Você está na página 1de 5

1a Frequência de Teoria Política

Briss Barreto Quaresma – l49343

1- A destinção efetuada por Issaiah Berlim acerca da Liberdade positiva e


negativa no seu livro “Os Quatros Ensaios sobre a Liberdade” é de extrema
importância para compreensão do comportamento das sociedades Europeias face
ao poder. Antes de relacionar e entender o porquê essa afirmação é feita por
Cornelius Castoriadis na sua obra “As incruzilhadas do labirinto Volume
IV – A Ascenção da Insignificância (2002)”, devemos antes enteder do que se
trata os conceitos dos dois tipos de liberdades acima referido.
A questão da liberdade é algo que vem sendo muito discutido ao longo do
tempo, sendo já tratada por diferentes historiadores e filosófos como Aristóteles,
Hegel, Satre ou ainda Kant que considerava a liberdade como sendo a
“Autonomia que os seres humanos possuem de cumprir o seu dever de acordo
com as leis da natureza”. É nesse contexto que Issaiah Berlim apresenta duas
questões inerentes a liberdade, sendo elas a “Obediência e a Coerção”,
fazendo-nos indagar: “se somos livres, porquê não podemos fazer o que
quisermos?”, “porquê sou penalizado se desobedecer?” “Coagir alguém não
seria o mesmo que priva-lo da sua liberdade?”. Para tentar entender e dar
respostas essas questões poderemos analisar a liberdade em dois sentidos com
base na História humana: A liberdade Negativa, a qual o autor chama também
de liberdade Individual ou institucional e a Liberdade Positiva.

A liberdade Negativa é assim chamada porque traduz-se na ausência de


impedimentos para poder fazer o que desejamos. Nesse ponto de vista esta
liberdade, está ligada a área em que um individuo possa exercer ou atuar sem
sofrer a interferência de outrem, porém a limitação do campo de liberdade de
atuação desse indivíduo por incapacidade do mesmo não significaria coação ou
obstrução, muito menos seria causa de exclusão dessa liberdade ao menos que
este esteja sendo impedido por outro indivíduo. “Um Homem não possui
liberdade Política, Individual ou institucional apenas se estiver sendo
impedido de atingir uma determinada meta por seres humanos. A simples
incapacidade de atingir essa meta não significa falta de liberdade Política”.
(Berlim, 2002, p.136).
Porém a defesa de certos valores como a segurança, justiça e igualdade é o
que limita essa liberdade e define os limites da atuação do indivíduo. Alguns
Filósofos como Locke e Mill defendiam que deveria haver uma área mínima
de liberdade pessoal que nunca poderia ser restringida, por se tratar da liberdade
que o indivíduo possuí para poder atingir determinados fins que estes
consideram bons, corretos ou sagrados, criando assim uma fronteira entre a vida
pública e autoridade privada, porém a “atividade de nenhum homem é tão
completamente privada que nunca venha a obstruir da vida de outro de uma
forma ou de outra – A liberdade de alguns precisa de depender da limitação de
outros” (Berlim.I,p.137).
Diferentemente da Liberdade Negativa que se traduzia na ausência de
impedimentos a Liberdade positiva é o conjunto de condições que permitem ao
indivíduo ser o que ele deseja, neste tipo de liberdade o indivíduo busca por si
mesmo concretizar os seus objectivos, sendo o protagonista da sua própria vida e
não ser um instrumento da vontade dos outros, sendo asim a liberdade positiva
poderia ser traduzida como a autodeterminação dos indivíduos.

Esses dois conceitos explicam as crises pelos quais passaram as sociedades


ocidentais e principalmente os comportamentos das sociedades Europeias em
relação ao poder ao longo da história , regimes como o Nazismo o fascismo que
privavam os indivíduos de sua liberdade interferindo na área mínima de atuação
individual assim como repudiavam qualquer tentativa de oposição com base na
autodeterminação que poderia pôr em causa a subsistência desses regimes.
Neste sentido a Autonomia do indivíduo nos aparece assim como a chave para a
solução desses problemas, assim como foi para a Grécia Antiga, a Revolução
Americana ou a Francesa que culminou com a ascensão de ideais
democráticos dentre eles a garantia da segurança da liberdade e da justiça
bem como a separação dos poderes entre os organismos que compõem um
Estado evitando assim o abuso de poder e o uso de outros indivíduos como
instrumetnto para atingir um determinado fim. E como deixou claro o Isaaiah
Berlim a “Democracia pode desarmar uma determinada Oligarquia, um dado
indivíduo ou um conjunto de indivíduos privilegiados mas ainda pode esmagar
individuos tão impiedosamente como qualquer governante anterior”
(Berlim,2002, p.265). Sendo assim os dois tipos de liberdades se mostram
imprescindíveis para a vida do homem na sociedade.

2- Os dois Filósofos estudados nas aulas sobre a qual irei dissertar será o Platão e
Thomas Hobbes, o primeiro pertencente ao paradigma Clássico e o segundo
pertencente ao paradigma Moderno.
Platão um dos principais filósofos gregos da antiguidade é muito conhecido
pelos seus contributos no âmbito da Ciência Política, pertencendo ao primeiro
paradigma ou ao paradigma Clássico este partilhava ideais como a Lei da
Necessidade que estrutura tudo que existe defendendo que o que existe não
poderia ser de outra maneira, e para ele todos são regidos pelas leis, as mesmas
leis naturais que determinavam a mudança de estações seria a mesma que
determinaria a Organização Política. Platão elaborou e defendeu uma teoria de
regime Político que se assemelhava ao governo de Deus, optando sempre pela
justiça e pela paz, em que não existiriam problemas sociais e onde todos os
individuos pudessem se dedicar a filosofia e a ciência dentro da polis Grega
(kallipolis), nele cada indivíduo desempenharia uma função na área que fosse
mais competente para assegurar assim o bem estar da sociedade e o equilibrio
dos cosmos, não podendo existir uma liberdade que superasse as leis dos
cosmos,processo qual este chamava de ideal de justiça. Esse pensamento
Politico de platão estava associado a criação de um regime que nunca existira,
mas que pudesse vir a existir e para que isso pudesse acontecer a Educação
seria o princípio basilar, por ser considerado por Platão como o ponto de
partida para os valores que posteriormente viriam a ser defendidos em
sociedade. Para Platão o governante seria uma pessoa que estaria disposta a
mentir piedosamente para assegurar o bem estar da sociedade, esses ideais
estavam ligados a dualidade entre o mudo das ideias e o mundo dos sentidos
ou das coisas defendido por Platão.
Thomas Hobbes, Filósofo Moderno e defensor da Teoria Contartualista
também deu um contributo muito grande para a Ciência Política, Thomas
Hobbes defendia que o estado surgiria por meio de contrato Social, ou seja o
indivíduo teria de abrir mão de uma parte da sua liberdade em troca de
segurança numa sociedade Politicamente organizada, algo que não se verificava
no seu estado anterior, o estado de Natureza que era essencialmente
caracterizado e fortemente criticado por Hobbes como a ausência da
sociedade. Autor da obra “Leviatã”, Hobbes criticava o estado de Natureza,
como não sendo propício para existência da humanidade, pois por existir uma
liberdade ilimitada nesse tipo de sociedade, não existiam regras, considerando
como um Estado de miséria de “todos contra todos”, sendo um conceito
hipotético, Hobbes defendia como alternativa uma sociedade organizada,
sendo que só nesse sentido que surgiria a moral, através da restrição daquela
liberdade ilimitada por via de um contrato o qual era denominado Contrato
social, onde os homens deveriam obedecer os acordos firmados.
Compartilhando do mesmo pensamento que Maquiavel para Hobbes a política
não existe a partir da Natureza, mas sim do resultado da produção do Homem.
A diferença entre esses dois autores pode vir a ser explicada com base nos seus
ideais se atendo a época ou paradigma a que estes pertenceram, para Platão a
justiça era o tema central do diálogo sobre a República, que viria de um plano
ideal, e caberia aqueles que tivessem conhecimento sobre esse plano assumir o
poder da cidade e distribuir as funções com base na moralidade e do bem
comum, porém para Hobbes só se poderia falar de justiça e de uma sociedade
justa se os Homens se comprometessem a limitar parte da sua liberdade em prol
da garantia da segurança e da paz necessária para a convivência em sociedade, a
diferença assenta que os ideais Politicos de Platão se assenta na Natureza
humana e de Hobbes na produção do Homem, porém ambos defendiam a
moralidade ligada a politica e que a liberdade dos indivíduos nunca deveriam ser
ilimitada.
Referências Bibliográficas

Berlim, Isaiah – Quatro ensaios sobre a liberdade (2002)

A ASCENSÃO DE INSIGNIFICÂNCIA NA OBRA DE CORNELIUS


CASTORIADIS, Alfran Marcos Borges Marques

https://jus.com.br/amp/artigos/23037/justica-e-direito-em-platao-aristoteles-e-hobbes

Mill , John Stuart. Sobre a Liberdade.

https://www.monografias.com/pt/docs/Plat%C3%A3o-aristoteles-locke-e-hobbes-
P3YELTDH8LCP

COMPARAÇÕES MORAIS E POLÍTICAS. Saberes: Revista interdisciplinar de Filosofia e


Educação, n. 17, 9 fev. 2018.

https://youtu.be/pOdxYuUukqY

https://youtu.be/ndbEMw1M0Cg

https://youtu.be/h_MqFi4RKCc

Você também pode gostar