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Bibliografia
Francisco Rezek
Alberto do Amaral Junior
Mazzuoli
Legislação internacional
Cronograma
- Sujeito de DIP
- Reconhecimento de Estado e Governo
- Sucessão de Estado
- Direito diplomático e consular
- Imunidades estatais
- Responsabilidade internacional
- Fontes de DIP
AULA 1 – 16/08/18
Até o momento histórico que a Igreja Católica comandava por meio de sua hegemonia,
esta cumpria o papel de limitar a soberania estatal. Porém quando perde poder e deixa de
exercer essa influência, questiona-se que irá cumprir este papel.
Francisco de Vitória aponta que o Estado deveria observar o Direito Natural (ius inter
gentes), pois este passaria a regular o Direito Internacional. Seria um direito de aplicação
universal e inato à condição humana. Nota-se que apesar de deixar a noção religiosa, o
Direito Internacional ainda se basearia em ideias metafísicas.
Francisco Suarez apresenta uma distinção entre Direito Natural (sendo que sobre este
concorda com Francisco Vitória) e Direito das Gentes, que, segundo ele, resulta da
vontade dos Estados. Seria um direito positivo, escrito. Entretanto, este não poderia ser
contrário ao Direito Natural.
Atualmente, o que coloca limite no arbítrio do Estado são os Direitos Humanos (desde o
pós guerra). Os direitos humanos surgem como antidoto contra Estados autoritários,
possuem o papel de limitar a soberania estatal para que não incorram em práticas
autoritárias.
AULA 3 – 06/09/18
Sujeitos de Direito Internacional Público
Aqueles que têm personalidade jurídica de direito público; podem contrair direitos e
deveres na sociedade internacional.
Atores de DIP: expressão mais abrangente, que inclui os sujeitos de DIP. Conceito
relevante para o analista de DIP. Se refere à toda e qualquer entidade, que em função de
seus atos e discursos influenciam o direito internacional, influenciam países. Inclui
empresas (públicas ou privadas), ONG’s, indivíduos (ex. Dalai Lama, ex-presidentes).
Ator por excelência, que também é sujeito de DIP, é o Estado.
Obs: Alguns autores incluem indivíduos no rol de sujeitos de DIP, reconhecendo que são
sujeitos de DIP sui generis. Luís Augusto Cansado Trindade, e.g., defende tal tese.
Entretanto, não podem criar normas de DIP.
Obs2. Cruz vermelha: Apesar de não ser sujeito de DIP, foi parte em tratado com a Suiça,
dispondo que sua sede seria neste país.
Sujeitos de DIP: Têm capacidade de criar normas jurídicas internacionais. Estados e
organizações internacionais. Eles estruturam as regras de direito internacional,
modelam o direito internacional com suas condutas.
- Estado: é o sujeito mais poderoso devido à sua soberania. Não existe, em tese, limitação
ao Estado para criar norma jurídica internacional (em tese, na prática há, ex. direitos
humanos). O mundo é interpretado aos olhos do Estado, pois as categorias e conceitos
são criados pelas ações dos Estados no Direito Internacional.
- Organizações Internacionais: são criadas pela vontade do Estado por meio de Tratado
(acordo constitutivo, que prevê os objetivos da O.I. e atribui a esta personalidade jurídica
de DIP). Nascem quando três ou mais Estados decidem criá-la por pensarem que esta
poderia cumprir melhor certos objetivos. Ela pode, assim, fazer tratados, podendo criar
normas de direito internacional. Entretanto, ela não é soberana. O Estado, ao criar a O.I.,
delimita o âmbito de atuação desta. Assim, ela só pode firmar tratados que são atinentes
aos objetivos para os quais foi criada.
Definição de Relações Internacionais de Marcel Merle: tudo que cruza ou tende a cruzar
as fronteiras (internacionalidade).
Estado
Elementos caracterizadores:
Povo: aqueles que têm pleno gozo dos direitos políticos; trata-se dos cidadãos.
- mar territorial:. Conforme art. 3º “... limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas a
partir da linha de base” (22 km). No mar territorial, o Estado é soberano, assim, outros
Estados possuem apenas direitos de passagem.
“Todo Estado tem o direito de fixar a largura do seu mar territorial até um limite que
não ultrapasse 12 milhas marítimas, medidas a partir de linhas de base determinadas de
conformidade com a presente Convenção.”(Art.3º)
- águas interiores: Art. 8º; envolve rios e mares que adentrem à linha da costa.
- zona contígua: Art. 33 §2º; não pode exceder 24 milhas marítimas, contadas da linha de
base. É uma zona de fiscalização, o Estado pode abordar embarcações estrangeiras nas
12 milhas adjacentes ao mar territorial.
“A zona contígua não pode estender-se além de 24 milhas marítimas, contadas a partir
das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.”( 33 §2º)
- zona econômica exclusiva: arts 56 e 57; não extenderá 200 milhas. São 188 milhas
marítmas além do mar territorial. Definição no art. 56. Direitos de soberania para
exploração e aproveitamento econômico do mar sobrejacente ao leito.
“ARTIGO 56
Direitos, jurisdição e deveres do Estado costeiro na zona econômica exclusiva
1. Na zona econômica exclusiva, o Estado costeiro tem:
a) direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e
gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos das águas sobrejacentes ao leito do
mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vista à
exploração e aproveitamento da zona para fins econômicos, como a produção de
energia a partir da água, das correntes e dos ventos;
c) jurisdição, de conformidade com as disposições pertinentes da presente Convenção,
no que se refere a:
i) colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas;
ii) investigação cientifica marinha;
iii) proteção e preservação do meio marinho;
2. No exercício dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres na zona econômica
exclusiva nos termos da presente Convenção, o Estado costeiro terá em devida conta os
direitos e deveres dos outros Estados e agirá de forma compatível com as disposições
da presente Convenção.
3. Os direitos enunciados no presente artigo referentes ao leito do mar e ao seu subsolo
devem ser exercidos de conformidade com a Parte VI da presente Convenção.
ARTIGO 57
Largura da zona econômica exclusiva
A zona econômica exclusiva não se estenderá além de 200 milhas marítimas das linhas
de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial.”
- plataforma continental: art 76; extensão de continuidade do continente, pelo mar, até
um ponto em que houver uma depressão brusca, e, a partir desta, tem-se as águas
profundas. O Estado pode explorar exclusivamente tudo o que está no leito e no subsolo.
“ARTIGO 76
Definição da Plataforma Continental
1. A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das
áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do
prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem
continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir
das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da
margem continental não atinja essa distância.
3. A margem continental compreende o prolongamento submerso da massa terrestre do
Estado costeiro e é constituída pelo leito e subsolo da plataforma continental, pelo
talude e pela elevação continental. Não compreende nem os grandes fundos oceânicos,
com as suas cristas oceânicas, nem o seu subsolo.
(...)”
Obs: ilhas artificiais não possuem mar territorial, apenas as ilhas naturais possuem.
Obs2: Nos casos de Estados que possuem entre si, distância inferior à 12 milhas, pode-se
dividir de modo equidistante. Estas questões podem ser objeto de tratado internacional.
AULA 4 – 13/09/18
Catalunã promoveu referendo, mas a Espanha abafou a situação. Algo que colaborou, foi
o fato de nenhum Estado ter reconhecido.
O governo, portanto, é o único elemento do Estado que pode faltar por um período de
tempo.( ex. França durante ocupação alemã).
AULA 5 – 20/09/18
Sucessão de Estado
Ocorre sempre que há uma mudança no exercício da soberania sobre um território de um
Estado para outro. Não necessarimaente trata-se da hipótese de sucessão integral (ex.
Estado A dá lugar a Estado B). Trata-se da transferência da soberania de parte do
território.
Modalidades:
- Fusão: Quando dois ou mais Estados passam a constituir um único Estado. Dá-se
origem a um novo Estado. Ex. Síria e Egito formando a República Árabe Unida
- Agregação: Espécie de fusão na qual um Estado incorpora o território de outro. Pode
se dar com parte do território ou com todo ele. Ex. URSS em relação à Letônia, Lituânia.
- Secessão ou desmembramento: Dois ou mais Estados que resultam da divisão do que
até então era uma única soberania. Ex. período de descolonização; Sérvia e Montenegro.
- Transferência de território: Não há surgimento ou desaparecimento da soberania de
Estados, apenas parte do território de um é transferido para outro, sem que a soberania
desapareça (espécie de agregação)
Princípio da Continuidade do Estado: um novo Estado não pode alegar, pelo fato de
ser novo, que as obrigações do Estado predecessor não se aplicam a ele. Assim, segundo
este princípio, o novo Estado deve cumprir tais obrigações.
Ex. alínea A – Os tratados que A devem cumprir perdem sua vigência em relação a B
A tem acordo com C de fornecimento de gás. Entretanto parte do gás está no território
equivalente ao novo Estado B. O Tratado continua válido para A, e é possível que C
invoque o princípio da Continuidade do Estado para fazer B promover a continuidade do
fornecimento. Nota-se que A tem motivo para reavaliar o acordo, devido a perda do
território. Percebe-se, também, que é possível responsabilizar civilmente B.
Em princípio, o novo Estado herda todos os tratados predecessores, o que não obsta
possível destrato posterior.
Art. 16: “Nenhum Estado de recente independência estará obrigado a manter em vigor
um tratado ou a passar a ser parte dele pelo fato de, na data da sucessão de Estados, o
tratado estar em vigor relativamente ao território a que se refere a sucessão de Estados.”
“1. Sem prejuízo do disposto nos nos 2 e 3, um Estado de recente independência poderá,
mediante uma notificação de sucessão, fazer constar a sua qualidade de parte em
qualquer tratado multilateral que, na data da sucessão de Estados, estivesse em vigor
relativamente ao território a que se refere a sucessão de Estados.
“1. Um tratado bilateral que na data de uma sucessão de Estados estivesse em vigor
relativamente ao território a que se refere a sucessão de Estados considerar-se-á em vigor
entre um Estado de recente independência e outro Estado parte quando esses Estados:
b) Se tenham comportado de tal modo que deva entender-se que convencionaram isso.
Part IV
a) Que o Estado sucessor e o outro Estado parte ou outros Estados partes convencionem
outra coisa; ou
Art. 34: “1. Quando uma parte ou partes do território de um Estado se separarem para
formar um ou vários Estados, continue ou não a existir Estado predecessor:
2. O no 1 não se aplicará:
b) Que conste que o tratado se refere apenas ao território que se separou do Estado
predecessor;
AULA 6 – 27/09/18
Países não são obrigados a receber missões diplomáticas com países que não querem.
Art.22 – não pode haver prisões e arresto de bens no território das embaixadas e
consulados. Também não se pode interromper fornecimento de água, energia e internet.
1. Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão nêles
penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão.
2. O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar tôdas as medidas apropriadas
para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou dano e evitar perturbações à
tranqüilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade.
3. Os locais da Missão, em mobiliário e demais bens nêles situados, assim como os meios de
transporte da Missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de
execução.
Art. 24 – arquivos da missão são invioláveis onde quer que se encontrem
Art.25
Art.29 - diplomata é inviolável, não poderá sofrer nenhuma forma de detenção ou prisão.
A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma forma
de detenção ou prisão. O Estado acreditado trata-lo-á com o devido respeito e adotará
tôdas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou
dignidade.
No caso de diplomata cometer crime, o Estado acreditado declara aquele como persona
non grata e dá determinado prazo para que ele retorne para seu país de origem.
Nota-se que a imunidade diplomática não é da pessoa do diplomata, mas do Estado. Trata-
se de garantia de inviolabilidade em território estrangeiro.
Art. 37 – imunidades são extensíveis aos familiares que vivam com o diplomata
1. Os membros da família de um agente diplomático que com êle vivam gozarão dos privilégios
e imunidade mencionados nos artigos 29 e 36, desde que não sejam nacionais do estado
acreditado.
2. Os membros do pessoal administrativo e técnico da missão, assim como os membros de
suas famílias que com êles vivam, desde que não sejam nacionais do estado acreditado nem nêle
tenham residência permanente, gozarão dos privilégios e imunidades mencionados nos artigos
29 a 35 com ressalva de que a imunidade de jurisdição civil e administrativa do estado
acreditado, mencionado no parágrafo 1 do artigo 31, não se estenderá aos atos por êles
praticados fora do exército de suas funções; gozarão também dos privilégios mencionados no
parágrafo 1 do artigo 36, no que respeita aos objetos importados para a primeira instalação.
3. Os membros do pessoal de serviço da Missão, que não sejam nacionais do Estado
acreditado nem nêle tenham residência permanente, gozarão de imunidades quanto aos atos
praticados no exercício de suas funções, de isenção de impostos e taxas sôbre os salários que
perceberem pêlos seus serviços e da isenção prevista no artigo 33.
4. Os criados particulares dos membros da Missão, que não sejam nacionais do Estado
acreditado nem nêle tenham residência permanente, estão isentos de impostos e taxas sôbre os
salários que perceberem pelos seus serviços. Nos demais casos, só gozarão de privilégios e
imunidades na medida reconhecida pelo referido Estado. Todavia, o Estado acreditado deverá
exercer a sua jurisdição sôbre tais pessoas de modo a não interferir demasiadamente como o
desempenho das funções da Missão.