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ÍNDICE

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................2
1.1. Delimitação da pesquisa...............................................................................................2
1.2. Contexto.......................................................................................................................2
1.3. Justificativa...............................................................................................................2
1.4. Problematização...........................................................................................................3
1.5. Objectivos.....................................................................................................................5
1.5.1. Geral......................................................................................................................5
1.5.2. Específicos............................................................................................................5
1.6. Questões de pesquisa....................................................................................................5
1.7. Metodologia.................................................................................................................6
1.7.1. Técnicas de recolha de dados................................................................................6
1.8. Resultados esperados....................................................................................................8
1.9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA...........................................................................9
1. INTRODUÇÃO
1.1. Delimitação da pesquisa

O presente projeto de pesquisa tem como tema: Cooperação entre Moçambique e África do
Sul no combate ao tráfico de Seres Humanos (2018-2022). O tráfico de seres humanos ocorre
num contexto socioeconômico e político complexo. Isto significa que esta actividade envolve
uma multiplicidade de actores estatais e não-estatais, que atuam num ambiente de fragilidades
estruturais e institucionais, quer na família quer nas instituições do Estado, que têm o dever de
garantir a segurança e o bem-estar das pessoas.

1.2. Contexto

O presente projeto de pesquisa vai discorrer sobre a questão do tráfico de seres humanos que é
um crime transnacional que tem afetado o continente africano. No entanto, as redes
transnacionais de crime organizado exploram a vulnerabilidade dos migrantes, em algumas
partes do continente africano, devido a conflitos, falta de emprego e outras oportunidades de
subsistência.

Entretanto, Moçambique e África do sul não ficam atrás frente a estas realidades, ou seja, tem
se verificado nestes dois países é que jovens desesperados em encontrar trabalho na África do
Sul ou que se visitam familiares, acabam como vítimas do tráfico de seres humanos são
recrutadas passivamente. Desta forma, a África do Sul emerge como um país de destino no
tráfico de seres humanos e para a exploração sexual e trabalhos forçados.

Portanto, frente a estas realidades existe uma serie de políticas levadas a cabo por
Moçambique e África do sul com vista a implementação de estratégias que visam o combate a
este mal que é o tráfico de seres humanos.

1.3. Justificativa

A relevância deste tema é de dois caráteres: o primeiro é político, visto que na SADC, o
processo de integração regional ganhou uma dinâmica acentuada, em 1992, depois do fim do
Apartheid, na África do Sul, da proclamação da independência da Namíbia e do fim das
guerras em Moçambique e em Angola. Além disso, a elevada interdependência económica
face aos desafios da globalização contribui também para acentuar a necessidade de reforçar a
integração económica regional (Magode et al, 2014).

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Neste contexto, a SADC adoptou gradualmente medidas políticas e económicas que facilitam
a circulação de pessoas e de bens e que contribuem para alargar o âmbito de actuação
minimalista do Estado. Dentre estas medidas, destaca-se a facilitação e a abolição de vistos
que, por um lado, trazem benefícios para as populações, mas, por outro, contribui para
facilitar actividades ilícitas transnacionais como é o caso do tráfico de seres humanos. Este
fenómeno afecta muito pessoas de idade mais jovem, de Moçambique para a África do Sul, o
principal espaço de demanda de pessoas traficadas na SADC.

A segunda razão é de âmbito social, visto que, existe uma desigualdade económico-social
entre o campo e a cidade em Moçambique. De acordo com Carvalho (2012), esta realidade
incentiva o êxodo rural de adultos, de jovens e de crianças, na busca de melhores condições
de vida nas zonas urbanas.

No entanto, por um lado, este fluxo migratório contribui, de certa forma, para a satisfação de
necessidades básicas e a consequente melhoria na qualidade de vida. Por outro lado, de forma
recorrente, há pessoas que não são bem sucedidas nas cidades. Sob este contexto, muitas
pessoas tornam-se vulneráveis às redes do crime organizado e/ou oportunistas ligados ao
tráfico de seres humanos e, por conseguinte, expõem-se ao fácil aliciamento, sob falsas
promessas de emprego, de educação e de melhoria de condições de vida na África do Sul.

Portanto, no contexto deste trabalho, observou-se que o movimento migratório legal e ilegal
para a África do Sul é uma prática social, cultural, profundamente institucionalizada nas
famílias. Ou seja, as práticas migratórias constituem um elemento de vulnerabilidade das
famílias à actuação dos traficantes de seres humanos, principalmente de adolescentes, de
jovens e de crianças.

1.4. Problematização

O fenómeno do tráfico de seres humanos é uma realidade tanto em Moçambique quanto na


África do sul. Estudos recentes apontam que as mulheres e as crianças, maioritariamente do
meio rural e suburbano, são as principais vítimas, causando-lhes traumas e intranquilidade
social. Nos últimos tempos, a este propósito, a comunicação social tem reportado, com
alguma regularidade, casos de tráfico de pessoas (Save the Children, 2009).

No entanto, a problemática do tráfico de seres humanos tanto em Moçambique quanto na


África do sul ainda constitui uma incógnita, isto porque as poucas informações estatísticas
disponíveis são imprecisas. O tráfico de seres humanos confunde-se, por um lado, com o

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problema de imigração ilegal e do êxodo rural. Por outro, ainda não está explícita a complexa
ligação entre o tráfico de seres humanos e o crime organizado, muito menos o grau de
penetração deste crime organizado, em Moçambique, do ponto de vista social.

Assim como afirma Carvalho (2012), a imprecisão dos dados sobre a magnitude do tráfico de
seres humanos dificulta a tentativa de pressionar as entidades estatais no sentido de se
securitizar o assunto, levando-as a dedicar atenção privilegiada e a inscrever o problema no
topo das suas prioridades, em matéria de políticas públicas.

Consequentemente, existe por parte dos Estados, uma subvalorização em termos de


disponibilização de recursos humanos, tecnológicos e financeiros, o que dificulta a prevenção
e o combate ao tráfico de pessoas. Desta forma, cresce e o modus operandi das redes
responsáveis por este problema sofistica-se diante da fragilidade de resposta preventiva e
combativa do Estado e da sociedade (Felows, 2010).

Com efeito, no âmbito da cooperação bilateral, ao nível das comissões mistas de


Moçambique-África do Sul há um trabalho notável levado a cabo face a problemática do
tráfico de seres humanos, ou seja, verifica-se, por um lado, o esforço desenvolvido para
alertar a sociedade sobre a gravidade do problema do tráfico de seres humanos e a
necessidade de se adoptarem medidas urgentes e de impacto real.

Assim, uma das evidências deste esforço é a criação dos Grupos de Referência Multisectoriais
de Prevenção e Combate ao tráfico de seres humanos, o reforço dos mecanismos de
investigação criminal e de instrução de processos relativos ao tráfico de seres humanos.
Porém, por outro lado, esta realidade denuncia a fragilidade institucional dos Estados, que não
estão a acompanhar de forma efectiva a evolução do tráfico de seres humanos.

Portanto, Moçambique e África do sul, em resposta a esta problemática, estão a evidenciar


acções de cooperação com vista a prevenir e combater o tráfico de pessoas nos dois países.
Ademais, esta cooperação na questão do tráfico de seres humanos atrela-se a política interna
da SADC que é o Plano Estratégico Indicativo do Órgão para a Cooperação Política, Defesa e
Segurança (SIPO), o Protocolo sobre Género e Desenvolvimento e o Plano Regional de
Acção sobre Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e Crianças (Save the Children,
2009).

Todavia, a cooperação entre Moçambique e África do sul não é considerada abrangente, nem
efectiva, mesmo reconhecendo a elevação do nível de comunicação e de troca de informação

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regular entre os actores estatais e entre estes e os actores não-estatais. Esta realidade é
associada à existência de actores relevantes, que não estão inclusos no processo de prevenção
e combate ao tráfico de seres humanos. Trata-se sobretudo das próprias vítimas do tráfico de
seres humanos. Além disso, existe o problema de que nem todos os Estados estão a dar a
mesma importância ao tráfico de seres humanos, particularmente de crianças. Porém, existe
uma elevada predisposição de cooperação por parte dos agentes do lado da demanda,
principalmente na África do Sul, o que eleva a iniciativa de cooperação com outros países
como é o caso de Moçambique. Portanto, diante dos argumentos supra colocados, levanta-se a
seguinte questão de pesquisa:

 De que forma a cooperação existente entre Moçambique a África do Sul constitui


um desafio na implementação de estratégias de combate ao tráfico de seres
humanos?

1.5. Objectivos
1.5.1. Geral
 Analisar os desafios da cooperação entre Moçambique e África do sul no âmbito da
implementação de estratégia do combate aos tráfico de seres humanos?

1.5.2. Específicos
 Identificar os desafios da cooperação entre Moçambique e África do Sul;
 Ilustrar as políticas combativas dos dois países no que se refere ao tráfico de seres
humanos;
 Analisar, de forma crítica, as acções de prevenção e de combate contra o tráfico de
pessoas em Moçambique e África do Sul?
 Produzir recomendações para a prevenção e combate ao tráfico de seres humanos.

1.6. Questões de pesquisa


 Quais são os principais desafios para a prevenção e o combate ao tráfico de seres
humanos que Moçambique e África do Sul enfrentam?
 Quais são as políticas legais aplicáveis ao tráfico de seres humanos em Moçambique e
África do Sul?
 Quais são as limitações das acções estratégicas de cooperação entre Moçambique e
África do sul no combate as tráfico de seres humanos?
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1.7. Metodologia

Face à diversidade de métodos de investigação passíveis de serem utilizados e tendo em conta


que todos contêm vantagens mais igualmente limitações, a escolha dos métodos a utilizar
prende-se com a natureza do problema que se tenciona estudar.

O presente Projecto visa à elaboração duma pesquisa que gozará de uma combinação do
método qualitativo e quantitativo. Segundo Minayo (2008), a abordagem qualitativa está
orientada, principalmente, para a explicação dos cominhos que conduzem para as relações
sociais em sua essência, bem como para a análise dos resultados das actividades humanas,
sejam elas racionais, afectivas ou criativas.

Por outro lado, pesquisa qualitativa vê o pesquisador como seu principal instrumento e que
supõe o contacto directo e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está
sendo investigada por meio do trabalho intensivo de campo e o material obtido nessas
pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos, fotografias, desenhos,
documentos, etc., (Oliveira, 2001).

Ao passo que o método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas
modalidades de colecta de informação, quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais
complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão (Richardson, 2009).

Portanto, a abordagem quantitativa justifica-se pelo facto de constituir uma forma de


expressar a magnitude de realidades sociais na base de percepções representadas de forma
numérica e/ ou gráfica. Deste modo, a abordagem quantitativa torna-se pertinente para
conferir rigor à descrição e explicação sobre os contornos da complexa problemática do
trafico de seres humanos.

1.7.1. Técnicas de recolha de dados

Os dados são os elementos necessários e fundamentais para que se possa fazer um diagnóstico
da situação que se pretende estudar. Os procedimentos usados para a colecta de dados serem a
pesquisa bibliográfica, a entrevista semi-estruturadas e inquéritos.

a) Pesquisa bibliográfica

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Segundo Vergara (1998) a pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado e desenvolvido
com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes electrônicas, isto é, material
acessível ao público em geral. Fornece instrumento analítico para qualquer outro tipo de
pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma.

A pesquisa bibliográfica constitui uma actividade permanente de recolha de dados através de


publicações académicas, relatórios de organizações governamentais e não-governamentais,
bem como de legislação nacional e internacional, ligada ao trafico de seres humanos.

b) Entrevista Semi-Estruturadas

A entrevista para Vergara (1998), é um procedimento no qual você faz perguntas a alguém
que, oralmente, lhe responde. A presença física de ambos é necessária no momento da
entrevista, mas se você dispõe de mídia interativa, ela se torna dispensável. A entrevista pode
ser informal, focalizado ou por pauta. Portanto, optaremos, no nosso estudo, por entrevistas
semi-estruturadas, uma vez que possibilitam a comparação de dados entre os vários sujeitos.

No entender de Laville & Dionne (1999), as entrevistas semi-estruturadas podem ser definidas
como uma lista das informações que se deseja de cada entrevistado, mas a forma de perguntar
(a estrutura da pergunta) e a ordem em que as questões são feitas irão variar de acordo com as
características de cada entrevistado. Geralmente, as entrevistas semi-estruturadas baseiam-se
em um roteiro constituído de uma série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma
ordem prevista.

c) Inquérito

Segundo Gil (2008), inquérito é uma técnica de investigação, composta por um conjunto de
questões que são submetidas à pessoa com o propósito de obter informações sobre o
conhecimento, crença, sentimentos, valores, interesses e expectativas. Ou seja, consiste no uso
de dados estatísticos com o objetivo de a mensuração das opiniões, valores e crença que os
diferentes actores intervenientes no processo da construção de processos de integração
regional apresentam de modo a facilitar a compreensão.

d) Observação

A observação é um instrumento de colecta de dados que permite a socialização e


consequentemente a avaliação do trabalho. A técnica da observação desempenha importante
papel no contexto da descoberta e obriga o investigador a ter um contacto mais próximo com

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o objecto de estudo. Daí que para Gil (2002) a técnica da observação desempenha importante
papel no contexto da descoberta e obriga o investigador a ter um contacto mais próximo com
o objecto de estudo.

1.8. Resultados esperados

Sendo uma pesquisa que será realizado ao nível da cooperação entre dois territórios em
relação a uma problemática, o mesmo vai buscar uma análise sobre a amplitude do tráfico de
seres humanos, onde se percebe, com base nas evidências encontradas no terreno, que este é
um problema sério à escala nacional e internacional. A nível regional, as pessoas são
traficadas com promessas de uma vida boa, emprego e tudo mais, e a África do sul constitui
principal destino das vítimas do tráfico de seres humanos.

A nível regional, a África do sul tem sido considerado o principal corredor do tráfico de
pessoas particularmente, de mulheres e crianças. A pesquisa espera desenvolver um estudo
que evidencia que os diferentes actores, sobretudo nas fronteiras, têm pouco domínio da lei
6/2008 de 9 de Julho, o que chama atenção para a necessidade de adopção de uma estratégia
integrada na abordagem deste fenómeno em Moçambique.

Ademais, espera-se que proponha a atualização do Plano Nacional de Prevenção e Combate


ao Tráfico de Pessoas e o reforço da capacidade de controlo estatal da mobilidade das pessoas
ao nível das fronteiras; o melhoramento da capacidade de investigação policial e judicial dos
casos de tráfico de pessoas; o melhoramento da capacidade assistência às vítimas do tráfico de
seres humanos através da expansão dos centros de acolhimento e a consolidação da
cooperação com os países da região da SADC, especialmente a África do Sul.

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1.9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

CARVALHO, P. (2012). Moçambique: Um Novo Lugar no Xadrez Internacional. Revista de


Estudos Económicos e Financeiros, BPI, Lisboa.

CHIZZOTTI, A. (2006). Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 8ª edição. Cortez. São


Paulo.

FELOWS, SIMON (2010). Tràfico de Partes de Corpo em Moçambique e na Àfrica do Sul.


Liga dos Direitos Humanos. Maputo.

GIL, A. C. (2002). Como elaborar projectos de pesquisa (4nd ed.). São Paulo: Altas.

GIL, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. (6ª ed). São Paulo. Atlas.

LAVILLE, C & DIONNE, J. (1999). A construção do saber: manual de metodologia da


pesquisa em ciências humanas. Belo Horizonte, UFMG.

MAGODE, J. et al. (2014). Tráfico de Pessoas em Moçambique, em Particular, de Crianças.


Estudo elaborado pelo ISRI: Save the Children.

MINAYO, M. C. (2008). Pesquisa social: teoria, método e criactividade. 32 ed., Petrópolis,


Vozes.

OLIVEIRA, F. (2001). Metodologia Científica para a realização de pesquisas em


administração. Editora Catalão-Go.

RICHARDSON, R. J. (2009). Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3ª Edição. Editora Atlas.


São Paulo.

Save the Children. (2009). O Tràfico Interno e a Exploração de Mulheres e Crianças em


Moçambique. Maputo.

VERGARA, S. C. (1998). Projectos e Relatórios de Pesquisa em Administração (2nd ed.).


São Paulo: Atlas.

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