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b) funcionalismo: esta perspetiva tem a ideia de que aquilo que o direito nos oferece são
recursos institucionais, orgânicos, que o direito nos oferece uma linguagem e uma prática.
Portanto, para esta perspetiva(mais concretamente para o funcionalismo material) o que
interessa é perguntar: é a conformação pragmática destes recursos que o direito desenvolve
para que haja uma adequação á persecução de certas finalidades sociais?
Nota: estes recursos devem ser instrumentos para prosseguir fins, e estes fins não são
jurídicos, mas sim sociais( são fins práticos económicos, etc, ou seja, são fins transjuridicos ou
exteriores.
em todo o objetivismo jurídico o direito vai pressuposto como objeto -> ou seja, como uma
entidade objetivamente subsistente ou um “ente” e que admite a interrogação sobre o seu ser
ou o seu modo-de-ser (o que é o direito?)
1 categorias de inteligibilidade
corresponde á linguagem que é usada pelo normativismo quando se está a referir ao direito. ->
foram categorias sobretudo desenvolvidas no sec.XX.
1) Categoria norma
A visão normativista assenta na distinção entre norma, imperativo e regra. (estas três
categorias podem convergir, mas tem significados diferentes)
*A racionalidade que a norma reinvidica tem a ver com a sua estrutura intrínseca, ou
seja, é uma racionalidade intrínseca á própria norma. A norma é um enunciado
normativo que se fundamenta a si própria – é a norma ratio. (é norma por ser
universalmente racional.
*quando se fala de imperativa estamos a pensar num poder\vontade (no sentido de
“potestas”) de um órgão que prescreve um enunciado, um comando, o que os seus
destinatários devem obediência. -> esta categoria poe o assento tónico no poder, na
vontade. Remete-nos para o plano da voluntas, da potestas.
Nota: no normativismo do sec. XIX conjugam-se estas duas categorias, pois para se
falar em lei no sentido iluminista, esta tem que ser universalmente racional e
expressão de um poder.
A palavra regra tem sido usada pelo contexto anglo-saxonico, sendo-lhe associado
um significado. Este significado sré uma orientação para a ação que se assume, á
partida, como uma escolha convencional (sempre que se associa o direito a um
jogo, a tendência é falar-se mais em regra do que em normas).
Em síntese:
- a norma será a expressão de um dever-ser racional (ou com uma qualquer pretensão
de objetiva racionalidade)
O que se recusa?
Fundamentação transcendente :
1) A procura da validade-juridicidade da prescrição numa ordem natural
indisponível (a prescrição como interpretação de uma ordem do ser ou da
criação que lhe é autenticar e que esta prescrição se deverá limitar a
interpretar-especificar). É a solução do jusnaturalismo eslástico.
2) A procurar da validade-juridicidade da prescrição num direito racionalmente
indisponível (o direito que a razão conhece) É a solução do jusracionalismo
moderno.
3) A procura da validade-juridicidade da prescrição num “concretum”
indisponível ou nas estruturas ordenadores que prático-instituciponalmente
lhe correspondem. -> esta é a solução do pensamento da natureza das coisas.
4) A procura da validade-juridicidade da prescrição na experiencia histórico-
cultural de uma validade comunitária e nos princípios normativos que
diretamente especificam-estabilizam. -> é a solução da jurisprudêncialismo
5) A procura da validade-adequação da prescrição nas regularidades (empirico-
explicativamente reconstruídas) do tecido social ao qual a prescrição se dirige
ou no qual vai encontrar os seus destinatários.
Assim:
Ou seja:
A perspetiva normativista defende que tudo aquilo que é juridicamente
relevante está tipificado nas normas jurídicas. O normativismo esquece a
realidade, isto é, é indiferente ás realidades da vida. O direito pré-determina
nas normas a sua própria realidade.
Ao monismo do cognitivismo jusnaturalista, opõe-se agora o dualismo do
cognitivismo normativista, em que há sempre um confronto entre o direito
racionalmente subsistente e um conjunto de factos.
c) Podemos dizer também que a racionalidade resulta da textualidade enquanto
tal:
*não tanto porque as formulações mobilizadas manifestamente as exigências
da universalidade racional (ou ler o enunciado textual não conseguimos
perceber as suas características de generalidade e de abstração) -> mas
porque tais formulações e as significações que exprimem constituem elas
próprias esta universalidade.
Assim:
O texto é compreendido em termos não apenas expressivos, mas constitutivos
(através da leitura do texto eu identifico as características da generalidade e
abstração, sendo que essas caravteristicas bastam para estarmos perante um
critério jurídico)
Para além de uma visão constitutiva, encontramos também uma visão global do
texto, pois, para além do elemento gramatical, temos também os elementos
histórico e sistemático. -> o texto é constituído pela letra, pelo elemento histórico
e pelo elemento sistemático e todos estes elementos são intrínsecos ao texto.
De facto, a ciência do sec. XIX era uma ciência empírica, limitava-se a conhecer as normas e
não comportamentos.
2) Categoria conceito
O normativismo não opera apenas com a categoria “norma”. Essa é a sua categoria
substancial- o direito seria substancialmente normas. Porém, existe uma outra
categoria, que é estritamente lógica, sendo que com ela se visa o domínio ou a
determinação dogmática daquele elemento substancial- que é a categoria conceito.
Assim: enquanto que para a escola histórica alemã o direito era um precipitar das
forças históricas, que não se constituía apenas de um modo legislativo mas também
através das práticas consuetudinárias para o positivismo francês ( o positivismo
exegético) o direito só se podia consentir através da lei, sendo que para conferir
unidade no plano cientifico, o discurso do sec.XIX distinguiu 2 grandes patamares da
ciência do direito.
*jurisprudência inferior
*jurisprudência superior
Este último patamar tinha como tarefa (categorial) construir e sistematizar conceitos que
permitisse reconstituir esses materiais na sua unidade. Portanto, a tarefa da ciência do direito
(da jurisprudência superior) era fixar com maior rigor possível o conteúdo dos conceitos.
Este papel dos conceitos está também associado ao normativismo de Kelsen -> este defende
que a ciência do direito deve ser uma ciência pura, que deve apenas conhecer o direito na sua
perspetiva puramente jurídica. Kelsen faz uma distinção entre “norma-juridica” e “proposição
jurídica”
A visão que Kelsen tem do sistema é de unidade hierarquizada: Kelsen defende uma estrutura
integral, sendo que toda e qualquer norma que se insere nessa estrutura vai encontrar a sua
validade numa norma que se encontra situada num degrau superior. Kelsen defende que
temos de pensar nessa estrutura em termos dinâmicos o que significa que se pode utilizar uma
categoria de inteligibilidade diferente da usada no normativismo do sec.XIX e que é a categoria
da aplicação:
Porém, para Kelsen aplicar uma norma significa produzir uma norma que está situada
no degrau inferior imediatamente seguinte. Logo, as normas de cada uma dos degraus
condiciona a proporção da norma do degrau seguinte.
Assim, Kelsen vem introduzir o conceito de norma fundamental que não é uma
norma querida e prescrita por alguém do poder. Esta norma é uma condição de
possibilidade de todo o sistema como uma condição transcendental de todo o sistema.
A norma fundamental será a constituição em sentido material, a norma positiva
através da qual é regulada a produção das normas jurídicas gerais. A constituição pode
ser:
Nota: quando Kelsen reconhece que a constituição até pode ser escrita, e então temos
uma constituição em sentido formal
Além disso:
As normas gerais são elas próprias produzidas pela constituição, logo, como condições
de validade de uma norma estão fixadas na norma hierarquicamente superior, a
produção de uma norma vai ter limites. Assim, Kelsen introduz o conceito de moldura,
pois cada norma estabelece para a norma hierarquicamente inferior uma moldura, no
interior da qual existem várias possibilidades, sendo que o órgão competente para
produzir essa norma geral tem que optar por uma dessas alternativas.
Deste modo, o pensamento jurídico construir-se-ia como uma dogmática “ciência do direito”,
porque o direito era pensado através de um pensamento sistemático que procedia em termos
rigorosamente lógico-racionais. -> esta índole teorética tinha um particular relevo sobretudo
no sistemático normativismo horizontal.
o juiz pergunta se aqueles factos que estão dados como provados apresentam as
características que aparecem enunciadas em abstrato na premissa maior. se estiverem
os presentes, o julgador vai substituir esses factos na hipótese que a norma prevê
(premissa maior)
kelsen não reproduz o esquema do silogismo subsuntivo. Para ele as normas gerais e abstratas
são aplicações da constituição, sendo que esta dá variadas possibilidades ao juiz, oferece-lhe
uma moldura, e ele escolhe uma delas. Logo, o que existe aqui é uma escolha e não uma
dedução. A maneira como o juiz faz essa escolha é irrelevante.
Funcionalismo
As perspetivas funcionalistas são expressão do discurso e das práticas do séc.XIX. -> o discurso
que vai permitir desenvolver o funcionalismo é o da neo-materialização, que está associado ao
Estado Social.
Distinção entre funcionalismo sistémico vs materiais
A) Funcionalismo sistémico
Vê o direito como um sistema Auto diferenciado situado na sociedade
(reconstituído a partir de uma conceção Auto poética da teoria dos sistemas)
Tem uma compreensão da lei como um programa condicional.
Impõe a exigência de garantir a autonomia do direito como autodiferenciação.
2) Funcionalismos materiais
Objeções ao utilitarismo
1- A felicidade não se pode universalizar a menos que a entendamos sem qualquer
conteúdo.
2- O utilitarismo não se pode preocupar com a minoria que não é feliz.
Programa final: este é o programa de fins do “para quê”, pois a sleis passam a observar
uma estrutura de prévia definição de objetivos. Ou seja, as leis passam a assumir um
índole estratégica, fixando quais os objetivos a atingir. (fala-se do “legislador estratego”).
Portanto a lei deixa de querer ser o mero estatuto formal das liberdades, renuncia á
generalidade, á abstração, e á permanência e passa a ser um instrumento de atuação que
está ao serviço de politicas públicas.
1- Categorias de inteligibilidade
1) Categorias dos fins: (nos funcionalismos materiais dá-se uma acentuação do papel
do programa de fins) Quando aqui se fala de fins, estes, são sempre vistos tendo
como modelos as necessidades subjetivas, as apetências de cada pessoa.
Superação dos valores por fins: a acentuação exclusiva dos fins leva a uma
conceção instrumental do direito e uma renuncia á autonomia deste. Portanto, os
fins substituem-se aos valores.
Valores: referem uma transindividual vinculação ético-normativa que
responsabiliza e que convoca a prática para o desempenho irrenunciável de
“tarefas”.
Fins: são apenas opções decididas pela subjetividade que programa os seus
objetivos sempre condicionados por um certo contexto mas em ultimo termo
justificados por interesses e em vista deles. Comunga-se nos valores, diverge-se
nos fins e nos interesses.
Superação dos fundamentos por efeitos: aos fundamentos substituem-se os
efeitos.
Fundamentos: traduzem pressuposições de validade, teórica ou pratica, que por
uma mediação discursivo-argumentativo hão-de sustentar a concludência material
do juízo.
Efeitos: são os resultados empiricamente comprováveis pelos quais se logra ou
não a realização eficaz de fins\objetivos.
A exigência de tratar a prescrição legislativa como um autentico programa de
fins: no plano da determinação, ou do conteudo que o jurídico será chamado a
objetivar e a atuar, o decisivo estará na intencionalidade definida por um
programa finalístico ou programa de fins-objetivos selecionados -> trata-se de uma
categoria especificante da funcionalidade e instrumentalidade do direito. No
normativismo essa categoria era o sistema de normas pressupostos- que exigia
uma aplicação lógica-dedutiva segundo o esquema “se\então” que se oferecia
como um programa condicional.
No programa finalístico: o importante não é uma normatividade que se
pressuponha a afirmar uma qualquer validade vinculante e que se haja
simplesmente de cumprir, mas antes objetivos que se visem atingir mediante uma
atuação adequada. E esses fins só serão atingidos pela mediação dos efeitos\
resultados que no plano da realidade aquela atuação (empiricamente) produza.
Logo, a perspetivação de um programa finalístico só abstrata sem a consideração
da sua realização concreta nos efeitos\resultados seria uma norma inaceitável de
o entender. (mais uma distinção relativamente ao plano apenas abstrato em que o
normativismo opera)
3- O “modus operandi”
4- A realidade proposta
Jurisprudencialismo
1- Pressupostos essenciais:
Recompreensao antropológica : com o jurisprudencialismo (para além da
reafirmação da autonomia do direito) surge a aspiração de institucionalização de
uma ordem de sujeitos-pessoas. A compreensão da pessoa tem a sua primeira
experiencia na “civitas” romana. Ou seja, na experiencia romana passou a
reconhecer-se a ser sujeito de direito, isto é, sujeito de autonomia e de
responsabilidade perante a “civitas”, os “paterfamilias” reconheciam-se
reciprocamente enquanto sujeitos de direito (de autonomia e de
responsabilidade) enquanto sujeitos de uma ordem jurídica. Portanto a “civitas”
romana foi um embrião da pessoalidade. Quando se fala em homem é um sujeito,
no plano antropológico, estamos a fazer uma comparação com outras espécies
animais. Estamos a admitir que o homem se assume a si próprio como uma
espécie de originário que introduz o novo ao mundo: o homem não é redutível a
uma cadeia de causas e efeitos, é um sujeito autor que vai introduzir a novidade,
sendo cada um dos percursos existenciais dos homens único. Esta condição de
sujeito-autor é algo que existe necessariamente associada á espécie humana e que
não existe reconhecimento. Porem, a pessoalidade não é inerente á natureza
humana, pelo que o reconhecimento é uma aquisição natural. Logo, a pessoa só
existe num mundo que se constitua como um mundo de pessoas, isto é, pelo seu
reconhecimento como tal na coexistência. Conclusao: a pessoa representa sempre
uma aquisição, ou seja, a pessoalidade exige uma mediação cultural de um
reconhecimento. O homem-sujeito é uma entidade antropológica. O homem-
pessoa é uma aquisição axiológica pois só é pessoa se a comunidade onde ele se
insere o reconhece como tal e esse reconhecimento for reciproco.
Do reconhecimento da dignidade ética da pessoa, surgem várias implicações normativas,
desde logo, com o jurisprudencialismo dá.se a recuperação de uma perspetiva de valores e de
uma perspetiva de fundamentos. Uma das implicações normativas é a exigência de
fundamento por todas as pretensões que na intersubjetividade da coexistência “eu dirijo aos
outros e os outros a mim”. Um fundamento é a expressão de uma “ratio” e que se afirma uma
validade- é “argumentum” de validade. E a validade é uma manifestação de um sentido
normativo (dê um valor ou de um principio); um sentido normativo que se importa com uma
justificação superior e independente das posições individuais de cada um e que como tal,
vincule simultaneamente e igualmente os membros da relação. Conclusão: o direito só existe
verdadeiramente com a instituição de uma validade e não como um mero instrumento social
de satisfação de interesses ou de necessidades.
CATEGORIAS DE INTELIGIBILIDADE
c) Categoria do sistema
A validade vai ter que alimentar uma dimensão de objetivação dogmática. Isto é, a
validade não está esculpida no abstrato, ela é precipitado através de critérios e
fundamentos que estejam estabilizados num sistema pluridimensional. E este sistema
deixa de referir-se direta e exclusivamente ás normas jurídicas e possa reportar-se
antes as opções axiológicas, aos postulados normativos e princípios jurídicos como
seus fundamentos.
As normas são apenas suas expressões e em função das quais elas se mostram
jurídico-normativamente fundadas. É o sistema que proporciona o acesso aos
fundamentos e critérios do direito vigente. Este sistema avalia-se quanto á sua
estrutura em 4 elementos constitutivos que são os estratos:
Estrato dos princípios: estes correspondem ás expressões normativas da validade
comunitária e são manifestaçºoes diretas de exigências valorativas.
Estrato das normas: que são prescritas numa opção politico-estrategica e de um
vinculante valor normativo que provém da legitimidade e autoridade politico-juridicas
dessas prescrição
Estrato da jurisprudência: é o momento da objetivação e estabilização de uma já
experimentada realização problemática-concreta do direito.
Estrato da dogmática: é o resultado de uma elaboração “livre” e de uma
normatividade que apenas se sustenta na sua própria racionalidade fundamentada.
2- Tipo de racionalidade
O tipo de racionalidade associada á perspectiva jurisprodencialista é uma
racionalidade pratica sujeito-sujeito, que precipita esta relação como uma dialética
problema-sistema. Ou seja, é a dialética pratico-jurisprudencial sistema\problema. Isto
porque, o julgador parte do caso concreto, devendo depois procurar no sistema
jurídico um critério que seja capaz de assimilar a relevância do caso concreto. De
seguida, esse critério tem que ser experimentado em concreto, tendo presente todas
as dimensões do sistema jurídico.
3- O esquema metódico
O esquema que o jurisprudencialismo vai desenvolver é um esquema que parte do
caso concreto (a controvérsia, que é o “prius”metódico) tratando-se de procurar no
sistema jurídico um critério capaz de assimilar a relevância desse caso.
Etapas:
1) A questão de facto: a primeira coisa a fazer é operar se o caso coloca ou não uma
questão de direito e quais os aspetos juridicamente relevantes que nele
especificamente se detetam, na hipótese da resposta ser afirmativa. Uma vez
determinados os factos juridicamente relevantes, o juiz vai enquadrar o caso num
determinado campo dogmático. (faz-se a qualificação jurídica) depois os factos
alegados devem ser provados.
2) Questão de direito: a questão de direito em abstrato; o primeiro problema que se
coloca é o de saber qual o critério jurídico que hipoteticamente se afigura mais
adequada para orientar o juiz na resolução do caso concreto. Ao perguntar ao
sistema por um critério jurídico apropriado para a resolução do caso, o jurista
pode obter duas respostas:
-afirmativa: que corresponde á situação metodológica da realização do direito com
a mediação da norma.
-negativa: que cporresponde à situação metodológica da realização do direito sem
mediação da norma. No caso de não se encontrarem normas nem nenhum outro
critério jurídico (não se pode esquecer que estamos perante um sistema jurídico
pluridimensional, com vários estratos)- esta possibilidade é perfeitamente
plausível a partir do momento em que se aceita que o sistema jurídico não é
pleno, possuindo limites normativos objetivos.
Quando o juiz seleciona a norma, aquilo que é verdadeiramente importante não é
tanto a identidade das situações, como acontece nas perspetivas normativista e
funcionalistas, mas é antes o conjuto entre problemas. Ou seja, o problema
constitutivo do caso deverá ser um problema análogo aquele que a norma prevê.
Logo, isto leva-nos a falar de uma conceção da norma como ela própria uma
norma-problema (as normas aparecem como esquemas de solução para problemas
possíveis) trata-se a norma como uma norma-problema e não como uma norma-premissa.
Pois, o interprete confronta a relevância da problema do caso que está a resolver com a
relevância do problema que se encontra na norma.
Quando consideramos este momento estamos a considerar a “ratio legis” da norma. Neste
momento, o julgador pensa a norma sobretudo na intencionalidade própria da norma,
ainda que na perspectiva do caso. Ou seja, o julgador tem de verificar se, usando aquela
determinada norma na perspetiva do caso, o seu objetivo se cumpre ou não. O juiz tenta
compreender a finalidade pratica da normna e verifica-se usando essa norma em concreto
se cumpre ou não essa finalidade. isto levanta problemas pois existem situações atípicas
que podem pôr em causa a finalidade prática da norma.
Estes problemas foram colocados primeiramente pela jurisprodencia dos interesses que
veio defender a necessidade de se desenvolver uma obdiencia pensante a norma.
A jurisprodencia dos interesses defendem uma interpretação corretiva da norma. Ou se
obedece ao elemento literal e se frusta a sua finalidade pratica ou, fazendo-se a referida
interpretação correlativa, atende-se á finalidade da norma e afasta-se o elemento
gramatical.
Outra solução que se pode dar a estes casos é o recurso á extensão ou redução teleológica.
3- Momento do fundamentos: neste momento o juiz tem de encontrar uma solução que seja
compatível com os princípios. Se o julgador parte da dialética sistem\problema, ele tem
que considerar se a resposta que vai dar ao caso concreto é ou não compatível com as
exigências dos princípios.
Podem ocorrer varias situações: pode acontecer uma situação de consonância: com
aquela norma, pensada teleologicamente, o julgador dá uma resposta ao caso e esta
norma é perfeitamente compatível com os princípios. Pode acontecer uma situação em
que não há consonância:
Ou há uma situação de incoerência entre a norma e os princípios; a resposta a que o
julgador chega frusta parcialmente as exigências dos princípios. Neste caso o julgador deve
fazer uma correção conforme os princípios; interpreta a norma com a procupaçao da
realização das exigências dos princípios.
Ou há uma situação de contradição entre a norma e os princípios: neste caso ou o julgador
obedece á norma ( e compromete a validade) ou pretere a norma. O jurisprudencialismo
defende esta ultima solução ( preterição da norma).
Alem disso: o juiz pode também, pura e simplesmente chegar á conclusão que a norma
caducou ( a norma estava sustentada num principio que passou a ser compreendido pela
comunidade de uma forma diferente. Neste caso também há uma preterição da norma,
mas com fundamentação diferente. Dá-se a superação da norma por caducidade.
Conclusão: o julgador inicia o seu percurso reflexivo a partir da experiencia do caso. Mas o
tratamento do caso que ele tem de construir não pode reconduzir-se a uma mera decisão.
Ou seja, o julgador tem de construir um verdadeiro juízo-julgamento. (a solução para o
caso tem de ser ela própria uma realização em concreto do sistema) fala-se em paradigma
do juízo.
4- A realidade pressuposta: é a realidade da próprias controvérsias praticas. O
jurisprudencialismo não considera os acontecimentos factuais, mas sim o acontecimento
com a sua força especifica e com a multiplicidade das suas dimensões.