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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

João Vitor de Avilla Martins

A influência do Investimento Estrangeiro Direto (IED) sobre o Produto


Interno do BRICS: Uma análise em painel entre 1995 a 2012

CURITIBA
2023
1 INTRODUÇÃO

Conforme a estrutura mundial passou por diversas reformulações durante o século XX,
a institucionalização da Economia e a diminuição de barreiras comerciais prevaleceram como
forte direcionamento a rede integrada do qual possuímos atualmente. Guiada por suas
inovações tecnológicas, constante superação das fronteiras, mobilidade dos fatores e ganhos
em economia escala; integrações econômicas surgiram como forma de otimizar os ganhos
entre as nações em termos de oportunidade (Krugman et al., 2018).
Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do sul) surgiram das motivações
anteriormente apontadas, com o caráter especial de ainda serem nascentes (2006) e não
integralizarem zonas de livre comércio formal. Mas promoverem, principalmente, a
cooperação e a coordenação entre suas economias emergentes. Sendo assim, a função dos
BRICS é promover a cooperação econômica, política e cultural entre os países-membros.
É justamente a partir do caráter emergente dos BRICS que o relatório se pautará em
explorar fatores determinantes dessas economias ao passar do tempo. Não se restringindo a
fronteira temporal da criação do bloco, mas pautando a análise no caráter macroeconômico de
cada uma dessas. Em como fatores determinantes e comuns entre esses se relacionam e se
justificam.
Sendo assim, a abordagem macroeconômica que será empregada para a posterior
formulação do modelo econométrico será a Keynesiana. Em especial, a lógica de equilíbrio do
produto diretamente relacionada a demanda agregada (Y = DA = C + I + G + NX) - tendo a
demanda como componente mais instável, o Investimento (Froyen, 2018).
E é justo essa lógica que será abordada na postulação do modelo teórico, ou seja, o
relatório terá por fim, explorar a relação direta entre Investimento Estrangeiro Direto (IED) a
produção dos países que compõem os BRICS.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Conforme relatado na Introdução, o relatório não terá por objetivo em específico retratar
questões políticas relacionadas ao BRICS. Aqui, a conjuntura do bloco é utilizada apenas
como “métrica” de países que compõem a zona do desenvolvimento. Ou seja, por mais que
existam outros países que possam abranger o mesmo estado de transição, a escolha do bloco
se deu através do respaldo teórico já realizado ao grupo.
E conforme também introduzido, pautaremos incialmente nossa discussão em um
contexto de relação direta entre Investimento Estrangeiro Direto (IED) sobre a determinação e
influência sobre o Produto, afinal, de acordo com a lógica Keynesiana, dado a determinação
de renda de equilíbrio (Y = DA = C + I + G + NX), choques adversos dos componentes
exógenos e determinantes da Renda (Gastos Governamentais, Impostos e Investimento),
seriam fatores cruciais às instabilidades do fluxo circular, e consequentemente, agravantes em
momentos de recessão, e conforme a literatura sobre comércio Internacional, mais que
proporcionais em países em desenvolvimento, dado a dependência a fatores externos (Froyen,
2018). Mas também, responsáveis diretos pelas expansões do produto e da capacidade
produtiva.
Aplicado o contexto, e mantido constante a influência de outras variáveis exógenas do
modelo (Gastos Gov., consumo, e exportações líquidas), sobramos com aquele que foi
determinado por Keynes, como o componente mais sensitivo as mudanças de uma nação, o
Investimento – e aqui o abordaremos como IED.
O IED, é sobretudo, determinado principalmente por dois componentes majoritários: as
expectativas dos agentes investidores e a taxa de juros, sendo essa última, inversamente
proporcional em sua relação ao investimento. E conforme o contexto que abrangemos na
introdução; a expansão da capacidade produtiva, os avanços tecnológicos, a mobilidade
internacional dos fatores de produção, e a diminuição de barreiras entre países, compuseram
um âmbito tanto Nacional, quanto Internacional, mais otimista, menos taxativo e mais
expansionista. Aliado a essa condição, agregamos as expectativas otimistas sobre os países
que compõem o BRICS – em função dos maiores ganhos em economia de escala. E é justo a
partir desses pressupostos que a hipótese do relatório será construída. Ou seja, temos respaldo
em supor que o IED está diretamente interligado a expansão do produto em países em
desenvolvimento?
Para que seja possível lidar com a validação da hipótese, utilizaremos das estratégias em
painéis de dados para determinarmos se podemos encontrar relação entre aumento do
Investimento Estrangeiro Direto no Produto em economias em desenvolvimento. E em
adição, estabeleceremos o emprego da taxa de juros para o auxílio visual e explanatório sobre
a relação anteriormente exposta. Ou seja, esperamos uma relação inversa entre Investimentos
e taxas de juros, pois de acordo com a literatura Keynesiana, a alta na taxa média de juros
Nacionais teria relação com a diminuição do retorno esperado em investimento estrangeiro, e
vice-versa – será abordado na metodologia adiante (Keynes, 1936).
Em resumo: a hipótese se pautará em validar que sucessivos aumentos de Investimento
estrangeiro direto estejam associados ao desenvolvimento em termos de produto em
economias crescentes – aumentos estes, motivados principalmente pelas expectativas
associadas a essas economias com alto valor potencial. Sendo a taxa de juros uma variável
determinante do investimento, mas que para fins de evitar problemas na regressão, não serão
incluídas no modelo econométrico – a discrepância entre valores da taxa de juros para produto
e investimento podem prejudicar o modelo, e ao invés de adequar as mesmas, optou-se por
não incluí-la.

3 METODOLOGIA

3.1 Fonte de dados e tratamento

Os dados utilizados para o relatório possuem origem do site do The World Bank em
seu acervo de indicadores, ou seja, os dados foram colhidos diretamente do Banco Mundial,
garantindo a integridade dos mesmos. Para seleção das variáveis, uma série temporal foi
estabelecida entre 1995 a 2012, distribuída para os 5 países (Brasil, África do Sul, China,
Rússia e Índia). Em adição, a seleção das variáveis se deu conforme alinhado a hipótese do
relatório: Produto – (GDP em $); Investimento Estrangeiro Direto (Foreign Direct Investment
em $) e Taxa de juros real (Real Interest Rate (%)). O total de observações disponíveis foi de
90, incluindo as variáveis escolhidas, o que divididas pela série temporal distribuída para cada
país (2012-1995 = 18) nos dá o valor exato respectivo aos 5 países, ou seja, determinando o
balanceamento do painel que posteriormente será empregado. Segue tabela das variáveis
utilizadas junto de seus respectivos abreviamentos:

Tabela 1 – Variáveis utilizadas para postulação do modelo econométrico


Período (anos)*
Variável Descrição Fonte

GDP PIB (Produto, valor – US$) 1995 - 2012 WDI

IED Montante do IED aplicado em determinado ano (valor – US$) 1995 - 2012 WDI

R Taxa real de juros (medida em percentual - %) 1995 - 2012 WDI


𝑅 representa a taxa de juros real (%) – ajustada pela inflação - e não será incluída no modelo,
mas servirá de respaldo a análise explanatória empregada.

3.2 Modelo Econométrico

Dado a relação das variáveis expostas na Tabela 1 e o alinhamento conforme o


referencial teórico abordado para formulação da hipótese, podemos transcrever o objetivo do
relatório para a seguinte equação (1) determinante do modelo econométrico a ser empregado:

𝑮𝑫𝑷 (𝑰𝑬𝑫) = 𝜷𝟎 + 𝜷𝟏 . 𝑰𝑬𝑫 + ℇ (1)

Em que novamente,

𝑮𝑫𝑷 representa o produto medido ao longo de um ano para cada país e nossa variável
dependente do modelo. Ou seja, esperamos que o IED seja positivamente relacionado ao
produto

𝑰𝑬𝑫 representa o Investimento Estrangeiro Direto (IED) medido a fronteira de um ano


como referência - valor em US$. Representa a variável independente de interesse do modelo.
Ou seja, nossa hipótese se pauta justamente no pressuposto que relaciona um aumento
diretamente relacionado entre IED e produto em nações em desenvolvimento.

3.3 Painel de Dados e pressupostos estatísticos do modelo

Para que seja possível a análise de fato do modelo retratado, será utilizado uma
abordagem em regressão em painel, que remete a uma técnica estatística utilizada para análise
de dados coletadas ao longo do tempo em várias unidades de análise – Neste caso será um
painel de dados dos países ao longo do tempo. Sendo possível o controle dos efeitos fixos e
aleatórios. Ou seja, ao considerar os efeitos fixos em um modelo de regressão em painel,
estamos levando em conta as diferenças específicas de cada unidade de análise (no caso, cada
estado) que não variam ao longo do tempo. E já ao considerar os efeitos aleatórios em um
modelo de regressão em painel, estamos assumindo que as diferenças entre as unidades de
análise são aleatórias e seguem uma distribuição normal. Nesse caso, os efeitos individuais
específicos de cada unidade são estimados como termos de erro aleatório no modelo. Além do
mais, será aplicado estimações por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para dados em
painel (pooled OLS) - em que não se considera heterogeneidade individual das unidades de
painel, tratando os dados como um único conjunto "empilhado" (pooled).
Em sequência a estimação por MQO, será aplicado o teste de Breusch-Pagan para
verificar a presença de homoscedasticidade dos resíduos. Para a determinação do modelo em
painel mais adequado (fixo, aleatório ou MQO), será empregado o Teste de Hausman, Teste F
e Teste de Lagrange Multiplicador (LM) para Efeitos Aleatórios.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Análise descritiva

A seção adiante será dedicada ao aprofundamento em relação as variáveis dispostas no


modelo econométrico. Como se comportam, suas medidas de centralidade mais relevantes,
gráficos que demonstram sua variabilidade ao longo do tempo e interpretação de Outliers -
caso estejam presentes.

4.1.1 Medidas de centralidade

Em relação as medidas de centralidade, optou-se por subdividir as medidas em torno


cinco tabelas que expressem os valores individuais para cada país em respeito a média e ao
desvio padrão sobre as variáveis que compõem o modelo. Isolando assim, caraterísticas
individuais que poderiam vir a distorcer os valores em caso agregado – extensão territorial,
população e variáveis internas políticas.

Tabela 2 – Medidas de centralidade - Brasil

Variável Descrição (1995 – 2012) Desvio padrão (𝝈) Média (µ)

GDP PIB (Produto, valor – US$) $665.246.352.792,86 $1.164.917.721.579,08

Montante do IED aplicado (valor –


IED $1.0275.112.006,64 $7.584.490.350,87
US$)

Taxa real de juros (medida em


R 14,94% 47,75%
percentual - %)
Da tabela que relaciona as medidas em torno do Brasil, podemos observar primeiramente, um
alto valor médio em relação a taxa de juros real, 47,75% – conforme alinhado, é a taxa
ajustada pela inflação, ou seja, as altas taxas podem ser reflexo das instabilidades geradas pelo
descontrole inflacionário sofrido pelo Brasil ao longo dos anos 90 – o que, segundo o próprio
glossário do de World Bank, pode relacionar a uma diminuição das expectativas em
investimento. O que pode ser visto dado a média de 7.5 bilhões destinados ao IED, sendo que
em países como a China, a média se manteve na casa dos 21 bilhões, tão qual Rússia: 22 bi.
Mas de certa forma, o Produto interno teve uma média que superou a casa do 1 trilhão – sendo
essa rompida em 2006. Acompanhada de um desvio padrão de 600 bilhões e que
posteriormente será analisada em um gráfico que correlaciona as seguidas expansões do
produto.

Tabela 3 – Medidas de centralidade - China

Variável Descrição (1995 – 2012) Desvio padrão (𝝈) Média (µ)

GDP PIB (Produto, valor – US$) $2.370.572.841.339,56 $2.931.954.595.942,81

Montante do IED aplicado (valor –


IED $21.655.760.132,16 $21.124.954.928,19
US$)

Taxa real de juros (medida em


R 3,1% 2,49%
percentual - %)

Em relação a China, o que se destaca é o Produto em si, marcado por uma média que
quase bate a casa dos 3 trilhões (US$), e justificado pelo alto desvio padrão de 2.3 trilhões.
Muito em causa por daquilo que se justifica na literatura e que é observável em relação a
China, ou seja, suas grandes e constantes expansões no passar do atual século. Em que
demonstra uma taxa de juros real relativamente controlada, 2,49%. E altos recebimentos em
torno do IED, 21 bilhões.

Tabela 4 – Medidas de centralidade - Rússia

Variável Descrição (1995 – 2012) Desvio padrão (𝝈) Média (µ)

GDP PIB (Produto, valor – US$) $635.761.699.120,87 $850.471.048.086,81

Montante do IED aplicado (valor –


IED $22.640.372.027,46 $ 22.265.695.000,00
US$)
Taxa real de juros (medida em
R 10,91% 0,63%
percentual - %)

Já em relação a Rússia, o grande destaque se dá em torno da variabilidade da taxa de


juros, 10,91% – o que pode relacionar a instabilidade política sofrida pela nação ao longo dos
anos 90. Mas que neste caso, mesmo com alta variabilidade, manteve uma constante baixa na
média da taxa, 0,63%, e que pode ser relacionado ao alto nível de investimento médio do qual
a mesma possui, cerca de 22 bilhões. Não deixando de mencionar a média 850 bilhões (US$)
em torno do produto, que veio a superar a casa do 1 trilhão em 2007, somente um ano após o
Brasil ter atingido a mesma marca.

Tabela 5 – Medidas de centralidade - Índia

Variável Descrição (1995 – 2012) Desvio padrão (𝝈) Média (µ)

GDP PIB (Produto, valor – US$) $501.486.387.141,31 $871.072.543.508,033

Montante do IED aplicado (valor –


IED $7.123.689.187,20 $6.260.065.084,47
US$)

Taxa real de juros (medida em


R 2,82% 5,30%
percentual - %)

Em relação a Índia não temos métricas que justifiquem grande atenção. Marcada pelas
taxas de juros reais dentro de um linear adequado, 5,30%, sem muita variabilidade. Um
produto médio de 871 bilhões e que veio a superar a casa do 1 trilhão em 2007. E um
investimento médio de 6.2 bilhões. O que talvez justifique mais atenção, mas que não será
abordado neste relatório será o conceito per capita da Índia, ou seja, tais indicadores destoam
um pouco a observação caso considerado a população da Índia em termos dos outros países
que compõem o BRICS; muito justificado em termos do problema de redistribuição de renda
que a Nação enfrenta.
Tabela 6 – Medidas de centralidade – África do Sul

Variável Descrição (1995 – 2012) Desvio padrão (𝝈) Média (µ)

GDP PIB (Produto, valor – US$) $107.181.671.807,08 $253.288.728.224,75

Montante do IED aplicado (valor –


IED $2.002.677.495,52 $1.049.891.671,79
US$)

Taxa real de juros (medida em


R 2,82% 5,30%
percentual - %)

A África do Sul foi o país que por último adentrou o bloco (2010), e está marcado pelo
fato de possuir indicadores mais ‘tímidos’, mas que não deixam de agregar a análise em
painéis, resguardado as devidas características individuais de um país que compõem o
continente Africano.

4.1.2 Análise gráfica

A seguinte seção se preocupará em observar as variações gráficas decorrentes as três


variáveis (dependentes, independentes e relacionada) que compõem o modelo, ou seja, como
o Produto (GDP), o Investimento Estrangeiro Direto (IED) e a Taxa de juros real (R) se
comportam em detrimento da série temporal (1995 – 2012) para cada uma das nações que
compõem o bloco.

Gráfico 1 – Variação do GDP (em trilhões de US$)


Em relação ao gráfico 1 podemos dar destaque a alguns pontos: a alta variação,
constante e positiva do Produto Chinês que pôde ser observado em detrimento do seu alto
Desvio padrão em torno da média (cerca de 2.3 trilhões). Também há de se observar uma
constante elevação do produto em detrimento dos outros países – Índia, Rússia e Brasil – a
partir do ano de 2002 e que se estendeu até 2012 e corrigido pelas crises de 2008. As causas
podem estar relacionadas ao "boom das commodities" relacionado ao período, ao constante
aumento do Investimento que será abordado adiante e estimulação ao consumo em detrimento
da relação keynesiana já abordada. A África do Sul manteve uma evolução sobre o Produto,
mas de certa forma em menor escala em relação as outras Nações.

Gráfico 2 – Variação do IED (em bilhões de US$)

Fonte: Elaborado pelo autor

Em relação ao Investimento Direto, é possível ver que há um certo padrão de


correlação entre o aumento do IED em função do Produto conforme exposto no Gráfico 1.
Porém, em função da crise de 2008, também podemos observar aquilo que já foi
anteriormente apontado na Introdução: a alta variabilidade e sensibilidade do Investimento,
em caso especial ao Brasil que sofreu uma redução significativa no exato período. O que não
é observado no caso da Rússia e China, que mantiveram crescimentos mais que proporcionais
em termos de IED sobre o produto
Gráfico 3 – Variação da Taxa real de juros (em decimal)

Fonte: Elaborado pelo autor

Em relação a taxa de juros analisamos o padrão esperado para variável de controle, ou


seja, o decaimento com o passar dos anos. Motivado conforme também já exposto, a expansão
das barreiras comerciais e atrelado ao estímulo constante a Demanda Agregada. As
distorções, conforme o período que remete a crise de 2008 refletem as mudanças de políticas
fiscais em função do controle a pressão inflacionária do período.
Uma única observação em específica são as altas taxas de juros reais no Brasil. Em
que uma das explicações para tal: são as grandes ondas inflacionárias sofridas ao longo dos
anos 90 conforme já exposto. E assim, a taxa real computa essas diferenças entre taxa nominal
exógena e níveis de preço.

4.1.3 Box Plot – Uma breve análise em relação ao caso Chinês

A análise via Box Plot é vista pela literatura como forma usual de identificação de
Outliers para posterior tratamento destes, afim de evitar confusão em termos de regressão.
Não será aprofundado o debate acerca do tema para o relatório em detrimento da
confiabilidade dos dados utilizados (World Bank Indicators) e por serem dados reais, ou seja,
partiremos do pressuposto de que não se tratam de erros de pesquisa, e sim, funções reais que
apenas se destoam das medianas do bloco:
Gráfico 4 – Box plot – IED, GDP e R (Agregado dos países entre 1995 a 2012).

Fonte: Elaborado pelo autor

Ou seja, conforme analisado no gráfico 4 e em conjunto as análises gráficas anteriores,


dois casos devem ser especificados para que fique claro a presença de Outliers.
Tanto para IED quanto GDP, afirmamos que os dados que destoam da mediana fazem
referência ao caso Chinês e suas constantes expansões mais que proporcionais quando tidas
em comparação aos outros países que compõem o BRICS.
Já em relação a taxa de juros real, a especificação dos valores destoantes faz referência
as taxas de juros do Brasil refletidas ao longo dos anos 90. Justificadas pela pressão
inflacionária do período e que acabam por computadas pelo indicador – em que, novamente, a
taxa de juros real computa a inflação a taxa nominal.

4.1 RESULTADOS

Para que fosse possível a adequação ao modelo para a regressão em painéis,


primeiramente foi necessário a adequação para que cada país pudesse ser contabilizado como
uma unidade específica, ou seja, dado as 90 observações, cada país precisou ter sua própria
característica como ‘Factor’ no software R – totalizando 5 unidades específicas. E a
adequação se deu através do seguinte código: dados1$Pais<- factor(dados1$País).
Após a adequação, foram determinados os resultados do modelo em dados em painel,
a partir do modelo econométrico (equação 1), foram estimados sequencialmente, o modelo de
dados agrupados por MQO (OLS), o modelo de efeitos aleatórios e o modelo de efeitos fixos,
seguindo os seguintes códigos no R:

• Regressão com painel simples


reg <- plm(GDP ~ IED, data = dados.p, model = "pooling")
summary(reg)
• Regressão com efeitos fixos
ef_fixos <- plm(GDP ~ IED, data = dados.p, model = "within")
summary(ef_fixos)
• Regressão com efeitos aleatórios
ef_aleatoria <- plm(GDP ~ IED, data = dados.p, model = "random")
summary(ef_aleatoria)

A partir da obtenção dos resultados, foi aplicado o teste de Breusch-Pagan para


verificar a presença de homoscedasticidade dos resíduos para estimação MQO, e os seguintes
testes para verificar qual modelo em painel é o mais adequado: Teste de Hausman, Teste F e
Teste de Lagrange Multiplicador (LM) para Efeitos Aleatórios. Estando os resultados
compilados conforme a tabela (7) seguindo os códigos utilizados para os testes:

• Teste de Lagrange Multiplicador (LM)


plmtest(reg)
• Teste F
pFtest(ef_fixos, reg)
• Teste de Hausman
phtest(ef_fixos, ef_aleatoria)
• Homecedasticidade
bptest(reg)
Tabela 7 – Resultados das estimações realizadas para o modelo em dados em painel

Variáveis Dados Empilhados (MQO) Efeito Aleatório Efeito Fixo

Coeficientes
IED 61.97 ** 60.0516*** 59.95***
(0.00000000000003) (0.0000000000002) (0.00000000000002)
Cons (Intercepto) 491.883.761.938,46*** 514.318.480.206,16***
(0.0002) (0.2048)
R2 0.53155 0.6051 0.60987
Breusch Pagan
(p-value) 0.000000004387%
Teste de Lagrange
Multiplicador (LM)
0.0000000000000002%
para Efeitos
Aleatórios
Teste F (p-value) 0.000000001856%
Teste de Hausman
0.8982
(p-value)
Fonte: Elaborado pelo autor.

Primeiramente em relação aos dados apontados, consideremos que para a estimação


MQO, tivemos valores significativos para considerarmos o modelo (>p-value) a 1% de
significância. Mas, em relação ao teste Breusch Pagan aplicado, rejeitamos a hipótese nula
(H0) de homoscedasticidade, ou seja, isso indica que heterocedasticidade está presente nos
resíduos da regressão, apontando que possivelmente o modelo não se adequa. Em relação aos
coeficientes, em relação ao MQO podemos visualizar por meio de R2 que o modelo expresso
pode determinar que a variável independente, IED, explica em até 53% a dependente, GDP.
Mas, para que fosse possível determinar qual modelo é de fato mais adequado, foram
realizados os testes: LM, F e Hausman para tal determinação. De acordo com os resultados, e
aqui estabeleceremos 1% de significância padrão, rejeitamos primeiramente a hipótese nula
associada ao teste LM (0,0000000002%), ou seja, em comparação ao modelo em MQO com o
efeito aleatório, assumimos de há efeitos individuais significativos a serem considerados no
modelo. Em relação ao teste F, em que colocamos a estimação em MQO frente os efeitos
fixos, também rejeitamos a hipótese nula que considera a estimação simples como mais
adequada, assumindo que o efeito mais adequado considera efeitos individuais fixos. E por
fim, aplicamos o Teste de Hausman para determinação em qual painel optar, fixo ou
aleatórios. Aqui, a hipótese nula (H0) sugere de que ambos painéis são adequados, e conforme
o valor calculado conforme a Tabela (7) – 0,8982 – há fortes evidências para não rejeitarmos
a mesma, e assim, cabe a parcimônia para decisão em qual modelo optar, em que será
abordado adiante.
Pois bem, ao início do relatório foi discutido que uma das motivações para o emprego
da metodologia em painéis foi justamente as diferenças significativas não capturadas entre
países, aqui consideremos: Política estrutural, distribuição de renda e dentre outras questões
individuais. Dado isso, consideraremos o painel com efeitos fixos como padrão de resposta a
nossa hipótese, pelo fato de justamente ser possível controlar as diferenças fixas entre países.
Sendo assim, e tendo o painel fixo como suporte, iniciamos a discussão em torno dos
resultados assumindo que o modelo explica a variável dependente – GDP, em até 60,987%,
ou seja, temos uma relação significativamente forte entre Investimento Estrangeiro Direto e
Produto. Tal hipótese é validada dado o p-value quase próximo a zero, rejeitando assim, a
hipótese nula (H0) de que não há evidências que comprovem a influência do IED sobre o
Produto. Além disso, temos um coeficiente associado de 59.95, ou seja, dado que os valores
das observações foram expressos em dólares inteiros (US$), podemos determinar que um
incremento de uma unidade por parte do Investimento esteja associado a uma mudança em até
aproximadamente $60 no produto. A seguinte conclusão abordará as discussões em torno da
validação da hipótese inicial.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão teve como ponto de partida as ideias em torno dos constantes avanços em
termos de comércio e globalização. Nesse contexto, os países que acabam por mais sofrerem
em torno das instabilidades dos ciclos econômicos, são aqueles que buscam ultrapassar a
barreira entre subdesenvolvimento e desenvolvimento, ou seja, países emergentes, e que neste
relatório foram padronizados como integrantes do BRICS.
Nossa hipótese se estabeleceu em provar, em termos estatísticos, de que o
Investimento Estrangeiro Direto seria um componente de forte influência sobre o produto
destes países – e aqui podemos considerar uma análise de curto prazo dado a moderada
rigidez dos preços. A mesma foi validada, e numa proporção mais que esperada (R2 =
60,987% e β1 = 59.95) inclusive. Nesse sentido, podemos levar um pouco adiante nossa
análise por considerarmos aquilo que foi determinado por Keynes como efeito multiplicador
(1/1-b) – sendo ‘b’, a propensão marginal ao consumo. A devida dependência entre as
variáveis do modelo e o tamanho da proporção, refletem aquilo que pode ser visto como
grande influência em períodos de recessões em economias em desenvolvimento, ou seja, e
aqui utilizaremos a crise de 2008 como reflexo disso. Utilizando o gráfico (1) e (2) como
métrica, percebemos como no caso brasileiro e até mesmo Russo, uma grande retirada de
investimento esteve diretamente associado a uma contração direta do PIB. Derrocada esta,
não tão proporcional como no caso Chinês, muito em detrimento de já compor um país mais
estabilizado em termos de fluxo circular.
Ou seja, concluímos que, a variável IED de fato compõem uma variável de extrema
importância quando considerada em economias em desenvolvimento, e sendo essa uma
variável suscitava a um alto desvio padrão e sensibilidade, deve ser tida com devida seriedade
para que os pressupostos de Renda e Produto de equilíbrio sejam de fato atendidas, e caso
variem, políticas de controle fiscal e monetária devem ser consideradas para o também
equilíbrio entre injeções e vazamentos do fluxo.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KEYNES, J. M. (1936). Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. [Título original em


inglês: The General Theory of Employment, Interest and Money].

FROYEN, R. T. (ano). Macroeconomia: Teorias e Aplicações - 2ª edição. SARAIVA. p. 70-


165

KRUGAMAN, P., OBSTFELD, M., & MELITZ, M. (2018). Economia Internacional - 10ª
edição. Editora Pearson.

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