quando
ambos os sistemas regulam a mesma matéria, e sim quando regulam ao mesmo tempo só
que de forma convergente.
↪️ O fundamento do DIP é explicado por duas correntes distintas, quais sejam: a corrente
voluntarista ou subjetivista e a corrente objetivista.
c) São os princípios acatados pelo direito internacional que são reconhecidos pela
generalidade dos Estados nacionais como obrigatórios, desde os de fundamento
lógico, até os de natureza estritamente internacional, como o da autodeterminação
dos povos. O reconhecimento dos princípios gerais de direito como fonte do direito
internacional advém, assim como os tratados e os costumes, do art. 38 do ECIJ, que
determina esses princípios como formas legítimas de expressão do DIP.
2. Tratados Internacionais - Decreto nº 7.030/09
↪️ Etapas:
1. Negociações iniciais e assinatura: nessa primeira fase, com o auxílio do corpo
diplomático, os representantes das nações discutem os termos e apresentam as
demandas de cada parte. A contratação de um tratado internacional pelos países
(e/ou organizações internacionais) interessados se dá através de um longo processo
de negociação entre as partes envolvidas até que se cheguem aos objetivos
pretendidos, como se dá em qualquer outro tipo de negociação entre entes
contratantes de um negócio jurídico qualquer.
2. Aprovação no parlamento de cada nação: finalizada a primeira parte, o texto é
submetido à aprovação parlamentar, que não poderá incluir alterações no texto
original
3. Ratificação ou adesão ao texto: por meio da autorização do Poder Legislativo, o
texto é ratificado e o país adere aos termos estabelecidos
4. Decreto e promulgação do texto na Imprensa Oficial do Estado: última etapa do
processo, é por meio dela que o tratado internacional passa a ter vigência interna e
externa.
↪️ Classificação:
a) Em função do número de partes:
b) Em função do procedimento para sua conclusão: tratados que exigem ou não ratificação
para o comprometimento jurídico dos Estados.
c) Em relação ao conteúdo:
↪️ Nulidade: duas hipóteses de nulidade absoluta do próprio tratado, com efeitos ex tunc.
São elas: a coação sobre um Estado soberano pela ameaça ou emprego da força (art. 52) e
o conflito de tratado posterior com uma norma imperativa de Direito Internacional geral – jus
cogens (art. 53).
Suspensão: A extinção de um tratado, sua denúncia ou a retirada de uma das partes
só poderá ocorrer em virtude da aplicação das disposições do tratado ou da presente
Convenção. A mesma regra aplica-se à suspensão da execução de um tratado.
Extinção: Primeiramente, o tratado pode ser extinto quando houver a execução integral
dele. Outras formas é pelo consentimento mútuo, isto é, quando todas as partes concordam
em encerrar o tratado.
Por fim, pode-se também extinguir um tratado através de termo final (estabelece um prazo,
quando acabar o prazo acabar finaliza a obrigação), superveniência de execução resolutória
(estabelece uma condição), renúncia do beneficiário, caducidade ou desuso, conflitos
armados (os tratados bilaterais se encerram com um conflito armado; para os multilaterais
gera a suspensão do tratado entre as partes em conflito), fato de terceiro (um terceiro
impossibilitando a execução do tratado; não admite como fato de terceiro fatos naturais,
quando isso acontece, é chamado de impossibilidade de extinção), ruptura das relações
diplomáticas (quando a obrigação presente no tratado depender das relações diplomáticas
e ela for extinta, o tratado também vai ser extinto; a exceção é sobre os tratados que
versam sobre a proteção diplomática), inexecução de uma das partes (quando uma das
partes descumpre o contrato, a outra parte não é obrigada a cumprir) e por último a
denúncia unilateral (é a retirada unilateral de umas das partes; tem que ser prevista no
tratado, caso contrário, na dúvida ele é indenunciável).
↪️ té o rascunho final do tratado, que foi aberto para assinaturas em maio de 1969, a
Comissão se esforçou em criar um código orgânico de regras, ou seja, um que respeitasse
as práticas mais costumeiras do direito internacional até então. Além da natural dificuldade
de encontrar um consenso entre as várias nações participantes, o trabalho da CDI foi
complicado pelo constante surgimento de países no período, a exemplo da independência
de ex-colônias europeias na Ásia e África. Uma vez pronto, o texto da Convenção só
entraria vigor quase onze anos depois, em janeiro de 1980, com sua ratificação, ou seja, a
vinculação das regras na legislação nacional, por 35 países.
Na sua maioria, o Chefe de Estado concentra, inclusive, algumas funções legislativas, como
assinar, ratificar e até vetar leis e projetos das câmaras legislativas, dissolver o legislativo e
demitir Chefes de Governo.
II - política internacional;
2. Missões Diplomáticas.
Art. 20. As Missões Diplomáticas destinam-se a assegurar a manutenção de boas relações entre o
Brasil e os Estados em que se acham sediadas bem como a proteger os direitos e os interêsses do
Brasil e dos brasileiros.
Parágrafo único. As Missões Diplomáticas serão criadas por decreto do Executivo, que lhes
fixará a categoria e a sede.
Art. 22. Mediante prévia aprovação do Senado Federal, os chefes das Missões Diplomáticas
serão nomeados pelo Presidente da República com o título de Embaixador ou de Enviado
Extraordinário e Ministro Plenipotenciário, segundo se trate, respectivamente, de Embaixada ou de
Legação.
§ 2º (Vetado).
§ 3º Poderão ser comissionados Ministros de 2ª Classe como Embaixadores, desde que
possuam o mínimo de 20 anos de serviço na carreira, dos quais, 10 de exercício no exterior e que
tenham realizado o Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco.
Art. 25. A juízo do Ministro de Estado das Relações Exteriores, as Missões Diplomáticas
poderão ser encarregadas do serviço consular aplicadas, no que couberem, as disposições
referentes às Repartições Consulares.
Essa imunidade pode ser retirada? Sim, o país receptor pode solicitar às autoridades do
país de origem que retirem a imunidade de seus agentes diplomáticos ou membros do
pessoal técnico-administrativo em casos de crimes graves. Os agentes consulares, os
membros do pessoal de serviço das missões diplomáticas e, na maioria dos casos, também
os funcionários internacionais, por terem imunidades apenas quanto aos atos praticados no
exercício de sua função, estão sujeitos à jurisdição das autoridades locais no caso de
crimes comuns ou de quaisquer atos não relacionados a suas atividades oficiais.
↪️ A ONU – Organização das Nações Unidas surgiu no fim da Segunda Guerra Mundial
para substituir a Liga das Nações, que foi criada em 1919 depois da Primeira Grande
Guerra. O nome Nações Unidas foi concebido por Franklin Delano Roosevelt, presidente
dos Estados Unidos, na época da elaboração da Declaração das Nações Unidas em
primeiro de janeiro de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, oficialmente, a
Organização das Nações Unidas passou a existir a partir de 24 de outubro de 1945, quando
a carta foi ratificada pela China, Estados Unidos, França, Reino Unido, União Soviética e
pela maioria dos países membros-fundadores. Fundada por 51 países, entre eles o Brasil, a
ONU, hoje, conta com mais de 180 países membros. Apesar do prédio das Nações Unidas
está em Nova York, a ONU é território internacional.
A Assembleia Geral é o órgão principal da ONU e tem caráter deliberativo, nela estão
representados todos os países membros, cada um com direito a um voto. O dia das Nações
Unidas se celebra no 24 de outubro.
a) Conselho de Segurança
Tem quinze membros, dos quais cinco — China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e
União Soviética — são permanentes e dotados do poder de veto, isto é, qualquer uma
dessas potências tem direito a bloquear uma decisão do Conselho. Os dez membros não
permanentes são eleitos pela Assembleia Geral por um período de dois anos.
b) Assembleia Geral
O principal corpo deliberativo, reúne todos os países-membros, com direito a um voto cada.
Suas sessões regulares são convocadas anualmente, em setembro, mas podem ser
realizadas outras, especiais ou de emergência.
c) Conselho de Tutela
Controla os territórios colocados sob tutela da ONU. Em 1982 restava apenas o Território
das Ilhas do Pacífico nessas condições.
d) Secretariado
Principal órgão jurídico da ONU, julga as disputas que surgem entre os países. Compõe-se
de quinze juízes, de diferentes nacionalidades, eleitos pela Assembleia Geral e pelo
Conselho de Segurança, para um período de nove anos. Tem sua sede em Haia, Holanda.
Devido ao número de países-membros e à gama de atividades de que se ocupa, a ONU é a
entidade supranacional mais abrangente. Há, porém, numerosas outras, de caráter regional
ou voltadas para assuntos específicos, principalmente atividades econômicas e militares
(segurança coletiva).
Sua principal função é promover a cooperação cultural, o respeito pelos direitos humanos e
o progresso econômico e social. Reúne 54 membros e trabalha através dos órgãos
subsidiados, como por exemplo, a Comissão de Direitos Humanos, a Comissão sobre a
Situação da Mulher e a Comissão Populacional.
6. Sujeitos do Direito Internacional
Federação: Cada estado, ente federativo, conserva a sua soberania, sua liberdade,
sua independência e todos os poderes, jurisdição ou direitos que não sejam
superiores a Constituição.
↪️ O termo “intervenção humanitária” tem sido usado para definir o uso da força de um
Estado ou grupo de Estados contra outro Estado, sem a permissão deste, com o objetivo
declarado de pôr fim a violações graves de direitos humanos no território do Estado contra o
qual a força é usada. O conceito é controvertido, ambíguo e não está codificado no direito
internacional. O debate sobre “intervenções humanitárias” ressurgiu com força no imediato
pós-Guerra Fria, quando houve a imposição de zonas de exclusão aérea para proteger os
curdos e xiitas no Iraque (1991), a intervenção autorizada pela ONU na Somália (1992-93),
a intervenção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em Kosovo, então
província da Sérvia (1999), e o fracasso em estancar o genocídio da população da etnia
tutsi em Ruanda (1994).
Concebendo-se ente Estatal, chefiado pelo Papa, o Estado do Vaticano tem personalidade
jurídica distinta da Santa Sé, concentrando atribuições políticas. Por se fundar a partir de
um instrumento constitutivo, diferentemente dos demais Estados, que têm origem
autônoma, considera-se que o Vaticano é um Estado anômalo. Assim, não tem participação
ativa nas Organizações Internacionais e, na ONU, tem posição de observador permanente.
↪️ O Artigo 33 da Carta da ONU traz o rol não taxativo (não é Numerus Clausus) dos meios
diplomáticos de solução pacífica de conflitos Internacionais, são eles: a negociação
diplomática direta, mediação, o Inquérito e a Conciliação. Via de regra não há hierarquia
entre eles, podendo as partes adotarem o mais adequado para a solução da controvérsia.
Há todavia, outros meios Diplomáticos não previstos no art. 33 da Carta da ONU para a
Solução pacífica de Controvérsias Internacionais que podem ser adotados pelas partes se
assim desejarem. Vejamos:
Os bons ofícios muitas vezes são utilizados para solucionar controvérsias entre
Estados que romperam relações entre si ou Estados que nunca tiveram relações
diplomáticas diretas. Pode ser oferecido pelo Secretário Geral da ONU conforme prevê o
art. 25 da Carta da OEA.
As funções judiciais do TPI são exercidas por dezoito magistrados, eleitos pela Assembleia
dos Estados Partes para mandato de nove anos. Uma vez eleitos, os juízes são alocados
em uma das três Seções do TPI: Instrução, Julgamento em Primeira Instância ou Recursos.
O Estatuto de Roma prevê três mecanismos para que sejam iniciadas investigações pela
Promotoria. Uma situação pode ser denunciada por Estado Parte no Estatuto de Roma,
encaminhada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) agindo nos termos
do Capítulo VII da Carta da ONU, ou ainda ter sua investigação iniciada de ofício (proprio
motu) pela Promotoria. Antes de dar início a uma investigação formal, a Promotoria em
geral realiza exames preliminares, quando analisa a viabilidade de um processo criminal
para determinada situação.
a) Retorsão: é o ato por meio do qual um Estado ofendido aplica ao Estado que tenha
sido o seu agressor as mesmas medidas ou os mesmos processos que este
empregou ou emprega contra ele. A retorsão implica a aplicação, de um Estado, de
meios ou processos idênticos aos que ele empregou ou está empregando. Esse
instrumento se fundamenta no princípio da reciprocidade e no respeito mútuo, que
toda nação deve ter para com as demais.
8. Guerra
↪️ As guerras são conflitos armados que acontecem por diferentes motivos, como
desentendimentos religiosos, interesses políticos e econômicos, disputas territoriais,
rivalidades étnicas, entre outras razões.É uma luta armada entre nações, ou entre partidos
de uma mesma nacionalidade ou de etnias diferentes, com o fim de impor supremacia ou
salvaguardar interesses materiais ou ideológicos.
Crimes de guerra:
A primeira Convenção
Ela deu ordem de respeitar e cuidar dos militares feridos ou doentes sem discriminação.
Desde então, as ambulâncias e os hospitais são protegidos de todo ato hostil e serão
reconhecíveis pelo símbolo da cruz vermelha com fundo branco. A primeira verdadeira
aplicação deste tratado aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial.
A segunda Convenção
A segunda Convenção foi escrita em 1906. Ela estendeu as obrigações da primeira
Convenção às forças navais.
A terceira Convenção
A terceira Convenção de Genebra foi escrita em 1929 e teve como objetivo definir o
tratamento de prisioneiros de guerra. O termo prisioneiro de guerra é definido nesta
Convenção: É reconhecido como prisioneiro de guerra todo combatente capturado,
podendo este ser um soldado de um exército, um membro de uma milícia ou até mesmo um
civil, como os resistentes.
Foi esta Convenção que permitiu ao Comitê internacional da Cruz Vermelha (CICR) visitar
todos os campos de prisioneiros de guerra sem nenhuma restrição. O CICR pode também
dialogar, sem testemunhas, com os prisioneiros.
Essa Convenção fixa igualmente os limites do tratamento geral de prisioneiros, como:
● a obrigação de tratar os prisioneiros humanamente, sendo a tortura e quaisquer
atos de pressão física ou psicológica proibidos;
● obrigações sanitárias, seja ao nível da higiene ou da alimentação;
● o respeito da religião dos prisioneiros.
A quarta Convenção
A quarta Convenção foi escrita em 1949. Ela revisou as três Convenções anteriores e
acrescentou uma quarta, relativa à proteção dos civis em período de guerra.
Quando se fala hoje em dia da Convenção de Genebra, refere-se ao resultado desta
Convenção.
De acordo com esta Convenção, os civis são claramente protegidos de toda hostilidade:
● eles não podem ser sequestrados, para servir, por exemplo, de "escudos
humanos";
● toda e qualquer medida de retorsão visando os civis ou seus bens é estritamente
proibida;
● As punições coletivas são estritamente proibidas.
↪️ CLASSIFICAÇÃO:
a) Aérea: A guerra aérea é o uso do espaço de batalha de aeronaves militares e
outras máquinas voadoras na guerra. A guerra aérea inclui bombardeiros que
atacam instalações inimigas ou uma concentração de tropas inimigas ou alvos
estratégicos; aviões de caça lutando pelo controle do espaço aéreo; aeronaves de
ataque engajadas em apoio aéreo aproximado contra alvos terrestres; aviação naval
voando contra alvos marítimos e terrestres próximos; planadores, helicópteros e
outras aeronaves para transportar forças aerotransportadas, como paraquedistas;
tanques de reabastecimento aéreo para estender o tempo de operação ou alcance;
e aeronaves de transporte militar para movimentar cargas e pessoal.
b) Marítima/Naval: Entende-se por guerra naval todo o combate decorrido nos mares,
oceanos, ou noutras grandes superfícies aquáticas, tal como grandes lagos e rios de
grande envergadura. Tal como acontece com as restantes formas de batalha, as tácticas
navais modernas baseiam-se, sobretudo, em fogo e mobilidade, que se pode traduzir na
combinação eficiente do poder de fogo entregue, conseguida através dos batedores e
ocupação das melhores posições no terreno. A mobilidade é, efectivamente, uma
componente crucial no combate moderno; uma frota naval pode viajar centenas de
quilómetros num único dia. Na guerra naval, a chave encontra-se, sobretudo, em
conseguir detectar o inimigo sem ser detectado. Por esse motivo, é gasto muito tempo e
esforço em negar essa possibilidade às formas inimigas.
↪️ LEIS DE GUERRA: Direito de guerra ou leis da guerra é uma área do direito que regula
justificativas aceitáveis para entrar em guerra e sobre os limites da conduta aceitável
durante uma guerra As normas da Guerra, ou Direito Internacional Humanitário, estipulam o
que pode e o que não pode ser feito durante um conflito armado. As Convenções de
Genebra e os seus Protocolos Adicionais são a essência desse conjunto de normas. Elas
estabelecem limites para a guerra, oferecendo proteção aos civis e parâmetros do que se
considera aceitável ou não no campo de batalha e fora dele. São crimes de guerra: “a
tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas”, bem como a
“tomada de reféns”, “dirigir intencionalmente ataques à população civil, em geral ou civis que
não participem das hostilidades”, lançar ataques propositalmente contra civis. privar
prisioneiros de guerra de julgamento justo. torturar prisioneiros de guerra, matar médicos
militares ou atacar postos médicos em zonas de conflito.
↪️ TPI: Criado em 1998, pelo Estatuto de Roma, ao Tribunal Penal Internacional (TPI) foi
conferida competência para julgar indivíduos responsáveis por crimes considerados “de
maior gravidade com alcance internacional”, dentre os quais foram incluídos os crimes de
guerra. O Tribunal possui sede em Haia, nos Países Baixos, e pode julgar apenas fatos
ocorridos após o início de seu funcionamento, ocorrido em 2002. Ademais, o TPI julga
apenas indivíduos nacionais de Estados que ratificaram seu Estatuto, atualmente 122, ou
que cometeram o crime em território de um Estado membro. Não sendo atendidos esses
requisitos, o TPI só poderia atuar mediante solicitação do CSNU, que pode requerer a
análise de quaisquer indivíduos, independentemente de sua nacionalidade. Não sendo
possível a atuação do TPI, a punição ficaria novamente adstrita ao julgamento por órgãos
nacionais. Por serem considerados crimes de caráter mais grave, de interesse de todos os
estados, seria possível que qualquer país realizasse o julgamento, o que esbarra em
questões políticas. Ainda que realizasse o julgamento de um estrangeiro, a menos que este
estivesse em seu território, o Estado dependeria da extradição do acusado. Na prática, não
havendo interesse de seu país de nacionalidade no julgamento, é possível que o indivíduo
permaneça impune.
Isso quer dizer que a Carta Magna não permite a produção de armas nucleares em território
nacional. O Brasil detém tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos, como as duas
usinas nucleares em funcionamento no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro, além
de um projeto com a França para o desenvolvimento de um submarino nuclear. Vale
lembrar que o Brasil é também signatário de diversos acordos com países e organismos
internacionais que selam o compromisso e garantem o uso pacífico da tecnologia nuclear,
como o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em vigor desde 1970 e do
qual o país faz parte desde 1998. Outro acordo mais moderno, o Tratado de Proibição de
Armas Nucleares (TPAN), teve o Brasil como agente ativo em sua elaboração, além de ser
o primeiro país a assiná-lo, em 2017. Contudo, apesar da assinatura e com o TPAN em
vigor desde janeiro de 2021, o acordo ainda não foi ratificado pelo Congresso Nacional
Brasileiro, algo que é alvo de crítica por parte de especialistas.