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INTRODUÇÃO AO DIREITO II
Sebenta 2ª Frequência
17ª LIÇÃO
SUMÁRIO:
A metodonomologia (e a concorrência de normas no tempo)
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combinatórias dos elementos aduzidos, podemos entretecer uma rede semântica na qual
avultam as ideias de método, de metodologia e de metodonomologia.
Dissemos já: o direito realiza-se através dos juízos decisórios – numa proposta
que procura superar tanto o racionalismo formal extremo, como o decisionismo
voluntarista e irracional.
• uma dimensão voluntarista, que decorre da decisão – uma vez que esta é sempre
o resultado de um poder, o fruto de uma voluntas, de um querer;
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• e uma dimensão racional, associada à ideia de juízo, que vai agora entendido em
sentido material, como juízo prático-normativo ou de fundamentação.
• Disquisição da “Racionalidade”
• E a elaboração do correspondente “modelo metódico”
RACIONALIDADE
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Em suma, podemos dizer que a racionalidade traduz a relação entre certa posição,
conclusão, ação, decisão e certos pressupostos materiais ou formais, que a sustentam
discursivamente, conferindo-lhe um sentido, explicando-a ou justificando-a.
O MODELO METÓDICO
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ROMA
•Modelo de racionalidade: Retórico-prudencial
•Tipos de pensamento juridico metodologicamente comprometidos: Casuísmo jurisprudencial
IDADE MÉDIA
•Modelo de racionalidade: Hermenêutico - dialética
•Tipos de pensamento juridico metodologicamente comprometidos: Hermenêutica jurisprudencial
MODERNIDADE
•Modelo de racionalidade: Axiomático-dedutiva
•Tipos de pensamento juridico metodologicamente comprometidos: Método silogismo-subsuntivo
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Orientações teoréticas
Por seu turno, o jurista que subscrevesse este modelo prosseguia não uma
validade prática, mas uma mera validade lógica. Com efeito, a sua preocupação era uma
de verdade e, portanto, teorético-cognitiva, e não axiológica, precipitada num
pensamento sintático e não pragmático, de todo alheio à modelante projeção de uma
específica exigência intencional numa histórico-concreta situação problemática e apenas
centrado na apreensão de um totalmente descontextualizado significado textual.
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Neste sentido, impunha-se aos juristas conhecer antes a lei codificada (e era
importante esta compreensão da lei sub specie codicis, porque, de acordo com a ideia
postulada, levava recta via a pensar o direito como um sistema autossuficiente, que, pelo
menos tendencialmente, estava todo, fechado e sem contradições, no código que
sistematizava), para “depois” a aplicarem lógico-dedutivamente.
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Por fim, note-se que se envolveu, ainda, à época, o pensamento jurídico francês
na tarefa de sistematizar o material disponibilizado pela interpretação. No entanto, não
deixava, então, de muito clara e significativamente, nas palavras de IHERING de separar-
se aquela jurisprudência superior (a interpretação e a sistematização, confiada aos
juristas-cientistas) da jurisprudência inferior (da aplicação, intencionalmente
desvalorizada e cometida aos juristas práticos).
• Dimensão histórica
• Dimensão sistemática
• Dimensão prático-normativa
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Neste sentido, note-se que foi o idealismo alemão de matriz kantiana o principal
responsável pela redução da juridicidade a um desvitalizado sistema conceitual que,
portanto, “representa uma abreviação da realidade”. A ratio essendi do direito era agora
identificada com conceitos, aparecendo o “texto legal” como mero “ponto de partida
empírico (a ratio cognoscendi)” para o respetivo apuramento. Se SAVIGNY, a partir do
sistema jurídico positivo, ainda compreendia o direito como um sistema orgânico de
instituições, o seu discípulo PUCHTA inucleou-o em estruturas lógico-conceituais – a
famosa “genealogia dos conceitos” não era outra coisa senão a articulação (lógico-
dedutivamente) encadeada das mencionadas estruturas elementares do pensamento,
em termos geometricamente configuradores de uma pirâmide que poderia subir-se até
ao princípio matricial. Por conseguinte, o pensamento deste Autor projetou-se
metodicamente na proposta de uma fundamentação científica – axiomático-
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Em termos analíticos, a lição que mais durou foi a do próprio SAVIGNY e a ele se
deve a noção de interpretação como operação intelectual, de caráter exegético colimada
à desvelação da verdade interior da lei, bem como a acentuação da importância dos
elementos clássicos no processo interpretativo das leis consideradas separadamente.
Por fim, note-se que este Autor chamou a atenção para os problemas da unidade
e da universalidade do sistema jurídico. Com efeito, a ausência de unidade era suscetível
de gerar contradições, que deveriam ser resolvidas no quadro orgânico do instituto
concretamente em causa, considerando especialmente o sentido da sua evolução
histórica. Por seu turno, um défice de universalidade poderia gerar omissões, integráveis
por analogia orgânica ou, em casos mais raros, por criação de um novo instituto jurídico,
organicamente consonante com a evolução histórica do sistema.
O MÉTODO JURÍDICO
O pensamento jurídico que lhe deu origem era chamado a desempenhar três
funções:
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Este método veio, porém, a ser alvo de uma dupla crítica por parte do pensamento
jurídico:
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Orientações práticas
Sentido geral
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Na pátria do legalismo, ousou dizer que a lei era lacunosa, que os problemas da
vida extravasavam o quadro por ela instituído e que se impunha, portanto, repensar o
paradigma discursivo consagrado. No entanto, procurou não cair em excessos: dentro
dos limites que a leu pudesse operar, deveria ser interpretada, como preconizava a Escola
exegética, em termos subjetivistas, privilegiando-se a vontade histórica do legislador.
Influências:
Nesta obra, visou oferecer a base epistemológica da sua conceção metódica. Com
efeito, a tese defendida nesta obra é a de que a normatividade jurídica só poderia ser
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Dentro da categoria dos dados, o Autor distinguia dados reais, históricos, racionais e
ideais. Com os dados – os materiais fundamentos constitutivos do direito – contribuiu
GÉNY para recuperar a importância do contexto e antecipou a decisiva relevância
hodierna de um referente constituendo por mediação das experiências que se vão
interpondo.
Por fim, note-se que a Livre Investigação Científica do Direito criou as condições
para, em superação das teses da Escola da exegese, desvelar o direito como algo mais do
que um sistema autossubsistente na sua normativística arquitetura dogmático-formal,
mas as aporias do pensamento de GÉNY acabaram por determinar o involutivo desânimo
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que perpassa as suas ultima verba, em que reconhece ser o direito positivo o único direito
verdadeiro.
O Movimento do Direito Livre e a Jurisprudência dos Interesses alemãs impuseram uma outra orientação ao pensamento jurídico: se GÉNY ainda o
compreendera teoreticamente, como uma ciência, assumiu-se, finalmente, a ideia de que o seu problema central era prático e se polarizava na
decisão concreta, o que acabaria por determinar a revisão de certos parti pris bloqueadores (o sistema jurídico passou a compreender-se como
material e aberto e as fontes do direito não puderam continuar a ser político-constitucionalmente tematizadas), com as consequências arrasadoras
para o status quo ante – o direito e o pensamento jurídico apresentam, afinal, uma unidade intencional, para lá da integração das lacunas manifesta-
se, autonomamente, a problemática do desenvolvimento transsistemático do direito, aquando da racionalizada realização judicativo-decisória da
normatividade jurídica é mister atender a critérios jurídicos extratextuais e a fundamentos translegais, a reflexão metodológica revela-se, ela própria,
normativamente constitutiva.
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O seu criador, PHILIPP HECK, foi fortemente marcado pelas disputas que, à época,
intranquilizavam o horizonte do direito. Contra o formalismo conceitualista, a
Jurisprudência dos interesses louvou-se no finalismo de matriz sociológica, que HECK
colhera em IHERING.
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Com efeito, foi este autor que chamou a atenção para a categoria interesse, que
deveria substituir a vontade como elemento decisivo na constituição do Direito Privado.
Assim, apontou, basicamente, o fim como a causa natural do direito e inscreveu a luta no
seu processo genético: cada um, para sobreviver no palco do mundo, tinha de fazer algo
por si, não devendo entregar-se sem oposição às forças que o desafiavam.
Pressupostos metodológicos:
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Com efeito, aquela “vontade normativa” do critério interpretando nada mais era
do que a preferência do legislador por um dos interesses em conflito.
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Por outro lado, HECK era bem claro em procurar manter-se em consonância com
o legislador: o decidente não estava impedido de sustentar a relevância jurídica de
interesses marginalizados pelas normas legais pré-objetivadas, mas já estava vinculado
aos juízos de valor das normas não imediatamente aplicáveis.
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Insuficiência criteriológica:
Insuficiência sistemática:
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Insuficiência filosófica:
O pensamento jurídico-causal
Todavia, do ponto de vista aqui decisivo e tal como a orientação inspiradora, não
logrou distinguir o objeto e o critério de valoração, nem, consonantemente, superar a
funcionalização social do direito, que se lhe deve censurar. Com efeito, note-se que é
nesta linha que se vêm inscrever os diversos realismos e os vários sociologismos.
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• Hermenêutica:
Deve-se-lhe a desvelação de categorias inquestionavelmente operativas no âmbito do
discurso prático – o referente, a pré-compreensão, o círculo ou espiral hermenêutica –
mas, centrada como está na inteleção dos sentidos comunicados, não apreende a
decisão judicativa que é o núcleo da reflexão jurídica metodologicamente
comprometida. A hermenêutica contrapõe ao subsuntivismo (à aplicação lógico-
dedutiva da norma) do pensamento tradicional da reciproca referencia
progressivamente afinadora e intencionalmente seletiva de um fundamento-critério
normativo de um caso decidendo.
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• Tópica:
Ora, quanto a esta lembraremos de ser a tópica a “arte da descoberta e da utilização de
pontos de vista e argumentos no tratamento de problemas que recusam uma solução
rigorosamente dedutiva”. Por outras palavras um “processo especial de tratamento de
problemas” com base em “pontos de apoio que o disperso surguir desses mesmo
problemas vias suscitando e que os decidentes vão tendo por aceitáveis”. A Tópica
apresenta-se como uma “técnica de discussão”, sedutora cujo o seu caracter disperso
(em que igualmente participa a hermenêutica) se não harmoniza com a exigível
compreensão do direito como uma constituenda e específica ordem de validade, sem a
pressuposição da qual se não logra fundamentar adequadamente as concretas decisões
judicativas – o que é bastante pra patentear a insuficiência metodonomológica da tópica
• Retórica;
• Teoria da argumentação:
Revela o caracter não lógico-apofântico, mas antes dialético-dialógico da reflexão
metodológico-jurídica e concorre para iluminar alguns perfis dos
metodonomologicamente capitais problemas a constituição da juridicidade e da
fundamentação das decisões judicativas. Mas distraída como se encontra, pela sua
pluripolarização de nervuras nuclearmente predicativas da normatividade jurídica não
nos consegue apreender por inteiro.
• Teleonomologia.
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A interpretação jurídica
1. O sentido do problema
2. O objeto da interpretação
3. O objetivo da interpretação:
a. o subjetivismo e o objetivismo;
b. as orientações mistas e gradualistas e a sua refração no art.º 9.º do Código Civil;
c. a interpretação dogmática e a interpretação teleológica
4. Os fatores ou elementos da interpretação
5. Os resultados da interpretação
6. O significado da evolução: o caso decidendo não só como "objecto" da metodologia
jurídica, mas autenticamente como "ponto de partida" e "perspectiva" do exercício
metodonomológico
7. As linhas de superação da teoria tradicional da interpretação jurídica:
a. os elementos normativos extratextuais e transpositivos da interpretação
jurídica;
b. o "continuum" da realização judicativo-decisória do direito e a interpretação
jurídica como momento dessa realização;
c. a mencionada realização do direito e não a interpretação como o problema
metodonomológico; δ) alusão à específica racionalidade e à estrutura básica do
esquema metódico prático-normativamente consonantes
A integração
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SENTIDO DO PROBLEMA
Acontece que uma coisa é a interpretação em geral (histórica, literária…) e, outra, bem
diferente, a interpretação jurídica.
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• O seu objeto
• O seu objetivo
• Os seus fatores ou elementos
• E os seus resultados
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Com base nestes núcleos vamos perceber o que separa as impostações hermenêutico-
exegética e prático normativa da interpretação jurídica.
OBJETO DA INTERPRETAÇÃO
O importante está em perceber que, hoje em dia, ele não é a norma-texto, mas
a norma-problema.
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OBJETIVO DA INTERPRETAÇÃO
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SUBJETIVISMO OBJETIVISMO
Por nossa parte, observe-se que estas duas orientações radicam em diferentes
conceções do direito:
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Por fim, observe-se que a orientação propugnada: por um lado, não inviabiliza a
disquisição de uma única solução como a normativamente exigida pelo caso decidendo
– não que ela seja passível de demonstração apodítica, nem que se perfile como a
circunstancialmente determinada concretização de uma ideia regulativa, antes daquela
única que pode considerar-se concludentemente legitimada pela reflexão
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Proposto por SAVIGNY, o pensamento jurídico clássico insiste nos elementos ou fatores:
• gramatical;
• histórico;
• sistemático;
• lógico ou racional.
Não é por acaso que o artigo 9.º/1 abre uma referência à letra da lei e à reconstituição a
partir dos textos do pensamento legislativo; e o nº 2, prescrevendo um limite às não
estritamente literais inferências ainda autorizadas pelo nº 1, revela a importância decisiva
que o legislador entendeu dever atribuir ao elemento gramatical. Tudo isto significa que
o CC, ao reconhecer um valor determinante e autónomo à letra da lei e ao centrar-se na
norma-texto (letra mais espírito), não logrou superar – antes assumiu deliberadamente
– a índole hermenêutico-cognitiva do exercício interpretativo.
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de permitir tirar das normas o que, com razoabilidade prático-teleológica, nelas se deva
considerar consagrado, também se inscreve na mesma linha.
Ora, como a norma era encarada enquanto texto e numa perspetiva estritamente
hermenêutica, o ponto de partida não poderia deixar de ser a letra – a dimensão ou
segmento visível desse texto. O elemento gramatical constituía o fator fundamental e
determinante, assumindo um sentido dúplice: positivo e negativo (artigo 9º, nº2).
Com efeito, a lei assume uma função autónoma negativa de exclusão, analítica e
cronologicamente prioritária relativamente à consideração dos demais elementos
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Apreciação critica
Todavia, a perspetiva tradicional não logrou dar o salto apontado, nem viabilizou
o acesso à inteleção acabada de desvelar.
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Neste sentido, não existe uma hierarquia fixa dos vários fatores, apesar de, desde
os estudos levados a cabo pela Jurisprudência dos Interesses, se vir salientando o especial
relevo do elemento teleológico. Ora, note-se que a teleologia da norma foi entendida de
modo diferente ao longo dos tempos:
Por sua vez, o elemento sistemático remete agora para os liames axiológicos e
intencionalmente prático-problemáticos que unificam o direito em vigor e o elemento
histórico pressupõe uma consideração do contexto dogmático e axiológico-normativo em
que a norma emergiu, para além da investigação da sua génese prescritiva.
RESULTADOS DA INTERPRETAÇÃO
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Se uma e outra coincidirem (se o sentido imputado à letra for corroborado pelo
inferível espírito), nada mais se impõe do que uma mera interpretação declarativa, como
que confirmadora da mencionada constatação.
Tudo o que significa que o espírito permite vencer muito daquilo a que se não
escapa no domínio do corpo, ou que se subtrai às suas rédeas. Todavia, do ponto de vista
aqui em causa, é sempre no corpo que o espírito encarna, como é nele que e projeta a
inquietação perturbadora do espírito.
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Com efeito, uma vez que a norma é encarada como solução jurídica para um
problema, a interpretação consiste nuclearmente na comparação entre o caso exemplo
e o caso concreto, em busca de semelhanças à luz do sentido do direito. Desta
comparação, podem resultar várias hipóteses de interpretação:
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Aqueles mesmos topoi – que se reconduzem a uma das notas capitais do atual
pensamento jurídico metodologicamente comprometido, o de que o seu objeto é a
judicativo-decisória realização do direito e não a lógico-dedutiva aplicação da lei – e ainda
o adequado entendimento do sistema jurídico determinam uma totalmente diferente
conceção do exercício metodonomológico:
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Deste modo, perfila-se, diante de nós, uma escala gradativa distinta da sublinhada
pelo positivismo, em que as concludentemente reconhecidas centralidade do caso e
sentido do sistema determinam a distinção dos concretos problemas jurídicos que
encontram na predisponível e apenas redensificável normatividade jurídica o
citério/fundamento da sua decisão judicativa, daqueles outros que autenticamente
postulam o aludido desenvolvimento transsistemático do direito (i.e. o alargamento em
extensão, que não o mero aprofundamento em intensão, do corpus iuris).
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A INTEGRAÇÃO
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indubitavelmente o desmentiam, pois sempre estes últimos hão-de ser mais do que as
leis.
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Por fim, note-se que esta via do pensamento tradicional, é a via em que afinal se
inscreve o artigo 10.º do CC – confinava a analogia à integração das lacunas, quando nós
igualmente a reconhecemos como a modalidade de raciocínio ajustado ao problema da
judicativo-decisória realização do direito por mediação de critérios jurídicos disponíveis
e circunstancialmente mobilizáveis.
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OS CRITÉRIOS DA INTEGRAÇÃO.
A analogia
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sustentam não comportarem aplicação analógica, mas que hoje em dia se não duvida
que admitem).
Com efeito, não estamos a falar de lacunas, pois estas omissões contra o sistema
assentavam na absolutização da respetiva pré-definibilidade. Do que se trata, é do dever
de decidir judicativamente aqueles problemas que impõem um não meramente
reconstrutivo, mas autenticamente constitutivo, desenvolvimento do sistema da
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juridicidade, que exigem uma afoita mutação, em lugar de uma tímida evolução da
normatividade jurídica.
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