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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Doutora. Lígia

A FORÇA DA NORMA INTERNACIONAL

AS FONTES DO DIREITO DIP

Nós podemos de acordo com a doutrina, podemos fundamentar a força do DIP de acordo com 2
CONCEÇÕES:

1º CONCEÇÃO VOLUNTARISTA : As normas de DIP existem ou nascem da vontade dos Estados, esta
conceção do DIP ou da norma de DIP, dá enfase a um princípio, o princípio da soberania, para o DIP
é relevante a soberania externa e interna, por exemplo: um estado soberano, ele legisla no seu
próprio território, ele aplica a sua lei no sue próprio território com exclusão de outros poderes
externos, isto resulta também, proíbe-se a não ingerência dos assuntos internos de outros estados.
Se a norma nasce pela vontade dos estados, aqui dá-se enfase ao elemento soberano do estado, o
estado cria o direito internacional. Esta conceção fragiliza o próprio DIP porque efetivamente o DIP
nasce da vontade dos estados, por exemplo, um tratado, se não existir a vontade dos estados se
vincularem através de um tratado, não existe um tratado. O próprio costume, se não existir uma
prática reiterada e a convicção que determinada conduta, ou que determinado ato é obrigatório
por partes dos estados, também não existe norma consuetudinária de DIP. Reparemos, isto é
verdade, só que a vontade dos estados não é suficiente para dar força á norma internacional,
porquê? Porque muitos estados não cumprem o DIP e também muitos Estados, não aceitam, por
exemplo, quando estão a negociar um texto de um tratado não aceitam as disposições de um
tratado de forma automática, porque certas disposições poe em causa a sua soberania, os seus
interesses, por exe: a convecção das nações unidas sobre o direito do mar, o texto demorou 8 anos,
ate que os estados chegassem a um contexto, sobre o texto final, e demorou imensos anos , até o
tratado entrar em vigor, e até um maior numero de estados ratificarem o tratado, porque a
convenção das nações unidas sobre o direito do mar, a semelhança de outras convenções, mexe
sobre interesses de vários estados, então a força do DIP há certas problemáticas no mundo que
não esperam que os estados demorem 2/3 anos ou mais a encontrar uma norma adequada, então
a vontade dos estados não é suficiente para atribuir uma força á norma internacional, primeiro
porque eles nem sempre cumprem , então a vontade dos estados é importante, a questão
soberana é importante, mas também muitas vezes é um impedimento, os interesses do estado por
vezes são impedimentos para nascer a norma internacional, exemplo: problema das alterações
climáticas a nível internacional, o protocolo de Kyoto devia ter terminado em 2012 e só se
terminou mais tarde, devido ao acordo de país, portanto não chega só a vontade dos estados.

2º CONCEÇÃO SOLIDÁRIA: As normas de DIP existem ou nascem em virtude das exigências da


comunidade internacional, para prosseguir os fins reconhecidos, como vitais, pela humanidade, ou
seja daqui se compreende que existe um conjunto de valores, que não dependem da vontade dos
estados, que são anteriores ao próprio estado, e que são esses valores, dos quais depende a
própria existência do ser humano, que dão força á norma internacional, porque esses valores
nunca podem ser postos em causa pelos estados, ou seja, quando se cria um tratado, claro que é
necessária a vontade aos estados, mas não é isso que dá força a norma, o que dá força á norma são
essas exigências/fins que fundamentam a existência da norma. Então nesse contexto da conceção
solidária, surge o conceito de “ius cogens” ou “direito cogente” e o que é o “ius cogens”? é um
direito imperativo, que limita o poder da ação dos estados, e das organizações internacionais, é a
ordem pública internacional, e desta forma, o “ius cogens” está no top da hierarquia das fontes do
DIP (art.º 38 do estatuo do tribunal de justiça) ou seja, os princípios, as normas do tratado, o
costume e o ius cogens está acima do costume, das disposições de tratado que não são ius cogens,
porque são os valores da humanidade, porque é o direito interior ao próprio estado, e então que
exemplos de Ius Cogens? O “ius cogens” pode ser: princípio geral de direito, muitos destes
princípios gerais do direito tem fundamento no costume, o costume pode ser “ius cogens”, e
disposições de tratados, então o “ius cogens” pode ser princípio, pode ser norma de tratado, e
pode ser encontrado no costume.

EXEMPLO de ius cogens: autodeterminação de “ius cogens”, todos os princípios de direito


humanitário – dignidade da pessoa humana, dignidade humana, proibição do genocídio, proibição
do uso da força, principio do direito humanitário da responsabilidade de proteger (o estado tem o
dever de proteger os cidadãos mesmo estando em conflito) , o principio da liberdade dos mares e o
principio da autodeterminação dos povos são princípios de direito e tem origem no costume.
Proibição da tortura, proibição da discriminação tudo isto é “ius cogens”.

O “ius cogens” pode ser universal em tratados universais ratificados, mas também pode ser
encontrado em instrumentos regionais, a convenção europeia dos direitos humanos, ou a carta
africana - são instrumentos regionais. O “ius cogens” é universal, está no topo da hierarquia das
fontes, isto significa que, só podem ser os princípios do “ius cogens”, ele só pode ser modificado
por norma imperativa de igual valor, ou seja, o “ius cogens”, por exemplo - o princípio da
autodeterminação dos povos, ou uma norma de qualquer “ius cogens” pode ter origem no
costume, como por exemplo este princípio da autodeterminação dos povos, mas este princípio
também está consagrado na carta das nações unidas. O tratado e o costume estão no mesmo
patamar hierárquico, quando um tratado ou costume é um ius cogens, ele é superior a uma norma
de tratado que não é ius cogens, o próprio tratado que viola uma norma de ius cogens é nulo.

Quando se diz que o tratado e o costume têm o mesmo valor, temos que aplicar 2 regras: ou seja,
o tratado pode modificar ou revogar o costume,

1º princípio: a lei posterior modifica ou revoga a lei anterior, ou a norma posterior a lei anterior, a
lei posterior geral, não revoga lei ou norma anterior especial, então quando o costume e o tratado
está no mesmo patamar hierárquico temos que ter em atenção a estas regras, a lei geral nunca
revoga lei anterior geral.

Há 2 disposições da Convenção de Viena sobre os direitos dos tratados em anexo com a sebenta,
é o artigo 52º sobre a convenção de Viena sobre os direitos dos tratados entre estados e o artigo
64º Convenção de Viena sobre os direitos dos tratados entre estados.

- Artigo 52º Convenção de Viena sobre os direitos dos tratados: significa que é nulo qualquer
tratado que viole o ius cogens.

EXEMPLO: um tratado entre 2 estados, decidam proibir a entrada de refugiados no seu território,
e aqueles que entram no território, os residentes dos Estados perseguem-nos. – Aqui temos uma
violação do ius cogens - princípio da não repulsão.

- Artigo 64º da Convenção de Viena sobre o direito dos tratados entre estados: significa que o ius
cogens é um conceito evolutivo.
EXEMPLO: o desenvolvimento sustentável, no início do seculo XX ninguém falava de
desenvolvimento sustentável, em 1972 a primeira cimeira da terra nos EUA, não surgia o conceito
de desenvolvimento sustentável, mas já apareceu o seu conteúdo, e mais tarde foi evoluindo até
chegar a princípio, o ius cogens é evolutivo.

DIFERENÇA ENTRE HARD LAW E SOFT LAW

Hard Law engloba os tratados, engloba o costume, os princípios gerais de direito, e tudo o que tem
natureza obrigatória e vinculante, no entanto o DIP, não é composto apenas por normas
vinculantes, existem normas, princípios que não tem natureza vinculante e obrigatória, se não
forem compridos disposição de tratados, tal pode decretar sanções, o dip é muito frágil exemplo : o
TIJ é o órgão jurisdicional das nações unidas e as suas decisões são obrigatórias, no entanto, o TIJ
vai aplicar um tratado, um principio geral de direito, e os estados tem que cumprir, se não
cumprirem, o conselho de segurança pode obrigar o estado a cumprir, e vamos supor que nem não
cumpre o tratado é a china, os EUA ou a Rússia, esses estados não vão votar contra si próprios ,
mas não deixa de ser obrigatório, de ser vinculante, no entanto o dip não é apenas hard law, é
também designado por Soft Law, e o que é o Soft Law? Não tem natureza vinculante, os estados
senão cumprirem o soft law não existe consequência legal, mas pode existir consequência política
ou moral, o soft law ele pode ser: declarações, decisões, recomendações, resoluções, compostas
por normas, por princípios que são emanados em cimeiras internacionais, ou emitidas por ONG’s ,
não tem força jurídica de um tratado ou de um costume, mas são uteis, na interpretação do DIP
para o preenchimento de lacunas e podem inspirar decisões politicas, legislativas, judiciais e até
empresariais, por exemplo a agenda 21 , com aqueles princípios ambientais foi adotada por varias
empresas , as empresas são essenciais ao DIP. Mas bom, falando do soft law, então, o soft law é
importante para o dip, preenchimento de lacunas, e pode, uma norma pode ser transformada em
hard law, ou numa norma consuetudinária , tudo depende da vontade dos estados, o soft law, fixa
parâmetros e isto está no livro e no artigo, o soft law fica parâmetros de comportamentos
esperados dos estados, sem que exista “uma coerção ou ordem ideal” ao contrario da hard law
porque há uma coerção, há uma ordem, em soft law não existe esta coerção, se soft law existe,
sem ter o valor legal de um tratado, ele deve ser respeitado pelos estados, pois o soft law
representa, o conjunto de valores, reconhecidos como vitais para a humanidade, claro que não tem
valor aurido do “ius cogens”, mas pode vir a ser ius cogens, pode.se transformar em costume,
pode-se transformar em norma de tratado.

- EXEMPLOS DE SOFT LAW: a declaração de princípios da conferencia de Estocolmo de 1972, a


declaração do rio de janeiro de 1992, a declaração do rio sobre ambiente e desenvolvimento
(princípio 4 , ora o desenvolvimento sustentável surge aqui em 1992 como um principio de soft law
que depois foi consagrado posteriormente em tratados por exemplo: em qualquer tratado
ambiental / é importante saber que o principio da cooperação é um principio geral de direito com
origem no costume não é só soft law por estar num tratado.) , Carta mundial da natureza de 1992 ,
ou a declaração de Joanesburgo sobre o desenvolvimento sustentável de 2000

- Exemplos de tratados que consagram princípios que estão consagrados em declarações de SOFT
LAW: princípio 10 da declaração de rio de janeiro – refere-se ao dever de informação/acesso á
justiça tudo isto é princípio geral de direito, a declaração é soft law, mas dá-se enfase a estes
princípios, assim como o dever de cooperação do princípio 14.

Porque é que é tao importante para o DIP o soft law? Porque , ou seja, os estados por varias razoes
não conseguem chegar a um conceso sobre um texto de um tratado, e entre ter uma declaração
de princípios mesmo que não sejam vinculantes, é melhor ter alguma coisa, porque essa coisa
pode-se transformar em normas internacionais, um texto de um tratado demora muito tempo a
ser ratificado, então é sempre importante ter alguma coisa, como uma declaração de principio não
vinculantes, apesar do soft law não ser vinculativo , não ter a força legal de um tratado, muitas
vezes pode acartar consequências morais e políticas. O soft law não é fonte de direito mas pode
ser útil para se criar DIP, ele pode-se transformar numa norma de um tratado ou num costume, é aí
que reside a importância do soft law, os estados podem olhar para uma problemática , podem-se
se sentir menos preparados, que medidas adotar, e então celebram um tratado rígido obrigatório,
e decidem criar um instrumento de soft law, recomendações que não são vinculantes, mas que
mais tarde podem-se tornar vinculantes devido ao avanço do conhecimento cientifico. O soft law
no fundo dá relevância a questões do passado, por exemplo, as questões ambientais, há uns anos
atrás falava-se, mas não tinha tanto impacto como tem hoje, hoje em dia as questões ambientais
estão em tratados.

O DIREITO DOS TRATADOS

Página 3/4 /5/6/ – sebenta

Os tratados são das fontes principais do DIP, são conjuntamente com o costume, das fontes
principais, e existem, há uma matéria muito importante, que é o Direito dos Tratados, e esta
matéria dos direitos dos tratados, tem haver com o estudo das regras sobre a conclusão dos
tratados entre os sujeitos de DI, nomeadamente entre os estados e as organizações internacionais.

A convenção que rege o direito entre estados e organizações internacionais, ainda não está em
vigor em Portugal.

Neste caso vamos dar mais atenção aos tratados entre estados, então temos 2 instrumentos
importantes:

1. Convenção de Viena sobre o direito dos tratados entre os tratados: assinada em 1969 que está
internacionalmente em vigor desde 1980, porquê? Porque as convenções multilaterais, ou seja
celebradas entre vários estados, para estarem em vigor a nível internacional, significam que foram
ratificadas por um numero imposto pela convenção, um numero preciso de estados, a convenção
de Viena para entrar em vigor não basta que 2/3 estados tenham ratificado a convenção, é
necessário um conjunto de ratificações, no entanto em 1969 Portugal não participou no texto do
tratado, nem ratificou a Convenção de Viena antes de ela entrar em vigor em 1980, Portugal aderiu
mais tarde ao tratado, a adesão é muito importante, Portugal ratificou por decreto ao PR em 2003,
o depósito foi em 2004 e entrou em vigor em Portugal só em 2004, para alguns países já estava em
vigor em 1980, agora, o que importa é entender que esta convenção de Viena, é o tratado que rege
todos os outros tratados, é o direito dos tratados, está aqui condensado na convenção de Viena,
esta outra convenção de Viena entre estados ou organizações internacionais ou entre elas, é
posterior, mas as regras são exatamente as mesmas com algumas especificidades próprias.

NO ARTIGO 2º N1 ALÍNEA A) DA CONVENÇÃO DE VIENA , temos a noção de tratado, é um acordo


internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer esteja
consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer que
seja a sua determinação particular.

ELEMENTOS ESSENCIAIS DO TRATADO:


Elemento material: acordo de vontade das partes, com intenção de criar normas jurídicas;

Elemento subjetivo: acordo entre vontades entre os sujeitos de DI;

Elemento formal: Acordo formal formado em determinado momento histórico, acordo escrito;

“A produção de efeitos de direito é essencial ao tratado, que não pode ser visto senão na sua dupla
qualidade de ato jurídico e de norma. O acordo formal entre Estados é o acto jurídico que produz a
norma, e que, justamente por produzi-la, desencadeia efeitos de direito, gera obrigações e
prerrogativas, caracteriza enfim, na plenitude de seus dois elementos, o tratado internacional. É
conhecida em direito das gentes a 5 figura do gentlemen’s agreement, que a doutrina
uniformemente distingue do tratado, sob o argumento de não haver ali um compromisso entre
Estados, à base do direito, mas um pacto pessoal entre estadistas, fundado sobre a honra, e
condicionado, no tempo, à permanência de seus atores no poder.” (Francisco Rezek, 42).” – Ora
isto, é a diferença entre um tratado e um acordo sem força vinculante, num tratado os estados tem
vontade normativa, dirigida a criação de disposição normativa, e não um compromisso , se for
desrespeitado um tratado há consequências jurídicas.

UM TRATADO PODE SER:

- CONSTITUIÇÃO: texto institutivo de uma organização internacional, por exemplo: Organização


das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura (FAO) (organização cujo objectivo é erradicar
a fome e desenvolver acções no domínio da agricultura, pesca, florestas e segurança alimentar).

- CARTA: texto institutivo de uma organização internacional, por exemplo: Carta das Nações Unidas

- ESTATUTO: texto institutivo de uma organização internacional ou de um órgão de uma


organização internacional, por exemplo: Estatuto da Organização Mundial do Turismo ou o
Estatuto do Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados ou o Estatuto do Secretariado
Executivo da Comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP).

- CONVENÇÃO OU ACORDO: texto declarativo de direitos do homem, por exemplo, Convenção


para a proteção dos direitos do homem e das liberdades fundamentais, ou tratados entre Estados,
por exemplo, Convenção das Nações sobre o direito do mar e Acordo relativo à aplicação da parte
XI da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, tratados entre organizações, por
exemplo, Acordo entre a CPLP e a organização internacional para as migrações.

- PACTO: texto declarativo de direitos do homem ou tratado entre Estados, por exemplo, Pacto
Internacional dos direitos económicos e sociais (ratificação e adesão pela Assembleia Geral das
Nações Unidas na sua Resolução N.º 2200-A (XXI), de 16 de Dezembro de 1966) / Pacto
Internacional sobre os direitos civis e políticos (ratificação e adesão pela resolução 2200A (XXI) da
Assembleia Geral das Nações Unidas, de 16 de 6 Dezembro de 1966); Pacto de Varsóvia, (aliança
militar (1955) países socialista do leste da Europa e a União Soviética)

- CONCORDATA: tratado entre a Santa Sé e um Estado, tendo por objetivo assegurar os direitos
dos católicos ou da Igreja Católica em determinado Estado, por exemplo, a Concordata de 2004
entre a Santa Sé e o Estado português (faculta a liberdade religiosa à Igreja Católica e aos seus fiéis,
equipara o casamento religioso ao casamento civil, total isenção fiscal sobre o rendimentos e bens
da Igreja Católica entre outros)
- PROTOCOLO: textos de modificação, aditamento ou revisão de tratados inicialmente elaborados
e que se afiguram como o núcleo central da regulação em causa. Por exemplo, Protocolo que
modifica a Convenção sobre a responsabilidade civil no domínio da energia nuclear ou o Protocolo
que altera a Convenção sobre a utilização da informática no domínio aduaneiro; Protocolo de
Quioto.

- ATA GERAL OU ATA FINAL: texto celebrado no final de uma conferência internacional: O Tratado
pode materializar-se em mais do que um documento formal por exemplo: Convenção das Nações
Unidas sobre o direito do mar e o Acordo relativo à aplicação da parte XI da Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar Convenção - quadro das Nações Unidas sobre as alterações
climáticas e o Acordo de Paris à Convenção -quadro das Nações Unidas sobre as alterações
climáticas.

CALSSIFICAÇÃO DOS TRATADOS

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1.CLASSIFICAÇÃO SUBJETIVA :

Tem haver com os sujeitos, podemos atender ao número das partes, a qualidade das partes e a
abertura a sujeitos terceiros.

 Quanto ao número das partes: o tratado pode ser bilateral (celebrado por 2 partes ou 2
estados), tratado multilateral (por mais de 2 estados, isto aplica-se igualmente ás ONG’S) ,

 Qualidade das partes: Tratados entre Estados, tratados entre organizações internacionais,
tratados entre Estados e organizações internacionais tratado entre estados como: a Convenção das
Nações unidas sobre o direito do mar, por exemplo há tratados entre CPLP, ou das migrações ou
organização de trabalho.

 Abertura a sujeitos terceiros, estamos perante os:

➝ Tratados abertos limitados ou ilimitados: permite a adesão de um estado, que não participou
na negociação do texto do tratado, nem ratificou o tratado em momento anterior á sua entrada em
vigor internacional, mas que o tratado permite que ele seja parte nesse tratado através da adesão,
é o caso por exemplo de Portugal com a Convenção de Viena, a convenção dispõe no artigo 84 nº1
da Convenção de Viena. E esses tratados abertos podem ser limitados ou ilimitados, ilimitados
podem ser todos, convenção de albufeira entre Portugal e Espanha sobre a partilha de recursos
híbridos, maior parte dos tratados ambientais são ilimitados porque são problemas globais, então é
necessário que um grande grupo de estados seja parte desses tratados, mas a convecção de vina é
um tratado aberto ilimitado porque rege o direito dos tratados, então é um tratado aberto
ilimitado, todos os países do mundo aceitam o tratado de Viena.

Os tratados abertos limitados, limitam em função da região geográfica, muitas vezes de relações
com laços históricos, interesses económicos por exemplo: os tratados da união europeia são
tratados limitados, porque são tratados limitados aos países da União Europeia.

➝ Tratados fechados: são os tratados que não permitem a adesão, só são parte dos tratados no
tratado fechado, aqueles estados que negociaram desde o início. O tratado bilateral é sempre um
tratado fechado, o tratado multilateral pode ser fechado, mas hoje em dia a professora não
conhece nenhum tratado que seja fechado.
2. CLASSIFICAÇÃO MATERIAL:

Diz respeito ao conteúdo do tratado, quanto á abrangência das matérias, Tipo de efeitos,
Natureza institucional ou material, Tipo de exequibilidade, Aplicabilidade circunstancial.

 Abrangência das matérias:

➝ Tratado Geral: um tratado geral que regula bastantes matérias, como a carta das nações unidas,
tem uma variedade enorme, tem normas que regulam as nações unidas, princípios que regulam as
ações dos estados,

➝ Tratado Especial: regulam um aspeto particular de um regime jurídico, por exemplo o protocolo
de Cartagena sobre o regime de segurança, é só sobre 1 matéria.

 Tipo de efeitos:

➝ Tratado-lei: a doutrina diz que é um contrato que contem normas de conduta, é assim que
define. Todos os tratados são tratados lei, tem normas de conduta.

➝ Tratado – contrato: Estipula obrigações recíprocas e esgota-se na realização dessas prestações.


O protocolo de Kyoto fixava obrigações no tempo, que deviam de ser cumpridas num determinado
tempo, e enquanto cumpridas, o protocolo extinguia-se.

 Natureza institucional ou material:

➝ Tratado constitucional: é um tratado que cria uma organização internacional, por exemplo: a
carta das nações unidas, os tratados da União Europeia, é como se fossem constituições.

➝ Tratado material: É os tratados que contem normas, procedimentos, são os restantes tratados.

 Tipo de exequibilidade:

➝ Tratados auto-exequíveis: são eficazes por si só, ou seja, a sua efetividade, a sua eficácia não
depende da existência de outro tratado, ou de lei complementar.

➝ Tratados hétero–exequíveis: carecem de implementação legislativa, para se tornarem


exequíveis, ou seja, o próprio contrato contem normas que expressamente prevê que essas normas
do contrato só se tornam exequíveis se cumprirem certas normas do tratado. exemplo: o tratado
de paris.

 Aplicabilidade circunstancial

➝ Tratados imediatamente aplicáveis: Maior dos tratados são imediatamente aplicáveis, estes
tratados são aqueles que não precisam de nenhum procedimento interno a nível nacional como
aprovação de um parlamento, ratificam do PR para serem imediatamente aplicáveis, existem
certos acordos internacionais especialmente bilaterais em que são assinados por um representante
de governo, como Ministérios dos Negócios Estrangeiros, assinam o texto e não carecem de
nenhum procedimento, a assinatura do texto entra automaticamente. São chamados acordos
ultisimplificados, que não necessitam de nenhuma ratificação.

➝ Tratados mediatamente aplicáveis;


 Duração:

➝ Tratados perpétuos: carta das nações unidas

➝ Tratados temporários: protocolo de Kyoto, havia um limite temporal, o protocolo ficou aboleto,
é um tratado temporário, tem um limite de vigência.

 Conexão com outros tratados:

➝ Tratados Principais: quando prevê um regime base, o regime quadro, um regime jurídico e
normalmente é o 1º tratado, por exemplo a convenção quadro das nações unidas sobre as
alterações climáticas

➝ Tratados acessórios: por exemplo no quadro das nações unidas sobre as alterações climáticas, o
que o une é o tratado de paris.

3. CLASSIFICAÇÃO FORMAL

 Complexidade procedimental:

➝ Tratado solene: É aquele que carece de ratificação por parte do chefe de estado, por exemplo
na nossa CRP, no artigo 161º alínea I) – indica de tratados solenes de acordo com o direito
português, e não só no direito português, um tratado solene é um tratado de paz/amizade, um
tratado de amizade facilita a entrada de cidadãos estrangeiros, como o tratado entre o brasil e
Portugal, tudo isto mexe com a soberania, os tratados solenes mexem com a soberania. Outros
exemplos: assuntos militares, etc. tudo o que mexa com a soberania são tratados solenes. Um
tratado ambiental também pode ser um tratado solene se for ratificado.

➝ Tratados não solenes ou em forma simplificada: É aquele que não carece de ratificação, só
necessita de apenas 1 mera assinatura do chefe de estado aprovação da AR e ou então de
aprovação do governo.

 Formalização escrita ou verbal:

➝ Tratados escritos: quase todos os tratados são escritos;

➝ Tratados verbais;

PROCEDIMENTO GERAL DE CONCLUSÃO DE TRATADOS

1. A NEGOCIAÇÃO DO TEXTO DO TRATADO

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A CVDTE inclui a fase da negociação no momento da adoção, ou seja, não autonomiza a fase da
negociação da fase da adoção do tratado. Para a CVDTE a negociação só interessa quando ela
conduz à adoção ou autenticação do texto do tratado (artigo 7 da CVDTE). Porém a negociação
nem sempre termina com a adoção do texto, pois as partes, com o decorrer das negociações
podem deixar de ter vontade de adotar um texto de um tratado e de se vincular a este Tratado. Ou
seja, está certo dizer que a negociação faz parte da adoção, a nível internacional, mas em alguns
livros, vai aparecer que a negociação vai estar em 1º lugar e depois a adoção em 2º.
A NEGOCIAÇÃO CONSISTE EM 3 FASES:

1. FASE DA PRÉ-NEGOCIAÇÃO: determinação das regras do processo negocial (identificação das


partes envolvidas na negociação e do objeto da negociação).

2. FASE DO QUADRO DA NEGOCIAÇÃO: definição dos sob - temas e do esquema da negociação e


sua calendarização

3. FASE DA PARTICULARIZAÇÃO DA NEGOCIAÇÃO: Consulta direta, recíproca e pormenorizada


entre negociadores, (discussão dos diversos assuntos de acordo com o esquema e a calendarização
definida na segunda fase) com vista a redação de um texto escrito.

HABILITAÇÃO FUNCIONAL E ESPECÍFICA

Quem tem plenos poderes para negociar o texto de um tratado? (Artigo 7 da CVDTE em relação aos
Estados) Neste caso, tem as entidades habilitadas a negociar o texto de um tratado em nome dos
sujeitos internacionais nela intervenientes (Estados (CVDTE) e Organizações Internacionais),
enquadram-se em duas categorias:

A negociação de um tratado internacional multilateral não pode ser convenientemente realizada


através de encontros ou conversações bilaterais (Tratado multilateral negociação em Conferência
internacional).

Entidades habilitadas em razão das funções ou cargos que exercem num determinado Estado ou
Organização Internacional:

 Habilitação funcional geral: os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros dos


Negócios Estrangeiros (em função do sistema de governo, Presidencialismo vs. Parlamentarismo e
Semipresidencialismo) - ARTIGO 7º Nº2 DA CONVENÇÃO.

 Habilitação funcional específica: diplomática: os chefes de missão diplomática

 Habilitação funcional específica institucional: os representantes acreditados dos Estados numa


conferência internacional ou junto de uma organização internacional, ou de um dos seus órgãos,
quanto a tratados celebrados nessas instâncias. – ARTIGO 7 Nº2 ALÍNEA C DA CONVENÇÃO.

POR EXEMPLO: O MINISTRO DO AMBIENTE QUE VAI Á COP DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, É UM
REPRESENTANTE ACREDITADO DE UM ESTADO, NUMA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL PARA NEGOCIAR
NOVOS TRATADOS DESSA MATÉRIA, DESSA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL.

 Habilitação específica: quando um sujeito internacional (regra geral o chefe de Estado) confere
uma carta de plenos poderes a alguém (ex. diplomata fora da habilitação funcional ou um servidor
público de uma área que não os negócios estrangeiros, chefe de uma delegação nacional) para, em
seu nome, negociar a elaboração de um texto de tratado internacional. – Artigo 7 nº1 Convenção.

2. A ADOÇÃO DO TEXTO DO TRATADO

Quando as negociações não caem por terra ou são interrompidas passamos à fase da aprovação do
texto e, seguidamente, à autenticação do texto.

A APROVAÇÃO DO TEXTO DO TRATADO


Acordo dado, entre as partes negociadoras, quanto a um texto escrito, que foi sendo redigido
durante a fase da negociação, nada mais havendo a dizer sobre o mesmo, que se dá por concluído
(artigo 9 da CVDTE).

QUAL AO CORPUS DO PROJECTO DO TRATADO? (JORGE BACELAR GOUVEIA, 225)

 Parte preambular (importante): composta por um preâmbulo (conjunto de considerandos a


respeito da razão de ser do tratado, bem como das intenções dos Estados que o negociaram,
incluindo a sua própria identificação, que, porém, não possui valor diretamente normativo, ainda
que possa ser elemento hermenêutico não despiciendo) , isto significa que a parte preambular de
uma convenção, é aparte anterior, como a parte da constituição, as convenções também tem um
preâmbulo, o preâmbulo está antes do artigo 1º da CVDE , o que se diz aqui é que o preambulo não
é vinculativo ás partes da forma direta, no entanto o preâmbulo é um meio de interpretar o
tratado, porque no preâmbulo nós conseguimos ver os princípios que estão subjacentes ao
tratado , conseguimos ver a vontade, o que é que esteve na origem da aprovação do tratado, qual
foi o objetivo dos estados em criarem o tratado, e tal serve para interpretar o tratado, e desta
forma acaba por ter valor indiretamente normativo, ele pode até nem ser vinculativo, porque a
parte vinculativa são os anexos, a parte complementar que serve para muitas vezes, para
completar a parte dispositiva, mas, o preâmbulo acaba por apesar de estar escrito na doutrina que
não possui diretamente normativo, ele acaba por ter, porque as disposições vinculativas podem ser
interpretadas pelo preâmbulo, no preambulo aparecem princípios de direito como o ius cogens,
por exemplo na Convenção. O preâmbulo apesar de não ter valor diretamente normativo, acaba
por ter um valor indiretamente normativo porque serve para interpretar as disposições do tratado,
porque aí se pode encontrar os princípios, objetivos que estiveram na origem do tratado.

 Parte dispositiva: que tem o articulado ou o clausulado, conforme seja redigido por artigos ou
por cláusulas, o qual consiste num conjunto de preceitos, separadamente para cada uma das
matérias, distinguindo-se entre disposições materiais e cláusulas finais.

 Parte complementar: composta pelos anexos, podendo aparecer com um sentido técnico ou
geográfico, embora possuindo o mesmo valor normativo do articulado.

O TEXTO DO TRATADO PODE SER RECTIFICADO?

Sim (artigo 79ºCVDTE) para corrigir erros materiais ou lapsos do tratado sem modificar esse mesmo
tratado.

AUTENTICAÇÃO DO TEXTO DO TRATADO

DE QUE FORMA SE AUTÊNTICA UM TEXTO DE UM TRATADO? (ARTIGO 10 CVDTE)

 Assinatura (definitiva): Não existe na vinculação por via de adesão, o Estado que adere a uma
Convenção não participa na negociação da convenção. Apesar de poderem ser admitidas reservas
formuladas aquando a adesão. Por exemplo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros.

 Assinatura ad referêndum e a rubrica, são assinaturas provisórias, realizadas sobre o


representante do Estado, assinam o texto, mas é preciso um aprovamento de um órgão de
soberania.

 Qualquer outro procedimento estabelecido nas negociações;


QUAIS OS EFEITOS DA AUTENTICAÇÃO? (IMPORTANTE!)

 «A assinatura ou processo equivalente não obrigam o Estado - parte, salvo nas convenções ultra-
simplificadas: uma vez produzida, aos órgãos constitucionais competentes cabe aprovar e ratificar
ou só aprovar, o tratado (ou não). A consequência principal da assinatura é outra. Consiste em,
fixado o texto, os Estados contratantes ficarem adstritos, por imperativo de boa-fé, a abster-se de
atos (ou omissões) que privem o tratado do seu objeto ou do seu fim (artigo 18º CVDTE) (Jorge
Miranda, op. cit., pp. 69). - Responsabilidade pré-contratual.

O prof Jorge Miranda, ele divide os tratados do ponto de vista formal, tratados solenes, acordos
simplificados ou ultra-simplificados, a doutrina não faz esta divisão, no entanto isto é mais fácil de
entender.

Quando estamos perante tratados ultra-simplificados (que são acordos, convenções etc) (tratados
ultra-simplificados expressão utilizada pelo Prof Jorge Miranda) , ou seja, aquele que de acordo
com o nosso ordenamento jurídico, apenas carece de autenticação do governo , de assinatura do
governo, para vincular o Estado português ao tratado, neste caso, o Estado que não cumpre as
disposições do acordo ultra-simplificado, incorre em responsabilidade internacional por
incumprimento do tratado, … é necessário, a aprovação da assembleia da república, primeiro a
assinatura do governo, depois a .. o estado que não ratifica o tratado solene ou que não aprova o
acordo simplificado, a nível interno, não incorre em responsabilidade internacional, por
incumprimento do tratado, quando estamos perante tratados solenes, ou acordos simplificados,
em que é necessário respetivamente a retificação do presidente da república, e a aprovação da
assembleia da república, o Estado só fica vinculado ao texto do tratado, quando se respeita esse
procedimento interno, de retificação e aprovação, desta forma o Estado que não ratifica o tratado
solene ou que não aprova o acordo simplificado, a nível interno, não incorre em responsabilidade
internacional por incumprimento do tratado, quando não cumpre uma disposição do tratado que
assinou, no entanto, todo o Estado que assina o texto de um tratado, cria uma expectativa nos
outros Estados, de que pretende ficar vinculado ao texto do tratado, e todo o Estado, que assina o
texto do tratado, deve estar de boa fé que fica vinculado ao texto do tratado, então em virtude do
princípio geral do direito de boa fé, o Estado deve abster-se de atos ou omissões que privem o
tratado do seu objeto ou do seu fim, pelo que neste contexto, o Estado incorreria, de acordo com o
Professor Doutor Jorge Miranda o Estado podia incorrer numa responsabilidade pré-contratual por
violação deste imperativo de boa fé.

Por fim, (Pág. 227 Doutor Jorge Gouveia) – “No plano de direito internacional é curioso verificar,
que pelo facto do estado ter aceite, encerrar as negociações com a adoção do texto; autenticação
ou assinatura, não decorre qualquer obrigação de se vincular no futuro, inversamente derivando
mesmo o direito de o fazer através de um ato posterior que pode até nunca vir a praticar.” Que é
o ato de vinculação internacional. – Isto aqui refere-se aos tratados não simplificados porque o que
está a dizer é que os tratados ultra-simplificados, o Prof. Jorge não faz a distinção entre acordos
simplificados ou ultra-simplifcados, para ele os tratados simplificados são os ultra-simplificados, o
que está aqui em causa, é que no caso dos tratados solenes, e nos acordos simplificados e não
ultra-simplificados, o Estado que assina o texto do tratado pode nunca retificar ou aprovar o texto
do tratado, ninguém o obriga, e isso vê-se na pratica, há estados que assinam os textos dos
tratados e nunca o retificam ou retificam passado 10 anos ou 8 anos, imenso tempo, isto por varias
razoes, ligadas aos interesses de soberania ou económicos, o que está aqui em causa é que um
estado não esta obrigado a retificar o texto do tratado que assinou, não esta obrigado, por isso é
que diz aqui “inversamente derivando mesmo o direito de o fazer através de um ato posterior
que pode até nunca vir a praticar” que é o ato de vinculação internacional, que é a ratificação ou a
aprovação do texto do tratado a nível interno, através dos órgãos de soberania, então a posição do
prof é que o estado ter aceite as negociações e assinar o texto do tratado não decorre de uma
obrigação no futuro, ele pode até retificar e aprovar o texto do tratado passado 10 anos ou como
pode nunca o fazer, ou seja, nenhum estado está obrigado a retificar um texto de um tratado, se
for um tratado solene ou um acordo que careça da aprovação do parlamento, o tratado que careca
de uma aprovação de um parlamento para além da retificação de um chefe de estado, ou que
careça apenas inicialmente da aprovação do parlamento, não faz com que o Estado fique vinculado
ao tratado, porque é com essa retificação e aprovação são necessárias para vincular o texto do
tratado e isso pode nunca acontecer.

 «No Plano do Direito Internacional, é curioso verificar que do facto de um Estado ter aceite
encerrar as negociações, com adoção do texto, não decorre qualquer obrigação de se vincular no
futuro, inversamente derivando mesmo um direito de o fazer através de um ato posterior e que
pode nunca vir a praticar: o ato de vinculação internacional» (Jorge Bacelar Gouveia, 227). =
Tratados não simplificados

3. A VINCULAÇÃO AO TEXTO DO TRATADO

Pág. 13/14/15

EM QUE MOMENTO SE CONSIDERA PRODUZIDA A VONTADE DOS ESTADOS SE VINCULAREM


INTERNACIONALMENTE AO TRATADO?

 Com a troca dos textos entre os Estados contratantes: (ex: permuta das cartas de ratificação de
tratados bilaterais)

 Com o depósito dos instrumentos internacionalmente vinculativos junto do depositário (artigo


77º da CVDTE): tratado multilateral = depósito junto do Governo designado ou depósito de um
tratado multilateral celebrado no contexto da ONU ou de outra organização = Sede da Organização
+

 Com a notificação da emissão dos instrumentos, se assim for convencionado.

 Outra forma estabelecida na convenção.

QUANDO ENTRAM EM VIGOR INTERNACIONALMENTE OS TRATADOS?

 Os Tratados entram em vigor na data e nos termos que ficaram combinados nas respetivas
disposições finais.

Exemplo: Convenção quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas artigo 23 nº1 «A
Convenção entrará em vigor no 90.º dia após a data do depósito do 50.º instrumento de
ratificação, aceitação, aprovação ou acessão» (março 1994).

Exemplo: Se Portugal tiver 34º depósitos de uma convenção deste tipo, a convenção ainda não
está em vigor internacionalmente, porque são necessários 50 depósitos de retificação. Ou se foram
depositados 40º instrumentos e são necessários 50º, a convenção não está em vigor.

 Entram em vigor quando o último sujeito que adotou o texto tenha também emitido o ato de
vinculação do mesmo.
FORMAS DE VINCULAÇÃO

 A assinatura: no caso de na adoção do texto também ter sido estabelecida a possibilidade de


uma simultânea vinculação aquando da autenticação = acordos simplificados: quando o direito
interno respetivo permite que, no ato da assinatura da autenticação, o representante do Estado
também manifeste à vontade em vincular-se ao mesmo.

 Troca de instrumentos constitutivos: entrega recíproca de textos, assinados por ambas as partes
em representação dos respetivos sujeitos outorgantes.

 Ratificação: praticada pelos chefes de Estado (artigo 135 b) CRP Presidente da República ratifica
os tratados internacionais (tratados solenes), depois de devidamente aprovados pela Assembleia
da República (artigo 161 alínea i da CRP).

 Aprovação: efeitos iguais ao da ratificação. A utilização destes termos tem a ver com a
diversidade de sistemas jurídicos. Alguns países, utilizam o termo aprovação. Este termo é também
utilizado quando organizações são parte num tratado internacional, como por exemplo a União
Europeia.

 Adesão ou Aceitação: quando está em causa a vinculação de um sujeito que não adotou o texto,
não participou na fase de negociação. Manifestou de vontade posterior à adoção do texto do
tratado (fase b)) Por exemplo, cinco Estados discutem e adotam um Tratado. Posteriormente um
sexto Estado pretende fazer parte desse tratado (faz parte do tratado por meio da adesão). Nota:
os tratados não produzem efeitos retractivos (artigo 28 in fine CVDTE)

VINCULAÇÃO DE TERCEIROS ESTADOS

 Regra Geral: Os tratados só produzem efeitos entre as partes contratantes desde que tenha
entrado em vigor (ARTIGO 34 DA CVDTE ) - Princípio da soberania dos Estados e Princípio da
autonomia da vontade.

 Exceções: ARTIGOS 35 A 38 DA CVDTE = Um tratado não pode ser fonte de direito ou de


obrigações para terceiros (um terceiro, é aquele que não faz parte do tratado), mas pode acarretar
consequências para esses terceiros que não são parte nos tratados.

Ou seja, um tratado não impõe direitos ou obrigações a terceiros, mas os Estado partes do tratado
podem criar uma obrigação para um terceiro, que funciona como uma consequência para esse
terceiro que não é parte do tratado, é nesse sentido.

➝ Se as consequências são nocivas “o estado lesado tem o direito de protestar e de procurar


assegurar os seus direitos, bem como o de pedir reparações; se, entretanto, o tratado não viola
direitos de estado não contratante e é apenas prejudicial a seus interesses, ou lhe causa dano legal,
ou antes damnum sine injuria, o estado lesado poderá reclamar diplomaticamente contra o fato,
mas contra o mesmo não terá recurso jurídico” - (Accioly, 163)

➝ Se as consequências são favoráveis “o estado, beneficiário da estipulação de tratados, do qual


não é parte contratante, não adquire, ipso facto, o direito de exigir a sua execução, e as partes
contratantes conservam a prerrogativa de modificar esse tratado ou de lhe pôr termo pela forma
que tiverem acordado. Está claro que, se a manifestação de vontade de terceiro estado encontra-
se com a vontade expressa das partes contratantes, no sentido de estas assumirem as obrigações
correspondentes aos direitos ou privilégios concedidos ou reconhecidos ao primeiro, o caso será
diferente. Nessa hipótese, todavia, o direito de exigir a execução da estipulação que lhe é favorável
surge para o terceiro estado não da própria estipulação, mas desse acordo de vontades. É
admissível que, implícita ou explicitamente, as partes contratantes concordem em assumir, em
relação a terceiro estado, a obrigação de lhe reconhecer a faculdade de exprimir vontade
correspondente à sua e, por conseguinte, de adquirir direito às vantagens ou privilégios conferidos
pelo tratado.” (Accioly, 163)

 Tratados que conferem direitos ou impõem obrigações a terceiros

➝ Efeitos difusos do tratado: “situações jurídicas objetivas” (Accioly, 163) “Se um acordo de
permuta territorial entre os Estados A e B modifica o curso da linha limítrofe que os separa, esta
nova situação jurídica objetiva se impõe, indiscriminadamente, aos restantes Estados, ainda que
para o só efeito de se inteirarem do que vem a ser, desse momento em diante, a correta
cartografia da região. De modo também difuso, porém, menos abstrato — em razão dos interesses
que suscita —, opera sobre terceiros em geral o tratado com que W e Z, Estados condóminos de
águas interiores fluviais ou lacustres, entendem de abri-las à livre navegação civil de todas as
bandeiras.” (Rezek, 109)

➝ Efeito aparente: “determinado terceiro sofre consequências diretas de um tratado —


geralmente bilateral — por força do disposto em tratado anterior, que o vincule a uma das partes.
(…) “Os Estados A e B celebram em 1975 um tratado de comércio em que se concedem favores
mútuos, cada um deles prometendo gravar os produtos originários do outro com uma alíquota
privilegiada do imposto de importação. Fica estabelecido que, se no futuro um deles vier a tributar
com alíquota ainda mais baixa os produtos de outra nação qualquer, o copactuante de agora terá
direito imediato a igual benefício. Isto é, em linhas rudimentares, a cláusula de nação mais
favorecida. Em 1980, B e C concluem tratado de igual género, cujo teor permite saber que os
produtos de C terão, quando importados por B, tratamento tarifário mais brando que o garantido,
cinco anos antes, aos produtos de A. Diz-se então que este último, com direitos de nação mais
favorecida, recolhe diretamente os efeitos benéficos do tratado B-C, em que ele próprio não é
parte.

Recolhe-os, porém, pela virtude daquele tratado anterior, em que se inscrevera a cláusula. Resulta
claro, assim, que o pacto ulterior não produz efeito sobre terceiro como norma jurídica, mas como
simples facto. Significando a concessão de favor maior a outra potência, este tratado opera como o
fato -condição antes previsto no acordo que abrigou a cláusula de nação mais favorecida; sendo
esta última, pois, a norma jurídica que efetivamente garante benefício ao suposto terceiro Estado
— na realidade um terceiro em relação ao tratado -facto, mas uma parte no tratado-norma.”
(Rezek, 110)

 O Consentimento do terceiro Estado: Regra Geral: artigos 35 e 36 da CVDTE

O REGISTO E A PUBLICIDADE DOS TRATADOS

Dever de Registo e Publicidade: Artigo 80 nº 1 CVDTE e artigo 102º da Carta das Nações Unidas
Registos regionais e especializados = OEA, OIT, OACI e AIEA.

AS RESERVAS AO TRATADO
- O que é o princípio da unidade material do clausulado do tratado? O Estado parte de um tratado
vincula-se a todo o texto do tratado e não apenas a uma parte desse texto, no entanto é possível
contornar este princípio adotando um ato unilateral de reserve ao tratado.

É possível contornar este princípio?

Reserva ao Tratado

Significado: artigo 2º nº 1 alínea d) da CVDTE Estado não pretende ficar abrangido pela totalidade
do articulado do tratado, embora tal restrição não impeça a vinculação desse Estado a outras
disposições do tratado (ou seja ele vai continuar a ser parte do tratado, mas por algum motivo não
concorda com uma disposição e faz uma reserva, ele não vai ficar vinculado nessa disposição, isto
acontece nos tratados multilaterais e nunca nos bilaterais) , sem que tal comprometa a integridade
do Tratado. Contexto: Tratados multilaterais.

Porque é que se admite a reserva?

Para que a Convenção valha para o maior número possível de Estados.

Quando é que a reserva é admitida? (artigo 19 CVDTE)

Permitidas pelo Tratado. Alguns Tratados não permitem reservas: Carta das Nações Unidas, o
Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça e o Estatuto do Tribunal Penal, a CVDTE ou reservas
contrárias ao Jus Cogens. Aceitação e objeção à Reserva ARTIGOS 20 E 22 DA CVDTE .

ARTIGO 20 CVDTE – ou seja, se a reserva foi autorizada por um tratado, se está escrito por um
estado que admite determinadas reservas, não é necessário que exija uma aceitação depois,
posterior de outros estados contratantes, a não ser que o tratado, preveja que é necessária essa
aceitação de estados contratantes que até possam vir aderir ao tratado.

ARTIGO 20º Nº2 CVDTE: Por exemplo, 4 ou 5 estados participaram em uma negociação, ou então,
se em função do objeto do tratado, uma disposição do tratado é essencial, e por isso é necessário,
as partes entendem que é necessária aceitação de todos perante essa reserva.

ARTIGO 20º Nº3 CVDTE: A reserva necessita de uma aceitação de um órgão competente

ARTIGO 20 Nº4 CVDTE : Significa que vamos ter os seguintes casos: um estado aceita uma reserva,
um estado formula uma regra, 2 estados aceitam a reserva e essa disposição sobre a qual incide a
reserva não se aplica ao Estado que formulou a reserva, e os Estados que aceitaram essa reserva,
isto se o tratado estiver em vigor, as restantes disposições do tratado, sobre os quais não incidiram
a reserva, vamos ter casos em que um Estado não concorda com a reserva de outro estado, e
podemos ter um caso em que um estado que formulou a reserva vai ficar vinculado no tratado, é
parte do tratado mas só a disposição e o tratado sobre o qual incidiu a reserva não regula as
disposições do estado que formulou a reserva e os estados contra essa reserva e vamos ter outro
caso em que as relações entre o estado que formulou a reserva, e o estado que se opôs a reserva e
opôs a que o estado que formulou a reserva seja parte no tratado, então vamos ter um caso em
que aquele tratado nenhuma da disposição do tratado regula as relações entre o estado que
propôs a reserva e ao estado que se opôs a reserva. (Pág. 65. Casos Práticos / Sebenta)

Quais os efeitos jurídicos da Reserva e das objeções à Reserva?


Artigo 21 da CVDTE

CASO PRÁTICO: RESERVAS

Cabo Verde, Angola, Portugal e Guiné-Bissau aprovaram um acordo de pescas. Uma das cláusulas
do acordo (artigo 3) prevê a possibilidade de uma parte-contratante não necessitar do
consentimento para pescar na zona económica exclusiva de outra parte-contratante. Sabendo
que: Angola formulou uma reserva (não quer ficar vinculada pelo artigo 3º do tratado) Cabo
Verde não formulou uma reserva, mas aceitou a reserva de Angola, Guiné-Bissau não formulou
uma reserva, mas aceitou a reserva de Angola, Portugal não formulou uma reserva, mas:

a) Formulou uma oposição à reserva, mas não se opôs à entrada em vigor do tratado/acordo de
pescas.

b) Formulou uma oposição à reserva, mas opôs-se à entrada em vigor do acordo/tratado em


relação a Angola. Quais os efeitos da reserva nas relações entre as partes contratantes
decorrentes do acordo?

Resposta: Vamos por partes, a primeira coisa é explicar no que consiste uma reserva e o que é uma
reserva de acordo com o artigo 2º , alínea b) uma reserva é uma declaração unilateral, qualquer
que seja o seu conteúdo ou a sua denominação, pode ser por exemplo uma declaração, pode não
se chamar reserva, pode ser uma declaração, feita por 1 estado, quando assina, ratifica, aceita um
tratado, onde ele adere, pode ser feita no momento em que ele assina o texto.

O objetivo da reserva é fazer com que uma determinada disposição de um tratado não se aplique a
esse Estado, ou por outras palavras, essa disposição sobre a qual incide a reserva não regula as
relações, entre o Estado-parte que efetuou a reserva e os restantes Estados-Parte no tratado. E
agora, temos que verificar o artigo 19º, este acordo de pescas não contem nenhuma proibição de
reservas ,depois a alínea b) o tratado pode não permitir certas reservas ao tratado, expressamente,
aquelas disposições que os estados entendem como essenciais ao cumprimento do tratado e
muitas vezes esta alínea b) está relacionada com a alínea c) apesar de estar aqui autónoma, então
convém explicar o artigo 19º verificar se não são proibidas pelo tratado, ou se elas são contrárias
ao objeto.

Neste acordo de pescas, temos uma reserva que temos uma possibilidade de a contraparte não
necessitar do consentimento para pescar na ZEE de outra parte-constante, mas se os estados virem
que a ausência de consentimento é essencial, não vão concordar.

Cabo-verde e guiné Bissau se concordam com a reserva, não é incompatível com o objeto do
contrato.

No artigo 20, o tratado pode prever tudo porque os estados podem afastar qualquer disposição,
uma reserva autorizada expressamente por 1 tratado, neste caso não está escrito que o tratado
exponha o seguinte “é permitido esta reserva mas… é assim, assim e assim” , no artigo 20º n2º:
“Quando resulte do número restrito dos Estados que tenham participado na negociação, assim
como do objeto e do fim de um tratado, que a sua aplicação na íntegra entre todas as Partes é
uma condição essencial para o consentimento de cada uma em vincular-se pelo tratado, uma
reserva exige a aceitação de todas as Partes”. Então, as reservas só podem existir em tratados
multilaterais e não em tratados bilaterais, por exemplo, um tratado em combate á poluição
marítima, é preciso a cooperação de todos os estados senão o tratado não é eficaz, não tem razão
de ser, ou seja, é uma condição que a sua aplicação na integra ou seja sem reservas, é uma
condição essencial das partes se vincularem, para se aceitar uma reserva os Estados têm que estar
todos de acordo

No artigo 20 nº4: “Nos casos não previstos nos números anteriores e salvo disposição do tratado
em contrário: a) A aceitação de uma reserva por outro Estado Contratante constitui o Estado
autor da reserva em Parte no tratado relativamente àquele Estado, se o tratado estiver em vigor
ou quando entrar em vigor para esses Estados”; Então este artigo, nós podemos aplicar ao nosso
caso concreto, quando o tratado estiver em vigor, o tratado, o acordo de pescas, vai regulas as
relações entre Angola, Cabo-Verde e guiné Bissau com exceção do artigo 3º do acordo de pescas,
sobre o qual incide uma reserva , ou seja por outras palavras guiné Bissau e cabo verde se quiserem
pescar em angola, na ZEE vão ter que pedir consentimento

O artigo 20 nº1 alínea b) “A objeção feita a uma reserva por outro Estado Contratante não
impede a entrada em vigor do tratado entre o Estado que formulou a objeção e o Estado autor
da reserva, a menos que intenção contrária tenha sido expressamente manifestada pelo Estado
que formulou a objeção” , então esta alínea é muito importante, abrange a hipótese a) e a
hipótese b) do caso prático, ou seja, a objeção feita por Portugal a reserva, feita por angola, não
impede a entrada em vigor do tratado, entre o estado que formulou a objeção entre Portugal e
angola, ou seja esta hipótese manifesta-se na hipótese a) do caso pratico, Portugal não se opõe
que 00:23.. o artigo 3º não se vai aplicar entre as relações entre angola e Portugal, mas as restantes
disposições do tratado vão-se aplicar ás relações de pesca entre Angola e Portugal.

Na Hipótese b), um estado pode-se opor uma reserva e não concordar, … ou seja para existir algo
diferente entre Guiné-Bissau e cabo verde tem que se opor a entrada em vigor do acordo, entre
Portugal e a guine Bissau, na hipótese b nenhuma disposição do tratado vai regular as relações de
Portugal e angola. Formular uma oposição á reserva significa não concordar, não significa que se
oponha da entrada em vigor do tratado.

O artigo 20 nº1 alínea c) “Um ato pelo qual um Estado manifeste o seu consentimento em ficar
vinculado pelo tratado e que contenha uma reserva produz efeito desde que, pelo menos, um
outro Estado Contratante tenha aceite a reserva.” Ou seja, por exemplo, a assinatura do texto do
tratado, mesmo que depois necessite de um procedimento interno de ratificação ou etc, basta 1
estado aceitar uma reserva para a admitir quando o tratado não a proíbe.

O artigo 20 nº5 – “Para os efeitos dos n.os 2 e 4, e salvo disposição do tratado em contrário, uma
reserva é considerada como aceite por um Estado quando este não formulou qualquer objeção à
reserva nos 12 meses seguintes à data em que recebeu a notificação ou na data em que
manifestou o seu consentimento em ficar vinculado pelo tratado, se esta for posterior.”- isto é um
exemplo, de consentimento tácito, aceitação tácita, de uma reserva, se um estado a menos que o
tratado disponha um prazo diferente, tudo é possível, os estados podem afastar todas as
disposições salvo os princípios gerais de direito.

No Artigo 21.º Efeitos jurídicos das reservas e das objeções às reservas

Artigo 21 nº1 - Uma reserva formulada em relação a outra Parte, de acordo com o disposto nos
artigos 19.º, 20.º e 23.º:

a) Modifica, quanto ao Estado autor da reserva, nas suas relações com essa outra Parte, as
disposições do tratado sobre as quais incide a reserva, na medida do previsto por essa reserva”;
modifica quanto á angola (Autor da reserva) nas suas relações com essa ou outra parte, que parte?
Cabo verde-guiné, e Portugal, e

b) Modifica essas disposições na mesma medida, quanto a essa outra Parte (ou seja, guiné Bissau
e angola), nas suas relações com o Estado autor da reserva.” Significa que o acordo de pescas, isto
na hipótese a), vai ser aplicado ás relações de pescas, as relações entre angola, cabo verde, Guiné-
Bissau e Portugal, exceto o artigo 3º isto na hipótese a)

Artigo 21 nº2 - A reserva não modifica as disposições do tratado quanto às outras Partes, nas suas
relações. Ou seja, isto significa, que todas as disposições do tratado vão ser aplicadas entre angola,
cabo verde, Guiné-Bissau e angola, todas as disposições do tratado, ou seja isto vamos aplicar á
alínea a) o artigo 21 n1 e n2 significa que Portugal não necessita de pedir consentimento á guiné
para pescar na ZEE na guiné, nem a guiné precisa de consentimento para pescar na ZEE de
Portugal, nem os de cabo verde para pescar na Guiné-Bissau e vice-versa. Porque todas as
disposições do tratado se aplicam entre esses 3 países, já em relação a angola, todas as disposições
do tratado, menos o artigo 3º, isto tudo, explicando a alínea a).

Artigo 21º nº3 – “Quando um Estado que formulou uma objeção a uma reserva não se oponha à
entrada em vigor do tratado entre ele próprio e o Estado autor da reserva, as disposições sobre
que incide a reserva não se aplicam entre os dois Estados, na medida do previsto pela reserva.”
Quando um Estado, neste caso , Portugal que formulou uma objeção á reserva, não se oponha à
entrada em vigor do tratado entre Portugal e Angola, as disposições sobre o que incide a reserva
não se aplicam entre os 2 estados na medida do previsto na reserva, ou seja o artigo 3º não regula
as relações entre Portugal e Angola, mas as restantes disposições aplicam-se / regulam as relações
de pesca entre angola e Portugal, isto é a hipótese a)

Quanto á hipótese b) tínhamos que colocar o artigo ..Portugal opôs-se ao tratado entre ele e
angola, então aqui , nós aplicaríamos o artigo 21º nº1 alínea a) e b) e obviamente que iriamos
excluir Portugal deste artigo, porque o tratado não se aplica entre Portugal e angola, as relações
dos mesmos, mas poderíamos invocar nesta hipótese b) o facto da reserva não modificar as
disposições do tratado entre as outras partes, ou seja entre Portugal , cabo verde e guiné ficam
vinculados ao artigo 3º.

PROCEDIMENTO INTERNO DE VINCULAÇÃO AO TEXTO DO TRATADO

1. TIPOS DE TRATADOS E MATÉRIAS EM CONFORMIDADE COM A CRP

Página 18,19,20

Terminologia

 Convenção = tratado solene ou um acordo em forma simplificada

 Tratado = tratado solene

 Acordo = forma simplificada Matéria dos Tratados

 Tratados Solenes: 161 alínea i) da CRP exemplos de tratados solenes: cidadania, integração
europeia, tribunal penal internacional, tratados ambientais, direitos fundamentais, extradição,
função do Banco de Portugal, estado de direito democrático, decisões políticas relevantes como
por exemplo, a transferência de Macau para a China.
 Acordos simplificados sobre matéria reservada da AR: 164 e 165 da CRP , o estado de
emergência a nível nacional não é uma matéria que seja tratado internacional, nem as eleições dos
órgãos de soberania, nem todas as alíneas do 164 podem ser objeto de matéria a nível
internacional. O artigo 165º bases do sistema se segurança social, não são matéria de direito
internacional.

2. NEGOCIAÇÃO, APROVAÇÃO, ASSINATURA E RATIFICAÇÃO

Regra geral: Governo, Ministro responsável pela condução da política externa Ministro dos
Negócios Estrangeiros + Artigo 7 da CVDTE

Ajuste: assinatura do Primeiro-ministro autenticando o texto do tratado e depende de aprovação


do Conselho de Ministros (o tratado tem de ser aprovado pelo Conselho de Ministros = 200 d) da
CRP) PM informa o PR sobre os assuntos de política externa, incluindo o andamento das
negociações internacionais. AR pode fazer recomendações ao Governo sobre o conteúdo das
negociações. O governo deve informar a AR.

Tratados Solenes = carecem de ratificação do PR através de carta de ratificação que em Portugal se


chama decreto presidencial (135 alínea b) da CRP)

Acordos em forma simplificada = carecem de aprovação por parte do Governo e/ou por parte da
Assembleia da República 19

Acordos que versam sobre matéria reservada da Assembleia da República = necessário a


aprovação da AR Os acordos em forma simplificada são sempre assinados pelo PR (só vinculam o
governo depois de assinados pelo PR e depois da publicação em Diário da República)

A aprovação do texto por parte da Assembleia da República toma a forma de Resolução 166 nº 5
mas o nº6 também é importante.

A aprovação do texto por parte do Governo toma a forma de Decreto: aprovado pelo Conselho
de Ministros

O PR assina as resoluções e/ou os decretos do governo A nível internacional Portugal não poderá
invocar a falta de aprovação ou ratificação se não tiver ressalvado expressamente no ato de
assinatura que só ficará vinculado pelo acordo depois da aprovação artigo 12 nº 1 a) + importante
para efeitos de responsabilidade no contexto do artigo 46º da CVDTE.

O Presidente da República não é obrigado a ratificar ou assinar. Só é obrigado a ratificar quando o


texto tenha sido submetido a referendo nacional e foi aceite pelos cidadãos

Referenda Ministerial e Publicação

3. A INTERVENÇÃO DAS REGIÕES AUTÓNOMAS

Artigo 224 da CRP Participação de representante do Governo Regional nas negociações


internacionais (interesse específico da região) e Apreciação do texto do tratado pela Assembleia
legislativa regional nos termos do regimento da Assembleia da República (artigo 142 do Regimento
da Assembleia da República + Estatutos das Regiões Autónomas)

4. FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA DA CONSTITUCIONALIDADE DO TEXTO DO TRATADO


Artigo 278 nº 1 da CRP Lacuna do artigo 278 nº 1 não são só os decretos, mas também a resoluções
da AR 279 nº 2 e 4 Tribunal Constitucional = Constitucionalidade = PR ratifica Tribunal
Constitucional = Inconstitucionalidade = PR veta por inconstitucionalidade = Assembleia da
República:

 Nada Faz = não aprovação do tratado

 Formula uma reserva = 279 nº 2 Nota: O Governo pode fazer reservas no momento da
negociação

 Ultrapassa o veto por inconstitucionalidade = 279 nº 4 = PR pode ou não ratificar

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