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2006
ÍNDICE GERAL
Capítulo I
Introdução ___________________________________________________________ 1
1. As organizações internacionais intergovernamentais e profissionais de
âmbito mundial: a consagração de princípios de direito internacional no
recrutamento e formação de magistrados ______________________________ 5
1.1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) – DUDH –
e o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (1966) ___ 5
2. Os princípios fundamentais das Nações Unidas relativos à independência
da Magistratura (1985) e as Linhas Orientadoras sobre a função do
Ministério Público (1990) ___________________________________________ 7
3. O Estatuto Universal dos Juízes, da União Internacional de Magistrados
(1999) _________________________________________________________ 9
4. Os Princípios de Conduta Judicial de Bangalore (2002) __________________ 10
5. As organizações internacionais e profissionais de âmbito europeu _________ 12
5.1. A Convenção Europeia para a Protecção dos Direitos do
Homem e das Liberdades Fundamentais (1950) – CEDH ________ 12
5.2. A recomendação (94) 12 do Comité de Ministros do Conselho
da Europa (C.E.) aos Estados-Membros sobre a independência,
a eficácia e o papel dos juízes _____________________________ 13
5.2.1. O recrutamento de magistrados ______________________ 13
5.2.2. A formação_______________________________________ 14
5.3. A Carta Europeia do Estatuto dos Juízes (1998) _______________ 15
II Índice Geral
Capítulo II
Introdução _________________________________________________________ 41
1. Os modelos de recrutamento de magistrados _________________________ 42
1.1. Os modelos empírico-primitivo, técnico-burocrático e
democrático-contemporâneo (Zaffaroni) _____________________ 42
1.2. Os quatro modelos de recrutamento de magistrados de Oberto___ 44
2. O recrutamento de magistrados na Europa: os sistemas de selecção pela
experiência profissional, nomeação após estágio profissional, formação
universitária seguida de estágio e exame de Estado, e concurso público
para formação inicial de magistrados ________________________________ 45
2.1. O modelo de recrutamento de magistrados através de
candidatos com experiência profissional anterior (Inglaterra e
País de Gales, Noruega e Finlândia)________________________ 45
2.1.1. Inglaterra e País de Gales___________________________ 45
2.1.2. Noruega ________________________________________ 47
2.1.3. Finlândia ________________________________________ 48
O Recrutamento e a Formação de Magistrados III
Capítulo III
Introdução _________________________________________________________ 79
1. O modelo de formação inicial de magistrados através de estágios
profissionais: breve análise de cada país _____________________________ 81
1.1. O modelo de estágios dos países de língua alemã e inglesa _____ 81
1.1.1. Alemanha: universidade, estágios e período probatório ____ 81
1.1.2. Áustria: estágios e exame ___________________________ 82
1.1.3. Inglaterra e País de Gales: o domínio da experiência
como advogado___________________________________ 83
1.2. O modelo de estágios dos países escandinavos_______________ 84
1.2.1. Dinamarca: estágio personalizado e exame _____________ 84
1.2.2. Suécia: oito anos de experiência profissional ____________ 84
1.2.3. Finlândia: experiência em funções judiciais sem exame ___ 85
1.2.4. Noruega: também longa experiência profissional de
advogado _______________________________________ 85
1.3. O modelo dos estágios profissionais na formação inicial de
magistrados: Quadros-Síntese ____________________________ 86
2. O modelo de formação inicial teórico-prática em escola seguido de
estágios (ou modelo de origem francesa)_____________________________ 89
2.1. O modelo de formação inicial teórico-prática em escola comum
às duas magistraturas seguido de estágios: breve análise de
cada país _____________________________________________ 89
2.1.1. França: “o modelo inspirador” de 5 ciclos (estágio inicial,
formação teórico-prática em escola, estágio nos Tribunais
e em outros serviços de justiça, formação em escola e
estágio de pré-afectação) ___________________________ 89
2.1.2. Luxemburgo: estágio preparatório, formação inicial na
ENM e estágio nos Tribunais ________________________ 93
2.1.3. Portugal: três ciclos de formação teórico-prática (teórico-
prática em escola; estágio nos tribunais; formação
teórico-prática em escola) e estágio com assistência do
formador ________________________________________ 93
O Recrutamento e a Formação de Magistrados V
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
ÍNDICE DE QUADROS
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Introdução
1
Artigo 10º: Toda a pessoa tem o direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja
equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial, que decida dos
seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra
ela seja deduzida. In http://www.amnistia-internacional.pt/sobre_ai/dudh/dudh1.php (Novembro
2006).
2 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
2
Artigo 6.º (Direito a um processo equitativo):
1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e
publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela
lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de carácter civil,
quer sobre o fundamento de qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela. O
julgamento deve ser público, mas o acesso à sala de audiências pode ser proibido à imprensa
ou ao público durante a totalidade ou parte do processo, quando a bem da moralidade, da
ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática, quando os interesses
de menores ou a protecção da vida privada das partes no processo o exigirem, ou, na medida
julgada estritamente necessária pelo tribunal, quando, em circunstâncias especiais, a
publicidade pudesse ser prejudicial para os interesses da justiça.
2. Qualquer pessoa acusada de uma infracção presume-se inocente enquanto a sua
culpabilidade não tiver sido legalmente provada.
3. O acusado tem, como mínimo, os seguintes direitos:
a) Ser informado no mais curto prazo, em língua que entenda e de forma
minuciosa, da natureza e da causa da acusação contra ele formulada;
b) Dispor do tempo e dos meios necessários para a preparação da sua defesa;
c) Defender-se a si próprio ou ter a assistência de um defensor da sua escolha
e, se não tiver meios para remunerar um defensor, poder ser assistido gratuitamente
por um defensor oficioso, quando os interesses da justiça o exigirem;
d) Interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e obter a
convocação e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições que
as testemunhas de acusação;
e) Fazer-se assistir gratuitamente por intérprete, se não compreender ou não
falar a língua usada no processo. In http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-
internacionais-dh/tidhregionais/conv-tratados-04-11-950-ets-5.html (Novembro 2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 3
Estabelece, assim, no seu artigo 10º, que “Toda a pessoa tem o direito,
em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada
por um tribunal independente e imparcial, que decida dos seus direitos e
obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra
ela seja deduzida”. O artigo 11º estipula ainda que “Toda a pessoa acusada de
um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique
legalmente provada no decurso de um processo público, em que todas as
garantias necessárias para a sua defesa lhe sejam asseguradas” e que
“Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua
prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou
internacional.” Do mesmo modo, “não será infligida pena mais grave do que a
4.
que era aplicável no momento em que o acto foi cometido” A DUDH quando
3
Existem, ainda, outros instrumentos internacionais, como a Convenção contra a tortura e
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, de 1984, e a Convenção dos
Direitos das Crianças, de 1989 (no que respeita aos julgamentos envolvendo crianças).
Paralelamente, todas as convenções de índole regional sobre direitos humanos promovem e
expandem os princípios contidos na DUDH.
4
Para além destes dois artigos fundamentais, os artigos 6º a 8º proíbem a prisão, detenção ou
exílio arbitrários, bem como estabelece que todos são iguais perante a lei e perante a
protecção da lei. Assim:
Artigo 6: Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua
personalidade jurídica.
6 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
Artigo 7: Todos são iguais perante a lei, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito
a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra
qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8: Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais
competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela
Constituição ou pela lei.
5
Artigo 9º: Todo o indivíduo tem direito à liberdade e à segurança pessoais. Ninguém poderá
ser submetido a detenção ou prisão arbitrárias. Ninguém poderá ser privado da sua liberdade,
excepto pelos motivos fixados por lei e de acordo com os procedimentos nela estabelecidos.
Toda a pessoa detida será informada, no momento da sua detenção, das razões da mesma, e
notificada, no mais breve prazo, da acusação contra ela formulada.
Toda a pessoa detida ou presa devido a uma infracção penal será presente, no mais breve
prazo, a um juiz ou outro funcionário autorizado por lei para exercer funções judiciais, e terá
direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade. A prisão
preventiva não deve constituir regra geral, contudo, a liberdade deve estar condicionada por
garantias que assegurem a comparência do acusado no acto de juízo ou em qualquer outro
momento das diligências processuais, ou para a execução da sentença.
Toda a pessoa que seja privada de liberdade em virtude de detenção ou prisão tem direito a
recorrer a um tribunal, a fim de que este se pronuncie, com a brevidade possível, sobre a
legalidade da sua prisão e ordene a sua liberdade, se a prisão for ilegal.
Toda a pessoa que tenha sido detida ou presa ilegalmente tem o direito a obter uma
indemnização.
Artigo 10º: Toda a pessoa privada de liberdade será tratada humanamente e com o respeito
devido à dignidade inerente ao ser humano.
a) Os arguidos ficam separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais e
serão submetidos a um tratamento diferente, adequado à sua condição de pessoas não
condenadas;
b) Os arguidos menores ficam separados dos adultos e deverão ser levados a julgamento nos
tribunais de justiça com a maior brevidade possível.
O regime penitenciário terá como finalidade o melhoramento e a readaptação social dos
detidos. Os delinquentes menores estarão separados dos adultos e serão submetidos a um
tratamento adequado à sua idade e condição jurídica.
Artigo 11º: Ninguém será encarcerado pelo simples facto de não poder cumprir uma obrigação
contratual. In http://www.cidadevirtual.pt/cpr/asilo2/2pidcp.html#a6 (Novembro 2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 7
6
O documento em questão acentua, ainda, a necessidade de garantir que o processo de
obtenção de provas, por parte do Ministério Público, deva ser feito de forma legal, devendo ser
também apresentadas todas as provas favoráveis aos arguidos, de modo a que um juiz
imparcial possa decidir de forma justa, de acordo com a lei e com os factos em consideração.
7
Estes princípios impõem aos governos que garantam determinadas condições de
desempenho aos advogados, de modo a que estes possam proteger os direitos dos seus
clientes.
8 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
8
A tradução é dos autores do relatório. Cfr. http://www.ohchr.org/english/law/prosecutors.htm
(Novembro 2006).
9
Nos termos da secção relativa ao Estatuto e Condições de Serviço
“3. Os agentes do Ministério Público e agentes da administração da justiça devem, a todo o
tempo, manter a honra e a dignidade das suas profissões.
4. Os Estados deverão assegurar que os magistrados do Ministério Público são capazes de
executar as suas funções sem intimidações, coações, interferências ou exposições
injustificadas que incorram em responsabilidade civil e penal.
5. Os magistrados do Ministério Público e as suas famílias devem obter protecção das
autoridades quando a sua segurança pessoal for ameaçada por razões ligadas ao exercício
das suas funções.
6. As condições de serviço, remuneração adequada e, quando aplicável, a manutenção da
carreira, idade e pensão de reforma, deverão ter provisão legal.
7. A promoção dos magistrados, quando tal sistema vigorar, deve ser baseada em factores
objectivos, em particular nas qualificações profissionais, capacidade, integridade e experiência,
sendo decidida de acordo com um processo justo e imparcial”. A tradução é dos autores do
relatório. Cfr. http://www.ohchr.org/english/law/prosecutors.htm (Novembro 2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 9
10
O Estatuto Universal do Juiz foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Central da União
Internacional dos Magistrados, na sua reunião de 17 de Novembro de 1999, em Taipé
(Taiwan).
Cfr. In http://www.asjp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=26&Itemid=45
(Outubro 2006).
10 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
11
Para mais informações, consultar http://www.ajs.org/ethics/pdfs/Bangalore_principles.pdf
(Outubro 2006).
12
Constituído por juízes do Bangladesh, Índia, Nepal, Nigéria, África do Sul, Tanzânia, Uganda
e Austrália.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 11
13
1. Independência: a independência do Judiciário é um pré-requisito de um Estado de Direito
e uma garantia fundamental para que haja um julgamento justo. O juiz deve, portanto, defender
a independência do Judiciário e dela ser um exemplo, tanto em termos individuais quanto
institucionais.
2. Imparcialidade: que se aplica não só à decisão formulada, como também ao processo
decisor em si mesmo.
3. Integridade: os juízes jamais terão o respeito e a confiança dos cidadãos se cederem à
corrupção, daí que a selecção de juízes e os princípios éticos que orientam sua conduta devem
ser administrados considerando antes de tudo essas preocupações.
4. Idoneidade: característica essencial ao bom exercício de funções.
5. Equidade: a independência do Judiciário deve dar aos cidadãos a convicção de que as leis
serão aplicadas com justiça e igualdade.
6. Competência e diligência: que constituem pré-requisitos de um exercício de funções efectivo.
A tradução é dos autores do relatório. Cfr., pois,
http://www.ajs.org/ethics/pdfs/Bangalore_principles.pdf (Outubro 2006).
14
Após a adopção dos princípios supra mencionados, houve a necessidade de criar
mecanismos para monitorizar a sua implementação. Assim, em 1994, foi nomeado o primeiro
Relator Especial sobre a Independência de Juízes e Advogados. O seu mandato inclui
investigação e aconselhamento, bem como actividades legislativas e promocionais. O Relator
recebe queixas de ataques/ofensas sofridas quer por juízes, quer por advogados, devendo
investigar tantos processos quanto possível, sendo alguns desses processos tratados via
correspondência, outros implicando deslocações ao lugar da ocorrência, obtendo, para tal, a
cooperação governamental do país considerado. Incumbe ao Relator aconselhar os vários
governos, sobretudo de países que estão em fase de transição democrática, como melhorar os
seus sistemas judiciais. Por outro lado, é necessário estar sempre a monitorizar os vários
sistemas judiciários, inclusive em países que, à partida, se julga que a independência judicial
estará assegurada (como são exemplos os EUA, o Reino Unido, a Austrália ou a Bélgica).
Assim, o Centro para a Independência dos Juízes e Advogados (CIJL) publica um relatório
anual, denominado Attacks on Justice.
12 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
15
Cfr. http://www.echr.coe.int/NR/rdonlyres/7510566B-AE54-44B9-
A163912EF12B8BA4/0/PortuguesePortugais.pdf (Outubro 2006).
16
Artigo 6.º:
1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e publicamente,
num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela lei, o qual
decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de carácter civil, quer sobre
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 13
o fundamento de qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela. O julgamento deve
ser público, mas o acesso à sala de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público
durante a totalidade ou parte do processo, quando a bem da moralidade, da ordem pública ou
da segurança nacional numa sociedade democrática, quando os interesses de menores ou a
protecção da vida privada das partes no processo o exigirem, ou, na medida julgada
estritamente necessária pelo tribunal, quando, em circunstâncias especiais, a publicidade
pudesse ser prejudicial para os interesses da justiça.
2. Qualquer pessoa acusada de uma infracção presume-se inocente enquanto a sua
culpabilidade não tiver sido legalmente provada.
3. O acusado tem, como mínimo, os seguintes direitos:
a) Ser informado no mais curto prazo, em língua que entenda e de forma minuciosa, da
natureza e da causa da acusação contra ele formulada;
b) Dispor do tempo e dos meios necessários para a preparação da sua defesa;
c) Defender-se a si próprio ou ter a assistência de um defensor da sua escolha e, se não tiver
meios para remunerar um defensor, poder ser assistido gratuitamente por um defensor
oficioso, quando os interesses da justiça o exigirem;
d) Interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e obter a convocação e o
interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições que as testemunhas de
acusação;
e) Fazer-se assistir gratuitamente por intérprete, se não compreender ou não falar a língua
usada no processo.
17
Nos termos dos comentários aos princípios que estabelece, a Recomendação, no seu Ponto
16, diz o seguinte: Il est indispensable que l'indépendance des juges soit garantie lors de leur
sélection et au cours de toute leur carrière professionnelle (voir paragraphe c. de ce principe) et
qu'ils ne fassent l'objet d'aucune discrimination. Toute décision relative à la vie professionnelle
des juges doit reposer sur des critères objectifs. Bien que chaque Etat membre applique sa
propre méthode de recrutement, d'élection ou de nomination, la sélection des candidats à la
magistrature et la carrière des juges doivent se faire au mérite. En particulier, lorsque la
décision de nommer des juges est prise par des organes qui ne sont pas indépendants du
gouvernement ou de l'administration, ou lorsqu'elle est prise, par exemple, par le Parlement ou
le Président de l'Etat, il importe qu'elle soit uniquement fondée sur des critères objectifs.
14 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
5.2.2. A formação19
18
Princípio I.2.c. da referida recomendação: Toute décision concernant la carrière
professionnelle des juges devrait reposer sur des critères objectifs, et la sélection et la carrière
des juges devraient se fonder sur le mérite, eu égard à leurs qualifications, leur intégrité, leur
compétence et leur efficacité. L'autorité compétente en matière de sélection et de carrière des
juges devrait être indépendante du gouvernement et de l'administration. Pour garantir son
indépendance, des dispositions devraient être prévues pour veiller, par exemple, à ce que ses
membres soient désignés par le pouvoir judiciaire et que l'autorité décide elle-même de ses
propres règles de procédure. Toutefois, lorsque la Constitution, la législation ou les traditions
permettent au gouvernement d'intervenir dans la nomination des juges, il onvient de garantir
que les procédures de désignation des juges ne soient pas influencées par d'autres motifs que
ceux qui sont liés aux critères objectifs susmentionnés. A titre d'exemple, il pourrait s'agir d'une
ou plusieurs des garanties suivantes:
i. un organe spécial indépendant et compétent habilité à donner des conseils au gouvernement
qui sont suivis dans la pratique; ou
ii. le droit pour un individu d'introduire un recours contre une décision auprès d'une autorité
indépendante; ou
iii. l'autorité habilitée à prendre la décision établit des garde-fous contre toute influence indue
ou abusive.
In http://www.coe.int/t/f/affaires_juridiques/coopération_juridique/professionels_du_droit/Juges
(Setembro 2006).
19
O Ponto 16 dos comentários aos referidos princípios também fala da formação. Assim:
La formation des juristes est un aspect important afin d'assurer que les personnes les plus
aptes soient nommées juges. Les juges professionnels doivent justifier d'une formation juridique
appropriée. En outre, la formation contribue à l'indépendance du pouvoir judiciaire. En effet, si
les juges possèdent les connaissances théoriques et pratiques suffisantes ainsi que des
compétences, ils pourront agir de manière plus indépendante face à l'administration et, s'ils le
souhaitent, changer de profession sans nécessairement poursuivre leur carrière.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 15
20
A recomendação 94/12 do CE prevê no seu Princípio III.1.a.: Recruter suffisamment de
juges et leur permettre d'acquérir toute la formation nécessaire, par exemple une formation
pratique dans les tribunaux et, si possible, auprès d'autres autorités et instances, avant leur
nomination et au cours de leur carrière. Cette formation devrait être gratuite pour le juge et
porter, en particulier, sur la législation récente et la jurisprudence. Le cas échéant, cette
formation devrait inclure des visites d'études auprès des autorités et des tribunaux européens et
étrangères.
21
Aprovada pelo C.E. em Estrasburgo, em Julho de 1998.
22
Na exposição de motivos, a Carta Europeia explica e aprofunda um pouco mais os princípios
que estabelece. Assim, no seu Ponto 2:
Le choix effectué par l’instance de sélection doit reposer sur des critères en relation avec la
nature des fonctions qu’il s’agit d’exercer. Il s’agit d’abord d’évaluer la capacité des candidats à
apprécier librement les situationsqui sont soumises à un juge ou une juge, ce qui évoque la
liberté d’esprit. L'aptitude à faire preuve de l'impartialité indispensable à l'exercice des fonctions
judiciaires est aussi un élément essentiel. La capacité à faire application du droit renvoie à la
fois à la connaissance du droit et à l’aptitude à le mettre en pratique, ce qui n’est pas la même
chose. La sélection doit enfin s’assurer de la capacité des candidats à imprégner leur
comportement de juge du respect de la dignité des personnes, qui est essentiel dans une
relation de pouvoir et face à des individus qui se présentent devant la justice souvent en
situation de difficulté. Enfin, la sélection ne peut reposer sur des critères de discrimination
fondés sur le sexe, l’origine ethnique ou sociale, les opinions philosophiques et politiques, les
convictions religieuses.
Une préparation des candidats sélectionnés à l’exercice effectif des fonctions de juge au travers
de formations adéquates est nécessaire. Ces formations doivent être prises en charge par
l’Etat. La préparation, par ces formations, à rendre une justice indépendante et impartiale
renvoie à la nécessité de certaines précautions, afin que la compétence, l'impartialité et
l’indispensable ouverture se trouvent garanties tant dans le contenu des programmes de
formation que dans le fonctionnement des structures qui assurent la mise en oeuvre de ces
programmes.
16 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
23
A Carta Europeia dos Juízes consagra, ainda, no seu Ponto 2. Sélection, Recrutement,
Formation Initiale:
2.1. Les règles du statut relatives à la sélection et au recrutement des juges fondent le choix,
par une instance ou un jury indépendants, des candidats sur leur capacité à apprécier librement
et de façon impartiale les situations judiciaires qui leur seront soumises et à y faire application
du droit dans le respect de la dignité des personnes. Elles excluent qu'un candidat ou une
candidate puissent être écartés sur une considération déterminante tenant à leur sexe, à leur
origine ethnique ou sociale ainsi qu'à leurs opinions philosophiques et politiques et à leurs
convictions religieuses.
2.2. Le statut prévoit les conditions dans lesquelles est garantie, par des exigences liées aux
diplômes obtenus ou à une expérience antérieure, l'aptitude à l'exercice spécifique des
fonctions judiciaires.
2.3. Le statut assure au moyen de formations appropriées prises en charge par l'Etat la
préparation des candidats choisis à l'exercice effectif de ces fonctions. L'instance visée au point
1.3. veille à l'adéquation des programmes de formation et des structures qui les mettent en
oeuvre aux exigences d'ouverture, de compétence et d'impartialité liées à l'exercice des
fonctions judiciaires.
In http://www.coe.int/t/f/affaires_juridiques/coopération_juridique/professionels_du_droit/Juges
(Setembro 2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 17
Nesta reunião, foi tratada a análise feita pela European Network for the
exchange of information between persons and entities responsible for the
training of judges and public prosecutors25a partir de três questionários sobre:
a) características estruturais e funcionais das instituições de formação, b) o
papel das instituições de formação na selecção e formação de juízes e
magistrados do Ministério Público e c) o papel das instituições de formação
relativamente aos estágios judiciais26.
24
1996, Estrasburgo; 1997, Bordéus; 1998, Varsóvia; 1999, Budapeste; 2002, Vilnius; 2003,
Bucareste. Em termos de reuniões regionais, houve as seguintes: 2000, Ankara; 2001, Tirana.
Para mais informações, consultar: http://www.coe.int/T/E/Legal_Affairs/Legal_co-
operation/Legal_professionals/Judges/Lisbon_network (Setembro 2006).
25
Os questionários foram preparados após a reunião de Estrasburgo de 16-17 Dezembro de
2004.
26
Cuja análise, feita por Raffaele Sabato, juiz do Tribunal de Nápoles, Itália, foi apresentada
em Estrasburgo, em Agosto de 2005.
18 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
Nos termos deste documento, o CCJE considera, por um lado, que uma
formação completa e diversificada é indispensável para que os juízes possam
exercer as suas funções de forma competente e imparcial, garantindo, assim, a
sua independência e profissionalismo, daí que a formação deva, para além das
competências técnicas, dotar os magistrados de sensibilidade social. E,
também, dotá-los da consciência de que são juízes europeus, pelo que o
estudo do direito europeu deve ser reforçado.
27
Outra ideia a reter desta reunião prende-se com a necessidade de a formação contribuir
para a criação de um espaço judicial europeu, devendo as instituições de formação judiciária
trabalharem em conjunto.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 19
meios e recursos necessários para esse fim. O CCJE recomenda, ainda, que o
órgão encarregue da formação seja diferente do órgão responsável pela
nomeação. Reconhece-se, ainda, a importância crescente da formação
contínua.
28
Para mais informação consultar http://www.ejtn.net/www/fr/html/index.htm (Outubro 2006).
20 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
esse meio, alcançar uma justiça que se baseia numa partilha de valores
comuns29 30.
29
A criação, pelo Conselho da Europa, de uma Carta Europeia sobre o Estatuto dos Juízes
inscreve-se nesta linha de actuação. Pode-se falar de um juiz constitucional europeu, imbuído
em valores comuns explicitamente formulados na construção da Europa unida, para além de
uma mera união económica e monetária. Contudo, se se quer esta ideia de juiz constitucional
europeu, não se pode ficar apenas por uma declaração de intenções, é necessário que haja
uma ligação aos sistemas de formação dos juízes na Europa. Acresce que, quando se fala de
direito europeu, não se fala apenas de direito comunitário. Fala-se, sobretudo, daquilo que se
tornou o cerne da nossa constituição comum: a Convenção Europeia dos Direitos do Homem e
a doutrina proveniente das decisões do Tribunal em Estrasburgo.
30
O Tratado de Amesterdão prevê, ainda, uma certa “comunitarização” através de “acções-
em-comum” e, sobretudo, de acções-quadro e de decisões que alargarão a competência do
Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias em matéria de interpretação das convenções.
31
In http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:52006DC0356:FR:NOT
(Setembro 2006).
32
Para mais informação, consultar o Editorial da “Lettre du REFJ” de Novembro de 2006, em
www.ejtn.eu.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 21
direito europeu33.
33
A REFJ constitui um precioso mecanismo para desenvolvimento da formação judiciária e
para coordenar a acção das diferentes estruturas nacionais.
Ao nível do Conselho de Ministros, após uma primeira discussão impulsionada pela Itália em
1991, a França depositou uma iniciativa legislativa em 2000, que, ainda que não tenha sido
adoptada, permitiu à Comissão fazer um balanço dos mecanismos possíveis para estruturar a
Rede Europeia de Formação Judiciária (REFJ). Assim, em 2003, o Conselho adoptou uma
série de conclusões sobre o carácter indispensável da formação.
34
Estes programas de intercâmbio devem ser complementados com formações de duração
adequada, tanto no Tribunal de justiça, quanto estágios no Eurojust.
35
Estes dois programas visam favorecer a cooperação judiciária e têm por objectivo encorajar
a similitude de legislações, bem como o reconhecimento mútuo de decisões, reforçar os
intercâmbios de informação e promover a formação das profissões judiciárias (cf.
http://www.sent.fr/ue/pac/E2875.html - Setembro 2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 23
entre outros. Por outro lado, mecanismos como a Rede Judiciária Civil, a Rede
Judiciária Penal ou o Eurojust, deverão ter um papel importantíssimo em
matéria de formação, através da disseminação de informações sobre os
instrumentos jurídicos europeus ou da organização de actividades de formação
ao nível local. Assim, para a Comissão devem ser privilegiados três tipos de
acções: promoção do conhecimento dos instrumentos jurídicos adoptados pela
União e pela Comunidade, sobretudo em áreas em que os poderes específicos
são confiados aos juízes nacionais; promoção das competências linguísticas, a
fim de permitir às autoridades judiciárias uma comunicação directa entre si;
desenvolvimento do conhecimento dos sistemas jurídicos e judiciários dos
vários Estados-Membros, para permitir a cooperação judiciária.
Quanto à formação inicial, esta deve ser capaz de dar aos futuros
profissionais o sentimento de pertença a um mesmo espaço de direito e de
valores. A formação contínua deve permitir aos profissionais o aprofundamento
do conhecimento dos instrumentos jurídicos adoptados pela União Europeia36.
É manifestado, ainda, o desejo de que a formação judiciária deverá integrar-se
36
Dentro do programa-quadro mencionado para 2007-2013, a Comissão deseja subsidiar
financeiramente a formação dos profissionais judiciários em matéria de direito da União e
direito comunitário.
24 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
37
Para mais informações consultar http://www.iaj-uim.org.
38
Dela fazem parte 69 associações.
39
A participação dos magistrados nas actividades desenvolvidas por via da formação contínua
não pode, de nenhuma forma, pôr em risco a sua independência.
26 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
6.2. O MEDEL
40
Em Setembro de 2006, em Siofok, na Hungria, foi debatido o tema “De que forma a
nomeação e a avaliação (quantitativa e qualitativa) dos juízes está em concordância com os
princípios da independência judiciária?”.
41
Para mais informações consultar www.medelnet.org.
28 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
42
No actual contexto português, o actual processo de recrutamento deveria ser organizado
tecnicamente pelo Centro de Estudos Judiciários sob a responsabilidade do referido júri com a
eventual colaboração das Universidades.
34 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
43
Este princípio, com a formulação que lhe demos, tem como consequência a rejeição, de
forma clara, que a entrada nas magistraturas se efectue por uma carreira vestibular obrigatória,
dado que, desse modo, não se conseguiria um recrutamento plural e diversificado nas idades,
nas experiências, nas formações académicas e profissionais. Ora, só essa pluralidade no
recrutamento permitirá a construção de uma Magistratura sensível às novas realidades deste
nosso tempo. Este princípio tem como consequência que toda a selecção deve ser efectuada
por concurso público e não deve haver qualquer discriminação negativa, designadamente em
função da idade ou do ano de conclusão da licenciatura, como acontece actualmente em
Portugal.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 35
ser magistrado.
direito civil e do direito penal, porque são as formas de direito que garantem,
quase como num espelho, a imagem de autonomia do direito. Se formos para
outras áreas (direito da família, do trabalho, comunitário, etc.) não vemos essa
autonomia. A ideia de autonomia naturalmente que condiciona a visão que se
tem do direito que se administra. Ora, a formação não deve ser uma
manifestação desta cultura normativista técnico-burocrática, que é excelente a
interpretar o direito e péssima a interpretar a realidade. Assim, como interpreta
mal a realidade, o magistrado é presa fácil de ideias dominantes.
44
Na sociologia do direito temos um princípio, que resulta de análises, de muitos estudos, que
é o seguinte: à medida que se jurisdicionalizam as novas relações sociais, e elas têm-se vindo
a jurisdicionalizar cada vez mais, o verniz da capa jurídica dessas relações é cada vez mais
fino. E é, por isso, que aí também penetra muito pouco a dogmática jurídica, ou seja, quando
temos um caso nestas novas áreas, digamos que 20% é direito, 80% é o resto da realidade.
Portanto, é preciso aprender muitas outras áreas: técnicas contabilísticas, economia,
psicologia, antropologia, sociologia, para entender essa realidade.
38 A consolidação de um direito da selecção e formação de magistrados
que estar em pé de igualdade. O que significa que quem não está apto numa
área não jurídica, também não deve entrar na magistratura.
45
Em Outubro de 2006, o Senado da República Francesa analisou um relatório em que se
preconizava a formação dos juízes na área da gestão (“La justice, de la gestion au
management? Former les magistrats et les greffiers en chef”, Rapport d’information n.º 4, in
http://www.senat.fr/rap/r06-004/r06-0041.pdf).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 39
Assim, não faz sentido tentar contrapor uma cultura geral a uma cultura
técnica. O importante é criar uma cultura judicial nova, política e democrática, e
não justapor a cultura geral a uma cultura técnico-burocrática.
entidade que é responsável pela sua formação, bem como dos poderes
legislativo e executivo
Introdução
46
Também Walter Nunes da Silva Júnior: Modelo de Recrutamento de Juízes no Brasil, in
http://www.jfrn.gov.br/docs/doutrina114.doc (Outubro 2006).
47
Nos países da Common Law (Inglaterra, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e os Estados
Unidos da América, a nível federal) é o poder executivo/legislativo que nomeia ou recomenda a
nomeação dos juízes.
48
Montesquieu (1987: 167-168) escreveu no seu O Espírito das Leis que “o poder de julgar
deveria ser confiado a pessoas que fossem tiradas do seio do povo, em certas épocas do ano,
formando um Tribunal que não deveria ter duração maior que a necessária para o julgamento”.
49
Actualmente, as nomeações de juízes, a nível federal, nos EUA são feitas pelo Presidente,
sendo os candidatos avaliados por um comité da American Bar Association e os processos são
revistos por um comité judiciário do Senado, antes de o Senado votar; a nível estadual, existe o
‘Plano de Mérito’, tendo a American Judicature Society identificado alguns elementos básicos
deste plano, tais como: a comissão de nomeação é composta de membros juristas e não
juristas, que recrutam e avaliam os possíveis candidatos; há a recomendação de um número
limitado de candidatos, geralmente entre 2 e 5; compete ao Governador estadual (ou seja, ao
poder executivo) a nomeação do candidato. No Canadá, os candidatos devem submeter as
suas candidaturas ao Comissariado para os Assuntos Federais que avalia se o candidato
preenche ou não os requisitos técnicos antes de enviar o processo ao respectivo comité judicial
de nomeação, comité esse composto de membros provenientes da advocacia, da judicatura e
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 43
não juristas (que devem ser representativos da província em termos geográficos, de género, de
linguagem e culturais). Os comités judiciais de nomeação recomendam os candidatos com
base na sua excelência profissional, características pessoais e consciência social e
comunitária, sendo ainda verificada a sua idoneidade através de quatro pessoas apresentadas
pelo candidato. Os candidatos são, depois, entrevistados e é fornecida ao Procurador-geral
uma lista com dois nomes, cabendo, então, ao Procurador-geral a nomeação.
50
Este modelo, como se verá no capítulo seguinte, é o dominante nos países da Europa de
tradição jurídica românica. Nos países europeus de tradição civilista, dada a sua natureza
inquisitória, existe uma maior necessidade de juízes, do que nos países da Common law, daí
que o seu recrutamento seja feito logo após a licenciatura em direito, seguindo-se uma
formação numa escola judicial com duração de 1 a 2 anos, após a qual os juízes iniciam a sua
carreira. A promoção na carreira faz-se com base no mérito e na experiência. O concurso
público é assim, um expediente democrático porque, como a função exige conhecimentos
técnicos, ele possibilita, com utilização de critério objectivo quanto à escolha e subjectivo em
relação à avaliação, o recrutamento do candidato que demonstre possuir a melhor qualificação
para o exercício do cargo. Nesse passo, cabe perfeitamente a reflexão de Zaffaroni, ao dizer
que “Assim como a eleição popular é o único procedimento democrático para a selecção dos
deputados e do presidente, por exemplo, o concurso de título e provas é o equivalente
democrático para seleccionar os candidatos tecnicamente melhor qualificados para uma função
que requer ‘idoneidade’, consistente no elevado grau de profissionalismo, porque é o único que
corresponde a regras objectivas e que, portanto, garante o controle dos interessados e do
público”. Outrossim, é um sistema ao qual são lançadas críticas e que demonstra algumas
imperfeições. A maior censura que lhe é feita refere-se ao fato de o concurso ser idóneo para
44 O recrutamento de magistrados na União Europeia
Por seu turno, o magistrado italiano Oberto (2003: 12) considera que
existem actualmente quatro métodos de selecção de novos magistrados.
aferir a capacidade técnica do candidato, mas não fazer nenhuma incursão quanto às
capacidades pessoais e sociais e de idoneidade do candidato.
51
A eleição surgiu no século XIX nos EUA, em que o candidato podia ter ou não o suporte
partidário de determinado partido. A partir dos anos 40 do século XX tal método começou a ser
substituído por comissões judiciais de nomeação, ainda que alguns estados ainda requeiram
eleições regulares de confirmação após período experimental de exercício de funções.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 45
52
Vide www.dca.gov.uk/judges.appointments.htm ou www.judicialappointments.gov.uk
(Setembro/Outubro 2006).
46 O recrutamento de magistrados na União Europeia
53
www.judicialappointments.gov.uk/docs/JSBcontination200906.pdf (Outubro 2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 47
2.1.2. Noruega
54
A JAC terá, antes do Natal, o programa para os District Judge.
48 O recrutamento de magistrados na União Europeia
2.1.3. Finlândia
substitutos).
Quadro 1
O modelo de recrutamento de magistrados entre pessoas com experiência profissional
(Inglaterra e País de Gales, Noruega e Finlândia)
Variável
Requisitos Processo de selecção Observações
País
Compete à Judicial
Advogados com Appointments Commission
Constitutional Reform
experiência (10-15 anos); a selecção, baseada no
Inglaterra e Act 2005 veio alterar
nacionalidade inglesa, mérito, integridade,
País de Gales o processo de
irlandesa ou de um país conhecimentos jurídicos e
selecção
da Commonwealth qualidades pessoais; Lord
Chancellor nomeia
Licenciados em direito Ainda que não
com experiência existam testes de
Ministro da Justiça avalia o
Noruega profissional (10 anos); admissão, Ministro
processo e Rei nomeia
conhecimento das pode entrevistar
línguas oficiais candidatos
Licenciatura em direito; Candidato deve demonstrar
Experiência adquirida
Nacionalidade finlandesa; interesse pela nomeação
Finlândia como funcionário
capacidades pessoais e para a vaga; cabe ao
Recrutamento judicial, referendário
profissionais atestadas Presidente da República
comum para num tribunal de
por experiência proceder à nomeação após
Juiz e MP recurso ou nomeação
profissional em tribunal parecer da Comissão de
provisória de juiz
ou outra Nomeações Judiciárias
Fonte: OPJ
2.2.1. Luxemburgo
2.2.2. Dinamarca
2.2.3. Suécia
Quadro 2
O modelo de recrutamento de magistrados após estágio profissional
(Dinamarca, Suécia e Luxemburgo)
Variável
Requisitos Processo de selecção Observações
País
Avaliação dos candidatos com
Licenciatura em direito +
base em entrevista e diploma
estágio (9 meses) em Conselho avalia
universitário; Rainha nomeia
tribunal superior; com base em
Dinamarca novos magistrados, sob
nacionalidade dinamarquesa entrevista e
recomendação do Ministro da
e conhecimento de línguas diplomas
Justiça e do Conselho Judicial
oficiais
de Nomeações
Licenciatura em direito + Nomeação pelo Governo.
carreira profissional em A nomeação como juiz
Suécia
Tribunal; Nacionalidade efectivo só se dá após período
sueca probatório (8 anos)
Licenciatura em direito (e
cursos de direito
luxemburguês) + exame de Grã-Duque nomeia como Vagas
Luxemburgo fim de estágio de advocacia; magistrado-estagiário (período comunicadas
Nacionalidade; direitos civis probatório de 1 ano ) internamente
e políticos; conhecimento
das línguas oficiais
Fonte: OPJ
2.3.1. Alemanha
2.3.2. Áustria
Quadro 3
O modelo de recrutamento com base na formação universitária, exame de Estado e
estágio (Alemanha e Áustria)
Variável
Requisitos Processo de Selecção Observações
País
Exames de Estado organizados
Nacionalidade alemã, pelos Lander e os melhores
Alemanha Ciclo de formação
personalidade idónea e classificados nos exames são
comum para
capacidade para a nomeados pelo conselho de
Recrutamento todas a
função; formação teórica nomeação do tribunal onde o
comum para profissões
e prática, seguida dos candidato vai exercer funções.
Juiz e MP jurídicas
Exames de Estado Segue-se período probatório (3 a
5 anos) e nomeação definitiva
Licenciatura em direito +
Áustria estágio (9 meses);
Ministro da Justiça designa
nacionalidade; possuir
melhores candidatos, mediante
Recrutamento todas as capacidades;
proposição dos presidentes do
comum para boas qualidades
tribunal regional superior
Juiz e MP intelectuais, pessoais e
físicas
Fonte: OPJ
2.4.1. França
A comissão de recrutamento
As provas
55
Claude Hanoteau, da ENM, tipifica o perfil do auditor de justiça como o de uma ‘jovem
auditora’, que é seleccionada através do primeiro concurso de acesso, após ter seguido uma
formação de preparação no Institut d’Études Judiciaires, tem um diploma de terceiro ciclo, é
originária da região parisiense e tem cerca de 23 anos. Para mais informações, consultar o
Rapport d’information nº. 345 de 2001/2002, por Christian Cointat, em
http://www.senat.fr/rap/r01-345.html.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 57
A nomeação
56
Para mais informações, consultar http://www.assemblee-nationale.fr/projets/pl3391.asp
(Novembro 2006).
57
“Uma Justiça em “xeque”: Breve análise do ‘Affaire d’Outreau’”, in
http://cedes.iuperj.br/PDF/06julho/uma%20justica%20em%20cheque.pdf (Novembro 2006).
“Uma das críticas feitas sobre o Caso de Outreau é de que o Juiz que conduziu as
investigações era recém-saído da ENM e não tinha experiência para dirigir um caso criminal
tão sensível”.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 59
2.4.2. Holanda
A avaliação
58
Podem ser, por exemplo, jornalistas, advogados ou professores universitários.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 61
2.4.3. Espanha59
59
Para mais informações, vide www.poderjudicial.es e www.cej.justicia.es (Setembro/Outubro
2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 63
A comissão de selecção
As provas
60
A função de Magistrado é diferente da função de Juez.
64 O recrutamento de magistrados na União Europeia
Existe, ainda, uma outra via de acesso, reservada aos juristas que
tenham, pelo menos, 6 anos de experiência profissional numa profissão
jurídica, que poderão ser admitidos à função de Magistrado (exerce funções
judiciais a um nível superior ao do Juez) com base no seu mérito ou após um
teste comparativo. Os juristas com mais de 10 anos de experiência profissional
podem aceder directamente, sem necessidade de formação.
A nomeação
2.4.4. Portugal61
61
As associações sindicais de Juízes e de Magistrados do M.P., em Portugal, como resulta da
análise dos seus textos mais recentes, não se encontram em sintonia sobre os caminhos a
seguir no recrutamento e formação de magistrados.
O texto mais recente publicado no site da ASJP é o do seu vice-presidente, Azevedo Mendes,
na qual defende: a) Abandonar o período de espera de dois anos a partir da licenciatura; b) O
ingresso de profissionais do direito ou com outras qualificações, a optar-se por vias
diferenciadas de recrutamento, poderá ser estimulado por compensações várias, mas nunca
deverá dispensar os testes de aptidão ao CEJ, iguais para todos, nem a frequência de
formação igual para todos; c) Impor que a Lei do CEJ enquadre a formação dos juízes dos
TAF, uniformizando-se a formação, seja inicial, seja permanente, numa lógica de tronco
comum de onde sairão os juízes para as jurisdições especializadas; d) Evolução do modelo
para um sistema de formação autónomo para os juízes, com redução ao mínimo indispensável
da formação conjunta; e) A magistratura de opção deverá ser assumida antes do início da
formação; f) O objectivo da cultura judiciária comum, a juízes, procuradores e advogados, deve
ser apoiado pelo CEJ, mas não deve interferir obsessivamente com a organização curricular,
devendo ser mais protagonizado pelas Faculdades de Direito e pelos Conselhos Superiores; g)
Após o ingresso, deve seguir-se um período de formação inicial específica para cada
magistratura, numa primeira fase no CEJ e numa segunda fase nos Tribunais. A fase seguinte,
na qual os auditores são nomeados magistrados em estágio, deverá assumir feição de período
experimental, devendo ponderar-se o seu prolongamento para permitir avaliação segura sobre
a adequação à função; h) Na fase de estágio, os Conselhos deverão ter maior papel na
avaliação dos candidatos, e devem poder recusar a nomeação em caso de evidente inaptidão;
i) Deverá haver um quadro orgânico estimulador, responsabilizante e integrado para os juízes
formadores, assegurando-lhes formação, definição clara de objectivos, tempo para as
actividades na formação e comunicação facilitada com todo o sistema. j) Deverá introduzir-se
uma única fase de formação contínua, para actualização e especialização, coordenada com os
Conselhos. O Estatuto dos Magistrados Judiciais deverá integrá-la no acesso preferencial aos
tribunais especializados; l) Devem introduzir-se mecanismos para colmatar rupturas no
preenchimento de vagas em tribunais, permitindo-se a abertura de cursos especiais de
formação específica.
António Cluny, Presidente do SMMP, emitiu em Setembro de 2006 um comunicado
subordinado ao tema “Reforma da Formação de Magistrados e Advogados: sua importância na
reforma da organização judiciária e das carreiras forenses”, na qual propõe ideias e estratégias
base: a) Recriação de uma cultura judiciária comum, que passe pela frequência pelos
candidatos a profissionais do foro de uma fase inicial de aprendizagem conjunta, isto é, um
período de formação que permitisse, depois de um exame de Estado, o ingresso nos estágios
profissionais e um período de ensino e um atestado final, oficial, que servisse de base a uma
futura permeabilização de carreiras e assim ao reforço de uma cultura judiciária comum; b)
Criação de fases de estágio profissional inicial junto de diversos sectores de actividade
judiciária e não judiciária: os candidatos seriam seleccionados para o CEJ no seguimento do
concurso, imediatamente à finalização do curso universitário, mas deveriam frequentar, durante
dois anos, um estágio de advocacia e um estágio exterior à actividade forense. Assim se daria
um conteúdo útil àquela moratória de dois anos, pensada para permitir uma maior maturidade
aos futuros magistrados, mas que, na prática, apenas permitiu afastar os melhores candidatos,
entretanto colocados já no mercado de trabalho, em melhores condições remuneratórias do
que aquelas fornecidas pelo CEJ. c) Repensar a estrutura do curso ministrado no CEJ: que o
curso fosse pensado em módulos independentes, em que uns seriam comuns aos estágios das
duas magistraturas, sendo outros específicos de cada magistratura. Outros, ainda, poderiam
ser optativos. Este possível esquema organizativo possibilitaria, simultaneamente, uma
formação comum e uma formação específica dos candidatos às duas magistraturas. d)
Reestruturação curricular, com quatro vertentes distintas: maior contacto com a jurisprudência
constitucional nacional e estrangeira e bem assim com a jurisprudência dos tribunais
internacionais; conhecimento da jurisprudência comum dos outros países da UE com
66 O recrutamento de magistrados na União Europeia
A comissão
As provas
legislação civil, comercial, penal e administrativa semelhante à nossa, mas com modelos de
escrita e tramitação processual mais simplificados e menos burocráticos; leccionação de
matérias não necessariamente jurídicas, mas fundamentais ao desempenho actual dos
magistrados; introdução de matérias ligadas à capacidade e correcção da comunicação e
comportamento com os cidadãos, os outros profissionais do foro e os media; matérias como a
deontologia, como a retórica, as técnicas de simplificação e economia da escrita, a gestão
processual, a comunicação oral, a comunicação e relacionamento com os media, línguas
estrangeiras, etc; e) Reforma da fase de estágios nos Tribunais: deveria ser pensado o estágio
dos futuros magistrados junto de estâncias que, habitualmente, não são escolhidas para esta
fase. Referimo-nos, por exemplo, ao Tribunal Constitucional, ao STJ, ao STA, ao Tribunal de
Contas e à PGR (Conselho Consultivo). Estes períodos de estágio – em trabalho de assessoria
– permitiriam um contacto mais directo com a sua jurisprudência e com a forma de pensar e
decidir os problemas sub judice próprios desses tribunais e órgãos consultivos. f) Projectar a
formação permanente/contínua e especializada como instrumento indispensável de projecção
da carreira e de colocação em áreas de hierarquia e de jurisdições especializadas, no que diz
respeito aos magistrados ou de atestação de especialização na advocacia.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 67
2.4.5. Grécia
A comissão
62
A figura dos assessores foi criada pela Lei n.º 2/98, de 08 de Janeiro. No entanto, esta Lei
não teve a devida implementação.
63
Nos termos do artigo 44º, a classificação final corresponde à média aritmética das
classificações obtidas nas provas da fase oral.
68 O recrutamento de magistrados na União Europeia
As provas
A nomeação
2.4.6. Itália
A comissão
64
Cfr. NOJ, em particular o Decreto Legislativo recante modifica della disciplina per l’accesso
in magistratura, artigo 2º, n.º 2. In http://www.movimentoperlagiustizia.it/filedload/carriera.pdf
(Novembro 2006).
65
Cfr. Os artigos 3º e 4º. http://www.movimentoperlagiustizia.it/filedload/carriera.pdf (Novembro
2006).
70 O recrutamento de magistrados na União Europeia
As provas66
Existem outras duas vias de acesso. Uma delas, prevista pela Lei de
2001, trata-se de um concurso simplificado reservado a advogados com idade
de, pelo menos, 45 anos e com uma experiência profissional efectiva de 5 anos
enquanto advogado ou juiz honorário – juiz dos tribunais não judiciais –
66
Até 2001, havia uma prova de pré-selecção de escolha múltipla, feita através de
computador, com a duração de 80 minutos, em que os candidatos tinham de responder a 60
questões relativas a direito civil, penal e administrativo. A correcção das provas era efectuada
no mesmo dia para todos os candidatos. Contudo, este sistema, revelou-se um fracasso total,
já que o número de candidatos que saía dessa pré-selecção era idêntico ao número de
candidatos admitido a concurso. Para além disso os critérios de correcção eram controversos,
com a sua frequente impugnação judicial, bem como limitados quanto aos seus temas, dado
que as provas relativas a direito penal e administrativo ainda não estavam concluídas e as de
direito civil apenas se relacionavam com questões ligadas ao notariado.
67
Cfr. NOJ, em particular o Decreto Legislativo recante modifica della disciplina per l’accesso
in magistratura, artigo 1º. In http://www.movimentoperlagiustizia.it/filedload/carriera.pdf
(Novembro 2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 71
2.4.7. Bélgica
A comissão
O concurso
As provas
68
Em Fevereiro de 2006 o Conselho de Ministros aprovou um projecto de lei para modificação
das disposições relativas ao recrutamento de magistrados. Assim, pretende-se aumentar este
período de um ano, passando para dois anos.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 73
A nomeação
A nomeação
Quadro 4
O modelo de recrutamento de magistrados através de concurso público para formação
(França, Holanda, Bélgica, Espanha, Portugal, Grécia e Itália)
Variável
Recrutamento Provas escritas Provas orais Outro tipo de
Requisitos Observações
por Concurso (admissibilidade) (admissão) selecção
País
a) até 27 anos;
b) até 40 anos; Discussão de
diploma que carácter geral;
comprove questionários de:
formação de, Composição sobre direito comercial ou
pelo menos, 4 tema geral; administrativo; Selecção sur
a) ordinários; anos após o dissertação sobre organização titres (lic. em
b) excepcionais bacharelato ou o tema de direito civil; judiciária e direito)
(experiência diploma de um em direito penal ou em jurisdição Integração
Concurso
França
Variável
Recrutamento Provas escritas Provas orais Outro tipo de
Requisitos Observações
por Concurso (admissibilidade) (admissão) selecção
País
Testes psicológicos Pré-selecção,
a) jovens
de avaliação da começa por uma
licenciados
personalidade, das Entrevistas e carta de
b) candidatos Licenciatura em
qualidades de 3 exames motivação;
com direito;
Holanda
Sumário de decisão
CSJ belga; poder uma das (juristas com
e dissertação (direito
exercer funções matérias: civil, experiência);
civil, penal e social)
Recrutamento públicas; 1 ano penal ou social certificado é
comum para de exp. (nos 3 válido por 7
juiz e MP anos anteriores anos
Concurso
Duas provas
comum a
Licenciatura em orais, em que os
ambas as
direito; candidatos Selecção de
magistraturas, 100 Perguntas:
Espanha
Variável
Recrutamento Provas escritas Provas orais Outro tipo de
Requisitos Observações
por Concurso (admissibilidade) (admissão) selecção
País
Temas de: direito
Licenciatura em
civil e elementos
direito,
fundamentais de
nacionalidade
direito romano,
italiana + posse
direito processual
a)Concurso de direitos
civil, direito e
comum a cívicos e Nomeação
processo penal,
ambas as políticos, aptidão directa para o
direito
magistraturas, física e psíquica Tribunal
administrativo, Opção da
organizado pelo para o exercício Três dissertações: Supremo
fiscal e magistratura no
CSM da função, bons direito civil, direito (Professor
Itália
constitucional, processo de
b) concurso costumes penal e direito universitário,
direito do trabalho candidatura sob
simplificado ( (ou alternativa, administrativo advogado
e social, direito pena de
mais de 45 doutor direito ou b) três exames com mais 15
comunitário, inadmissbilidade
anos e 5 anos habilitação prof. anos de
direito
de exp. Como forense ou 3 experiência
internacional; e
advogado ou anos adm.publica profissional)
prova de língua
juiz de paz ou 4 anos de juiz
estrangeira
de paz ou curso
b)provas orais
com 2 anos de
nas mesmas
especialização
matérias que para
jurídica)
a)
Fonte: OPJ
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 77
Introdução
59
A saber: Alemanha, Áustria, Inglaterra e País de Gales, Dinamarca, Suécia, Finlândia,
Noruega, França, Portugal, Grécia, Luxemburgo, Espanha, Itália, Bélgica e Holanda.
60
Para além de outras fontes citadas nos locais próprios, a informação sobre os referidos 15
países da União Europeia foi recolhida em: Le recrutement, la sélection, la formation initiale et
la carrière des magistrates en Belgique et dans plusieurs autres pays membres de l’Union
Européenne – le règne de la diversité, Le Conseil Supérieure de la Justice, 2005 Bélgica
(http://www.csj.be/doc/note-carmag.pdf); Recrutement et formation des magistrats en Europe
Étude comparative, Giacomo Oberto, 2003, Council of Europe Publishing; Le recrutement et la
formation initiale des magistrats du siege, Les documents de travail du sénat, 2006 França
(http://www.senat.fr/lc/lc164/lc164.html); La formation des juges et des magistrats du parquet en
Europe, Actes: réunion multilatérale, 1996 Conselho da Europa; Traité d’organisation Judiciaire
compare, Tome I, Union Internationale des Magistrats, 1999, Bruylant; The relationship
between judicial independence and judicial accountability, Seth Nthai, 2005 África do Sul
(http://www.idasa.org.za/gbOutputFiles.asp?WriteContent=Y&RID=1430); Appointing judges: a
judicial appointments commission for New Zealand?, Ministério da Justiça, 2004 Nova Zelândia
(http://www.justice.govt.nz).
80 A formação inicial de magistrados
61
A difusão deste modelo assenta, também, no dinamismo da sua divulgação pela École
Nationale de la Magistrature que, através da acção do Conselho da Europa, está a ser
difundido para os países do centro-leste da União Europeia.
62
Oberto, 2003: pág. 93, informa-nos que na Bélgica existe um projecto de reforma que cria
duas escolas de magistratura (uma para a comunidade francófona e outra para a comunidade
flamenga).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 81
63
Neste grupo incluem-se sete países, a saber: Alemanha, Áustria, Inglaterra e País de Gales,
Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega.
82 A formação inicial de magistrados
64
Deve acrescentar-se que as diversas durações dos diferentes estágios são determinadas
pelos vários Landër.
65
Para mais informações, consultar
http://www.justiz.gv.at/_cms_upload/_docs/broschuere_austrian_judicial_system.pdf (Novembro
2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 83
A formação inicial, que ocorre após a sua nomeação como juízes, inclui
cursos de direito civil e de direito penal, bem como de aperfeiçoamento da
técnica jurídica. Os métodos utilizados são a observação directa e a discussão
de casos práticos, bem como a aprendizagem de métodos de gestão
processual. Há ainda uma componente de visitas a estabelecimentos
66
Para mais informações, consultar http://www.jsboard.co.uk.
67
A formação do M.P. é da responsabilidade do Crown Prosecution Service.
84 A formação inicial de magistrados
são obrigatórios.
Quadro 5
Análise comparada do sistema de formação de magistrados – Modelo dos estágio
profissionais
(Alemanha, Áustria, Inglaterra e País de Gales)
Entidade
Variável
que
Formação
Duração Actividades desenvolvidas organiza Observações
inicial
a
País
formação
Após 1º exame de Estado, o
candidato adquire o estatuto
Não há
de referendar, sendo que
formação inicial
neste período de referendariat
propriamente
Alemanha
Entidade
Variável
que
Formação
Duração Actividades desenvolvidas organiza Observações
inicial
a
País
formação
Após a nomeação como juiz-
candidato, deve seguir
período de “formação em
Estágio No período de
exercício” junto de vários
preparatório de 4 anos está
Áustria
Quadro 6
Análise comparada do sistema de formação de magistrados – Modelo dos estágio
profissionai
(países escandinavos: Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca)
Variável Entidade que
Formação Actividades
Duração organiza a Observações
inicial desenvolvidas
País formação
Parte teórica, em
que o candidato
aprende a redigir
decisões e os
princípios éticos da
jurisprudência; a Domstolsverket
Estágio
Suécia
magistrados
Alguns civil e penal, bem Ministério da Os cursos não
são pessoas
dias como formação Justiça são obrigatórios
com
sobre redacção de
experiência
decisões
profissional (+
10 anos)
Programa
personalizado,
Após a
Cada candidato organizado pelo
formação, o
é acompanhado tribunal onde é
Dinamarca
candidato deve
de um juiz- colocado o
efectuar um
formador, que 3 anos candidato, e estipula Tribunal
exame escrito
avalia o as tarefas e o tempo
(redigir uma
candidato que o candidato
decisão) e um
anualmente deve trabalhar em
exame oral
cada um dos
domínios jurídicos
Fonte: OPJ
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 89
68
Este modo de recrutamento dirige-se a interessados com mais de 27 anos e menos de 40
anos, titulares de licenciatura em direito, com experiência profissional mínima de 3 anos, nas
áreas jurídica, económica ou social. Este modelo de recrutamento não pode ultrapassar 20 %
do total (ver capítulo II).
90 A formação inicial de magistrados
69
Este período divide-se da seguinte forma: 8 semanas no ministério público, 7 semanas num
tribunal ‘de grande instância’, 6 semanas num ‘tribunal de instância’, 4 semanas com um juiz de
aplicação de penas, 5 semanas com um juiz de menores, 6 semanas com um juiz de instrução.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 91
70
O auditor participa no conjunto das actividades dos magistrados orientadores do estágio,
designadamente redigindo decisões, conduzindo interrogatórios, dirigindo os debates na
audiência, dando instruções para a condução dos inquéritos pela polícia, etc.
71
No decurso da formação, os auditores são regularmente informados da avaliação sobre a
sua formação.
92 A formação inicial de magistrados
72
Existem dois concursos extraordinários: um para funcionários com 4 anos de serviço e idade
até 40 anos; outro para candidatos com 8 anos, pelo menos, de serviço profissional e idade até
40 anos (ver capítulo II).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 93
73
Para mais informações, consultar http://www.mj.public.lu/professions/magistrat/index.html
(Outubro 2006).
94 A formação inicial de magistrados
meses.
74
Para mais informações, consultar http://www.esdi.gr/french.html.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 97
75
Cujo regime foi instituído pelo NOJ, em particular pelo Decreto Legislativo recante istituzione
della scuola superiore della magistratura, nuove norme in tema di tirocínio e formazione degli
uditore giudiziari, in http://www.movimentoperlagiustizia.it/filedload/ddlscuola.pdf (Novembro
2006). Assim, a Escola é, nos termos do artigo 1º do referido decreto, uma estrutura didáctica
autónoma, com personalidade jurídica de direito público, com capacidade de direito privado e
autonomia organizativa, funcional e de gestão, negocial e contabilística. A Sezioni I do Capo I
trata do Estatuto e dos órgãos da Escola.
98 A formação inicial de magistrados
76
Cfr. Artigo 2º do citado decreto legislativo. In
http://www.movimentoperlagiustizia.it/filedload/ddlscuola.pdf (Novembro 2006).
77
De que tratam os Capo II a Capo IV do Titolo II. In
http://www.movimentoperlagiustizia.it/filedload/ddlscuola.pdf (Novembro 2006).
78
Cfr. Artigo 20º, http://www.movimentoperlagiustizia.it/filedload/ddlscuola.pdf (Novembro
2006).
79
Cfr. artigo 21º, n.º 1, http://www.movimentoperlagiustizia.it/filedload/ddlscuola.pdf (Novembro
2006).
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 99
80
Para mais informação, consultar http://www.cej.justicia.es.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 101
Quadro 7
O Modelo de formação inicial teórico-prática em escola seguido de estágio
- Quadro comparativo dos países que têm escola comum às duas magistratura
(França, Luxemburgo, Portugal, Grécia e Itália)
Entidade
Variável
Formação Actividades que
Duração Observações
inicial desenvolvidas organiza a
País
formação
a) Formação geral:
divide-se em parte
teórica, em Bordéus,
e abarca as funções
jurisdicionais no seu
conjunto; métodos
utilizados são as
conferências,
trabalhos de grupo e
ateliers; e parte
prática, com estágios
em todas as funções
susceptíveis de
a) 31 Meses: 3m
serem exercidas
(estágio) + 8m
aquando a saída da No final há lugar
(ENM) + 13m
escola e nos a exame de
(estágio) + 1m
serviços externos classificação;
(ENM) + 6m
que, por razão da após 1 ano de
(Estágio de pré-
suas actividades, exercício de
a) Concurso afectação)
estejam ligados a funções, os
ordinário: (formação geral e
cada uma das jovens
duas fases – formação ENM (École
França
Entidade
Variável
Formação Actividades que
Duração Observações
inicial desenvolvidas organiza a
País
formação
Formação junto da
ENM em França;
após a formação
teórica devem Antes da
Luxemburgo
Entidade
Variável
Formação Actividades que
Duração Observações
inicial desenvolvidas organiza a
País
formação
a) Parte teórico-
prática junto da
Escola, versando
temas de direito e
processo civil, direito
e processo penal e
No final do
direito administrativo,
período de
com eventual
formação há
aprofundamento das
lugar a
matérias tratadas em
avaliação da
sede de prova oral.
idoneidade para
Visa-se, ainda,
o exercício das
aperfeiçoar a
funções. No
capacidade técnica e
caso de
deontológica dos
avaliação
auditores; b)
24 meses: 6 negativa, o
Duas fases: estágios de Scuola
meses + 18 auditor é
Itália
Dentro deste modelo, a Espanha tem uma variante exclusiva que consiste
em ter uma escola de formação inicial para Juízes e outra para M.P., cujas
características se sintetizam no Quadro 8.
104 A formação inicial de magistrados
Quadro 8
O Modelo de formação inicial teórico-prática em escola seguido de estágio
- Quadro do país que tem uma escola para os juízes e outra para o M.P.
(Espanha)
Entidade
Variável
Formação Actividades que
Duração Observações
inicial desenvolvidas organiza a
País
formação
Curso teórico, com
a) Juez: conferências e análise de
24 meses casos práticos; estágios, No final do
Escuela
(12 meses junto de diferentes período de
Duas fases: Judiciaria
+ 12 jurisdições (civil, penal, formação, os
Espanha
teórico- (CGPJ) e
meses) administrativa); está ainda candidatos
prática e Centro de
b) Fiscal: prevista a aprendizagem deverão efectuar
prática de Estudios
8 meses das línguas oficiais de cada exames, após os
estágios Jurídicos
(4 meses Comunidade Autónoma, quais são
(Fiscalia)
+4 bem como das normas classificados
meses) emanadas das suas
instâncias
Fonte: OPJ
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 105
81
Esteve em discussão no Parlamento Belga, em Novembro de 2006, um projecto-Lei
governamental que visa criar um Instituto de Formação Judiciária (cfr. Sénat 3-1889, em
www.senate.be), instituto que será responsável pela formação dos magistrados (e de outras
categorias profissionais ligadas à instituição judiciária). Para mais informações consultar
www.csj.be ou www.ejtn.eu.
106 A formação inicial de magistrados
82
Em todos os casos o Ministro da Justiça pode terminar o estágio por inaptidão ou motivo
grave.
83
Para mais informação, consultar http://www.ssr.nl/aboutssr.php.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 107
Nos três primeiros anos, a formação para jovens juristas admitidos como
candidatos internos é constituída por cursos teóricos no Centro de Formação e
estágios práticos num dos dezanove tribunais distritais. Durante os primeiros 6
meses, o formando ocupa um posto de funcionário na secretaria, seguindo-se
12 meses no Ministério Público, enquanto oficial substituto.
84
Na Holanda existe, em cada Tribunal, um “Juiz de Imprensa” (‘press judge’), que tem a
tarefa de dar explicações aos meios de comunicação social, sempre que necessário. Para tal,
existem cursos especiais que incluem treino frente às câmaras (‘on-camera training’).
108 A formação inicial de magistrados
Nos últimos dois anos, a formação tem lugar fora do sistema judiciário,
em escritórios de advocacia, junto de forças policiais na Comissão Europeia
dos Direitos Humanos, em empresas privadas, etc.
Quadro 9
O modelo de formação de cursos teórico-práticos e estágio
(Bélgica e Holanda)
Variável Entidade que
Formação
Duração Actividades desenvolvidas organiza a
inicial
País formação
Ciclo de cursos;
a) Estágios no MP, incluindo na
secretaria do MP; estágios em
estabelecimento penitenciário,
a) Estágio serviço de polícia, notário e
Duas fases:
curto: 18 solicitadoria de execução ou no
teórico-prática
meses (12 departamento jurídico de uma
e estágios
meses + 3 instituição pública económica ou Conseil Supérieur
Não está
meses + 3 social; e novamente no MP; de la Justice
Bélgica
prevista
meses) b) Estágios no MP, incluindo na (Organização do
formação inicial
b) Estágio secretaria do MP; estágios em Serviço do
para os
longo: 36 estabelecimento penitenciário, Ministério da
recrutados por
meses (16 serviço de polícia, notário e Justiça)
exame de
meses + 6 solicitadoria de execução ou no
aptidão
meses + 14 departamento jurídico de uma
profissional
meses) instituição pública económica ou
social; estágio em tribunal de
primeira instância, tribunal de
trabalho ou tribunal de comércio,
incluindo na secretaria judicial
110 A formação inicial de magistrados
Este sistema pode subdividir-se em países que têm uma escola comum, e
uma formação inicial comum, para a magistratura judicial e do M.P. (França,
Portugal, Grécia e Itália) e um país que tem duas escolas de formação inicial
de magistrados, uma para os juízes e outra para o Ministério Público
(Espanha).
Introdução
Não tendo elementos disponíveis para mais países, decidimos fazer essa
comparação relativa à formação inicial em Portugal, França e Espanha. Assim,
o estudo comparativo efectuado neste capítulo assenta na análise do plano de
actividades 2006/07 do CEJ (Portugal), do Programme de Formation Initiale
2005 da ENM (França), no Plan docente de formación Inicial curso 2006/2008
da Escuela Judicial/CGPJ (Espanha) e Dossier Informativo do curso 2006/2007
de formação inicial dos Fiscales, do Centro de Estudios Jurídicos85 (Espanha).
85
Os referidos documentos encontram-se publicados em:
http://www.poderjudicial.es/eversuite/GetRecords?Template=cgpj/cgpj/principal.htm;
http://www.cej.justicia.es; http://www.enm.justice.fr/formation_initiale/index.htm; e
http://www.cej.pt/FICHEIROS_PDF/plactividades_06_07_a.pdf (Outubro/Novembro 2006).
116 A formação inicial em acção
Quadro 10
Comparativo dos princípios e objectivos da formação inicial
(Portugal, França e Espanha)
Portugal Espanha França
Desenvolvimento das qualidades pessoais: Princípios: A formação inicial justifica-se pela
- Compreensão ampla do sistema de justiça e sua - Formação necessidade de preparar os juízes
função; de índole com uma sólida formação jurídica e
- Aprofundamento dos Direitos Fundamentais; generalista; humanista. O plano docente pretende
- Compreensão da conflituosidade social; - Alternância efectivar um modelo constitucional de
- Reflexão sobre o papel do magistrado; entre estágios juiz que preste um serviço a todos os
- Apuramento do espírito crítico e fomentar o e cursos cidadãos.
sentido de partilha e de relativização do saber; teóricos; Objectivos:
- Conhecimentos dos princípios da ética da função - Formação a - Completar os conhecimentos
e da deontologia profissional; cargo de necessários para o exercício da
- Exercitação dos parâmetros éticos e práticos do profissionais; função judicial
agir judiciário; - Formação - Desenvolver a capacidade de
- Desenvolvimento da capacidade de virada para o análise da realidade, valoração de
autoformação; exterior provas e resolução
- Aquisição e desenvolvimento de competências Pretende-se assim, durante o primeiro
técnicas: Objectivos: ano de formação, completar os
- Consolidação e aprofundamento dos - Formar os conhecimentos adquiridos, através de
conhecimentos técnico-jurídicos; auditores de uma perspectiva prática; estimular a
- Domínio do método jurídico e judiciário; justiça nas percepção e individualização dos
- Aquisição de conhecimentos e técnicas de outras funções e problemas jurídicos apresentados;
áreas do saber; técnicas potenciar a capacidade de decisão
- Domínio da técnica de elaboração de peças e ligadas à prudencial; aprender a fundamentar
dos procedimentos processuais; profissão de as decisões com linguagem clara,
- Aquisição de destreza no processo de decisão, magistrado; simples e compreensível; tomar
apuramento da intuição prática e jurídica, - conhecimento das novas funções no
desenvolvimento da capacidade de análise e de Sensibilização espaço judicial europeu; aprofundar o
síntese, poder de argumentação, ponderação de para uma conhecimento da realidade social em
interesses e do efeito prático da decisão; cultura ética, que se produzem determinados
- Domínio das técnicas de comunicação; deontológica conflitos jurídicos; valorar as relações
- Desenvolvimento de competências de e profissional do juiz com todos os seus
organização e gestão de métodos de trabalho interlocutores
Fonte: OPJ
(com base em: Plano de Actividades 2006/2007, do CEJ; Programme de Formation Initiale 2005, da ENM;
Plan Docente de Formación Inicial Curso 2006/2008, da Escuela Judicial/CGPJ)
118 A formação inicial em acção
Por seu lado, a estrutura curricular da ENM francesa assenta num maior
período de duração de estágios: estágio inicial (para descobrir os Tribunais e
exterior, para descobrir outras entidades), o estágio em jurisdição e o estágio
de pré-afectação. A ENM, na sua formação teórico-prática, divide o seu tempo
formativo entre o módulo, a que denomina de “à descoberta das funções
jurisidicionais” (Quadro 12) e o módulo relativo à aquisição de cultura ética,
deontológica e profissional (Quadro 13).
Quadro 11
Comparativo dos ciclos de formação inicial
(Portugal, França e Espanha)
Portugal Espanha França
1º Ciclo (6,5 meses): 1º ano: o estudo das três a) Primeiro período:
a) Componente formativa: grandes áreas (na Escuela) formação de carácter
Ética e deontologia generalista (24 meses)
Expressão e voz a) Direito constitucional e
Língua estrangeira comunitário: 1) Etapas na ENM: (11
Língua estrangeira 1 – Apresentação geral. O meses)
Projecto papel do juiz como garante - Estágio ‘descoberta das
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 119
Quadro 12
A descoberta das funções jurisdicionais (ENM)
Variáveis
Métodos
Conteúdo Observações
pedagógicos
Módulos/Funções
Direcção de grupos de A formação generalista
Tribunal de Princípios do direito civil, metodologia do estudo; deve preparar os
grande Instância julgamento, análise de diversos contenciosos Conferências; auditores de justiça
Simulações; para as funções gerais
Competências, análise de litígios especiais, Exercícios escritos; da magistratura,
Tribunal de Sessões de judicial e do MP; as
protecção dos incapazes, relação com a justiça de
Instância actualização; diversas modalidades
proximidade
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 121
Variáveis
Métodos
Conteúdo Observações
pedagógicos
Módulos/Funções
permitem expor a
Princípios gerais, estatuto, competências, especificidade de cada
Juiz de Instrução
procedimentos vários função, bem como os
grandes princípios
processuais
Juiz de aplicação Competências, audiência, redacção de decisão,
de penas escolha da pena, relação com outros serviços
Fonte: OPJ
Quadro 13
A aquisição de cultura ética, deontológica e profissional (ENM)
Variáveis
Conteúdo Métodos pedagógicos Observações
Módulos
Conferências;
História da magistratura; cultura
Grupos de estudo;
A instituição institucional; cultura administrativa;
Ateliers;
parceiros da instituição
Exercícios de simulação
Conferências, ateliers; sessões de
Procedimento; prova; vítimas; sanção;
O processo de actualização; grupos de estudo; jornadas Conhecimentos
modos alternativos de resolução de litígios;
decisão temáticas; visitas a estabelecimentos relativos ao
Assises
prisionais; ambiente
Convenção europeia dos direitos do judiciário,
Conferências, casos práticos; trabalhos a
Nível europeu e homem; direito comunitário; cooperação reflexão sobre
partir dos casos práticos; acções de
internacional judiciária internacional; direito e processo o lugar da
formação
civil comparado justiça, sua
Economia, organização,
sociedade e Economia; social; família; culturas Conferências; grupos de estudo; papel e seus
família, acesso estrangeiras; acesso ao direito simulações; visitas a Maisons de Justice desafios
ao direito
Medicina,
Conferências; assistência de autópsias;
psiquiatria e Medicina legal; psiquiatria; desvios
exercícios de redacção; grupos de estudo
desvios
Fonte: OPJ
122 A formação inicial em acção
Quadro 14
Formação inicial – Componente profissional (CEJ)
Variáveis
Conteúdo Duração Avaliação Observações
Módulos
Abordagem, de forma sequencial, Exige participação
dos temas de processo civil, progressiva oral dos
perspectiva da compreensão da auditores, com
natureza e meios de tutela cível, nas avaliação contínua e
Temas de Elaboração de peças
modalidades declarativa, executiva realização de trabalhos
direito civil e 117 escritas e discussão oral;
e cautelar; princípios estruturantes e escritos, de forma a
comercial e horas docentes da magistratura
sistemática do processo; desenvolver a
de processo judicial e da magistratura
competência e actuação dos argumentação e o
civil do MP
intervenientes processuais; sentido crítico, técnica
tramitação; processo executivo; judiciária e boa gestão
abordagem casuística; temas de do processo
direito comercial
Abordagem dos temas de processo
penal, de forma sequencial; boa Exige participação
compreensão dos fins, âmbito e progressiva oral dos
natureza da tutela penal; princípios auditores, com
Temas de estruturantes e sistemática do avaliação contínua e Elaboração de peças
direito penal processo; competência e actuação 117 realização de trabalhos escritas e discussão oral;
e processo dos intervenientes processuais; horas escritos, de forma a docentes da magistratura
penal meios de prova e procedimentos desenvolver a judicial e da magistratura
probatórios; processo decisório; argumentação e o do MP
tipos de crimes mais frequentes; sentido crítico, técnica
questões relacionadas com o direito judiciária e boa gestão
constitucional e direitos do processo
fundamentais; abordagem casuística
Temas em matéria de divórcio, Exige participação
regulação do poder paternal, progressiva oral dos
adopção, promoção de direitos e auditores, com
Temas de
protecção de crianças e jovens e avaliação contínua e
direito
intervenção tutelar educativa; realização de trabalhos Docentes da magistratura
substantivo
princípios estruturantes; questões 39 horas escritos, de forma a judicial e da magistratura
e processual
relacionadas com o direito desenvolver a do MP
da família e
constitucional e direitos argumentação e o
das crianças
fundamentais; abordagem sentido crítico, técnica
casuística; instrumentos jurídicos judiciária e boa gestão
supranacionais do processo
Exige participação
Natureza e meios de tutela cível,
progressiva oral dos
nas modalidades declarativa,
auditores, com
Temas do executiva e cautelar, contra-
avaliação contínua e
direito do ordenacional e criminal; princípios
realização de trabalhos Docentes da magistratura
trabalho e da estruturantes e sistemática; técnica 9 horas
escritos, de forma a judicial e da magistratura
empresa e de tratamento e selecção de factos;
desenvolver a do MP
do processo tramitação geral do processo
argumentação e o
do trabalho comum e especiais; direitos
sentido crítico, técnica
fundamentais dos trabalhadores;
judiciária e boa gestão
sociedades comerciais; insolvência
do processo
Compreensão da função social e
caracterização do sistema de
justiça, legitimidade democrática dos
Organização,
tribunais, natureza e atributos da
metodologia 21 horas Seminários/ateliers/debates
função jurisdicional; tópicos da Teste escrito
e discurso
linguagem jurídica e judiciária;
judiciários
discurso judiciário; narração dos
factos e fundamentação das
decisões
Fonte: OPJ
Quadro 15
Formação inicial – Componente formativa (CEJ)
Variáveis
Conteúdo Duração Avaliação Observações
Módulos
Exige participação progressiva
Noções fundamentais; oral dos auditores, com
Ética e reflexão e sensibilização para avaliação contínua e realização
15 horas
deontologia as exigências éticas da de trabalhos escritos, de forma a
função social de magistrado desenvolver a argumentação e o
sentido crítico
Dominar os aspectos da
Expressão e voz relação entre voz, corpo e 1,5 horas
comunicação
Desenvolver conhecimentos
Língua
de modo a saber utilizar o 37,5 horas
estrangeira
inglês com desenvoltura
Quadro 16
Formação inicial – Componente informativa e de especialidade (CEJ)
Variáveis
Conteúdo Duração Avaliação Observações
Módulos
Variáveis
Conteúdo Duração Avaliação Observações
Módulos
Quadro 17
O estágio da Magistratura Judicial (CEJ)
Variáveis
Conteúdo Metodologia Orientações gerais
Áreas
fundamentais
Conduzir integralmente até ao final Tomar contacto com a O juiz-formador deve verificar
n.º razoável de processos secretaria e secções de o trabalho desenvolvido pelo
Jurisdição cível
declarativos, executivos, especiais e processos; tribunais de estagiário e sugerir as
procedimentos cautelares competência genérica e correcções necessárias; no
126 A formação inicial em acção
Variáveis
Conteúdo Metodologia Orientações gerais
Áreas
fundamentais
Conduzir até ao final n.º razoável de junto de juízes final, o director da delegação
processos penais dos diversos tipos, formadores, que elabora relatório sobre a
elaborando, designadamente, cúmulo seleccionarão e adequação e o
jurídico e liquidação da pena; no TIC distribuirão processos de aproveitamento de cada um
Jurisdição penal deverá proceder a interrogatório de natureza diversificada dos auditores;
arguido, proferir despacho sobre
medidas de coacção, debate
instrutório e despacho de
pronúncia/não-pronúncia
Acompanhar n.º razoável de
Jurisdição de
processos tutelares cíveis, de
família e
processos judiciais de promoção e
menores
protecção, tutelares educativos e
acções de divórcio
Tramitar e analisar acções
Jurisdição do
emergentes de contratos e acidentes
trabalho
de trabalho
Ciclos de debate e análise; visita a
estabelecimento prisional, serviços
Actividades
do IRS, conservatórias do registo
complementares
civil, comercial e predial e cartórios
notariais
Fonte: OPJ
Quadro 18
O estágio do Ministério Público (CEJ)
Variáveis
Metodologia Orientações gerais
Áreas
fundamentais
Jurisdição cível Assistir a actos de inquérito e instrução criminal, actos
preparatórios do processo, projectos de peças processuais, O magistrado-formador deve
Jurisdição penal diligências probatórias, contactos com várias entidades que verificar o trabalho
colaboram com o tribunal; acompanhar o atendimento ao desenvolvido pelo estagiário e
Jurisdição de
público; visitas a instituições e serviços (IRS, estabelecimento sugerir as correcções
família e menores
prisional, conservatórias, serviços médico-legais, órgãos de necessárias, apoiando e
Jurisdição do
polícia criminal, IPSS, comissões para a dissuasão da incentivando na adopção das
trabalho
toxicodependência), seminários, colóquios, ciclos de debate, suas próprias posições
Actividades
trocas de experiência
complementares
Fonte: OPJ
Quadro 19
Componente profissional do 3º ciclo (CEJ)
Variáveis
Conteúdo Duração Avaliação Observações
Módulos
Temas de direito civil e
comercial e de processo 42 horas
civil I e II
Quadro 20
Componente formativa do 3º ciclo (CEJ)
Variáveis
Conteúdo Duração Avaliação Observações
Módulos
Só para os auditores que
Expressão e
não frequentaram no 1º
voz
ciclo
Desenvolver os conhecimentos de modo a saber
Língua
utilizar o inglês com desenvoltura, na perspectiva 21 horas
estrangeira
técnico-judiciária
Fonte: OPJ
Quadro 21
Componente informativa e de especialidade do 3º ciclo (CEJ)
Variáveis
Conteúdo Duração Avaliação Observações
Módulos
Noções fundamentais de
contabilidade e gestão financeira,
para compreender, designadamente,
Contabilidade aspectos da criminalidade
21 horas Seminários/ateliers
e gestão económica, fiscal e da segurança
social, bem como a estrutura
financeira e actividade económica da
empresa
Reflexão sobre questões que
Aprofundar conhecimentos nos
tenham surgido da prática
Direito domínios das instituições e do direito;
Parâmetros a judiciária no decurso do 2º
europeu e preparação para utilização dos 24 horas
definir ciclo e domínios que não
internacional mecanismos de cooperação civil e
oportunamente tenham sido abordados no 1º
penal europeus e internacionais
ciclo
Reflexão sobre a crescente
importância da mediação enquanto
Mediação técnica alternativa de resolução de Seminários/ateliers
conflitos; identificação dos aspectos
mais relevantes
Abordagem de fenómenos sociais na
Sociologia perspectiva do seu reflexo e impactos
12 horas Seminários/ateliers
judiciária na intervenção judiciária
Fonte: OPJ
3.3. Espanha
Quadro 22
Direito constitucional e comunitário na Escuela Judicial
Fonte: OPJ
130 A formação inicial em acção
Quadro 23
Primeira Instância na Escuela Judicial
Variáveis
Trimestr Cursos Actividades
Conteúdo Duração
e monográficos jurídicas
Módulos
Família 8 sessões 1º
1 – Família,
Arrendamento, tutela da posse e
arrendamento e 7 sessões 2º
propriedade horizontal Processos de Protecção do
propriedade
Direitos reais e sucessões 5 sessões 3º incapacitação e consumidor.
Responsabilidade civil e seguro família. Os poderes do
de veículos a motor. Estudo de Meios de prova em juiz em processo
8 sessões 1º
casos e elaboração de sentenças processo civil. civil.
2 – Direito de I Execução civil. Conferências
indemnização. Responsabilidade civil e seguro Registo civil. sobre
Procedimento de veículos a motor. Estudo de Cooperação responsabilidade
5 sessões 2º
casos e elaboração de sentenças internacional civil. civil.
II Mediação e Direcção de
O processo executivo 5 sessões 3º conciliação. actos orais.
3 – Contrato civil e Contrato civil e comercial 8 sessões 1º
comercial. Protecção dos consumidores 7 sessões 2º
Execução Execução 5 sessões 3º
Fonte: OPJ
Quadro 24
Instrução na Escuela Judicial
Variáveis Cursos Actividades
Conteúdo Duração Trimestre
Módulos monográficos jurídicas
O início da instrução e o
8 sessões 1º A instrução
procedimento. A acusação
A conclusão da instrução e penal perante
1 – A fase de instrução. situações de
a fase intermédia de 7 sessões 2º
Estrutura e objectivos catástrofe.
processo
gerais O juiz de
O procedimento de
urgência. Instrução perante 5 sessões 3º instrução
tribunal de júri. perante as
questões de
Questões gerais e meios de
Cooperação bioética.
investigação com ingerência 8 sessões 1º
jurídica Toxicodependên
em direitos fundamentais
internacional cia e
Medidas cautelares
2 – Meios de investigação em matéria toxicomanias.
pessoais e controlo da
e medidas cautelares com 7 sessões 2º penal. A autorização
legalidade das restrições à
ingerência em direitos da Violência judicial em
liberdade
pessoa doméstica e de matéria de
Restrições de direitos género. extracção de
fundamentais e medidas Criminologia. órgãos.
5 sessões 3º
cautelares em casos Protecção penal
especiais e em reais do meio-
Prova e sentença: ambiente e
qualificação jurídica dos 8 sessões 1º instrução do
factos processo.
3 – O processo. Instrução
Sentença: estrutura e Execução penal.
de delitos em particular 7 sessões 2º
fundamentação Direcção de
Instrução de delitos em actos orais
5 sessões 3º
particular
Fonte: OPJ
Quadro 25
Formação central do Fiscal
Variáveis
Conteúdo Duração Observações
Módulos
Matéria substantiva
1 – O Fiscal na ordem 110
Matéria processual As aulas apoiam-se no método de caso
jurisdicional penal horas
Matéria constitucional
Família
2 – O Fiscal na ordem Incapacidades Este módulo será completado com práticas
24 horas
jurisdicional civil de família e incapacidades
Matérias relacionadas com a
participação do MP
Carreira
3 – O estatuto orgânico do
Responsabilidades 12 horas Visita à Físcalia General del Estado
Ministério Fiscal
Deontologia
Fonte: OPJ
Quadro 26
Formação complementar do Fiscal
Módulos Duração Observações
O Fiscal na ordem jurisdicional contencioso-administrativa 4 horas
O Fiscal na ordem jurisdicional social 4 horas Dependentes da função a exercer
aquando da primeira colocação
Noções de economia, contabilidade e direito tributário, relacionadas
4 horas
com delitos económicos
Violência doméstica e de género 8 horas
Matérias que merecem ser
Estrangeiros 8 horas
estudadas de forma autónoma
Regime de responsabilidade penal do menor 8 horas
Fonte: OPJ
Introdução
Por outro lado, esta formação tem, cada vez mais, em conta as
dimensões europeia e internacional, sendo que a ENM potencia a descoberta
do funcionamento de sistemas judiciários estrangeiros através de conferências,
grupos de trabalho e estágios no estrangeiro.
Por outro lado, cada magistrado que, ao cabo de 7 anos, não tenha
efectuado mudança de funções – da função judicial para a função de Ministério
Público – deve frequentar um curso de actualização e aperfeiçoamento
profissional relativo às funções que exerce.
86
Para mais informações, consultar http://www.deutsche-richterakademie.com.
142 A formação complementar e a formação permanente ou contínua de magistrados
87
Para além dos países tratados no texto, ainda recolhemos informação da Grécia e do
Luxemburgo, que não foi tratada por ser insignificante. Na Grécia existe, na Escola Nacional da
Magistratura grega, um Departamento de Formação de Magistrados em funções, que foi criado
em Junho de 1998, com sede em Komotini. Por seu lado, no Luxemburgo, a formação contínua
de magistrados (assim como a formação inicial) está a cargo do Ministério da Justiça. Esta
formação é assegurada por uma comissão composta de magistrados e funcionários judiciais.
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 145
Conclusões
nomeação provisória durante seis anos, pelo que, só ao fim de oito anos é que
o candidato é nomeado definitivamente magistrado.
ciclos, cada um com o seu próprio diploma. Para além do mais, é necessário
preencher os requisitos formais, como nacionalidade e boas qualidades
pessoais, intelectuais e físicas. Os candidatos devem efectuar nove meses de
estágio inicial numa jurisdição.
Organiza, ainda, para além dos referidos concursos a selecção ‘sur titres’
(em que só podem ser seleccionados auditores de justiça até um limite de 20%
do número de auditores recrutados por concurso) dirige-se a interessados com
mais de 27 anos e menos de 40 anos, titulares de licenciatura em direito e com
experiência profissional (nas áreas jurídica, económica ou social) com uma
duração mínima de 3 ou 4 anos, dependendo das funções exercidas.
Existe uma outra via de acesso, reservada aos juristas que tenham, pelo
menos, 6 anos de experiência profissional numa profissão jurídica, que
poderão ser admitidos à função de Magistrado (exerce funções judiciais a um
158 Conclusões
uma decisão (direito civil, penal ou social), que deve obedecer aos requisitos
de forma e de substância, para a qual dispõem de um dossier completo com os
dados do processo. Obtendo 60% de pontos passam à segunda prova escrita,
na qual, em 4 horas, devem redigir uma dissertação (max. 4 páginas) sobre um
assunto da actualidade relacionado com o direito. Efectuam, depois, uma prova
oral, à qual acedem caso obtenham 60% de pontos na segunda prova. Esta
prova consiste numa discussão sobre uma das três matérias de direito
referidas, na forma de caso prático, tendo o candidato 60 minutos para se
preparar.
períodos de formação mais teórica com períodos de estágio, tendo estes como
objectivo o conhecimento do funcionamento de uma instituição ou um ambiente
profissional, bem como a aprendizagem, progressiva, numa jurisdição da
prática de funções judiciárias. A formação inicial, que se prolonga por 31
meses, integra duas fases: uma fase de formação geral e uma fase de estágio.
A fase geral tem a duração 24 meses e começa por um estágio de 3 meses, no
exterior da instituição judiciária; segue-se um período de escolarização de 8
meses na ENM e termina por um estágio de 13 meses em jurisdição. Existem,
ainda, estágios externos e um estágio de 2 meses num gabinete de
advogados. O principal objectivo daqueles estágios é a aquisição de
experiência prática. No final da fase de estágio, os auditores de justiça são
submetidos a uma prova de classificação. Depois desta prova o júri procede à
classificação dos auditores de justiça, e, após a publicação da lista de
classificação e da lista das vagas existentes, tem início a fase de estágio que
visa, exclusivamente, a preparação para a colocação em funções de juiz de
primeira instância, juiz de instrução, juiz do Tribunal de Menores, juiz de
execução de penas ou como delegado assistente do Ministério Público. O
estágio, com duração de 7 meses, divide-se, por sua vez, em duas fases: um
mês de formação teórica intensiva na função escolhida e cinco meses de
estágio de pré-afectação, com o objectivo de aperfeiçoamento funcional prático
nas funções que vão exercer. Finda esta fase, o auditor é nomeado
magistrado, pelo Presidente da República sob proposta do Conselho Superior
da Magistratura, para o exercício da função onde estagiou. Relativamente aos
auditores recrutados sur titres, iniciam a formação inicial no segundo período,
estando, assim, dispensados do primeiro estágio fora do sistema judicial, sendo
a duração total da sua formação de 27 meses: oito meses na Escola; doze
meses de estágio jurisdicional; dois meses de estágio num escritório de
advogados e cinco meses de estágio de pré-afectação. Para os candidatos
provenientes do exame extraordinário (profissionais com experiência), a
formação tem apenas a duração de 6 meses.
52. Na Bélgica, estão previstos dois estágios: o estágio curto, que dura 18
meses e só dá acesso ao Ministério Público e o estágio longo, de 36 meses,
que dá acesso a ambas as magistraturas. Após 11 meses de estágio, o
estagiário deve informar o tutor da escolha pelo estágio curto ou longo,
compreendo formação teórica e prática. A formação teórica consiste num ciclo
de cursos organizado pelo Serviço Público Federal de Justiça, enquanto que a
formação prática tem várias fases. No caso do estágio longo: 16 meses no
Ministério Público, um dos quais na secretaria, sendo que ao 6º mês o
estagiário pode ser nomeado para exercer, de forma total ou parcial, as
funções do Ministério Público; 6 meses em estabelecimento penitenciário,
serviço de polícia, notário e solicitadoria de execução ou no departamento
jurídico de uma instituição pública económica ou social; 14 meses num tribunal
de primeira instância, tribunal de trabalho ou tribunal de comércio, um dos
meses na secretaria. Quanto ao estágio curto: 12 meses no Ministério Público,
O Recrutamento e a Formação de Magistrados 175
Coelho, Alexandra. 2000. «Formação: para quem? Com que objectivos? Com
que métodos?». In Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.
Que formação para os magistrados hoje?. Lisboa: SMMP: 167-174.
186 Referências Bibliográficas
Nthai, Seth. 2005. The relationship between judicial independence and judicial
accountability. África do Sul. In
http://www.idasa.org.za/gbOutputFiles.asp?WriteContent=Y&RID=1430
(Outubro 2006).
ANEXOS
Índice
Anexo A
La vente d'immeubles
L'assurance
Le droit des sûretés en partenariat avec les notaires (formation nouvelle pour
l'année 2007)
Les flux judiciaires civils, démarche et qualité. Proposée par l'Ecole nationale
des greffes (formation nouvelle pour l'année 2007)
Les successions
Méthodologie de l'arrêt
Création d'un site Web justice. Proposée par l'Ecole nationale des greffes
Le réquisitoire oral
Savoir parler
La détention provisoire. 1
L'assessorat correctionnel
Assemblée nationale
Conseil d'Etat
Cour de Cassation
Sécurité routière
Sénat
Aéronautique et aérospatiale
Banque de France
BNP-PARIBAS
O.P.A.C.
Publicité
R.A.T.P.
SACEM
Groupe Total
Véolia environnement
Administration pénitentiaire
Economie
Médiateur de la République
Urgences médico-judiciaires
Bioéthique et droit
Inceste et justice
L'Islam en France
Anexo B
Anexo C
date sujet
16.01.2006 -
Les réactions de la justice à l’extrémisme politique de droite
21.01.2006
29.01.2006 -
Les infractions économiques et financières
04.02.2006
29.01.2006 -
La communication interculturelle en audience
04.02.2006
Le traitement de victimes de violences sexuelles ou d’abus
19.02.2006 -
sexuels, notamment de mineurs, dans le cadre d’une
25.02.2006
procédure pénale
13.03.2006 - Questions choisies sur l’autorité parentale, le droit de garde
17.03.2006 et le droit de visite
20.03.2006 -
Les infractions contre l’environnement
25.03.2006
02.05.2006 -
Le droit international de l’enfant
06.05.2006
02.05.2006 -
L’européanisation du droit pénal
06.05.2006
28.05.2006 -
L’Europe et le droit civil
03.06.2006
19.06.2006 -
Les cours et tribunaux internationaux
24.06.2006
25.06.2006 - Le droit de la consommation, notamment son aspect de
01.07.2006 dédommagement du consommateur
16.08.2006 -
Le 20e siècle: les conceptions du monde et le droit
26.08.2006
10.07.2006 -
L’entraide judiciaire internationale en matière pénale
15.07.2006
23.08.2006 -
Droit, violence, agression
02.09.2006
24.09.2006 - Le droit européen dans la pratique des juridictions
30.09.2006 administratives
16.10.2006 -
Les procédures pénales en Europe
21.10.2006
22.10.2006 -
La criminalité organisée
28.10.2006
22 Anexo C
date sujet
22.10.2006 - La violence en famille: les aspects criminologiques, pénaux
28.10.2006 et intrafamiliaux d’un thème à plusieurs couches
19.11.2006 - De l’indépendance de la justice – une comparaison
25.11.2006 européenne
Le droit européen en tant que coordinateur en matière de
13.11.2006 -
sécurité sociale et sa transposition en droits internes des
18.11.2006
Etats-membres
20.11.2006 - La déontologie de la magistrature du siège – fondements,
24.11.2006 perspectives, comparaison européenne
04.12.2006 -
L’Internet et le droit pénal
09.12.2006
Fonte: Deutsche-Richter Akademie (2006)