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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS

Ana Carolina Guimarães Silva 15377


Ana Carolina Pinto 15831
Ana Clara Donate de Sousa Sant'Ana 15364
Claudia Gonçalves Cassimiro 04446
Dayana Gonçalves Ribeiro 02466
Erick Henrique Cassimiro Veloso 15601
Giovanna De Abreu Amaral 15503
Ingrid Vitória de Faria Batista 15460
Isabelle Aparecida Mendonça Amâncio 15667
Isadora Duarte Modesto 15583
Julia Araújo Campos 15410
Kailaine Campos Pereira Santos 15336
Letícia Gabriela Alves Silva 15501
Maria Fernanda Gonçalves de Faria 15557
Marinelle Maria de Lima 15906
Micaela Caroline de Oliveira Evangelista 15868
Miriam Monteiro Torres 15502
Nádia Lorena de Campos França 15367
Rafael Vitor Andrade Silva 15384
Raíssa Paula Fernandes 15425
Robert Júnior dos Santos Gervásio 15655
Yasmim Fátima de Araújo 15563

O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS: UMA ANÁLISE DA OBRA


DE FULLER SOB A ÓTICA DO DIREITO POSITIVO BRASILEIRO
PARÁ DE MINAS
2023

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................3
2 SÍNTESE DA OBRA “O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS” E
POSICIONAMENTOS JUSFILOSÓFICOS DOS JUÍZES.................................................3
3 DIREITO NATURAL VS DIREITO POSITIVO..............................................................5
4 OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO..........................................................................7
5 A OBRA DE FULLER À LUZ DO DIREITO POSITIVO BRASILEIRO....................11
5.1 DA TEORIA DO CRIME...........................................................................................11
5.2 DA NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO E RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL
.............................................................................................................................................13
6 COMO O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS SERIA JULGADO NO
BRASIL?................................................................................................................................15
7 CONCLUSÃO.....................................................................................................................20
8 REFERENCIAS..................................................................................................................20
1 INTRODUÇÃO

O livro "O Caso dos Exploradores de Cavernas", publicado pela primeira vez em 1949,
foi escrito pelo jurista norte-americano Lon L. Fuller.
No que diz respeito ao contexto histórico de produção da obra, a comunidade jurídica e o
mundo buscavam respostas para questões complexas relacionadas à moral, ética e justiça, em
razão dos eventos desastrosos que ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial. Além de
discutir dilemas morais, a obra também levanta questões sobre o próprio sistema legal, a
interpretação da lei e as noções de justiça.
Sendo assim, o livro de Fuller ofereceu um cenário fictício que permite a discussão
dessas questões de várias formas diferentes: utilizando conceitos de teoria geral do direito, vê-se
que boa parte da discussão do livro encontra um denominador comum: os dilemas éticos.
Assim, cabe discutir a relação entre o direito e a moralidade, a própria norma jurídica, bem
como as divergências jusfilosóficas entre positivismo e jusnaturalismo. Em âmbito civil, por
exemplo, cabe discutir a natureza e a legitimidade do contrato firmado entre as partes, além da
possível responsabilização civil dos exploradores de cavernas; já no que concerne ao direito
penal, é possível analisar o caso sob o conceito analítico de crime: há o que se falar em crime ou
é possível que a situação esteja amparada em uma excludente de ilicitude?
Por fim, o presente trabalho objetiva avaliar a obra ‘’O caso dos exploradores de
cavernas” sob a ótica do direito positivo brasileiro, analisando a situação discutida no livro do
ponto de vista de diferentes âmbitos do direito.
2 SÍNTESE DA OBRA “O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS” E
POSICIONAMENTOS JUSFILOSÓFICOS DOS JUÍZES

O livro "O Caso dos Exploradores de Cavernas" transcorre no ano de 4300 d.C. Nesse
contexto, cinco exploradores de cavernas ficam presos em uma caverna após um
desmoronamento de terra que impediu a saída. Durante o período em que estão presos, eles
enfrentam a escassez de recursos e a ameaça iminente de morte. Em razão disso, após um breve
diálogo com um médico que estava na parte externa na caverna, um dos exploradores, Roger
Whetmore, declara que a única maneira da maioria não ter sua vida ceifada pela fome seria se,
por meio de um lançamento de dados, eles sorteassem alguém para ser sacrificado a fim de
garantir a sobrevivência dos demais. Porém, momentos antes de ser decidido quem seria
sacrificado, Whetmore resolve se retirar do acordo. Os demais confinados, discordando da sua
decisão, lançam os dados mesmo assim, e na vez de Whetmore os dados são arremessados por
um deles. Sendo Roger o perdedor, ele é morto e consumido como alimento por seus
companheiros. Após serem resgatados, os exploradores são acusados de homicídio pela morte
de Whetmore e condenados em 1ª instância à morte por enforcamento, com base na redação
legal: “aquele que voluntariamente tirar a vida de outrem será punido pela morte” N. C. S. A.
(N.S.) § 12-A.
Todavia, diversos foram os entendimentos dos juízes que lidaram com o caso em
instância superior. O ministro presidente Truepenny C.J., positivista não radical, faz o relato do
caso e entende que é recomendável prosseguir da mesma maneira que fizeram o júri e juiz em 1º
grau, com a diferença de que seria melhor recomendar (e não solicitar), dadas as circunstancias
do caso, ao chefe do executivo que comutasse a pena. Pelo fato de comutação da pena ser
prevista em lei, evidencia-se sua postura positivista.
O segundo ministro, J. Foster, argumenta a favor da absolvição dos réus. De
posicionamento jusnaturalista, Foster discorre que os réus estavam em um estado de natureza, e
por isso se sujeitavam não às leis de Newgarth, mas ao direito natural. Nesse sentido, discorre
ainda que o contrato da caverna seria válido à luz do direito natural, e por isso eles não
poderiam ser acusados de homicídio.
O terceiro ministro, Tatting, de viés positivista, entende, racionalmente, que a lei precisa
ser aplicada. No entanto, suas emoções diante do peculiar caso o deixam confuso,
principalmente em relação ao canibalismo. Por isso, Tatting se abstém de votar. Nesse contexto,
cabe citar que, no Brasil, é vedado o non liquet - o ato de se abster de votar, a não decisão por
parte do magistrado. Nesse sentido, o art. 4º da LINDB diz o seguinte:
Art. 4°. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito. 1

Outro magistrado, Juiz Keen, positivista fervoroso, além de refutar todos os argumentos
do jusnaturalista Foster, repreende o presidente da corte Truepenny por entender que era
necessário recomendar ao chefe do executivo a comutação da pena. Como um positivista
clássico, Keen é muito apegado à literalidade da lei e à separação de poderes. Sendo assim, seu
voto é no sentido da manutenção da condenação.
Por fim, o último juiz profere sua decisão acerca do caso. O autor do livro, Lon Fuller,
escolheu o fictício juiz Handy para, ao mesmo tempo, expor seu ponto de vista sobre o caso e
oferecer uma solução alternativa para o clássico embate entre o jusnaturalismo e o
juspositivismo. Nesse sentido, apresenta aos leitores o realismo jurídico como forma de
superação do embate jusfilosófico. Desse modo, ele apela para uma sabedoria prática que deve
se aplicar à realidade humana, afirmando que o judiciário não pode perder o contato com o
homem comum. Além disso, evidencia a importância da opinião pública, haja vista que a
sociedade civil, em maioria, era a favor da absolvição dos réus.
Posto os argumentos, encerra-se o julgamento. É oferecido ao juiz Tatting voltar atrás e
proferir sua decisão, mas, diante dos fatos discutidos posteriormente, ele opta por manter sua
postura inicial. Por fim, houveram dois votos pela manutenção da condenação (Truepenny e
Keen), dois votos pela absolvição (Foster e Handy) e uma abstenção (Tatting). Pelas regras da
Suprema Corte de Newgarth, a condenação é mantida e os réus são condenados à forca no dia
02/04/4300.

3 DIREITO NATURAL VS DIREITO POSITIVO

Direito Natural e Direito Positivo são duas concepções diferentes sobre a natureza e a
fonte do direito. O Direito Natural é uma teoria que sustenta a existência de uma ordem moral e
ética subjacente à natureza humana que serve como base para o direito. Segundo essa
perspectiva, certos princípios e valores são intrínsecos, derivados da razão ou de uma ordem
divina, e devem ser respeitados em todas as sociedades. Esses direitos são considerados
inalienáveis e irrevogáveis, ou seja, não podem ser negados ou violados por leis ou governos.
Segundo o pensador iluminista John Locke e também considerado o pai do liberalismo, os
direitos naturais incluem o direito à vida, liberdade, propriedade e igualdade.
O Direito Positivo, por sua vez, é o conjunto de normas e regras estabelecidas por uma
autoridade competente, como um governo ou legislatura, para regular a conduta das pessoas em
uma sociedade específica. Essas leis são criadas e promulgadas de acordo com os
procedimentos legais estabelecidos, e sua validade e obrigatoriedade derivam da autoridade do

1
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB)
poder legislativo ou do sistema legal em vigor. O Direito Positivo varia de acordo com o tempo,
o lugar e a cultura, sendo aplicado dentro dos limites territoriais de uma jurisdição específica.
Embora o Direito Natural e o Direito Positivo sejam concepções distintas, é importante
ressaltar que eles podem se sobrepor e influenciar um ao outro. Em muitos casos, os sistemas
jurídicos positivos são influenciados por princípios do Direito Natural, buscando refletir valores
morais e éticos fundamentais. Por exemplo, muitas constituições e declarações de direitos
fundamentais são baseadas em princípios do Direito Natural. Porém, as diferenças entre as duas
concepções podem levar a debates sobre a legitimidade e validade de certas leis e práticas
legais.
O livro "O Caso dos Exploradores de Cavernas" coloca em confronto a questão do
direito à vida (Direito Natural) e a proibição do assassinato (Direito Positivo). Os argumentos a
favor do Direito Natural sustentam que o direito à vida é fundamental e inalienável,
prevalecendo sobre qualquer lei positiva. Segundo essa visão, os exploradores tinham o direito
de preservar suas vidas, mesmo que para isso tivessem que cometer um ato extremo como o
canibalismo. Por outro lado, os defensores do Direito Positivo argumentam que as leis
estabelecidas pela sociedade devem ser respeitadas e que o assassinato é um crime que deve ser
punido, independentemente das circunstâncias. Eles alegam que o Direito Positivo é a base do
funcionamento da sociedade e que seguir as leis é essencial para a manutenção da ordem social.
O autor, Lon L. Fuller, apresenta diferentes perspectivas através dos personagens
envolvidos no julgamento dos exploradores. O Direito Natural é representado principalmente
pela figura do ministro J. Foster, que argumenta que os exploradores têm o direito inalienável à
vida e à autodefesa. Ele considera que o direito à vida é superior às leis positivas estabelecidas
pela sociedade. Segundo essa perspectiva, o julgamento deve levar em conta princípios morais e
éticos.
O Direito Positivo é defendido pelo juiz Keen, que sustenta que os exploradores
cometeram um ato ilegal ao tirar a vida de um membro do grupo, independentemente das
circunstâncias. Ele acredita que as leis positivas devem ser aplicadas de forma rigorosa e que a
justiça deve ser alcançada dentro do arcabouço legal existente.
Ao longo do julgamento, diferentes argumentos são apresentados, refletindo as
divergências entre o Direito Natural e o Direito Positivo. Alguns juristas apoiam a ideia de que
os exploradores tiveram que tomar uma decisão trágica, mas compreensível, dadas as
circunstâncias extremas. Outros defendem a aplicação estrita da lei, alegando que o canibalismo
é um ato criminoso, não importando as razões. O livro provoca reflexões sobre a natureza do
direito e a relação entre o Direito Natural e o Direito Positivo. Ele aborda questões como a
universalidade dos direitos humanos, a flexibilidade das leis diante de situações extraordinárias
e o papel dos valores morais na tomada de decisões judiciais.
É importante ressaltar o Realismo Jurídico, que é uma corrente de pensamento na
filosofia do direito. Os realistas jurídicos argumentam que o direito deve ser estudado e
entendido com base em como ele é realmente aplicado e interpretado na prática, em vez de se
ater apenas às regras formais estabelecidas. Os realistas jurídicos criticam a abordagem
formalista do direito, que se concentra na aplicação mecânica de regras legais sem considerar os
fatores sociais, políticos e econômicos que influenciam as decisões judiciais. Eles argumentam
que o direito é moldado pelas crenças, atitudes e interesses dos juízes e das partes envolvidas no
processo legal, e que esses fatores influenciam o resultado dos casos.
No caso dos exploradores de cavernas, a aplicação do Direito Positivo poderia levar a
uma condenação dos exploradores por assassinato, uma vez que eles tiraram a vida de um
membro do grupo. Porém, uma análise realista poderia questionar se seria justo punir os
exploradores, dadas as circunstâncias extremas e a necessidade de sobrevivência. Portanto, eles
poderiam argumentar que a decisão judicial no caso dos exploradores de cavernas deveria levar
em conta a situação extrema em que eles se encontravam, a escassez de recursos e a necessidade
de preservar a vida. Essa abordagem pragmática pode levar a resultados diferentes daqueles que
seriam obtidos apenas com base na aplicação estrita das regras legais.

4 OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO

O livro "O Caso dos Exploradores de Cavernas" apresenta vários princípios processuais
que são observados ao longo da narrativa. Alguns deles são:
O direito à defesa: O direito à defesa garante que todas as pessoas acusadas de um
crime tenham a oportunidade de se defender perante seus julgadores. O livro retrata o papel dos
advogados de defesa na luta pelos direitos dos acusados. Eles são responsáveis por garantir que
seus clientes tenham a oportunidade de se expressar, questionar as acusações e apresentar
elementos que possam influenciar a decisão dos julgadores. Através desse direito, os acusados
têm a oportunidade de contar sua versão dos fatos, expor suas circunstâncias, apontar eventuais
erros nas investigações e contestar as evidências apresentadas pela acusação. Mas o direito à
defesa não significa impunidade. O objetivo não é permitir que culpados fiquem impunes, mas
sim garantir que o processo seja justo. Ao proporcionar a oportunidade de defesa, o sistema
jurídico busca evitar condenações injustas, assegurando que todos os lados da história sejam
ouvidos e que a decisão seja baseada em um conjunto sólido de provas e argumentos. Em "O
Caso dos Exploradores de Cavernas", o direito à defesa é apresentado como uma garantia
fundamental para a busca da verdade e da justiça. Mesmo diante de um caso complexo e
moralmente controverso, é por meio desse direito que os exploradores têm a oportunidade de se
defender e expor suas perspectivas, permitindo que os julgadores ponderem todos os aspectos
relevantes antes de tomar sua decisão. Portanto, o direito à defesa desempenha um papel crucial
no sistema jurídico, garantindo que todos os acusados tenham a oportunidade de exercer sua
voz, apresentar sua versão dos fatos e confrontar as acusações. Ele representa um princípio
processual que busca a justiça e a equidade, assegurando que a decisão final seja tomada com
base em um processo justo e imparcial.
O devido processo legal: O princípio do devido processo legal garante que todas as
partes envolvidas em um processo legal sejam tratadas de forma justa e equitativa. No livro "O
Caso dos Exploradores de Cavernas", esse princípio é abordado de maneira essencial para a
compreensão do desenrolar do julgamento dos cinco exploradores acusados. O devido processo
legal implica que o Estado deve seguir procedimentos legais estabelecidos para se chegar a uma
decisão justa. Isso envolve garantir que todos tenham acesso à justiça, que sejam notificados
adequadamente das acusações contra eles e que tenham a oportunidade de apresentar sua defesa.
Além disso, o devido processo legal requer que o julgamento seja conduzido de forma
imparcial, com base em evidências e argumentos legítimos, e que a decisão final seja
fundamentada e transparente. Durante o processo, são ouvidas as testemunhas, apresentadas as
provas e os argumentos de ambas as partes. Os juízes responsáveis pela decisão são imparciais e
baseiam suas escolhas na análise cuidadosa dos fatos e das leis aplicáveis.
A presunção de inocência: A presunção de inocência é um princípio fundamental do
direito penal que estabelece que todas as pessoas são consideradas inocentes até que se prove o
contrário. A presunção de inocência significa que, ao ser acusado de um crime, o indivíduo não
é automaticamente considerado culpado. É responsabilidade do Estado apresentar provas
convincentes para sustentar a acusação e demonstrar a culpa do acusado além de qualquer
dúvida razoável. Enquanto isso não ocorrer, a pessoa deve ser tratada como inocente. No livro,
os cinco exploradores são acusados de canibalismo e são submetidos a um julgamento. Durante
todo o processo, o princípio da presunção de inocência é observado, permitindo que os acusados
sejam tratados como inocentes até que a acusação seja devidamente comprovada. Os julgadores
são solicitados a considerar apenas as provas e os argumentos apresentados, evitando pré-
julgamentos e presunções de culpa. A presunção de inocência protege os direitos e a dignidade
dos indivíduos. Ela garante que ninguém seja tratado como criminoso ou sofra consequências
prejudiciais sem que haja evidências suficientes para respaldar a acusação. Ao exigir que a
culpa seja comprovada além de qualquer dúvida razoável, a presunção de inocência busca evitar
condenações injustas e a violação dos direitos fundamentais. A presunção de inocência não
implica em impunidade. Caso as provas apresentadas no processo sejam suficientes para
estabelecer a culpa do acusado, a presunção é afastada e a pessoa pode ser considerada culpada.
Porém, até que isso ocorra, o princípio da presunção de inocência deve prevalecer.
A imparcialidade do juiz: A imparcialidade do juiz garante que as decisões sejam
tomadas de maneira justa e exige que o juiz esteja livre de qualquer tipo de preconceito,
interesse pessoal ou influência externa que possa comprometer sua capacidade de tomar uma
decisão imparcial e baseada apenas nos fatos e nas leis aplicáveis. O juiz deve ser imparcial
tanto em relação às partes envolvidas no processo quanto em relação ao próprio caso em
questão. No livro, os juízes responsáveis pelo julgamento dos exploradores são retratados como
figuras imparciais, comprometidas em seguir os princípios do devido processo legal e em
garantir um julgamento justo. Eles ouvem as alegações das partes, analisam as provas
apresentadas, avaliam os argumentos e aplicam as leis pertinentes para chegar a uma decisão. A
imparcialidade do juiz é fundamental para assegurar a confiança e a credibilidade no sistema
judicial. Quando um juiz age de maneira imparcial, as partes envolvidas no processo têm a
garantia de que serão tratadas de forma justa e que suas perspectivas serão consideradas de
maneira imparcial na tomada de decisões. A imparcialidade do juiz é crucial para garantir que a
justiça prevaleça sobre quaisquer influências externas, pressões políticas ou interesses pessoais.
O juiz deve estar comprometido em tomar decisões baseadas unicamente nas evidências e
argumentos apresentados durante o processo, sem deixar-se influenciar por fatores externos que
possam comprometer sua imparcialidade.
A proporcionalidade da pena: A proporcionalidade da pena é um princípio central do
direito penal que estabelece que a sanção imposta a um indivíduo condenado por um crime deve
ser proporcional à gravidade e à natureza da conduta criminosa. Busca evitar punições
excessivas e desproporcionais, garantindo que a sanção seja adequada e razoável em relação à
ofensa cometida. Isso significa que a penalidade imposta deve estar em conformidade com a
gravidade do crime, levando em consideração fatores como a culpabilidade do acusado, a
magnitude do dano causado, as circunstâncias do delito e quaisquer outros elementos relevantes.
Ao longo da narrativa, a questão de como a lei deve aplicar a pena em um caso tão peculiar e
moralmente complexo é debatida. A proporcionalidade da pena surge como um princípio
processual que busca equilibrar a responsabilização do acusado com a consideração das
circunstâncias únicas do caso.
A clareza na formulação das leis: A clareza na formulação das leis assegura que as
leis sejam redigidas de forma clara, precisa e de fácil entendimento para que todos possam
compreendê-las. Quando as leis são claras, as pessoas podem conhecer seus direitos e
obrigações de forma precisa, evitando interpretações equivocadas e inconsistências na aplicação
da lei. O caso apresenta uma situação moral e jurídica complexa, na qual a interpretação da lei é
fundamental para a decisão do tribunal. Os argumentos em torno da clareza da lei surgem
quando os juízes debatem se a lei que proíbe o assassinato se estende ao caso dos exploradores
ou se há exceções a serem consideradas em situações extremas de sobrevivência. A clareza na
formulação das leis também está relacionada à noção de legalidade e ao princípio da segurança
jurídica. Quando as leis são claras e acessíveis, os cidadãos têm a confiança de que suas ações
serão regidas por regras previsíveis e compreensíveis. Isso promove a estabilidade e a ordem
social, além de permitir que os indivíduos possam exercer seus direitos e cumprir suas
obrigações de maneira informada.
O contraditório: O princípio do contraditório estabelece que todas as partes envolvidas
em um processo têm o direito de se manifestar, apresentar suas razões, contestar as alegações da
parte contrária e participar ativamente da produção de provas. O contraditório visa garantir a
igualdade de armas entre as partes, permitindo que cada uma delas exponha seus argumentos e
evidências, rebata as acusações e tenha a oportunidade de influenciar o convencimento do juiz.
Ele assegura que a decisão judicial seja resultado de um debate justo, no qual todos os pontos de
vista relevantes sejam considerados. No livro, os acusados e seus advogados têm a oportunidade
de apresentar suas defesas e argumentos, questionar as provas e os depoimentos apresentados
pela acusação, além de serem ouvidos e terem suas perspectivas consideradas. Os debates e os
questionamentos entre as partes são elementos centrais do processo, nos quais o contraditório é
exercido. O princípio do contraditório não apenas proporciona às partes a chance de se
manifestar, mas também busca promover a transparência e a legitimidade do processo. Ao
permitir que as partes contestem as alegações adversas, ele contribui para a busca da verdade e
para a formação de uma decisão mais justa e precisa. Ao dar voz a todas as partes envolvidas, o
princípio assegura que ninguém seja condenado ou prejudicado sem ter tido a oportunidade de
se defender de maneira adequada.
O princípio da humanidade: O princípio da humanidade é um dos fundamentos do
sistema jurídico e estabelece que a pena imposta a um condenado não pode ser cruel, desumana
ou degradante. Esse princípio busca garantir que a punição seja compatível com a dignidade
humana e que não viole os direitos fundamentais do indivíduo. Impede a imposição de sanções
que causem sofrimento físico ou psicológico desproporcional ao delito cometido. Ele busca
evitar práticas como tortura, penas de morte cruéis, tratamentos degradantes ou qualquer forma
de punição que vá além do necessário para atingir os objetivos da punição e da ressocialização.
No livro, a questão da pena a ser aplicada aos exploradores é debatida no contexto de uma
situação extrema de sobrevivência na qual a prática do canibalismo ocorreu. A discussão gira
em torno da compatibilidade entre a pena de morte e a dignidade humana, bem como a
necessidade de considerar as circunstâncias excepcionais em que o crime foi cometido. O
princípio da humanidade também está relacionado à noção de proporcionalidade da pena,
abordada anteriormente, que exige que a sanção seja adequada e razoável em relação ao delito
cometido. Uma pena desproporcional ou cruel violaria o princípio da humanidade, pois
ultrapassaria os limites impostos pela dignidade humana e pelos direitos fundamentais. O
princípio da humanidade está intrinsecamente ligado à evolução dos valores sociais e culturais.
Conforme a sociedade avança, há uma tendência crescente de se rejeitar práticas punitivas
cruéis e desumanas, buscando sanções que sejam mais compatíveis com os princípios de
respeito à dignidade humana.
A preservação dos direitos fundamentais: A preservação dos direitos fundamentais
assegura que todas as pessoas envolvidas em um processo tenham seus direitos respeitados e
garantidos. Os direitos fundamentais são os direitos essenciais e inalienáveis de cada indivíduo,
reconhecidos como universais e invioláveis. Eles incluem direitos como a vida, a liberdade, a
igualdade, a dignidade, a presunção de inocência, o direito à defesa, entre outros. Esses direitos
são fundamentais para a proteção da pessoa humana e para a garantia de uma sociedade justa.
Os exploradores acusados de assassinato têm direito a uma defesa adequada, que inclui a
apresentação de argumentos, provas, testemunhas e a oportunidade de confrontar as alegações
da acusação. O respeito aos direitos fundamentais dos acusados é discutido durante todo o
julgamento, envolvendo questões como o direito à vida, à liberdade e à dignidade. A
preservação dos direitos fundamentais busca assegurar que todos os indivíduos sejam tratados
com justiça e igualdade perante a lei, independentemente de sua situação social, econômica,
étnica ou qualquer outra característica pessoal. Ela visa prevenir a violação arbitrária ou injusta
dos direitos das pessoas e garantir que o processo seja conduzido de acordo com os princípios
de legalidade e justiça. Todos os indivíduos têm o direito de serem tratados de forma digna e
terem seus direitos e garantias respeitados em todas as etapas do processo judicial.
A busca pela verdade: A busca pela verdade visa assegurar que o processo se dedique
não apenas à condenação ou absolvição dos acusados, mas também à descoberta dos fatos
verdadeiros. Ela implica em um compromisso em descobrir os fatos relevantes para o caso,
considerando todas as evidências e argumentos apresentados pelas partes envolvidas. Isso
envolve uma análise objetiva e imparcial das provas, a fim de determinar a veracidade dos
eventos e das alegações apresentadas. Os debates e questionamentos durante o julgamento têm
como objetivo principal a busca pela verdade dos fatos ocorridos na caverna e as circunstâncias
que levaram ao crime. Os advogados, o juiz e os jurados buscam analisar as evidências de forma
crítica e chegar a uma conclusão baseada nos fatos reais. A busca pela verdade não implica
apenas na apresentação de evidências favoráveis a uma das partes, mas também na consideração
de todas as provas relevantes, mesmo aquelas que possam contradizer as teses defendidas. Ela
exige a imparcialidade e o respeito ao devido processo legal, garantindo que todas as partes
tenham a oportunidade de apresentar suas versões dos fatos e contestar as alegações contrárias.
É importante ressaltar que a busca pela verdade não significa alcançar uma verdade absoluta,
pois o sistema jurídico reconhece que a certeza plena muitas vezes é inalcançável. Mas, o
princípio da busca pela verdade busca se aproximar o máximo possível da realidade dos fatos,
através de um processo justo e transparente.

5 A OBRA DE FULLER À LUZ DO DIREITO POSITIVO BRASILEIRO


5.1 DA TEORIA DO CRIME

De acordo com o conceito analítico de crime, entende-se o crime como um fato típico,
ilícito e culpável. Assim, cabe discutir o caso fictício discutido no livro sob o ponto de vista do
direito penal brasileiro, especificamente, do conceito analítico de crime.
Quando se fala em crime, o primeiro elemento a ser analisado é, necessariamente, a
tipicidade, cuja definição nas palavras do jurista Rogério Greco:

“(...) é a adequação de um fato cometido à descrição que dele se faz na lei penal. Por imperativo do
princípio da legalidade, em sua vertente do nullum crimen sine lege, só os fatos tipificados na lei penal
como delitos podem ser considerados como tal (...)’’ 2

2
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral; p. 264
Ao se analisar o caso descrito no livro à luz desse conceito, vê-se que coexiste todos os
elementos do fato típico: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. Assim, a conduta
voluntária e consciente dos exploradores foi a decisão de sacrificar um dos membros do grupo
para a sobrevivência dos demais, quando deliberadamente optam por lançar dados e selecionar
uma pessoa que seria morta e consumida pelos demais, como uma forma de prolongar a
sobrevivência. O resultado decorrente da conduta dos exploradores é a morte de um dos
membros do grupo, que é escolhido para ser sacrificado. O resultado é diretamente ligado à ação
deliberada dos exploradores e ocorre como consequência direta da decisão deles, além do nexo
de causalidade entre a conduta dos exploradores e o resultado da morte de um dos membros do
grupo. A tipicidade, por sua vez, é a correspondência entre a conduta dos exploradores e a
descrição prevista na norma penal. Por exemplo, pode-se considerar o homicídio, uma vez que
houve a morte de uma pessoa, ou até mesmo o canibalismo. Portanto, diante dos elementos
supracitados, há, inegavelmente, um fato típico.
Já em relação à ilicitude, segundo elemento constitutivo do crime, têm-se claramente a
ausência de um injusto penal, haja vista que a tipicidade está amparada por uma excludente de
ilicitude. Nesse sentido, preceitua o renomado jurista Hans Welzel:

“Pela posição particular em que se encontra o agente ao praticá-las, se apresentam em face do


Direito como lícitas. Essas condições especiais em que o agente atua impedem que elas venham a ser
antijurídicas. São situações de excepcional licitude que constituem as chamadas causas e exclusão da
antijuridicidade, justificativas ou descriminantes (...)” 3

No caso dos exploradores de cavernas, a conduta de sacrificar um dos membros do grupo


levanta questões complexas em relação à ilicitude. Embora a ação de tirar a vida de outra pessoa
seja tipicamente considerada ilícita na maioria dos sistemas jurídicos, o contexto excepcional e
desesperador em que os exploradores se encontravam suscita debates sobre a existência de
circunstâncias que poderiam justificar ou atenuar a ilicitude dessa conduta. Nesse sentido, pode-
se argumentar a favor de que os exploradores estavam sob estado de necessidade. Isso implica
considerar a situação excepcional em que eles se encontravam, presos em uma caverna,
enfrentando escassez de recursos e a ameaça iminente de morte. Sendo assim, a falta de
alimentos e a possibilidade de desnutrição ou inanição os colocava em um estado de
necessidade real, no qual suas vidas estavam em risco imediato. Diante das circunstâncias
extremas, os exploradores não tinham alternativas viáveis para garantir sua sobrevivência.
Assim, a possibilidade de resgate era incerta e poderia levar um tempo considerável, enquanto
suas condições de saúde se deterioravam. Nesse sentido dispõe o Código Penal brasileiro nos
artigos 23, I e 24:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
3
BRUNO. Anibal. Direito penal – Parte geral. t.l, p. 365
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Em relação à culpabilidade, é possível argumentar que no caso dos exploradores de


cavernas, a inexigibilidade de conduta diversa se aplica. A inexigibilidade de conduta diversa é
um dos fundamentos de exclusão de culpabilidade, que implica na impossibilidade de se exigir
do agente uma conduta diferente daquela que foi realizada diante das circunstâncias concretas.
Sendo assim, no contexto extremo em que os exploradores se encontravam, presos na caverna
com escassez de recursos e risco iminente de morte, pode-se sustentar que não havia uma
conduta alternativa razoavelmente exigível. Em outras palavras, não era razoável esperar que
eles tomassem uma atitude diferente daquela de sacrificar um membro do grupo para
sobreviver.
Outrossim, a inexigibilidade de conduta diversa leva em consideração as circunstâncias
excepcionais e extremas enfrentadas pelos exploradores, onde a escolha de sacrificar um
membro do grupo pode ser vista como uma ação inevitável diante da falta de recursos e do
perigo iminente de morte para todos. Portanto, mediante todos os fatos supracitados, conclui-se
que, de acordo com o conceito analítico de crime, não há crime, pois o fato típico é plenamente
amparado pela excludente de ilicitude, e não se poderia exigir conduta diversa da que se
procedeu nesse caso.

5.2 DA NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO E RESPONSABILIZAÇÃO


CIVIL

O acordo estabelecido ocorreu entre os indivíduos confinados na caverna, quando


Whetmore propôs aos demais exploradores a possibilidade de sacrificar um deles para garantir a
sobrevivência dos demais, aumentando suas chances de serem resgatados. Foi feito um contrato
verbal, com os próprios exploradores que estavam dentro da caverna atuando como
testemunhas, uma vez que todos estavam buscando garantir suas próprias vidas. Nessa lógica,
sendo a autonomia privada um dos princípios basilares quando se fala em relações contratuais
privadas, em relação à legalidade de modo geral, dispõe o texto constitucional o seguinte:

“Art. 5º. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” 4

Nesse contexto, a Constituição estabelece um limite para a atuação tanto no âmbito


público quanto privado. Sendo assim, no que concerne à relação contratual descrita no livro em
análise, essa se refere à legalidade no contexto privado. Isso significa que, não encontrando na
lei vedação expressa acerca de tal comportamento, ele é lícito para o direito privado (situação
distinta ocorreria caso se tratasse de uma relação de direito público, uma vez que aqui a
legalidade está limitada ao que a lei expressamente autoriza.).

4
Constituição Federal de 1988. Art. 5°, inciso II.
Em que pese a legalidade em uma relação privada permitir uma atuação com mais
liberdade, se essa for utilizada de maneira a constituir um vício no negócio jurídico firmado, há
um prejuízo em relação à validade do contrato firmado entre os exploradores.
A doutrina compreende o negócio jurídico como:

“(...) uma declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência,
validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico pretendidos
pelo agente.”

Analisando o contrato firmado entre os exploradores em relação aos pressupostos de existência,


validade e eficácia do negócio jurídico, vê-se que, no plano da existência, há o que se falar em
uma manifestação de vontade. No entanto, essa vontade precisa ainda ser livre e,
principalmente, consciente. Sendo assim, no momento em que idealizaram e expressamente se
manifestaram sobre o lançamento dos dados, não se pode afirmar que os exploradores estavam
plenamente conscientes, haja vista que se encontravam em situação desesperadora de perigo
iminente que desestabilizaria qualquer pessoa comum.
Embora os requisitos de existência contratual tenham sido observados: objeto, forma,
manifestação de vontade e agente emissor da vontade; a mera existência desse negócio jurídico
não garante que ele seja considerado perfeito, ou seja, apto legalmente para produzir seus
efeitos na ordem jurídica. Nesse sentido, quando se fala produção de efeitos, analisa-se o plano
da validade. Para se falar em validade, é preciso que, em relação à vontade no plano da
existência, ela ainda seja livre e de boa-fé; além disso, que os agentes envolvidos sejam capazes,
bem como o objeto seja lícito, possível, determinado ou determinável. No que diz respeito ao
objeto, a vida humana é um direito fundamental e, em circunstâncias normais, não pode ser
negociada ou renunciada. Portanto, matar alguém, mesmo que consensualmente, é uma violação
desse direito.
Sendo assim, não há o que se falar no seguinte plano da eficácia, tendo em vista que o contrato,
embora existente, é inválido pelas razões supracitadas. Dispõe o Código Civil Brasileiro nesse
sentido:

Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:


I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.

Como já dissertado em tópico anterior em relação à existência ou não de crime, o amparo


do fato típico em uma excludente de ilicitude não permitiria que houvesse responsabilização em
outro ramo do direito, haja vista que a ilicitude é um conceito do ordenamento jurídico em geral
e não restrito ao direito penal. Isso quer dizer que, quando desconsideramos a ilicitude penal,
não haveria o que se falar em responsabilização civil, pois não há possibilidade de haver uma
conduta lícita para o direito penal e ilícita para o direito civil. No entanto, em relação à
culpabilidade, por ser um conceito estritamente penal, pode ser avaliado a fim de se considerar
ou não a responsabilização civil.
Sob essa perspectiva, a responsabilização civil é baseada nas leis que regem a conduta
humana e a reparação por danos causados a terceiros. Logo, mesmo em situações extremas, há a
expectativa de que as pessoas ajam de acordo com a lei e os princípios éticos. A justificativa da
necessidade de sobrevivência pode ser considerada como uma defesa em uma ação penal, mas
não necessariamente exclui a responsabilidade civil pelos atos cometidos, mesmo porque a
justificante de “estado de necessidade” para ceifar a vida de outrem não está tipificada no art.
188 do CC/2002 como constituinte de ato lícito:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo.

Sob essa ótica, o Código Civil dispõe:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração
provável da vida da vítima.

Portanto, matar alguém, mesmo em situações extremas, não isenta os autores do ato de serem
responsabilizados em âmbito civil, tendo em vista a lei civil tende a se basear em princípios
fundamentais, como a proteção da vida e a proibição do uso excessivo de violência. No caso em
discussão, embora as circunstâncias fossem desesperadoras e envolvessem uma questão de
sobrevivência iminente, a decisão de matar um membro do grupo não pode ser considerada uma
ação justificável à luz do direito civil. O fato de ter havido um acordo verbal entre os
exploradores, não obstante a sua demonstrada invalidade, não seria o suficiente para anular a
ilegalidade do ato. Por isso, é plausível exigir-se a responsabilização civil dos exploradores.

6 COMO O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS SERIA JULGADO


NO BRASIL?

Em sua obra O caso dos exploradores de cavernas, o jurista norte-americano Lon


Luvois Fuller utilizou de um enredo fictício em um cenário igualmente imaginado para
demonstrar a complexidade da execução do Direito, assim como dos já mencionados dilemas
éticos e morais cuja reflexão, pertinente à época da publicação do livro, segue sendo relevante
para juristas e estudantes de Direito em todo o globo. Na obra de Fuller, acontece o julgamento
de um grupo de exploradores de cavernas que, para sua sobrevivência em um contexto de
extrema necessidade, executou um de seus membros com o objetivo de se alimentar de sua
carne, de modo que a maioria deles pudesse subsistir até que fossem resgatados da caverna em
que se encontravam encerrados. Para definir quem seria o sacrificado, se utilizaram de um
sorteio, no qual o sorteado foi Roger Whetmore, o explorador de quem partira a ideia de tal ato.
O julgamento que ocorre no Tribunal Superior de Newgarth, cidade membro fictícia do
Commonwealth, no ano de 4300, após em primeira instância ter-se decidido condenar os
exploradores de cavernas à forca por homicídio, oferece posições favoráveis e contrárias à
condenação do grupo por parte dos juízes da Corte, tendo, ainda, uma abstenção de voto, o que
resulta, diante da constatação de um empate, na confirmação da decisão da primeira instância.
Nesse sentido, é pertinente analisar o enredo da obra sob o ponto de vista do Ordenamento
Jurídico brasileiro, de modo a compreender como desenvolver-se-ia o processo no âmbito
nacional, caso os exploradores de cavernas estivessem submetidos às Leis brasileiras.
Cabe ressaltar, de início, que a evolução das formas de resolução de conflitos ao longo
da história, com a afirmação do Estado como detentor do monopólio da Justiça através da
Jurisdição, significou a passagem da vingança privada à vingança pública. Ou seja, o poder de
punição dantes legado ao particular, agora é detido pelo Estado. Devido às circunstâncias
históricas do Brasil, o Estado brasileiro adotou, no Direito, o Civil Law, que se baseia no
Direito Romano Germânico e tem como fonte principal do Direito o texto escrito. Nesse
ínterim, é diante do Civil Law que o caso aqui analisado seria julgado no Brasil, diferente de
como é tratado na obra de Fuller, à luz do Common Law, o Direito costumeiro, o qual se baseia
em casos similares anteriormente julgados. O Processo Penal, nesse sentido, é uma progressão
de atos que tem como objetivo apurar a ocorrência de um crime, se ele foi ou não cometido, de
maneira que o Estado possa exercer seu poder punitivo e alcançar a pacificação social,
resolvendo conflitos e punindo a violação aos bens jurídicos mais importantes.
O Processo Penal se inicia com a denúncia do acusado pelo promotor de Justiça, após a
finalização das investigações e a produção de provas que o crime de fato aconteceu, visto que,
de acordo com o Princípio da Ação, regulamentado no art. 5 ⁰. Inciso XXXV da Constituição
Federal, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, mas,
ainda assim, a justiça deve ser provocada. No âmbito penal, cabe aum funcionário do Estado —
no caso, o promotor de justiça —, realizar a incitação à Justiça. O promotor deverá apontar qual
crime o acusado cometeu e quais são os elementos probatórios existentes, uma vez que, no
Ordenamento Jurídico brasileiro, o ônus da prova é de quem acusa. No caso dos exploradores de
cavernas, a principal prova de que ocorrera um crime enquanto eles estavam impossibilitados de
sair da caverna seria os restos mortais de Roger Whetmore, o companheiro imolado para que o
grupo pudesse sobreviver, dado que o crime cometido produziu tal resultado naturalístico,
podendo ser classificado como crime material. Essa evidência poderia ser documentada por um
perito criminal, assim como um médico legista seria capaz de constatar, ao analisar o corpo do
explorador morto, que a morte deste não provinha de causas naturais. Em casos onde há um
crime doloso contra a vida, um júri popular é convocado e, nesta fase, o júri tem apenas o
objetivo de identificar se o crime acusado deve ser julgado pelo Tribunal do Júri, podendo ter
como resposta pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária. Em caso da
sentença de pronúncia, prossegue-se ao julgamento com o tribunal do júri. Assim, depreende-se
que, se ocorrido em território tupiniquim, o caso da obra de Lon L. Fuller poderia — e
provavelmente seria — levada à júri popular, assim como o foi na obra original.
A seguir, no Processo Penal, após o juiz receber a denúncia do promotor de Justiça e a
pronúncia do tribunal do júri, haverá a citação do acusado, que é um ato do processo que
informa a alguém que há uma acusação em seu nome. Após o recebimento da citação, o acusado
tem um prazo para se defender da acusação por meio de argumentos e provas, e, para tanto,
deve recorrer a um advogado por ele pago ou solicitar um defensor público, em razão de, em
acordo com o Princípio do Contraditório, ser indispensável a defesa técnica no Processo Penal
para o correto decorrer do Devido Processo Legal. Os exploradores poderiam se defender
alegando que estavam em estado de necessidade, ou seja, que a ação por eles perpetrada ocorreu
em uma conjuntura na qual suas vidas se encontravam em perigo atual, inevitável e não
provocado por sua vontade, no qual havia a inexigibilidade de sacrifício próprio e cuja a ação
foi para a proteção de Direito próprio ou alheio, tendo o grupo escolhido a vida da maioria em
detrimento da vida de um dos seus, sacrificando um bem jurídico valioso em prol de outros de
igual importância. Também poderiam intentar a arguição da legítima defesa da própria vida
naquelas circunstâncias atípicas, na qual se encontravam, em vias práticas, em estado de
natureza. Ou seja, afastados das instituições sociais, políticas e de suas convenções, ainda que
todos os requisitos exigidos pelo tipo penal para a argumentação de tal excludente de ilicitude
não se preenchessem – uso moderado dos meios necessários, agressão injusta, atual ou iminente
e proteção de direito próprio ou de terceiros – estariam, com sua ação, defendendo
legitimamente seu direito à vida, sacrificando o bem jurídico vida de outrem. Outro possível
argumento de defesa, ainda, seria a alegação de que, inicialmente, a ideia de executar um dos
exploradores pelo grupo teria sido do próprio Roger Whetmore, e que todos aceitaram a ideia e
fizeram parte do sorteio, portanto, estabelecendo um contrato verbal que arrefeceria a
culpabilidade daqueles que cometesse a execução do sorteado a ser sacrificado – ainda que
diante da tardia desistência do sorteado ao acordo, que de nada impediu sua vitimação. Depois
de o acusado se defender, as provas apresentadas serão apreciadas, de modo a constatarem a
inocência ou a culpa quanto às acusações. Caso reste alguma dúvida ao magistrado, ele poderá
dispor dos Princípios do Dispositivo e da Livre Investigação das Provas para produzir as
próprias provas, e então será marcada uma audiência na qual serão ouvidos as partes, o
promotor e as testemunhas, assim como o advogado da defesa.
Finalmente, o júri decidirá se o acusado é inocente ou culpado. Caso decida por este, o
magistrado deverá dizer a penalização que o criminoso deverá receber. Na obra de Lon L.
Fuller, os exploradores de cavernas foram sentenciados à morte, tanto na primeira quanto na
segunda instância. No corpo social brasileiro, contudo, isso não aconteceria, já que o artigo 5 ⁰,
inciso XLVII da Constituição Federal, norma de maior hierarquia da nação verde-amarela,
prevê que “não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.
84, XIX”. As possibilidades finais para o caso, tanto em primeira quanto em segunda instância,
de forma simplista, seriam a absolvição dos exploradores de cavernas mediante a adoção de
uma das excludentes de ilicitude apresentadas – preferencialmente a do estado de necessidade,
mais viável à situação concreta –, ou não, desembocando, neste caso, na condenação por
homicídio simples, cuja pena, prevista no artigo 121 do Código Penal, é de detenção de 6 a 20
anos. Em relação à alegação do contrato verbal firmado entre as partes antes do ilícito, vítima e
réus, poderia o juiz argumentar a nulidade do contrato verbal pela ausência de uma das
prerrogativas para a validade de um negócio jurídico, que é o objeto lícito – ressaltando-se que o
direito à vida é um dos direitos indisponíveis da personalidade, e o artigo 127 da Constituição
diz: "O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis". Ou seja, não foi válido o acordo entre os exploradores, de modo que
a responsabilização na ordem penal, assim como na ordem civil, seria plenamente cabível. Sob
uma óptica mais abrangente, poder-se-ia colocar em discussão o fato de que o crime foi
premeditado, não sendo, portanto, cabível uma excludente de ilicitude, ou ainda que o
homicídio não seria simples, e sim qualificado, em razão de estar adequado ao inciso IV do
parágrafo 2⁰ do artigo 121 do Código Penal, o qual dispõe que: “Se o homicídio é cometido: IV
– à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido”, já que um grupo detém mais força que um único indivíduo, e
cuja punição pode variar de 12 a 30 anos de reclusão.
Vale lembrar que essas etapas se referem à primeira instância e, se não houver pedido de
recurso no devido prazo, ao final da sentença condenatória ou de absolvição, será o fim do
Processo. Entretanto, após o trânsito em julgado, tanto o promotor de justiça quanto o acusado
podem evocar um recurso, que é uma reavaliação do Processo por um tribunal de uma instância
superior, em razão do chamado Princípio do Duplo Grau de Jurisdição. Este é um Princípio que,
apesar de não estar expresso em nenhum corpo de Leis, está implícito no Ordenamento Jurídico
brasileiro, em decorrência da lógica do sistema processual e do Princípio do Contraditório.
Assim, entende-se que, após o julgamento em primeira instância, a situação de condenação ou
de absolvição, se feito o recorrer dentro do prazo, pode mudar.
Analisando a questão sob outro ponto de vista, é conveniente observar que, mesmo que os
exploradores fossem criminalmente condenados pelo homicídio cometido, a punibilidade
poderia, excepcionalmente, considerando um evento alternativo, ser extinta. O artigo 107 do
Código Penal dispõe, a esse respeito:
Art. 107 – Extingue-se a punibilidade:
I – pela morte do agente;
II – pela anistia, graça ou indulto;
III – pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV – pela prescrição, decadência ou perempção;
V – pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI – pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII – (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII – (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005
IX – pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Dentre esses incisos, destacam-se os números II e IV, que, na prática, seriam viáveis à
situação dos exploradores. O inciso II fala de anistia, graça ou indulto. Enquanto o benefício da
anistia é concedido pelo Congresso através de uma lei federal que afasta a punição e suas
consequências, a graça e o indulto são benevolências semelhantes, as quais são concedidas por
decreto do Presidente da República, nos quais a pena é excluída, porém não as consequências da
condenação. O que difere a graça do indulto é que a graça é dada a um indivíduo, além de
depender, para sua ocorrência, da solicitação, seja por parte do preso ou até mesmo de um
cidadão qualquer, enquanto o indulto é um benefício coletivo que não precisa ser solicitado para
ser conquistado. O inciso IV, por sua vez, fala em prescrição, decadência e perempção,
situações das quais, eventualmente, aplicar-se-ia a prescrição no caso dos exploradores de
cavernas. A prescrição, que é a perda da pretensão punitiva ou executória em face do decurso do
tempo, ocorreria se, decorrido o prazo prescricional de vinte anos previsto no caput ou no
parágrafo 2º, de acordo com o artigo 109 do Código Penal, os exploradores não tivessem
sofrido, devido a alguma razão, as devidas sanções legais. E, desta feita, os exploradores não
poderiam mais ser punidos, pois o Estado teria perdido a pretensão de punir ou de executar a
punição decretada em virtude do lapso temporal.
É possível apontar, ainda, que em duas hipóteses os exploradores de cavernas
poderiam ser responsabilizados na ordem civil. Na primeira, com a absolvição criminal do
grupo, o magistrado, amparando sua decisão no modelo instrumentalista do processo e se
utilizando da aplicação dos escopos metajurídicos, poderia firmar o pagamento de perdas e
danos aos familiares da vítima, visando educar os exploradores e toda a sociedade a não
conchavar contratos de tal caráter, ou, ainda, por um viés político, demonstrar que, ainda que
aceitas as excludentes de ilicitude, o fato ocorrido apresenta uma índole única, na qual ocorre
um homicídio visando o canibalismo – conduta obviamente reprovada pela moral, pelas éticas e
pelo senso comum –, não podendo deixar de, de alguma forma, sofrer consequências jurídicas,
em vista da opinião pública e mesmo do oferecimento de uma Justiça mínima à família da
vítima. Em outra hipótese, poderiam os próprios familiares de Roger Whetmore, valendo-se do
Princípio da Ação, provocar a justiça a aplicar tal penalidade, devido aos danos morais às honra
e intimidade de Roger, violadas diante da grande repercussão do caso de natureza suis generis
na sociedade – já que, em geral, ainda que com exceções, devido ao Princípio da Publicidade, o
processo deve ser público –, ou mesmo pelos danos morais causados à própria família, que
perdeu um ente querido, sob assassínio, e que sequer pode dar a este uma cerimônia fúnebre
usual, devido às condições dos restos mortais. O dano moral causado à imagem e honra de
Roger, assim como o dano emocional causado à família não seria reparado, pois não volta ao
status quo, mas seria compensado. A respeito dessa discussão, assevera o Código Civil que:

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista nesse artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau .

E a Constituição Federal de 1988 em deu artigo 5°, inciso X que "são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação". Nesse caso, nos termos do artigo 206
do Código Civil, no parágrafo 3°, inciso V, “Prescreve: §3° Em três anos: V – a pretensão de
reparação civil”. Ou seja, ainda que direitos personalíssimos sejam imprescritíveis, a
indenização por danos morais provenientes de sua violação está sujeita a prescrição dentro do
prazo indicado. De modo que, em um evento alternativo, também poderiam os exploradores se
isentarem dessa responsabilização.

7 CONCLUSÃO
Constata-se que a obra de Fuller, de grande importância para os estudos iniciais do
Direito, além das discussões filosóficas despertadas, apresenta também a possibilidade de, com
exercícios de alteridade, determinar que um mesmo evento poderia ter diferentes consequências,
se ocorrido em outro ordenamento, “e se” outras tantas coisas. Grosso modo, o livro foi escrito
propositadamente a gerar polêmicas e dualismos, de modo a possibilitar um contato inicial do
futuro bacharel com a complexidade de um conflito.
Dado o exposto, é notório que tão singular caso, se ocorrido em solo nacional,
conseguiria apresentar diferentes desdobramentos e consequências aos envolvidos, tanto no
âmbito penal quanto no civil. Tais possibilidades, vale ressaltar, se devem a primorosa riqueza
do Ordenamento Jurídico brasileiro, o qual, com seus princípios doutrinários penais, procura
intervir minimamente na sociedade e no indivíduo, de modo a limitar a violência da vingança
estatal, porém, sem deixar de punir quando efetivamente necessário. Nesse sentido, pode-se
ressaltar que a perfeita interlocução entre os diferentes ramos do Direito — Civil, Penal,
Processual etc. — garantem, fundamentalmente, a segurança jurídica e a proteção de direitos
coletivos e individuais dos cidadãos tupiniquins.
Desta feita, portanto, tem-se o entendimento de que a obra em questão é imortal, e que
por muitos anos permeará os estudos e as discussões entre os acadêmicos de Direito, sempre
contribuindo com a troca de ideias e a construção de conhecimento.

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