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CURITIBA
2023
1 INTRODUÇÃO
Conforme a estrutura mundial passou por diversas reformulações durante o século XX,
a institucionalização da Economia e a diminuição de barreiras comerciais prevaleceram como
forte direcionamento a rede integrada do qual possuímos atualmente. Guiada por suas
inovações tecnológicas, constante superação das fronteiras, mobilidade dos fatores e ganhos
em economia escala; integrações econômicas surgiram como forma de otimizar os ganhos
entre as nações em termos de oportunidade (Krugman et al., 2018).
Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do sul) surgiram das motivações
anteriormente apontadas, com o caráter especial de ainda serem nascentes (2006) e não
integralizarem zonas de livre comércio formal. Mas promoverem, principalmente, a
cooperação e a coordenação entre suas economias emergentes. Sendo assim, a função dos
BRICS é promover a cooperação econômica, política e cultural entre os países-membros.
É justamente a partir do caráter emergente dos BRICS que o relatório se pautará em
explorar fatores determinantes dessas economias ao passar do tempo. Não se restringindo a
fronteira temporal da criação do bloco, mas pautando a análise no caráter macroeconômico de
cada uma dessas. Em como fatores determinantes e comuns entre esses se relacionam e se
justificam.
Sendo assim, a abordagem macroeconômica que será empregada para a posterior
formulação do modelo econométrico será a Keynesiana. Em especial, a lógica de equilíbrio do
produto diretamente relacionada a demanda agregada (Y = DA = C + I + G + NX) - tendo a
demanda como componente mais instável, o Investimento (Froyen, 2018).
E é justo essa lógica que será abordada na postulação do modelo teórico, ou seja, o
relatório terá por fim, explorar a relação direta entre Investimento Estrangeiro Direto (IED) a
produção dos países que compõem os BRICS.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Conforme relatado na Introdução, o relatório não terá por objetivo em específico retratar
questões políticas relacionadas ao BRICS. Aqui, a conjuntura do bloco é utilizada apenas
como “métrica” de países que compõem a zona do desenvolvimento. Ou seja, por mais que
existam outros países que possam abranger o mesmo estado de transição, a escolha do bloco
se deu através do respaldo teórico já realizado ao grupo.
E conforme também introduzido, pautaremos incialmente nossa discussão em um
contexto de relação direta entre Investimento Estrangeiro Direto (IED) sobre a determinação e
influência sobre o Produto, afinal, de acordo com a lógica Keynesiana, dado a determinação
de renda de equilíbrio (Y = DA = C + I + G + NX), choques adversos dos componentes
exógenos e determinantes da Renda (Gastos Governamentais, Impostos e Investimento),
seriam fatores cruciais às instabilidades do fluxo circular, e consequentemente, agravantes em
momentos de recessão, e conforme a literatura sobre comércio Internacional, mais que
proporcionais em países em desenvolvimento, dado a dependência a fatores externos (Froyen,
2018). Mas também, responsáveis diretos pelas expansões do produto e da capacidade
produtiva.
Aplicado o contexto, e mantido constante a influência de outras variáveis exógenas do
modelo (Gastos Gov., consumo, e exportações líquidas), sobramos com aquele que foi
determinado por Keynes, como o componente mais sensitivo as mudanças de uma nação, o
Investimento – e aqui o abordaremos como IED.
O IED, é sobretudo, determinado principalmente por dois componentes majoritários: as
expectativas dos agentes investidores e a taxa de juros, sendo essa última, inversamente
proporcional em sua relação ao investimento. E conforme o contexto que abrangemos na
introdução; a expansão da capacidade produtiva, os avanços tecnológicos, a mobilidade
internacional dos fatores de produção, e a diminuição de barreiras entre países, compuseram
um âmbito tanto Nacional, quanto Internacional, mais otimista, menos taxativo e mais
expansionista. Aliado a essa condição, agregamos as expectativas otimistas sobre os países
que compõem o BRICS – em função dos maiores ganhos em economia de escala. E é justo a
partir desses pressupostos que a hipótese do relatório será construída. Ou seja, temos respaldo
em supor que o IED está diretamente interligado a expansão do produto em países em
desenvolvimento?
Para que seja possível lidar com a validação da hipótese, utilizaremos das estratégias em
painéis de dados para determinarmos se podemos encontrar relação entre aumento do
Investimento Estrangeiro Direto no Produto em economias em desenvolvimento. E em
adição, estabeleceremos o emprego da taxa de juros para o auxílio visual e explanatório sobre
a relação anteriormente exposta. Ou seja, esperamos uma relação inversa entre Investimentos
e taxas de juros, pois de acordo com a literatura Keynesiana, a alta na taxa média de juros
Nacionais teria relação com a diminuição do retorno esperado em investimento estrangeiro, e
vice-versa – será abordado na metodologia adiante (Keynes, 1936).
Em resumo: a hipótese se pautará em validar que sucessivos aumentos de Investimento
estrangeiro direto estejam associados ao desenvolvimento em termos de produto em
economias crescentes – aumentos estes, motivados principalmente pelas expectativas
associadas a essas economias com alto valor potencial. Sendo a taxa de juros uma variável
determinante do investimento, mas que para fins de evitar problemas na regressão, não serão
incluídas no modelo econométrico – a discrepância entre valores da taxa de juros para produto
e investimento podem prejudicar o modelo, e ao invés de adequar as mesmas, optou-se por
não incluí-la.
3 METODOLOGIA
Os dados utilizados para o relatório possuem origem do site do The World Bank em
seu acervo de indicadores, ou seja, os dados foram colhidos diretamente do Banco Mundial,
garantindo a integridade dos mesmos. Para seleção das variáveis, uma série temporal foi
estabelecida entre 1995 a 2012, distribuída para os 5 países (Brasil, África do Sul, China,
Rússia e Índia). Em adição, a seleção das variáveis se deu conforme alinhado a hipótese do
relatório: Produto – (GDP em $); Investimento Estrangeiro Direto (Foreign Direct Investment
em $) e Taxa de juros real (Real Interest Rate (%)). O total de observações disponíveis foi de
90, incluindo as variáveis escolhidas, o que divididas pela série temporal distribuída para cada
país (2012-1995 = 18) nos dá o valor exato respectivo aos 5 países, ou seja, determinando o
balanceamento do painel que posteriormente será empregado. Segue tabela das variáveis
utilizadas junto de seus respectivos abreviamentos:
IED Montante do IED aplicado em determinado ano (valor – US$) 1995 - 2012 WDI
Em que novamente,
𝑮𝑫𝑷 representa o produto medido ao longo de um ano para cada país e nossa variável
dependente do modelo. Ou seja, esperamos que o IED seja positivamente relacionado ao
produto
Para que seja possível a análise de fato do modelo retratado, será utilizado uma
abordagem em regressão em painel, que remete a uma técnica estatística utilizada para análise
de dados coletadas ao longo do tempo em várias unidades de análise – Neste caso será um
painel de dados dos países ao longo do tempo. Sendo possível o controle dos efeitos fixos e
aleatórios. Ou seja, ao considerar os efeitos fixos em um modelo de regressão em painel,
estamos levando em conta as diferenças específicas de cada unidade de análise (no caso, cada
estado) que não variam ao longo do tempo. E já ao considerar os efeitos aleatórios em um
modelo de regressão em painel, estamos assumindo que as diferenças entre as unidades de
análise são aleatórias e seguem uma distribuição normal. Nesse caso, os efeitos individuais
específicos de cada unidade são estimados como termos de erro aleatório no modelo. Além do
mais, será aplicado estimações por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para dados em
painel (pooled OLS) - em que não se considera heterogeneidade individual das unidades de
painel, tratando os dados como um único conjunto "empilhado" (pooled).
Em sequência a estimação por MQO, será aplicado o teste de Breusch-Pagan para
verificar a presença de homoscedasticidade dos resíduos. Para a determinação do modelo em
painel mais adequado (fixo, aleatório ou MQO), será empregado o Teste de Hausman, Teste F
e Teste de Lagrange Multiplicador (LM) para Efeitos Aleatórios.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em relação a China, o que se destaca é o Produto em si, marcado por uma média que
quase bate a casa dos 3 trilhões (US$), e justificado pelo alto desvio padrão de 2.3 trilhões.
Muito em causa por daquilo que se justifica na literatura e que é observável em relação a
China, ou seja, suas grandes e constantes expansões no passar do atual século. Em que
demonstra uma taxa de juros real relativamente controlada, 2,49%. E altos recebimentos em
torno do IED, 21 bilhões.
Em relação a Índia não temos métricas que justifiquem grande atenção. Marcada pelas
taxas de juros reais dentro de um linear adequado, 5,30%, sem muita variabilidade. Um
produto médio de 871 bilhões e que veio a superar a casa do 1 trilhão em 2007. E um
investimento médio de 6.2 bilhões. O que talvez justifique mais atenção, mas que não será
abordado neste relatório será o conceito per capita da Índia, ou seja, tais indicadores destoam
um pouco a observação caso considerado a população da Índia em termos dos outros países
que compõem o BRICS; muito justificado em termos do problema de redistribuição de renda
que a Nação enfrenta.
Tabela 6 – Medidas de centralidade – África do Sul
A África do Sul foi o país que por último adentrou o bloco (2010), e está marcado pelo
fato de possuir indicadores mais ‘tímidos’, mas que não deixam de agregar a análise em
painéis, resguardado as devidas características individuais de um país que compõem o
continente Africano.
A análise via Box Plot é vista pela literatura como forma usual de identificação de
Outliers para posterior tratamento destes, afim de evitar confusão em termos de regressão.
Não será aprofundado o debate acerca do tema para o relatório em detrimento da
confiabilidade dos dados utilizados (World Bank Indicators) e por serem dados reais, ou seja,
partiremos do pressuposto de que não se tratam de erros de pesquisa, e sim, funções reais que
apenas se destoam das medianas do bloco:
Gráfico 4 – Box plot – IED, GDP e R (Agregado dos países entre 1995 a 2012).
4.1 RESULTADOS
Coeficientes
IED 61.97 ** 60.0516*** 59.95***
(0.00000000000003) (0.0000000000002) (0.00000000000002)
Cons (Intercepto) 491.883.761.938,46*** 514.318.480.206,16***
(0.0002) (0.2048)
R2 0.53155 0.6051 0.60987
Breusch Pagan
(p-value) 0.000000004387%
Teste de Lagrange
Multiplicador (LM)
0.0000000000000002%
para Efeitos
Aleatórios
Teste F (p-value) 0.000000001856%
Teste de Hausman
0.8982
(p-value)
Fonte: Elaborado pelo autor.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discussão teve como ponto de partida as ideias em torno dos constantes avanços em
termos de comércio e globalização. Nesse contexto, os países que acabam por mais sofrerem
em torno das instabilidades dos ciclos econômicos, são aqueles que buscam ultrapassar a
barreira entre subdesenvolvimento e desenvolvimento, ou seja, países emergentes, e que neste
relatório foram padronizados como integrantes do BRICS.
Nossa hipótese se estabeleceu em provar, em termos estatísticos, de que o
Investimento Estrangeiro Direto seria um componente de forte influência sobre o produto
destes países – e aqui podemos considerar uma análise de curto prazo dado a moderada
rigidez dos preços. A mesma foi validada, e numa proporção mais que esperada (R2 =
60,987% e β1 = 59.95) inclusive. Nesse sentido, podemos levar um pouco adiante nossa
análise por considerarmos aquilo que foi determinado por Keynes como efeito multiplicador
(1/1-b) – sendo ‘b’, a propensão marginal ao consumo. A devida dependência entre as
variáveis do modelo e o tamanho da proporção, refletem aquilo que pode ser visto como
grande influência em períodos de recessões em economias em desenvolvimento, ou seja, e
aqui utilizaremos a crise de 2008 como reflexo disso. Utilizando o gráfico (1) e (2) como
métrica, percebemos como no caso brasileiro e até mesmo Russo, uma grande retirada de
investimento esteve diretamente associado a uma contração direta do PIB. Derrocada esta,
não tão proporcional como no caso Chinês, muito em detrimento de já compor um país mais
estabilizado em termos de fluxo circular.
Ou seja, concluímos que, a variável IED de fato compõem uma variável de extrema
importância quando considerada em economias em desenvolvimento, e sendo essa uma
variável suscitava a um alto desvio padrão e sensibilidade, deve ser tida com devida seriedade
para que os pressupostos de Renda e Produto de equilíbrio sejam de fato atendidas, e caso
variem, políticas de controle fiscal e monetária devem ser consideradas para o também
equilíbrio entre injeções e vazamentos do fluxo.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KRUGAMAN, P., OBSTFELD, M., & MELITZ, M. (2018). Economia Internacional - 10ª
edição. Editora Pearson.