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Advocacia
Resumo e Interpretação
do Caso do Exploradores
da Caverna
14 de Novembro de 2013
Resumo do caso:
Os acusados são membros da Sociedade
Espeleológica, que se dedica a exploração
amadora de cavernas. No ano de 4299 os
quatros, na companhia de Roger
Wheatmore, também membro desta
sociedade, adentraram em uma caverna de
rocha calcária. Houve, porém, um
desmoronamento nesta caverna ao ponto
que os exploradores, já distantes da
entrada, se encontraram presos. Estes
então decidiram permanecer próximos a
entrada para esperar um eventual resgate.
Foster
O juiz acredita que o veredito do caso afeta
mais do que apenas o destino dos
acusados, e sim a própria lei da sociedade
onde vivem (Commonwealth). Foster
afirma que condenar os acusados é
contrário ao senso comum. Em um
primeiro argumento o juiz afirma que o
direito positivo de sua sociedade é incapaz
de julgar este caso e que, por conseguinte,
deveria o tribunal valer-se do direito
natural, pois o direito pressupõe a
possibilidade de convivência em
sociedade, o que não se aplica à realidade
do caso. Foster compara a situação com
caso de extraterritorialidade, onde, fora da
área jurisprudencial, os acusados,
hipoteticamente, não seriam julgados. Ele
afirma que os exploradores estavam
separados da jurisprudência do
Commonwealth por razões morais, que
seriam tão válidas quanto as geográficas.
O juiz também aponta o fato de que a
princípio Roger Wheatmore havia
concordado com o sacrifício e, portanto,
havia formado um contrato com os demais
exploradores. Foster também afirma que é
errado tomar a vida humana como um
valor absoluto, apontando tal concepção
como ilusória. Para comprovar este ponto
o juiz remete aos dez trabalhadores que
morreram no processo de resgate dos
exploradores, indagando o por que da
validade de tal sacrifício e não o de
Wheatmore.
Tatting
O juiz começa afirmando acreditar ser
incapaz de julgar o caso sub judice de
forma puramente objetiva, suprimindo o
seu lado emocional. Tatting procede então
a criticar o julgamento de Foster,
chamando-o de contraditório e falacioso.
Tatting indaga o momento em que o
direito natural se sobrepôs ao positivo e
aponta uma série de inexatidões por parte
da teoria de Foster. Alem disso o juiz
lembra de que a autoridade do tribunal em
que ministram vem da lei, e não de uma
suposta "lei da natureza", e que se de fato
este suposto estado natural inviabiliza o
uso do direito positivo no julgamento, o
tribunal não teria autoridade de julgar o
caso. Ele também critica o patamar de
importância que Foster dá aos contratos,
pois Tatting afirma que o juiz que o
precedeu em seu voto implicou que não só
o contrato é irrescindível como também a
conservação dos pactos é superior à
prevenção do homicídio. Tatting mostra
mais incongruências da noção de direito
natural de Foster e afirma ser
completamente contrário às suas
conclusões.
Keen
Keen começa seu voto esclarecendo duas
questões que acredita não ser relevantes
para o tribunal. A primeira é a decisão do
Poder Executivo em relação ao pedido de
clemência. O juiz critica, inclusive, o
Presidente do Tribunal por ter instruído o
chefe do Executivo nesta matéria. Ele
também explica que se fosse ele o
Presidente daria clemência total aos
acusados mas, como juiz, seu julgamento
será baseado na lei. A segunda é a matéria
moral do caso, do qual o juiz decide se
abster, uma vez que acredita que sua
função seja aplicar o direito de seu país.
Ele, assim como Tatting, critica Foster de
maneira incisiva.
Handy
O ultimo juiz inicia criticando a postura de
todos os anteriores afirmando que estes se
prenderam muito a legalismos. Handy
acredita que o foco principal é, com a
postura de funcionários públicos, decidir o
que deve ser feito com os acusados. Ele
procede então a explicar sua concepção de
como o governo não é feito de leis ou
conceitos abstratos, mas sim por pessoas,
e que o poder judiciário é o que tem o
maior potencial de se distanciar do
cidadão comum. Handy então explica
como o juiz, sendo funcionário público,
deveria ter as formalidades e conceitos
abstratos como instrumentos e aplicá-los
ao caso concreto, tornando-os assim mais
eficientes e próximos ao senso comum.
Este método aproximaria o poder da
população, o que, para Handy, é essencial
para a manutenção da legitimidade e da
ordem, mais do que o direito natural de
Foster ou o positivismo estrito de Keen.
Voto pessoal:
O caso apresentado nesta obra levanta a
pergunta de como deve ser aplicada a lei
em situações extremas. A situação
existente no livro não é de nenhuma forma
comum e dificilmente aconteceria
novamente em condições iguais, portanto
uma análise teleológica do direito seria
muito difícil, uma vez que é improvável
que a lei da comunidade fictícia de
Newgarth, como a de qualquer outra
sociedade, tenha sido feita levando em
consideração todas as ínfimas
possibilidades. Por isto pretendo embasar
meu voto não em uma análise do
propósito da lei que trata do homicídio
mas sim do propósito da lei em geral.
Sócrates, séculos antes de nossa era,
afirmava que o propósito da lei era criar
segurança jurídica. Talvez o filósofo grego,
então, acreditasse que estes homens
deveriam ser punidos, pois a priori é isto
que diz a lei. Porém, segurança jurídica
implica no na ideia de que a lei terá o
resultado esperado pela maioria da
população. Note-se que não afirmei
"desejado", e sim "esperado". A segurança
vem da concordância da sentença jurídica
com a expectativa criada pela lei. Qual é a
expectativa que deveria ser tirada do caso
apresentado? A expectativa que é criada
quando se diz:"Em uma situação extrema
você terá o seu direito a vida preservado
perante a lei a qualquer custo" não é muito
solida, uma vez que se a situação é de fato
extrema não é possível prever tal coisa.
Porém ao se dizer: Em uma situação
extrema você terá o direito de preservar a
própria vida com os meios que achar
necessário"não só é mais logicamente
correta, uma vez que este princípio pode
ser aplicado, como segue mais o senso
comum de que o ser humano tem o direito
de lutar pela sua auto preservação.
Mencionando o" senso comum " eu parto
então para um segundo ponto: A lei deve
ser expressão da vontade geral do povo
que esta regula, como afirma o
contratualista Rousseau. E muito fácil
perceber que a vontade da população de
Newgarth é a da absolvição dos acusados.
Não só o juiz Handy se refere a uma
pesquisa que indicaria que 90% da
população seria a favor da absolvição, mas
também é possível perceber que os
próprios juízes, homens versados no
direito, também a apoiam em seu foro
pessoal. Concluo então que não existe
motivo para aplicar uma lei de forma que
esta não vá gerar resguarda jurídica futura
nenhuma e vá contra a vontade da
população que a legitima.
P Paulo Couto
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