DIREITO INTERNACIONAL

PERSONALIDADE JURÍDICA

A personalidade jurídica internacional, de acordo com a definição da Corte

Internacional de Justiça, “trata-se da capacidade de ser titular de direitos e
obrigações internacionais, dependendo esses direitos e obrigações dos objetivos e
funções atribuídos à organização, sejam eles enunciados ou implicados por seu ato
constitutivo ou desenvolvidos na prática”. Portanto, considera-se como sujeitos de
direito internacional as entidades capazes de reivindicar direitos e atribuir
obrigações no âmbito internacional, nesse sentido podemos afirmar que são elas
constituídas pelos Estados e pelas organizações internacionais.
Em primeira análise, a concepção de Estado-nação é tida como a mais
importante, tendo em vista que este é um relevante sujeito de direito internacional,
pois é possível compreender que além de todas as capacidades que lhe são
atribuídas o Estado pode exercer de modo efetivo a proteção à pessoas físicas e
jurídicas consideradas como nativos do território nacional.
Ademais, devido aos Estados soberanos serem os os principais sujeitos de
direito internacional, eles têm presentes três elementos intrínsecos em uma
organização política, são eles – população, território e governo soberano –. o que é
essencial para que como personalidade jurídica ele possa exercer a autoridade
política suprema sobre o seu território e a sua população.
Além disso, também são vistos como detentores de personalidade
internacional as organizações internacionais, cujo conceito e características são
necessários apresentar, segundo a análise de Deisy Ventura e Ricardo Seitenfus
“As organizações internacionais são associações voluntárias de Estados,
constituídas através de um tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns
por intermédio de uma permanente cooperação entre seus membros”. Podemos
afirmar então que são grupos formados por entidades que estabelecem acordos a
fim de promover relações benéficas nos âmbitos econômico, social e político para
todos os envolvidos. Ou seja, as organizações Internacionais atuam no
ordenamento das relações entre os países a partir da criação e regulação de
normas e acordos variados que prevêem a cooperação entre os membros, uma vez
constituídas, gozam de personalidade internacional independente da de seus
membros constituintes, podendo, portanto, adquirir direitos e contrair obrigações de
modo responsável, inclusive por intermédio da celebração de tratados com outras
organizações internacionais e com Estados, nos termos do seu ato constitutivo.
Convém ainda salientar uma importante contribuição que resguarda tais
acordos, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados é uma delas, foi uma
reunião realizada em 1969 e em 1986 com o objetivo de definir e normatizar temas
referentes aos tratados internacionais, suas resoluções foram ratificadas por 35
países aproximadamente. A Convenção adota como princípios o livre
consentimento, a boa-fé e a norma de direito internacional, a qual determina,
inclusive, que o Estado e as Organizações podem firmar um tratado, porém um
Estado não pode invocar sua lei interna para justificar o descumprimento do tratado
no qual está envolvido.
Em suma, constata-se a importância dos tratados entre Estados e
organizações internacionais ou entre organizações internacionais como meios
eficazes de desenvolver as relações internacionais e de assegurar as condições
para a cooperação pacífica entre as nações, sejam quais forem os seus regimes
constitucionais ou sociais.

REFERÊNCIAS

Celso de Albuquerque MELLO. Curso de Direito Internacional Público. 9. ed. rev. e

aum. Rio de Janeiro: Renovar, 1992. p.279.

Deisy VENTURA e Ricardo SEITENFUS, op. cit. (nota 12), p.88.

Princípios do direito internacional contemporâneo / Antônio Augusto Cançado

Trindade. –. 2. ed. rev. atual. – Brasília : FUNAG, 2017. 463 p.

SEITENFUS, Ricardo. Manual das Organizações Internacionais. 3. ed. rev. e amp.

Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.

Website
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, 2022. Disponível em:
<https://www.todamateria.com.br/convencao-de-viena/>. Acesso em: 12:51,
dezembro de 2022.