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DIREITO PÚBLICO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS I

Professor: Evandro Carvalho


Monitora: Ana Beatriz Almeida Borges

Bibliografia
Francisco Rezek
Alberto do Amaral Junior
Mazzuoli
Legislação internacional

Cronograma
- Sujeito de DIP
- Reconhecimento de Estado e Governo
- Sucessão de Estado
- Direito diplomático e consular
- Imunidades estatais
- Responsabilidade internacional

- Fontes de DIP

AULA 1 – 16/08/18

Direto Internacional na atualidade:


- Guerra comercial (EUA)
Foi iniciada por Donald Trump devido a um desbalanceamento econômico pois a China
vende mais para os EUA, do que eles vendem para ela. Assim, os EUA aumentaram as
taxas de importação de produtos como aço e alumínio, conforme a usual prática de quando
um país quer desestimular a importação de um produto e estimular seu produto interno,
ele aumenta as tarifas para importação, o que faz com que o produto importado perca
mercado. Já para produtos que o país tem interesse que sejam importados, ele reduz as
taxas.
Assim, quando Trump aumenta as taxas para lucrar com os produtos chineses que entram
no país, inicia-se a “guerra”. Na prática internacional, diz-se que há uma controvérsia
entre os Estados.
A China ameaçou retaliar os EUA não comprando a soja deles, passando a comprar do
Brasil.
Nota-se que se essa “guerra” impactar a economia chinesa, toda a economia mundial será
impactada. A reação dos países prejudicados vêm sendo a ameaça de revidar as medidas
americanas com novas taxas de importação. Assim, todos passam a aumentar as tarifas e
criar barreiras, prejudicando o mercado internacional.
Consequência: Pode provocar monopólios, oligopólios, diminuição do poder de compra,
aumento da pressão interna para aumento de salário e redução de imposto. (Foi o que
aconteceu na crise de 29 com a crise da bolsa, quando os governos se tornaram
excessivamente protecionistas).
Característica da guerra: Política comercial dos EUA contra produtos de países
estrangeiros.
Esse fato transborda da realidade estaduninese, ultrapassa barreiras, atingindo outros
países. Trata-se da internacionalidade da questão: fato que cruzou a fronteira, não
interessa apenas àquele pais, mas a outros também.
O cruzar a fronteira, a internacionalidade do fato interessa ao Direito? Tudo o que
interessa o direito internacional está no campo das relações internacionais. Entretanto
nem todos inflenciam o jurista internacional, pois muitos são apenas fatos políticos.
- Imigrantes/Refugiados
Conflito Síria: Conflito entre EUA e Rússia que atingiu a população síria. Marca da
internacionalidade evidente. Pessoas cruzam a fronteira visando sua proteção.
Refugiados de guerra (ex. Iraque)
Refugiados ambientais
Influência no Brasil –> Estatuto do Refugiado: Requisitos objetivos por meio dos quais
o Estado brasileiro poderá outorgar o status de refugiado ao estrangeiro, e caso o faça o
Brasil passa a ter obrigações perante aquele estrangeiro.
- A questão venezuelana
Alto número de venezuelanos fugindo para o Brasil devido às políticas da Venezuela.
- Tensão EUA e Coreia do Norte - armamento nuclear
Repercussão das medidas nucleares no mundo ultrapassa fronteiras pela capacidade de
destruição. Assunto de segurança internacional. É a agenda atual, elemento definidor da
relação de força entre os países.
Marcel Merle: “Tudo o que interessa às relações internacionais, é tudo o que atravessa ou
tende a atravessar fronteiras”.
Brasil não pode promover programas de armas nucleares, estaria infringindo o tratado de
não proliferação de armas.
- Palestina e Israel
Quando a ONU foi criada, no pós guerra, havia um acordo de que criar-se-ia dois Estados.
Entretanto Israel declara sua independência antes de haver a consolidação dos dois
territórios.
Comunidade internacional tem responsabilidade grande neste assunto, pois é
consequência do pós guerra. Interessa ao direito internacional pois pode se desdobrar em
mais conflitos.
- Intolerância ao Islã
Estigmatização dos muçulmanos, associando-os a terroristas.
Em função da crise econômica de 2008 da bolha imobiliária, gera-se o alto desemprego
e migração.
Estado Islâmico se tornou uma ameça porque ele pregava que seus integrantes se
submetessem às regras deste aonde quer que estivessem. Isso é inadimíssvel, pois fere a
soberania nacional.

Direito Internacional trata de fenômenos que tem a dimensão da internacionalidade.


Conceito central: fronteira
Fronteira: divide os países, soberanias.
Dentro do território brasileiro apenas o governo brasileiro diz o que é norma jurídica e o
que não é; É a linha limítrofe que demarca o exercício da sobernia. Ultrapassando-a,
ocorre o fato internacional.
Estado não pode se abster totalmente de conceitos relevantes para a comunidade
internacional, como as questões ambientais, pois elas ultrapassam fronteiras, como
também ocorre com o aquecimento global, o uso de carvão, poluição de rios. A noção de
fronteira define o mundo atual.
Direito internacional é a expressão jurídica dos Estados. Olhar o mundo através do direito
internacional é olhar o mundo através das legislações dos Estados.
Norma jurídica provém da Constituição do Estado, a sanção da norma juridica é
instituicionalizada. Já a sanção da norma moral é social, nao é instituicionalizada.
Coercibilidade é a característica do Direito. Logo, se direito internacional não tem
coercibilidade, há quem alega que não é direito. Entretanto, o descumprimento de tratados
coloca o Estado em condição de ilegalidade. Tratados são normas jurídicas criadas pelos
próprios Estados, segundo sua própria vontade.
Direito internacional é construído pela própria ação dos Estados soberanos, que entendem
os tratados como importante na realidade internacional. Sabem que estão sujeito a uma
sanção internacional em caso de descumprimento.
Ademais o argumento da coercebilidade, entendida como cumprimento de sanção, se
levado ao plano do direito nacional, não é coerente, ao passo que pouquíssimos crimes
no Brasil são levados à julgamento.
AULA 2 – 23/08/18
Direito Interno: Estado tem poder soberano e exerce coercibilidade (sanção)
Direito Internacional: Não há autoridade supra soberana que imponha ao Estado que
cumpra as normas internacionais.
Embora há quem alegue que o Direito Internacional não seria direito pela falta de
coercibilidade, os acordos internacionais jurídicos comprometem o Estado signatário (se
ele quiser deixar de ser signatário deve seguir o procedimento de retirada estabelecido
pelo direito internacional). O Direito Internacional é regulado por suas próprias regras.
Nota-se que o fato de um Estado se sujeitar a um tratado, não significa que sua soberania
está comprometida. As unidades destinárias das normas internacionais são soberanas. Há
uma autolimitação por parte dos Estados, eles são destinatários das normas que eles
mesmos criam.
-Hedley Bull e sua obra “Sociedade Anárquica”
Ele caracteriza a sociedade como anáquica pois não há autoridade supra soberana na
sociedade internacional.
Hedley Bull elenca três objetivos, que, segundo ele, são elementares de qualquer
sociedade:
- Proteção da vida
- Cumprimento de acordos
- Estabilidade da posse
Tais objetivos se aplicam no âmbito da sociedade internacional:
- Proteção da vida -> existência do Estado
O Estado só é Estado se possui soberania (esta é a garantia de existência do Estado). A
sociedade internacional deve garantir a existência dos Estados, sua soberania.
Obs: Questão da UE: A UE possui aspectos de supra soberania, mas isso ocorre porque
os Estados, ao integrá-la, cedem parte de sua soberania à UE, mas não toda.
Salienta-se que do ponto de vista jurídico não há hierarquia de soberanias, mas do ponto
de vista político há hierarquia.
Nesse âmbito (de existência do Estado) inserem-se os princípios informadores do Direito
Internacional:
Princípio da Soberania: Princípio que estrutura o direito internacional e todas as suas
relações; dentro do Estado, ele é quem diz o que é norma jurídica e o que é circunstância
normada.
Princípio da não intervenção externa em assuntos internos: Os Estados não podem
interferir em assuntos internos de outros Estados, nem ter os seus assuntos interferidos
por outros, devido ao princípio da soberania
Obs: Missões de paz da ONU seria intervenção externa em assuntos internos?
Em certos casos, devido à gravidade da situação, não há tal questionamento (ex. Ruanda)
A comunidade internacional tem responsabilidade de proteger a população de um país em
fragilidade. Entretanto, a ONU (ou quem quer que interfira) tem responsabilidade em
proteger, ou seja, deve se responsabilizar. (ex. soldados da ONU que levaram a cólera ao
Haiti, em missão de paz, e esta se recusava a se responsabilizar)
- Cumprimento de acordos -> Tratados; pacta sunt servanda; princípio da boa-fé

- Estabilidade da posse -> estabilidade do território

Princípio da integridade territorial: Estados prezam pela defesa de seu território,


protegem sua integridade territorial; manutenção do território.

Análise Histórica do Direito Internacional

Há uma preocupação em impor limites à soberania estatal.

Até o momento histórico que a Igreja Católica comandava por meio de sua hegemonia,
esta cumpria o papel de limitar a soberania estatal. Porém quando perde poder e deixa de
exercer essa influência, questiona-se que irá cumprir este papel.

Francisco de Vitória aponta que o Estado deveria observar o Direito Natural (ius inter
gentes), pois este passaria a regular o Direito Internacional. Seria um direito de aplicação
universal e inato à condição humana. Nota-se que apesar de deixar a noção religiosa, o
Direito Internacional ainda se basearia em ideias metafísicas.

Francisco Suarez apresenta uma distinção entre Direito Natural (sendo que sobre este
concorda com Francisco Vitória) e Direito das Gentes, que, segundo ele, resulta da
vontade dos Estados. Seria um direito positivo, escrito. Entretanto, este não poderia ser
contrário ao Direito Natural.

Grócio, nessa discussão, fala sobre os direitos da guerra. No tempo da hegemonia da


Igreja dependia desta dizer se a guerra era santa ou não. Com o fim do poderio da mesma,
para Grócio, a guerra só é justa se o Estado a faz para proteger seus direitos mais
fundamentais de existência, ou seja, em legítima defesa.

Já Vattel (sec. XVIII), positivista, diz que se os Estados seguirem os procedimentos


legais, a guerra é justa, esvaziando qualquer conteúdo valorativo.

A consequência de tal positivismo exacerbado é notada, por exemplo, no Tribunal de


Nuremberg, ao passo que os nazistas se defendiam dizendo que estavam obedecendo as
leis vigentes no Estado, e não poderiam ser condenados por seguir a lei. Trata-se da
procedimentalização do direito, do positivismo formalista.

Atualmente, o que coloca limite no arbítrio do Estado são os Direitos Humanos (desde o
pós guerra). Os direitos humanos surgem como antidoto contra Estados autoritários,
possuem o papel de limitar a soberania estatal para que não incorram em práticas
autoritárias.
AULA 3 – 06/09/18
Sujeitos de Direito Internacional Público
Aqueles que têm personalidade jurídica de direito público; podem contrair direitos e
deveres na sociedade internacional.
Atores de DIP: expressão mais abrangente, que inclui os sujeitos de DIP. Conceito
relevante para o analista de DIP. Se refere à toda e qualquer entidade, que em função de
seus atos e discursos influenciam o direito internacional, influenciam países. Inclui
empresas (públicas ou privadas), ONG’s, indivíduos (ex. Dalai Lama, ex-presidentes).
Ator por excelência, que também é sujeito de DIP, é o Estado.
Obs: Alguns autores incluem indivíduos no rol de sujeitos de DIP, reconhecendo que são
sujeitos de DIP sui generis. Luís Augusto Cansado Trindade, e.g., defende tal tese.
Entretanto, não podem criar normas de DIP.
Obs2. Cruz vermelha: Apesar de não ser sujeito de DIP, foi parte em tratado com a Suiça,
dispondo que sua sede seria neste país.
Sujeitos de DIP: Têm capacidade de criar normas jurídicas internacionais. Estados e
organizações internacionais. Eles estruturam as regras de direito internacional,
modelam o direito internacional com suas condutas.
- Estado: é o sujeito mais poderoso devido à sua soberania. Não existe, em tese, limitação
ao Estado para criar norma jurídica internacional (em tese, na prática há, ex. direitos
humanos). O mundo é interpretado aos olhos do Estado, pois as categorias e conceitos
são criados pelas ações dos Estados no Direito Internacional.
- Organizações Internacionais: são criadas pela vontade do Estado por meio de Tratado
(acordo constitutivo, que prevê os objetivos da O.I. e atribui a esta personalidade jurídica
de DIP). Nascem quando três ou mais Estados decidem criá-la por pensarem que esta
poderia cumprir melhor certos objetivos. Ela pode, assim, fazer tratados, podendo criar
normas de direito internacional. Entretanto, ela não é soberana. O Estado, ao criar a O.I.,
delimita o âmbito de atuação desta. Assim, ela só pode firmar tratados que são atinentes
aos objetivos para os quais foi criada.
Definição de Relações Internacionais de Marcel Merle: tudo que cruza ou tende a cruzar
as fronteiras (internacionalidade).
Estado
Elementos caracterizadores:

- População: População tem sentido quantitativo, inclui os brasileiros e estrageiros


residentes permanentemente no país.

Povo: aqueles que têm pleno gozo dos direitos políticos; trata-se dos cidadãos.

Nação: conjunto de pessoas que se vinculam em razão de um sentimento comum de


pertencimento, que pode ser língua, religião, tradições. Na maioria das vezes os Estados
são plurinacionais, ou seja, cada Estado compreende mais de uma nação.

- Território: estrutura física do Estado. As fronteiras não precisam estar totalmente


definidas, mas é essencial que o país controle substanciamente o território. Compreende
o território terrestre, o espaço aéreo sobrejancente, o subsolo e o mar territorial.
Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar - 1982 (conhecida como Convenção
de Montego Bay):

- mar territorial:. Conforme art. 3º “... limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas a
partir da linha de base” (22 km). No mar territorial, o Estado é soberano, assim, outros
Estados possuem apenas direitos de passagem.

“Todo Estado tem o direito de fixar a largura do seu mar territorial até um limite que
não ultrapasse 12 milhas marítimas, medidas a partir de linhas de base determinadas de
conformidade com a presente Convenção.”(Art.3º)

- águas interiores: Art. 8º; envolve rios e mares que adentrem à linha da costa.

“ Excetuando o disposto na Parte IV, as águas situadas no interior da linha de base do


mar territorial fazem parte das águas interiores do Estado.” (art. 8.1)

- zona contígua: Art. 33 §2º; não pode exceder 24 milhas marítimas, contadas da linha de
base. É uma zona de fiscalização, o Estado pode abordar embarcações estrangeiras nas
12 milhas adjacentes ao mar territorial.

“A zona contígua não pode estender-se além de 24 milhas marítimas, contadas a partir
das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.”( 33 §2º)

- zona econômica exclusiva: arts 56 e 57; não extenderá 200 milhas. São 188 milhas
marítmas além do mar territorial. Definição no art. 56. Direitos de soberania para
exploração e aproveitamento econômico do mar sobrejacente ao leito.
“ARTIGO 56
Direitos, jurisdição e deveres do Estado costeiro na zona econômica exclusiva
1. Na zona econômica exclusiva, o Estado costeiro tem:
a) direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e
gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos das águas sobrejacentes ao leito do
mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vista à
exploração e aproveitamento da zona para fins econômicos, como a produção de
energia a partir da água, das correntes e dos ventos;
c) jurisdição, de conformidade com as disposições pertinentes da presente Convenção,
no que se refere a:
i) colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas;
ii) investigação cientifica marinha;
iii) proteção e preservação do meio marinho;

2. No exercício dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres na zona econômica
exclusiva nos termos da presente Convenção, o Estado costeiro terá em devida conta os
direitos e deveres dos outros Estados e agirá de forma compatível com as disposições
da presente Convenção.
3. Os direitos enunciados no presente artigo referentes ao leito do mar e ao seu subsolo
devem ser exercidos de conformidade com a Parte VI da presente Convenção.
ARTIGO 57
Largura da zona econômica exclusiva
A zona econômica exclusiva não se estenderá além de 200 milhas marítimas das linhas
de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial.”

- plataforma continental: art 76; extensão de continuidade do continente, pelo mar, até
um ponto em que houver uma depressão brusca, e, a partir desta, tem-se as águas
profundas. O Estado pode explorar exclusivamente tudo o que está no leito e no subsolo.
“ARTIGO 76
Definição da Plataforma Continental
1. A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das
áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do
prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem
continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir
das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da
margem continental não atinja essa distância.
3. A margem continental compreende o prolongamento submerso da massa terrestre do
Estado costeiro e é constituída pelo leito e subsolo da plataforma continental, pelo
talude e pela elevação continental. Não compreende nem os grandes fundos oceânicos,
com as suas cristas oceânicas, nem o seu subsolo.
(...)”

Obs: ilhas artificiais não possuem mar territorial, apenas as ilhas naturais possuem.

Obs2: Nos casos de Estados que possuem entre si, distância inferior à 12 milhas, pode-se
dividir de modo equidistante. Estas questões podem ser objeto de tratado internacional.

Governo: Deve ser efetivo. Não interessa se é democrático ou autoritário. Se exercer o


monopólio da força em nome do Estado, é efetivo. É o único elemento que pode faltar,
de modo temporário.

Alguns autores incluem soberania como quarto elemento.

AULA 4 – 13/09/18

Reconhecimento de Estado e Reconhecimento de Governo


Organizações Internacionais são as entidades de DIP, criadas por Estados por meio de
tratados internacionais. Assim, a OI para existir necessita que haja uma vontade exterior
a ela para que seja criada (dos Estados). No tratado de criação, acordo constitutivo,
delimitará seus objetos e objetivos. Vontade originária de um sujeito soberano (Estado)
cria uma OI, assim ela é sujeito derivado dos Estados. A OI não pode criar outros sujeitos
de DIP.
A OI depende, portanto da vontade dos Estados e de um instrumento de criação, o acordo
constitutivo.
Mas e o Estado? Quando passa a existir no cenáro internacional?
O próprio Estado afirma sua soberania, não é como uma organização internacional que
depende de uma vontade externa à ela.

Reconhecimento de Estado é unilateral (e se pronuncia o Estado que quiser), irretratável,


irrevogável (quando se reconhece não pode voltar a trás). Pode ser explícito, quando o
Estado estrangeiro reconhece o surgimento de novo sujeito soberano ou tácito, quando
e.g. um Estado recebe diplomaticamente a autoridade do novo Estado para negociar um
tratado.

Para a doutrina é um assunto em aberto se o reconhecimento de Estado é fator


determinante para sua existência.

Ex.1. Sérvia e Kosovo


Uma província da Sérvia, Kosovo, se declara independente. A Sérvia não reconhece
Kosovo, mas EUA o faz. A Rússia apoiou a Sérvia. Nota-se que os EUA poderiam
estabelecer tratados com Kosovo, mas a Sérvia não os reconheceria como válidos.
A Assembleia Geral de Kosovo, solicita a opinião consultiva da Corte Internacional de
Justiça, questionando se a declaração de independência de Kosovo violava o Direito
Internacional e a Corte diz que Kosovo não violou o Direito Internacional. Não obstante,
nota-se que no final, é a opinião dos Estados que importam, pois estes são soberanos.

Ex.2. Espanha e Cataluña

Catalunã promoveu referendo, mas a Espanha abafou a situação. Algo que colaborou, foi
o fato de nenhum Estado ter reconhecido.

Ex.3. Canadá e Quebec

O Governo canadense resolveu organizar um referendo em Quebec para decidir se a


província iria se tornar independente ou não. Os separatistas perderam por 1%. Percebe-
se que caso Quebec se tornasse independente não haveria questionamentos de
reconhecimento de Estado, pois foi promovido um processo interno e o próprio Canadá
reconheceria.

Reconhecimento de Governo: não está em questão a existência do Estado, mas sim o


governo do Estado. Ocorre quando há ruptura da ordem nacional. É ato unilateral, pode
ser explícito ou tácito.
Ex. Honduras

Presidente Zelaya propõe uma mudança constitucional para possibilitar a reeleição.


Entretando, havia dispositivo constitucional que dizia que o presidente que o fizesse
estaria sujeito a impeachment. Micheletti, político, foi à casa de Zelaya na madrugada e
o fez entrar em um avião e sair do país. Em um primeiro momento, os EUA (Obama)
disseram que foi golpe, mas depois passou a reconhecer Micheletti como governante de
Honduras. A maioria dos países da América Latina continuou reconhecendo Zelaya como
governante. A questão, no caso em tela, não é a existência de Honduras, mas quem é seu
governante.

O governo, portanto, é o único elemento do Estado que pode faltar por um período de
tempo.( ex. França durante ocupação alemã).

AULA 5 – 20/09/18
Sucessão de Estado
Ocorre sempre que há uma mudança no exercício da soberania sobre um território de um
Estado para outro. Não necessarimaente trata-se da hipótese de sucessão integral (ex.
Estado A dá lugar a Estado B). Trata-se da transferência da soberania de parte do
território.
Modalidades:
- Fusão: Quando dois ou mais Estados passam a constituir um único Estado. Dá-se
origem a um novo Estado. Ex. Síria e Egito formando a República Árabe Unida
- Agregação: Espécie de fusão na qual um Estado incorpora o território de outro. Pode
se dar com parte do território ou com todo ele. Ex. URSS em relação à Letônia, Lituânia.
- Secessão ou desmembramento: Dois ou mais Estados que resultam da divisão do que
até então era uma única soberania. Ex. período de descolonização; Sérvia e Montenegro.
- Transferência de território: Não há surgimento ou desaparecimento da soberania de
Estados, apenas parte do território de um é transferido para outro, sem que a soberania
desapareça (espécie de agregação)

Princípio da Continuidade do Estado: um novo Estado não pode alegar, pelo fato de
ser novo, que as obrigações do Estado predecessor não se aplicam a ele. Assim, segundo
este princípio, o novo Estado deve cumprir tais obrigações.

Convenção de Viena sobre Sucessão de Estados em Matéria de Tratados (1978)

Regime de fronteira: art 11

“Uma sucessão de Estados não afetará de per si:

a) Uma fronteira estabelecida por um tratado; nem


b) As obrigações e os direitos estabelecidos por um tratado e que se refiram ao regime
de uma fronteira.” (Art.11)

Fatos que antecedem a pretensão de um terceiro Estado se sobrepõem a esta.

Art.12: “1. Uma sucessão de Estados não afetará de per si:

a) As obrigações relativas do uso de qualquer território, ou as restrições ao seu uso,


estabelecidas por um tratado em benefício de qualquer território de um Estado
estrangeiro e que se considerem vinculadas aos territórios de que se trate;

b) Os direitos estabelecidos por um tratado em benefício de qualquer território e relativos


ao uso, ou às restrições do uso, de qualquer território de um Estado estrangeiro e que se
considerem vinculados aos territórios de que se trate.

2. Uma sucessão de Estados não afetará de per si:

a) As obrigações relativas ao uso de qualquer território, ou as restrições ao seu uso,


estabelecidas por um tratado em benefício de um grupo de Estados ou de todos os Estados
e que se considerem vinculados a esse território;

b) Os direitos estabelecidos por um tratado em benefício de um grupo de Estados ou de


todos os Estados e relativos ao uso de qualquer território, ou às restrições ao seu uso, e
que se considerem vinculados a esse território.

3. As disposições do presente artigo não se aplicam às obrigações derivadas de tratados


do Estado predecessor que prevejam o estabelecimento de bases militares estrangeiras
no território ao qual se refere a sucessão de Estados.”

Parte II – Sucessão relativa a uma parte do território

Art.15. “Quando uma parte do território de um Estado, ou quando qualquer território de


cujas relações internacionais seja responsável um Estado e que não seja parte do
território desse Estado, passa a ser parte do território de outro Estado:

a) Os tratados do Estado predecessor deixarão de estar em vigor relativamente ao


território a que se refira a sucessão de Estados desde a data da sucessão de Estados; e
b) Os tratados do Estado sucessor estarão em vigor relativamente ao território a que se
refira a sucessão de Estados desde a data da sucessão de Estados, salvo se se depreender
do tratado ou constar de outro modo que a aplicação do tratado a esse território seria
incompatível com o objeto e fim do tratado ou alteraria radicalmente as condições da
sua execução.”

Ex. alínea A – Os tratados que A devem cumprir perdem sua vigência em relação a B

A tem acordo com C de fornecimento de gás. Entretanto parte do gás está no território
equivalente ao novo Estado B. O Tratado continua válido para A, e é possível que C
invoque o princípio da Continuidade do Estado para fazer B promover a continuidade do
fornecimento. Nota-se que A tem motivo para reavaliar o acordo, devido a perda do
território. Percebe-se, também, que é possível responsabilizar civilmente B.

Em princípio, o novo Estado herda todos os tratados predecessores, o que não obsta
possível destrato posterior.

Parte III – Estados de recente independênica

Art. 16: “Nenhum Estado de recente independência estará obrigado a manter em vigor
um tratado ou a passar a ser parte dele pelo fato de, na data da sucessão de Estados, o
tratado estar em vigor relativamente ao território a que se refere a sucessão de Estados.”

Art. 17 – notificar que quer continuar vinculado ao tratado

“1. Sem prejuízo do disposto nos nos 2 e 3, um Estado de recente independência poderá,
mediante uma notificação de sucessão, fazer constar a sua qualidade de parte em
qualquer tratado multilateral que, na data da sucessão de Estados, estivesse em vigor
relativamente ao território a que se refere a sucessão de Estados.

2. O no 1 não se aplicará se se depreender do tratado ou constar de outro modo que a


aplicação do tratado relativamente ao Estado de recente independência seria
incompatível com o objeto e o fim do tratado ou alteraria radicalmente as condições da
sua execução.

3. Quando, em virtude das estipulações do tratado ou por força do número reduzido de


Estados negociadores e do objeto e fim do tratado, deva entender-se que a participação
de qualquer outro Estado requer o consentimento de todas as partes, o Estado de recente
independência só poderá fazer constar a sua qualidade com tal consentimento.”

Art 24 - possibilidade de negociação

“1. Um tratado bilateral que na data de uma sucessão de Estados estivesse em vigor
relativamente ao território a que se refere a sucessão de Estados considerar-se-á em vigor
entre um Estado de recente independência e outro Estado parte quando esses Estados:

a) Tenham convencionado isso expressamente;

b) Se tenham comportado de tal modo que deva entender-se que convencionaram isso.

2. Um tratado que seja considerado em vigor em conformidade com o no 1 será aplicável


entre o Estado de recente independência e o outro Estado parte desde a data da sucessão
de Estados, salvo se uma intenção diferente resultar do seu acordo ou constar de outro
modo.”

Part IV

Art 31 – efeitos da unificação de Estado


“1. Quando dois ou mais Estados se unam e formem desse modo um Estado sucessor,
todo o tratado em vigor na data da sucessão de Estados relativamente a qualquer deles
continuará em vigor relativamente ao Estado sucessor, a menos:

a) Que o Estado sucessor e o outro Estado parte ou outros Estados partes convencionem
outra coisa; ou

b) Que resulte do tratado ou conste de outro modo que a aplicação do tratado


relativamente ao Estado sucessor seria incompatível com o objeto e o fim do tratado ou
alteraria radicalmente as condições da sua execução.

2. Todo o tratado que continue em vigor em conformidade com o no 1, aplicar-se-á


somente relativamente à parte do território do Estado sucessor em relação à qual estava
em vigor o tratado na data da sucessão de Estados, a menos:

a) Que, no caso de um tratado multilateral que não corresponda a categoria mencionada


no no 3 do artigo 17o , o Estado sucessor faça uma notificação no sentido de que o
tratado se aplicará relativamente à totalidade do seu território;

b) Que, no caso de um tratado bilateral, o Estado sucessor e os outros Estados partes


convencionarem outra coisa. 3. A alínea a do no 2 não se aplicará se resultar do tratado,
ou constar de outra forma, que a aplicação do tratado relativamente à totalidade do
território do Estado sucessor seria incompatível com o objeto e o fim do tratado ou
alteraria radicalmente as condições da sua execução.”

Art. 34: “1. Quando uma parte ou partes do território de um Estado se separarem para
formar um ou vários Estados, continue ou não a existir Estado predecessor:

a) Todo o tratado que estivesse em vigor na data da sucessão de Estados relativamente


à totalidade do Estado predecessor continuará em vigor relativamente a cada Estado
sucessor assim formado;

b) Todo o tratado que estivesse em vigor na data da sucessão do Estado relativamente


apenas à parte do território do Estado predecessor que tenha passado a ser um Estado
sucessor continuará em vigor apenas relativamente a esse Estado sucessor.

2. O no 1 não se aplicará:

a) Se os Estados interessados convencionarem outra coisa;

b) Se resultar do tratado ou constar de outro modo que a aplicação do tratado


relativamente ao Estado sucessor seria incompatível com o objeto e o fim do tratado ou
alteraria radicalmente as condições da sua execução.”

Art.35: “Quando, depois da separação de uma parte do território de um Estado, o Estado


predecessor continuar a existir, todo o tratado que na data da sucessão de Estados
estivesse em vigor relativamente ao Estado predecessor continuará em vigor
relativamente ao resto do seu território, a menos:
a) Que os Estados interessados convencionem outra coisa;

b) Que conste que o tratado se refere apenas ao território que se separou do Estado
predecessor;

c) Que resulte do tratado ou conste de outro modo que a aplicação do tratado


relativamente ao Estado predecessor seria incompatível com o objeto e fim do tratado ou
alteraria radicalmente as condições da sua execução.”

AULA 6 – 27/09/18

Imunidades Diplomáticas: Direitos Diplomáticos e Consulares

- Diplomatas e Cônsuls: representam o Estado em outros Estados.


- Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1961)
- Convenção de Viena sobre Relações Consulares (1963)
Ação diplomática é essencial para evitar o conflito armado. Quando não é possível,
entram em cena os soldados. E, quando a paz se restabelece, os tratados de paz são
estabelecidos por meio da diplomacia.
- Distinção entre relações diplomáticas e relações consulares:
Relações diplomáticas: Representa o Estado em suas relações com outros Estados.
Relações consulares: Se dedida às questões dos nacionais do Estado em país estrangeiro.
Quem está ligado ao Itamarati: Servidores públicos federais vinculados ao Ministério das
Relações Exteriores. Só será diplomata quando por indicado para exercer função no
exterior como diplomata, ou seja, quando estiver em missão diplomática.
Assim, as normas das Convenções só se aplicam aos servidores públicos que estiverem
em missão diplomática, no desempenho dessa função.
Quem pode assinar tratados, comprometendo os Estados:
- Presidente da República
- Ministro de Relações Exteriores
- Os servidores em missão diplomática só podem negociar e assinar tratados relacionados
à sua missão diplomática.
Missão diplomática: É formada por vários diplomatas, sendo que um deles será o chefe
de missão.
Estado acreditante: aquele que atribui ao diplomata a condição de seu representante
Estado acreditado: aquele que recebe o diplomata estrangeiro.
Para o Direito Internacional é diplomata aquele que é enviado ao exterior para representar
o país na condição de diplomata.

O mesmo se dá com as relações consulares: tem-se as missões consulares, composta pelos


cônsuls, cônsul-geral (chefe da missão consular), vice-cônsul.

Embaixador: Chefe da missão diplomática na condição de representante de Estado.

Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1961)

Países não são obrigados a receber missões diplomáticas com países que não querem.

Art. 3º: funções das missões diplomáticas


As funções de uma Missão diplomática consistem, entre outras, em:
a) representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado;
b) proteger no Estado acreditado os interêsses do Estado acreditante e de seus nacionais,
dentro dos limites permitidos pelo direito internacional;
c) negociar com o Govêrno do Estado acreditado;
d) inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos
acontecimentos no Estado acreditado e informar a êsse respeito o Govêrno do Estado
acreditante;
e) promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, culturais e científicas
entre o Estado acreditante e o Estado acreditado.
2. Nenhuma disposição da presente Convenção poderá ser interpretada como impedindo o
exercício de funções consulares pela Missão diplomática.

Art.21 – compete ao Estado acreditado a proteção dos diplomatas estrangeiros


1. O Estado acreditado deverá facilitar a aquisição em seu território, de acôrdo com as suas
leis, pelo Estado acreditado, dos locais necessários à Missão ou ajudá-lo a consegui-los de outra
maneira.
2. Quando necessário, ajudará também as Missões a obterem alojamento adequado para
seus membros.

Art.22 – não pode haver prisões e arresto de bens no território das embaixadas e
consulados. Também não se pode interromper fornecimento de água, energia e internet.
1. Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão nêles
penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão.
2. O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar tôdas as medidas apropriadas
para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou dano e evitar perturbações à
tranqüilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade.
3. Os locais da Missão, em mobiliário e demais bens nêles situados, assim como os meios de
transporte da Missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de
execução.
Art. 24 – arquivos da missão são invioláveis onde quer que se encontrem

Os arquivos e documentos da Missão são invioláveis, em qualquer momento e onde


quer que se encontrem.

Art.25

O Estado acreditado dará tôdas as facilidades para o desempenho das funções da


Missão.

Art. 27 – proteção da comunicação (não pode cortar telefone ou internet)


1. O Estado acreditado permitirá e protegerá a livre comunicação da Missão para todos os fins
oficiais. Para comunicar-se com o Govêrno e demais Missões e Consulados do Estado
acreditante, onde quer que se encontrem, a Missão poderá empregar todos os meios de
comunicação adequados, inclusive correios diplomáticos e mensagens em códigos ou cifra. Não
obstante, a Missão só poderá instalar e usar uma emissora de rádio com o consentimento do
Estado acreditado.
2. A correspondência oficial da Missão é inviolável. Por correspondência oficial entende-se
tôda correspondência concernente à Missão e suas funções.
3. A mala diplomática não poderá ser aberta ou retida.
4. Os volumes que constituam a mala diplomática deverão conter sinais exteriores visíveis
que indiquem o seu caráter e só poderão conter documentos diplomáticos e objetos destinados
a uso oficial.
5. O correio diplomático, que deverá estar munido de um documento oficial que indique sua
condição e o número de volumes que constituam a mala diplomática, será, no desempenho das
suas funções, protegido pelo Estado acreditado.
6. O Estado acreditante ou a Missão poderão designar correios diplomáticos " ad hoc ". Em
tal caso, aplicar-se-ão as disposições do parágrafo 5 dêste artigo, mas as imunidades nêle
mencionadas deixarão de se aplicar, desde que o referido correio tenha entregado ao
destinatário a mala diplomática que lhe fôra confiada.
7. A mala diplomática poderá ser confiada ao comandante de uma aeronave comercial que
tenha de aterrissar num aeroporto de entrada autorizada. O comandante será munido de um
documento oficial que indique o número de volumes que constituam a mala, mas não será
considerado correio diplomático. A Missão poderá enviar um de seus membros para receber a
mala diplomática, direta e livremente, das mãos do comandante da aeronave.

Art.29 - diplomata é inviolável, não poderá sofrer nenhuma forma de detenção ou prisão.

A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma forma
de detenção ou prisão. O Estado acreditado trata-lo-á com o devido respeito e adotará
tôdas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou
dignidade.

No caso de diplomata cometer crime, o Estado acreditado declara aquele como persona
non grata e dá determinado prazo para que ele retorne para seu país de origem.

Nota-se que a imunidade diplomática não é da pessoa do diplomata, mas do Estado. Trata-
se de garantia de inviolabilidade em território estrangeiro.

Art. 31- imunidades civis e administrativas


1. O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará
também da imunidade de jurisdição civil e administrativa, a não ser que se trate de:
a) uma ação real sôbre imóvel privado situado no território do Estado acreditado, salvo se
o agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditado para os fins da missão.
b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a titulo privado e não em nome
do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário.
c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo
agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais.
2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como testemunha.
3. O agente diplomático não esta sujeito a nenhuma medida de execução a não ser nos casos
previstos nas alíneas " a ", " b " e " c " do parágrafo 1 dêste artigo e desde que a execução possa
realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência.
4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta
da jurisdição do Estado acreditante.

Art.32 – renúncia da imunidade (Estado que deve fazê-lo)


1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos
e das pessoas que gozam de imunidade nos têrmos do artigo 37.
2. A renuncia será sempre expressa.
3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição nos têrmos
do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a imunidade de jurisdição
no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal.
4. A renuncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas não
implica renúncia a imunidade quanto as medidas de execução da sentença, para as quais nova
renúncia é necessária.

Art.34 – isenção de impostos e taxas


O agente diplomático gozará de isenção de todos os impostos e taxas, pessoais ou reais,
nacionais, regionais ou municipais, com as exceções seguintes:
a) os impostos indiretos que estejam normalmente incluídos no preço das mercadorias ou
dos serviços;
b) os impostos e taxas sôbre bens imóveis privados situados no território do Estado
acreditado, a não ser que o agente diplomático os possua em nome do Estado acreditante e para
os fins da missão;
c) os direitos de sucessão percebidos pelo Estado acreditado, salvo o disposto no parágrafo
4 do artigo 39;
d) os impostos e taxas sôbre rendimentos privados que tenham a sua origem no Estado
acreditado e os impostos sôbre o capital referentes a investimentos em emprêsas comerciais no
Estado acreditado.
e) os impostos e taxas que incidem sôbre a remuneração relativa a serviços específicos;
f) os direitos de registro, de hipoteca, custas judiciais e impôsto de selo relativos a bens
imóveis, salvo o disposto no artigo 23.

Art. 37 – imunidades são extensíveis aos familiares que vivam com o diplomata
1. Os membros da família de um agente diplomático que com êle vivam gozarão dos privilégios
e imunidade mencionados nos artigos 29 e 36, desde que não sejam nacionais do estado
acreditado.
2. Os membros do pessoal administrativo e técnico da missão, assim como os membros de
suas famílias que com êles vivam, desde que não sejam nacionais do estado acreditado nem nêle
tenham residência permanente, gozarão dos privilégios e imunidades mencionados nos artigos
29 a 35 com ressalva de que a imunidade de jurisdição civil e administrativa do estado
acreditado, mencionado no parágrafo 1 do artigo 31, não se estenderá aos atos por êles
praticados fora do exército de suas funções; gozarão também dos privilégios mencionados no
parágrafo 1 do artigo 36, no que respeita aos objetos importados para a primeira instalação.
3. Os membros do pessoal de serviço da Missão, que não sejam nacionais do Estado
acreditado nem nêle tenham residência permanente, gozarão de imunidades quanto aos atos
praticados no exercício de suas funções, de isenção de impostos e taxas sôbre os salários que
perceberem pêlos seus serviços e da isenção prevista no artigo 33.
4. Os criados particulares dos membros da Missão, que não sejam nacionais do Estado
acreditado nem nêle tenham residência permanente, estão isentos de impostos e taxas sôbre os
salários que perceberem pelos seus serviços. Nos demais casos, só gozarão de privilégios e
imunidades na medida reconhecida pelo referido Estado. Todavia, o Estado acreditado deverá
exercer a sua jurisdição sôbre tais pessoas de modo a não interferir demasiadamente como o
desempenho das funções da Missão.

Todas as inviolabilidades diplomáticas são prerrogativas do diplomata no país onde


exerce a missão diplomática, apenas nele.

Prerrogativas do cônsul são diferentes, mais restritas.

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