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Sociologia do Crime
Discentes: Chelsea Mavie, Inocêncio Chovela, Jacinta da Muija, Lucrecio Tivane, Marilia
Lopes, Maria Machaeiei, Sheilagh Jemuce
4° Ano/ 1° semestre
Trabalho em grupo
Tema:
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Índice
Introdução........................................................................................................................................3
A racionalidade instrumental...........................................................................................................7
A Racionalidade objectiva...............................................................................................................8
Racionalidade artesanal...................................................................................................................8
Conclusão......................................................................................................................................12
Referências bibliográficas.............................................................................................................13
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Introdução
Este trabalho enquadra-se na cadeira de sociologia do crime e tem como objectivo principal
debruçar sobre a prática da criminalidade em Moçambique, cidade de Maputo, mas precisamente
ao roubo de viaturas no bairro indígena. Para tal traremos uma breve contextualização da
evolução da pratica criminal em Moçambique que vem crescendo tempo após tempo, ou seja, na
sociedade Moçambicana não falta criminalidade.
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A evolução do crime em Moçambique desde o período pós-independência ate actualidade:
caso de roubo de viaturas no bairro indígena
O cenário de criminalidade em Moçambique data desde a muito tempo como diz Maloa (2015)
nas últimas duas décadas em Moçambique o crime cresceu e mudou muito de qualidade, Maloa
centra se no impacto do crescimento e da mudança da qualidade de criminalidade urbana sobre o
sistema de justiça criminal e assim formula algumas propostas para resolver os problemas
detectados, principalmente na polícia, no ministério público, no tribunal e na prisão. Tendo como
argumento que as instituições de poder político não estão preparadas para encarar os desafios da
mudança do padrão da criminalidade. Maloa (2015), explica que os cidadãos que não dispõem de
reclusos apelam cada vez mais para. Resolução de conflitos por conta própria, mas para aqueles
que dispõem recorrem ao mercado de segurança privada, tanto um como o outro caso os seus
resultados contribuem para a debilidade da busca de soluções por via do funcionamento das
instituições públicas.
Na actualidade Maloa (2015), explica que na sociedade Moçambicana não falta criminalidade
que tem como desafio a imaginação sociológica, o aumento da criminalidade urbana ao longo da
década de 1990, assim provocou o impacto no sistema de justiça criminal moçambicana
principalmente na polícia, no ministério público, no tribunal e na prisão, este impacto mostra-nos
que há dificuldades em conter os crimes e os criminosos.
A criminalidade veio com muita força que levou o povo moçambicano a adotar as rotinas de
cautela a violência e ao medo que tornaram se processos de mudança social nas cidades actuais.
E o acto de criminalidade remete se a ideia de que o impacto da criminalidade some o sistema de
justiça criminal que produz um sentimento generalizado que as autoridades não funcionam
dentro da legalidade. (Maloa 2015 apud Caldeira 2000: 9)
Sobre o impacto da criminalidade urbana Maloa (2015) diz que no inicio da década de 1990
excepto as cidades grandes o receio e insegurança passaram a constituir os altos níveis de
desabilidade produzido principalmente nas experiências de impunidades, isto causou na
população urbana comportamentos de revolta contra a polícia e os governantes.
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Causas e tipos de criminalidade
No estudo sobre criminalidade no bairro da polana caniço "A" Furo (2017) conclui que a
teimosia para a prática criminal é vista como resultado de falha do papel dos sistemas prisionais
na ressocialização dos reclusos. As conclusões a que se chega mostram que é neste ponto onde
reside a parte chave do problema, na medida em que o criminoso é membro de uma determinada
família, a residir num determinado Bairro ou numa determinada região da nossa sociedade mas
porque não é denunciado, encontra a solução de parte dos seus problemas, recorrendo aos
rendimentos criminais até mesmo para propósitos como a sua subsistência ou levar seus filhos à
escola, propiciando deste modo que o crime se difunda como uma via mais rápida para a
obtenção da riqueza.
Os crimes frequentes praticados pelos na cidade de Maputo são crimes contra propriedades
nomeadamente: furtos qualificados ou furtos simples podendo ser arrombamentos de viaturas
com recurso a força física subtracção de vários bens em veículos, roubo de espelhos faróis, ou
seja, acessórios que facilmente são desmontados na viatura, furto ou roubos de telemóveis,
carteiras fios e brincos com recurso a violência física, venda e consumo de vários tipos de drogas
principalmente canissativa vulgarmente conhecido por Surruma. (Furo 2017: 16 apud Maló
2017).
Para Brito, (2002) na sua obra intitulado Os Condenados de Maputo, procura encontrar uma
informação sistemática sobre a origem e os grupos de pertenças dos jovens criminosos, assim
como os factores da sua passagem a vida delinquente e a variação em função dos tipos de delitos.
Com este estudo, concluiu que a entrada para o mundo do crime está ligada aos processos de
desintegração da célula familiar, de marginalização e exclusão social. Ainda em Moçambique,
verifica-se essa diversidade e sofisticação criminal, que se expressa em roubos, furtos simples e
qualificados, fogo posto, abuso sexual, homicídio qualificado, ofensas corporais voluntárias
simples, corrupção, crime contra a ordem e tranquilidade publica, os crimes contra as pessoas,
tráfico de drogas e seres humanos, falsificação de moeda, documentos, (Furo 2017: apud
Ministério do Interior 2008).
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Roubo de viaturas no bairro indígena
O crescimento das periferias urbanas foi também incentivado pela fuga da população rural
causada pela intensificação da exploração no campo. “A cidade de Lourenço Marques tornou-se
um dos principais destinos” da população rural que morava ao seu redor (Silva, 2001:75, citado
por Maloa, 2016:207). Principalmente os Xitsuas, Xirongas, Gitongas, cichopis e Xixanganas
que tiveram a possibilidade de migrar para Lourenço Marques a procura de trabalho. O aumento
da população negra aumentou a preocupação da administração colonial e levou-a a criar bairros
oficiais para os negros, os chamados bairros indígenas, como estratégia securitária e higienista
(ibib:208)
“[...] Por isso, criaram-se os bairros indígenas em quase todas as principais cidades
moçambicanas da época. [...] os “bairros indígenas” de Moçambique, principalmente os de
Lourenço Marques (Lagoas, Malanga, Kock, Tlhabane, Malhangalene, Xipamanine, São José de
Lhanguene, Machava, Matola, Munhuana, etc.)” (Maloa, 2016:210).
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Nesta óptica, existiam dois tipos de bairros: os bairros centrais, tais como os bairros da Baixa,
Central, Alto Mahé, Alto Maxaquene, e outros, que constituiam o núcleo central urbano, ou a
elite colonial portuguesa, constituida por europeus e alguns asiaticos) e os bairros indígenas, tais
como os bairros da Munhuana, Mafalala, Malanga, Xipamanine e seus arredores, os da periferia,
as franjas do núcleo urbano, habitadas por população de raça negra. (ibid:136, 137).
O bairro indígena da Munhuana, foi tido na década de 1940 como um exemplo de melhoria das
condições dos negros e que devia ser reproduzido em quase todas as cidades moçambicanas
(Maloa, 2016:212). O bairro de Munhuana foi construido numa planta radical em forma de U,
com uma delegacia policial no centro (Mendes, 2011 citado por Maloa, 2016), para controlar a
população. Como recorda o discurso do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel
(1975-áudio): [...] “quem não se lembra do bairro do subúrbio, patrulhado a cavalo nas noites [...]
Idem. Talvéz seja por isso que o bairro de Munhuana mantém até hoje o nome de bairro indígena
em detrimento dos outros bairros indígenas da cidade de Maputo.
A racionalidade instrumental
Segundo Cusson (ibid. p.117), a racionalidade instrumental (ou teológica) é referente a todos
actos que conferem ao seu protagonista melhores hipóteses de atingir o objectivo pretendido. O
assalto à mão armada expressa essa racionalidade porque permite obter quantias consideráveis de
dinheiro, no ponto de vista de quem o pratica. Os delinquentes vêm nesta prática uma forma de
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ganhar rápida e facilmente, porque o próprio assalto à mão armada não dura mais de um minuto
e as probabilidades de sucesso a curto prazo são maiores.
Segundo Cusson (ibid. p. 118) o assalto à mão armada é audacioso e espectacular porque confere
também ao seu autor uma aura de coragem e de força no meio criminal. Os criminosos praticam-
no com outros objectivos (sede de prazer, de poder, de prestígio). E, estes enquadram-se na
racionalidade deste tipo de crime. Mas, um criminoso é imediatista, prefere correr riscos para ser
bem sucedido.
A Racionalidade objectiva
Nesta categoria, Cusson (ibid. p. 119) centra sua atenção nas circunstâncias que o criminoso
teve de considerar para atingir os seus objectivos. Refere-se: aos alvos preferidos dos criminosos;
às horas adequadas para a prática do crime; ao nível de segurança (quando este for frágil ou
inexistente melhor); ao grau de exposição da vítima; à arte de enganar, à duração da operação,
dado que quanto mais tempo a operação levar, mais hipóteses de aparição da segurança ou da
polícia; à sobrevalorização da vida em relação aos objectos ou bens.
Para Chauque (2011:25), a análise estratégica do crime recorre à teoria das oportunidades
proposta por Felson e Cohen (1979) para fundamentar determinadas situações de ocorrência do
crime ao considerar que a ocorrência do crime deve estar ligada a uma oportunidade que se
manifesta de forma objectiva no criminoso. O crime sempre ocorrerá quando houver uma
oportunidade mais ou menos clara e com menos proteção ou segurança. No entanto a análise
estratégica do crime, ainda na categoria da racionalidade objectiva, preconiza que alguns
procedimentos e planos dos assaltantes embora não sejam sofisticados, são racionais. Pois,
constituem uma resposta adaptada aos dados objectivos do assalto.
Racionalidade artesanal
O roubo de viaturas esta intimamente relacionado com a teoria da associação diferencial, uma
vez que a delinquência é aprendida através do convívio com outros delinquentes. Com esta
categoria racional, pretende-se considerar que o comportamento dos assaltantes à mão armada, é
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resultante da posse de um saber-fazer fundado na experiência: a do próprio criminoso e dos
outros (Veras 2006:48). Nesta mesma vertente Chauque (2011: 26) advoga que essa experiência
revela-se no saber manejar uma arma, no uso de máscaras com meias translúcidas, óculos
fumados ou lenços de seda, etc. A prática que oferece mais garantias de sucesso impõe-se e
generaliza-se.
O conceito da racionalidade torna-se importante para este trabalho na medida em que justifica o
carácter racional do acto do roubo de viaturas por parte dos criminosos, pois, estes avaliam os
meios e fins antes do acto. Nesta abordagem pretende-se com este conceito compreender as
circunstâncias objectivas que precedem o roubo de viaturas: as estratégias, os planos
engendrados, a duração do acto, os locais frequentes, a finalidade do acto, o roubo e o número
dos delinquentes envolvidos (ibidem).
De acordo com Chauque (2011: 37), geralmente, os assaltantes de viaturas são motivados pela
consideração da oportunidade de: “iniciar a vida”; ter uma vida melhor; construir uma casa
própria ou melhorada; viajar; ganhar mais dinheiro; etc. Percebeu-se que os ladrões de
automóveis tinham uma finalidade racional ao praticarem esse crime. Depreende-se que as
motivações encontradas são de ordem racional porque essa acção desviante (roubo de viaturas),
se estrutura com base numa relação de meios e fins. Por isso, o acto do roubo de viaturas
discrimina o nível académico, a profissão e a proveniência.
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Racionalidade Objectiva: as circunstâncias do roubo
Uma operação de roubo de viaturas dura em média 3 minutos. O facto de haver uma tendência
para efectuar o roubo em menos tempo é explicado, de acordo com Cusson (op. cit), como uma
reacção dos assaltantes à uma possível intervenção policial ou de dispositivos de segurança. Há
casos excepcionais em que o roubo leva mais ou menos trinta minutos, quando os criminosos
percebem que são favorecidos pela ausência de segurança e absoluto controlo da vítima “...Sítios
com mais registo de roubos são a zona de cimento, nomeadamente bairro de Polana,
Sommershield, Malhangalene; bairros periféricos ou ‘indígenas’: Ferroviário, Mahotas,
Laulane”. No concreto, roubos acontecem nas residências, nos parques, restaurantes, praias,
hospitais, etc. (ibid:41, 42, 43).
A essa tendência de agrupamento por parte dos ladrões de viaturas, (Chauque, 2011 apud
Cusson) denominou de Co-delinquência. Porque trata-se de relações de cumplicidade que unem
os indivíduos participantes num mesmo delito. Geralmente os indivíduos criminosos pertencem a
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um meio específico: meio delinquente (Cusson, ibid.), que exerce influência no indivíduo ao ser
instigado pelos membros do grupo já experientes. Os delinquentes prestam assistência, as
informações, as técnicas, o saber fazer, as armas, etc a outros elementos do grupo (Chauque,
2011: 46-47).
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Conclusão
Depois decompilar o trabalho, o grupo conclui que a pratica de crime em Moçambique engloba
vários factores como resultado de falha do papel dos sistemas prisionais na ressocialização dos
reclusos e por outra, a entrada para o mundo do crime está ligada aos processos de desintegração
da célula familiar, de marginalização, exclusão social e falta de recursos financeiros. Neste
sentido, em Moçambique o crime cresceu e mudou muito de qualidade do crescimento e da
mudança da qualidade de vida dos cidadãos. Nesta vertente aponta-se que as instituições de
poder político não estão preparadas para encarar os desafios da mudança do padrão da
criminalidade e por isso na actualidade sociedade Moçambicana não falta criminalidade.
O grupo conclui também que os crimes frequentes praticados na cidade de Maputo são crimes
contra propriedades nomeadamente: furtos qualificados ou furtos simples podendo ser
arrombamentos de viaturas com recurso a força física subtração de vários bens. Importa frisar
como mostra Chauque o assalto à mão armada na categoria de roubo de viaturas acontece em
locais diversificados, ou seja, a prática criminal na cidade de Maputo acontece tanto nas cidades
assim como nos cognominados ex-bairros indígenas.
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Referências bibliográficas
Chaúque, V. 2011. Análise estratégica do crime-estudo de caso de roubo de viaturas na cidade
de Maputo. [Licenciatura em Sociologia]. Maputo: Faculdade de Letras e Ciências Sociais da
Universidade Eduardo Mondlane.
Da Costa, Ana Bénard. 2006. « Urbanos e rurais ». Lusotopie [Online], XIII(1) | posto online no
dia 10 de abril 2016, consultado no dia 02 de Maio de 2020. URL:
http://journals.openedition.org/lusotopie/1498.
Furo, Horácio Agostinho Rodrigues. 2017. Análise das Percepções sobre as Práticas dos
Crimes Cometidos por Jovens na Cidade de Maputo: O Caso do Bairro da Polana Caniço “ A ˮ.
[Licenciatura em Antropologia]. Maputo: UEM/DAA.
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