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04/03/2021
Capítulo III. A força da norma internacional: Hard Law e Soft Law; Ius cogens; Direito dos tratados
• Em que reside a força da norma internacional? - Existem muitos exemplos de estados que não cumprem as
normas dos tratados, que começam guerras, desrespeitam os direitos humanos. A força da norma
internacional reside na vontade dos estados ou em algo mais? - A doutrina tem duas conceções de entender
esta força da norma internacional ou como é que nasce a norma internacional. Podemos ter uma conceção
voluntarista da norma internacional e uma conceção solidária.
• A conceção voluntarista da norma internacional - Significa que as normas de direito internacional nascem da
vontade dos estados - é na vontade dos estados que reside a força da norma internacional. Esta conceção dá
ênfase a um princípio importante do direito internacional público que é o princípio da soberania dos estados.
Quando os estados têm interesses territoriais ou sobre recursos naturais etc e provocam até muitas vezes as
guerras etc e violam o direito internacional, então a vontade dos estados por si só não confere a força à norma
internacional porque muitas vezes a vontade dos estados é contrária ao próprio direito internacional. Esta
conceção voluntarista é um bocado limitada, claro que as normas de um tratado resultam da vontade dos
estados mas também o fim de um tratado em prejuízo por exemplo da humanidade ou retirar-se de um
tratado em prejuízo da humanidade também resulta da vontade livre dos estados, tem de haver aqui algo
mais, não pode ser uma mera conceção voluntarista da norma que confere força ao direito internacional. A
vontade dos estados tanto fragiliza como dá força à norma.
• A outra conceção é a conceção solidária - As normas de direito internacional existem em virtude das
exigências da comunidade internacional para prosseguir os fins reconhecidos como vitais pela humanidade.
Isto significa que a força da norma internacional ela assenta em quê ? - em certos valores que são comuns à
humanidade e que a humanidade entende como sendo fundamentais para à sua existência e que não podem
ser violados nem pela vontade dos estados. Esta conceção acaba por ser um limite à soberania do próprio
estado. Neste contexto então surge o conceito de direito cogente ou ius cogens.
• O ius cogens é direito vinculante, direito imperativo que limita o poder dos estados e é composto por normas
fundamentais para a comunidade internacional, é a ordem pública internacional. Ele pode ser um princípio
com origem no costume como pode ser um princípio com origem num tratado. Importa perceber que seja
resultante do costume seja resultante de um tratado se é ius cogens está no topo da hierarquia das fontes de
direito internacional. Os princípios do ius cogens estão acima de normas consuetudinárias que não são ius
cogens porque o ius cogens são os valores da humanidade, é ordem pública internacional. Exemplos de ius
cogens: liberdade dos mares, autodeterminação dos povos, proibição do genocídio, proibição do uso da força,
tudo isto é ius cogens com origem no costume internacional. A dignidade da pessoa humana, a proibição da
tortura, escravatura e discriminação, também são ius cogens, tanto podem ter origem no costume como nos
tratados, e tanto pode ser regional como universal. Este direito cogente, não é apenas universal, estando
também presente em tratados regionais, por exemplo a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, a Carta
Africana, etc. Nós temos ius cogens que está nos tratados, mas essas disposições nos tratados têm origem no
costume. Se o direito cogente está no topo da hierarquia, este direito cogente só pode ser modificado ou
revogado por uma norma que é direito cogente. Por exemplo, uma norma de direito cogente não pode ser
modificada ou revogada por uma disposição de um tratado que não é direito cogente nem por um costume
que não é direito cogente.
• Há duas disposições da convenção de Viena sobre o direito dos tratados:
• Artigo 53 da Convenção de Viena - Um tratado que viole o ius cogens, é nulo, porque há normas de ius cogens
que estão nos tratados, mas há normas que não o são. Um tratado que viole qualquer princípio do direito
humanitário (são todos ius cogens), um tratado que viole o princípio da repulsão seria nulo. A forca do direito
internacional justifica-se pelo ius cogens.humanitário (são todos ius cogens), um tratado que viole o princípio
da repulsão seria nulo. A forca do direito internacional justifica-se pelo ius cogens.
• Artigo 64 da Convenção de Viena - Significa que o direito cogente é evolutivo, ou seja, no início do século XX
ninguém falava em desenvolvimento sustentável, em equidade ou justiça intergeracional e esses princípios
fazem parte agora do ius cogens, nenhum tratado pode violar estes princípios, porque o desenvolvimento
sustentável e a justiça entre gerações, depende da existência do ser humano.
• O direito cogente é um direito em evolução, o que justifica a força do DI, pode brotar das necessidades da
humanidade ao longo dos tempos.
• Existem um conjunto de normas que estão patentes em declarações, todas estas declarações não são
vinculativas. Se não são, os estados podem não cumprir ? - os estados demoram muito tempo a chegar a um
consenso, um acordo. Para o tratado entrar em vigor é também necessário que seja ratificado por um
conjunto de estados. Os estados criam normas através de declarações que apesar de não ter força vinculante
serve como guia do seu próprio ordenamento e até pode dar origem a um costume internacional, se começar
a ser praticado de forma reiterada, passar de soft law para costume, entre não ter nada e ter alguma coisa é
melhor a segunda hipótese. Os tratados, costumes e princípios têm natureza obrigatória, são vinculantes, os
estados têm de os cumprir, no entanto, o DI não é composto apenas por normas vinculantes, existem normas,
incluindo princípios que não têm natureza vinculante, o designado soft law. Este soft law compreende
declarações, decisões, recomendações, resoluções aprovadas pelos Estados em conferências das partes aos
tratados (quando se reúnem para discutir sobre um tratado multilateral) ou emitidas por organizações
internacionais que não têm a força jurídica de um tratado, e não sendo obrigatórias podem ser utilizadas pelos
Estados, para a interpretação do próprio DI, para o preenchimento de lacunas, podem inspirar as decisões
políticas, legislativas e judiciais e até podem estar na origem do nascimento de uma norma ou de um princípio
internacional.
• Apesar de não ser juridicamente obrigatório, o soft law não é desprovido de força legal porque o soft law fixa
parâmetros dos comportamentos esperados dos Estados, sem que exista uma ordem a guiá-los. Ele
representa o conjunto de valores conhecidos como vitais para a humanidade mas não tem a força jurídica do
ius cogens, no entanto, tem alguma força legal, até porque podem dar origem a disposições de tratados e aí
passarem a ser vinculantes (hard law) ou então algo que não era obrigatório mas que passou a ser prática
reiterada por vários estados de um determinado comportamento que não era considerado obrigatório mas
que passou a ser considerado como tal, este soft law pode dar origem a uma norma de tratado e passar a ser
hard law, passar a ser fonte de DI.
• Exemplos de soft law: A declaração de princípios da Conferência de Estocolmo de 1972; a Declaração do Rio
de Janeiro de 1992 - o princípio 10 desta sobre o dever de informação é incorporado na Convenção das Nações
Unidas.
• O princípio de desenvolvimento sustentável antes de ser princípio foi um conceito de soft law. Nenhuma
nação do mundo pensa que é impossível subsistir sem desenvolvimento sustentável. Todos os Estados o
aceitam como princípio. Transformou-se numa norma vinculante.
• A soft law faz referência a princípios do DI. O princípio da cooperação surge do costume internacional e não de
uma soft law. O princípio da prevenção de danos tem origem no costume. O princípio da precaução é mais
recente, a sua origem, surge no soft law, mas transformou-se em costume. O soft law, pode conter princípios
que não são soft law, o instrumento é soft law, mas dá ênfase a certos princípios que não o são.
• Quando um estado não cumpre uma norma de um tratado, costume ou desrespeita o hard law, existe uma
consequência legal, jurídica, se violam o princípio geral de direito, um tratado é nulo, se viola um princípio
geral de direito, ao declarar a guerra sem conselho do Conselho de Segurança justificado em legítima defesa
ou estado de necessidade, o Conselho de segurança pode adotar medidas coercivas contra esse Estado, o que
normalmente não é muito eficiente pois há estados com assento permanente. Há consequências legais mas,
às vezes, não existem consequências legais nenhumas quando há violação do hard law.
• As decisões do TIJ são obrigatórias, a aplicação do direito é obrigatória, mas se um estado não cumpre uma
decisão deste, o Conselho de Segurança das Nações Unidas obriga esse estado a cumprir, mas se esse estado
for a Rússia ou os EUA, não irá valer a pena, pois ninguém vai punir o seu próprio país.
• O incumprimento do soft law não decorre como consequência legal, mas pode até haver uma consequência
política ou até moral, como por exemplo a comunidade internacional de um país exercer pressão política para
se respeitar uma norma de soft law. O desenvolvimento sustentável, as cimeiras de 82, 92 e 2002, tiveram não
só a participação dos estados, mas também de ONG’s, povos indígenas, há uma participação de sociedade
civil nestas cimeiras, e há pressão política para o hard law que não é cumprida como também para se ir mais
longe, para certos princípios que não são vinculantes se tornarem vinculantes.
• Há uma perspetiva clássica de interpretar o DI e quando interpretamos por esta não se pensa em colocar o
soft law como fonte de DI, mas há quem pense que pode ser, pois pode-se transformar num costume ou
princípio e aí é uma fonte de DI.
• Página 3 - Existem duas convenções muito importantes - instrumentos jurídicos são eles que contêm as regras
que os Estados têm de obedecer na conclusão dos tratados, os tratados são a ferramenta mais utilizada como
fonte de DIP, e esses instrumentos são a Convenção de Viena, assinada em 1969 que entrou em vigor em 80,
Portugal aderiu posteriormente através da ratificação do Presidente da República, através de um decreto, em
2004. Esta Convenção regula a Convenção de tratados entre estados. Este direito dos tratados é o mais
importante.
• Existe outra Convenção de Viena sobre direitos dos tratados, mas é entre estados e organizações
internacionais ou apenas entre organizações internacionais, é posterior.
• Só vamos analisar a primeira, porque as regras que se aplicam são as mesmas com algumas diferenças que
resulta da outra parte ser uma organização internacional, mas a lógica jurídica é igual e a segunda não está em
vigor até à data.
Noção de tratado (artigo 2 nº1 a) da CVDTE)
• «Um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer esteja
consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua
determinação particular» - No entanto, a doutrina também admite que os tratados possam ser verbais, mas os
estados não cumprem o que está escrito quanto mais cumprirem o que é verbal, mas não se proíbe que seja
verbal. Nós podemos ter um tratado que o seu regime jurídico está em vários instrumentos, a Convenção
sobre as alterações climáticas, o regime jurídico foi sendo desenvolvido por vários outros tratados, um tratado
pode ser acordo, pacto, concordata, convenção, não deixa de ser tratado. Pode ser um instrumento único,
mas pode ser desenvolvido em vários instrumentos ligados ao tratado principal.
• Acordo de vontades plurilateral: expressão de uma vontade, produto de uma intenção de criação de normas
jurídicas/manifestação intencional combinada entre dois (bilateral) ou mais sujeitos (multilateral).
2. Elemento subjetivo
• Acordo de vontades entre sujeitos de direito internacional (Estados e Organizações internacionais).
3. Elemento formal
• Acordo Formal firmado em determinado momento histórico, com um articulado bem definido.
• Acordo Escrito.
• Vontade normativa dirigida à criação de disposições normativas.
• Vontade que se destina à produção de efeitos jurídicos (criação de deveres e obrigações para os sujeitos de
direito internacional).
• “A produção de efeitos de direito é essencial ao tratado, que não pode ser visto senão na sua dupla qualidade
de ato jurídico e de norma. O acordo formal entre Estados é o ato jurídico que produz a norma, e que,
justamente por produzi-la, desencadeia efeitos de direito, gera obrigações e prerrogativas, caracteriza enfim,
na plenitude de seus dois elementos, o tratado internacional. É conhecida em direito das gentes a figura do
gentleman’s agremeent, que a doutrina uniformemente distingue do tratado, sob o argumento de não haver
ali um compromisso entre Estados, à base do direito, mas um pacto pessoal entre estadistas, fundado sobre a
honra, e condicionado, no tempo, à permanência de seus atores no poder.” (Francisco Rezek, 42).
• Significa que um tratado não é a mesma coisa que um acordo de cavalheiros, neste há um pacto fundado na
honra, se não for comprido, não honraram compromisso, um tratado é mais do que isso, há uma vontade de
criar normas, de produzir efeitos normativos.
• Um tratado pode utilizar o termo “Constituição”, é um tratado, a de uma organização internacional. Também
se utiliza o termo “Carta”, por exemplo das Nações Unidas. “Estatuto”, por exemplo o Estatuto do Alto
Comissariado das Nações Unidas. “Convenção ou Acordo”, é um texto declarativo dos direitos do homem,
Convenção das Nações Unidas sobre o direito do mar. “Pacto” também se pode utilizar, Pacto de Varsóvia por
exemplo. Utiliza-se o termo “Concordata” quando é entre a Santa Sé e um estado. “Protocolo” também é um
tratado. “Ata geral ou Ata final”, também pode ter um valor de conferência internacional.
Classificações de tratados (página 7):
1. Classificação Subjetiva: Sujeitos, estados, podemos classificar do ponto de vista subjetivo quanto:
Ao número de partes:
• Tratados bilaterais e multilaterais.
• Tratados fechados - Não permitem a adesão ao tratado, o tratado só tem como estados partes aqueles que
negociaram o texto do tratado e que o ratificaram no momento devido e não posteriormente. Atualmente
praticamente nenhum tratado é fechado.
11/03/2021
Tipo de efeitos:
• Tratado-lei - Contém normas de conduta, ou seja, direitos e obrigações. Praticamente todos os tratados são
tratados-leis ou tratados normativos.
• Tratado-contrato - É um tratado que estipula determinados direitos e obrigações mas que tem um fim, que se
esgota com o cumprimento dessas prestações.
Aplicabilidade circunstancial:
• Tratados imediatamente aplicáveis - Aqueles que não carecem de um procedimento interno para as suas
disposições serem aplicadas aos EP. Tratados solenes são mediatamente aplicáveis ou alguns acordos
simplificados. Os tratados ultra-simplificados, a sua aplicação é imediata após a assinatura do texto do
tratado.
• Tratados mediatamente aplicáveis - Aqueles cuja aplicação das duas disposições nos EP, depende de um
procedimento interno de cada Estado, previsto na sua própria constituição. Em regra geral, a maior parte dos
tratados são todos mediatamente aplicáveis porque a maior parte para estarem em vigor nos EP, para as
disposições no tratado fazerem parte do ordenamento jurídico interno dos estados, é necessário que os
Estados respeitem um determinado procedimento interno previsto na constituição, que será, no nosso caso
em Portugal, os tratados não se tornam aplicáveis se em alguns casos não forem aprovados pela Assembleia
da República e ratificados ou assinados pelo Presidente da República, isto é um procedimento formal previsto
na constituição, a sua aplicação num EM depende desse procedimento interno.
Duração:
• Tratados perpétuos - Aqueles que o tratado não impõe uma duração definida, a Carta das Nações Unidas.
• Tratados temporários - O tratado impõe um fim, um limite, nomeadamente os tratados-contrato.
3. Classificação formal:
Complexibilidade procedimental: Procedimento interno previsto na lei fundamental de cada estado a que é
necessário obedecer para que o tratado produza efeitos, nesse Estado.
• Tratado solene - Aqueles tratados que para entrarem em vigor num determinado Estado carecem de
ratificação do chefe de estado. As alterações climáticas também podem ser um tratado solene, porque vai
mexer com a existência de alguns estados. Carece de aprovação do Governo, Assembleia da República e a
ratificação do Presidente da República. Artigo 161 i) da constituição, podemos ter tratados solenes sobre
matérias que não estão aqui incluídas, tudo depende se os órgãos de soberania com competência nestas
matérias entendem que é uma matéria que mexe com questões de soberania.
• Tratados não solenes ou em forma simplificada - Não carecem da ratificação do chefe de estado, mas
apenas de um procedimento mais simplificado, com a assinatura do chefe de estado. Podemos ter tratados
não solenes, os acordos simplificados, que são aqueles que carecem da assinatura do governo, da aprovação
da Assembleia da República e apenas de uma mera assinatura do Presidente da República e não da ratificação
do Presidente da República, podemos ter os acordos ultra-simplificados que não carecem de aprovação da
Assembleia da República, apenas do governo e depois a assinatura do Presidente da República, não é
necessário que ela se pronuncie sobre esses tratados. Esta diferenciação é feita pelo Professor Jorge Miranda,
mas há quem não faça esta distinção.
• Fase da pré-negociação: Determinação das regras do processo negocial (identificação das partes envolvidas
na negociação e do objeto da negociação).
• Fase do quadro da negociação: Definição dos sub-temas e do esquema da negociação e sua calendarização.
• Fase da particularização da negociação: Consulta direta, recíproca e pormenorizada entre negociadores
(discussão dos diversos assuntos de acordo com o esquema e a calendarização definida na segunda fase) com
vista à redação de um texto escrito.
2. Habilitação específica: Quando um sujeito internacional (regra geral o chefe de estado) confere uma carta de
plenos poderes a alguém (exemplo: diplomata fora da habilitação funcional ou um servidor público de uma área
que não os negócios estrangeiros, chefe de uma delegação nacional) para, em seu nome, negociar a elaboração
de um texto de tratado internacional. Artigo 7 nº1 a). Uma carta que lhe confere poderes. Não é obrigatória
desde que aquela pessoa mesmo não mostrando a carta é representante daquele estado.
• Nos bilaterais, assina-se o texto do tratado, há troca dos textos e das cartas de ratificação se forem solenes.
• Com o depósito dos instrumentos internacionalmente vinculativos junto do depositário (artigo 77º da CVDTE)
= tratado multilateral = depósito junto do governo designado ou depósito de um tratado multilateral
celebrado no contexto da ONU ou de outra organização = Sede da Organização +
• Com a notificação da emissão dos instrumentos, se assim for convencionado.
• Outra forma estabelecida na convenção.
• Portugal ratificou o tratado solene e a convenção exige as 50 ratificações e até ao momento só foram
depositadas 30 ratificações, o tratado não está em vigor, Portugal pode até adotar medidas a nível interno
para se adiantar no cumprimento do tratado, mas não pode exigir que outros estados cumpram as disposições
do tratado porque ele não está em vigor.
• Entram em vigor quando o último sujeito que adotou o texto tenha também emitido o ato de vinculação ao
mesmo. Quando existir um depósito de ratificação e após o decorrido prazo afixado no artigo 23.
Formas de vinculação:
• A assinatura: No caso de na adoção do texto também ter sido estabelecida a possibilidade de uma simultânea
vinculação aquando da autenticação = acordos simplificados: quando o direito interno respetivo permite que,
no ato da assinatura da autenticação, o representante do Estado também manifeste a vontade em vincular-se
ao mesmo. No nosso caso só se for ultra-simplificados.
• Troca de instrumentos constitutivos - Entrega recíproca de textos, assinados por ambas as partes em
representação dos respetivos sujeitos outorgantes. Acontece nos bilaterais.
• Ratificação - Praticada pelos chefes de Estado (artigo 135 b) da constituição - Presidente da República ratifica
os tratados internacionais (tratados solenes), depois de devidamente aprovados pela Assembleia da República
(artigo 161 i) da constituição).
• Aprovação - Efeitos iguais ao da ratificação. A utilização destes termos tem a ver com a diversidade de
sistemas jurídicos. Alguns países, utilizam o termo aprovação. Este termo é também utilizado quando
organizações são parte num tratado internacional, como por exemplo a União Europeia.
• Adesão ou Aceitação - Quando está em causa a vinculação de um sujeito que não adotou o texto, não
participou na fase de negociação. Manifestou de vontade posterior à adoção do texto do tratado (fase b)). Por
exemplo, cinco estados discutem e adotam um tratado. Posteriormente um sexto estado pretende fazer parte
desse tratado (faz parte do tratado por meio da adesão). Nota: os tratados não produzem efeitos retroativos
(artigo 28 in fine CVDTE).
20/03/2021
Questões (V/F):
1. O acordo internacional é uma forma de ato unilateral - (F) Um acordo implica (pode ser chamado de tratado)
pelo menos duas partes.
2. O elemento material é sempre necessário para dar nascença a uma norma costumeira - (F) Nem sempre
assim é. Explicar costumes selvagens.
• Este tema alterou-se profundamente porque a sociedade internacional também se diversificou, temos mais
sujeitos de DI, a construção da subjetividade teve também que se adaptar. Em direito interno, já vimos que
existem 3 elementos essenciais: personalidade, capacidade e pessoa jurídica.
• Personalidade: Designa a faculdade para se ser destinatário de normas e princípios jurídicos. Vamos ter
sujeitos titulares de direitos, num aspeto ativo e adstrito a deveres também, numa vertente passiva.
• Capacidade jurídica: Conjunto dos direitos e dos deveres de que cada pessoa é titular. Podendo distinguir-se a
capacidade de gozo (titular) e a capacidade de exercício (utilização prática).
• Pessoa jurídica: A entidade na qual se combina a possibilidade para se ser sujeito de direito possuindo sempre
personalidade e, tendo capacidade jurídica.
• Especial enquadramento: Adequar estas definições ao DI, em primeiro lugar, a fonte da respetiva
determinação do que é ou não sujeito é o DI, que tem a sua própria autonomia e vai conferir essa
personalidade jurídica apenas a algumas entidades, essa determinação deve ser direta e imediata, nunca é
mediada por outras fontes. Não se requer uma total capacidade de gozo ou de exercício de DI, tem a ver com
heterogeneidade da SI. Há alguns com mais poder do que outros no cenário internacional.
3. Ius belli - Possibilidade de se usar a força ao abrigo do DI. Há um antes e um depois, antigamente este ius belli,
simbolizava a dimensão militar das relações internacionais. A guerra era um instrumento de relacionamento
como qualquer outro. Enquanto hoje, tem uma configuração bem restrita. Hoje, este ius belli não pode incluir um
poder ilimitado de recorrer à força, antes podia-se usar a qualquer momento, hoje já não existe nenhum poder
ilimitado de recorrer à força: legítima defesa e autorização do conselho de segurança da ONU, para recorrer à
força, fora disto, não é possível recorrer à força. Artigo 135 c).
4. Outros poderes - Esta trilogia são as 3 manifestações mais emblemáticas da subjetividade, mas tivemos
mudanças enormes que pouco a pouco emergiram outros tipos de poderes que assim também pertencem aos
sujeitos internacionais.
• O poder de participar no funcionamento de OI - Inclusive num estatuto de mera observação. Importante,
porque os estados, criados na CI procuram entrar em OI, porque eles percebem que é melhor estar dentro do
que fora, mesmo que seja caro monetariamente. Se estivermos fora, não temos peso nenhum na CI. É
interessante para outras entidades, que não são reconhecidas como estados, ou apenas de forma contestada,
a Palestina, entre outros. Não são reconhecidos e têm interesse em entrar nas OI mesmo com estatuto de
mero observador.
• Intervir junto de tribunais internacionais - TIJ, e imensos tribunais internacionais, imensas oportunidades de
resolver conflitos. Eficaz para o estado, para proteger os interesses do estado, em estado de pressão com
outro estado. Em Portugal, verifica-se uma articulação entre vários órgãos, os três principais órgãos intervêm
e partilham o poder em relação a Portugal como internacional, partilha de poderes entre o chefe de estado, a
Assembleia da República e o Governo. O chefe de estado, na cena internacional, quando há uma cimeira é
este que representa o país, é ele que nomeia os embaixadores portugueses e acredita os que vêm de fora, é ele
que proclama a guerra. A Assembleia da República, em relação aos tratados solenes, tem um papel de
aprovação, em relação à guerra, é ela que autoriza. O governo tem também diversos poderes, mas, de
iniciativa. Ele pode negociar as convenções internacionais, a iniciativa de declaração de guerra, o
estabelecimento das relações diplomáticas é o governo que decide também e o chefe de estado escolhe os
embaixadores, mas é sob proposta do governo. Artigo 182 da constituição.
• São variadas as situações que podem ser objeto de reconhecimento, um estado pode unilateralmente
conhecer qualquer situação de direito, não há nada que impeça um estado de reconhecer o que quer que seja.
O exemplo mais típico é o aparecimento de um novo estado, o reconhecimento de mudanças ocorridas num
governo, a emergência de um estado reconhecer outros beligerantes na guerra, estas precisam de ser
reconhecidas, para poder depois estabelecer relações políticas. Apesar das diversas factualidades que podem
ser objetos de reconhecimento vamos interessar-nos pelo reconhecimento pelos sujeitos.
Modalidades do reconhecimento:
• O DI não prescreve nenhuma modalidade específica, não é formalista, não exige formalidades particulares, o
reconhecimento pode ser expresso ou implícito.
Pode ser:
• Individual - Um sujeito reconhece outro numa base bilateral.
• Coletivo - Grupo de estados que concordem em reconhecer outros estados.
Ele é:
• Discricionário - Não é impunível, não há obrigação, o que não quer dizer que não há deveres, não é por não o
reconhecer que se pode invadir.
• Não é arbitrário - Deve respeitar regras de maneira a evitar reconhecimentos que violem regras
fundamentais.
• Pode ser prematuro como tardio.
• Pode ser condicional, aceitam reconhecer mas se o governo for um regime democrático.
• Em princípio, não é revogável.
A comunidade internacional:
• Há duas formas de a ver, ou é o conjunto de todos os sujeitos internacionais, ou então, um órgão sobreposto
aos outros sujeitos internacionais.
• Se vamos analisar os diversos instrumentos internacionais podemos concluir que sem dúvida a CI é
destinatária de diversas normas de DI:
1. O direito imperativo, ius cogens, visa proteger valores fundamentais para a CI.
2. A exploração do espaço exterior é realizada tendo em conta a humanidade.
3. O regime da área é atribuído em favor da humanidade.
• No entanto, a CI é um sujeito menor, nomeadamente: