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9.

A política da Lei Negra – Edward Thompson


Contexto: 1723 e a Lei negra.
Porque foi instaurada? Houve alguma emergência para que alguma medida fosse tomada?
Poderiam a autoridades recorrer pra algo menos sanguinário?
O contexto era emergencial pois havia ataques simultâneos a propriedade real e privada;
humilhação pública das autoridades; fidalguia das áreas afetadas sofrendo ataques nas tentativas
de impor ordem. O que para Thompson era um sintoma de algo próximo a uma guerra classista.
Os negros tinham apoio das comunidades florestais, negros neste sentido eram aqueles que não
respeitava a lei e agiam com truculência. “Era esse deslocamento da autoridade, e não o antigo
delito de roubo de cervos, que constituía uma emergência aos olhos do governo.” P. 246 – 3
Estes comportamentos precisavam ser reprimidos, e por isso surge a nova legislação. É
necessário ressaltar que não há evidências que as vitimas e autoridades florestais solicitaram
essa lei, “elas sugeriam editais e recompensas, estacionamento de tropas nos distritos
perturbados, sentenças mais pesadas contra ladrões de cervos.” Pp. 246 Antes não havia
nenhuma legislação que condenasse o abate de árvores, gados entre outros à pena de morte,
poderiam ser um dano doloso, mas não levaria à morte. (Lei em perspectiva histórica – na
necessidade do contexto práticas até então comum se tornariam criminosas).
Lei negra como um arsenal para reprimir o distúrbio social. Não necessariamente aqueles que
eram pegos nela estavam cometendo o crime, segundo Thompson “os delitos desses homens
consistiam em aparecer “armados e disfarçados” na floresta, e não foram acusados de nenhum
dos delitos mais graves [...] que supostamente ocasionariam a lei.” Pp. 247
Interlocução: Pat Rogers, critica ao altor por analisar os Negros através das evidências
produzidas pelas autoridades que os recriminavam.
“Sabemos alguma coisa sobre os objetivos dos Negros a partir de suas ações, podemos inferir
pouca coisa sobre suas motivações, quase nada sabemos de sua organização e deveríamos
hesitar antes de nos pronunciar sobre seu valor moral” pp. 248
Há um perigo em utilizar o juízo moral antes de recuperar as evidências pois elas podem
contaminar a investigação, os negros por exemplo eram vistos como criminosos, e por isso o
autor problematiza essa perspectiva:
“Com espiões à volta, prêmios mercenários pelas suas cabeças e sabendo constantemente que a
informação de um colega podia leva-los à força, é provável que tenham sido conduzidos para
um submundo grosseiro de violência e chantagem, o qual pode ser facilmente ordenado e
classificado como ‘uma subcultura criminosa’.” Pp. 249 Negros submetidos à opressão social e
econômica e isso não os tornavam heróis nem vilões.
Com essa perspectiva Rogers não reconhece as evidências que demonstrem as resistências a
opressão desses indivíduos diante das normas sociais que os deixavam em situação precária.
Dessa forma aqueles que são tidos como ‘criminosos’ fazem parte do que é tido como
subcultura, mas na verdade são pessoas comuns e plebeias dessa forma todos os plebeus seriam
criminosos? Aí está um problema, a forma como subcultura é empregada de maneira universal
na sociedade.
“Se após o fechamento das terras comunais, as cercas eram derrubadas – se os pedágios eram
atacados -se os carregadores de carvão acossavam seus subempreiteiros – se recebiam cartas de
ameaça, seria de certa forma reconfortante afirmar que essas violências eram obra de ‘uma
quadrilha’. “ pp. 251
Categorias de análise: quadrilha e subcultura 1 – Análise da infraestrutura para essas. (o que
possibilitam que estes se tornem uma quadrilha?)
Criminoso desumaniza esses indivíduos – Eram vistos como ameaça à autoridade propriedade e
ordem.
Lei negra – Aprovada como emergência, inicialmente por 3 anos. Foi aprovada pela câmara
num contexto de pânico por conspirações jacobitas e por uma fidalguia que não gostava dos
caçadores clandestino, o que gerou o consentimento. Através dela pagava-se recompensas a
mercenários. Thompson demonstra que a lei não aconteceu porque tinha que acontecer, mas foi
resultado de contextos específicos e poderia criar outras, essa perspectiva rejeita a retrodição
histórica.
O que faz essa lei parecer natural? Se tornou uma carta magna da morte contra highlanders,
rebeldes agrários irlandeses e contrabandistas ingleses. Aqueles que formularam e decretaram a
lei eram homens que viam a propriedade e o status privilegiados com um peso maior na escala
de justiça, logo passariam a punir aqueles que os descumprissem.
“Sob alguns aspectos, o século 18 demonstrou uma tolerância: homens e mulheres não eram
mais mortos e torturados por suas opiniões ou crenças religiosas, como feiticeiros heréticos; [...]
mas a cada decênio, definiam-se mais e mais invasões da propriedade como delitos capitais.”
Pp. 254

pp. 254
A política na Ingleterra desse período se movia através de favores políticos e militares, os
Whigs eram assim e o próprio Walpole ao se tornar primeiro-ministro agia da mesma forma.
Walpole trouxe a público as conspirações jacobitas que serviu de pretexto para utilizar tropas
em determinados locais, a suspensão do habeas corpus por um ano e uma taxa de punição aso
católicos além de solicitar juramento de lealdade. Thompson utiliza relatos para demonstrar o
que as pessoas achavam pois havia um descontentamento político entre o povo.

pp. 275

1
Trazem consigo preconceitos para as evidências que Thompson analisa.
pp. 274 – descontentamento através
das músicas.
Thompson demonstra como muitos dos que sofriam nas mãos dos ditos Negros eram pessoas
ligadas à câmara dos Lordes e dos comuns, pessoas ligadas à classe mais alta o que demonstra
que a mesma servia ao interesse dos que mais tinham poder, no entanto a mesma só foi possível
com um consenso sobre o valor e importância das propriedades.

pp. 281
A lei foi sendo renovada com o passar dos anos e perpetuada em 1758. A lei negra demonstra
um declínio da eficiência de antigas formas de controle. Delito contra a propriedade seria um
crime passível de morte, o que garantia assim os ideais liberalistas já crescentes nessa sociedade
antes mesmo da promulgação da mesma.

pp. 282
Thompson utiliza como fonte relatórios dos oficiais de justiça para demonstrar como a Lei
negra era aplicada em delitos que podias se resolver com outras leis.
pp. 284-285
A Lei Negra um ano após sua aprovação, saiu do estado de emergência e se tornou arsenal para
repressão para eliminar aqueles que não respeitavam a nova ordem, isso pode ser descrito nos
documentos de Hardwicke.

pp. 287.
Thompson critica a ideia de que a lei negra era uma possibilidade resultante de “sua época” pois
havia muitas pessoas que discordavam delas e não necessariamente eram jacobinos, para
demonstrar essa insatisfação Thompson resgata a opinião do historiador Baptist Nunn em
relação ao seu colega de escola Thomas Hearne que era um Whig.

pp. 291
Thompson explica sua pesquisa, onde na primeira parte demonstrou o que seria e emergência
específica que gerou a Lei Negra; após passou indicar a ideologia e os interesses dos que
elaboraram a lei além daqueles que reagiam a ela. Alega não contribuir para ideia de que
Walpole, Yorke ou Paxton imaginassem os usos que a lei teria (não é uma retrodição), mas que
o tipo de redação a essa lei fora determinado pela ideologia e sensibilidade do tipo de gente no
poder e esses homens utilizavam de acordo com seus interesses os poderes que tinham em
mãos.

pp. 292
Para Thompson é necessário nos questionar os motivos de alguns homens do mesmo período
serem críticos à lei mesmo não sendo jacobitas, quais suas motivações? Precisa-se sair da
perspectiva de “padrões de época”. As pessoas não precisam simpatizar com os Negros para
terem uma opinião contra a lei. Sai do binarismo, Negros e Estadistas, isso é dar agência e
ênfase aos indivíduos dentro do contexto no qual estavam inseridos.
Thompson demonstra que neste contexto Swift criava as Viagens de Gulliver conde o reino de
Tribnia era composto de testemunhas, informantes, acusadores e juradores o que trazia na obra
referência do período em que o autor vivia. As produções artísticas podem trazer consigo
aspectos do cotidiano.

pp. 294

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