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As organizações internacionais

ELEMENTOS DO CONCEITO
Quais são os elementos identificadores de qualquer organização
internacional?
I- O substrato ou o elemento material das organizações
internacionais, é o agrupamento dos Estados e eventualmente de
outros sujeitos de direito internacional
O elemento formal é a personalidade jurídica internacional conferida
de forma expressa ou implícita, pelo tratado constitutivo

Enquanto que no direito interno a subjetividade das pessoas


coletivas decorre da lei e nunca da vontade entre as partes, no direito
internacional a subjetividade das figuras homólogas se encontra no
acordo efetuado entre as partes, não parecendo ter-se formado ao
seu respeito qualquer norma de direito internacional geral ou
comum, salvo as organizações para-universais.

De forma mais clara, as organizações internacionais, podem ser


analisadas como:
• Agrupamentos de sujeitos de direito internacional
• Criados ordinariamente por tratados
• Para a prossecução de determinados fins internacionalmente
relevantes
• Com duração mais ou menos longa
• Dotados de personalidade internacional
• E com capacidade correspondente aos seus fins
Dessas características procedem na prática, a individualização, a
permanência e autonomia embora variáveis de organização para
organização
ACTOS CONSTITUTIVOS
São os tratados institutivos de qualquer organização internacional,
estabelece os seus fins e os meios necessários a sua prossecução, as
relações com outros membros e com outros sujeitos de direito
internacional, determina o seu âmbito geográfico e o seu carácter aberto
ou fechado, o sistema de órgãos e as respetivas formas e competências de
agir.
É através dos tratados constitutivos que a ordem jurídica de cada
organização tem a sua origem e fundamento (ou fundamento imediato,
para lá da sujeição a princípios de Direito internacional geral ou comum).
Nota: nenhum acto interno da organização ou de qualquer estado-
membro pode ser praticado e nenhum tratado pode ser celebrado em
contradição com as suas normas. Podendo dar lugar a sua invalidade ou
ineficácia. Porém ao contrário da União Europeia, até agora as
organizações internacionais não dispões de órgãos jurisdicionais de
controlo com competências a declarar
II- Face a esse caso a similaridade com uma constituição estatal se
torna muito mais próxima, embora não ao ponto de criar uma identidade
de natureza, pois como sabemos o tratado tem origem na vontade dos
estados e não de qualquer poder constituinte próprio da organização ou
de qualquer substratos sociológico dela derivada.
Também faria pouco sentido falar de um poder constituinte da
comunidade internacional, por diversos motivos, mas em especial
devido a variedade das organizações) o que nos mostra que estamos
perante de um fenómeno de institucionalização progressiva.
III- A convenção de Viena de direito dos tratados declara-se aplicável
todo o tratado constitutivo de uma organização internacional,
sem prejuízo das regras próprias da organização (art 5º)

Possuindo assim alguns aspetos singularizadores do seu regime,


tais como:

Esse último ponto merece uma atenção especial, em primeiro


lugar as modificações dos tratados institutivos das organizações
internacionais, se faz tanto por vias de conferências diplomáticas
como a partir dos seus órgãos ( geralmente as assembleias onde
os Estados membros tomam parte) mas com base sempre na
vontade da maioria dos Estados Membros e sem prejuízo dos
procedimentos constitucionais internos de aprovação e
ratificação (É o caso que se observa nas Nações Unidas).

Para além dos procedimentos formais previstos, a prática


também provoca alterações em tratados constitutivos de
organizações internacionais – verdadeiras mutações tácitas.
Nota: Os tratados institutivos das organizações internacionais,
como quaisquer outros estão sujeitos a controlo da
constitucionalidade dos estados.

COMPOSIÇÃO DOS ESTADOS MEMBROS

Mesmo que estas sejam compostas por Estados Membros, as


Organizações internacionais englobam por vezes diferentes
sujeitos, como por exemplo:

• Entidades Afins (territórios independentes e territórios


sob regime internacional especial)
• A santa Sé
• Outras Organizações
Em algumas organizações devido a razões ligados aos requisitos de acesso
mais exigentes ou a fatores políticos, prevê-se a existência de membros
associados e de observadores, ao lado dos membros propriamente ditos.
Apenas nas estes gozam da plenitude de direitos.
Caso as organizações sejam abertas, há a existência de membros
originários – partes dos respetivos tratados constitutivos - e membros
admitidos.
A admissão de outros membros depende sempre de requisitos
processuais, como a maioria qualificada favorável no órgão
competente e às vezes de requisitos de fundo (de natureza geográfica,
política, económica, etc.… consoante os casos)
Todos os membros possuem direitos e deveres. Dentre os primeiros
sobressaem o de participação na formação da vontade e em geral na
vida interna da organização. Entre os segundos, os de acatamento das
decisões e o de contribuição financeira. O princípio fundamental é o de
igualdade, mas não sem exceções, como se sabe
O não cumprimento dos deveres, quando assuma maior gravidade,
pode justificar a suspensão ou a expulsão da organização.
Na falta de disposição expressa no tratado constitutivo da organização,
é discutível que exista direito de recesso ou de saída voluntária, embora,
no limite possa utilizar-se a cláusula rebus sic stantibus- em nome até
do princípio da soberania do estado
Tanto a suspensão a expulsão e o recesso dependem de requisitos
procedimentais e ou temporais
Havendo expulsão ou recesso, se mais tarde o Estado pretender
regressar, terá de obedecer às mesmas regras que se impõem a novos
membros; ou seja a readmissão é uma nova admissão.
Para além da expulsão ou da suspensão, existe a recusa de credenciais
de representantes de Estados, que também apresentam efeitos
similares a aqueles.
Não há organizações formadas unicamente por indivíduos, porém o
indivíduo está presente em todas as estruturas das organizações
internacionais.
O indivíduo pode apresentar-se na organização das seguintes formas:

• Como representante do Estado membro


• Como titular de órgão autónomo
• Como Juiz
• Como funcionário e agente administrativo
• Como peticionário, reclamante «ou queixoso

Personalidade e Capacidade Jurídica


Como já referido a personalidade jurídica é conferida a organização pelo
tratado constitutivo de forma Explícita ou implícita, direta ou indireta, a
qual vale quer em relação aos estados-membros quer em relação a
terceiros estados e a outros sujeitos de direito internacional.
No parecer de 1949 sobre os prejuízos sofridos aos serviços das Nações
Unidas o Tribunal Internacional de Justiça, afirmou de forma perentória que
seria impossível explicar os direitos e as funções da organização caso ela
não possuísse personalidade e capacidade no plano internacional, e essa
política é transponível para a generalidade das organizações internacionais.
Na relação entre o direito interno e o direito internacional, seria difícil
entender se as organizações internacionais não tivessem a sua
personalidade reconhecida à face do direito interno, uma vez que são as
mesmas pessoas, num e noutro ordenamento, ainda que possam ser
enquadradas de modo diferente.
Tal implicará que se acrescente às duas categorias de pessoas coletivas: De
direito público e de Direito privado, um terceiro termo, o das pessoas
coletivas de direito internacional, englobando, aliás não só as organizações
internacionais, mas também a Santa Sé, e os próprios Estados Estrangeiros.

A personalidade jurídica corresponde a uma capacidade delimitada em


razão dos fins de cada organização, de harmonia com um princípio de
especialidade semelhante ao que rege as pessoas coletivas do direito
interno.
Esta no plano interno também possui um conteúdo mínimo de direitos,
ainda que com diversa intensidade de exercício, no qual cabem o direito de
celebrar tratados com Estados membros, com estados terceiros e com
outras organizações, o direito de reclamação e o direito de impugnação
internacional e o direito de proteção dos seus agentes.
A capacidade de direito se refere em geral os instrumentos constitutivos:
A organização gozará, no território de cada um dos seus membros, da
capacidade jurídica necessária ao exercício das suas funções e à realização
dos seus objetivos.
Em cada um dos seus estados-membros, a comunidade possui a capacidade
mais ampla reconhecida às pessoas coletivas pela legislação nacional,
podendo, nomeadamente, adquiri ou alienar bem móveis e imóveis e estar
em juízo (art 282 do tratado da comunidade europeia).
Para além dos direitos ou poderes explicitamente declarados nos tratados
constitutivos, as Organizações deparam com poderes implícitos – quer
dizer, poderes que elas invocam para a prossecução dos seus objetivos,
sejam faculdades abrangidas nos primeiros, sejam poderes conexos novos.

Usando o exemplo da ONU temos as chamadas operações de paz, no


âmbito da União Europeia existe uma cláusula expressa de poderes
implícitos: se uma ação da comunidade for considerada necessária para
atingir, no curso de funcionamento do mercado comum, um dos objetivos
da comunidade, sem que o presente tratado tenha previsto os poderes de
ação necessários para o efeito, o concelho, deliberando por unanimidade,
sob proposta da comissão e após consulta do parlamento europeu, adotará
as disposições adequadas (art 308 do tratado da comunidade europeia).
O limite a esta tendência expansiva é o princípio da subsidiariedade: Que
diz que nos domínios que não sejam das suas atribuições exclusivas, a
comunidade intervém apenas, de acordo com o princípio da
subsidiariedade, se e na medida em que os objetivos da ação encarada não
possam ser suficientemente realizados pelos Estados Membros e possam,
devido a dimensão e aos efeitos de ação previstos, ser alcançados melhor a
nível comunitário.
Numa teia de relações internacionais cada vez mais densa e complexa,
nenhuma organização pode se apoderar de poderes que entram em
conflito com os poderes e direitos essenciais dos sujeitos que as integram
nem, muito menos com os poderes e direitos implícitos e explícitos, de
outras organizações. Eis a chamada imperiosa exigência do equilíbrio

OS ÓRGÃOS
Assim como qualquer entidade coletiva, as organizações internacionais só
podem agir através de órgãos, centros autónomos institucionalizados de
formação da sua vontade. E também como qualquer outra entidade, cada
órgão compreende quatro elementos: a instituição, a competência, o
titular e o cargo.
Em relação ao Indivíduo
Os órgãos sempre aparecem através destes, porém nas organizações
internacionais, os indivíduos estão aí, não enquanto tais, mas sim enquanto
agentes, e menos frequentemente, enquanto titulares de órgãos do
estado, pois são estes que compõem as organizações e não os indivíduos,
sendo, portanto, assim os verdadeiros titulares dos seus órgãos.
Se observamos um caso específico como o do secretário-geral das nações
unidas, o tribunal de justiça a comissão e o parlamento europeus são
poucos os casos de órgãos com membros a título meramente individual
Outro caso considerado especial é o da conferência internacional do
trabalho. Órgão da OIT, que possui uma representação tripartida, por cada
Estado, do respetivo governo, das organizações representativas de
trabalhadores e das organizações representativas de empregadores.
Os titulares de órgãos a títulos individuais possuem estatuto de
independência perante os estados. O mesmo não ocorre com os indivíduos
representantes ou delegados dos Estados, pelo menos quando sejam
simples agentes diplomáticos como quaisquer outros agentes de
representação externa do Estado.
Organizações Internacionais:
Definição e História
As organizações Intergovernamentais, formadas por Estados e as
Organizações não Governamentais Internacionais, são a forma mais
institucionalizada de realizar cooperação internacional.
A sua importância pode ser verificada pela quantidade de Organizações
hoje existente
Essas redes de organizações pertencem a um grupo maior de instituições
que desempenham algumas praticas que produzem a governança global
A organização Internacional Governamental se difere de outras formas
de cooperação devido o seu carácter permanente.
Desde o “surgimento” da disciplina das Relações Internacionais, o sistema
internacional vem sendo caracterizado como sendo um sistema
anárquico.
Porém, é de fato observável que na falta de um estado supranacional, traria
inúmeras consequências para a prática social e política, em particular no
que se refere ao uso legítimo da violência e a ausência de uma autoridade
central geradora de normas legítimas e sancionadas. Nesse contexto, ao
longo da história, vários mecanismos de estabilização do sistema
internacional foram gerados, esses mecanismos passaram a fazer parte do
processo de criação das OIGS
• Arranjos ad hoc
• O Multilateralismo
• Regimes Internacionais
• Alianças militares
• Segurança Coletiva
OS arranjos ad hoc são formas de cooperação voltadas para um problema
em específico em tempo determinado, muitas vezes dão origem às OIGS.
O arranjo ad hoc geralmente surge quando não há um ambiente propício
para a realização de um projeto específico, deste modo os atores
interessados geram um arranjo ad hoc, com uma ou várias reuniões de
cúpula ou conferências internacionais
O Multilateralismo
O multilateralismo pode ser definido como a regulação de relações entre
três ou mais Estados de acordo com um conjunto de princípios, o
multilateralismo representa assim uma fase a frente no processo de
institucionalização das relações internacionais.
De acordo com John Ruggie, existem 3 conceitos que definem a prática do
multilateralismo. Sendo eles o princípio
• da não discriminação ou nação mais favorecida, o qual governa o
regime de comércio multilateral
• O conceito da indivisibilidade, que indica que os princípios
acordados são aplicados a todos os Estados envolvidos.
• E o conceito de reciprocidade difusa, mais amplo e abstrato do que
a ideia de troca mútua, marca essa arquitetura das relações
internacionais

A associação entre o multilateralismo e as OIGS é intensa, pois as OIGS


providenciam o espaço social e os recursos necessários para a prática do
multilateralismo poder avançar e por outro lado os princípios, a lógica da
indivisibilidade e a reciprocidade difusa favorecem o processo de
legitimação das OIGS no sistema internacional.
No passado tratados e acordos tendiam a ser bilaterais ou regionais, mas
em décadas mais recentes têm sido parte de arranjos multilaterais,
enfrentando cada vez mais problemas no campo económico, político e
social.
Multilateralism: the anatomy of an institution John Gerard Ruggie

A queda da união soviética em 1989, pondo fim a guerra fria, gerou uma
mudança pacífica, algo que alguns dos renomados teóricos realistas
consideravam menos de uma década atrás como um evento de baixa
probabilidade na política internacional.

Muitos fatores foram responsáveis pela queda da união soviética, mas


parece que ainda permanecem dúvidas de que as normas multilaterais e
instituições tenham ajudado a estabilizar as suas consequências
internacionais
O que de fato aconteceu, tais normas e instituições desempenharam um
papel significante na gestão da mudança regional e global do sistema
internacional que temos hoje.

Nota: As normas e instituições ajudaram a estabilizar as consequências


internacionais do fim da guerra fria». Desempenham um papel significante
na gestão da profunda variedade das transformações regionais e globais.

Fim da guerra fria - momento fundamental no processo de


institucionalização da vida internacional. a partir de lá - instituições
desempenham um papel fundamental, enquanto antes tinham uma
capacidade de ação

Depois de muitos anos sendo oprimida pela guerra fria, a nação unida tem
sido redescoberta para ter utilidade internacional na gestão do conflito,
podemos ver isso no caso do Afeganistão, das funções de ajuda na
descolonização da namibia

Olhando através das lentes das teorias convencionais das relações


internacionais, os papeis desempenhados pelas restrições normativas e
instituições no atual sistema internacional são paradoxais. Para essas
teorias, normas e instituições não importam muito, elas são vistas como
um subproduto ou parte do processo das relações de força e das relações
de produção.

O fato de que normas e instituições importam aprece sem surpresa para


os “neo-institucionalistas” nas relações internacionais; afinal essa tem sido
desde sempre as suas mensagens. Porém, curiosamente, eles prestaram
pouca atenção analítica, explícita e detalhada a um característica central
dos atuais arranjos internacionais: sua forma multilateral.

Robert Keohane foi um do teóricos que mais contribuiu para o neo


institucionalismo, Keohane passou um conceito de multilateralismo na
qual ele emprega uma definição puramente nominal, segundo o autor o
multilateralismo pode ser definido como a pratica de coordenar politicas
nacionais em grupos de 3 ou mais estados.

Essa definição pode ser útil para alguns propósitos , porém isso levanta
alguns problemas ao assumir também outras formas institucionais que
tradicionalmente eram vistas como expressão do bilateralismo e não
multilateralismo.

Em resumo, a definição nominal do multilateralismo perde a dimensão


qualitativa do fenómeno que o transforma distinto. Ou seja, o que é
distinto no multilateralismo não é meramente que regula as políticas
nacionais de grupos de 3 ou mais estados, pois é algo que outras formas
organizacionais também fazem, mas o multilateralismo faz isso com base
de em certos princípios de ordenar as relações entre aqueles estados.

O SIGNIFICADO DO MULTILATERALISMO

Já dissemos que o multilateralismo se refere a regulação das relações


entre três ou mais estados de acordo com certos princípios, mas que
princípios serão esses? E para quê esses princípios servem? Para entender
isso temos que fazer uma examinação histórica de algo eu todos
concordam, multilateralismo não é bilateralismo

No início do século XXI, a Alemanha Nazi teve sucesso em afiar a forma


pura do bilateralismo em um sistema de organização sistémica

A essência do regime de troca alemã era de que o estado negociava


acordos recíprocos com seus parceiros de trocas externas. Essas
negociações determinavam quais bens e serviços eram trocados, suas
quantidades e seus preços.

Olhando deste modo, uma definição nominal do multilateralismo não


excluiria o regime de troca alemão, pois esse regime coordena relações
económicas entre mais do que três estados

Podemos ver também outro arranjo internacional conhecido por embutir


princípios multilaterais: o sistema de segurança coletiva

O Sistema de segurança coletiva assenta no princípio de que a paz é


indivisível, por isso a guerra contra um estado significa guerra contra
todos, portanto a comunidade de estados se vê obrigada a responder a
ameaça ou a agressão, primeiro por meios diplomáticos, e depois por
sanções económicas, e finalmente pelo uso coletivo da força se necessário.

O termo multilateralismo é um adjetivo que modifica o nome “instituição”,


por isso o multilateralismo retrata uma forma genérica de relações
internacionais.

Mas como o Multilateralismo modifica as instituições?

Por se basear num conjunto de regras generalizadas e não discriminatórias


(sem olhar para os interesses particulares) com o objetivo de regular as
relações entre um conjunto de estados, como exemplo temos o exemplo
clássico princípio da nação mais favorecida, que impede a discriminação
entre países que produzem o mesmo produto

A indivisibilidade é uma construção social e não uma condição técnica, ou


seja os Estados agem como se a paz fosse indivisível e deste modo o tornam

HISTÓRIA DAS OI

A maioria das organizações internacionais que conhecemos hoje foi criada


a partir da segunda metade do século XX .

Segundo Inis Claude são necessários quatro pré-requisitos para o


desenvolvimento das OIGS
• A existência de estados soberanos
• Um fluxo de contatos significativos entre eles
• O reconhecimento pelos estados dos problemas que surgem a
partir da sua coexistência
• A criação de instituições e métodos sistemáticos para regular suas
relações

O Sistema de Estados Europeus, o Sistema de Haia e o desenvolvimento do


direito internacional, acabaram por desenvolver uma perspetiva racional
e legalista para a administração do sistema internacional, buscando criar
regras baseadas na razão para resolver conflitos internacionais

Coordination Problems & Collaboration Problems

Os problemas de coordenação ocorrem quando cada participante em uma


negociação ou acordo multilateral busca seus próprios interesses sem
considerar as necessidades ou interesses dos outros. Isso pode levar a
desacordos, atrasos ou até mesmo a uma quebra na negociação ou acordo.

Já os problemas de colaboração ocorrem quando os participantes estão


dispostos a trabalhar juntos, mas enfrentam obstáculos como falta de
confiança, barreiras de comunicação ou valores ou objetivos conflitantes.
Esses problemas podem dificultar a eficácia da cooperação e impedir a
realização de objetivos comuns.
AS TEORIAS E AS ORGANIZAÇÕES

As diferentes teorias das Relações Internacionais com maior ou menor


ênfase, têm algo a dizer sobre as organizações Internacionais.

Os Realistas se mostram céticos quanto a ideia de que as instituições


podem mudar aspetos importantes do sistema internacional e não
conferem relevância ao papel de atores não estatais como as ONGIS
(Mearsheimer, 1994; Grieco, 1988)

Segundo os realistas a cooperação é dificultada pela natureza do sistema


internacional. Eles salientam que a ausência de governo gera uma luta
constante pela sobrevivência e pela independência

Segundo os realistas os atores são movidos pela falta de confiança, na


medida em que a cooperação seja limitada por condições de anarquia, o
papel das organizações internacionais, como atores e por vezes como
fórum relevantes é questionado.

Para os realistas as instituições são instrumentos usados pelos Estados


mais poderosos para atingir seus objetivos

Segundo Mearsheimer na sua obra falsa promessa, as instituições


internacionais muitas vezes são ineficazes e não conseguem cumprir suas
funções principais de promover a cooperação e a resolução de conflitos
entre os países.

Uma das principais críticas de Mearsheimer é que as instituições


internacionais são frequentemente dominadas pelas grandes potências,
que usam sua influência para moldar as regras do jogo de acordo com seus
interesses. Essa dinâmica de poder limita a capacidade das instituições de
promover a igualdade e a justiça entre os países, favorecendo em vez disso
os interesses dos mais poderosos.

Além disso, Mearsheimer argumenta que as instituições internacionais


muitas vezes funcionam como um mecanismo de legitimação para as
políticas das grandes potências, que usam essas instituições para validar
suas ações e reforçar sua posição de poder. Isso pode levar a uma
desconfiança generalizada nas instituições, especialmente por parte dos
países menos poderosos.

Por fim, Mearsheimer argumenta que as instituições internacionais muitas


vezes falham em prevenir ou resolver conflitos internacionais, já que os
países continuam a seguir suas próprias agendas e interesses, mesmo
quando estão envolvidos em negociações multilaterais. Em alguns casos, as
instituições podem até mesmo agravar os conflitos, ao impor soluções que
não são aceitáveis para todas as partes envolvidas.

Liberalismo

Diferente do ponto de vista realista a Tradição liberal admite que a


construção de instituições internacionais pode transformar as relações
entre atores no sistema internacional. Enquanto no realismo observamos
uma razão instrumental, no liberalismo temos a razão liberal que permite
ultrapassar os interesses individuais e caminhar para o progresso.

Ao contrario do realismo rejeita a política do poder como o único


resultado possível das RI e considera que o progresso é possível
transcender a política do poder ou o carácter endémico da guerra

Neoliberalismo

Diferente da teoria realista e liberal que se focavam o neoliberalismo


trata o conflito e a cooperação como apenas um aparato lógico

A incerteza que configura o sistema internacional dificulta a construção de


relações cooperativas, particularmente porque é muito difícil confiar nas
promessas dos atores. As instituições têm a função de diminuir o grau de
incerteza por meio da geração de transparência e da realização de conexões
entre diferentes questões através do tempo (linkage). A maior transparência
e a existência de conexões entre questões ajudam a diminuir o medo da
trapaça, aumentando a disposição dos atores de envolverem-se em arranjos
cooperativos. Dessa forma, a circulação de informação através das
instituições pode transformar o sistema internacional (Keohane, 1984).
Nesse sentido as instituições realizam os interesses dos Estados.
A teoria dos jogos não cooperativos é frequentemente usada para mostrar
como a cooperação é difícil, mas possível. Nesse tipo de modelo, os atores
são racionais e egoístas e não há um terceiro ator que garanta o
cumprimento dos acordos. Então a presença das instituições favorecem a
reciprocidade e a confiança mútua.
No Neoliberalismo as instituições são identificadas como uma solução para
os problemas de bens públicos ou coletivos.

Construtivismo
PACTO DAS NAÇÕES
A Sociedade das Nações foi criada após a Primeira Guerra Mundial, em
1919, como parte do Tratado de Versalhes, mas o pacto só começou a
vigorar em janeiro de 1920. A organização teve como objetivo principal
promover a cooperação internacional e a manutenção da paz mundial, após
o fim da devastadora guerra.
A criação da Sociedade das Nações foi um importante marco na história das
relações internacionais, pois foi a primeira tentativa de criar uma
organização internacional para prevenir conflitos e promover a resolução
pacífica de disputas entre os países. A Liga das Nações contava com a
adesão de quase todos os países do mundo, e seu órgão máximo era a
Assembleia Geral, na qual todos os membros tinham igual representação.
Os principais órgãos da liga das nações foram:
• O conselho
• A Assembleia
• Secretariado
A liga não havia sido desenhada para lidar com questões econômica e
sociais, a organização exerceu algumas funções nesse campo. Ela acabou
sendo também um fórum para a discussão de problemas económicos
Embora a liga se acentuasse no princípio de segurança coletiva, o
pressuposto de ausência de relações conflituosas, ou mesmo de violência
não estava presente. O uso de violência legitima pelos Estados soberanos
foi preservado, sendo a legitimidade do seu uso em autodefesa a expressão
jurídica desse princípio
Apesar de inúmeras realizações, a Liga não foi reconhecida pelos seus
membros não como um fórum de realização de segurança coletiva, mas
sim como um instrumento para a realização de próprios interesses Estatais
Infelizmente, a Sociedade das Nações não conseguiu cumprir plenamente
seus objetivos, e a Segunda Guerra Mundial eclodiu em 1939, A
organização foi dissolvida em, porém mesmo que tenha falhado, a liga das
nações criou uma ordem jurídica que mais tarde da origem ao direito
internacional pós 1945, levando a criação da Organização das Nações
Unidas (ONU), que é a principal organização internacional de cooperação e
paz mundial atualmente, pelo que deste modo não podemos relegar a liga
das nações à irrelevância académica

Estrutura Institucional da Organização


A sociedade das nações estava composta por quatro organizações técnicas
• A organização da cooperação intelectual
• A organização da Saúde
• A organização para Comunicações e trânsito
• Organização económica e financeira

A evolução da ONU
A Carta do Atlântico de 1941— uma declaração conjunta do presidente
americano Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston
Churchill pedindo colaboração em questões econômicas e um sistema
permanente de segurança - foi a base para a Declaração pelas Nações
Unidas em janeiro de 1942. Vinte e seis nações afirmaram os princípios da
Carta do Atlântico e concordaram em criar uma nova organização
universal para substituir a Liga das Nações. Os participantes concordaram
que a organização seria baseada no princípio da igualdade soberana dos
membros e que todos os estados “amantes da paz” seriam elegíveis para
adesão, excluindo assim as potências do Eixo – Alemanha, Itália, Japão e
Espanha. Também foi acordado que as decisões sobre questões de
segurança exigiriam a unanimidade dos membros permanentes do
Conselho de Segurança, as grandes potências. Quando a Conferência das
Nações Unidas sobre Organização Internacional se reuniu em San Francisco
em 25 de abril de 1945, delegados dos 50 estados participantes
modificaram e finalizaram o que já havia sido negociado entre as grandes
potências. Em 28 de julho de 1945, com a aprovação do Senado, os Estados
Unidos se tornaram o primeiro país a ratificar a Carta, e levou apenas mais
três meses para obter um número suficiente de ratificações
(consentimento legal) de outros países.
(Uma versão resumida e alterada da Carta da ONU pode ser encontrada no
Apêndice.)
O princípio fundamental da ONU é o da igualdade soberana dos estados-
membros, porém a desigualdade faz parte da rede das nações unidas e
podemos ver isso com o poder de veto.
Esse princípio de igualdade soberana prevê a não intervenção em assuntos
domésticos dos Estado. Mas quem decide qual é um problema
internacional e qual é um problema doméstico

A estrutura da ONU
A estrutura das nações unidas é composta por seis órgãos: a assembleia
geral, o concelho de segurança, concelho económico e social, corte
internacional de justiça, secretariado e conselho tutelar
Assembleia Geral: é o principal órgão deliberativo da ONU, composto por
todos os Estados-membros. A Assembleia Geral debate questões
internacionais e adota resoluções não vinculativas, que são
recomendações destinadas a influenciar as políticas nacionais e
internacionais.
Conselho de Segurança: é o órgão responsável pela manutenção da paz e
segurança internacionais. Composto por 15 membros, incluindo cinco
membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e
Rússia) e dez membros eleitos, o Conselho de Segurança tem o poder de
adotar resoluções vinculativas e tomar medidas coercitivas para resolver
conflitos internacionais.
Secretariado: é o órgão administrativo da ONU, responsável pela
coordenação das atividades da organização. O Secretário-Geral, que é o
chefe do Secretariado, é eleito pela Assembleia Geral por um mandato de
cinco anos e é responsável por liderar e supervisionar as atividades da
organização.
Tribunal Internacional de Justiça: é o principal órgão judiciário da ONU,
responsável por resolver disputas legais entre Estados-membros e emitir
pareceres consultivos sobre questões jurídicas.
O Secretário-Geral (UNSG). O secretário da ONU-
a posição do general tem sido denominada “uma das mais mal definidas:
uma combinação de chefe administrativo das Nações Unidas e diplomata
global com uma pasta gorda cujas páginas estão em branco.”25 O
secretário-geral é o gerente da organização, responsável por fornecer
liderança ao Secretariado,
preparar o orçamento da ONU, apresentar um relatório anual à Assembleia
Geral e supervisionar os estudos realizados a pedido dos outros órgãos
principais. Artigo
A ONU foi criada para promover e proteger os interesses dos Estados, bem
como preservar a paz e a segurança no mundo e promover o
desenvolvimento econômico e social e os direitos humanos. É muito mais
fácil entender a ONU observando o que ela conseguiu e o que não
conseguiu fazer em relação a essas diferentes áreas temáticas do que
simplesmente saber como ela está estruturada e opera

ONU AÇÕES
O peacekeeping refere-se a uma operação conduzida por uma organização
internacional, como a ONU, para manter a paz e a segurança em áreas de
conflito. O objetivo do peacekeeping é monitorar o cumprimento de um
acordo de cessar-fogo ou de um acordo de paz, fornecer assistência
humanitária e proteger civis em zonas de conflito. As forças de
peacekeeping geralmente são compostas por soldados, policiais e outros
profissionais de diversos países que trabalham juntos sob a bandeira da
organização internacional que coordena a missão.
O peacebuilding, por outro lado, é uma estratégia mais abrangente que
visa prevenir conflitos e promover a paz a longo prazo, abordando as raízes
dos conflitos e criando as condições para a estabilidade e a prosperidade.
Isso pode incluir o fortalecimento das instituições democráticas, o
desenvolvimento econômico, a melhoria da justiça e da segurança, a
promoção da igualdade de gênero e a criação de oportunidades para a
participação da sociedade civil na tomada de decisões. O peacebuilding é
geralmente conduzido por um conjunto de atores internacionais e
nacionais, incluindo governos, organizações internacionais, ONGs,
comunidades locais e outros atores da sociedade civil.

LEGALIDADE E LEGITIMIDADE
Poder não precisa de justificação, mas sim de legitimidade
A legalidade denota o cumprimento das regras obrigatórias (substantivas
e processuais) da entidade política, enquanto a legitimidade denota a
crença normativa de outros membros da comunidade de que uma regra
ou instituição deve ser obedecida.
Essa percepção “pode advir da substância da norma ou do procedimento
ou fonte pela qual ela foi constituída”. Há quatro opções: uma atividade
pode ser considerada legal e legítima; legais e ilegítimos; ilegais e legítimos;
ou ilegal e ilegítimo. 9 Ao determinar a legalidade, os tomadores de decisão
(e o público) provavelmente partem de alguma noção comum do que
constitui “a lei”.
Uma ação só é legal quando tem autorização do conselho de segurança,
sendo assim as operações militares em Kosovo não foram legais, mas foi
legitima por fim a uma serie de violações dos direitos humanos cometido
pela servia. Porem o meio de exercer a legitimidade é que demonstra se
uma ação é legitima.
Deste modo o princípio da responsabilidade de proteger, aceite por todos
os estados-membros acaba por ser um compromisso global para impedir
de forma legitima diferentes tipos de conflitos sejam eles internacionais ou
nacionais
Segundo este princípio Soberania significa responsabilidade de proteger,
e mais especificamente a responsabilidade de cada estado de proteger a
sua população.
Em caso da população estar sofrendo, como resultado de uma guerra
interna, falha do estado em proteger entre outros, o princípio da não
intervenção se rende ao principio da responsabilidade de proteger
Esse compromisso cabe ao conselho de segurança, o de manter a paz e a
segurança
Esse princípio inclui elementos
• Prevenir
• Reagir
• Reconstruir
Assim como princípios de precaução
• Boas intenções
• último recurso
• Meios proporcionais
• Perspetivas razoáveis

A ONU e o Direito ao Desenvolvimento


Nos anos 1960 e 1970, os países em desenvolvimento questionaram as
instituições internacionais, com fundamento na busca de uma nova ordem
económica internacional, na resistência da ordem em tempos atual, o bretton
woods e a gaat. Esse discurso também gerou consequências no campo dos
direitos humanos, levando ao reconhecimento do desenvolvimento e dos
direitos humanos, abrindo o caminho para a inserção do direito ao
desenvolvimento na agenda dos direitos humanos da onu.
A onu foi então sem dúvida o berço do direito ao desenvolvimento e de seu
reconhecimento formal como um direito humano, por meio da declaração sobre
o direito ao desenvolvimento
O direito ao desenvolvimento é deste modo um direito inalienável em virtude
do qual todo ser humano está facultado a participar em um desenvolvimento
económico, social, cultural e política no qual todos os direitos humanos e
liberdades possam ser realizados

Ao longo da história foram detetadas ameaças ao desenvolvimento dos povos,


como o apartheid, o neocolonialismo, guerra, e para se proteger contra essas
ameaças necessitaria da criação de organizações nacionais e internacionais.
O fato de ser um direito complexo, o direito ao desenvolvimento passou a a ser
considerado como um direito autónomo, ou seja, uma composição de todos os
outros direitos e liberdades, reconhecidos internacionalmente.
Ou seja, o direito ao desenvolvimento pode ser considerado não como um
direito a parte, mas como o direito que proporcionará os meios necessários
para que os demais se realizem, “direito síntese”, um meta direito, ou seja o
direito de ter políticas determinadas que tornem um direito realizável

Não houve, no âmbito da ONU, uma aceitação plena do direito ao


desenvolvimento como direito a um processo ou desta concepção para
sua implementação40. A dificuldade reside no reconhecimento de um
processo como direito per se. Algumas delegações afirmaram que o direto
ao desenvolvimento é reconhecido como um direito humano
e que a interpretação como direito a um processo poderia
abalar esse consenso41.

“O direito ao desenvolvimento é o
direito dos povos e indivíduos à melhoria constante de seu
bem-estar e a um ambiente nacional e global propício ao desenvolvimento
justo, equitativo, participativo e centrado no
ser humano, com respeito a todos os direitos humanos
PARA ESTUDAR
• ESCOLHER UMA TEORIA E VER COMO ELAS SÃO VISTAS
PELAS OI
• SOCIEDADE DAS SOCIEDADES NAÇÕES E ONU E SUAS
ESTRUTURAS INSTITUCIONAL DAS ONU
• DIREITOS HUMANOS OU MIGRAÇÕES (OPCIONAL)
• AÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS E DAS ORGANIZAÇÕES
INTERNACIONAIS NO QUE DIZ RESPEITO AOS DIREITOS
HUMANOS
• MONITORAÇÕES
• DIREITO DE DESENVOLVIMENTO (OPCIONAL)

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