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Julgamento simulado.

Gostaria de cumprimentar a todos aqui presentes, e neste momento a República Cardenal


gostaria de apresentar suas alegações iniciais.
Os fatos já foram apresentados pelos peticionários aqui presentes mais gostaríamos de
realizar um breve resumo.
O povo indígena de XUCURI tradicionalmente residia em terra ancestrais que foram
colonizadas pela espanha. Alguns séculos mais tarde as Repúblicas independentes de
Cardenal e Celeste concordaram em dividir a área e entraram em tratados fronteiriços com
o outro. Diga-se que ambos são membros fundadores da OEA e ratificaram todos os
tratados de direitos humanos da organização.
A república cardenal ainda ratificou o estatuto do tribunal penal internacional e a convenção
sobre a imprescritibilidade dos crimes de guerra e dos crimes contra a humanidade.
Durante um longo período a república cardenal foi governada por uma ditadura militar.
Durante todo este período centenas de pessoas foram mortas, massacradas, violentadas.
Mas para entender o cenário que gerou tantas mortes, cumpre informá-los sobre um grupo,
chamado MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO LIBERDADE XUCURI, que surgiu com a
intenção de derrubar a ordem existente e implementar um estado comunista. Esse grupo
era formado tanto por indígenas como por não indígenas.
Com o surgimento desse grupo, foi espalhando pela república inúmeros conflitos, com atos
de terrorismo, de violência, de sequestros e desenvolveu-se na população um forte
sentimento contra os atos desse grupo.
O que foi bem visualizado nas eleições realizadas no final da década que elegeram o
presidente Amando ferreira. O novo presidente tentou implementar uma política maior de
segurança o que intensificou os conflitos. A crise política instaurada fez com que o
presidente ferreira deixasse o cargo e houve novas eleições.
Foi eleita Gabriela Nunes como nova presidente, a nova governante tinha uma campanha
voltada para a negociação política da paz.
Após 2 anos de negociações o MRLX e o Governo chegaram a um acordo baseado em 3
pontos: a autonomia das regiões e reconhecimento do povo xucuri, reforma constitucional
democrática e mecanismos de transição para garantir a paz e os direitos das vítimas.
O estado ratificou a COnvenção da OIT 169, concordou com um programa específico para a
emissão de títulos de terra para as comunidades Xucuri.
Foi convocada uma assembléia para reformar a constituição, essa reforma propôs romper
com este passado repressivo, foi um processo democrático discutido e aprovado por
maioria da população. essa nova constituição modificou ainda a relação que havia entre
estado e a economia.
Tanto os membros dos guerrilheiros como o das forças armadas pediram uma política de
perdão e esquecimento quanto às violações ocorridas durante a ditadura. No entanto, este
pedido foi recusado pelo governo, sob a alegação que os direitos das vítimas tinha maior
prioridade.
O Governo reformou ainda as organizações das vítimas para que elas participassem mais
dos diálogos durante estas negociações.
Percebe-se que o Estado esteve sempre preocupado com a garantia dos direitos das
vítimas em primeiro lugar. Tanto que foi estabelecida uma comissão da verdade, que tinha a
finalidade de investigar as violações dos direitos humanos ocorridas. Foi garantida ainda as
devidas indenizações.
O governo promoveu uma aproximação holística da justiça transicional na qual, dados os
imperativos de paz e justiça e as limitações fáticas e políticas derivadas da suspensão
negociada de um conflito armado, era necessário não focar exclusivamente em uma medida
ou uma forma de justiça. No âmbito deste plano um dos componentes da justiça devem ter
uma medida de justiça punitiva, no entanto ela devia ser limitada e seletiva pois não seria
possível investigar todas as violações graves de direitos humanos, nem punir a todos os
responsáveis, nem impor-lhes as penas comuns. Para tanto, foi proposta a Legislação de
Responsabilização, Fechamento e Reconciliação.

Esta lei colocava como dever do Estado investigar, processar e punir as graves violações
dos direitos humanos ocorridas.

Deve ser levando em consideração ainda que essa situação jurídica transicional vivida pela
república cardenal, foi reconhecida como legítima pela sociedade cardenal, pela
comunidade internacional e inclusive pela Corte Penal Internacional.

Quanto à punição, as partes concordaram que deveria ser implantado várias alternativas
para as penas ordinárias.
Enfim todas as medidas de transição acordadas na mesa de negociação foram aprovadas
por maioria de votos no Congresso. Além disso, os acordos alcançados nas negociações
foram ratificados por referendo popular com a aprovação de 95% dos eleitores.

Neste momento cabe-nos explicar um fato importante que desencadeou esse


julgamento.Voltando um pouco para o período da ditadura, especificamente em 1999, o
MRLX, começou a atacar alvos estratégicos, que consideravam “a oligarquia racista” nas
cidades. No ano de 2000, alguns deste guerrilheiros sequestrou um ônibus escolar com 23
crianças. Em troca da liberdade das crianças, exigiram pagamento monetário, a libertação
de pessoas detidas por atos de rebelião e terrorismos, e garantias de passagem segura
para um país neutro.

Quem estava governando ainda era o presidente ferreira e ele obviamente recusou esta
proposta, ordenando que uma unidade anti sequestro localizassem estas crianças e
prendessem os responsáveis. A partir desta operação foi encontrado o paradeiro e
chegando lá, a unidade pediu as sequestradores a liberdade das crianças em troca suas
vidas seriam respeitadas. Os captores responderam com tiros, e o relatório afirma que após
este momento um estrondo foi ouvido de dentro da casa. Na sequência os membros da
unidade conseguiram adentrar a casa, e 2 dos sete captores estavam mortos e em um
quarto foi encontrado 4 crianças mortas como resultado daquela explosão antes ouvida.

Ressalte-se que Ricardo Parafuso estava entre estes militantes, fato este confirmado
posteriormente pelas declarações de outros militantes. Além disso era o comandante do
MRLX.

Embora comprovada toda esta participação do réu, o Estado reconheceu seu erro quanto
às punições aplicadas a Ricardo Parafuso. Tanto que houve reparações coletivas aos povos
XUCURIS ao qual ele pertencia, foram realizados ainda vários atos simbólicos, várias das
condenações contra líderes da área foram anulados, e estes líderes ainda foram incluídos
no registro de vítimas e remunerados conforme as orientações legais.
O estado reafirma seu cumprimento com as normas internacionais.

Deve ser levando em consideração ainda, a situação jurídica transicional vivida pela
república cardenal, que é foi reconhecida como legítima pela sociedade cardenal, pela
comunidade internacional e inclusive pela Corte Penal Internacional.

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