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MANUAL DO FUTURO

DIPLOMATA

W W W . C U R S O S A P I E N T I A . C O M . B R
Índice

Introdução pág. 03

O Itamaraty pág. 04

A tradição da pág. 05
Diplomacia Brasileira

A carreira pág. 07
1.1 O Instituto Rio Branco
1.2 Como funciona o curso de formação
1.3 Os postos e os salários
1.4 Tabela de salários da diplomacia no Brasil
1.5 A progressão na carreira
1.6 Como é o dia a dia de um Diplomata?

O concurso pág. 15
1.1 Como saber se estou preparado para o concurso?
1.2 Vai ter concurso esse ano?
1.3 Quais são as etapas até o edital?
1.4 Saiu o edital! E agora?
1.5 As matérias e as fases do CACD

A preparação pág. 21
1.1 Como fazer um planejamento de estudo efetivo?
1.2 A importância de estudar de forma estratégica

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Introdução
Olá, futuro diplomata! – Quem? Eu? Isso é comigo?

Sim, você leu certo, “futuro diplomata”, afinal, se você está aqui é porque,
certamente, já pensou em entrar para o Serviço Exterior Brasileiro, não
é mesmo? Pensando nesse sonho de seguir uma carreira tão honrosa e
distinta, elaboramos este e-book e reunimos as principais informações
sobre o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD) e sobre
a formação e as principais áreas de atuação desse profissional atuante
no Ministério das Relações Exteriores. Vamos lá?

A cada ano que passa, é crescente o número de candidatos que se


interessam pela carreira diplomática. Dados do Instituto Rio Branco,
responsável pela seleção para o cargo de diplomata, apontam que há
uma média de 5 mil candidatos por ano – nossa, mas é muita gente!
Calma... Sabemos que, dentro desse número de candidatos, apenas
uma pequena porcentagem é considerada como realmente pronta
para disputar uma vaga. Nesse sentido, precisamos ter em mente que
o CACD exige uma grande dedicação pessoal de seus participantes.
Se o sonho da carreira diplomática não fizer seu coração bater mais
forte, o processo de preparação para o concurso pode fazer você
repensar sua escolha.

Por essa razão, estamos aqui, para que você não entre nessa jornada
sem as devidas informações e conhecimento sobre cada passo do
caminho que pretende percorrer. Então, faça deste e-book o seu
maior aliado. Aqui nós agrupamos diversas informações sobre
as características do exame e sobre os pormenores da carreira
diplomática, pois, quanto mais você souber acerca das suas futuras
atribuições, melhor será a visualização do seu eu futuro lá dentro do
Itamaraty, você não acha?

Ah, apenas lembre-se de que, se você quer alcançar o topo da


montanha, é preciso reunir as condições necessárias e traçar uma
estratégia para cumprir a escalada. E esse momento requer preparo
e paciência, ok? Para os recém-chegados aspirantes à diplomacia,
este e-book será um excelente primeiro passo. E ,se você já conhece
um pouco – ou muito – sobre o CACD, também poderá usufruir deste
material e aperfeiçoar seus conhecimentos. Nosso maior desejo é que,
com esta publicação, você possa ter uma noção adequada do que faz
um diplomata e iniciar seu preparo – e sua futura carreira – ciente do
que o espera.

Boa leitura!

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O Itamaraty
O que é o Itamaraty e qual seu lugar no Poder Executivo?

Itamaraty é o nome, de origem indígena (Itamaraty = pedra rosa), dado ao órgão


governamental, dentro do Poder Executivo, que oficialmente é conhecido
como Ministério das Relações Exteriores (MRE) da República Federativa do
Brasil. Dedica-se a auxiliar o Presidente na formulação e direcionamento da
política exterior nacional, assegurando sua eficaz execução e mantendo os
canais comuns de relações diplomáticas com os demais países.

A atuação do Itamaraty é concentrada nas áreas de política internacional,


relações diplomáticas e serviços consulares, participando de toda negociação,
cooperação internacional e promoção comercial relevante ao Estado Brasileiro.
Paralelamente, também oferece o suporte necessário à toda representação
brasileira nos mais diversos organismos internacionais.

Atualmente, com uma rede de 9 escritórios de representação país afora e mais


de 220 representações no mundo (139 Embaixadas, 52 Consulados-Gerais, 11
Consulados, 8 Vice-Consulados, 12 Missões ou Delegações e 3 Escritórios),
o Itamaraty também presta assistência aos cidadãos brasileiros no exterior,
controlando a emissão de passaportes e documentos análogos, dando apoio
a empresas brasileiras, entre outras atividades.

Além disso, dentre suas incumbências básicas, encontram-se a organização


das visitas oficiais, no Brasil, de Chefes de Estado e de Governo e de demais
autoridades estrangeiras, bem como a preparação e operacionalização das
visitas do Presidente, do Vice-Presidente da República e do Ministro das
Relações Exteriores em outros países.

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Um aspecto relevante sobre o MRE é o diálogo existente com os demais
órgãos do governo e organizações não governamentais, focando, de
forma objetiva, nas necessidades do país, visto que os problemas
internos têm grande reflexo externamente.

São, também, parte da agenda do Ministério de Relações Exteriores,


as seguintes matérias de grande repercussão internacional:

• Desenvolvimento de tecnologia nacional;


• Preservação do meio ambiente;
• Desenvolvimento e investimento na ciência;
• Assistência aos brasileiros em situação de emergência
no exterior;
• Investimento em outros pontos estratégicos para o
desenvolvimento do país.
• Direitos humanos e temas sociais;
• Cooperação técnica internacional (com países em
desenvolvimento e com países desenvolvidos);
• Cooperação educacional;
• Promoção da língua portuguesa e da cultura brasileira;
• Assistência Humanitária;
• Educação;
• Energia;
• Turismo e Esporte;
• Paz e segurança;
• Promoção comercial;
• Temas financeiros;
• Cerimonial e protocolo.

Além disso, para o Itamaraty, representar o país de forma séria e


assertiva, de acordo com os princípios constitucionais que regem
as relações internacionais do Brasil, visando estabelecer um cenário
político estável e confiável no âmbito internacional, é parte fundamental
da execução da política externa brasileira.

A ansiedade chega a bater só de pensar em trabalhar em uma dessas


áreas do MRE, não é mesmo? Aguenta, coração!

A tradição da
Diplomacia Brasileira
Cronologia Histórica do cenário de
Relações Internacionais

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Antes de se tornar brasileira, a diplomacia, em nosso território, era portuguesa.
Não demorou muito, porém, para logo se transformar, e os valores da
diplomacia brasileira surgirem com a confiança de que o Direito traria a paz,
princípio pelo qual o Barão do Rio Branco se norteou para posicionar o país
diante das grandes potências da época.

Por esse e outros motivos, é importante destacar o papel histórico dos


diplomatas brasileiros diante do cenário mundial. Muitos deles foram e são
responsáveis pelas políticas e negociações externas, tornando-se, não
raramente, porta-vozes na comunidade internacional. A seguir, destacamos
alguns diplomatas brasileiros de grande reconhecimento:

• Visconde do Uruguai
Fomentou a necessidade de especialização dos demais diplomatas.
Teve responsabilidade nas negociações com o império napoleônico
e questões de fronteira no Brasil.

• Barão do Rio Branco


Também conhecido como o patrono da diplomacia brasileira,
José Maria da Silva Paranhos Júnior apontou para a necessidade
de expansão do Ministério de Relações Exteriores, além de
sua modernização, para que fosse possível realizar encontros
diplomáticos em níveis internacionais. Foi, ainda, responsável
por diversas negociações que demarcaram e definiram boa
parte das fronteiras brasileiras com os países vizinhos, tal como
conhecemos atualmente.

• Oswaldo Aranha
Atuou em tempos difíceis, durante a Segunda Guerra Mundial,
coordenando o papel diplomático brasileiro durante a guerra.
Foi, também, responsável por reformas no MRE e por acordos
econômicos com os Estados Unidos. Presidiu, ainda, a Primeira
Sessão Especial da Organização das Nações Unidas, em 1947, além
de ter comandado o Itamaraty durante a Era Vargas.

Atualmente, a diplomacia brasileira é considerada notável e atuante em


diferentes frentes, desde assuntos que se referem ao combate à fome e
à pobreza até a proteção e sustentabilidade do meio ambiente. Claro que
existem muitos outros nomes que poderíamos citar – durante sua preparação
para o CACD, você estudará diversos deles –, mas deixamos aqui apenas um
pequeno aperitivo desse universo encantador que é a diplomacia.

Agora chegou a hora de falar sobre sua futura profissão. Partiu?

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A carreira
O que faz um diplomata?

Representar o país junto a outros Estados nacionais e a organismos


internacionais, como as Nações Unidas ou dedicar-se a serviços
consulares são atividades possíveis para quem ingressa na carreira.

Você sabia que a carreira de um diplomata tem duração média de


40 anos? É muito tempo para aproveitar, não é verdade? E, sendo
um servidor público integrante do Serviço Exterior Brasileiro, você
poderá estar encarregado de implementar as diretrizes de política
externa do Brasil – seja representando o Estado junto à comunidade
internacional, seja negociando tratados e acordos que defendam os
nossos interesses –, de prestar assistência aos brasileiros que moram
no local, de ajudar a promover o comércio exterior de nosso país e de
divulgar a cultura brasileira em outros lugares do mundo.

Um diplomata pode, ainda, ajudar na organização das eleições para a


comunidade brasileira no exterior. É sensacional, né?

A carreira diplomática é mesmo muito versátil e oferece uma infinidade


de atividades, já que a mudança de país para país e a progressão
de níveis dentro da carreira permitem aos profissionais a atuação em
mais de um campo de ação. Todavia, vale ressaltar que o “glamour”
associado à carreira pode não condizer com a realidade, por isso,
é importante compreender quais atividades e quais funções são
desempenhadas por esse profissional.

Atividades na linha consular

Há, sim, atividades consulares sendo desenvolvidas na Secretaria de


Estado. Nessa posição, o diplomata tem, sob sua responsabilidade, os
assuntos relacionados aos cidadãos brasileiros no exterior, atuando
de maneira mais direta com essa comunidade, seja na emissão
e legalização de documentos, como vistos; alistamento militar;
realização de eleições; assistência à comunidade brasileira residente
no exterior, auxiliando brasileiros presos por crimes cometidos em
terras estrangeiras, por exemplo. Por fim, trata-se de uma atividade
mais burocrática e, nesse sentido, bem diferente da imagem que
habita o imaginário popular, não é mesmo?

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Atividades diplomáticas

É na linha diplomática que encontramos as atividades mais comumente


atribuídas a um diplomata. Aqui os diplomatas tratam de acordos bilaterais
e multilaterais, e de negociações de políticas de interesse nacional, como
políticas relativas ao clima, ao meio ambiente e aos direitos humanos. Eles
também ficam responsáveis por representar o Brasil em temas específicos,
como a não-proliferação de armas nucleares, a proteção ao meio ambiente, os
direitos das minorias, o combate à fome e à pobreza, temas ligados à tecnologia
da informação, etc. Sem contar a atuação junto a organismos internacionais,
como as Nações Unidas. Por fim, em Brasília, há, também, um grande número
de diplomatas que cuidam não apenas de questões administrativas, mas
de temas políticos, e mantêm contato com as representações estrangeiras
sediadas em Brasília.

Nessa linha de trabalho, o profissional pode, ainda, representar o Brasil em


temas específicos, como a não proliferação de armas nucleares, por exemplo.

Além da demanda de trabalho proveniente da relação do Brasil com os países


membros da ONU, há intensa atividade diplomática em solo brasileiro. Em
Brasília, há um grande número de diplomatas que cuidam das questões
administrativas e mantêm contato com as delegações estrangeiras que vêm
ao Brasil.

1.1 O INSTITUTO RIO BRANCO

Ah, o famoso Instituto Rio Branco... Já ouviu falar dele? Nada mais é que a
escola diplomática do Brasil. Criado em 1945, como parte das comemorações
do centenário do nascimento de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão
do Rio Branco, leva esse nome em homenagem ao grande formulador da
política externa brasileira no início do século XX – vide tópico “A tradição da
Diplomacia Brasileira”, pg. 6 – e, também, o responsável pelas negociações
fronteiriças do Brasil com seus vizinhos.

Desde sua fundação até os dias de hoje, o Instituto é responsável pela
organização do processo seletivo para a admissão à carreira diplomática,
bem como pela formação dos recém-admitidos diplomatas brasileiros. O
que mudou, de lá para cá, é que, naquela época, o Curso de Preparação à
Carreira de Diplomata (CPCD) tinha duração de dois anos, e, somente após
esse período, é que o aluno era nomeado Terceiro-Secretário. A exigência
para a seleção era apenas o ensino médio concluído. Com o passar dos anos,
mais precisamente 50 anos após a sua criação, o Instituto Rio Branco passou
a exigir o ensino superior completo de todos os candidatos, e os aprovados
no processo seletivo passaram a ser nomeados Terceiros-Secretários antes

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mesmo de iniciarem o Curso de Formação do IRBr, que atualmente
possui duração de 3 semestres.

O objetivo principal do curso de formação é a capacitação,


profissionalização e socialização dos jovens diplomatas com
os profissionais mais antigos na carreira, os quais ministram
aulas e palestras no Instituto. Por falar em palestras, a formação
profissionalizante do futuro diplomata promove, ainda, encontros
com autoridades e formadores de opinião, fomentando diálogos e
ensinamentos sobre diversos temas de política externa brasileira.

No Instituto Rio Branco, há, também, o CAD (Curso de Aperfeiçoamento


de Diplomatas), um dos requisitos para a promoção de segundo
a primeiro secretário; e o CAE (Curso de Altos Estudos), requisito
fundamental para a promoção da Classe de Conselheiro à Ministro
de Segunda Classe. A proposta desse curso é a elaboração de
uma tese analítica e propositiva, com relevância funcional para a
diplomacia brasileira, ou seja, é preciso contribuir para a historiografia
ou pensamento diplomático brasileiro através de uma dissertação com
cerca de 150 a 200 páginas – por essa você não esperava, né? Uma
curiosidade sobre o CAE é que, nesse estágio, o candidato já não
é mais chamado de aluno, e, após avaliação da banca examinadora
e defesa oral de seu trabalho, os trabalhos aprovados podem ser
publicados pela FUNAG (Fundação Alexandre de Gusmão).

O Instituto Rio Branco promove, ainda, cursos de idiomas, de práticas


consulares e de cerimonial para funcionários do Ministério das
Relações Exteriores, e, paralelamente, oferece cursos em temas de
política externa para jornalistas e funcionários que trabalham na área
de comércio exterior nos demais órgãos da administração pública.
Você percebeu que a capacitação intelectual de um diplomata não
para nunca, né? Isso é realmente fascinante!

1.2 COMO FUNCIONA O CURSO DE FORMAÇÃO

Como já vimos, após a aprovação no CACD, o candidato ingressa no


cargo de Terceiro-Secretário, e é partir daí que se dá início ao Curso
de Formação do Instituto Rio Branco, com duração de 3 semestres,
destinado a capacitar os recém-ingressados.

Até 2019, o curso era dividido em disciplinas obrigatórias e em


disciplinas opcionais, além de contar com palestras sobre variados
temas de política externa brasileira. Havia aulas de Desenvolvimento
Sustentável, Diplomacia e Promoção Comercial, Diplomacia

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Econômica, Direito da Integração, Direitos Humanos e Temas Sociais,
História do Brasil e Mundial, Política Internacional, Teoria Política,
Direito Internacional, Economia, Linguagem Diplomática, entre outras.
É nesse período, também, que o candidato retoma o estudo das
três línguas exigidas pelo CACD – inglês, francês e espanhol. São
oferecidos, ainda, de maneira eletiva, outros idiomas, como o árabe, o
chinês e o russo. Só matéria interessante, né? E você, ainda por cima,
recebe para se capacitar em tudo isso.

Após estar trabalhando efetivamente, a primeira promoção – de


Terceiro Secretário para Segundo Secretário – é automática e por
tempo de casa. As demais promoções dependem de tempo de serviço
no exterior, de tempo de serviço efetivo e, também, da conclusão
de cursos especiais. O Instituto Rio Branco oferece o Curso de
Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD) – exigido para a promoção a
Primeiro Secretário – e o Curso de Altos Estudos (CAE) – para ser
promovido a Ministro de Segunda Classe.

– Ahhhh! Me segura que eu quero passar!


– Acalma esse coração que o melhor ainda está por vir...

1.3 OS POSTOS E OS SALÁRIOS

O concurso para a carreira de diplomata de 2020/21 contou com 25


vagas. Desse total, cinco foram reservadas aos candidatos negros e
duas aos candidatos com deficiência.

Após a nomeação, os recém-aprovados entraram para o cargo inicial


de Terceiro-Secretário, passando a receber o salário bruto de R$
19.199,06, já incluindo o auxílio-alimentação de R$ 458.

Se esse número não é bastante atraente por si só, ainda há o fato


de que o CACD é bem mais que um concurso; é um projeto de vida.
Ahn? Como assim? Bem, com o passar dos anos e de acordo com
o desempenho das atribuições, os diplomatas progridem em sua
carreira. Isso significa que o concurso é apenas um passo para uma
carreira repleta de aprendizados e muita evolução, tanto pessoal
quanto profissional. Você quer mais?

1.4 TABELA DE SALÁRIOS DA DIPLOMACIA NO BRASIL

Todos temos interesse em saber o quanto ganham os profissionais


com mais tempo de casa, não é mesmo? Para matar essa curiosidade,

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abaixo dispomos a tabela de salários dos últimos anos referentes a uma
jornada de trabalho de 40 horas semanais:

CATEGORIA 2017 2018 2019 2020/21

MINISTRO
24.142,66 25.745,61 27.368,67 27.368,67
PRIMEIRA CLASSE

MINISTRO
23.216,12 24.757,55 26.319,29 26.319,29
SEGUNDA CLASSE

CONSELHEIRO 21.611,73 23.046,63 24.500,44 24.500,44

PRIMEIRO
20.114,09 21.449,56 22.802,63 22.802,63
SECRETÁRIO

SEGUNDO
18.724,06 19.967,24 21.226,79 21.226,79
SECRETÁRIO

TERCEIRO
SECRETÁRIO 16.935,40 18.059,83 19.199,06 19.199,06

Para aqueles que têm filho, há, ainda, o auxílio-creche de R$ 321. É possível,
também, contar com benefícios como adicional de qualificação e adicional de
cursos de capacitação, conforme os casos previstos em lei. Números bastante
convincentes e motivadores, você não acha?

1.5 A PROGRESSÃO NA CARREIRA

A progressão na carreira de diplomata divide-se em diversas classes. O


candidato aprovado para o CACD ingressará em cargo da classe inicial da
Carreira de Diplomata – o de Terceiro-Secretário. Com o passar dos anos e de
acordo com o desempenho em suas atribuições, os diplomatas progredirão
conforme a ilustração abaixo:

Ministro de Primeira Classe

Ministro de Segunda Classe

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Conselheiro

Primeiro Secretário

Segundo Secretário

Terceiro Secretário

Atualizada por meio da Medida Provisória nº. 870 de 2019, a Lei nº. 11.440
de 29 de dezembro de 2006 fornece os seguintes detalhamentos acerca da
permanência em postos no exterior:

Art. 42. Os Ministros de Primeira Classe, os Ministros de Segunda Classe e os


Conselheiros no exercício de chefia de posto não permanecerão por período
superior a 5 (cinco) anos consecutivos em cada posto, incluindo-se nessa
contagem o tempo de exercício das funções de Representante Permanente e
de Representante Permanente Alterno em organismos internacionais.

Art. 44. Os Primeiros-Secretários, Segundos-Secretários e Terceiros-


Secretários deverão servir efetivamente durante 3 (três) anos em cada posto
e 6 (seis) anos consecutivos no exterior.

Como podemos observar, a classe hierarquicamente mais alta é a de Ministro


de Primeira Classe, seguida pelo Ministro de Segunda Classe, Conselheiro,
Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário e Terceiro-Secretário, em ordem
funcional decrescente.

Dentre os ministros de primeira classe, serão escolhidos os Chefes


de Missão Diplomática Permanente, ou seja, a mais alta autoridade
brasileira no país em que estiver sediado. Contudo, esse cargo,
eventualmente, poderá ser ocupado pelo ministro de segunda classe.
Em casos excepcionais, podem ser designados para ocupar essa função
brasileiros natos, não pertencentes aos quadros do MRE, maiores de 35
anos, com méritos reconhecidos e com relevantes serviços prestados
ao País.

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Para preenchimento do Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro,
devem ser seguidas algumas regras. Os ministros de primeira e segunda
classe, bem como os conselheiros, deverão ocupar os cargos com essa
mesma denominação. Na eventualidade de ausência de pessoal, o primeiro-
secretário ocupará o cargo de conselheiro, e o segundo-secretário, o
de primeiro-secretário.

1.4 COMO É O DIA A DIA DE UM DIPLOMATA?

Para adentrar o mundo da diplomacia é preciso, antes de mais nada, estar


disposto a encarar os desafios que a carreira impõe. Estudar diferentes
idiomas constantemente, para melhor desempenhar a função de representar
o Brasil, ou mudar-se de país para país a cada dois ou três anos é incômodo
para você? Então talvez a carreira diplomática não seja sua opção ideal. Se
esses desafios não te assustam e, sim, te motivam, sigamos adiante.

O ambiente de trabalho de um diplomata pode ser uma embaixada, um


consulado em país estrangeiro, ou, até mesmo a sede do Ministério das
Relações Exteriores (e não o Palácio Itamaraty, uma vez que o Palácio
é apenas o edifício principal e que a maior parte dos diplomatas em
Brasília trabalham nos anexos e não no Palácio propriamente dito).
Quando se trata de linha consular, o ambiente mais comum é o dos
consulados. Nessa área, o profissional cuida de assuntos relacionados aos
cidadãos brasileiros no exterior, trabalhando de forma mais direta com
essa comunidade.

A perspectiva atual é a de que um diplomata permaneça no cargo de Terceiro-


Secretário por cerca de seis anos. Será alocado na Secretaria de Estado
(nome dado à sede do MRE), onde lidará com representantes de outros países
e alguns dos 227 postos que o Brasil tem no exterior entre embaixadas,
delegações, missões e consulados.

A primeira promoção, do cargo de Terceiro para Segundo-Secretário, é a


única automática, já que segue o critério de tempo - mínimo de 3 anos de
efetivo exercício. As demais progressões na carreira se darão por critérios
como merecimento, avaliação de desempenho e conclusão de cursos.

Sendo promovido pela segunda vez, de Segundo para Primeiro-Secretário, o


diplomata pode assumir a função de assessor de ministro ou de secretário-
geral. É, também, a partir do cargo de primeiro secretário que o diplomata
poderá chefiar assessorias internacionais de outros ministérios ou de
deputados e senadores.

O próximo passo da carreira é o cargo de Conselheiro, e, para alcançá-lo, são

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necessários, no mínimo, nove anos. O Conselheiro pode chefiar uma divisão
– como a de Direitos Humanos ou a das Nações Unidas, por exemplo – ou
até um posto do grupo D (os países são categorizados em grupos que vão de
A a D).

Na sequência, temos o Ministro de Segunda Classe, chamado apenas


de “Ministro”. Nesse cargo, o profissional pode assumir a chefia de um
departamento como o do Meio Ambiente ou do Oriente Médio.

O cargo de Ministro de Primeira Classe é o último cargo a ser alcançado na


carreira diplomática e, ao ser nomeado como Chefe de uma Missão Diplomática
Permanente – em Embaixadas ou Representações junto a Organismos
Internacionais – , após aprovação prévia do Senado, terá o título de Embaixador.
Nesse caso, cabe apontar que o Embaixador não precisa, necessariamente,
pertencer ao quadro diplomático. É prerrogativa do Presidente da República
indicar Embaixadores, e qualquer cidadão pode ser designado, desde
que atenda aos requisitos citados anteriormente. Os Embaixadores são
responsáveis por representar o governo brasileiro e promover os assuntos e
interesses oficiais do Brasil junto a outros países, por informar o governo sobre
os acontecimentos no país estrangeiro, por promover relações amistosas e
por desenvolver as relações econômicas, culturais e científicas entre nações.
É bastante responsabilidade, não acha?

E aí, como está a ansiedade? Topa destrincharmos os detalhes sobre o


concurso para diplomata? Então vamos lá!

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O concurso
Quem pode prestar o CACD?

O CACD é a porta de entrada para a carreira diplomática. Realizado,


tradicionalmente, todos os anos, é considerado um dos concursos públicos
mais concorridos do Brasil. Anualmente, entre 5 e 7 mil candidatos
disputam as cerca de vinte e poucas vagas que dão acesso ao cargo de
Terceiro-Secretário.

Para prestá-lo, de acordo com as informações do Instituto Rio Branco, é preciso


atender aos seguintes requisitos:

1. Ser brasileiro nato. É importante destacar que, mesmo possuindo


dupla nacionalidade, é necessário ser brasileiro nato para prestar o
Concurso, este é o pré-requisito constitucional. Além disso, é vetada
a participação de estrangeiros e brasileiros naturalizados.

2. Possuir diploma de graduação reconhecido pelo MEC. É importante


destacar que não há uma área do conhecimento específica exigida,
de modo que não existe um curso que seja melhor que outro para fins
de preparação. No entanto, análises e estudos do próprio Instituto
Rio Branco revelam uma predileção dos diplomatas por cursos da
área de Ciências Sociais Aplicadas. Os cursos de Direito, Relações
Internacionais, Jornalismo e Economia representam juntos mais
de 50% das escolhas acadêmicas dos diplomatas. Essa tendência,
entretanto, vem sendo atenuada, e a formação acadêmica dos
diplomatas brasileiros vem cada vez mais se diversificando.

3. Ter idade mínima de 18 anos (no momento da posse).

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É válido destacar que não há uma idade limite para
a entrada no Itamaraty, contudo, o limite de idade
para permanência no serviço público é de 70 anos.

4. Apresentar aptidão física e mental para o exercício das


atribuições do cargo. Esta será comprovada por meio de
exames pré-admissionais realizados em Brasília, após
a divulgação do resultado preliminar do concurso. Os
aprovados deverão dirigir-se até Brasília, portando, não
apenas os documentos exigidos pelo Edital, mas, também,
uma série de exames laboratoriais.

5. Estar em dia com as obrigações do Serviço Militar – para


os homens – e da Justiça Eleitoral. Esse é um requisito de
praxe para a posse em qualquer cargo público no Brasil.

6. Por fim e não menos importante: ter sido aprovado no CACD.

1.1 COMO SABER SE ESTOU PREPARADO PARA O


CONCURSO?

Primeiramente, é importante que o aspirante à carreira diplomática


tenha interesse pelo cenário político internacional e queira saber como
o Brasil se posiciona diante dos mais diversos temas internacionais,
pois aí está o cerne da profissão. Não se preocupe se você nunca
morou fora ou nunca estudou em uma universidade pública de renome.
Não é isso que o Itamaraty busca. Na hora da prova, todo mundo vai
para a mesma peneira e o seu currículo não será avaliado.

O que vale mesmo é dedicar-se, de corpo e alma, para o concurso e


estudar todas as matérias com afinco. Tudo é passível de ser aprendido,
inclusive as tão temidas línguas estrangeiras. Para todas as disciplinas,
existe uma técnica e uma linguagem diferente, e é só vestindo a camisa
do CACD que você vai afinar sua percepção e apurar suas habilidades.

É aí que você pergunta se está preparado para estudar para o concurso


e a gente te responde com um efusivo SIM. Não existe o momento
ideal para começar. O certo é começar de onde está e ir conciliando a
preparação com suas demais atividades.

Outra grande dúvida é se os candidatos devem ou não optar por


cursos preparatórios. Nós acreditamos que o famoso “cursinho” é
recomendado, principalmente no início, para que você seja guiado pelo
“caminho das pedras” e que identifique o que deve ou não fazer ou
ler para cada matéria que cai no concurso. Para as fases dissertativas,

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o curso preparatório é responsável por te ajudar a pensar como a banca do
concurso e te dar um feedback em relação ao seu desempenho.

Por fim, respire, mantenha a calma e tenha em mente que o CACD é um


objetivo de longo prazo. A maior parte dos candidatos necessita de mais
de uma tentativa para conquistar a aprovação no Concurso de Admissão à
Carreira Diplomática, o que significa que cada ano estudado é um passo mais
próximo do seu futuro trabalho.

1.2 VAI TER CONCURSO ESSE ANO?

O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata vem sendo realizado


anualmente desde 1946. Em 2020, o esperado era que a tradição se
mantivesse, haja vista a publicação do edital em junho do mesmo ano. No
entanto, por conta da situação de emergência de saúde pública declarada
devido à pandemia mundial de coronavírus, foi comunicado o adiamento das
provas, que acabaram acontecendo em 2021.

Em 2022, a 1ª fase aconteceu na data de 17 de abril de 2022, seguida das


provas de 2ª e 3ª fase, que aconteceram em 30 de abril e 01 de maio, e 27, 28
e 29 de maio, respectivamente.

1.3 QUAIS SÃO AS ETAPAS ATÉ O EDITAL?

Não há dúvidas de que o ingresso na carreira diplomática deva ser encarado


como um projeto de longo prazo, pois uma preparação superficial do conteúdo
não é suficiente. Se você quer ser um diplomata, compreenda que o processo
de aprendizagem é intenso e pode levar alguns anos de estudo.

O candidato, durante sua preparação, precisa desenvolver um treinamento


reforçado e adequado, que o capacite a desenvolver as habilidades necessárias
para enfrentar o nível de exigências que ele encontrará no dia de sua prova.
Isso é fundamental àqueles que desejam alcançar a aprovação.

Embora haja inúmeras publicações, vídeos e outras mídias que falem sobre
este assunto, é perceptível como poucos candidatos se preparam da maneira
adequada. Há, ainda, um contingente de pessoas que somente inicia seus
estudos após o lançamento do edital, sobrando pouquíssimo tempo para
cobrir um conteúdo bastante extenso. É frustração na certa.

Por isso, acredite: estudar para o concurso antes de o edital sair é, sim, uma
atividade produtiva e altamente recomendada. Para te auxiliar nessa tarefa,
sugerimos algumas dicas:

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• Consulte o edital do concurso anterior imediatamente. No
caso do CACD, a última prova foi em 2021. Ao ter essas
informações básicas sobre o concurso, comece a sua
preparação o quanto antes. Não fique esperando o edital
ser publicado, pois será um desperdício de tempo que não
volta nunca mais.

• Prepare-se para sua concorrência, pois o CACD é um


concurso muito disputado e que sempre atrai muitos
candidatos. Veja a relação de inscritos nos últimos anos:

» 2020/21 (IADES): Em 2021, o concurso


contou com um total de 25 vagas.

» 2019 (Cespe/UnB): O Instituto Rio Branco


registrou a soma de 6.400 candidatos inscritos no
concurso para um total de 20 vagas. A concorrência
média chegou a 320 candidatos por vaga.

» 2018 (Cespe/UnB): O Instituto Rio Branco


registrou a soma de 5.294 candidatos inscritos no
concurso para um total de 26 vagas. A concorrência
média chegou a 203,62 candidatos por vaga.

» 2017 (Cespe/UnB): O Instituto Rio Branco


registrou a soma de 5.939 candidatos inscritos no
concurso para um total de 30 vagas. A concorrência
média chegou a 197,97 candidatos por vaga.

1.4 SAIU O EDITAL! E AGORA?

Independentemente do concurso, quando um edital é publicado, há


uma chuva de blogs e sites que se debruçam sobre a tarefa de analisar
e “mastigar” as informações da publicação para os candidatos. Faça,
sim, uso dessas ferramentas, mas, de forma alguma, deixe de ter
contato direto com o edital.

Existem estatísticas que apontam que cerca de 70% dos candidatos


sequer analisam o edital e o conteúdo programático das matérias que
irão cair na prova. Essa grande maioria reserva-se, unicamente, às
orientações externas que encontram, sem saber que a seleção dos
inscritos no concurso já começa aí. O edital contém as regras do jogo,
e saber os seus pormenores é essencial. E, cá entre nós, você quer
jogar o jogo para vencer, não é mesmo?

18
Muito comumente, os candidatos atentam-se aos prazos e datas importantes,
ao formato estrutural da prova e aos aspectos formais que estão diretamente
ligados à participação no concurso, entretanto, o mais importante é o
detalhamento dos tópicos de cada uma das disciplinas. Uma dica importante
neste momento é: respire fundo e racionalize. Analise o edital cuidadosamente
e elenque os tópicos de cada uma das matérias estrategicamente.

Também é importante procurar entender, a partir de concursos anteriores


da mesma banca examinadora e da atividade fim para a qual o concurso
é destinado, quais são os pontos do edital mais estratégicos e com maior
probabilidade de serem cobrados. Há pontos do edital que são especialmente
relevantes quando se pensa na atividade fim da carreira. Contudo, se mesmo
assim surgirem dúvidas na identificação dessas matérias, é importante
preparar-se com a ajuda de um cursinho ou de um mentor que tenha intimidade
com a prova. Nesse sentido, aproveite para extrair ao máximo as dicas dos
professores especialistas, já acostumados em “previsões” acertadas sobre
temas que possuem mais chances de serem cobrados.

Muito confuso? Calma... Temos algumas dicas que você pode utilizar quando
for analisar os tópicos de cada matéria do edital:

a. Para a primeira leitura do edital, analise os tópicos com um marca-texto


de uma determinada cor em mãos – vale lembrar que há ferramentas
digitais que também fazem esse trabalho –, grifando primeiro todos
os temas que já foram estudados ou com os quais se tenha alguma
intimidade – e sejam, portanto, mais fáceis de serem estudados;

b. Depois, com um marca-texto de cor diferente, o candidato deve


buscar e grifar tópicos ainda não estudados e conhecidamente
estratégicos – principalmente considerando o histórico de provas
da banca examinadora, a atividade fim do cargo e as indicações dos
professores especialistas, conforme já explicado;

c. Deixe o resto em branco, ficando, assim, com três classificações de


tópicos: 1 - mais fáceis ou já estudados, 2 - estratégicos, e 3 -
meio-termo. Todos os tópicos deverão ser estudados, mas agora
você já possui uma visão mais clara para onde direcionar mais
os seus esforços.

1.5 AS MATÉRIAS E AS FASES DO CACD

O Concurso de Admissão à Carreira Diplomática é considerado um concurso


público bastante estável, tanto no que compete à periodicidade com que

19
é realizado, quanto em termos de conteúdo publicado no edital. Tal
estabilidade se reflete, de forma geral, na estrutura da prova, permitindo
aos candidatos à carreira de diplomata investirem em uma preparação
contínua, de longo prazo e sem muitas surpresas de um ano para o outro.

Até o ano de 2018, CACD era composto por 3 fases distintas. Em 2019,
essa divisão mudou para apenas 2 fases. Depois, a partir de 2020, o edital
voltou a considerar 3 fases para abordar e testar os conhecimentos dos
candidatos sobre as seguintes matérias:

• Primeira Fase: prova objetiva, tradicionalmente conhecida


como Teste de Pré-Seleção (TPS), constituída de questões do
tipo CERTO ou ERRADO, de caráter eliminatório, que habilita os
candidatos a se submeterem às fases seguintes. As matérias
cobradas são: Língua Portuguesa, Língua Inglesa, História do
Brasil, História Mundial, Política Internacional, Geografia, Noções
de Economia e Noções de Direito;

• Segunda Fase: prova escrita de Língua Portuguesa e de Língua


Inglesa, de caráter eliminatório e classificatório, que contam com
nota mínima para aprovação dos candidatos;

• Terceira Fase: provas escritas de História do Brasil, Geografia,


Política Internacional, Economia, Direito, Língua Espanhola e
Língua Francesa, de caráter eliminatório e classificatório.

A prova objetiva – ou seja, a primeira fase – é realizada nas capitais dos 26


Estados da Federação e no Distrito Federal. No último edital de 2020/21,
a prova ocorreu no turno da manhã, iniciando-se às 9 horas e 30 minutos,
com duração de 3 horas, e, no turno da tarde, iniciando-se às 15 horas, com
duração, também, de 3 horas. Cada questão é normalmente composta por
4 itens para julgamento, com cerca de 73 questões.

Foram convocados para a Segunda Fase, os 250 primeiros classificados,


sendo 187 da ampla concorrência, 50 negros e 13 com deficiência.

Os candidatos do concurso para diplomata de 2020/21 aprovados e


classificados dentro do número de vagas oferecidas foram convocados
para os exames pré-admissionais e perícia médica e já participaram da
cerimônia de posse.

20
A preparação
Começando sua preparação do zero

Como já afirmamos anteriormente, preparar-se para enfrentar o CACD


demanda tempo. Por isso, é preciso organização, rotina, esforço e, acima de
tudo, paciência. De 2012 para cá, o número de candidatos à carreira aumentou,
o que nos faz concluir que, a cada ano, a preparação deva ser mais especializada
e aprofundada diante de uma concorrência mais acirrada. E para isso, existem
inúmeras opções de estudo, como cursinhos especializados, coaches,
professores particulares e até o estudo por conta própria. O que determinará
sua escolha aqui é perceber qual desses métodos se encaixa melhor em seu
estilo e orçamento. Contudo, existe um ponto em comum entre todos esses
métodos: a carga de estudos é elevada e demanda muita disciplina. Portanto,
independentemente do caminho escolhido, você deve:

• Estimar horas disponíveis: no mundo dos negócios existe aquela


expressão “time is money”. Aqui, embora ele não seja dinheiro de
fato, vale tanto ou até mais, afinal, o tempo é um recurso limitado.
Antes de começar seus estudos, é importante saber quantas horas
você terá para estudar. Organize seu tempo de maneira realista.

• Fique de olho nas atualidades: se você não possui o hábito


de acompanhar os acontecimentos mais relevantes na política
interna e o desdobramento de questões internacionais, não perca
mais tempo e comece já! Boa parte da prova de CACD envolve
atualidades, seja em Política Internacional, Economia, Geografia ou
Direito Internacional. Para isso, reserve um espaço do seu dia para
a leitura de jornais e sites de notícias.

21
• Matérias diferentes possuem pesos diferentes: é preciso estar
atento ao peso diferenciado de cada disciplina nas 3 fases do
concurso. Esse elemento deve ser considerado pelo candidato
iniciante na hora de focar seus esforços. História Mundial tem um
peso expressivo na primeira fase, mas não é uma matéria cobrada
nas demais fases do concurso, por exemplo.

• Consulte a bibliografia indicada: É comum aos candidatos iniciarem


seus estudos com a leitura de livros clássicos na íntegra, mas
cuja utilidade prática é pouco clara. Isso porque não existe
uma bibliografia oficial recomendada pelo edital do CACD. Mais
importante do que sair lendo tudo que aparecer pela frente é buscar
orientação do que deve ser lido para cobrir cada ponto do edital, de
forma completa.

• Conheça a banca: conhecer a banca IADES, seus posicionamentos


acerca dos diversos temas e como esses serão cobrados em prova
é fundamental para um bom resultado. Em outras palavras, nem
sempre o que foi lido ou aprendido em um curso será cobrado
daquela maneira.

• Resolva questões e confira suas resoluções: esse tópico poderia


ser considerado um complemento do anterior, visto que treinar
com questões antigas e acompanhar suas resoluções ajuda a
compreender a posição da banca diante das diferentes temáticas e
o que ela espera nas respostas.

Para auxiliar o seu mapeamento para estudos, o candidato ainda tem,


ao seu dispor, diversas fontes de conhecimento, como, por exemplo, o
próprio site do Ministério das Relações Exteriores (MRE), as publicações da
Fundação Alexandre de Gusmão, jornais e sites de notícias e, também, blogs
especializados como o Blog Sapi lá no site do Curso Sapientia.

1.1 COMO FAZER UM PLANEJAMENTO DE ESTUDO EFETIVO?

Com o mapeamento inicial concluído e definido o norte sobre o que estudar


e sobre os pontos que serão prioridade neste momento da sua preparação,
você terá que estabelecer quando esses tópicos serão estudados. Afinal, ao
definir uma meta, você não pergunta “o quê”, mas, sim, “quando”.

O importante é que, neste momento, você calcule uma média de quantas


horas você se propõe a estudar a cada dia. Inclua, nesse gerenciamento do
tempo, todas as datas e momentos mais importantes antes da prova – uma

22
aula ao vivo com um professor, por exemplo – marcando todos eles
em um calendário. Ter essas marcações à vista é, também, uma boa
forma de estudar, já que toda vez que você pensar em se distrair, vai
lembrar que a data da prova está cada vez mais próxima, e assim, focar
sua atenção.

É imprescindível que seu planejamento harmonize o estudo de novos


tópicos estrategicamente importantes e a revisão de tópicos com os
quais já se tem alguma intimidade. Essa proporção deve levar em
consideração seu estágio no avanço das matérias.

Ademais, é crucial que você se mantenha concentrado. Sabia que


a maioria das pessoas, além de não otimizar seu tempo de estudo,
sofre, também, com a falta de foco? Quando você não está totalmente
concentrado, qualquer distração é suficiente para tirar sua mente dos
estudos, e a tarefa de retornar à atividade inicial gera atrasos e acaba
comprometendo o rendimento. Portanto, para garantir concentração
total nesse momento reservado ao estudo, deixe celular e televisão
desligados e bem longe do olhar.

Procure também entender conteúdos em vez de decorá-los. Quando


você realmente aprende, ou seja, internaliza o que foi ensinado, fica
mais fácil raciocinar na hora da prova, ainda que as questões sejam
elaboradas sob pontos de vista diferentes dos que você estudou.

Outro ponto de extrema importância e totalmente eficaz na hora dos


estudos é, com base no seu cronograma, fixar metas de curto prazo
que você queira atingir: conseguir entender um conteúdo muito difícil,
resolver questões que antes eram impossíveis de serem resolvidas,
conseguir uma nota boa num simulado são exemplos de metas de
curto prazo alcançáveis que podem e devem ser comemoradas toda
vez que forem conquistadas. Sim, ao contrário do que se pensa,
comemorar cada objetivo e meta alcançada condiciona seu cérebro a
compreender que todo o esforço envolvido na tarefa árdua de estudar
trará resultados positivos e agradáveis.

E aí, curtiu as dicas? Motivação está a mil? Então segura mais um


pouquinho que ainda tem a “cereja do bolo”.

1.2 A IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR DE FORMA


ESTRATÉGICA

Como você já deve ter percebido, estudar para o CACD não é algo
simples, pois demanda bastante esforço e um tempo generoso. Por

23
isso, planeje-se e torne o estudo um dever diário. Faça de tudo para
conseguir a aprovação que tanto deseja e se tornar o mais novo
diplomata brasileiro. Entretanto, sabemos que as dificuldades são
muitas e que uma nota suficiente pode ser decidida nos detalhes.

Frente a isso, o que fazer para aumentar ainda mais as chances de


passar? Um bom caminho é motivar-se por meio dos passos sugeridos
a seguir:

1. Descubra o método de aprendizado que mais se adequa


ao seu estilo: cada pessoa possui uma forma de aprender,
que é subjetiva, particular e individual. Ter essa percepção
ajuda o candidato a se conscientizar sobre sua técnica ideal
e ir melhorando seu desempenho. Enquanto, para uns, a
leitura de livros e a realização de exercícios complementares
é suficiente, outros aprendem melhor fazendo resumos,
fichamentos e reescrevendo trechos considerados
importantes. Há, ainda, aqueles que têm mais facilidade em
entender e memorizar apenas ouvindo. Procure descobrir
qual seu método, levando em conta o tempo e os benefícios
que ele pode te trazer em comparação a outros. Atualmente,
existe uma infinidade de formatos de conteúdo que podem
ajudar os estudantes, sendo tudo facilmente encontrado na
Internet: podcasts, videoaulas, exercícios de assimilação e
fixação, cursos gratuitos de aperfeiçoamento, entre outros.

2. Defina um espaço para o estudo: é muito importante que, em


sua casa, exista um espaço destinado ao estudo, com seus
livros, computador e materiais de trabalho. O importante é
que esse espaço seja livre de maiores distrações. Entretanto,
se sua casa não oferecer essas condições, espaços como
bibliotecas também são lugares excelentes para não ser
incomodado durante o estudo.

3. Planeje-se: faça um cronograma semanal de estudo,


estabelecendo horários e metas a serem cumpridos, e
siga-o religiosamente. Se, algum dia, você não conseguir
cumprir o planejado, remaneje e distribua o conteúdo não
estudado para outros dias, ou para a semana seguinte, de
forma que você possa recuperar o conteúdo perdido sem
sobrecarregar as atividades a serem realizadas.

4. Reconheça seus méritos: além de exigir de si mesmo


os resultados e esforçar-se para alcançá-los, é preciso,
também, que você saiba reconhecer seus próprios méritos.
Recebendo ou não elogios de outras pessoas sobre seu

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comprometimento com os estudos, o importante é que você
mesmo tenha consciência de sua evolução e tome medidas
para sanar as suas falhas. Reconheça o seu próprio valor
para sempre manter a motivação necessária para um estudo
e aprendizado constantes.

Por fim e não menos importante, quando sentir que está quase no seu
limite, respire fundo e pergunte a si mesmo se não é possível esforçar-se
apenas um pouquinho mais. Muitos atletas bateram recordes mundiais
assim! Desejamos que você tenha a serenidade necessária para trilhar
o caminho rumo à diplomacia e que mantenha a consciência de que é
possível alcançar a aprovação com suor e muita dedicação.

Mãos à obra!

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CURSO SAPIENTIA
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para a carreira de diplomata do Ministério das Relações
Exteriores. Orientando candidatos em concursos de alto nível de
complexidade há muitos anos, o Sapientia é recorde de aprovação
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