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1ª LIÇÃO
A Subjetividade Internacional
❖ Existem três fatores que marcam a intervenção do Estado na vida internacional: jus tractuum,
jus legationis, jus belli.
● Jus tractuum: é a faculdade de celebrar tratados internacionais. Não é um poder que se aplica à
generalidade dos sujeitos internacionais, recai apenas nos Estados, na Santa Sé e nas organizações
internacionais. É um poder importante para os Estados, pois estes são autores (criam normas,
deveres e direitos) mas também são receptores das normas convencionais.
- inviabilidade pessoal: o Estado anfitrião deve garantir a segurança dos agentes diplomáticos e
não deve infringir a atividade dos mesmos, o que implica uma imunidade jurisdicional.
- imunidade de jurisdição: vale para todos os aspetos, do ponto de vista penal, administrativo e
civil (há exceção de crimes internacionais). No entanto, nem todos os funcionários beneficiam da
mesma imunidade, por exemplo, os agentes diplomáticos beneficiam de uma imunidade absoluta
(não podem ser presos em estados estrangeiros), mas os funcionários dos consulados têm uma
imunidade parcial, só é limitada ao exercício de funções.
● Jus Belli: antes simbolizava a dimensão material das relações internacionais. Hoje em dia,
reflete-se na possibilidade de usar a força ao abrigo do direito internacional numa aceção defensiva,
segundo o direito de legítima defesa (Artsº 2, 4 e 51 da CNU). Antigamente, havia um modelo de
força em que os Estados podiam usá-la como quisessem. Já não há um poder de recorrer à guerra de
forma ilimitada.
❖ Em Portugal, o Jus Belli tem um significado interno, só pode ser usado nos limites de direito
internacional (alegando legítima defesa, se tiverem a autorização do Conselho de Segurança).
❖ A declaração de guerra depende do Presidente da República, por iniciativa do Governo e com a
autorização da Assembleia da República, tendo sido consultado previamente o Conselho de Estado
(Artº 135, alínea c., CRP).
❖ Esta trilogia são os poderes internacionais e os mais emblemáticos, apesar de não serem os
únicos:
❖ Em Portugal, verifica-se uma partilha de poderes entre o Chefe do Estado (que assume um papel
muito relevante, visto que representa o país a nível particular, que nomeia e acredita os
embaixadores), a Assembleia da República e o Governo (negociam os tratados internacionais,
fazem as propostas aos embaixadores, aprovam e decretam o estado de guerra).
❖ Ato unilateral: ato pela qual, um Estado, constando uma situação de facto ou de direito, aceita
que esta lhe seja oponível, ou seja, esse ato vai criar relações entre o seu autor e o receptor. O
Estado obriga-se a admitir os efeitos jurídicos.
❖ Ato de reconhecimento: é o ato pela qual outro ou outros sujeitos de direito internacional
acordam no surgimento de um novo sujeito na cena internacional.
Prática Internacional
Modalidades de Reconhecimento
❖ O reconhecimento:
● é discricionário;
● tanto pode ser prematuro como tardio (há um problema, pois pode levar a tensões diplomáticas);
● não é um ato arbitrário;
● pode ser condicional;
● em princípio não é revogável.
❖ A grande diferença entre os sujeitos internacionais está entre aqueles que têm substrato estadual
(summa divisio) - os Estados - e os que não têm substrato estadual - representações não estaduais.
❖ Podemos considerar, então, como sujeitos internacionais:
● Estados;
● Entidades para-estaduais;
● Estruturas interestaduais, ou seja, as organizações internacionais;
● Coletividades não estaduais;
● A Pessoa Humana.
❖ Há quem considere que a própria Humanidade seja um sujeito internacional. Existem vários
exemplos que se dirigem à comunidade internacional como um todo, ou consideram, nas suas
cláusulas, a própria Humanidade, o que nos leva a crer que sim. No entanto, têm uma subjetividade
menor e limitada, podendo representar os Estados e as organizações internacionais.
❖ Alguns desses exemplos são as normas de ius cogens, a exploração do espaço exterior, o regime
da área e a responsabilidade territorial.
Os Estados
● Estados semi soberanos: Estados com a sua capacidade jurídica internacional limitada:
- Estados confederados: têm a sua soberania internacional pelos assuntos delegados na
confederação;
- Estados vassalos: têm a sua soberania internacional limitada pelo vínculo feudal ao Estado
Suserano, que exerce os poderes internacionais;
- Estados protegidos: têm a sua soberania internacional limitada pelo mandato de exercício de
poderes internacionais do Estado protetor;
- Estados exíguos: têm a sua soberania internacional limitada a menores responsabilidades pela sua
pequenez territorial;
- Estados neutralizados: têm a sua soberania internacional limitada à não intervenção em assuntos
militares internacionais.
- Estados federados: têm a sua soberania internacional limitada pela sua inclusão numa federação;
- Estados membros de organizações supranacionais: têm a sua soberania internacional limitada pela
delegação nas mesmas.
● Estados não-soberanos: Estados que, do ponto de vista do Direito Internacional, não têm
soberania, não deixando, por isso, de ser Estados. Exemplos de Estados não-soberanos:
- Estados federados: não são sujeitos internacionais pois transferiram esses poderes totalmente para
o nível federal;
- Estados membros de uniões reais: fusão do poder estadual superior com os poderes estaduais
subjacentes.
❖ Elemento humano:
● A população (povo/nação);
● O Estado tem competência exclusiva sobre a concessão e perda da nacionalidade:
- ius sanguini / ius soli;
- TIJ, Nottebohm, acórdão de 1955: a nacionalidade deve ser efetiva.
- apatridia /pluripatridia.
❖ Elemento territorial:
❖ Elemento funcional:
❖ As vicissitudes do Estado:
● Modificações territoriais:
● Sucessão de Estados:
- A sucessão de Estados consiste no momento em que novos Estados se colocam na posição de
Estados anteriores por desaparecimento daqueles. De acordo com o princípio da continuidade dos
Estados são transferidas para as entidades herdeiras as posições quanto aos tratados, à nacionalidade
das pessoas privadas, às dívidas contraídas e às propriedades públicas.
- Convenção de Viena sobre a sucessão de Estados em matéria de tratados de 1978;
- Descolonização: princípio da tabula rosa; exceções: tratados objetivos (delimitação de fronteiras),
tratados-leis (DH, DIH).
Entidades para-estaduais e interestaduais:
❖ As entidades para-estaduais são entidades próximas da realidade estadual, mas sem esse teor.
Compreendem:
● Beligerantes;
● Insurretos;
● Minorias nacionais ou movimentos de libertação nacional;
● Governos no exílio;
● Regiões infra estaduais.
❖ As entidades interestaduais são entidades que agrupam realidades estaduais mais simples.
Compreendem:
● Associações de Estados;
● Confederações;
● Uniões reais;
● Uniões pessoais;
● Comunidade britânica, que tem coincidência da figura do monarca e do Chefe de Estado;
● Comunidades de estados independentes (p. ex: ex-URSS), marcada pela existência de
atribuições e órgãos comuns.
Organizações Internacionais:
❖ As organizações internacionais, quando fundadas pelos Estados, são novas entidades jurídico-
internacionais que desenvolvem atribuições que estes lhes transmitem, através de órgãos próprios.
As organizações são compostas por dois elementos:
● Elemento organizacional: formação de uma nova pessoa coletiva, de substrato associativo e
com carácter de permanência, dotada de órgãos próprios.
● Elemento internacional: a nova entidade é regulada pelo Direito Internacional.
❖ A Organização das Nações Unidas é uma organização internacional que visa manter a paz e a
segurança internacional.
❖ Como qualquer outra organização internacional, a ONU tem condições de adesão, estas:
● Pode entrar nesta organização qualquer Estado que esteja disposto e apto a seguir as obrigações
da Carta das Nações Unidas (Artº 4 da CNU).
❖ O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) intervêm quando há um impasse na aceitação de um
Estado.
❖ O Conselho de Segurança não pode aceitar um Estado se o mesmo não cumprir as cinco
condições necessárias.
❖ Um Estado pode ser suspenso se não pagar a respectiva contribuição à ONU (Artº 5 CNU).
❖ Um Estado pode ser expulso da ONU se violar de forma persistente os princípios defendidos na
Carta das Nações Unidas (Artº 6 CNU).
❖ Um Estado pode decidir sair da organização, desde que dê um pré-aviso em tempo razoável e se
não dever contribuições à ONU.
➔ Estrutura da ONU:
❖ A doutrina está dividida. Alguns autores defendem que só podemos ajudar um governo de um
Estado porque estes são os únicos representantes legítimos do Estado. Outros defendem a teoria da
neutralidade, porque o auxílio é visto como uma interferência nos assuntos externos. Podemos
concluir então, que a posição mais sensata é a da teoria da neutralidade, uma vez que a ajuda pode
internacionalizar o conflito.
❖ Quando um Estado reconhece grupos rebeldes, estes passam a ser conhecidos como beligerantes
(passam a ter direito a ações que não são reconhecidas como violações).
❖ As coletividades não estaduais são sujeitos internacionais que não se filiam em qualquer
pertença estadual, tendo assim menos importância a nível internacional.
❖ Exemplos de coletividades não estaduais:
● Santa Sé: é o sujeito internacional não estadual mais antigo, dotado de fins espirituais e
limitações materiais. Tem jurisdição exclusiva no Vaticano e um regime jurídico próprio interno e
internacional.
● Ordem de Malta;
● Cruz Vermelha.
❖ As organizações não governamentais são sujeitos internacionais não estaduais que rumam à
privatização das relações internacionais. Defendem valores e interesses desconsiderados a nível das
relações interestaduais.
❖ Podem ser organizações desportistas (FIFA, UEFA), ambientalistas (WWF), humanitárias
(Amnistia Internacional) ou de juristas (International Law Association).
A Pessoa Humana
❖ A pessoa humana é reconhecida como sujeito internacional, ainda que de forma insipiente e
limitada. Relaciona-se com a proteção internacional dos direitos do Homem, alcançando-se ao
plano do Direito Internacional as posições jurídicas subjetivas de cada pessoa humana.
❖ Evidenciam-se com mecanismos mais expressivos: a proteção diplomática, humanitária e a
proteção dos refugiados, deslocados e asilados.
❖ A pessoa humana tornou-se um sujeito de direito internacional a partir de 1948, quando a
Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada (sem votos contra mas com 8
abstenções). Esta declaração estabelece a igualdade e a liberdade, assim como também defende os
direitos das mulheres. A DUDH, enquanto resolução, não tem caráter vinculativo, daí não ser
considerada uma hard law, no entanto, alguns Estados adotaram-na transformando-a em tal.
❖ Também nesse sentido, no âmbito das Nações Unidas, em 1966, surgem dois importantes
pactos:
● PIDCP (Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos) - tem dois protocolos adicionais:
- Protocolo adicional nº1: é estabelecido um comité dos direitos humanos (composto por 18
juristas eleitos pela Assembleia Geral) que apreciam queixas de pessoas singulares ou de Estados
relativamente às violações dos direitos humanos.
- Protocolo adicional nº2: os países que subscrevem este protocolo comprometem-se a abolir a
pena de morte, exceto em situações de guerra.
2ª LIÇÃO
A responsabilidade Internacional dos Estados:
- artº 2 “há um ato internacionalmente ilícito do Estado quando a conduta, consistindo em uma
ação ou omissão: a) é atribuível ao Estado consoante o Direito Internacional; b) constitui uma
violação de uma obrigação internacional do Estado”;
❖ Quando há uma violação grave por um Estado de uma obrigação decorrente de uma norma
imperativa de direito internacional geral, a ela está associada uma responsabilidade.
❖ Podemos considerar que uma violação de tal obrigação é grave se esta envolve o
descumprimento flagrante ou sistemático da obrigação pelo Estado responsável (Artº 40 da CDI
sobre Responsabilidade do Estado por Atos Internacionalmente ilícitos).
❖ A fonte da obrigação internacional não é especificada pelos Artigos da CDI: costumeira ou
convencional.
❖ Os Estados devem cooperar para pôr fim, em termos legais, a toda a violação grave no sentido
atribuído no artº 40.
❖ Nenhum Estado deve reconhecer como lícita uma situação criada por uma violação grave no
sentido do artº 40, nem deve prestar auxílio ou assistência para a manutenção da situação (Artº 41
da CDI sobre Responsabilidade do Estado por Atos Internacionalmente ilícitos).
O Estado:
❖ O Estado não pode ser considerado responsável pela conduta de particulares, uma vez que as
suas ações não lhe podem ser atribuídas.
❖ No entanto, há exceções:
❖ O Estado tem a dupla obrigação de prevenir e de punir os danos causados pelos seus nacionais
ou por qualquer outra pessoa residente no seu território: o Estado só é responsável de exercer um
controlo efetivo sobre os indivíduos e se tiver ordenado as violações (p. ex: Acórdão pessoal
diplomático e consular dos EUA em Teerão, 1980; Acórdão Atividades Militares e paramilitares na
e contra a Nicarágua, 1986: controlar os rebeldes + dar-lhes ordens).
❖ TPI (Tribunal Penal Internacional ou Tribunal Internacional de Crimes de Guerra): tem uma
interpretação mais flexível de atribuição de responsabilidade.
- P. ex: Acórdão Tadic de 1999 “Para atribuir a responsabilidade por atos cometidos por grupos
militares ou paramilitares a um Estado, deve ser estabelecido que o Estado exerce o controlo global
sobre o grupo, não só equipando-o mas financiando-o, mas também coordenando-o ou ajudando no
planeamento global das suas atividades militares. Só nesta condição é que a responsabilidade
internacional do Estado pelas ações ilegais do grupo poderá ser assumida. Não é necessário,
contudo, exigir, além disso, que o Estado dê instruções ou diretivas ao líder do grupo ou aos seus
membros para cometerem atos específicos contrários ao Direito Internacional.”
❖ Proteção diplomática: para haver uma proteção diplomática é preciso haver um vínculo de
nacionalidade entre o indivíduo e o Estado protetor; esgotamento dos recursos internos; mãos
limpas. Há um procedimento: o endosso da reclamação do indivíduo; internacionalização do litígio;
reparação.
❖ Meios jurisdicionais e quase jurisdicionais: TIJ, tribunais arbitrais;
❖ Contramedidas: medidas ilícitas mas que perdem essa ilicitude quando respondem a outro ato
ilícito (no respeito do DI: princípio da proporcionalidade + normas imperativas; artsº 49-53 da CDI
de 2001).
❖ A Carta das Nações Unidas, no seu artigoº 33, estabelece os meios de solução pacífica de
litígios/conflitos.
❖ As resoluções devem ser sempre feitas sem utilizar a força, ou seja, a via preferencial é a forma
pacífica.
❖ Os meios de resolução de conflitos são:
● Negociação, os Estados negociam com o intuito de chegar a algum acordo;
● Inquérito, é importante para vermos os factos;
● Mediação a nível internacional, os Estados dão sugestões para a resolução de conflitos (p. ex:
os EUA estão a mediar o conflito entre o Hamas e Israel);
● Comissão de conciliação é uma comissão composta por um número ímpar, e por indivíduos
indicados pelas próprias partes.
● Arbitragem;
● Via jurisdicional (tribunal), pode ser um Tribunal judicial ou arbitral a tentar solucionar este
conflito. No entanto, o Tribunal arbitral só tem capacidade para solucionar o conflito se as partes
estiverem de acordo, no fundo, há uma arbitragem necessária de ambas as partes.
● Recurso a organizações ou acordos regionais.
- Foi só a partir de 1907, na Conferência de Haia, que se estabeleceu a proibição do uso da força
por parte de um Estado, quando estamos perante uma dívida não paga.
- Em 1928, foi assinado um pacto pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros de França e dos
Estados Unidos sobre o uso da força.
- No entanto, nenhum foi tão relevante quanto a Carta das Nações Unidas de 1945, que proibiu
expressamente o uso da força e a ameaça da força. Contudo, a força pode ser utilizada, se o órgão
competente (Conselho de Segurança) assim o autorizar, e se for um caso de legítima defesa.
3ª LIÇÃO
A evolução do direito internacional penal até o Tribunal Penal Internacional
● 1ª fase (séc. XIX): é de carácter costumeiro > qualificação consuetudinária de condutas como
crimes internacionais: tráfico de escravos, pirataria no alto mar, tráfico de estupefacientes e
terrorismo. A sua perseguição ficaria sempre na órbita dos Estados. Cada Estado tinha a
responsabilidade de julgar esses indivíduos (competência universal) nos tribunais.
- competência universal: qualquer país consegue julgar o país (por exemplo, a França faz queixa
do Presidente da Síria pelos vários crimes que ele está a cometer mesmo não havendo nenhum
francês lesado com esses crimes).
● 2ª fase: é protagonizada pela criação, no rescaldo da 2ª Guerra Mundial, dos dois primeiros
TPIs, o de Nuremberga e o de Tóquio. Os crimes definidos convencionalmente eram de 3
categorias:
- crimes contra a paz;
- crimes de guerra (mesmo em guerra deve-se respeitar o direito internacional humanitário);
- crimes contra a humanidade (crimes cometidos como parte de um ataque generalizado contra a
população civil, p. ex: assassinatos, extermínios, deportações; quando se trata de um genocídio esse
massacre deve ser deliberado e provado como sendo intencional e dizer se é um extermínio parcial
ou total).
A novidade:
- Criação de uma estrutura judicial internacional de condenação - as imunidades não valem perante
um Tribunal Internacional.
- Aceitação de que o exercício de funções públicas poderia levar à incriminação.
Quem julgava estes crimes (de guerra, p. ex) era o próprio Estado (se o crime de guerra foi
executado num país esse país pode julgar esse crime).
● 4ª fase: Criação de 2 TPIs as hoc pelo Conselho de Segurança em 1993 (TPIJ) e em 1994
(TPIR). Foram depois criados tribunais internacionalizados (mistos ou híbridos) cujo estatuto,
adotado sob a base de um tratado entre a ONU e um Estado, prevê a aplicação do Direito
Internacional e do Direito Interno, bem como a presença de juízes internacionais e juízes internos.
Estes tribunais têm primazia perante tribunais internos (em primeiro lugar eles julgam, só depois é
que os tribunais internos podem intervir).
❖ O TPI ou Tribunal Penal Internacional tem como objetivo favorecer a luta contra a impunidade
e a paz entre os povos.
❖ Para que o TPI fosse criado, foi necessário que, no mínimo, 6 países ratificassem o estatuto
estabelecido pelo Tratado de Roma de 1998, o que foi atingido em abril de 2002, o que permitiu que
o estatuto entrasse em vigor a 1 de julho de 2002.
❖ Atualmente, 124 Estados são parte do Tratado de Roma, incluindo Portugal.
❖ Os princípios estruturantes do TPI:
● A permanência:
- O TPI é uma instituição permanente (OI), com sede em Haia.
- Quer o Tribunal Arbitral Permanente (1899), quer o Tribunal Permanente de Justiça Internacional
(SDN 1919), que ainda o TIJ (ONU 1945), não foram dotados de competência para julgar crimes
internacionais.
- A necessidade de um tribunal criminal internacional permanente fez-se sentir com a experiência
dos tribunais ad hoc.
- É um importante marco na história da justiça penal, porque representa uma garantia de eficácia,
economia de custos, celeridade e imparcialidade, e assegura um elevado grau de independência.
- O TPI coexiste com o TIJ de modo que a responsabilidade internacional dos indivíduos por
crimes internacionais (de tipo sancionatório) coexiste com a responsabilidade internacional dos
Estados pelos mesmos atos (de natureza compensatória).
● A obrigatoriedade:
- O TPI pode julgar qualquer pessoa que tenha praticado um dos crimes sob a sua jurisdição. Pois,
a sua competência é tendencialmente universal e não tem uma duração limitada (art.º 12 nº 1 2 (a) e
(b) e 3 do estatuto de Roma).
❖ Princípio Non Bis Idem: uma pessoa não pode ser julgada mais de uma vez pela mesma
infração (Art 20 nº3)
❖ Princípio Nullum Crimen Sine Lege: uma pessoa não pode ser julgada se o crime dela não
está qualificado como crime.
❖ O TPI só tem competência para julgar crimes após a sua entrada em vigor, a 1 de julho de 2002
(artº 11 nº1 ER).
❖ Se um Estado se tornar parte no Estatuto depois da sua entrada em vigor, o Tribunal só pode
exercer a sua competência em relação a crimes cometidos depois da entrada em vigor do estatuto
relativamente a esse Estado (artº 11 nº2 ER).
❖ Princípio Nulla Poena Sine Lege: Este princípio implica necessidade de se definir com clareza
a concreta medida da pena, estabelecendo-se, portanto, os seus limites mínimos e máximos (artº 77
e 78 ER). Por exemplo, Portugal não aplica a pena perpétua, no entanto se um nacional português
cometer um crime (p. ex, um homicídio) num estado estrangeiro, a lei que vai ser aplicada para esse
crime não é a lei estrangeira, mas sim a nacional de 25 anos.
❖ Princípio da complementaridade: é a pedra angular da constituição do TPI.
● Preâmbulo do tratado de Roma: “o TPI criado pelo presente estatuto será complementar das
jurisdições penais nacionais.”
● O artigo 17 do Estatuto de Roma consagra o princípio da complementaridade como critério de
regulação entre os TPs nacionais e o TPI, e como critério de atribuição de prioridade da jurisdição
nacional sobre a internacional. Se a intervenção em primeira linha dos tribunais nacionais é
considerada a via mais adequada para a prossecução penal dos crimes internacionais, ao TPI é
atribuída competência relativamente aos crimes internacionais mais graves.