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09/11/22

Licenciatura em Relações Internacionais

Relações Económicas Internacionais


Elsa Cristina Vaz e José Caetano 2022/2023
1

2. 2. Teorias e Políticas sobre o Comércio Internacional e a mobilidade


internacional dos Fatores de produção
2.1. Teorias do Comércio Internacional

2.1.1. As teorias clássicas e o conceito de Vantagem Comparativa


2.1.2. As teorias neoclássicas e a importância dos fatores de
produção

2.1.3. As modernas Teorias do Comércio Internacional e os


complexos fatores da Competitividade Internacional

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 2

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Críticas aos pressupostos da Teoria Clássica


ü Um único fator – trabalho
ü Diferenças tecnológicas são exógenas (o desenvolvimento não tem
efeitos)
ü O trabalho é perfeitamente móvel entre indústrias mas imóvel entre
países
ü Rendimentos constantes à escala (custos de oportunidade constantes)
ü Não há impedimentos à troca externa
ü Os produtos são homogéneos

ü ...respostas da Teoria Neoclássica

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 3

Críticas ao Modelo Ricardiano


ü Reação à teoria Clássica faz-se por 2 vias:
ü Inclusão de aspetos relativos à Procura (Stuart Mill, Alfred Marshall) –
especialização por produtos
ü Alteração dos aspetos da Oferta (Hecksher-Ohlin-Samuelson, HOS) –
especialização por fatores
ü Abordagens são complementares, baseadas nos mesmos pressupostos
mas com lógicas distintas
ü A introdução da Procura no modelo é um avanço na determinação dos
Preços internacionais
ü A abordagem neoclássica pela Oferta é diferente de Ricardo (neste é a
diferença de tecnologia que cria VC e naqueles é a diferença na dotação de
fatores)

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Pressupostos neoclássicos
Abordagem da economia em termos de equilíbrio geral
ü Nos Fatores: escassez, pleno emprego, mobilidade fatorial interna mas
não há mobilidade à escala internacional, mas mais do que 1 fator
produtivo
ü Nos Mercados: concorrência perfeita e equilíbrio
ü Os espaços nacionais homogéneos, sem intervenção dominante do
Estado e há informação perfeita nos mercados
ü Nos mercados internacionais: não existem barreiras às trocas externas
ü Na Oferta: há rendimentos constantes à escala, os fatores de produção
são substituíveis e os custos de oportunidade são crescentes

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 5

Alterações ao Modelo Ricardiano


ü Valida a relevância das Vantagens Relativas para a definição dos padrões
de comércio internacional por via dos instrumentos microeconómicos…
ü As principais alterações, como reação às críticas dirigidas ao modelo
Clássico, são:
ü Os Custos de Oportunidade Crescentes, que não invalidam a ocorrência
de ganhos de comércio, tanto na produção como no consumo, e
permitem justificar um padrão de especialização incompleta (Que FPP?)
ü Consideração de vários fatores produtivos, substituíveis entre si na
atividade produtiva
ü Introdução da Procura (preferências dos Consumidores)

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A Procura e os Ganhos de Comércio


ü A Introdução no modelo de Comércio de aspetos ligados à Procura
deve-se a Marshall (Principles of Economics, 1890) por via da
utilização de instrumentos microeconómicos
ü Teoria do Consumidor: Curvas de Indiferença e Restrição Orçamental
ü Teoria do Produtor: Isoquantas e Fronteiras de Possibilidades de
Produção
ü Resolve a questão da determinação dos Preços internacionais
através da interação das “Curvas da Procura/Oferta Recíproca” de
cada país
ü Síntese: Utilidades, Custos e Preços determinam o equilíbrio em
autarcia. A abertura ao comércio gera novos equilíbrios com
acréscimo de bem-estar

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A determinação dos Termos de Troca


ü Como se determinam os Termos de Troca?
ü Os Clássicos apenas avançaram com a definição de um intervalo
limitado pelos preços em autarcia
ü Mill, Marshall e Edgeworth sistematizaram a resposta a esta questão,
introduzindo o conceito Procura Recíproca
ü Esta define os Termos de Troca que representam os preços relativos
dos bens, onde a soma da Procura nos dois países por um bem
iguala a Oferta dos 2 países
ü Deste modo, para um dado Preço internacional (TT) de equilíbrio, as
Exportações de um país igualarão as Importações do outro país

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Dinâmica dos Termos de Troca (ótica dos Produtos)

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Dinâmica temporal dos Termos de Troca: alguns países

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Dinâmica dos Termos de Troca: Portugal e Espanha

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Alguns efeitos das alterações nos Termos de Troca

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Ajustamentos nos Termos de Troca


ü Dinâmicas distintas na Procura Mundial nos vários sectores de
atividade
ü Ritmos diferenciados na inovação e na difusão tecnológica entre os
setores e os vários países
ü Alterações nas dotações fatoriais devido ao investimento ou a novas
descobertas, por exemplo de recursos naturais (ou qualificação do
trabalho)
ü Dimensão económica do país e impactos sobre a Curva da Procura
Recíproca e os Termos de Troca (price-taker e price-maker)

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Abordagem neoclássica do CI pela Oferta


ü Examinar como a dotação relativa dos fatores de produção afeta os
seus preços relativos
ü Mostrar como as diferenças nos preços dos fatores são a base racional
do Comércio Internacional (CI)
ü Verificar como as diferenças nos preços dos fatores alteram a
intensidade fatorial na produção dos bens
ü Explicar como é que o CI afeta os preços relativos dos fatores e a
distribuição do Rendimento
ü Analisar como distintas situações reais podem modificar as conclusões
do modelo Hecksher-Ohlin-Samuelson
ü Apresentar e comentar o teste empírico de Leontief sobre Comércio e
dotações fatoriais

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Heckscher-Ohlin: Teoria Neoclássica


ü O modelo Clássico demonstrou que o Comércio Internacional é
benéfico desde que baseado nas Vantagens Relativas e somente
quando os preços em autarcia diferem nas economias em análise

ü Mostrou ainda como reagem as estruturas de produção das economias


perante alterações nos preços internacionais dos bens
ü Porém, não explica a razão para as diferenças dos preços em autarcia,
ou seja a diferença tecnológica é considerada exógena ao modelo
ü O modelo de Heckscher-Ohlin trata desta questão

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Pressupostos gerais do modelo e implicações


ü O modelo considera dois países, A e B, dois bens homogéneos, X e
Y, e dois fatores de produção também eles homogéneos, L e K
(2x2x2)

ü Em ambos os países, há concorrência perfeita nos mercados de


bens e de fatores. Que implicações?

ü Os preços são definidos pela Oferta e Procura, em equilíbrio de LP os


preços dos bens igualam os seus custos marginais de produção

ü Os compradores e os vendedores são price-takers e dispõem de


informação perfeita sobre os preços. Tal assegura a igualdade de
preços dos fatores e dos produtos nos dois países

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Pressupostos gerais do modelo e implicações


ü Os fatores de produção são remunerados pelos salários no caso do
L (w) e pelo retorno do capital (r)

ü Verificamos a seguinte relação fatorial nos dois países….

(K/L)A > (K/L)B

ü Tal significa que no país A há mais unidades de capital por cada


trabalhador, sendo o país abundante em Capital e o país B será
abundante em Trabalho

ü Deste modo o rácio das remunerações será… (r/w)A < (r/w)B

ü Ou seja, o salário relativo é menor no país abundante em Trabalho

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Pressupostos gerais do modelo e implicações


ü Perfeita mobilidade interna e completa imobilidade internacional
dos fatores, implica que…
ü As remunerações fatoriais entre indústrias são iguais no
mesmo país
ü Se uma indústria pagar salários superiores, o trabalho desloca-
se para esta indústria
ü Quando é que o incentivo à deslocação termina?
ü Quando a remuneração do fator (salário) diminuir devido ao
aumento da sua oferta e igualar de novo o salário pago na outra
indústria
ü O equilíbrio restabelece-se por via da mobilidade fatorial entre
indústrias, neste caso de trabalho….
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Pressupostos gerais do modelo e implicações


ü Perfeita mobilidade interna e completa imobilidade internacional
dos fatores, implica que…
ü Em autarcia as remunerações relativas dos fatores são
diferentes entre os países e dependem da sua abundância ou
escassez
ü Assim, a imobilidade entre países gera diferentes remunerações
fatoriais devido à distinta abundância fatorial entre aqueles
ü Como vimos, em autarcia, o Salário é relativamente menor no
país abundante em Trabalho….
ü Como este não é móvel entre países, a diferença salarial não
implica a saída ou entrada de trabalho

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Pressupostos do modelo quanto à Oferta


ü Os fatores são homogéneos e existem em quantidades fixas; i.e., a
dotação fatorial é constante
ü A Lei dos rendimentos decrescentes aplica-se aos fatores de
produção
ü Os custos de oportunidade são crescentes e passamos a ter uma
Fronteira de possibilidades de Produção concava (especialização
incompleta)
ü Assim, mantendo constante a quantidade usada de um fator,
aumentos na quantidade de outro fator resultam em aumentos
do output cada vez menores (produtividade fatorial reduz-se)

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Pressupostos do modelo quanto à Oferta


ü Existe irreversibilidade fatorial; i.e., uma vez definida a intensidade
fatorial dos bens não há reversão, mesmo que os preços dos fatores
se alterem
ü Assim, se o bem X é intensivo em trabalho relativamente a Y, Y
será intensivo em capital relativamente a X, qualquer que seja o
rácio entre os preços dos fatores (K e L)
ü As funções de produção são idênticas nos dois países, ou seja, a
tecnologia é universal
ü Este pressuposto leva a que as diferenças nos preços relativos
dos bens nos dois países resultem exclusivamente de distintas
dotações fatoriais

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Pressupostos do modelo quanto à Procura


ü A Procura é idêntica nos dois países, isto é, as preferências dos
consumidores são similares pelo que existe uma neutralidade da
Procura

ü Esta neutralidade implica que apenas as diferenças fatoriais


determinam o padrão de especialização em cada país,
influenciando o custo de produção e, logo, o preço dos bens…

ü As preferências dos dois países são dadas pelo mesmo mapa de


Curvas de indiferença Social, o que corresponde à similaridade de
preferências

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Implicações fundamentais do modelo


ü A produção dos dois bens requer diferentes quantidades de cada
um dos fatores de produção
ü Ou seja, os bens distinguem-se pela diferença na intensidade
fatorial usada na sua produção
ü Os países distinguem-se por possuir diferentes dotações fatoriais
ü Ou seja, cada país tem a sua abundância fatorial, sendo este um
conceito relativo e que permite comparar as dotações entre
países
ü O modelo neoclássico responde à questão… Qual o padrão ótimo
de especialização e de comércio?

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Implicações fundamentais do modelo


ü Nestas condições, em autarcia, qual é a relação de preços dos bens
nos dois países?
ü Se o país A é abundante em K e o bem Y é intensivo em K, então o
preço de Y é menor neste país do que no país B
ü Porquê? Porque o fator usado mais intensivamente na sua
produção é mais barato neste país (o custo de oportunidade é
menor)
ü Então (PY/PX)A < (PY/PX)B
ü Alternativamente, o produto X será mais barato no país B ….
(PX/PY)B < (PX/PY)A

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Implicações fundamentais do modelo


ü Conceitos fundamentais:
ü Intensidade Fatorial – esta é válida para qualquer preço relativo
dos fatores ou dos produtos
ü Não considera a hipótese de reversibilidade da intensidade
fatorial, embora se admitam ajustamentos quando há
alterações nos preços relativos dos fatores
ü Assim, considerando 2 bens, independentemente do preço dos
fatores, um bem é sempre mais intensivo num fator do que o
outro

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 25

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Verificação da intensidade fatorial dos bens


ü Com base nestas relações de unidades de fator por cada produto,
qual destes é intensivo em trabalho?

Trabalho Capital
Vestuário 12 4
Televisor 16 8

ü Como (K/L)Vestuário = 1/3 e (K/L)Televisores = 1/2, logo, a produção de


televisores é intensiva em K face à produção de vestuário
ü Consequentemente, o vestuário é intensivo em L face aos
televisores (12/4=3 é maior que 16/8=2)

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Intensidades fatoriais no Canadá em 2006

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Critérios para identificar a Abundância Fatorial


ü O critério físico (Oferta) determina a abundância fatorial dos países
na base das unidades físicas

ü Se (K/L)A > (K/L)B então o país A é relativamente abundante em


K, pois possui uma maior quantidade de K por unidade de L

ü O critério económico atende à Oferta e Procura de fatores. Se r e w


remuneram, respetivamente K e L e se em autarcia se verificar….

ü (w/r)A > (w/r)B podemos dizer que A é relativamente


abundante em K porque este fator é relativamente mais barato
do que no país B

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 28

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Relações fundamentais no modelo


ü Vimos que o País A é abundante em Capital relativamente ao país B se
(K/L)A > (K/L)B
ü Por exemplo, se os EUA tiverem um stock de capital de $4.8
trilliões e uma força de trabalho de 153 milhões, então o rácio K/L
é de cerca de $32,000 por trabalhador
ü Se o mesmo rácio para o México for de $328 biliões para 45
milhões de trabalhadores, então cada trabalhador dispõe de
$7,282 de Capital
ü Logo, podemos concluir que os EUA são Capital-abundante e o México
é Trabalho-abundante

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 29

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Relações fundamentais no modelo


ü Qual a relação entre Custos fatoriais e Intensidade Fatorial na
produção dos bens?
ü Se o Trabalho se torna mais caro, face ao Capital, então o rácio
(K/L) subirá nos 2 setores
ü Ou seja, os rácios
(K/L) e (w/r) variam no
mesmo sentido
ü Porém, tal variação não
provoca qualquer reversibilidade
na intensidade fatorial dos dois bens

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 30

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Relações fundamentais no modelo


Relação Custos fatoriais e níveis de produção:
ü Como cada produto é intensivo num fator, quando os preços
relativos destes variam, as duas indústrias usarão mais do fator
cujo preço diminuiu
ü Assim, em termos absolutos há uma reafectação dos fatores nas
duas indústrias e ambas se tornam um pouco mais intensivas no
fator cujo preço diminuiu
ü Como os recursos são fixos, as deslocações fatoriais verificam-se
entre as 2 indústrias
ü Logo, a reafectação de fatores vai provocar alterações nas
quantidades produzidas nos dois países e também nos preços
relativos dos bens

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 31

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Relações fundamentais no modelo


Relação Custos fatoriais e preços dos Produtos:
ü Se X for L-intensivo e Y for K-intensivo, então quando (w/r)
sobe e (K/L) também o que acontecerá ao rácio (Px/Py)?
ü O preço do bem que usa
mais intensivamente o fator
cujo preço subiu, aumenta
face ao bem que usa mais
intensivamente o fator cujo
preço relativo desceu
ü O que podemos concluir?

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 32

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Relações fundamentais no modelo


ü Dadas as relações anteriores,
1. Se (w/r) num país, então (K/L) nos dois setores
2. Dado que X é L-intensivo e Y é K-intensivo
3. O bem cujo preço relativo aumenta é o que usa de forma mais
intensiva o fator cujo preço subiu (neste caso é o bem X)
ü Em síntese, a abertura ao Comércio vai provocar uma subida do
preço do fator abundante no país e uma descida do preço do fator
escasso
ü Logo, o preço relativo do bem exportado sobe

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 33

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Relações fundamentais no modelo


ü A é relativamente mais abundante em K, sendo K/L superior em
qualquer das indústrias face a B (que é abundante em L)
ü O bem Y é K-intensivo e o bem X é L-intensivo (nos dois países,
pois a tecnologia é idêntica)
ü Tomando o resultado do teorema de Heckscher-Ohlin, A irá
especializar-se em Y e B em X
ü A observação dos preços em autarcia evidenciou que Y é mais
barato em A, sendo este o bem em que o país se especializará
ü Em suma, existindo diferentes preços em autarcia, há condições e
incentivos para a troca internacional

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 34

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Teorema de Heckscher-Ohlin
ü Como o diferencial dos preços dos bens em autarcia deve-se ao
diferencial de preços dos fatores devido à distinta abundância
relativa…

ü …Cada país especializa-se e exporta o bem que usa com maior


intensidade o seu fator abundante e importa o bem mais
intensivo no fator escasso na economia (Teorema HO)

ü Os padrões de especialização produtiva e de comércio internacional


são, assim, determinados pelas vantagens decorrentes da maior
abundância relativa dos seus fatores de produção

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 35

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Teorema de Stolper-Samuelson
ü Com comércio internacional e com tecnologias idênticas e
rendimentos constantes à escala, os preços dos fatores nos países
convergem, à medida que os preços dos bens tendem a igualar-se

ü Assim, no país exportador os preços dos fatores abundantes


sobem e, em sentido oposto, os preços dos fatores escassos
diminuem (Teorema de Stolper-Samuelson)

ü Em consequência, o Comércio Internacional atua como um


substituto da mobilidade externa dos fatores, pois os preços
destes alteram-se

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Teorema da igualização dos preços dos fatores


ü Como o comércio substitui a mobilidade de fatores, então a
abertura comercial leva ao aumento da oferta do fator escasso e à
redução do seu preço e a uma subida do preço do fator abundante

ü Assim, com livre comércio e quando os países se especializam de


acordo com o Teorema de HO, vai verificar-se tendencialmente a
igualização dos preços dos fatores a nível global, pois o preço do
fator abundante sobe e o do fator escasso desce

ü Logo, o livre comércio, embora beneficie a economia no seu


todo, tem efeitos distintos nos rendimentos dos proprietários dos
vários fatores
Elsa Cristina Vaz 2022/2023 37

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Implicações socias e económicas dos Teoremas


ü Com pleno emprego, o Comércio Internacional altera a distribuição
do rendimento:
ü O rendimento real dos proprietários do fator abundante
aumenta com a subida do seu preço relativo e o rendimento
real dos proprietários do fator escasso diminui devido à redução
do seu preço relativo
ü O resultado justifica que os proprietários dos fatores abundantes
defendam o comércio livre e os dos fatores escassos defendam o
protecionismo
ü Este conflito de interesses faz emergir lobbies protecionistas. Veja-
se o caso da proteção dos produtores de aço nos EUA e os efeitos
globais que a subida das tarifas neste setor provocam
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Corolário dos Teoremas


ü Assim, globalmente o Rendimento Nacional aumenta nos dois
países com o Comércio Internacional (jogo de soma positiva, mas
não para todos os agentes), ocorrendo uma redistribuição dos
Rendimentos pelos proprietários dos fatores
ü Porém, as alterações no rendimento real não dependem só do
rendimento nominal, pois têm que ter também em conta o preço
final dos produtos e a estrutura de consumo em cada país
(Procura)
ü Pode justificar-se então uma política pública que compense os
perdedores, ou seja que provoque uma redistribuição dos ganhos
de comércio entre os vários agentes e reduza as tensões sociais
Elsa Cristina Vaz 2022/2023 39

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Proposições do Modelo HOS


ü À medida que o Comércio Internacional se expande e desenvolve,
verifica-se uma gradual Convergência ….

ü … dos Preços dos Bens e Serviços entre os países

ü … dos Preços dos Fatores de Produção entre os países

ü Porque é que a realidade registada ao longo do tempo não tem


confirmado globalmente estas Proposições?

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 40

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Porque é que a realidade é diferente?

ü Diferentes preferências dos consumidores

ü Possível Inversão da Intensidade Fatorial na produção

ü Pressupostos do Modelo não permitem a igualização dos

preços dos produtos e dos fatores (concorrência Perfeita e

Custos de Transporte)

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 41

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Criticas ao Modelo HOS


ü Distintas preferências dos consumidores justificam padrões de
produção não coerentes com as dotações
ü Reversibilidade da intensidade fatorial na produção
ü Custos de transporte inviabilizam fluxos de comércio
ü Concorrência imperfeita e internacionalização das atividades
empresariais
ü Imobilidade dos fatores entre países e mobilidade entre
setores não se verificam
ü Barreiras ao comércio e subsídios à produção
ü Heterogeneidade de fatores e diferentes tecnologias
ü Existência de Desemprego é uma realidade

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 42

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O Teste empírico ao modelo HOS


ü Como testar a aderência do modelo à realidade?

ü Ou seja, como medir a intensidade fatorial incluída nos fluxos


de Comércio?

ü 1º Teste: uso da Matriz Input-Output dos EUA para comparar


as intensidades fatoriais das suas Exportações face à das suas
Importações (produtos substitutos daas Importações)
ü Esperava-se que tal teste desse indicações sobre a abundância
fatorial existente no país e nos seus parceiros

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 43

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O testes realizados por Leontief e Baldwin


Capital and Labour Requirements of U.S. Exports and Imports’ substitutes
(1947 input requirements, 1947 trade):
Capital $2.550.780 $3.091.339
Labor (worker-years) 182 170
Capital/worker-year $14.010 $18.180 1,30
Leontief
(1947 input requirements, 1951 trade):
Capital $2.256.800 $2.303.400
Labor (worker-years) 174 168
Capital/worker-year $12.977 $13.726 1,06
Capital/worker-year, excluding
0,88
natural resources
Baldwin
(1958 input requirements, 1962 trade):
Capital $1.876.000 $2.132.000
Labor (worker-years) 131 119
Capital/worker-year $14.200 $18.000 1,27
Capital/worker-year, excluding
1,04
natural resources
Capital/worker-year, excluding
natural resources and human 0,92
capital

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 44

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Explicações para os resultados obtidos


ü 1947 (final da 2ª Guerra) teria padrão de CI anormal
ü Um modelo de dois fatores (K e L) é muito simples e esquece outros
fatores, como recursos naturais
ü As exportações intensivas em trabalho qualificado

ü A Política tarifária dos EUA distorce o comércio (protege os setores


intensivos em trabalho)
ü Capital inclui não apenas o físico, mas também o Capital Humano, o qual
teria sido ignorado

ü Um bem pode ser trabalho-intensivo num país de baixos salários e pode


ser capital-intensivo em outro país: reversão da intensidade fatorial

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 45

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Resultados de outros testes realizados


ü Tatemoto/Ichimura (1959) - Japão
ü Stolper/Roskamp (1961) – RDA
ü D. Wahl (1961) – Canadá

ü Bharadwaj (1962) – Índia


ü Minhas (1962) – EUA e Japão

ü Rosefield (1974) – URSS


ü Novas Abordagens: Stern/Maskus (1981) e HO-Vanek aplicado por Leamer
(1980)
ü Maskus (1985), Bowen et al. (1987), Gourdon (2009), Muriel and Terra
(2009) – Múltiplos Fatores

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Salários Relativos no plano internacional

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 47

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Salários Relativos no plano internacional

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Comércio Internacional e Desigualdade


ü Ao longo das últimas décadas, a desigualdade de rendimentos e de
salários têm vindo a aumentar em termos mundiais, em especial
nos EUA e Europa
ü Devido ao envolvimento destes países no comércio internacional,
alguns autores argumentam que este esteve na base desse
aumento de desigualdade
ü A importação de produtos intensivos em L com origem em países
de baixos salários leva à descida dos salários nos setores de menor
qualificação nos importadores
ü Embora o comércio possa desempenhar um papel nesta tendência,
a maioria dos economistas, em função da investigação empírica
realizada, acreditam que o fator determinante será a tecnologia e
não o comércio

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 49

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Dinâmicas distintas na repartição do rendimento

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 50

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Globalização: Dinâmica do “Elefante”

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 51

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Globalização: Dinâmica do “Elefante”

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 52

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Linhas teóricas de reação ao Paradoxo de Leontief


ü Outros testes realizados em vários países confirmaram ou
infirmaram o Paradoxo, pelo que a dúvida e a polémica
permaneceu

ü Seria o resultado de Leontief um Paradoxo? Como explicar? Aceitar


ou Rejeitar o Modelo HOS?

ü Novas Teorias emergiram: umas provocando a rutura


(neotecnológicas) com o modelo clássico e neoclássico e outras
aprofundando estes e promovendo a sua continuidade
(neofatoriais)

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 53

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Importância das teorias Clássica e Neoclássica


ü Teoria Pura do Comércio: Benefícios Mútuos é um bom argumento
económico com implicações políticas

ü Políticas liberalizadoras na Europa nos Séculos XIX e XX não foram


seguidas por todos os países e daí resultaram conflitos económicos
e militares

ü A Grande Depressão de 1929: impactos no debate


Protecionismo/Livre Comércio

ü Emergência da Nova Ordem Internacional em Bretton Woods


(1944), baseada na liberalização do Comércio (depois no GATT)

Elsa Cristina Vaz 2022/2023 54

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