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Trabalho de filosofia do Direito

Faculdade central do Recife


Professor: Avner Pinheiro Cavalcanti
Ronaldo Santos
Direito 2023.1

RESENHA CRÍTICA DO TEXTOS: O CASO DOS DENUNCIANNTES INVEJOSOS E O CASO


DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS.

O caso dos Denunciantes Invejosos

Uma nação de pouco mais de vinte milhões de habitantes vivia um longo período de paz, sob um
regime democrático, constitucional e pacífico. Mas, a paz fora quebrada por crises econômicas e
revoltas populares que resultaram na eleição de um dos líderes de um dos partidos políticos
denominado de “Camisas-Púrpuras”. Seus líderes, no entanto, instituíram um regime autoritário,
agindo com “mãos de ferro”, massacrando e assassinando opositores. Mesmo assim, a Constituição
ou os Códigos Penais não foram modificados ou revogados. Aos opositores de outros partidos,
optou-se pelo confisco de bens com emprego de violência física. Aos aliados foi dada anistia.
O período tenebroso outrora estabelecido, no entanto, acabou, pois, os “Camisas-Púrpuras” foram
derrotados e um novo regime democrático foi estabelecido. Mas, alguns problemas espinhosos
resultaram do antigo regime. Um deles, é o caso dos “Denunciantes Invejosos” e, você, na função
de Ministro de Justiça de seu país, vai precisar resolver. Para tanto, você convocou cinco deputados
para darem opiniões sobre o que deveria ser feito aos réus, pois parte da população exigia sua
punição, já que muitos opositores morreram em consequência da inveja desses indivíduos.
O primeiro deputado considerou que nada poderia ser feito, pois, como estavam sob o
regime de um outro governo, mas sob a mesma Constituição, agindo dentro de sua própria
legalidade, puni-los acarretaria em fazer o mesmo que eles repudiavam no governo passado. O
segundo deputado concordou com o primeiro em relação a não punir os denunciantes invejosos,
mas sob ideia oposta. Para ele, não havia legalidade num governo que agia punindo opositores com
uso de força, pois, era preciso que aquele que estava sendo julgado conhecesse as leis também. Por
isso, os atos dos invejosos nem eram legais nem ilegais naquele tipo de governo. O terceiro tratou
de relativizar os atos cometidos comparando-os a ações da trivialidade humana, sem acusar ou
isentar os delinquentes de culpa. Para ele, os casos deveriam ser julgados de acordo com o que
pessoalmente ele considerasse delito, a exemplo dos que representassem uma ameaça ao governo
instituído. Assim, embora tenha elogiado as falas dos outros dois, preferiu não opinar a respeito do
caso. O quarto deputado criticou a posição do terceiro por acreditar que ela permitia ao juiz criar
suas próprias leis e agir por conveniência. Para ele, seria necessário criar novas leis para a punição
dos réus, deixando de lado as antigas, como única forma de resolver o problema. O quinto deputado
criticou o anterior por propor a edição de leis as quais ele considerava retroativas e questionou que
leis seriam essas. Além disso, ele considerou que para o bem ou para o mal a lei e a ordem deveriam
ser preservadas no regime dos Camisas Púrpuras e, para isso, dever-se-ia liberar a população para
que agisse com as próprias mãos, assim como a polícia e promotorias deveriam fazê-lo. Escolho a
opinião do quinto deputado.

O Caso dos Exploradores de Cavernas


O texto “O Caso dos Exploradores de Cavernas” mostra aos leitores a quão complicada e subjetiva
pode ser a justiça, onde a moral e o direito podem acabar se confundindo dentro de um julgamento.
A história contada pelo autor do livro, Lon Fuller, retrata muito bem essa dupla interpretação,
apresentando as diferenças entre Jus-naturalismo e Jus-positivismo.

O livro conta a história de cinco membros de uma sociedade espeleológica que exploravam uma
caverna quando ocorreram deslizamentos que acabaram fechando a única saída da caverna, os
deixando presos. Os exploradores conseguiram manter contato com o exterior através de um rádio,
porém, devido ao fato de outros deslizamentos ocorrerem, o que acarretou na morte de dez
operários que tentavam ajuda-los, o resgate ainda demoraria cerca de 10 dias, na melhor das
hipóteses.

Os cinco espeleólogos já estavam ficando sem alimentos e sem recursos e, por isso, foi sugerido por
um deles, Roger Whetmore, que fosse feito um sorteio, onde o escolhido deveria ser morto para
alimentar os outros quatro e os manter vivos até o resgate. Por se tratar de uma solução polêmica e
delicada, as autoridades religiosas e médicos decidiram não se manifestar quando consultados pelo
Whetmore, que acabou sendo o sorteado, servindo de alimento para os outros quatro sobreviverem.

Os companheiros de Roger Whetmore conseguiram ser resgatados e encaminhados à um hospital


para se tratarem fisicamente e psicologicamente de todo o acontecido. Porém, acabaram sendo
indiciados e condenados por homicídio por um conselho de jurados que acabou optando por
declará-los culpados e condenados à pena de morte pelo juiz. Essa decisão acabou dividindo a
população e o próprio conselho de jurados, o qual decidiu, então, fazer uma votação entre os juízes
para decidir o desfecho do caso.

Nesse momento, a divisão entre jus naturalistas e jus positivistas veio à tona. Enquanto os jus
naturalista, como o juiz Foster, votavam a favor da inocência dos réus, alegando que não estavam
julgando o caso em si, mas sim o valor das leis do Estado, que estariam em risco, caso inocentassem
os exploradores, os jus positivistas, como Keen, por mais que se sentissem comovidos pela situação,
acreditavam que a lei deveria ser seguida, e que todos deveriam pagar pelo homicídio que
cometeram. Após uma votação bem disputada, foi decidido que os réus eram culpados e que
deveriam pagar com pena de morte, sendo então enforcados.

Essa história retrata, de forma muito interessante, como as leis do Estado nem sempre são justas,
por mais que devessem trazer Justiça para a população. Há muitas situações onde o réu, por mais
que tenha cometido algum crime, tenha-o cometido para garantir a própria segurança e
sobrevivência, como é o caso dos exploradores, que inclusive, com o consenso do próprio
Whetmore, que morreu para os salvarem, acabaram sendo condenados injustamente à pena de
morte, pois decidiram seguir à risca as leis do Estado, fazendo com que não somente o Whetmore
tenha morrido, mas também todos os outros quatro que apenas tentavam sobreviver. É interessante
também, como foram introduzidas na história as diferentes perspectivas entre jusnaturalismo, que
defende os valores como pressuposto e existência de leis naturais, e o juspositivismo, onde apenas
as leis impostas pelo Estado são vistas como Direito propriamente dito.

Fontes consultadas

BRASIL.DIMITRI DIMOULIS.(ed.)O caso dos Denunciantes Invejosos: o caso dos denunciantes


invejosos. Brasilia, 2019.

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