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1. Introdução
Nesta unidade trataremos especificamente sobre jus cogens, obrigações erga omnes e
soft law.
2. Jus cogens
Para falar sobre jus cogens, comecemos lendo alguns artigos da Convenção de Viena
sobre Tratados entre Estados, de 1969, para compreender bem o que estamos falando.
Confira-se:
Art. 53
Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus
cogens).
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma
imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma
norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela
comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma
derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito
Internacional geral da mesma natureza.
a) uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como
um todo;
b) nenhuma derrogação é permitida; e
c) só pode ser modificada por norma ulterior de direito internacional geral da mesma
natureza.
Art. 64
Art. 71
2. Quando um tratado se torne nulo e seja extinto, nos termos do artigo 64, a extinção
do tratado:
b) não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das partes, criados
pela execução do tratado, antes de sua extinção; entretanto, esses direitos, obrigações
Para dar um conceito mais completo, podemos dizer o seguinte: normas de jus cogens
são aquelas aceitas pela comunidade internacional como um todo, dotadas de
superioridade hierárquica, inderrogáveis e que somente podem ser modificadas por
normas da mesma natureza.
2.1. Características
Onde consta a superioridade hierárquica mencionada? No trecho que fala que a norma
de jus cogens somente poderá ser modificada por uma norma da mesma natureza. Isso
dá a entender que o jus cogens tem uma posição na ordem jurídica internacional que
não permite que normas de outra categoria modifiquem o seu conteúdo. Desse modo,
não há como fugir da conclusão de que as normas de jus cogens detêm superioridade
hierárquica. Por exemplo: a convenção afirma que todo tratado aprovado deve ser
compatível com as normas jus cogens – o que também indica a existência de
superioridade hierárquica.
Agora, podemos também discutir se jus cogens é uma fonte do DIP ou não. Parece que
se trata de uma espécie de norma de direito internacional, e não uma fonte
propriamente dita, na medida em que as normas de jus cogens podem ser costumeiras
Veja alguns exemplos de normas de jus cogens: as normas que proíbem a agressão no
âmbito internacional, ou seja, um ataque armado a outro Estado; normas que proíbem o
genocídio, escravidão, pirataria, tortura etc.
Como o próprio nome diz, obrigações erga omnes são aquelas que atingem todos os
Estados, vinculando-os. A doutrina internacionalista e a própria corte internacional de
justiça já afirmaram que existem obrigações que atingem todos os Estados.
Quais são as principais diferenças das obrigações erga omnes para as normas de jus
cogens?
Atenção!
3. Soft law
A dinâmica da sociedade internacional – cada vez mais rápida – fez com que fosse
Por vezes, os Estados fazem acordos que possuem um grau reduzido de imperatividade,
para que possam se ajustar às mudanças rápidas da sociedade internacional. Os
gentlemen’s agreements seriam uma espécie de acordo de cavalheiros. São acordos
firmados não pelos Estados, mas por agentes estatais (seus líderes, chefes de governo,
chefes de Estado), que possuem base moral e duram apenas enquanto durar o mandato
dos seus subscritores. Os gentlemen’s agreements são citados pela doutrina como
exemplo de soft law. Às vezes, por exemplo, são feitas agendas: os Estados combinam
uma programação de eliminar determinado poluente, de alcançar determinado grau
civilizatório, de conceder certos direitos sociais para os seus nacionais. Na hipótese de
não ocorrer o cumprimento da agenda, não haverá sanção ou responsabilidade
internacional. Também são exemplos de soft law normas de conduta, códigos de
conduta.