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Racionalidades em geral:
Racionalidade lógico-formal - estabelece uma relação entre proposições segundo regras
que exprimem uma estrutura sintática e cuja validade se afere pela mera compossibilidade
desses elementos, independentemente do respetivo conteúdo, ou seja, a validade das suas
conclusões é independente do seu significado de qualquer referência material
Racionalidade Teorética - Parte do esquema sujeito/objeto e a sua ideia de validade mede-
se pela correspondência à realidade que o objeto postula, ou seja, pela verdade. Subdivide-
se em três subtipos de discurso: Teorético-especulativo – o pensamento consiste numa
reflexão da racionalidade imanente à ordem total do ser, que lhe incumbe explicitar. Trata-
se do discurso da realidade em que a validade se identifica com a verdade. Teorético-
explicativa – a finalidade é a de testar, descrever e observar a realidade para comprovar.
Esta demonstração tanto pode ser feita em termos positivos (método de verificação) como
em termos negativos (método da falsificação). Teorético-funcional – a realidade é apenas
considerada como condição e possibilidade para a prossecução de certos fins propostos ou
programados, segundo uma relação funcional segundo o qual a validade é adequação
funcional e a racionalidade é eficácia.
Juízo Crítico - No que toca ao jusnaturalismo racionalista e aos diversos positivismos não
podemos aceitar o modelo de racionalidade porque as conclusões dos raciocínios lógicos
estão contidas nas premissas de que arrancam e, portanto, não são capazes de assimilar a
novidade trazida/convocada por cada problema jurídico concreto. Relativamente ao
realismo, este acaba por adotar um ponto de vista externo relativamente ao direito,
semelhante àquele que adota o sociólogo. Neste sentido, não pode servir a atividade
judicativo-decisória do juiz. Este deve partir de uma perspetiva interna.
Racionalidade Prática:
De índole procedimental:
Racionalidade Tópica - processo de solução dos problemas jurídicos que se baseia em dados
materiais dos próprios problemas, sem ter apoio numa norma legal. Crítica de Pinto Bronze:
a racionalidade tópica cumpre uma função instrumental, mas não é suficiente para
fundamentar de forma adequada e suficiente as concretas decisões judicativas.
Racionalidade Retórica - tarefa com alguma complexidade, em virtude da diferença de
perspetivas a partir das quais tem sido encarada e pelos juízos que tem merecido ao longo
dos tempos; a sua compreensão tem vindo a variar entre a arte, ou técnica, ou ainda uma
ciência. Diremos que a Retórica se traduz na faculdade de considerar, para cada questão, o
que pode ser próprio para persuadir. Os principais objetivos da Retórica são: intenção de
persuadir, agradar, seduzir, manipular ou ainda de justificar as ideias ou opiniões
verosímeis;
Racionalidade Argumentativa - segundo Pinto Bronze, consiste num modelo de discurso
cuja racionalidade se estrutura em redor de um conjunto de categorias nucleares,
pressupõe o respeito por um conjunto de exigência éticas (Pr. Da Tolerância e da
Imparcialidade) e a obediência a regras de carácter pragmático (coerência e inércia).
De índole material:
Racionalidade Hermenêutica - apontar duas perspetivas fundamentais: Perspetiva
tradicional: esta posição considera a hermenêutica como um método, e enquanto método
propunha-se “definir os “cânones” e as regras metódicas especificas pelas quais se haveria
de guiar a interpretação dos textos atendendo a cada um dos domínios culturais”.
Perspetiva filosófica: para esta posição, adquire um sentido existencial-fenomenológico.
Não se trata de uma metodologia, mas de uma teoria da experiência real que é o pensar.
1- deveria ser considerada segundo 3 estágios: Pré-interpretativa- o jurista tenta aferir quais
os critérios jurídicos relevantes; Interpretativa- o jurista procura determinar o sentido
normativo desses critérios na sua justificação prática; Pós-interpretativa: o jurista vai além
dos critérios jurídicos, visando aquilo que a prática realmente pretende.
2- Teria de justificar-se concretamente através de certos critérios e específicos fundamentos
normativos.
3- Procuraria um último e geral sentido de validade.
É extremamente relevante no momento da prova.
Racionalidade Teleológica - procura pôr em correspondência as ações que se praticam e os
fundamentos que intersubjetivamente se lhe adequam, ou seja, intenta estabelecer
analogias entre aqueles e estes. O caracter teleológico da racionalidade especificamente
jurídica só pode reportar-se a uma verdadeira teleonomologia.
Racionalidade Problemático-sistemática:
É esta a racionalidade por nós adotada. Comecemos por elencar os caracteres ou dimensões
que apresenta:
Prático-material e axiológico-normativa - é prático-material uma vez que convoca dados
materiais do problema concreto, nos quais assenta a validade da conclusão e é axiológico-
normativa porque assenta em valores e princípios normativos.
Teleonomológica - a racionalidade não dispensa a consideração dos fins (telos), desde que
não ignore as intenções constitutivas e regulativas da própria juridicidade.
Com estrutura argumentativa - a validade material que se objetiva no sistema jurídico é
mobilizada argumentativamente, uma vez que os próprios fundamentos e critérios são alvo
de argumentação.
Dialética - racionalidade que perfilhamos é dialética, o que tem a ver com os dois polos:
problema e sistema. A dialética que se estabelece entre estes dois polos entretece todo o
esquema metódico.
Analógica - vimos que a realização judicativo-decisória do direito se dinamiza numa dialética
entre dois polos: o do problema jurídico concreto e o do sistema jurídico. Como
comparamos o problema do caso e o problema da norma? Estamos perante uma
racionalidade analógica. A analogia traduz-se num pensamento que procura encontrar
semelhanças entre diferentes entidades, sendo as entidades ou elementos que se
comparam heterogéneas e os dois termos que se comparam situam-se no mesmo nível de
pensamento, bem como a conclusão que se retira daquela comparação. O sentido da
analogia é o que resulta do princípio da inércia, ou seja, o normal é procurar um caso
análogo, previsto no sistema e cuja solução possa ser mobilizada; a resposta dada ao caso
previsto será aplicada aos casos análogos, até que se invoquem argumentos ponderosos em
contrário.
1º- momento de analogia problemática (analogia dos casos): devemos recorrer à analogia
quando a intenção de juridicidade dos casos comparados for semelhante;
2º- momento de analogia judicativa (analogia da solução): quando a solução prevista para o
caso-foro se mostrar adequada ao tratamento jurídico do caso-thema.
Esquema Metódico:
Questão-de-facto:
Momento da determinação do âmbito da relevância jurídica - apurar se o caso decidendo
coloca ou não uma questão de direito e, em caso afirmativo, quais os aspetos juridicamente
relevantes. Os casos são compostos por um vasto conjunto de factos de diversa espécie
(factos da natureza, comportamentos humanos, factos sociais, genéticos, familiares,
culturais, etc.).
Momento da Qualificação Jurídica - o juiz terá que enquadrar o caso num determinado
campo dogmático (questão de dto da família, das obrigações, do trabalho, etc.). A
qualificação jurídica é o resultado de um confronto analógico entre a problematicidade
jurídica específica de cada um desses ramos de dto e a problematicidade apresentada pelo
caso. Consiste num confronto analógico e procede-se em concreto.
Negativa: não existe um critério capaz de orientar o jurista (estamos perante a realização
do dto sem a mediação de qualquer critério), concluindo-se que se trata de um problema
novo (que não está previsto ou solucionado).
Momento da Interpretação:
Se ficássemos apenas por uma interpretação dogmática, poderíamos cair num exagerado
formalismo. Por outro lado, uma exclusiva atenção à teleologia da norma poderia
reconduzir a um finalismo excessivo. Logo, conciliam-se as duas perspetivas.
Elementos da interpretação: Elemento gramatical, elemento histórico, elemento sistemático
e o elemento teleológico. O elemento fundamental e determinante seria o elemento
teleológico.