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Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Arqueologia e Antropologia

Licenciatura em Antropologia

Antropologia Política

Docente: Agostinho Manganhela

Discente: Joana Mussica

2° Ano/2° Semestre

Referência bibliográfica

Balandier, Georges. 1967. Antropologia Política. Lisboa: Editorial Presença.

Construção da Antropologia Política

Balandier afirma que a Antropologia surge às vezes como um projecto muito antigo, mas sempre
actual e como uma especialização da investigação antropológica, de constituição tardia onde o
autor apresenta dois aspectos: no primeiro aspecto ela tende a fundamentar uma ciência do
político que encara o homem sob a forma do homo politicus buscando as propriedades comuns a
todas as organizações políticas e o segundo aspecto a Antropologia politica delimita um domínio
de estudo no seio da antropologia sociologia de etnologia. Dedica se à descrição e análise dos
sistemas políticos (estruturas, processos e representações) próprias das sociedades consideradas
primitivas e arcaicas.
Significação da Antropologia Política

O autor apresenta o objecto da Antropologia Politica afirmando que impõe-se como modo de
reconhecimento e de conhecimento do exotismo político, das formas políticas. Balandier afirma
que a Antropologia política surge sob aspecto de uma disciplina que estuda sociedades arcaicas
em que o Estado não está nitidamente construído e sociedades em que o Estado existe e
apresenta configurações muitos diversos. 17

Para o sociólogo R. Maclver, admite a diferença de governo tribal assente nas formas de governo
onde apresenta a dicotomia de sociedades sem organização política/ sociedade com organização
política, sem Estado/ com Estado, com história/ sem história e estas oposições são enganadoras
criando uma crivagem falsamente epistemológica, embora a velha distinção entre sociedades
primitivas e civilizadas tenha marcado a antropologia política no momento do seu surgimento. 18

Elaboração da Antropologia Política

Nesta parte do texto, o autor destaca os diversos precursores da antropologia política, contudo
entre os precursores do pensamento político do século XVIII o precursor privilegiado continua a
ser o Montesquieu. Segundo o autor, Rousseau é a maioria das vezes qualificada como filósofo
político, por referência ao discurso sobre a desigualdade e ao contracto social. Por outro lado,
destaca o Marx e Engels em certas correntes do pensamento político do século XVIII em
consideração o despotismo oriental onde organizam a reflexão a partir de processo de formação
das classes sociais e do Estado por dissolução das comunidades primitivas, determinar as
características de uma sociedade asiática que parece ser especifica..

O autor destaca os primeiros antropólogos colocando em evidência o Sir Henry Maine onde
estabelece dois tipos de sociedades: sociedade baseada no status e sociedade baseadas no
contrato. Por outro lado, destaca o Lewis Morgan com distinção de dois tipos de sociedades:
sociedade societas e sociedade civitas.

Métodos e tendências da Antropologia política

Segundo o autor, os métodos da Antropologia politica não se diferenciam, à partida, dos que
caracterizam o conjunto da investigação antropológica tornando mais específico quando ela
aborda problemas que lhes são próprios: o processo de formação das sociedades estatais, a
natureza do estado primitivo e as formas do poder político nas sociedades do governo mínimo
(Balandier 25).

O autor estabelece a diferença entre os métodos: a via genética que coloca os problemas de
origem e de evolução a longo prazo: passagem das sociedades assentes no parentesco para as
sociedades políticas; a via funcionalista que identifica as instituições políticas nas sociedades dita
primitivas a partir das funções assumidas; a via tipológica que visa a determinação dos tipos de
sistemas políticos, a classificação das formas de organização da vida politica; a via
terminológica; a via estruturalista que é aplicada ao estudo dos sistemas políticos, a via
dinamistica que pretende apreender ao mesmo tempo a dinâmica das estruturas e o sistema das
relações que as constituem (Balandier 26-29).

Domínio do Político

Segundo Balandier, desde o início a Antropologia Política se confrontou com os debates que
foram tão essenciais à existência da filosofia política. Para o autor, o projecto da Antropologia
Política vai de certa maneira ao encontro da exigência dos especialistas que pretendem fazer uma
verdadeira ciência comparativa do governo. O autor estabelece a referenciação e a delimitação
do campo político estabelecendo dois campos: os maximalistas e os minimalistas onde os
primeiros cujas referências são antigas com afirmação de Bonald: não há sociedade sem governo
e os minimalistas mostram-se negativos ou ambíguos acerca de atribuição de um governo a todas
as sociedades primitivas (Balandier 34-34).

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