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HISTÓRIA

2ª SÉRIE

TRANSIÇÃO PARA DEMOCRACIA BRASIL


COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

AULA 39
OBJETIVO

● Discutir o papel dos agentes do Estado, que atuaram contra a


população em nome dos governos ditatoriais brasileiros entre
1964-1985, apontados pela Comissão Nacional da Verdade.

Importante: Você está preparado para a Prova


Paraná? O conteúdo desta aula aborda os
descritores que serão avaliados! Fique ligado!
CONTEXTUALIZANDO
O encerramento do Regime ditatorial brasileiro foi marcado pela
criação da Lei n° 6.683, a Lei da Anistia. Assim como ocorrido em
alguns dos países vizinhos, esta lei foi criada para encerrar
processos e penas contra pessoas acusadas de praticar crimes
políticos, no período dos governos autoritários.

ESTUDANTE! 3 min

No Brasil, o entendimento de crimes políticos durante os governos


ditatoriais abrangia que grupos? Como a criação desta lei foi
recebida pela sociedade?
Responda e aguarde a indicação do professor para compartilhar.
A LEI DA ANISTIA
A lei contemplou os crimes cometidos no período de 2 de setembro de
1961 a 15 de agosto de 1979 e garantia o retorno dos exilados ao país;
o restabelecimento dos direitos políticos suspensos de servidores da
administração direta e indireta, dos servidores do Legislativo e do
Judiciário e de fundações ligadas ao poder público.
Também estendia esses benefícios aos militares envolvidos em crimes
cometidos contra aqueles que foram detidos.
Fato que gerou manifestações contrárias na
sociedade civil e ainda hoje provoca debates
sobre a amplitude da LEI No 6.683, DE 28 DE
AGOSTO DE 1979.
QUESTÕES SOBRE A LEI DA ANISTIA
“Deixar de punir crimes contra
“A anistia encheu o país de alegria e a humanidade, como a
de esperança. Pavimentou o caminho tortura, é arriscado. Significa
para a democracia, mas o projeto de consentir com uma insidiosa
lei aprovado pelo Congresso Nacional situação de exceção, acatar
em 1979, atendeu apenas parte das um enclave de ilegalidade na
necessidades legais da época. Não ordem jurídica. Isso, sim,
previu investigações e sanção de ameaça feio o Estado de
graves violações de direitos Direito.” - professora doutora
humanos.” - deputado federal Décio da ECA-USP, Marília Fiorillo.
Lima.
PRESSÕES INTERNACIONAIS
O Brasil é signatário de diversos acordos e documentos
da Organização das Nações Unidas, que consideram a
tortura um crime comum, e imprescritível. Aderiu à
Convenção Americana sobre Direitos Humanos e a
reconheceu como obrigatória.
A condenação do Estado Brasileiro, por
unanimidade, pela Corte Interamericana
de Direitos Humanos em 2010, reabriu o
debate sobre a necessidade de dar
interpretação autêntica à Lei da Anistia a
fim de adequá-la ao cumprimento da
sentença decretada pela referida Corte.
A CRIAÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE
Diante das fragilidades jurídicas e das pressões externas quanto à Lei
da Anistia, em 16 de maio de 2012 foi criada a Comissão Nacional da
Verdade, com a finalidade de examinar e esclarecer as graves
violações de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8º
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a fim de efetivar o
direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação
nacional.
2 min
ESTUDANTE!
Elabore uma frase em que você avalia a
importância da Comissão Nacional da Verdade
na (re)construção democrática nacional.
A COMISSÃO DA VERDADE
A Comissão da Verdade insere-se na problemática do que se
denomina de Justiça de Transição. Diz respeito, na passagem de
regimes autoritários para a democracia, pelas distintas formas por
meio das quais uma sociedade lida com um passado de repressão.

Comissões de Verdade, no contexto da Justiça de


Transição, têm basicamente como objetivo estabelecer
uma verdade sobre graves violações de direitos
humanos ocorridas na vigência de regimes autoritários.
OBJETIVOS DA CNV
I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações
de direitos humanos;
II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas,
mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua
autoria, ainda que ocorridos no exterior;
III - identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e
as circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos
humanos e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais
e na sociedade;
RELATÓRIO DA CNV
Foram 2 anos e sete meses de trabalhos, resumidos em um RELATÓRIO
de cerca de 2 mil páginas, em que foram apontados 377 responsáveis
por crimes durante a ditadura militar brasileira, de 1964 a 1985. O
documento fixou em 434 o número de mortes e desaparecimentos de
vítimas ao longo de todo período analisado pela Comissão, 1946 - 1988.
Mesmo que deixe a desejar quanto à ESTUDANTE!
real responsabilização dos culpados, a Elabore um pequeno
CNV é vista como um avanço do ponto texto, no qual você
de vista democrático, justamente por interpreta a frase ao lado.
esmiuçar acontecimentos recentes que, Ao sinal do professor,
por vezes, tendem a ser relativizados. compartilhe. 4 min

http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_3_digital.pdf
REPARAÇÕES DA CNV
A Justiça determinou a mudança dos atestados de óbito do jornalista
Vladimir Herzog e do estudante Alexandre Vannucchi Leme.
Ficou oficializado que ambos foram mortos pelo
regime militar, depois de serem torturados. Nas
versões originais dos militares os dois haviam se
suicidado, Herzog enforcado na prisão e
Vanucchi atropelado por um caminhão.
No caso de Herzog, a causa mortis foi modificada para
morte em decorrência “de lesões e maus-tratos sofridos em
dependência do II Exército”. Já a de Vannucchi, que o regime
militar divulgou que ele se jogou contra um caminhão, foi
estabelecida “lesões decorrentes de tortura e maus-tratos”.
REPARAÇÕES DA CNV
A CNV também trouxe importantes revelações sobre a morte de
Rubens Paiva, deputado federal cassado logo após o golpe de 1964.
Foi identificado um torturador e comprovado que Paiva foi assassinado
no DOI-Codi do Rio de Janeiro. Seu corpo foi jogado em um rio,
segundo o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, que não só
confessou que torturou, matou e ocultou cadáveres de presos
políticos, como também contou que as práticas eram de conhecimento
dos altos escalões das Forças Armadas.

Paiva foi levado por agentes de sua casa, no Leblon,


na presença da família. Nunca mais foi visto.
RETOMADA
Na aula de hoje estudamos o processo de instalação e objetivos
da Comissão Nacional da Verdade.
Mesmo sem punir ou processar acusados de práticas contra os
Direitos Humanos, em nome do regime militar, a CNV teve
importante papel para discutir e reavaliar o passado recente da
sociedade brasileira.

Professor, caso tenha alguma sugestão ou elogio para esta aula, acesse:
https://forms.gle/ZuC8G4UPYMEdztJy5
REFERÊNCIAS
BOULOS, Alfredo Jr. História: Sociedade & cidadania. São Paulo: FTD, 2018.
FICO, Carlos. História do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2015.
NAPOLITANO, Marcos, 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014.
SCHWARCZ, Lília Moritz; STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Sites e Imagens:
https://www.migalhas.com.br/depeso/155965/consideracoes-sobre-a--comissao-nacional-da-verdade
https://www.oas.org/pt/cidh/
https://blog.grupogen.com.br/juridico/areas-de-interesse/humanos-fundamentais/convencao-americana-sobre-direitos-humanos/
https://www.arpenba.org.br/stj-congresso-sobre-convencao-americana-de-direitos-humanos-tera-transmissao-ao-vivo/
https://bd.camara.leg.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/15177/lei_anistia_debate.pdf?sequence=3
http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2008/10/debate-a-lei-da-anistia-deve-ser-revista/
https://www.geledes.org.br/8-descobertas-da-comissao-da-verdade/?amp=1&gclid=CjwKCAjwt52mBhB5EiwA05YKoy6YvyrCt5r99vMtkzQaH16uC_1VS
3nA2qealKY23ScMNxcW50drOhoCgSsQAvD_BwE
http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/
http://memorialdaresistenciasp.org.br/pessoas/alexandre-vannucchi-leme/
https://www.redebrasilatual.com.br/politica/ministerio-publico-stf-rubens-paiva/
https://www.dw.com/pt-br/o-legado-da-comiss%C3%A3o-da-verdade-10-anos-depois/a-61810166

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