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Autora:
Fiona Robinson, é uma professora de Ciências Políticas especializada em Relações
Internacionais e Teoria Política. Ela atualmente ocupa a posição de Professora de
Estudos Políticos na Universidade Carleton, em Ottawa, Canadá.
Robinson é conhecida por sua pesquisa sobre questões de justiça global, direitos
humanos, feminismo e teoria crítica nas relações internacionais. Seu trabalho tem sido
publicado em diversas revistas acadêmicas e ela é autora de vários livros, incluindo
"Globalizing Care: Ethics, Feminist Theory, and International Relations" e "The Ethics
of Care: A Feminist Approach to Human Security".
Além de seu trabalho acadêmico, Robinson é membro do conselho editorial de várias
revistas acadêmicas e é ativa na promoção da igualdade de gênero e dos direitos
humanos. Ela recebeu diversos prêmios e reconhecimentos por suas contribuições para a
pesquisa em ética e relações internacionais.
As suas obras giram essencialmente em torno de dois temas centrais
1ºA Ética e Relações Internacionais (teoria normativa e crítica das RI; direitos humanos;
cosmopolitismo; justiça global);
2ºA questão do Gênero e Relações Internacionais (estudos feministas de segurança;
política externa feminista); teoria política feminista e ética feminista, especialmente a
ética do cuidado.
1- QUAL A PROBLEMÁTICA DO TEXTO? O QUE SE PRETENDE
ANALISAR/DEMONSTRAR?
Um dos pontos fortes do livro é seu envolvimento com os debates mais amplos da teoria
política internacional. Fiona Robinson oferece uma crítica completa do liberalismo, mas
ela também se envolve com outras perspectivas, como realismo, cosmopolitismo e
teoria crítica. Isso lhe permite situar a ética do cuidado dentro de um contexto
intelectual mais amplo e demonstrar sua relevância para os desafios globais
contemporâneos.
A autora argumenta que o liberalismo falhou em abordar muitas das questões prementes
enfrentadas pela comunidade internacional, de acordo com a autora, a ênfase liberal nos
direitos individuais e na autonomia levou a uma negligência das responsabilidades
coletivas e da justiça social. Em contrapartida, a ética do cuidado prioriza a
relacionalidade, a interdependência e a responsabilidade pelo outro.
Mas essa preponderância foi algo efêmero, transitório, já que após uma década do fim
da guerra fria o liberalismo vem sendo considerado como uma teoria insustentável
devido a inúmeros acontecimentos no âmbito da política global e ela menciona alguns
desses acontecimentos tanto nível político como a nível económico, acontecimentos
estes como os conflitos na região de darfur no sudão1 (que é mais do que um simples
conflito étnico religioso, mas que acaba sendo de grande relevância para a política
internacional, pois envolve interesses de grandes potências como a China) e a guerra do
terror, a crise económica de 2008 entre outras, basicamente esses acontecimentos
vieram a por em causa a crença nos valores e ideais defendidos pelos liberais, pois como
1 um conflito armado em andamento na região de Darfur, no oeste do Sudão, que opõe principalmente
os janjawid - milicianos recrutados entre os bagaras, tribos nômades africanas de língua árabe e
religião muçulmana - e os povos não árabes da área. O governo sudanês, embora negue publicamente
que apoia os janjawid, tem fornecido armas e assistência e tem participado de ataques conjuntos com o
grupo miliciano
nós sabemos o liberalismo vê na política mundial a existência de um ambiente onde a
cooperação é regra e a guerra é somente exceção.
Podemos observar que a Fiona Robinson, nunca chega a afirmar que o Liberalismo é
uma teoria falha, irrelevante ou que está morta, tudo o que foi dito são somente
presunções teóricas envolvendo todos os problemas que decorreram no âmbito da
política mundial, pelo contrário ela menciona a importância e a persistência dos valores
liberais nas relações internacionais contemporâneas, porém segundo ela essa crise e
resistência dos valores liberais são o que reforçam a ideia da necessidade da criação de
uma teoria política do cuidado como alternativa ao liberalismo.
A relevância do principal argumento do texto se situa nos dois conceitos trazidos pela
autora, o da interdependência e responsabilidade, que não só vem mostrar como a
ética do cuidado é realmente importante, mas também vem também deixar claro que
toda essa relação de dependência atualmente existente, não é somente fruto da
benevolência, ou obrigação contemporânea como o liberalismo faz parecer, mas de
responsabilidades históricas, e com isso ela se refere ao colonialismo, a escravidão e a
ocupação territorial, porém a autora não nega uma lacuna presente nessa teoria, que se
situa no fato de que algumas vezes o discurso da ética do cuidado acabam sendo usado
para fins ideológicos e definidas de maneiras egoístas pelos dominantes e poderosos, o
qual ela usou uma expressão chamada de “Cuidado paternalista”.
Em suma o objetivo dessa teoria crítica do cuidado é tentar pôr fim as diversas
dicotomias instituídas pelos valores liberais (Publico/privado, nacional/internacional,
autonomia/dependência) e também tentar fazer entender que a verdadeira autonomia só
pode ser alcançada através da promoção de sociedades que valorizam a
interdependência e reconhecem a vulnerabilidade de todos.
Teoricamente a ideia é excecional, tanto por criticar os conceitos instituídos por ideais
liberais bem como por levar em conta a questão de género nessa abordagem, algo que
não é tão comum nas teorias das relações internacionais que se baseiam quase e
unicamente na análise das relações estatais e não levam em conta outros fatores, porém
existe uma falta de clareza sobre como a teoria do cuidado pode ser aplicada na prática.
Ou seja, embora a autora apresente uma teoria persuasiva e bem fundamentada do
cuidado como um valor ético e político importante, pode haver dúvidas sobre como essa
teoria pode ser traduzida em políticas e práticas concretas.
a teoria do cuidado parece ser um pouco complexa para ser aplicada em níveis pode ser
difícil de se aplicar em contextos internacionais, onde as relações entre países são
frequentemente marcadas por interesses conflitantes e negociações de poder.
Ou seja a aplicação dessa teoria na prática implicaria uma reestruturação drástica não só
da sociedade, mas também da política internacional, pois levaria a fazer com que os
autores internacionais simplesmente reconheçam a sua fraqueza e vulnerabilidades, pois
como ela mesmo havia mencionado, querendo ou não, chega em um ponto que esse
discurso de cuidado acaba sendo usado como instrumento de política internacional, pois
sabemos que está enquadrada na natureza dos estados (ou das estruturas) a satisfação
dos interesses egoístas.
Uma limitação é que a ética do cuidado pode ser vista como excessivamente subjetiva e
dependente de relações pessoais, o que pode ser difícil de aplicar à política
internacional. Embora aborda essa preocupação sugerindo que o cuidado pode ser
estendido além do pessoal para o coletivo, mas mais trabalho precisa ser feito para
demonstrar como isso pode ser alcançado na prática.
Outra limitação é que o livro não aborda totalmente os desafios práticos de implementar
a ética do cuidado na política internacional. Ele fornece uma estrutura teórica para
pensar sobre o cuidado em questões globais, mas não oferece propostas de políticas
concretas ou estratégias para implementar práticas baseadas no cuidado. Isso pode
limitar a relevância prática do livro para formuladores de políticas e profissionais.
REFERÊNCIAS: