Você está na página 1de 93

CURSO: Direito 1º Ano

DISCIPLINA: Direito
das Organizações
Internacionais – D.O.I
Aula do dia 11 de Abril 2022.

Sumário: A participação nas O.Is


 Aquisição da qualidade de membro;
 Direitos e deveres dos membros;
 A cessação da qualidade de membro;
Afetação dos direitos dos membros;
Graus de participação como membro.
Nota introdutória

• A criação das OIGs é uma decisão dos Estados, que delimitam


sua área de atuação inicial. As grandes potências têm um papel
crucial nesse processo;
• As OIGs são ao mesmo tempo atores centrais do sistema
internacional, fóruns onde ideias circulam, se legitimam,
adquirem raízes e também desaparecem, e mecanismos de
cooperação entre Estados e outros atores;
Continuação

•As OIGs são atores, uma vez que adquirem relativa autonomia em relação aos
Estados-membro, e elaboram políticas e projetos próprios, além de poderem
ter personalidade jurídica, de acordo com o direito internacional público;

•O surgimento de novos Estados soberanos, tendo como raíz o processo de


descolonização, realiza-se no contexto de proliferação das OIGs. Hoje, o
ritual de inserção de um novo país na comunidade internacional tem como
foco sua incorporação à ONU.
o A aquisição da qualidade de membro.

• Tornar membro de uma O.I, a condição sine-quanone é de ser


um Estado soberano, reconhecido internacionalmente;
• Enquanto Estado soberano, cria-se assim, um ambiente
propício à expectativa de reciprocidade, e o próprio
autointeresse dos Estados que conduzirá os mesmos a
comportar-se de acordo com normas e regras do Direito
internacional.

• Com a aquisição da qualidade de membro, as OIGs


adquirirem autoridade e assim exercer poder no sistema
internacional;
• Convém realçar que, as OIGs são dependentes dos Estados
para adquirir legitimidade — se os Estados não aderem a
uma organização, ela não será um ator na arena
internacional legitimada pelo seus pares.
o Direitos e deveres dos membros

Na qualidade de sujeito internacional, beneficiando da


personalidade e a capacidade jurídica internacional as OIGs têm
direitos e deveres consignados no tratado constitutivo e outros que
surgirão em circunstâncias diversas.
Direitos das OIGs:
 A representação – ( Exemplo: CV na Assembleia Geral da
ONU);

• Direito de voto (amplamente) – O princípio de “ Um Estado um


voto”, artº 2º nº 1 da carta das Nações Unidas;
• Capacidade de celebrar tratados;
• Direito de veto (restrito);
• Delegação de poder;
• Direito a beneficiar das imunidades e privilégios diplomáticos…
Deveres das O.I.Gs

• Respeito pelas normas do Direito Internacional;


• Dever de solicitar aos Estados o “ Accord de siège”;
• Dever de comunicar com os Estados-membros;
• Dever de cumprir a essência da sua finalidade;
• Dever de proteger os seus funcionários;
• Dever de cooperação, colaboração com outros sujeitos do Direito
internacional…
o A cessação da qualidade de membro.

• Esta temática leva-nos para uma questão internacional


a saber : “ A responsabilidade internacional do Estado”;
• A responsabilidade internacional ocorre como uma
consequência da violação de uma obrigação
internacional que representa um ato internacionalmente
ilícito, por ação ou por omissão;

• Perante a violação de uma obrigação internacional, teremos


dois tipos de consequências: Cessar o comportamento
ilícito e a reparação dos danos causados;
• É importante frisar que no início do século XX, até hoje
pouco se fala da cessação da qualidade de membros mas
sim da suspensão temporária da qualidade de membros.
Suspensão da qualidade de membro:
Alguns casos.
• Mali : Suspenso das Instituições da CEDEAO após o golpe
militar ( 31 de Maio, 2021);
• Guiné-Bissau : Suspenso das Instituições da CEDEAO após o
resultado turbulento das eleições presidências de 2015;
• Rússia: A Assembleia Geral da ONU decidiu-se no dia 07-04-
2022, suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da
ONU.
Suspensão da Rússia do Conselho de Segurança
da ONU: Utopia ou futura realidade?

• O Presidente Ucraniano pediu aos Estados - membros


da ONU que expulsem a Rússia do CS da ONU.
• Para alguns cientistas políticos, a expulsão da Rússia
do C.S da ONU significaria o próprio fim das Nações
Unidas.
o Graus de participação como
membro
Analisando os graus de participação dos Estados-
membros numa organização, debruçam sobre a
participação: política; Jurídica; financeira; económica;
Bélica dos Estados em várias O.I.Gs.

TRABALHAR EM GRUPO DE 4/5 elementos


BIBLIOGRAFIA

Herz, Mônica Organizações Internacionais:


história e práticas / Mônica Herz, Andrea
Ribeiro Hoffman. — Rio de Janeiro: Elsevier,
2004.
Aula do dia 25/04/2022

SUMÁRIO - O estatuto jurídico das O.I :


Soberania versus Personalidade jurídica.
Nota introdutória

 Enquanto sujeitos do Direito internacional, a relação entre


os Estados e as O.I não poderá ser vista da mesma forma, no
direito interno como do direito internacional;
 Apesar de durante muito tempo a teoria só ter reconhecido
os Estados como sujeitos de direito internacional, a questão
está hoje superada. As organizações internacionais também o
são. E não parece que haja muito quem o conteste;
Continuação

 Contudo, os Estados não deixam de ser considerados os sujeitos primários de


direito internacional. As organizações internacionais seriam, pois, sujeitos
secundários;
 O problema coloca-se hoje em relação às pessoas (e às próprias empresas).
Pode pensar-se que deveriam ser as pessoas os sujeitos primários. E invocar os
Direitos Humanos. Porém, os ramos do direito têm especialidades... Não chega
um humanismo de base para reequacionar os critérios mais clássicos. Questões
a discutir, sem dúvida... Há quem fale, por exemplo, em sujeitos “contestados”.
OBS:
Hoje, fala-se de um Direito Constitucional de algumas
organizações,como a ONU ou a União Europeia. Como afirma
alguns autores a investigação‘constitucional’ das organizações
internacionais consiste em desmontar o seu mecanismo, em
examinar a sua autonomia. (...) Segundo Paul Reuter e Jean
Combacau, são três os elementos que melhor caracterizam a
fisionomia constitucional de cada organização: a participação
dos Estados, a estrutura orgânica, os meios de ação”.
1. A distinção entre Soberania e a Personalidade
jurídica.
 Uma coisa é a Soberania outra coisa é a Personalidade
Jurídica. Podem dissociar-se. Nem só quem alegadamente tem
a primeira possuirá a segunda;
 Foi no entanto com o parecer de 11 de abril de 1949 da Corte
Internacional de Justiça – Reparação de danos ao serviço da
ONU. Foi o caso decorrente do Assassinato do Conde
Bernardotte, mediador na Palestina do conflito Israelo-árabe.

• O Parecer em causa reconhece a personalidade jurídica


objetiva, oponível a todos os Estados, sejam eles ou
não membros da ONU;
• A personalidade jurídica das O.I é reconhecida
internacionalmente com o carácter ERGA HOMNES
2. Personalidade, especialidade e competências
das O.I: Alguns conceitos Técnico-jurídico.
oA personalidade jurídica objetiva de organizações internacionais
como a ONU, independente dados estados seus fundadores ou a
ela aderentes, não se pode dizer que tenha limitações, mas tem
especificidades;
oPersonalidade Funcional – A personalidade de cada organização
internacional é reconhecida pela função que a organização
exerce, estando assim modulada pelo Princípio da Especialidade.

• Cada organização internacional pode apenas agir com vista aos fins
para que foi instituída. Embora também existam Competências
Implícitas – decorrentes dos fins estabelecidos no seu ato instituidor.
Sem as quais ela não conseguiria prosseguir tais fins;
• Em Direito Internacional Público, o princípio das Competências
Implícitas... Já que ele vem sendo adotado pelo Supremo Tribunal
de Justiça) dos EUA fala em implied powers, poderes implícitos.
2.1- Vida das organizações Internacionais.
O Direito Interno.
• Estado vs Sociedade: Uma distinção importante a fazer é entre Organizações
Internacionaisde raiz estadual, criadas pelos Estados, e Organizações
internacionais que são ONGs (organizações não governamentais), ou afins;
• Há uma multiplicidade de competências das Organizações Internacionais,
assim como se verifica a sua proliferação. Essas competências são exercidas
pelos seus órgãose agentes. Produzem elas mesmas um direito derivado,
como ao nível nacional as pessoas morais, coletivas ou corporações.
2.2. Competências das O.I

 O elemento mais expressivo da personalidade jurídica de uma organização


internacional é a sua competência para celebrar tratados; que poderá dividir-se
em competências materiais e normativas.
Dentro do parâmetro da competência para celebrar tratados, teremos:
 Tratado de acordo de sede;
 Representação ( os funcionários das OI têm direitos semelhantes aos do corpo
diplomático;
Garantias (A própria organização internacional goza de uma certa forma de
imunidade, em princípio).
3- Análise do Caso

Barcelona Traction
Aula do dia 02/05/2022

SUMÁRIO: Os órgãos das Organizações


Internacionais
 A classificação desses órgãos;
 Tipos de órgãos existente a no seio das O.I.
NOTA INTRODUTÓRIA

• Analisar a estrutura de uma entidade (Estado, O.I…) é falar


em primeiro lugar dos seus órgãos, e dos seus elementos
humanos;
• O esquema geral dos órgãos das O.I compreende dois órgãos
deliberativos, formados por representantes dos Estados e um
órgão executivo, formado por funcionários internacionais, o
secretariado;

• Ao lado destes, temos órgão de gestão, fiscalização da


atividade, órgão financeiro, órgão consultivo,
designadamente o chamado de conselho;
• As organizações Internacionais podem ter também
órgãos subsidiários, com competência especializada.
1- Classificação dos órgãos internacionais.
 Levando em consideração a O.I reconhecida
internacionalmente, com uma vaga experiência, a ONU tem
como órgãos centrais: Assembleia Geral, Conselho de
Segurança, Conselho Econômico e Social, Conselho de
Tutela, Corte (ou Tribunal) Internacional de Justiça e
Secretariado;
 Tem havido um conjunto inumerável de programas e órgãos
subsidiários. Enumeremos alguns: Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), PMA, PNUD,
UNICEF, FAO. Temos também várias comissões
2- Os órgãos políticos

a) Órgãos Plenários: ASSEMBLEIA GERAL - É o órgão


formado por todos os membros da organização, que reúne
em princípio numa única sessão anual, e cuja função
deliberativa geral é completada pela fiscalização da
atividade de outros órgãos. A assembleia geral não é órgão
permanente, reunindo-se ordinariamente uma vez por ano.
Continuação

b) Órgãos não plenários: Destacando aqui, o


Secretariado, que normalmente é dirigido por um
Secretário-Geral. Mas os restantes órgãos sãos
colegiais, de forma que o apuramento da sua
vontade implica uma votação.
3- Órgãos consultivos e de supervisão

• Órgãos parlamentares: Modelo de parlamentos


existente nas O.I Exemplo: PE…

• Órgãos judiciais: TIJ; TJCE; TJ da CEDEAO…


O TIJ é o Principal órgão jurisdicional da ONU e Órgão de solução de
Controvérsias.
Aula do dia 16/05/2022

SUMÁRIO: Os funcionários Internacionais


• Designação
• Qualificações
• Distribuição geográfica
• Estatuto.
Nota Introdutória

 A espinha dorsal de qualquer OI é o funcionalismo, o staff


permanente que trabalha para ela;
O serviço do funcionalismo é semelhante ao funcionalismo a nível
interno, quanto aos seus propósitos e quanto à sua estrutura, embora
haja diferenças importantes;
Traços marcantes: composição frequentemente multinacional e
lealdades divididas.
1- Conceito: Agente Internacional

«Qualquer pessoa, funcionário remunerado ou não, empregado ou


não a título permanente, que tenha sido incumbido por um órgão de
uma OI de exercer ou de colaborar no exercício de uma das funções
desta- portanto qualquer pessoa através da qual a Organização age.
OBS: Noção fornecida pelo TIJ no seu parecer de 11 de Abril de
1949
Continuação.

A referida noção abrange:


Agentes da Função Pública internacional;

Personalidades com estatuto diverso;

Membros das jurisdições ligadas à OI;

Membros das Forças Armadas nacionais postas à disposição da OI ;

Agentes diplomáticos incumbidos de missões de conciliação ou de
bons ofícios;

Consultores ou peritos.
1.1- Distinção entre os agentes internacionais

• Agentes internacionais integrados nos quadros da OI, em regime


de exclusividade ou, que prestam serviço com regularidade;

• Agentes que prestam serviços nas jurisdições a título permanente;

• Agentes recrutados para tarefas especificas temporariamente.


2- Os funcionários Internacionais

São os agentes que se consagram à OI de forma


contínua e exclusiva por força de um vínculo
contratual que os integra numa estrutura
hierarquizada e que obedecem a um determinado
estatuto.
2.1 - Designação

• Via de regra designação pelos Secretários-Gerais;


• Os secretários-gerais, secretários-gerais adjuntos e diretores-
gerais são em regra eleitos pelo Plenário, pelo órgão de
direção ( OIT, artigo 8º, FMI, artigo 12º , secção IV) ou pelo
órgão plenário e pelo órgão deliberativo restrito;
• Normalmente a eleição por um período determinado;

• A maior parte das OI é livre para contratar os seus agentes, sem consultas
aos Estados membros;
• Processo de recrutamento deve ser cauteloso;
• Recrutamento deve ser feito para o escalão mais baixo e para os escalões
superiores deveria haver mobilidade por promoção;
• Todavia, pressões dos países para recrutamento externo possível,
atendendo designadamente à necessidade de boa distribuição geográfica da
origem dos agentes…
2.2- Qualificações

•Para o posto de secretário-geral exige-se um político experiente e um


administrador, aceitável para a maioria dos Estados membros;
•Exigem-se às vezes requisitos de idade e de qualificação;
Exemplo:
OPEP exige que Secretário-Geral tenha
•mais de 35 anos
•um grau académico apropriado
•15 anos de experiência.
Continuação.

Requisitos importantes

• Qualificação pessoal

• Atitude internacional

• Para os cargos profissionais ( administrativos) exige-se um grau académico;


• Muitas OI exigem uma certa experiência prática;  
• Candidatos a lugares nas OI devem ter capacidades linguísticas;
•  O requisito da nacionalidade ( certas OI requerem a contratação entre os seus
nacionais);
• Exigências para se recrutar mais mulheres;
• Certas OI promovem o ensino das línguas e de outras matérias de qualificação do
pessoal .
2.3- Distribuição geográfica

• Secretariado fica mais forte se tiver pessoas recrutadas de todos os


membros, pois assim ganha a confiança de todos;
• Muitos pactos constitutivos estabelecem normas sobre o recrutamento o
mais equitativo ou o mais alargado possível entre os Estados membros;
• Vejamos a Carta da ONU, artigo 101º; FAO , art. 8º§ 3º; OMS artigo 35;
UNESCO, art. 6º, § 4; BM, art. 5º, secção 5;
• Um problema se os Estados insistirem exageradamente na designação dos
seus nacionais.

• O princípio razoável da «distribuição equitativa de todas as regiões» pode degenerar-se


numa distribuição geral dos postos entre os membros da OI o que é condenável pelas
seguintes razões:
a)- O pessoal mais adequado nem sempre é encontrado dentro de um Estado ou de uma
região, pondo-se em causa o princípio da competência;
b)Pedidos de recrutamento de nacionais para cargos de chefia em vez da promoção de
pessoal de níveis inferiores para os cargos de chefia pode levar a ressentimentos ou à
escolha de pessoas menos capazes;
c)Os Estados nacionais têm a tendência para exacerbar as competências dos seus
nacionais, propondo-os, contra outros, mesmo que sejam menos competentes…
O que significa a «distribuição geográfica
equitativa» na prática?
• Em regra estabelece-se uma relação entre a contribuição do Estado para as
finanças da organização e o número de postos que são para os seus
membros ;
• Na ONU o sistema de «desirable ranges» usado como linha de orientação
para calcular a representação comparativa dos Estados membros
• O sistema estabelecido pela AG da ONU com base em três factores :
qualidade de membro, contribuição e população .

Algumas OI tentam mitigar as desvantagens da acentuação


excessiva do requisito da distribuição equitativa dos membros do
pessoal prevendo no pacto constitutivo ou em regulamentos o
seguinte:
• Competência e integridade são fatores a ter em primeiro
lugar ;  
• Nacionalidade vem em segundo plano.
2.4- Estatuto

Condições de trabalho
Categorias
A posição dos agentes internacionais nas diferentes organizações é muito semelhante
•  Muitos têm: interpretes, departamentos de pessoal, oficiais das conferências, etc. que
fazem trabalho semelhante;
• Assim, uma diferença grande entre eles quanto a salários e condições de serviço seria
indesejável;
• Daí a tendência entre as OI para harmonizarem as condições salariais;
 

• Sub-secretários-Gerais;
• Secretários-Gerais – Adjuntos; Diretores e Oficiais
principais;
• Oficiais Profissionais (Oficiais seniores= P5;
Primeiros Oficiais = P4; Segundos Oficiais = P3;
Oficiais associados= P2; Oficiais assistentes = P1)
Categorias do Pessoal

A. O pessoal técnico ( «Professional staff»)

• Ocupa-se da gestão, planeamento administrativo ou de pesquisa;


• Requer um nível universitário ;
• O nível mais alto do «professional staff» é o Secretário-Geral ou Diretor-
Geral;
• Na ONU três categorias de «Professional staff members» :
Outras funções a nível das O.I

Além do pessoal profissional, há o pessoal que se ocupa de


funções linguísticas, financeiras, económicas, políticas..

• As suas remunerações em geral são iguais à do pessoal


profissional, exceptuando a remuneração dos directores e
oficiais superiores.
Aula do dia 23/05/2022

SUMÁRIO: Os funcionários Internacionais –


Continuação.
 Independência, privilégios e imunidades consagrados nas
convenções Internacionais;
 Os desafios da proteção e a segurança.
1- A independência

• A independência do funcionalismo internacional,


juntamente com a imparcialidade e a lealdade =
fundamental para o funcionamento das OI;
• A independência não é absoluta, mas funcional;
• A independência do pessoal deve ser garantida em
relação ao desempenho das suas funções;
2- Os privilégios

•Como as OI, as delegações dos seus órgãos e as missões permanentes de


Estados membros, os membros do pessoal não devem estar completamente
sujeitos à ordem jurídica interna dos Estados hospedeiros;
•Para exercerem as suas funções com independência, precisam de privilégios e
imunidades;
•Privilégios e imunidades previstos nos seguintes instrumentos :
Convenções; Ex. CVRD, 18 de Abril 1961.
Acordos de sede;
Outros instrumentos
3- Imunidade de Jurisdição

• A independência de um agente internacional poderia ser afetada se um


Governo pudesse persegui-lo pelo trabalho que realiza a favor de uma OI;
• Prática de atos oficiais, como por exemplo, a participação em operações
de paz ou a realização de relatórios, não podem levar a julgamento ou
condenação nos Estados…
Ex. Por exemplo julgamento como criminoso de guerra ou por
relatórios alegadamente insultuosos.
3.1 – Dispensa da imunidade

• A imunidade existe para proteger os agentes internacionais da


perseguição, mas não os isenta da legislação local;
•  Os agentes devem respeitar as leis do país;
• As imunidades só deviam ser invocadas só quando o interesse da
organização assim o requeresse;
• Quando um Agente Internacional violar a lei , o Estado em questão
pode pedir a dispensa da imunidade…
3.2- Estatuto jurídico ( Legal position)

Lei relativa ao serviço


• Não existe nenhum sistema legal nacional que regula as relações entre
o agente e a organização;
• Inicialmente só o contrato de serviço é que contava, mas tinha e tem
muitas limitações, não podendo regular todas as situações;
• Atualmente as OI têm a sua legislação própria sobre o pessoal:
Estatutos ou «regulamentos do pessoal» ( staff regulations).
4- Os desafios sobre a segurança dos A.I
Ataques mataram 25 funcionários da ONU no ano
passado - 2021
• Um funcionário civil das Nações Unidas e 24 soldados de paz da organização
foram mortos durante ataques ocorridos em 2021;
• Duas mulheres boinas-azuis estavam entre as 25 pessoas que perderam a vida
enquanto trabalhavam para a ONU;
• Pelo oitavo ano consecutivo, a Missão Multidimensional Integrada da ONU
para Estabilização no Mali, Minusma, foi a mais perigosa do mundo, com 19
soldados de paz mortos no país;
• Ao todo, foram 462 funcionários das Nações Unidas e pessoal associado
mortos durante ataques deliberados nos últimos 11 anos.
4.1-ONU quer a libertação de funcionários detidos na
Etiópia sem qualquer acusação

• As Nações Unidas reforçaram o apelo pela libertação


imediata dos funcionários detidos na Etiópia;
• O porta-voz do secretário-geral realçou que António Guterres
“não teve conhecimento de qualquer acusação ou
informação” sobre as razões para a medida;
• O Escritório de Direitos Humanos informou que pelo menos
10 funcionários foram presos na capital etíope, Addis Abeba.
4.2- 21 funcionários das Nações Unidas estão
presos ou detidos

• Atualmente, 21 funcionários da ONU estão presos ou detidos, cinco


dos quais sem terem qualquer acusação conhecida. Há ainda um
trabalhador que foi sequestrado em 2019;
• No Dia de Solidariedade com Funcionários Detidos e Desaparecidos,
em mensagem especial, o secretário geral da ONU, António Guterres,
garante que a organização continuará “a fazer tudo” ao seu dispor
para garantir a libertação destes funcionários.
BIBLIOGRAFIA

https://news.un.org/pt/story/2019/03/1665711
Aula do dia 13/06/2022

SUMÁRIO: As competências dos órgãos das Organizações


Internacionais.
 Determinação das atribuições e competências, princípio da
especialidade e doutrina de poderes implícitos;
Respeito pela jurisdição interna dos estados membros;
Atos das organizações internacionais.
Considerações gerais

 A Organização Internacional é sujeito de personalidade jurídica


internacional derivada, sendo os seus poderes oriundos de
competência de atribuição, ou seja, a sua existência e suas
competências derivam de um tratado internacional em que os Estados
pactuantes estabelecem a decisão de criar uma O.I;
O elemento mais expressivo da personalidade jurídica de uma
organização internacional é a sua competência para celebrar tratados;

• Posto isto, as O.I.s são entes que têm uma criação essencialmente
jurídica ( ao contrário dos Estados que normalmente nascem de uma
consolidação de fatos históricos), é natural que o poder dessas
entidades tenha por origem o instrumento formal da sua criação;
• A personalidade jurídica objetiva de organizações internacionais como
a ONU, independente dados estados dos seus fundadores ou a ela
aderentes, não se pode dizer que tenha limitações, mas tem
especificidades.
Nota Introdutória

 É importante frisar que “ Da personalidade internacional das


O.I.s deriva a sua capacidade de gozo e de exercício, cuja
medida, mas uma vez, é definida pelo despectivo ato
constitutivo;
A capacidade internacional de cada O.I- ou sejam a
competência dos seus órgãos – encontra-se balizada pelo
princípio da especialidade, segundo a teoria geral da
personalidade colectiva;

 Portanto, convém salientar que os órgãos das O.Is só têm


competência relativa aos seus fins próprios e não para além
deles;
 As organizações gerais como a ( ONU, OEA, UA) estão
vinculadas por aquele princípio, embora nelas seja mais
difícil detetar-se infrações ou violação aquele princípio.
OBS: Do T.I.J

“ Ao passo que o Estado possui, na sua totalidade, os


direitos e as obrigações reconhecidos pelo Direito
Internacional, os direitos e as obrigações de uma
entidade como a Organização das Nações Unidas devem
depender dos seus fins e funções, enunciado explícita
ou implicitamente no ato de constituição e
desenvolvidos pela prática”.
1- A delimitação das competências das O.I.s

•Como dito anteriormente, as competências das O.Is, estarão prevista no ato


constitutivo, mas pode acontecer que ele preveja essa competência de modo
insuficiente, de tal modo que os órgãos da O.I podem defrontar-se com situações
de falta de poder numa determinada situação;

•Neste caso, a doutrina e a jurisprudência internacional têm construído a teoria dos


poderes implícitos, segundo a qual a Organização, para além dos poderes que
expressamente lhe estão conferidos, gozam também dos que são instrumentos
daqueles que são indispensáveis ao bom desempenho dos poderes atribuídos por
forma expressa ou explícita.
1.1 – A personalidade funcional: Poderes
funcionais
A personalidade de cada organização internacional é
reconhecida pela função que a organização exerce, estando
assim modulada pelo Princípio da Especialidade – Cada
organização internacional pode apenas agir com vista aos fins
para que foi instituída. Embora também existam Competências
Implícitas – decorrentes dos fins estabelecidos no seu ato
instituidor. Sem as quais ela não conseguiria prosseguir tais
fins.
1.2 – Teoria dos poderes implícitos.

• Esta teoria, inspirada na Implied powers theory do sistema


constitucional norte-americano ( que se opõe aos “ poderes
explícitos”, devem porém, ser interpretada e aplicada com
prudência:
• Por um lado, através dela pretende-se apenas alargar a
competência dos órgãos da Organização e não estender as
próprias atribuições da Organização, ou seja os seus fins.
Continuação

• Por outro lado nas Organizações Intergovernamentais a aplicação


daquela teoria deverá ser recusada sempre que dela resultarem para o
Estados-membros limitações de soberania não expressamente
previstas, já que as limitações à soberania dos Estados naquelas
organizações não se presumem;
• Na Nações Unidas, a tendência dos seus órgãos e particularmente da
Assembleia Geral é para extensão quase ilimitada dos seus poderes.
2- O respeito pela jurisdição interna dos estados membros

A vida das O.Is no Direito Interno:


 Uma distinção importante a fazer é entre Organizações
Internacionaisde raiz estadual, criadas pelos Estados, e
Organizações internacionais que são ONGs (organizações não
governamentais), ou afins;
Continuação

Convém salientar que, há uma multiplicidade de


competências das Organizações Internacionais, assim
como se verifica a sua proliferação. Essas competências
são exercidas pelos seus órgãose agentes. Produzem
elas mesmas, um direito derivado, como ao nível
nacional, as pessoas morais, coletivas ou corporações;

• As O.Is devem respeitar antes de tudo o Direito interno de
cada Estado, posto isto, que elas estarão sujeitas a assinar o “
Accord de Siège” acordo de instalação para o efeito;
• Sabendo que o ordenamento jurídico interno das O.I.s são
distintos dos ordenamentos jurídicos interno dos Estados
membros, é importante frisar que não existe uma tutela ou
superioridade jurídica entre os dois sujeitos, mas sim uma
cooperação jurídico-política.
3- Atos das organizações internacionais:
Competências matérias & competências normativas

 Competências materiais:

- Implicam logística, know how, expertise técnica;


- Pode ser financeira, militar, de telecomunicações etc…
Competências normativas:
Implicam a criação de normas quer adjuvantes dos projetos principais, quer,
no caso deorganizações com esse poder jurídico, por elas mesmas. A União
Europeia está neste último caso. E as suas normas gozam do primado sobre
as dos Estados membros.
Aula do dia 15/06/2022
SUMÁRIO: As principais atribuições ou competências da
Organização das Nações Unidas.
• A manutenção da paz e da segurança internacional;
• A proteção dos Direitos Humanos;
• A descolonização;
• A cooperação económica e social para o desenvolvimento. Questões ambientais;
• O desenvolvimento do Direito Internacional.
Nota introdutória
 As atribuições ou competências das Organizações Internacionais não
depende da sua classificação mas sim, pelo propósito ou fins da sua
criação. Posto isto, nas várias O.I.s que já tivemos a oportunidade de
estudar, constatamos que o foco é a especificidade de cada uma delas;
 A Organização das Nações Unidas – ONU é considerada o mais
importante organismo internacional atualmente existente, importante por
reunir praticamente todas as nações do mundo. Ela surgiu ao final da
Segunda Guerra Mundial (1939- 1945) em substituição à antiga Liga das
Nações- SDN e o seu objetivo é promover a paz e a segurança mundial e
outras finalidades.
Continuação

 Ao analisarmos o estudo sobre a ONU e da sua Carta,


poderemos constatar quais são os fins que as Nações Unidas
visam alcançar e os princípios gerais que norteiam a sua
atividade;
 Uns e outros encontram-se enunciados no capítulo I da Carta
após o seu preâmbulo ter indicado os motivos que presidiram
à instituição da organização.
Objectivos da ONU

Ao abrigo do artigo 1º da Carta das Nações Unidas, os objectivos da referida


organização são os que passamos a indicar:
 A manutenção da paz e a segurança internacionais;
O desenvolvimento das relações cordiais e amistosas entre os Estado, como
condição indispensável à manutenção da paz;
O incremento de uma estreita cooperação internacional, com vista à
resolução de problemas económicos, sociais, culturais, e humanitários,
comuns aos vários Estados;

O respeito efetivo pelos direitos humanos;

 A ONU a funcionar como o ponto de encontro de todos os


Estados da Comunidade Internacional, visando a orientação
e a harmonização das suas atividades particulares para a
prossecução dos objetivos comuns antes indicados.
Princípios gerais da ONU
Em conformidade com o artigo 2º da Carta das Nações Unidas, poderemos elencar
alguns princípios gerais que regem as Nações Unidas:
 Princípio de Igualdade Soberana dos Estados;
 O princípio de boa fé nas relações entre os Estados membros e no cumprimento das
obrigações daí resultantes;
 Princípio da solução pacífica das controvérsias, conflitos entre Estados;
 O não recurso a força;
 O respeito pelo princípio da Integralidade territorial dos Estados;
 O princípio da Universalidade da Organização;
 O princípio de manutenção da paz e da segurança internacionais.
 A principal instância decisória da ONU é o Conselho de Segurança,
formado por um grupo muito restrito de países. Na verdade, esses
países são os antigos vencedores da Segunda Guerra Mundial: Rússia
(ex-União Soviética), Estados Unidos, França, Reino Unido e a China
(essa última não participou ativamente da Segunda Guerra, mas
conseguiu grande prestígio e poder internacionais, capazes de assegurar
uma vaga no Conselho);
O poder desse Conselho de Segurança é elevado, pois é ele quem toma
as principais decisões da ONU. Além disso, os cinco membros
permanentes têm o chamado poder de veto, em que qualquer um deles
pode barrar uma decisão, mesmo que todos os outros países sejam
favoráveis.
1- A manutenção da paz e da segurança
internacional.
• A fim de assegurar uma acção pronta e eficaz por parte das Nações Unidas, os seus
membros conferem ao Conselho de Segurança a principal responsabilidade na
manutenção da paz e da segurança internacionais, artigo 24º da CNU;
• A solução pacífica das controvérsias - As partes numa controvérsia, que possa vir
a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais, procurarão, antes de
tudo, chegar a uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação,
arbitragem, via judicial, recurso a organizações ou acordos regionais, ou qualquer
outro meio pacífico à sua escolha, nº 1 do artigo 33º da carta;
ACÇÃO EM CASO DE AMEAÇA À PAZ, RUPTURA DA PAZ E
ACTO DE AGRESSÃO – Capítulo VII da Carta , artigos 39º, 40º
e 41º
 O Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz,
ruptura da paz ou acto de agressão e fará recomendações ou decidirá que
medidas deverão ser tomadas;
 A fim de evitar que a situação se agrave, o Conselho de Segurança poderá, antes
de fazer as recomendações ou decidir a respeito das medidas previstas no Artº.
39;
 O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que, sem envolver o
emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para tornar efectivas as suas
decisões e poderá instar os membros das Nações Unidas a aplicarem tais
medidas.
2- A proteção dos Direitos Humanos :
Sistema de proteção dos Direitos humanos das Nações Unidas

 A promoção e proteção dos direitos humanos é um dos principais objetivos da


Nações Unidas. Com a adoção da Delcaração Universal de Direitos Humanos, em
10 de dezembro de 1948, a ONU começou a desenvolver diversos padrões e
normas internacionais de Direitos Humanos, bem como mecanismos para promover
e proteger esses direitos;
 Essa universalização dos direitos humanos propiciou a formação de um sistema
global de proteção dos direitos humanos no âmbito das Nações Unidas, cujos
principais mecanismos são: o Conselho de Direitos Humanos da ONU, a Revisão
Periódica Universal, os Relatores Especiais e os Órgãos de Monitoramento.
Alguns instrumentos jurídicos internacionais na
proteção dos Direitos humanos.
 Declaração Universal dos Direitos Humanos, 10 de Dezembro, de 1948;
Declaração sobre os Direitos dos povos indígenas e minorias;
Declaração sobre os direitos das pessoas pertencentes a minorias
nacionais, étnicas, religiosas e linguísticas;
Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação racial;
Declaração sobre a eliminação de violência contra as mulheres…
3- A descolonização
• Quando as Nações Unidas foram fundadas em 1945, cerca de 750
milhões de pessoas (quase um terço da população mundial) vivia em
territórios colonizados. Hoje, menos de 2 milhões de pessoas vivem sob
o domínio colonial nos 17 territórios autónomos existentes;

• A onda de descolonização, que mudou a face do planeta, nasceu com a


ONU e representa o seu primeiro grande sucesso como Organização
mundial;
Os poderes do Conselho de Tutela da ONU
– Artigos 87º e seguintes
• A Carta da ONU, que estabelece o Princípio da Autodeterminação dos
Povos criou também o Conselho de Tutela como um dos principais
órgãos da ONU;
• Como o processo de descolonização continuou a avançar, a Assembleia
Geral, em 1960, adotou a Declaração sobre a Concessão da
Independência aos Países e Povos Coloniais. A Declaração afirmou o
direito de todas as pessoas à autodeterminação e proclamou o fim
rápido e incondicional do colonialismo;

• Em 1990, a Assembleia proclamou a Década Internacional pela Erradicação


do Colonialismo (1990-2000), que incluía um plano de ação específico. Em
2001, foi seguida por uma Segunda Década Internacional pela Erradicação
do Colonialismo;
• Desde a criação das Nações Unidas, 80 ex-colónias conquistaram a
independência que alcançaram a autodeterminação através da independência
ou da associação livre com um Estado independente;
• Ainda existem territórios, revendicando o avanço em direção à
autodeterminação.
4- A cooperação económica e social para o
desenvolvimento e questões ambientais
• O Conselho Econômico e Social (Ecosoc) das Nações Unidas é a instância
responsável por levar adiante o debate sobre o desenvolvimento sustentável em suas
dimensões econômica, social e ambiental;
• O Fórum Político de Alto Nível, que tem a responsabilidade de fazer o
acompanhamento da Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), examina a síntese do segmento anterior, bem como o progresso
alcançado, as lições aprendidas e os desafios futuros;
• O Mesmo Fórum Político reconheceu que a pandemia exacerbou as vulnerabilidades
e as desigualdades pré-existentes no mundo.
5- O desenvolvimento do Direito
Internacional

Trabalhar em grupo de 3 elementos


“ Em que medida, a ONU contribua para o
desenvolvimento do Direito Internacional…”
BIBLIOGRAFIA

MANUAL DE DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO
André Gonçalves Pereira e Fausto de Quadros, 3ª
Edição, Almedina, 2011.

Você também pode gostar