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1.1 Justificativa
Frequentemente tem acontecido casos de linchamentos em que pessoas praticam justiça com
as próprias mãos, comportamentos que têm causado medo e insegurança na população e
dividido opiniões. este trabalho monumental traz clareza sem precedentes à nossa
compreensão do linchamento e de suas vítimas, que as vezes não possuem culpa alguma.
Porque nem sempre a sociedade acerta nas suas suspeitas, e lincham inocentes só porque
esteve no lugar errado na hora errada e cai nas mão da sociedade, essa sociedade com sede de
justiça.
Trabalho este de extrema relevância, pois dá uma visão geral da justiça privada, e como a
sociedade criminosa pratica o crime sem impunidade ?, e sem mínimo senso de
responsabilidade e justiça ?
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Se as pessoas começarem a capturar suspeitos de cometer crimes na rua e aplicarem castigos a
essas pessoas vamos voltar a ter entre nós o caos da época do início da humanidade, O
linchamento promovido pelos justiceiros é uma forma de punição coletiva de alguém que eles
acreditam ser culpado por um crime, eles julgam de acordo com a própria razão deles e
aplicam a punição que acham melhor sem seguir princípios, direitos e muito menos leis.
A incompetência do Estado com o dever de garantir a segurança pública, tem trazido graves
consequências em Moçambique, a violência urbana tem causado milhares de mortes, mais
mortes do que muitas guerras violentas do passado, um problema alarmante que todos os dias
estampam as capas dos principais jornais. Neste caso, é necessário perceber que algo está
faltando.
Neste contexto está pesquisa vem trazer pontos de vista que clarificam o linchamento como
um acto bárbaro e que a sociedade deveria se abster, já que uma boa parte das vítimas são
inocentes.
1.1.1 Objetivos
Também, ainda de acordo com Serra (2012), em tempos coloniais, o castigo corporal
era uma punição habitual, decretada por autoridades administrativas coloniais, por
régulos ou mesmo por patrões sobre os seus empregados. Acredita-se que estas marcas
estejam ainda bem presentes nos moçambicanos, tanto o chicoteamento com chamboco,
quanto as palmatoadas. Entretanto, como afirma Serra (2015), em ambos os casos,
estas agressões eram predominantemente públicas, para que constituíssem não apenas
punições, mas também formas de intimidação da restante população criminal. Ainda
continuamos a crer, como também corrobora Serra (2015, p. 104), que "o castigo
físico público não desapareceu com o fim do colonialismo".
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2.1.1 Linchamento e a natureza humana no contexto bélico
Segundo Serra (2015):
Em certa medida, então, podemos dizer que o linchamento constitui uma extensão das
vertentes agradáveis da experiência traumática de guerra, mas com duas importantes
diferenças, para além do facto de não ocorrer num contexto bélico. Por um lado, a
consciência daquilo que está em causa nesta situação de excepção em tempo de paz
parece ser bem mais imediata para os que nela participam do que habitualmente é para
os membrôs de uma força beligerante. Por outro lado, o poder manipulado no
linchamento não é apenas o de matar, mas também - pelo menos enquanto desejo e
representação - o poder de instaurar a ordem e o domínio sobre a própria existência (p.
101)
Sendo assim para podermos ter compreenção de um acto e fenómeno tão cabeludo como
linchamento, sejamos obrigados a pausar por um momento algumas das nossas inocentes
crenças bem intencionadas acerca da "natureza humana". Uma delas é a ideia de que matar
outro ser humano constitui, "naturalmente" e em todas as condições, um acto que causa
repugnância a quem o pratica a menos que quem mata seja um doente mental ou mesmo
doente mental
Esta crença é tão forte que, universalmente após a guerra, a noção de Stress Pós-traumático de
Guerra passou a adoptar, em grande medida, uma lógica de vitimação do agressor. o veterano
sofre e está socialmente inadaptado devido ao trauma resultante do facto de se ter visto na
necessidade de matar, ou mesmo de participar em matanças reprováveis. As entrevistas feitas
pela euronews com ex-soldados, veteranos de Guerra, mostram evidências diversa. É verdade
que eles sofrem dificuldades de adaptação à "vida normal", mas bem longe disso, não é dos
pesadelos, do medo de morrer ou da repugnância moral de matar que falam quando
mencionam o choque do regresso (embora seje parcialmente verdade), eles falam da
insignificância da sociedade, insignificância da "vida normal". O soldado enquanto civil sai
de um lugar de paz e sossego, pra um lugar lamentavelmente diverso, lugar este onde
experimenta coisas novas e tem poder de vida e morte sobre outros seres humanos,
regressando pra sua origem onde é esperado que continue a se submeter a qualquer pequeno
patrão, polícia ou qualquer autoridade local. Essas figuras de autoridade que, antes, se tinha
habituado a respeitar parecem-lhe agora insignificantes, pois não viveram as suas experiências
em horizontes bem mais vastos, nem o seu poder de infringir os mais graves interditos sociais
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(como matar), sendo louvado por isso e podendo decidir quando o fazer. As relações de
submissão que antes pareciam praxi, agora parecem absurdas. Por causa da guerra e de todo
enredo bélico, o natural agora é absurdo. Sem opção o homem veterano soldado torna-se
aquilo que agente chama anti-social. Não se pode esperar que ele volte a ser o mesmo civil.
Está sensação de ser alguém dominante e poderoso, e depois passar a alguém rastejante
submisso, é realmente desumano. Evidenciou-se que todo individuo que experimentou em
algum momento de vida poder bélico e sob vidas humanas, sente "prazer" nesse poder mesmo
que no próprio acto de matar não o sinta. Serra, (2015﴿ salienta:
que o linchamento não é uma situação de guerra, . Mas ambos os casos são situações
de princípio e de excepção, pois o acto de matar, em vez de ser reprovado como na
íntegra, é incitado, valorizado e aplaudido pelo grupo, povo, comunidade que naquele
contexto, assim tem que ser. camaradas de armas os superiores, ou a comunidade
envolvida, assim asseguram proteção (p. 100).
A similaridade nos dois contextos, bélico, como um mal necessário, feito a contragosto, mas
necessário. Enquanto que no linchamento há aplausos e festança, vivido de forma positiva.
Olhemos bem pra esses dois contextos, tem muito a nós dizer.
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não será atacado por outra pessoa mais forte e ter sua comida, mulher, filhos roubados, é
racional se tornar o mais forte possível para poder defender suas propriedades e pessoas que
ama. O que o faz desejar mais poder não é uma natureza inata, mas a lógica da anarquia que
prevalece no estado de natureza.
Entretanto, nesse caso de linchamento, é apenas um pretexto pra suas barbaridades, com
justificativas bem fundamentadas, começam a praticar atos de violência ilegítimos se
justificando de que o criminoso tenha sua devida punição, "que se o Estado não lída
devidamente com os fora lei, nós faremos pelo Estado e por nós"
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acumulados, da poluição social, como era no suplício do corpo dos condenados. Entretanto o
linchamento existe quando o Estado é fraco. Pode surgir nestas circunstâncias como uma
espécie de privatização da justiça, onde as pessoas se sentem intranquilas e indignadas. As
pessoas muitas vezes não confiam na polícia e acabam por fazer justiça com as próprias mãos.
Os linchamentos ocorrem por que a sensação de impunidade além de “demonstrar” a
aplicação da lei, traz a tona o pensamento dos linchadores de que a justiça não os alcançará,
ou caso alcance, irá toma-los de forma mais branda. É portanto uma indignação, uma punição,
uma justificação e é a busca de um bode expiatório também.
Apesar das leis Moçambicanas e universais garantirem vários direitos ao acusado, desde a
investigação de sua participação no delito até a execução de sua pena, os justiceiros
continuam ignorando todos esses direitos fundamentais. Eles amarram, espancam, agridem e
quase sempre levam a pessoa à morte, fazem isso em público para humilhar ainda mais a
pessoa. O modo de agir nos linchamentos causa medo e terror, pessoas de bem cometendo
atrocidades por se sentirem inseguras com o fato do Estado não conseguir conter a
criminalidade e manter a segurança da população, injustificavel.
CAPÍTULO III
3.1. Métodologia
3.1.1 Introdução
O método o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objectivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o
caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (Marconi e
Lakatos, 2003). Neste caso, este capítulo descreve os procedimentos metodológicos
adoptados na realização da pesquisa desde: desenho da Pesquisa, a população em estudo,
Processo de amostragem, o tamanho da amostra, os métodos de colecta de dados primários e
secundários.
metodologia de Pesquisa e Elaboração de monografia visa fornecer
informações básicas de pesquisa servindo de guia para a elaboração de projecto de outros
níveis.
3.2.5 Primários
"Observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um amplo objecto, para dele adquirir um
conhecimento claro" (Cervo e Bervian 2002, p. 27). Para esses pensadores observação é vital
para o estudo da realidade e de suas leis. Sem ela, o estudo seria reduzido a simples
adivinhação. Para o presente trabalho,foi observado um caso de linchamento dos bárbaros, em
Morrumbala e algures.
3.2.6 Secundários
Para Lakatos e Marconi (2001):
A pesquisa bibliográfica, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao
tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,
pesquisas, monografias, teses, e outros materiais, sua finalidade é colocar o
pesquisador em contacto directo com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre
determinado assunto (p. 183).
pra o presente trabalho foram usados: livros, artigos cientificos e dissertações que relatam o
tema, como forma de garantir o fundamento teórico e empirico do trabalho.
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Além da documental em em destaque: fotográfias.
CAPITULO IV
4.1 Conclusão
Este último trabalho de métodologia de investigação científica, a que dominou o nosso estudo,
concluiu-se que linchamento está associado a justiça popular, na perspetiva de em que o
fenómeno é a forma encontrada pelos populares para punir os supostos infratores da ordem
social, ignorando desta forma a justiça criminal formal, que está aquém do cidadão. Contudo,
o estudo mostra ainda que existe um conjunto de elementos situacionais como: a pobreza,
apesar de ser supérfluo este fundamento. Nesta perspetiva, o linchamento é o produto de uma
insatisfação popular a todo o sistema de justiça formal e é usado para contestar ao poder do
Estado que não lída com o crimes de forma apropriada, ou mesmo fazendo não faz de forma
suficiente, e sobretudo “para indicar o desacordo com alternativas de mudança social que
violam conceções, valores e normas de conduta tradicionais, relativas a uma certa conceção
humana”. Moçambicanamente, existem linchamentos de natureza diversa, designadamente o
físico, que ocorre por acusação da vítima, regra geral, de roubo ou violação sexual, em que,
são linchados cidadãos do sexo masculino; o físico que resulta de acusação de feitiçaria ou
rituais de bruxaria, chupa-sangue, que envolve cidadãos do sexo feminino e entidades
públicas; por último, o psico-moral, que decorre do segundo tipo, em que a vítima não é
fisicamente morta, mas fica marcada como feiticeira e sofre, o que habitualmente se chama de
morte social.
O linchamento promovido pelos linchadores é uma forma de punição coletiva de alguém que
eles acreditam ser culpado por um crime, aplicam a punição que acham melhor sem seguir
princípios, direitos e muito menos leis. Na maioria dos casos a pena que eles impõem ao
acusado é a morte, mas antes espancam e torturam até desfigurar o corpo, em alguns casos
mais raros cometem apenas agressão. O único desejo presente nesses atos é a vingança, fazer
com que o acusado sinta dor e pague pelo que fez, sem o mínimo de proporção ou simetria
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entre o crime cometido e a pena imposta por eles. Esta perpetiva contrasta grandemente com a
legal, visto que nos remete ao pensamento de que o linchamento não é uma manifestação de
desordem pública, pelo contrário, é uma forma de questionamento do poder do Estado e das
instituições sobre a desordem já instalada, por um lado, respondendo, desta forma a nossa
pergunta de partida, segundo a qual questionávamos se o crime de linchamento em
Moçambique poderia ser entendido como uma prática que extravasava uma conduta coletiva
estritamente crimina
Martins, J. (2015). Linchamentos: a justiça popular no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Contexto.
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Serra, C. (2015). Linchamentos em Moçambique. 2ª ed. Maputo: Imprensa Universitária.
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4.1.3 Anêxos
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