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“Relação entre a validade e a controvérsia a precisar de uma mediação que seria o Sistema.
Esta referência ao Sistema Jurídico é uma das partes mais importantes da tercialidade ao nível
do Sistema Jurídico”
Fundamentos = Princípios
Critérios = Critérios Jurisprudenciais, Doutrinais ou Legais
Fundamentos – têm de estar presentes nas repostas às controvérsias, é uma resposta que
realiza as intenções dos princípios tornando-os reais e sem os violar
Critérios – esquemas de soluções que podemos, enquanto julgadores, mobilizar
Este apoio pode ser comparado à projeção da luz de um farol, o julgador/juiz sabe que
para atravessar o território tem de seguir a luz do farol, sabendo que não atravessará
com êxito se atravessar de forma contrária à luz do farol. Uma vez que os fundamentos
são algo que deve ser cumprido, mas que em rigor não apresentam nenhuma
antecipação do problema que está a ser antecipado, ou seja, não se sabe o que vai
encontrar pelo caminho, mas sim que para percorrer pelo êxito e chegar ao fim não pode
caminhar em direção contrária – sabe as intenções que tem de cumprir, não as podendo
violar, mas não sabe o que vai passar pelo percurso.
Além dessa indicação que é dada pela luz do farol (fundamentos), o caminhante também
tem um itinerário escrito ou um mapa (critérios), que lhe dá indicações, significando que
tem uma antecipação de problemas ou dificuldades que podem surgir no percurso que
vai desenvolver.
O juiz vai mobilizar como um precedente possível para reconstituir relevância no sentido
jurídico da controvérsia que tem entre mãos, usando num caso que tem algumas
semelhanças/analogias. Os critérios jurisprudenciais vão ser usados como exemplos e
precedentes. Não há qualquer previsão para o futuro (esses são os critérios das leis)
Os critérios doutrinais também são critérios, mesmo que o modo seja diferente da Leis e dos
Jurisprudenciais. Não é em previsão de um tipo para o futuro como nas leis, nem é a decisão
de um caso concreto passado, mas sim uma reflexão refletiva de várias possibilidades que
podem acontecer quando analisamos certas normas ou princípios. Esta reflexão oferece
muitas coisas ao julgador, se está a usar uma norma legal com formações bem abertas, terei
todo o proveito em saber como a doutrina na minha ordem vigente tem tratado e
respondendo a estas formulações.
Quando falamos de vinculação, temos tendência a pensar num único modo de vinculação,
aquele que resulta “esse critério é vinculante porque foi produzido por uma autoridade que
tem poder”, inscrito num certo quadro institucional, para nos impor determinadas exigências e
estamos numa posição de ter o dever de obedecer essas sentenças. Cada estrato do Sistema
Jurídico vai beneficiar de um modo de vinculação diferente dos outros.
Quando nós pensamos num jurista que está perante um caso, podemos dizer que o primeiro
passo que ele irá ar será o de procurar um critério porque na verdade o critério lhe vai fornecer
um esquema de solução, no sentido em que, se eu vou penetrar num território desconhecido
vou procurar que tenha à minha disposição um mapa, para ter mais confiança para arranjar
um caminho certo. Aqui podemos dizer que também em termos naturais se reflete nos termos
institucionais, se for um jurista romano-germânico é normal que esse 1º passo seja concluído
num estrato de normas legais.
O primeiro passo é verificar se existem critérios da jurisprudência que já tenham resolvido esse
caso. Assim percebemos que em ambos os casos eu não vou poder dispensar outros critérios
do Sistema e, muito menos, os fundamentos. Ou seja, eu selecionei o esquema legal, mas vou
precisar dos critérios para experimentar o mesmo, pois, em situações extremas pode
acontecer que eu chegue à conclusão de que a mobilização de uma norma legal para resolver
o caso, levar a uma violação dos princípios.
No século XIX o Sistema Jurídico é formal, ou seja, não atende a particularidade e, por isso, não
chega a conseguir a realização concretizada. Nos elementos inovadores do Sistema Jurídico é a
consideração dos fundamentos que passam a ser entendidos de forma autonomizada no
Sistema Jurídico. O fundamento é um dado axiológico/valorativo.
PRINCÍPIOS
São os princípios que dão sentido ao Direito, contrariamente aquilo que sucede com as normas
porque, no fundo, as normas devem necessariamente já transparecer o significado dos
princípios, mas, as normas, contrariamente aos princípios, são soluções práticas para a
resolução da controvérsia jurídica, portanto, há uma distância muito grande entre o critério e
o princípio, daí que nós digamos que os princípio normativos são os faróis.
Qual a diferença entre os princípios gerais de direito e as normas à luz desta conceção?
Princípios gerais de direito são normas mais abstratas e gerais do que as normas
enquanto critério. No fundo, estes princípios como ratio não acrescentam praticamente
nada às normas enquanto critérios.
Princípios como intentio – as suas intenções e as suas exigências já possuem o sentido prático
normativo com que nós o entendemos.
Para os princípios passarem a constituir verdadeiro ius teriam que adquirir juridicidades,
tinham de ser assimilados pelas normas constitucionais, legais, etc.
Os princípios normativos aqui na forma como nós os entendemos são expressões
fundamentadas da validade jurídica constitutiva, dando significado, valor, etc., às normas
jurídicas, surgem como uma imagem de garantia/validade do Sistema Jurídico, são também os
que nos fazem entender o que é efetivamente de Direito, ou seja, significa que no fundo nós
decorremos aos princípios, estamos à procura do que inspirou a criação daquela norma
jurídica.
Analogia – resolução de um caso que não tem resolução legal, aplicando uma norma
semelhante a alguma norma que exista no ordenamento jurídico.
Sistema Jurídico
Princípios
Direito Real – é um direito absoluto pis impõe uma obrigação passiva universal, o que significa
que perante o titular do direito real todos os outros estão obrigados a respeitar o exercício do
poder jurídico sobre uma coisa. As limitações do direito dizem que o direito real é absoluto,
mas apenas até um certo ponto. Não se pode mexer no conteúdo dos direitos reais.
Do ponto de vista da Bilateralidade Atributiva, o tempo é um fator de relações jurídicas,
sendo a pretensão do Direito regular as nossas relações com o meio e com os outros.
Caducidade ou Prescrição – influência que o tempo tem no exercício dos seus direitos
subjetivos – artigo 298, nº2 do Código Civil.
Atos entrevigas – transmissão de bens (compra e venda; permutas; doações; etc.)
Aquisição originária – ficção do Direito que permite que em determinadas condições o Direito
nasça na minha esfera jurídica sem a existência de transmissão, como por exemplo, a posse
associada ao tempo, permite a aquisição do Direito Real a que a posse vai exigida. Se o
possuidor age como usufrutuário ele pode adquirir o bem como sendo dele por usucapião.
No século XIX diziam que não, pois, diziam que a Lei não tinha falhas, era absoluta e, por
isso, não poderia haver lacunas no Direito, o juiz só tinha de declarar e aplicar a Lei. Esta
conceção está errada, pois, existem situações em que o Direito não tem uma norma
escrita/expressa para resolver a situação e a isso são então chamadas lacunas. Assim, o
juiz tem de ser “mais criativo” dentro do sistema, pois, não pode apenas declarar a Lei,
tem de recorrer a valores, que são a consistência do Sistema Jurídico.
É que o sistema é tão complexo que os vetores/linhas são tantas que pode haver
concorrência de regras em que se não se tomar uma posição equilibradora, ou seja,
quando há concorrência de regras, a posição a tomar é a dos princípios positivos. Os
princípios positivos servem como limitadores.
Quando estamos no polo comune, temos a acentuação que esta autonomia-liberdade e esta
autonomia de participação tem de sofrer limites em nome da participação comunitária.
Associado ao comune encontramos o Princípio da Responsabilidade. O comune está associado
aos deveres, o summ aos direitos. Este Princípio da Responsabilidade está presente em todos
os tipos de Direito, é um Direito transversal, significa acentuar os deveres do polo comune.
Relativo ao Princípio da Responsabilidade existem dois princípios subjacentes a este, princípios
estes que têm um significado complementar, pois, estes dois princípios conjugados ensinam-
nos a perceber que a responsabilidade jurídica é sempre uma responsabilidade limitada, finita,
com condições. O Princípio do Mínimo traduz isso num plano substantivo e o Princípio da
Formalização traduz isso num plano formal. Estes princípios são chamados de limites dos
limites, pois, o Princípio da Responsabilidade já impõe por si só limites, então, estes limites
impõe limites a esses mesmos limites.
Prescrição extinta ou negativa – artigo 295 e 296 do Código Civil. Artigo 298, nº1, CC – não se
pode reclamar que uma divida seja paga depois de um determinado período de tempo, tem
um prazo curto de 6 meses – créditos de estabelecimento, comidas ou bebidas (artigo 316 do
CC).
Injunção – direito de ir ao Tribunal, juntamente com uma fatura, para apresentar queixa sob o
seu devedor.
Há Direitos que nunca prescrevem – artigo 298 do Código Civil como os Direitos de
Personalidade.
Direitos Disponíveis – são direitos que têm a haver com o nosso património – prescrevem
Direitos Indisponíveis – têm a haver com a nossa pessoa, sobre o que somos – não
prescrevem
Não uso do Direito – artigo 298, nº3, do Código Civil
Sentença Transita em Julgado – Código Processual Civil artigo 627 e seguintes, esta sentença
não produz de forma imediata efeitos jurídicos, a sentença é suscetível/passível a ser
impugnada através de recurso, num prazo de 30 dias, passado o prazo, a sentença torna-se
irrecorrível.
Direito Subjetivo – numa primeira abordagem é o direito de exigir, pois a caraterística da regra
jurídica é a exigibilidade, logo, nas relações jurídicas o direito é de exigir de outrem
determinado comportamento, ou determinada prestação, diretamente ao sujeito ou com a
intervenção de um sujeito imparcial. Há um pequeno grupo de direitos subjetivos que
traduzem o poder de impor, ou seja, impor o direito no sentido de impor a sua produção de
efeitos, ou seja, impor que o direito seja exercido e produza efeitos, conhecido como Direito
Potestativo (Direito que se impõe pela sua autoridade).
Este Direito Potestativo não traduz a maioria dos Direitos Subjetivos, pois temos o direito de
exigir os nossos direitos, bem ou mal, pouco ou muito, ou seja, o destinatário do exercício do
meu direito pode ainda tomar a sua decisão de aceitar e cumprir tal como de não aceitar, ou
seja, tem liberdade de acatar ou não, o que traz consigo consequências práticas, se acatar
“tudo bem”, se não o 3º sujeito imparcial intervém de maneira a o obrigar a acatar. Para o
exercício do direito subjetivo normal eu preciso da intermediação do outro, pois sem esta não
é possível concretizar o meu direito, ou seja, ou ele intervém voluntariamente e corre tudo
bem, ou ele não intervém e eu recorro à justiça e ele intervém forçadamente. Nos Direitos
Subjetivos Potestativos, embora pressuponha a relação de Bilateralidade Atributiva, se for
titular deste direito, para a produção do meu direito não preciso da intermediação do outro.
Por exemplo, se um individuo plantar árvores ou arbustos no limite do seu terreno é legal, pois
ele é proprietário volumétrico (proprietário do solo, subsolo e espaço aéreo). Se os ramos da
árvore e as raízes crescerem para o terreno do vizinho, o Direito de Propriedade do vizinho
está a ser atingido no subsolo e no espaço aéreo. Segundo o artigo 1366 do CC, se o
proprietário não cortar os ramos no prazo de 3 dias, depois de o vizinho o ter interpelado a
esse respeito, o próprio vizinho os pode cortar (exemplo de Direito Potestativo), mas tem de
devolver os ramos ao proprietário.
Coisa é tudo aquilo que pode ser objeto de Relações Jurídicas, ou seja, terreno, outro conceito
de terreno é prédio, ou seja, prédio à luz do Direito é prédio rústico, ou seja, o terreno.
Consonância de função dos princípios – servem para dizer que os princípios são princípios
jurídicos.
Algumas Leis correspondem a medidas concretas, ou seja, nem todas as normas são gerais e
abstratas. Nem todas as prescrições legislativas são normas gerais e abstratas. A maior parte
das Leis exprimem-se em programas condicionais.
Normas Legais
Quando consideramos uma lei torna-se relevante distinguir nessa lei duas faces, que são
complementares e muito relevantes para a lei:
Estas duas faces da Lei projetam-se no que se chama de Índole Normativa da Lei e, a partir das
duas faces, é possível reconstituir um contraponto entre duas dimensões que identificamos no
tratamento da norma, distinguindo a perspetiva da ratio legis e a perspetiva da ratio iuris (que
relaciona a norma com os princípios), ao experimentar uma norma legal na perspetiva da ratio
legis queremos saber qual a finalidade/propósito que aquela prescrição pretende atingir à luz
de um programa estratégico onde ela se insere, estamos então a ver a Lei na Face do
Imperativo. Podemos querer saber se os meios utilizados pelo legislador são ou não eficazes
para atingir a finalidade da Lei; como podemos querer saber se a previsão que a Lei faz numa
antecipação de possíveis problemas de decisão se é uma previsão que tem em atenção as
especificidades dessa realidade social, ou seja, além da Lei ser eficaz se é eficiente, embora em
abstrato poder ser eficaz, no terreno, ela pode não ser eficiente. Na ratio legis queremos saber
qual o objetivo do legislador. Não podemos reduzir a norma legal à face do imperativo, não
podemos experimentar a norma legal apenas na perspetiva da ratio legis, apesar desta ser
importante para identificar os seus objetivos.
Na ratio iuris tem diretamente a ver com a relação da norma com os princípios normativos,
quando experimentamos a norma nesta perspetiva não perguntamos qual a finalidade, mas
sim se as escolhas que foram feitas quanto aos objetivos a atingir/recursos a utilizar, se essas
opções são opções compatíveis com as exigências do princípios, quando nos dirigimos à norma
legal na perspetiva da ratio iuris, vemos a norma a partir do patamar dos princípios, se as
escolhas que foram feitas foram escolhas compatíveis com as exigências dos princípios.
É mais grave violar princípios transpositivos do que os princípios positivos, apesar de ser
também grave violar estes princípios.
Quando temos uma Lei que em abstrato a nível do seu programa, que manifesta
inequivocamente a violação de um princípio, estamos perante um problema extremo -
problema da Lei injusta - estamos perante uma prescrição imperativa de poder que viola um
princípio que sustenta a ordem de direito, como ordem de direito, é uma manifestação, mas
não é um critério jurídico pois viola o respetivo princípio, esta prescrição de poder pode ser
justificada do ponto de vista de um determinado ius, mas não pode ser considerado critério
jurídico pois viola um princípio, seja ele qual for ou qual o seu tipo.
A consideração da ratio iuris é muito importante para além destas situações extremas, pois
podemos estar perante uma lei que no seu nível abstrato é totalmente fundamentada, no caso
concreto, ao selecionar o critério daquela lei, por acreditar que era o mais adequado para o
caso, ao nos dar-mos conta que ao seguir em concreto as prescrições dessa Lei abstrata,
acabamos por chegar a uma parte que frusta o objetivo que deveria cumprir, pode acontecer
que o caso me remeta para aquela norma, mas ao resolver o caso conforme a referida norma,
eu chegue a uma solução em concreto que põe em causa as intenções do ius. Em concreto,
estamos num problema jurídico entre a realidade político-social e a realidade do princípio no
sistema da ordem jurídica.
Implícita – A norma não remete expressamente para outra norma, mas, no fundo,
estabelece que determinada situação jurídica vai ser regulada de igual forma a uma outra
situação já disciplinada na Lei, não há remissão para um artigo expresso, mas sim remissão
para um determinado estatuto; todas as normas que se referem a esse estatuto são
invocadas para a resolução desse problema;
o Exemplo: artigo 804/805 do CC – diz que a simples mora constitui o devedor de
responsabilização pelos danos causados
Explícita – Que remetem diretamente para outra norma
o Exemplo: artigo 500 do CC – quando um comissário é multado por algo que fez a
mando do comitente, o comitente é que responde pela multa
Remissões Modificativas – a norma jurídica que remete para outra, para a norma do outro
estatuto, pode ser modificativa ampliando o regime para o qual se remete, podem ser
ampliativas – remete para outra e amplia-a ou restritivas – é o contrário
o Exemplo de remissões explícitas modificativas restritivas:
Art. 1484 do CC – direito de uso e habitação
Art. 1485 do CC – direitos de uso e habitação constituem-se e instiguem-se
pelos mesmos modos do usufruto (que é quase como o direito de
propriedade, mas que não nos dá o direito de vender a propriedade), mas
sem prejuízo dos disposto da alínea b) do art. 1293 do CC
o Exemplo de remissões explícitas modificativas ampliativas:
Art. 1406 e art. 1407 – sociedade na falta de pacto de sociedade; é
aplicável aos comproprietários, com as necessárias adaptações o disposto
no art. 1985 do CC (e artigo 1980)
Remissões Não Modificativas – estatuto previsto na lei de remeter o seu estatuto para um
outro estatuto previsto na lei sem alterar nada; remetem para um regime sem que
introduzam qualquer nuance nesse regime.
o Exemplo:
Art. 1142 do CC – o mútuo (empréstimo de dinheiro);
Art. 1129 do CC – o comodato (empréstimo, mas não necessariamente
dinheiro, mas sim em algo não fungível) – contrato gratuito pela qual uma
das partes entregue a outra algo móvel ou imóvel que tem de ser
restituído;
Art. 1151 do CC – é aplicável à responsabilidade do mutuante no mútuo
gratuito
Remissões Implícitas
Art. 805, nº2 do CC – ficção legal
Art. 349 e seguintes do CC – presunções legais – é qualquer coisa que ajuda um sujeito jurídico
a afastar as dificuldades de prova sobre determinado caso (quando não sabemos se vai saber,
mas sabemos que o céu está azul e, por isso, é provável que não chova), dá como provado um
facto que ele desconhece, baseado num outro facto que efetivamente ele conhece. A
presunção implica sempre dois factos, um que não se prova e outra que serve como
justificação/prova do primeiro. Relativamente à presunção de paternidade – art. 1826 do CC.
Presunções
Representam uma norma não autónoma porque remete para outra norma/conjunto de
normas para completar o seu regime – artigo 349 do Código Civil.
Permitem passar de um tipo de acontecimento que se considera provado do ponto de
vista jurídico para outra situação que não está comprovada, mas que se passa a assumir
como tal.
Não são todas da mesma índole, pois há presunções que admitem ser refutadas são,
nesse sentido, presunções ilidíveis, presunções Iuris Tantum. Estabelecem uma relação
entre algo que é conhecido e algo desconhecido, mas vai se admitir prova em contrário,
é possível demonstrar que essa relação possa não existir; existem também presunções
que não podem ser refutadas, o Direito não admite prova em contrário, estabelecendo
assim uma posição que passa a ser vinculativa, conhecidas como presunções Iuris et
Iuris.
Posse titulada – não adquiri o Direito de Propriedade, mas tenho um título que me dá o
Direito de posse dessa propriedade. É relevante pois a posse titulada permiti-me
adquirir o Direito de Propriedade num período de tempo mais curto do que a posse
não titulada.
o Ex.: Se celebrei com alguém um contrato não válido, mas na verdade eu tenho
esse título e vou atuar como se fosse efetivamente o proprietário durante um
lapso de tempo (ainda que o contrato não seja válido).
Posse de boa fé ou de má fé – quando o possuidor ao adquirir a posse ignora que está
a lesar a propriedade de outra pessoa (má fé), ou quando cuido da propriedade de
alguém (boa fé). Isto é também relevante para determinar o período de tempo que me
vai permitir adquirir o meu Direito de Propriedade por usucapião.
Artigo 1260, nº2 e nº3, do Código Civil – no nº2 presume-se de boa fé a posse titulada;
no nº3 presume-se de má fé a posse não titulada. A partir de uma situação que
conhecemos, se sabemos que aquela posse é titulada presumimos então que essa
posse é de boa fé, o que pode não ser necessariamente assim, posso ter uma posse
titulada e agir de má fé, ainda assim, presume-se que seja de boa fé. Esta presunção é
uma presunção refutável, ou seja, admite prova em contrário (artigo 1260, nº2 do
Código Civil). Se não se conseguir prova em contrário, o sujeito em causa terá usufruto
desta presunção, presunção ilidível. Se existir prova em contrário, terá de ser
desenvolvida e estudada. No artigo 1260, nº3, do Código Civil, a presunção não é
refutável, ou seja, ainda que se produza prova em contrário esta não é relevante
juridicamente, pois, esta presunção estabelece-se de uma forma imediata, ou seja,
irrefutável não admite prova em contrário. Esta presunção é Iuri et Iuri, ou seja, é uma
presunção que está estabelecida legalmente e que não admite ser contrariada, é
vinculante e estabelece uma conexão determinada.
Perspetiva do vínculo lógico que a norma estabelece com a ação do seu destinatário – como
é que a norma se dirige aos seus destinatários? Como é que ela se dirige no sentido de: essa
norma para se aplicar precisa ou não da manifestação de vontade desses destinatários?
Perspetiva da Sanção – se eu tiver perante uma conduta ou comportamento que admita como
reação ou consequência jurídica simultaneamente uma sanção de invalidade e uma sanção
crimina e, se na realidade, o ato que eu estou a praticar pode ser referido com uma sanção de
invalidade, mas a nível do Direito Penal ser qualificado como crime a, além de invalidade, ser
suscetível de uma sanção criminal, que deduza uma pena, estamos perante uma Lei Mais que
Perfeita, pois temos uma sanção negativa de invalidade conjugada com uma sanção negativa
coercitiva de tipo penal. As Leis Perfeitas são aquelas às quais estão associadas as sanções de
invalidade apenas, sem conjugação com as penais. As Leis Menos que Perfeitas são leis em
que a sanção seleciona certos efeitos, como por exemplo, eu pratico o ato, o ato é inválido,
mas apenas parcialmente. As Leis Imperfeitas são leis integradas no domínio do Direito
Internacional Público à qual não corresponde a efetividade de uma sanção imediata.
Jurisprudência Judicial – pode ser definida como um conjunto de decisões judiciais que
exprimem uma determinada orientação seguida por esses tribunais no julgamento de casos
concretos. É o conjunto das decisões dos tribunais que exprimem a orientação por eles seguida
na resolução de um determinado caso concreto. Temos uma controvérsia jurídica que envolve
duas partes, podendo estar uma parte ou mais de cada um dos lados e, no fundo, essa
controvérsia reclama uma resolução judicial, um terceiro imparcial.
Temos então uma solução para uma controvérsia jurídica concreta que, em termos futuros,
aparece como um precedente. As soluções dadas no passado servem e constituem um
precedente para as soluções que uma controvérsia semelhante venha a reclamar, mas, quando
um juiz julga, julga de forma diferente que o juiz do positivismo julgava.
Hoje em dia não se julga assim, pois, podemos estar a aplicar normas desatualizadas e,
portanto, temos de as atualizar à luz daquilo que as palavras diziam há 20 anos atrás e o que as
palavras dizem atualmente isso, pois, o sentido das palavras foi-se alterando. O que há 20 anos
atrás podia ter um intuito de justiça, hoje a sua aplicação pode redundar num completo ato de
justiça, portanto, quando o juiz a interpreta tem de a aplicar de forma a obter uma boa
decisão. Dentro desta medida, o juiz não só pode como deve não aplicar algumas normas –
normas obsoletas.
Desta forma, as decisões judiciais funcionam como um precedente. Um juiz quando aplica as
normas, sem esquecer os princípios e os critérios, o juiz está a enriquecer o direito, na medida
em que ele está a colocar na sentença algo mais do que o que está na norma, está, no fundo,
a realizar direito, ele está a preencher esta distância com elementos que permitam estabelecer
a solução do caso concreto.
Princípio da Igualdade Horizontal – o que é igual deve ser tratado de igual forma
Princípio da Igualdade Vertical – o que é diferente dever ser tratado de forma diferente
A partir deste momento, na sentença, está um juízo de valor acerca daquela controvérsia e,
esse juízo, adquire autoridade e, esta autoridade, começa por ser fraquinha e, a dada altura,
torna-se inabalável. Estas decisões vinculam os tribunais que vão decidir a uma questão que
seja materialmente idêntica à questão que vão decidir no momento, ou seja, se o tribunal 1
decide de determinada forma, é normal que o tribunal 2 ou 3 decidam de forma idêntica à
decisão do tribunal 1.
Efeito da passagem do tempo sobre as decisões judiciais: O tempo tem uma dimensão muito
importante no Direito. Há um tempo para perseguir, há um tempo para julgar, um tempo para
perdoar, um tempo para esquecer.
O nosso modo de aplicação do Direito baseia-se muito no positivismo, apenas não se restringe
a essa fonte.
Todos aqueles tribunais que decidirem aquele caso com base nos mesmo critérios da
jurisprudência judicial anterior estão protegidos por um princípio de inércia argumentativa
(inércia é não fazer nada), portanto, quem decide igual ao precedente proferido
anteriormente não está obrigado a argumentar pois está a aderir ao que foi decidido no
referido precedente. É próprio dos precedentes uma presunção de vinculação. Os
precedentes estão protegidos por uma presunção de vinculação, e gozam também de uma
presunção de justeza.
Daqui decorre uma confiança no Sistema Judicial, se sei que o Alberto submete a sua questão a
julgamento e a decisão de um outro com um caso igual ao do Alberto, posso confiar ao
submeter a minha questão a julgamento, que a decisão do caso do Alberto será igual à decisão
do caso semelhante. Os problemas podem surgir quando há uma série de decisões iguais e um
juiz diz que essas decisões estão erradas, então, ao divergir dessa orientação jurisprudencial
que gozam dessa presunção de vinculação e de justeza, ele já não pode ter a seu favor o
princípio da inércia argumentativa, pelo contrário, ele tem de argumentar para justificar a sua
decisão.
Quem quer ir contra a decisão que tinha vindo a ser tomada, para se afastar daquele
precedente tem de justificar o porquê de estar a divergir daquilo que está naquelas
sentenças. Se respeitar a tradição pode invocá-la como próprio argumento.
Há realmente uma vinculação dos precedentes, mas apenas presuntiva, pois pode ser
afastada.
Isto corresponde a um direito jurisprudencial em sentido lato, que engloba os precedentes,
mas, também, a dogmática.
Um tribunal singular prefere uma sentença, um tribunal de relação (que funciona com 3
juízes), já não temos uma sentença, mas um acórdão. Na mesma relação podem haver
entendimentos diferentes relativos há mesma realidade.
Quando assim é, podemos fazer um recurso para a uniformização de jurisprudência, que é um
recurso extraordinário, e está previsto no artigo 437 do Código de Processo Penal; Código de
Processo Civil – artigo 688
Recurso de fixação de jurisprudência - esta previsto no artigo 437 do Código de Processo
Penal; Código de Processo Civil – artigo 688 – não são considerados fontes de direito
A Lei
Os valores se forem positivos não podem ser contraditórios aos princípios. A mutação no
âmbito da valoração é um processo bastante lento, contrariamente às normas. A
presunção de validade e a sua regra associada tem de respeitar essa mesma validade. O
primeiro critério a chamar ao contexto do Sistema Jurídico é a Lei – fator operativo
concretizador do Sistema Jurídico.
A Lei beneficia de uma presunção de autoridade político-constitucional – a lei só tem
importância porque, na verdade, é criada por uma entidade para o efeito, ou seja, que
tenha legitimidade para o fazer. O normativismo constrói este pensamento “quem
manda tem de ser o cidadão, enquanto membro da comunidade e, não pode exercer
permanentemente atos criativos da Lei”
o Ex.: vamos legitimar alguns efeitos pelo grupo e esses estão legitimados pelo
grupo para criar as Leis servindo como regulação para uma boa convivência.
A Lei como expressão positivada do Direito é expressão da segurança, beneficiando
dessa presunção, visto que a Lei é criada através de mecanismos próprios.
o Exemplos de leis: decretos-leis – produzidos pelo Governo; decretos legislativos
regionais – produzidos pelos governos das regiões autónomas; leis – produzidas
pela Assembleia da República.
A Lei segue uma estrutura de bilateralidade atributiva que segue o efeito de “se…então”
A Lei possui uma dimensão de ratio legis e de ratio iuris
o Ratio Iuris – tem de respeitar os princípios e serve como instrumento para os
expressar.
o Ratio Legis – a Lei na sua função de ratio legis é concreta e específica
o A Lei tem sempre que cumprir a dimensão de iuris, ou seja, a dimensão
valorativa enquanto expressão dos valores em que se fundamenta e que são o
único critério de verdadeira validade.
A Lei é um programa de fins – a Lei é criada tendo em conta a realização de
determinadas realidades e finalidades.
Ex.: quando o jurista decide fazer uma expressão escrita de uma sentença e utiliza a
doutrina e dogmática como base dessa expressão.
A Doutrina hoje, pois obteve mudanças ao longo da história, expressa uma representação
prática da jurisprudência. Há então uma dificuldade de estabelecer fronteiras, pois, o
contributo da doutrina não tem sempre o mesmo peso.
Quando o Juiz não está a resolver controvérsias dedica-se a reflexões doutrinais.
A importância da doutrina é que é o único estrato do Sistema Jurídico que nos dá condições
para refletir sobre todos os estratos como um todo, ou seja, uma das funções mais
importantes da doutrina é mostrar qual o Direito vigente, não apenas nas descrições
legislativas, mas também nos princípios, critérios, etc. Estas obras da doutrina, que nos
mostram qual o Direito vigente, trazem consigo uma reflexão sobre o sentido das reflexões do
Direito, que são contributos preciosos para o Direito.
A Doutrina propõe soluções para a controvérsias como o princípio do abuso do Direito, quando
a doutrina resolve uma solução ela não responde ao caso concreto como a jurisprudência
judicial, ela está distanciada para poder olhar para várias interpretações de normas, o que lhe
atribui uma flexibilidade que não existe nos outros estratos do Sistema, ou seja, ela não só
dita o Direito vigente, como olha também para qual o melhor lado a seguir de um modo
distanciado.
Se os princípios valem como ius e são válidos e vigentes por si próprios, na explicitação dos
princípios (que têm um caráter histórico) a doutrina tem um papel importante neste ramo,
pois, a leis objetivam os princípios tal como a jurisprudência, mas a doutrina faz essa reflexão
de forma direta com as suas obras doutrinais. Então, uma das funções da doutrina é a
explicitação dos princípios/fundamentos.
O princípio da legalidade criminal é uma explicitação da doutrina que, mais tarde, foi
assimilado pela legislação.
É um estrato do Sistema Jurídico e estamos a falar de práticas sociais e das práticas que têm
relevâncias para o Direito e que são conformadas pelo Direito.
De facto, temos os princípios e as normas e, estes são projetados na realidade, mas ela
própria tem a sua dinâmica e autonomia, não se traduzindo meramente na sua
aplicação. A realidade sendo viva tem também uma força constitutiva enorme.
Se tivéssemos atenção, num certo momento, á doutrina e legislação, poderíamos dizer que,
quando estávamos a nível do Direito da Família, havia uma pressuposição normativa que
associava a família ao casamento, o que acontece é que as transformações que nos permite
dizer que o casamento é apenas um estrato do direito da família, tendo que o que associava a
família ao casamento de forma essencial desaparecido, onde as soluções prescritas nas
normas formais e as práticas reais deram sinais fortes de que a referida associação já tinha
perdido a sua lógica.
A Realidade Jurídica é constituída de forma diferente para muitos juristas que seguem códigos
diferentes, então não há um bloco unitário que nos permite atribui a todos os estratos do
sistema definições únicas.