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Ministério da Saúde
Direcção de Recursos Humanos
Departamento de Formação
Módulo Vocacional 6:
EXAMES HISTOCITOLÓGICOS
Moçambique
Módulo Vocacional 6: Exames Histocitológicos
PREFÁCIO
Este módulo é um recurso de apoio aos professores, na planificação e implementação das aulas
que se destinam a formação de Técnicos Médios de Laboratório e visa desenvolver nestes
futuros profissionais de saúde, conhecimentos, habilidades e atitudes com relação as práticas de
prestação de cuidados de saúde com elevada qualidade e em conformidade com o perfil
profissional estabelecido. Por outro lado, o módulo é resultado da revisão do currículo de
técnicos médios de laboratório para a nova abordagem baseada em competências.
Esperamos, por um lado, que este módulo constitua um verdadeiro suporte para o
desenvolvimento e alcance dos objectivos das diferentes temáticas de formação dos profissionais
de laboratório e por outro como uma base sólida onde o professor possa buscar o fortalecimento
de conhecimentos, garantia de uma dinâmica uniformizada tanto na mediação como na
assimilação das matérias de ensino.
O módulo apresenta uma linguagem simples, acessível e clara de modo que permita a fácil
compreensão dos estudantes das Instituições de Formação de Saúde a nível nacional.
_______________________________
Nazira Karimo Vali Abdula
Ministra da Saúde
ÍNDICE
UNIDADE DIDÁTICA 1
INTRODUÇÃO A HISTOCITOTECNOLOGIA E
MANUSEAMENTO DAS AMOSTRAS
ÍNDICE
OBJECTIVO GERAL
Resultados de aprendizagem
INTRODUÇÃO
A anatomia patológica tem contribuído com informações concernentes à natureza dos processos
que levam à ocorrência de doenças, e ainda hoje, é um dos principais meios de obtenção de
diagnóstico de doenças ou diagnóstico diferencial.
- O primeiro capítulo aborda a evolução das técnicas histocitológicas com destaque para os
principais precursores e ainda a evolução da anatomia patologia em Moçambique.
- No segundo capítulo, faz-se a descrição das funções específicas do serviço de anatomia
patológica em Moçambique.
- No terceiro capítulo, tratamos das análises e métodos de estudo usados na implementação
ou nos serviços de Anatomia Patológica.
- Para o quarto capítulo, a abordagem será feita em volta do estudo da recepção e registo de
amostras no Serviço de Anatomia Patológico.
- No quinto capítulo apresentamos a temática sobre fixação onde destacaremos dentre
vários, os processos físicos e químicos da fixação e factores de qualidade.
- Dando seguimento, teremos o sexto capítulo que fará a abordagem sobre o registo do
estudo macroscópico nos Serviços de Anatomia Patológica.
- No final, apresentamos o sétimo capítulo que vai desenvolver a temática sobre
descalcificação com destaque para os seus tipos.
André Vesálius (1514 – 1554) embora de uma forma pouco consistente notabilizou-se no estudo
de Anatomia Humana Normal. Foram porém, homens como Marcelo Donato, no mesmo século
que puseram a patologia nos seus estrilhos certos, produto da Patologia actual.
Durante muito tempo, reinou apenas o estudo macroscópico, situação que veio a mudar após a
descoberta do microscópio e das técnicas complementares que permitiram a sua aplicação
prática.
Após que Anton Leeuwenhoek em 1714 associou a coloração coma microscopia e com uso de
corantes naturais empregues na tinturaria têxtil tais como, carmim, orceína, açafrão e o índigo,
um novo grande salto em frente foi dado à microscopia. Alguns destes corantes, continuam até
hoje, a serem usados.
EXEMPLO
O carmim ou cochonilha – produto derivado dos corpos dessecados das fêmeas de
insectos originários do México, foi e continua a ser usado nas técnicas actuais.
No ano seguinte ao da morte de Virchow, nasce em Portugal aquele que viria ser o “Pai da
Patologia em Moçambique” – Manuel Damaso Prates
(fig. 3). A partir de 1931, já como quadro da secção de
Anatomia Patológica do Instituto Português de Oncologia,
vai para Hamburgo, na Alemanha, estudar na
Escola onde Virchow Celebrizara, sob a direcção de um
dos seus discípulos, o Professor Wohlwill.
Mais tarde, este professor viria a emigrar para Portugal,
onde continuou a orientar o Jovem Dr. Prates. Em 1938,
Prates vem pela primeira vez a Moçambique, para estudar a
Desde então, e até a data da sua morte, em 27 de Maio de 1965, o professor Prates, realizou um
trabalho extremamente importante que o tornou a ele e o nosso Laboratório, conhecidos e
respeitados pelas comunidades Científicas Locais e Internacionais. (Gonzalez & Matos, 1991)
Em Agosto de 1958, chega a Moçambique o Dr. Fernando Manuel Cordeiro Sousa de Oliveira
Torres (Fig. 5). Após a morte do Professor Prates, é ele quem lhe sucede na condução dos
destinos do Laboratório. Na primeira metade da década de 1970, a Anatomia Patológica, atingiu
o cume do seu desenvolvimento e de qualidade de trabalho, graças ao Professor Oliveira Torres.
Ele, não só prosseguiu, expandiu e levou a novas alturas o trabalho que havia sido iniciado pelo
Professor Prates como também, desenvolveu novas áreas de rotina hospitalar, docência e
investigação. Após a Independência de Moçambique, em 1975, deixaram o Serviço de Anatomia
Patológica – SAP todos os médicos especialistas nesta actividade (Patologistas) e também quase
todos os técnicos de Laboratório.
A partir dessa altura, o SAP entrou num período difícil, por entre outras, as seguintes razões:
- Instabilidade do “staff” de Patologistas estrangeiros e a
inexistência de técnicos qualificados;
- Dificuldades em adquirir o material e os reagentes devido
a inexistência de verbas;
- Ausência de orientação técnica e administrativa por parte
dos seus dirigentes, indispensável para analisar as
dificuldades, procurar soluções e implementá-las;
- Opções da política nacional de saúde - que levaram a
marginalização das suas actividades e sua classificação
como “não prioritárias”, com todas as implicações
organizativas e orçamentais;
- Confusões institucionais provocadas, com a não delimitação de fronteiras com as
actividades de Medicina Legal e Serviço Funerário.
Por tudo isso, o SAP mergulhou numa crise progressiva que levou até um ponto muito baixo de
organização e do nível de qualidade do seu trabalho.
Referência especial entre nós, vai para Dr. Carlos Eduardo Mayor Gonzalez, (fig. 6) e outros
como Francisco Sefane Mondlane e Albino Mucavele, ora falecidos – Deus que os tenha. Dona
Gertrudes Frederico, João Baptista Afocoluene, Damião Samussone Pangueia.
Nota especial de entre muitas, foi a de mobilizar três médicos Moçambicanos formados na
Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane a ingressarem-se na carreira de
Anatomia Patológica e com graduação a Especialistas em Anatomia patológica em Fevereiro de
2000, nomeadamente: Dr. Jossefo Ferro, Prof. Doutora Carla Carrilho, Prof. Doutor Mamudo
Rafik Ismail.
Apesar de muitos, coube ao Dr. Carlos Eduardo Mayor Gonzalez, Médico Moçambicano, o
destino de conduzir os destinos do SAP, individualidade que se tornou primeiro Patologista
Moçambicano em 1988 e falecido em 1994.
Durante o período em que este foi dirigente do Serviço, contou com a colaboração valiosa do
Professor Doutor/ Consultor – Sobrinho Manuel Simões, Patologista Português, Presidente de
Instituto de Patologia e imunologia da Universidade do Porto. “IPATIMUP”, na formação de
novos quadros moçambicanos bem como na área de Consultoria. Como reconhecimento do seu
esforço e dedicação ao Serviço de Anatomia Patológica/HCM foi atribuído o seu nome ao
Serviço de Anatomia Patológica – Serviço de Anatomia Patológica Carlos Gonzalez em 2009
No sector técnico, novos técnicos moçambicanos foram incorporados para área de Anatomia
Patológica que apesar de inexperiência, com dedicação e zelo poderiam dar conta do recado. Em
1997 surgem os primeiros cinco técnicos médios especializados na área de Anatomia Patológica.
Apesar de ainda persistirem muitas dificuldades, hoje em dia, podemo-nos orgulhar pelas
conquistas alcançadas:
2.2. Formação/Ensino
O SAP assume um papel importante na docência a vários níveis, como nos Institutos de Ciências
de Saúde (ICS) na formação de cursos de Técnicos de Saúde a nível básico e ou médio; Institutos
superiores de ciências de Saúde (ISCISA), na formação de diversas áreas, Faculdade de medicina
e ou outras Faculdades. Nota especial observa-se ao nível das residências médicas
principalmente de especialistas de Anatomia Patológica e ou outras afins.
2.3. Investigação/Pesquisa
Pode ser considerada a mais importante uma vez que permite analisar de uma forma critica e
criativa a experiência de trabalho de tal modo que a comunidade médica possa conhecer a
realidade local e Nacional e não se cingir apenas de experiências de outros Países. Deste modo,
os resultados de investigação, por vezes denominados pesquisa, também servem os objectivos de
rotina hospitalar e docência.
Para realizar o seu trabalho, o SAP usa os seguintes métodos de estudos: Estudo Macroscópico,
Estudo Histológico e o Estudo Citológico.
Estudo Macroscópico: que consiste em descrever as alterações dos tecidos e órgãos (ou de todo
o corpo, no caso de autópsia), referindo a forma, a consistência, a cor, a profundidade, as
fronteiras das lesões encontradas; podem também ser usados métodos complementares diversos,
como pesagem, fotografia e outros.
Estudo Histológico: que consiste em tirar pequenos fragmentos dos tecidos doentes, cortá-los
em secções finas e examiná-los ao microscópio, anotando todas as alterações encontradas nos
diversos tipos de células e do material intercelular que compõe os tecidos. O estudo efectuado
deste modo permite, na maior parte das vezes, chegar a uma conclusão sobre a doença que afecta
o indivíduo de onde provêm os produtos.
Estudo Citológico: que consiste em colher algumas células isoladas que se desagregam
espontaneamente dos tecidos ou são forçados a isso por acção do médico e examiná-las ao
microscópio, anotando todas as alterações que são possíveis de serem observadas nos núcleos e
nos citoplasmas das células descamadas (citologia esfoliativa) ou removidas de uma superfície
de corte (citologia por decalque) ou “imprint” ou por aspiração com uma agulha e seringa
(citologia aspirativa). O estudo efectuado deste modo simples, permite muita das vezes, chegar a
conclusões gerais sobre a patologia daquele indivíduo.
Para isso, devem contribuir as informações clínicas fornecidas pelos clínicos assistentes do
indivíduo ainda em vida. Esta actividade pode ser
completada por outros estudos como histológicos,
citológicos e outros complementares. (Gonzalez &
Matos, 1991).
Peças Cirúrgicas: estudo de um órgão ou parte dele, (figura 8) removida por cirurgia, regra
geral com fins terapêuticos, isto é, com o objectivo de remover uma parte doente do organismo,
para que a parte saudável possa ficar livre e continuar a viver normalmente. Em casos raros,
pode ter fins profiláticos ou preventivos; por exemplo, a extracção do apêndice durante uma
cirurgia de barriga aberta, efectuada por outros motivos, para evitar eventual apendicite aguda
que pode vir a ser fatal para o individuo. (Gonzalez & Matos, 1991).
Biopsia: é o estudo não de uma peça cirúrgica mas sim de uma pequena amostra que os médicos
clínicos retiram do órgão ou estrutura doente e enviam ao patologista decidir qual é a doença
presente naquela amostra para decidirem a conduta mais adequada.
Em certas situações, a biopsia pode ter fins terapêuticos como nos casos de lesões diminutas
localizadas nas superfícies expostas da pele e das mucosas. Nestas, os clínicos, podem remover
toda a lesão e enviá-la completa para o patologista decidir qual é a doença presente. Este tipo de
biopsia, em que a amostra é a totalidade da lesão, chama-se biopsia EXCISIONAL. (Gonzalez &
Matos, 1991)
Tecidos são estruturas vitais do nosso corpo. Resultam de união de várias células semelhantes e
com a mesma função.
O nosso corpo é constituído basicamente por 4 tipos de tecidos: Epitelial, conjuntivo, muscular
e nervoso. (Junqueira & Carneiro. 1980)
Tecido Epitelial – é constituído por células bastante juntas e com pouco material entre elas. Sua
função é proteger o corpo, absorver e eliminar substâncias (glândulas) e percepção de alguns
estímulos. É encontrado no revestimento do nosso corpo e cavidades internas.
Tecido Conjuntivo - é constituído por células bastante separadas uma das outras e com grande
quantidade de substâncias intercelular. Este subdivide-se em:
- Conjuntivo propriamente dito (união de estruturas do corpo)
- Ósseo (formação do esqueleto)
- Adiposo (armazenamento de gordura)
- Cartilaginoso (formação de cartilagem)
- Hematopoiético (formação de células sanguíneas)
Tecido Muscular – é constituído por células com grande capacidade de contracção e, por isso
este relacionado com a nossa movimentação, alimentação e até mesmo com os batimentos do
nosso coração. O mesmo, subdivide-se em:
- Muscular esquelético (encontrado na ligação entre os ossos)
- Muscular estriado cardíaco (encontrado exclusivamente no coração)
- Muscular não esteriado (de contracção involuntária, é encontrado nas vísceras)
Tecido Nervoso – é constituído por células neuroniais que são capazes de receber estímulos e
conduzir a informação para as outras células através do impulso nervoso. É encontrado no
sistema nervoso central e periférico (nervos e gânglios nervosos).
Aos médicos ou outro pessoal autorizado a pedir análises de Anatomia Patológica, recomenda-se
que preencham com rigor todos os dados da requisição e que o técnico de Anatomia Patológica
os conheça e o seu respectivo significado. Uma requisição devidamente preenchida se bem
analisada, a ajuda a uma chegada rápida e clara ao diagnóstico.
1. Nome do Paciente: o nome de alguém é algo sagrado e único; ele deve ser escrito
devidamente para evitar confusões no ficheiro nominal do Serviço e possíveis trocas de
análises entre doentes com nomes semelhantes.
2. Sexo: é uma característica diferencial e necessária para cada cidadão analisado, sendo por
isso, imperioso especificá-lo sobretudo naqueles doentes cujos nomes não permitem uma
clara determinação do sexo.
10. Data da colheita do material: é muito necessário, sobretudo para verificar o tempo da
demora dos resultados das análises e para esclarecer casos de negligências do pessoal
encarregado em transportar o material para o Laboratório, é, também, um dos indicadores
da produtividade do Laboratório.
11. Tipo de fixador em que o material vem imerso: tem grande importância para o
prosseguimento da técnica histológica, visto haver fixadores incompatíveis com
determinadas colorações; por exemplo, a coloração de Fite-faraco para detecção de
bacilos da Lepra, não dos resultados confiáveis se o material tiver sido fixado em líquido
de Bouin (falsos negativos)
13. Análises anteriores: embora muitos requisitantes de análises não dêem importância a
este dado, ele é muito importante para o Patologista comparar as alterações anteriores
com as actualmente presentes.
14. Assinatura do médico: para além do patologista saber com quem pode discutir ou
esclarecer-se sobre determinados aspectos clínicos, também permite avaliar a
responsabilidade médica no caso; é uma completa aberração assinar com o nome de outra
pessoa, colocar rúbricas ilegíveis ou assinar “pelo Dr. Fulano”.
O preenchimento de uma requisição para um exame de anatomia patológica deve ser um acto tão
importante quanto ao da própria colheita do material; isto quer dizer que os dados fornecidos
pelo requisitante devem ser completos e concordantes com o que o paciente apresenta na
realidade.
Esta norma, infelizmente, nem sempre é bem seguida podendo ter consequências desastrosas,
tais como troca de nomes, atrasos de resultados e erros de diagnóstico topográfico.
Outro factor de confusão resulta de uso de línguas estrangeiras e de caligrafia ilegível dos
requisitantes – o péssimo hábito de usar a chamada “letra do médico” a qual deveria ser abolida
para sempre – levando, muitas vezes, a más interpretações de quem lê.
RESUMO
A qualidade de informação deve ser a melhor possível para melhor orientação do pessoal de
Anatomia patológica na decisão diagnóstica.
Ao contrário de outras análises, as de Anatomia Patológica não são feitas por máquinas
automáticas mas sim por pessoas - médicos especialistas e por toda a equipa que eles chefiam.
Por esse facto, uma requisição de exame anátomo-patológico tem carácter de uma inter-consulta
– uma opinião que um médico especialista na área clínica solicita a um médico especialista na
área Laboratorial.
5. FIXAÇÃO
DEFINIÇÃO A Fixação é uma operação destinada a acabar com a actividade vital dos
componentes tecidulares, preservando-os, dentro do possível, com a forma e a
estrutura que tinham em vida. Também os endurece, permitindo que sejam mais
perfeitamente talhados na forma e dimensões ideias para o processamento.
Ainda se considera, como vantagem adicional, a resistência que confere aos
tecidos para que suportem melhor a acção dos reagentes e processos técnicos
usados. Michalany, Jorge 1980).
5.1. Autólise
Qualquer fragmento de tecido removido de um ser vivo - ou todo ele, após a morte – se não for
fixado, desintegra-se mais ou menos rapidamente. A essa desintegração dos tecidos dá-se o nome
de AUTÓLISE.
Autólise (auto= “por si” e lise=”destruição”), pode definir-se como a destruição da célula por
acção dos seus próprias enzimas, normalmente encerrados no interior dos lisossomas.
5.2. Putrefação
No processo de degradação após a morte, os tecidos autólisados podem vir a ser colonizados por
microrganismos pertencentes a flora intestinal ou proveniente do exterior do corpo. Estes germes
desencadeiam reacções fermentativas que libertam gases e calor. Tal fenómeno designa-se de
PUTREFAÇÃO e diz-se que os tecidos apodrecem, fragmentando-se e liquefazendo-se ainda
mais depressa. O calor proveniente das reacções exotérmicas da putrefacção tem um efeito de
aceleração de todas as reacções enzimáticas, criando-se, assim, um ciclo vicioso que, cada vez
mais, aumenta a velocidade da degradação autolítica e putrefactiva dos tecidos. A fixação destrói
todos os microrganismos e, portanto, impede a putrefacção.
O material podre é totalmente inútil para o estudo histológico, tal como acontece com a carne
deteriorada que não pode ser consumida. Material com autólise incipiente pode, em certas
ocasiões, ser usado, mas tem muitas limitações e sendo totalmente impossível a aplicação de
certos métodos, como a Microscopia Electrónica ou Imunohistoquímica.
Processos físicos; através do frio, calor e dessecação, sendo os dois primeiros os mais usados em
Anatomia patológica.
Calor: as temperaturas elevadas, as cadeias proteicas das enzimas perdem a sua estrutura
quaternária, num processo de desnaturação proteica, chamado Coagulação – o exemplo mais
bem conhecido deste processo é a cozedura do ovo na qual, a albumina (“clara do ovo”) coagula,
passando do estado liquido ao estado sólido, e perde as suas características físicas e químicas
iniciais.
Apesar de agir como fixador, o uso do calor deve ser evitado, uma vez que cria nos tecidos
muitas alterações; ele pode ser usado, em certos laboratórios, na aceleração do processo de
fixação por aquecimento do “formol” para exames urgentes e para eventual fixação de
esfregaços, como o que acontece na microbiologia.
Dessecação: o bloqueio da autólise, nestes casos, é devido a perda da água das soluções em que
as reações enzimáticas têm lugar; com uma tão grande alteração do meio, a actividade
enzimática não podem ter lugar e, consequentemente, a degradação autolítica fica bloqueada; é
pouco usada em Anatomia Patológica.
De entre estes grupos, o mais importante e o mais usado é o dos redutores orgânicos,
representados por:
Transforma-se facilmente, sob acção da luz e em contacto com o ar, em ÁCIDO FÓRMICO.
A acidez torna-se prejudicial por duas razões:
- Interfere coma acção dos corantes, dependendo do seu grupo auxocromo.
- Promove a formação de um pigmento artefactual, derivado da hemoglobina
denominado pigmento de “formol”
Esta acidez pode ser evitada neutralizando o “formol” com o carbonato de cálcio. O ”formol”,
sobretudo em concentrações mais elevadas, sofre um processo de polimerização. O produto
resultante – o PARAFORMALDEIDO – não tem acção fixadora e apresenta tendência a
depositar-se na forma de um pó esbranquiçado, o qual pode interferir com a fixação correcta dos
produtos.
Uma terceira perturbação do “formol” é a que ocorre, com a passagem do tempo, quando ele se
encontra em solução aquosa, resultando na formação de um composto de adição denominado
METILENOGLICOL, também sem acção fixadora.
O “formol” comercial, isto é, o aldeído fórmico a 40 por cento em solução aquosa é denominado
“formol” puro ou “formol” a 100 por cento, mas a solução fixadora, de trabalho, é de “formol” a
dez por cento (aldeído fórmico a 4 por cento) ou seja, para obtenção de solução de trabalho dilui-
se dez vezes a solução comercial (formaldeído a 40% ou “formol” puro a 100%. (tabela 1)
RESUMO:
Dissemos que o “formol” é o fixador Universal porque, além de ser económico, reúne quase
todos os requisitos de um fixador ideal.
Para evitar a ocorrência daqueles artefactos, aconselha-se a usar “formol” tamponado a 10 por
cento que se prepara de seguinte forma:
- “Formol” concentrado (100%) -------------------------------------- 10 ml
- Fosfato monossódico anidro (NaH2PO4) / (K H2PO4) ---- -------------0,35gr
- Fosfatodissódico anidro (Na2HPO4) ------------------------------ 0,65gr
- Água Destilada perfazer até --------------------------------------- 100 ml
Outros Fixadores
O Etanol (ou álcool etílico) é usado como um fixador Universal em Citologia; em histologia,
não deve ser usado como fixador, porque provoca artefactos. Deve ser sim usado como agente
desidratante.
O Metanol (ou álcool metílico) é um fixador usado às vezes como fixador, nos cortes de
congelação e em algumas técnicas citológicas para fixação de certos esfregaços.
Intervalo entre a Colheita e o Inicio da Fixação – Seja qual for o método de colheita do
produto, a autólise dos tecidos é progressiva enquanto o material não for fixado.
Desta maneira deve-se ter como regra geral fixar imediatamente o material após a sua obtenção,
salvo no caso de exames de congelação.
Recomenda-se para nunca usar o soro fisiológico ou água para fins de transporte sob pena de se
pensar que seja um verdadeiro fixador. Se a entidade responsável da colheita não se dispor de
recipientes de vidro ou sacos plásticos para o transporte, recomenda-se que o material seja
envolvido em algodão embebido com fixador e nunca em gaze, porque esta provoca alterações
artefactuais na amostra.
Volume do Fixador – Deve ser de dez a vinte vezes maior que o volume da peça. De contrário a
fixação será defeituosa.
Espessura da Amostra - Quanto menor for a espessura da amostra, mais rápida e eficiente será
a fixação. Recomenda-se que a espessura máxima da amostra para o processamento seja de 6
mm.
prender o órgão, já aberto, a uma placa de madeira ou de cortiça usando alfinetes, a qual é
virada ao contrário e colocada, dentro de uma bandeja contendo o fixador.
Esta etapa segue a recepção do material; é desenvolvida por um técnico de Anatomia Patológica
auxiliado por um agente de serviço. Nesta etapa, prepara-se o material para o registo
propriamente dito. Para esta actividade é necessário entre outros, o seguinte material:
Antes do inicio do registo, o técnico deve conferir o material e arrumá-lo devidamente e garantir
que:
- Peças de grandes dimensões sejam descritas (peso e dimensões) e abertas, ficando a fixar
até ao dia seguinte, tendo, nesse dia, prioridade sobre as outras.
- Amostras recolhidas nas autópsias e estudos científicos em curso, devem, sempre que for
possível, ser processadas em outras alturas e separadamente das biopsias e peças
cirúrgicas de rotina hospitalar
O registo propriamente dito, consiste em anotar todas as características observadas numa amostra
pelo patologista. Estas características podem ser influenciadas pelo estado de fixação do
material.
As colecções sanguíneas focais dos tecidos fixados apresentam também uma viragem da cor
vermelha habitual para uma cor castanha vermelho-acastanhado muito escuro.
Todas as alterações da normalidade podem fornecer preciosas indicações sobre qual a doença
esta presente, se forem analisadas com inteligência.
6.5. Amostragem
A selecção de amostras para o processamento histológico é feita pelo patologista. O técnico deve
anotar, no fim da descrição o número total de fragmentos que seguem para o processamento.
Do mesmo modo, deve anotar se fica reserva ou se o material segue na totalidade (“in toto”).
EXEMPLO A anotação 5+R no fim de uma descrição macroscópica, indica que foram feitas
cinco amostras do produto submetido para análise e que ficou material de reserva;
a anotação 2-“intoto” indica que todo o produto submetido para análise foi
seleccionado num total de duas amostras, não tendo restado qualquer fragmento
para reserva.
Sempre que possível, as amostras seleccionadas devem ser laminares, com duas faces paralelas
entre si, para facilitar a orientação durante a inclusão. A espessura da amostragem deve variar
entre 3 a 4 mm, para permitir uma rápida e eficaz penetração dos reagentes usados durante o
processamento histológico.
As amostras seleccionadas para o processamento histológico são depositadas em cassetes
previamente identificadas automaticamente ou com lápis de carvão.
Quando o material é diminuto, antes de ser depositado nas cassetes deve ser envolvido num
papel de filtro ou esponja para evitar que este se perda durante o processamento histológico.
7. DESCALCIFICAÇÃO
A Remoção do cálcio pode ser feita por diversos métodos. O mais importante e largamente
usado, que passaremos a descrever ao longo deste capítulo, é o MÉTODO DAS SOLUÇÕES DE
ÁCIDOS FRACOS.
Ácido Tricloroacetico, com “formol,” em solução aquosa (ácido Tricloroacetico – 10 ml, água
destilada – 80 ml e Formaldeído comercial – 10 ml), fixa e descalcifica simultaneamente.
Líquido de Bouin, já estudado no capítulo anterior, composto por “formol”, ácido pícrico e
ácido acético, todos em solução aquosa, especialmente recomendado para descalcificar pequenos
cilindros ósseos, biópsias de medula óssea e peças com calcificação distrófica.
Ácidos Inorgânicos – Nestes, o mais usado é o ÁCIDO NÍTRICO a 5 por cento em solução
aquosa com formaldeído. Especialmente recomendado para ossos compactos. Tempo médio de
descalcificação, quando espessura de 5 mm – 1 a 3 dias
São também usados, como descalcificadores soluções comerciais de fórmulas concebidas nos
Laboratórios especializados como por exemplo ‘’RDO’’ com um poder de descalcificação muito
alto.
Estado de Fixação da Peça – A boa descalcificação ocorre em peças bem fixadas; de contrário,
a degradação enzimática da autólise vai juntar-se a agressão química dos hidrogeniões livres e
muito reactivos dos ácidos contidos no descalcificador. O bouin pode ser especialmente
recomendado por, como sabemos, ser descalcificador e também fixador; o mesmo se pode dizer
de todas as soluções descalcificadoras com idêntica composição
Concentração do Descalcificador – como regra geral, quanto maior for a concentração dos
descalcificadores menor é o tempo necessário para a remoção total dos sais de cálcio. No
entanto, maiores serão as alterações artefactuais produzidas nos tecidos e por isso, a qualidade
final será mais baixa. Por esta razão, se recomenda o uso de descalcificadores que actuam
rapidamente em baixas concentrações.
frequência da renovação depende da experiência prática de cada Laboratório, mais quase todos a
fazem diariamente.
Para o estudo histológico das peças calcificadas é necessário, nas nossas condições de trabalho,
que o cálcio seja completamente removido. Peças mal descalcificadas não permitem bons cortes
devido a sua dureza além disso, corre-se o risco de danificar o fio da faca com formação de
entalhes ou ‘’bocas’’.
O controlo de descalcificação, muito frequentemente é feito por dois métodos; Método físico ou
mecânico e Método químico.
Método Físico ou Mecânico – Consiste em verificar a dureza do material a examinar; para isso,
faz-se penetrar um alfinete em diversas direcções e em diversas profundidades da amostra. Se o
material não oferecer qualquer resistência à penetração do alfinete considera-se que o cálcio foi
totalmente removido e que, por tanto, a descalcificação está completa. Se houver resistência à
penetração do alfinete ou se, se ouvir um crepitar muito típico, ainda existem depósitos de cálcio
no tecido e, consequentemente, é necessário continuar com o processo renovando-se o
descalcificador. Este ensaio repete-se o número de vezes que for necessário até que se possa dar
por concluída a remoção dos sais de cálcio.
Método Físico é o mais frequentemente usado. Porém, tem inconvenientes porque pode dar
falsos negativos na pesquisa dos sais de cálcio com efeito, a descalcificação pode ter sido
irregular deixando áreas descalcificadas entremeadas com outras onde os sais de cálcio ainda
permanecem. Se o alfinete penetrou numa área sem cálcio, o técnico será, erradamente, levado a
concluir que a descalcificação está completa. Um outro inconveniente resulta da dilaceração dos
tecidos, consecutiva a cada penetração do alfinete na amostra.
Método Químico – A pesquisa de sais de cálcio remanescente é feito, não no tecido como no
método físico, mas sim no líquido descalcificante. Para tal efeito usam-se produtos como;
- O hidróxido de amónio ou de sódio
- O oxalato de amónio ou de sódio.
O material descalcificado nunca pode ser passado directamente para a água. Se assim acontecer,
o ácido retido no tecido altera o equilíbrio hídrico provocando a tumefação das fibras de
colagénio e outras estruturas, podendo, mesmo, destruir as células. Por isso o material, deve
passar num banho de sulfato de sódio a cinco por cento ou sulfato de amónio durante doze a
vinte e quatro horas para a neutralização do ácido retido no tecido. Só depois desta etapa é que se
pode lavar o material com água corrente durante mais ou menos uma noite e seguidamente
levado para o processador.
RESUMO:
O Estudo das células/tecidos foi desde os tempos do António Leeuenhoeck um objecto de grande
interesse sobretudo com o aparecimento da microscopia associado com a coloração e a
microtomia. A complexidade deste estudo, levou a diferenciação em dois ramos –
Citotecnologia, conjunto de técnicas que permitem um estudo individualizado das células e
Histotecnologia, ao conjunto das técnicas que permitem ao estudo dos tecidos.
O Dr. Carlos Eduardo Mayor Gonzalez, foi o Patologista Moçambicano que mais se destacou na
condução do Serviço após Independência de Moçambique.
Qualquer Serviço de Anatomia Patológica tem como funções – Rotina Hospitalar, Formação e
Investigação.
Para estas actividades, ele usa os seguintes métodos: Macroscópico, Histológico e Citológico, e
realizando as seguintes análises: autópsias, biópsias e peças cirúrgicas e citologias.
As amostras por serem estudadas devem ser devidamente fixadas - operação destinada acabar
com a actividade vital dos componentes tecidulares, preservando-os, dentro do possível, com a
forma e a estrutura que tinham em vida.
Quando ocorrem artefactos no processo de fixação pode desencadear-se a autólise (auto= “por
si” e lise= “destruição”) - destruição da célula por acção das suas próprias enzimas, normalmente
encerrados no interior dos seus lisossomas e posteriormente a putrefacção se não haver o
bloqueio de autólise
A fixação, pode ser efectuada por Processos Físicos e Químicos. O Processo químico é o mais
usado e representado por Formaldeído, Fixador Universal em histologia na concentração de 4%,
Estado de fixação do produto grau em que os tecidos se encontram Fixados, não fixados ou
parcialmente fixados.
Para o processamento histológico, a espessura da amostragem deve variar entre 3 a 4 mm, para
permitir uma rápida e eficaz penetração dos reagentes usados durante o processamento.
Em casos de material ósseo é necessário que este seja descalcificado -processo Laboratorial
que consiste na remoção de sais de cálcio depositados nos tecidos, para permitir o corte dos
tecidos sem danificar as facas.
Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 1 Preparação de 10 litros de “Formol” Tamponado a 10%
Duração 2 Horas
Objectivos:
- Descrever as características químicas e físicas do formol;
- Descrever as regras de preparação de soluções/diluições;
- Explicar as características da instrumentação inerente;
Conteúdos de referência
- “Formol”: conceito e classificação;
- Sua utilidade na fixação de amostras;
- Alterações artefactuais de formol;
- Diferenciação do formol tamponado e não tamponado;
- Aplicação da fórmula de preparação de soluções, concentrações/volumes;
- Pratica no manuseamento de balanças analíticas/pesagens;
- Diferenciação de instrumentação para preparação de soluções.
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- A turma deve-se organizar em grupos de 4 alunos. Cada grupo deve:
- Estudar no manual as características físicas e químicas do “formol”;
- Estudar no manual as regras de preparação de soluções;
- Preparar o “formol” na quantidade referida;
- Cada grupo deverá apresentar o resumo das características físicas e químicas do
“formol”; incluindo as alterações artefactuais do mesmo;
- A expressão Matemática que permitiu essa preparação.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- As actividades que o professor deve planejar e desenvolver na sala de aulas são:
- Estabelece os conhecimentos prévios dos alunos da turma.
- Expõe os conteúdos conceptuais necessários para o desenvolvimento das sessões
práticas.
- Resume os conceitos chave e faz perguntas para se assegurar que suas explicações são
claras
Caso prático/Projecto
Título
Avaliação da qualidade das requisições dos exames anatomopatológico no serviço de
Anatomia Patológica. (nota: nos locais onde não haja SAP, fazer esta actividade ao nível do
Bloco Operatório/ponto focal da Anatomia Patológica de um hospital).
Descrição
O professor expõe a turma as condições para o desenvolvimento do caso prático.
Cada grupo de trabalho deve apresentar ao final desta unidade e dentro do prazo estabelecido
Objectivo Geral
- Avaliar a qualidade das requisições dos exames anatomopatológicos das
biopsias/peças cirúrgicas presentes no Serviço da Anatomia Patológica ou Bloco
Operatório de um determinado hospital/ponto focal da Anatomia Patológica.
Para realização deste trabalho, o professor deve dividir a turma em grupo de 4 elementos
onde:
- Cada grupo vai seleccionar aleatoriamente e de forma consecutiva a 2ª requisição
destes exames, até um total de 25 requisições.
- O estudo deve consistir no levantamento dos itens existentes na requisição verificando
se foram ou não preenchidos, incluindo a legibilidade da caligráfica e borrões.
- Descrever a frequência global e relativa do preenchimento de cada item contido na
requisição.
- Finalmente fazer uma análise estatística percentual dos erros cometidos, queira por
uso de gráficos ou tabelas.
Recursos
- Laboratório de Anatomia Patológica ou Bloco Operatório de um hospital/ponto focal
da Anatomia Patológica;
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNIDADE DIDÁCTICA 2
ÍNDICE
OBJECTIVO GERAL
Realizar o processamento, inclusão e cortes de tecidos com base nas técnicas adequadas para o
efeito, seleccionando os materias e equipamentos necessários.
Resultados de aprendizagem
INTRODUÇÃO
Nesta segunda unidade didáctica faz-se o estudo do processamento das amostras. De referir
que a mesma está composta por seis grandes capítulos.
1. PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO
DEFINIÇÃO
O Método de Dissociação: consiste na individualização dos elementos
tecidulares, (Gonzalez & Alberto, M. 1991). Hoje em dia já não se usa.
No segundo, o produto que substitui a água tecidular, conferindo dureza aos tecidos, também
serve para envolver totalmente a amostra no seu seio, servindo-lhe de apoio. Este processo
designa-se de INCLUSÃO e ao conjunto da amostra e do produto que a impregna e no qual se
encontra incluída dá-se o nome de BLOCO, figura 1.
Existem vários produtos com os quais se pode efectuar a impregnação e a inclusão, para formar o
bloco. Considerações de ordem económica ou outras, indicam-nos que o melhor produto para
esse efeito é a PARAFINA.
Para o resolver, deve-se substituir o etanol dos tecidos por xilol, produto no qual a parafina é,
finalmente solúvel – o que permite a sua impregnação.
2.2. Desidratação
DEFINIÇÃO Desidratação: operação que consiste em remover a água contida nos tecidos.
Isto faz-se usando substâncias químicas solúveis na água, as quais a mais usada
é o álcool etílico, (Michalany, J. 1980).
Durante a permanência no etanol, os tecidos vão se compactando, pelo que a amostra diminui
sensivelmente de tamanho, além de sofrer outros artefactos. Este fenómeno é ainda maior se a
desidrastação começar logo com álcool absoluto. Para evitar este inconveniente, é necessário que
a desidratação começe em álcool de baixa concentração e progrida até ao etanol puro.
Sendo a água mais densa que o álcool, ela deposita-se no fundo do recipiente, se não houver
agitação do conjunto, originará uma desidratação irregular. Para se evitar este inconveniente é
necessário:
- Agitar constantemente as amostras para permitir a mistura da água depositada no fundo,
com o álcool
- Renovar regularmente o álcool usado
- Usar recipientes de fundo bem largo
Para a desidratação é necessário, em ordem sequencial, álcool nas graduações de: 85%, 95% e
100%. A desiratação é uma etapa muito importante do processo histológico. Um tecido mal
desitratado não irá diafanizar-se bem, pelo que não se impregnará bem, originando maus cortes.
uma parafina pode ser artificialmente modificado, no Laboratório – adicionando-se xilol, faz-se
descer o ponto de fusão; adicionando-se cera de abelha faz-se subir o ponto de fusão.
Estes procedimentos não são, contudo recomendados, sendo necessário uma parafina com um
ponto de fusão ideal para as condições de trabalho local. A parafina não é o único produto em
que a impregnação e a inclusão podem ser efectuadas; existem outros meios tais como:
celoidina, gelatina e resinas plasticas do grupo epóxy.
A inclusão é a etapa terminal do processamento histológico. Devido a sua complexidade e
importância, ela será descrita nos próximos capítulos. Cada Laboratório tem o seu próprio
esquema de processamento histológico (tab. 1), no entanto, existe uma relativa constância no
número de banhos, reagentes usados, e tempo de duração de cada um.
No nosso Laboratório, encontram-se em uso o seguinte esquema.
No passado, o processamento dos tecidos era feito manualmente. Este processo levava cerca de
três dias, o que contribuía para a demora dos resultados. Essa demora, devia-se ao facto de ter, de
se interromper o processamento histológico nos períodos em que o Laboratório se encontrava
encerrado. Para isso, escolhia-se, uma etapa que possibilitasse a permanência de amostras sem
prejuízo avultado da qualidade do processamento, para, no dia seguinte continuar com o
processo.
A automatização do processamento permitiu reduzir esse tempo para vinte e quatro horas em
média. A automatização foi possível com o desenvolvimento de aparelhos – os
PROCESSADORES HISTOLÓGICOS. Hoje, o método automático é universalmente usado para
o trabalho de rotina, pois permite um trabalho sem interrupções programadas e, portanto, muito
vantajosas em termos de produtividade laboratorial.
Contudo, a automatização acarreta algumas desvantagens, tais como: no caso de haver cortes de
energia num dos períodos em que o Laboratório se encontre encerrado, as amostras
permanecerão num determinado banho durante um período superior a que se encontra
programado – o que pode trazer consequências nefastas ao processamento; no caso de haver
corte de corrente no momento em que o mecanismo automático está a efectuar a transferência de
um banho para o banho seguinte, as amostras podem ficar bloqueadas no ar, fora de qualquer
líquido, acarretando, certamente, artefactos no processamento; processamento deficiente devido
a desprogramação acidental do processador (durante limpezas enérgicas ou outros actos); porém,
o principal inconveniente do método automático é, no entanto, o facto de todos os tecidos terem
de ser processados da mesma maneira e não do modo mais adequado às suas particularidades de
composição; na verdade, a estrutura de cada tecido exige um tratamento diferente dos outros
tecidos para tecido.
Processadores Histológicos
Existem dois tipos de processadores, quanto as condições às condições que criam nos copos
porta-líquidos.
Todo o processador de tecidos tem um sistema de início retardado (“Delay –timer”) para permitir
a marcação da hora a que se pretende que o processamento tenha início, figura 3.
Estes processadores são muito vantajosos pois permitem que nas vésperas de fins de semana ou
feriados, se marquem neles a hora a que no dia seguinte, o processo histológico deve ter início.
Para além destes, existem muitos outros tipos de processadores, com esta ou aquela
particularidade ou vantagem, que cada laboratório deve escolher de acordo com as condições de
trabalho local.
3. INCLUSÃO
No Capítulo de processamento histológico vimos que, para se fazer a inclusão, é necessário que
as amostras sejam processadas até adquirirem as condições adequadas ao meio de inclusão. No
nosso caso, após a fixação, as amostras devem ser desidratadas em álcool, diafanizadas em xilol
são impregnadas em parafina fundida.
Tecidos como estomago e pele são exemplos típicos de amostras que merecem muito cuidado ao
incluir. Nas amostras de tecidos constituídos por uma única camada, o lado que tiver maior
Meios de inclusão são produtos nos quais se introduzem as amostras para estudar. Esses meios
podem ser: hidrófilos e hidrófobos.
DEFINIÇÃO Os meios hidrófilos: são aqueles que se dissolvem em água e servem para
inclusão de amostras não desidratadas (Moral Gracia del R. 1993). A gelatina e
o Agar-agar são os melhores exemplos. De entre estes, o mais usado é a gelatina
– uma substância protéica, transacionada no comércio sobre forma de pó ou de
lâminas foleáceas incolores, inodoras e transparentes que se dissolvem
rapidamente em água quente. Na técnica histológica, a inclusão em gelatina
pode ser indicada para impregnações argênticas em material muito escasso e
friável, porém, quase que não se usa.
Os meios hidrófobos são insolúveis em água e solúveis em produtos derivados de petróleo
como xilol, benzol ou toluol. Merecem especial referência:
- A parafina, derivada dos resíduos da destilação do petróleo, é o mais importante e usado
como meio de inclusão de rotina; ela é quimicamente inactiva e apresenta enormes
vantagens:
- É mais barata,
- Os seus preparados podem ser arquivados por tempo indefinido nos laboratórios,
- Permite a execução de cortes extremamente finos e seriados, e
- Permite a realização de quase todo o tipo de coloração usando os mais diversos corantes;
- A celoidina é também usada como meio de inclusão; tem a vantagem de a sua inclusão se
poder realizar a temperatura ambiente razão pela qual provoca menos retrações nos
tecidos; é especialmente indicada para tecidos de consistência variada (por exemplo o
globo ocular e para o sistema nervoso), bem como para cortes de estruturas muito grandes,
por ser mais mole e elástica – o seu uso é bastante restrito.
Existem no mercado parafinas de fórmulas especiais, como a de tipo (Paraplast), que tem a
vantagem de não se fragmentar pelo resfriamento; o seu uso é mais limitado em virtude de serem
mais caras.
- Com o desenvolvimento da microscopia
electrónica, foi necessário usar
substâncias plásticas muito mais duras
que a parafina rotineira para obtenção
de cortes ultrafinos; estas substâncias
são representadas pelas resinas
sintéticas de tipo Epóxi, metacrilato e
poliéster, que podem também,
eventualmente, serem empregues em
microscopia óptica; porém, por causa do
seu elevado custo, não são usadas para o trabalho de rotina, em histopatologia.
Para se fazer a inclusão em parafina, é necessário que ela se encontre liquefeita e a temperatura
não superior a 60 graus centígrados. Esta norma, infelizmente, nem é sempre cumprida por
alguns técnicos, tal erro no controle de temperatura origina artefactos que podem ser dramáticos
na morfologia e na reactividade biológica ou química dos tecidos. Nestes casos, tais artefactos
tornam-se perturbadores do diagnóstico e impeditivos do uso de certas técnicas.
No passado, era necessário aquecer a parafina ao fogão em copos metálicos e controlar a sua
temperatura por um termómetro externo. Esta maneira muito grosseira de trabalhar, não garantia
a estabilização da temperatura abaixo dos 60 graus recomendados.
Histocentro
Formação do Bloco
Depois que o bloco tenha-se consolidado, na placa fria, desmolde-o suavemente e ficando o
bloco propriamente dito, que depois se remove o excesso de parafina nos seus bordos e depois
conduzi-lo ao Micrótomo.
DEFINIÇÃO A Parafina é o meio hidrófobo de inclusão mais usado por fornecer inúmeras
vantagens sobre os outros meios de inclusão. É um meio barato, os seus blocos
conservam-se muito bem, e permite quase todo o tipo de coloração. (Gonzalez
& Alberto M.1991).
É um produto derivado dos resíduos de destilação de petróleo; de cor branca – opalina,
gordurosa ao tacto, insolúvel em água e em álcool mas solúvel nos derivados do petróleo (xilol,
benzeno, tolueno, Isopropanol, clorofórmio e noutras substancias de iguais propriedades). O seu
ponto de fusão deve ser considerado o aspecto mais importante para a sua compra, tendo em
conta, o clima e as condições locais do Laboratório - parafinas moles e ou duras.
4. MICROTOMIA
DEFINIÇÃO Microtomia (micro= ínfimo; tomo = cortar): é uma operação histológica que
consiste em cortar material previamente processado em espessura extremamente
fina, capaz de ser atravessada pela luz. Esta operação, realiza-se com ajuda de
aparelhos especiais – os micrótomos (fig 6). (Alberto, M. & Guisseve, A. 2011).
O aperfeiçoamento da Microtomia foi sempre
pilar essencial para o desenvolvimento da
histotecnologia/histologia. Ressaltam-se
navalhas para barbas, faca de Valentim e
finalmente o Micrótomo de Ranvier, percussor
dos micrótomos de Corrediça (figura 7).
O que vale ter boa maquinaria quando não temos bom operador? A qualidade humana é
indispensável em todas as actividades. Mesmo que o micrótomo seja da última geração, se o
técnico disponível não saber manipulá-lo nada de bom poderá se aproveitar.
d) Inclusão: peças malincluídas podem levar a falta de representatividade fiel do tecido que se
pretende estudar e consequentemente um tempo perdido; por exemplo em material incluído
em diferentes níveis, e ou na falta de orientação anatómica das amostras.
ATENÇÃO O Importante é notar que a inclusão não influencia muito o próprio acto da
microtomia mas sim a qualidade final do trabalho. Amostras incluídas em níveis
diferentes, a microtomia será feita mas não será representativa. E terá sido uma
microtomia apenas de “aquecer” porque faltarão fragmentos por serem estudados.
Neste capítulo, debruçar-nos-emos no estudo dos micrótomos usuais para blocos de parafina.
Quando não acrescentamos nenhuma outra designação específica à palavra micrótomo, é a estes
que queremos nos referir. Existem duas variedades essenciais destes Micrótomos – os de faca
fixa e os de faca móvel.
No fim de cada ciclo de subida e descida, o bloco desloca-se uma certa distância aproximando-se
da faca. Esta deslocação designa-se AVANÇO, e a distância percorrida recebe o nome de
PASSO do avanço. O passo é regulável e corresponde a espessura com que o corte vai sair, se
tudo correr bem.
Neste modelo, não existe volante nem a respectiva manivela, mais sim uma EMPUNHADURA
no sistema porta-facas. Este tem a forma de um pequeno carro, ou trenó, o qual carregando com
a faca, CORRE\DESLIZA sob efeito da força muscular do técnico, num canal ou goteira
apropriado.
A microtomia é um processo complexo que envolve várias etapas ou fases, que se descreve em
seguida:
Etapas prévias:
- Instalar a faca/instalar o bloco
- Desbastar o bloco
- Obtenção dos cortes (microtomia propriamente dita)
- Etapas complementares (estendimento e secagem):
- Método de banho histológico
- Método da placa quente
Nas etapas prévias há que garantir que:
- As lâminas estejam bem limpas e identificadas com LÁPIS DE DIAMANTE ou de
grafite/de carvão.
- O banho histológico esteja ligado e regulado para a temperatura desejada, 30 minutos
antes da microtomia, para garantir que a temperatura seja atingida e estabilizada.
- O suporte onde vão ser colocadas as lâminas já com os cortes, que vão seguir ao seu
destino (mais frequentemente a coloração) esteja em condições de ser usado.
- Pinças e agulhas histológicas devem também encontrar-se disponíveis para serem usadas.
- Depois destas etapas preliminares, é necessário, como preparação final, antes de obter os
cortes, efectuar as acções que se seguem:
a) Instalar a faca – consiste na colocação da faca no sistema porta-facas do
micrótomo e no ajustamento do seu ÂNGULO DE INCLINAÇÃO; como já
referimos anteriormente (ver acima) este ângulo deve oscilar entre os 4 e os 10
graus.
b) Instalar o bloco – define-se como a colocação do bloco no sistema porta-blocos
do micrótomo de tal modo que o bloco fique bem fixo.
- A espessura média ideal para o estudo histológico da rotina varia entre 4 e 6 micra;
porém, podem aceita-se secções com
espessura maior do que a referida se a
amostra tiver alterações doentias que
impossibilitam secções mais finas ou em
casos especiais – como o da coloração das
fibras de reticulina, em que o estudo é mais
fiel com cortes ligeiramente grossos que o
habitual. Mas, de um modo geral, quanto
mais finas forem as secções mais perfeitos
serão o estudo e o diagnóstico.
- Durante o processo da microtomia,
aconselha-se a
- Manutenção dos blocos sobre uma placa fria ou sobre o gelo para os manter
permanentemente endurecidos.
- Cada secção feita tem duas faces diferentes:
Com efeito, os cortes devem ser transferidos para as lâminas de vidro e desfeitas as pregas ou
rugas com que tenham ficado no processo de transferência. Isto pode fazer-se por dois métodos –
o de BANHO HISTOLÓGICO (ou mais simplesmente, apenas banho) e o de PLACA QUENTE,
os quais passam a ser descritos.
Método de banho, após a obtenção da secção, esta deve ser imediatamente transferida para o
banho histológico, (figura 9) neste, a água deve estar a uma temperatura de cerca de 5 graus
abaixo da temperatura necessária para a fusão daparafinaem que o material se encontra incluído;
com temperaturas mais elevadas, originam-se artefactos nas secções: as pregas dos cortes
fundem-se, e não permitem o seu estendimento e provocando a aderência das pregas entre si,
deixando de ser possível desfazé-las; com temperaturas inferiores, o corte não se estica
automaticamente e dificultando o seu ESTENDIMENTO; no fim deste, é necessário transferir o
corte para a face da lâmina comenumeração; para esta etapa, designada de“APANHA”, deve-se:
- Introduzir a maior parte da lâmina na água do banho, segurando-a por uma das
extremidades e levando-a até se encontrar com um dos bordos do corte, que se encontra a
flutuar na água do banho.
- Orientar o corte com ajuda da pinça histológica de modo a que ele se situe sobre a lâmina
na sua parte central, com os bordos da parafina do corte paralelos aos bordos da lâmina;
- Com a lâmina e o corte devidamente orientados entre si, fazer a extremidade do corte
tocar na superfície da face superior da lâmina; em contacto com o vidro, mais frio, o corte
imediatamente adere a lâmina.
- Extrair a lâmina do banho, com um movimento rápido ascendente.
- Escorrer, no bordo do banho, a maior parte da água que é arrastada pelo processo de
apanha.
- Remover da superfície da água do banho, e dos instrumentos de trabalho, quaisquer
resíduos dos cortes acabados de estender para evitar que estes se instalem nos próximos
cortes e ser fonte de confusão diagnóstica.
Método de placa quente – pouco usado entre nós, mas usa-se uma placa de aquecimento
ascendente, aonde se coloca a lâmina com uma gota de água e posteriormente o corte que vai se
estendendo há medida que a água vai gradualmente aquecendo, com todos os princípios
observados no método de banho.
Deve tomar-se em linha de conta que secções com pregas, espessura desigual ou muito espesso,
com estrias, rotas ou pulverulentos não devem ser consideradas úteis para o diagnóstico. A
secção deve ser aderida no centro da lâmina para que a montagem automática ocorra sem
dificuldades.
Alguns autores recomendam que, se houver necessidade, de arquivar lâminas com cortes ainda
não corados (“LAMINAS BRANCAS” ou “CORTES COLADOS”), elas devem ser
mergulhadas em parafina fundida. Após resfriar, a parafina retorna ao estado sólido, formando
um envólucro ao corte colado; segundo estes autores, este envolucro evita a contaminação pelos
fungos sobretudo em climas quentes e húmidos.
A SECAGEM das lâminas é destinada a extrair o remanescente da água usada para o
estendimento, como já estudámos; e permitir, deste modo, uma perfeita aderência dos cortes na
lâmina.
A secagem pode ser feita a temperatura ambiente ou, na estufa, a temperatura entre 8 a 10 graus
abaixo do ponto de fusão da parafina. Esta última é a mais usada, permitindo uma mais rápida
evaporação da água e uma perfeita adesão das secções às lâminas.
As lâminas precisam, apenas, de permanecer na estufa cerca de 15 a 20 minutos até ficarem
secas e prontas para seguir a coloração.
Após a conclusão da Microtomia, os blocos devem ser cuidadosamente guardados (ver nos
próximos capítulos onde se fala de Blocoteca).
Terminada a operação dos cortes, o micrótomo deve ser limpo com pincel seco e em seguida
com pincel molhado com álcool a 70% para eliminar quaisquer partículas residuais de parafina.
Deve tapar-se para evitar que ele apanhe poeiras. Periodicamente, é necessário que seja
lubrificado e aberto o seu interior para revisão e limpeza.
5. CRIOTOMIA
Para o efeito, existem dois grandes métodos de endurecimento de tecidos – aquele em que se
substitui os componentes moles (em primeiro lugar a água) por um produto duro a temperatura
ambiente – método de inclusão em parafina e o de congelação da água tecidular). E é esta última
conhecida pela designação de criotomia. E os cortes dela resultante designam-se por cortes
congelados (em língua inglesa: “Frozen Sections”). Os aparelhos onde se efectua a criotomia
chamam-se Criótomos.
A criotomia (Crio = Frio e Tomo = Cortar) é, assim, a operação destinada para fazer cortes de
fatias muito finas, capazes de serem estudadas ao microscópio da luz, utilizando a congelação da
água existente nos tecidos como forma de os endurecer.
A criotomia pode ser executada quer em tecidos frescos quer em tecidos fixados sem qualquer
tratamento adicional ao contrário do que acontece para a técnica de parafina, acelerando o estudo
e o tempo de espera pelo diagnóstico. Também são evitados os efeitos indesejados de acções de
produtos químicos com os componentes tecidulares que, e inelutavelmente, ocorrem quando se
passam as amostras no processamento histológico.
Por esta última razão, a criotomia tornou-se no melhor método para identificar certas substâncias
cuja a natureza química se alteraria na técnica de parafina. O melhor exemplo deste problema é o
de certas estruturas proteicas, que perdem a sua estrutura (ficam desnaturadas), por acção dos
reagentes e, sobretudo, das altas temperaturas em que a amostra fica sujeita. Outros produtos
podem ser pura e simplesmente removidos, como acontece com uma grande parte das gorduras.
A criotomia também constitui um método indispensável no apoio dos trabalhos dos centros
cirúrgicos e salas de autópsias, por permitir diagnósticos rápidos em exames, chamados
extemporâneos.
A câmara pode ser regulada para uma temperatura de trabalho situada entre temperatura
ambiente e 30ºC negativos. A estabilização térmica é atingida ao fim de poucos minutos de
funcionamento do refrigerador, se o aparelho estiver permanentemente ligado. Demorará um
pouco mas, se tiver que alcançar a partir da temperatura ambiente.
Como há tecidos com maior quantidade de lípidos dos que os outros, a temperatura ideal para a
criotomia, nos primeiros terá de ser mais baixa do que nos segundos. Temperaturas
excessivamente baixas os cortes esfarelam-se, enquanto que, com temperatura insuficientemente
baixa, os cortes saem grossos e irregulares por amostras se encontrarem pouco endurecidas.
No fim de cada sessão de trabalho, o criostato deve ser limpo e lubrificado por produto
recomendado pelo fabricante.
Na criotomia, a qualidade dos cortes pode também depender dos factores, como:
- Temperatura;
- Estado do fio da faca bem como
- Ângulo de corte da faca.
b) Fio da Faca: tem importância idêntica a que já foi estudada na técnica de inclusão em
parafina, sendo aqui, mais do que ali, extremamente importante manter a faca sempre bem
afiada.
c) Ângulo de inclinação da faca: (entre a face inferior do gume da faca e face anterior do
tecido a ser cortado),é recomendado que seja de 5º.
5.2 Aplicações
Os cortes congelados podem ser aplicados em: exames extemporâneo; histoquimica dos
lípidos, Imunohistoquímica e outros.
DEFINIÇÃO Exame Extemporâneo ou perí-operatório: é um método de estudo que exige
diagnóstico anatomopatológico imediato sobre uma doença de um doente que se
encontra anestesiado na sala de operações. (Gonzalez & Alberto M. 1991).
É um exame de urgência que deve ser feito num período não superior a 15 minutos. A
comunicação do diagnóstico pode ser via telefónica, e posteriormente em papel físico escrito em
folha apropriada.
Durante o exame extemporâneo, toda a equipa deve assumir uma postura de extrema
responsabilidade para evitar transtornos irreparáveis ao doente por enganos ou demora do
resultado.
A coloração a efectuar depende de cada laboratório. No entanto, são frequentemente empregue
as colorações de HE com os tempos reduzidos (HE rápida ou HE para exames extemporâneos),
azul de Toluidina e azul-de-metileno polícromo.
Recomenda-se sempre ao tecido remanescente deste exame um estudo detalhado em parafina.
6. FACAS DE MICROTOMO
Existem dois principais tipos de facas: facas afiáveis e facas não afiáveis ou descartáveis.
As facas afiáveis até há pouco tempo eram as mais usadas e mais económicas. Quando
terminado o seu tempo de vida útil são afiadas ou recondicionadas (Fig. 11).
Conforme as características das faces e facetas as facas afiáveis subdividem-se em:
- Facas do tipo A; (plano-côncavas, de acentuada concavidade)
- Facas do tipo B (plano – côncavas, de concavidade pouco acentuada)
- Facas do tipo C (faces planas e simétricas)
Para o seu uso, são adaptadas a um suporte específico (figura 13) da faca do micrótomo. São de
alta qualidade, mas, porém são de elevado custo.
Os defeitos das facas da microtomia são dados pela qualidade dos cortes por elas produzidos:
- Cortes rasgados ou amarrotados (resultam de um fio da faca rombo ou pouco agudo)
- Cortes estriados ou fendidos (por o fio da faca apresentar-se com pequenos entalhes ou
“bocas”)
- Cortes heterogéneos (fio da faca não perfeitamente linear).
- Cortes inconstantes (por fraca imobilização da faca ou um ângulo de fuga
demasiadamente pequeno).
O tempo de vida útil de uma faca depende essencialmente dos cuidados fornecidos pelo seu
utilizador, tais como:
- Qualidade do processamento histológico;
- Qualidade de descalcificação.
RESUMO
Para que o estudo microscópico dos tecidos seja possível, é necessário que estes passem por um
conjunto de etapas que abaixo se resume:
- Processamento histológico: acto de tornar os tecidos apropriados para serem incluídos
em parafina. Para isto, os tecidos após a sua amostragem devem passar sucessivamente
em fases de desidratação, diafanização e impregnação. Na fase de impregnação, deve-se
respeitar o tempo e a temperatura da parafina em que os tecidos se submetem.
Após a fase anterior, os tecidos são incluídos em parafina – INCLUSÃO, onde os fragmentos
são rodeados por este produto que a temperatura ambiente é sólido e conferindo lhes um formato
apropriado para a sua adaptação ao micrótomo para o seu corte. O elemento chave da inclusão é
a parafina, conhecido como meio de inclusão universal em histologia.
- Microtomia – acto de corte de tecidos em espessura fina capaz de permitir a sua leitura ao
microscópio. Esta actividade é feita em aparelhos chamados micrótomos. Ela carece de
um processamento histológico adequado dos tecidos. A microtomia é uma operação muito
delicada, pós exigem uma boa concentração para obtenção dos cortes com o minímo de
artefactos.
Outra forma de obtenção dos cortes é por criotomia, que é feita em aparelhos especiais –
Criostatos. Os tecidos são cortados a frescos e congelados a uma espessura de 5 a 8 micra. Ela é
indispensável no apoio aos trabalhos dos centros cirúrgicos e salas de autopsias por permitir
diagnósticos rápidos na aplicação dos chamados exames extemporâneos. A microtomia e a
criotomia são actividades que exigem facas de micrótomos apropriadas.
Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 2 Justificação da Sequência das Etapas do Processamento
Histológico
Duração 2 Horas
Objectivos:
- Conhecer as características químicas e físicas das substâncias das etapas do
processamento histológico;
- Conhecer as características físicas e químicas do meio de inclusão;
- Conhecer o papel da temperatura no processamento histológico e na inclusão
Conteúdos de referência
- Características físicas e químicas do “Ethanol” e sua utilidade no processamento
histológico;
- Características físicas e químicas do “Xilol” e sua utilidade no processamento histológico;
- Características físicas e químicas da “Parafina” e sua utilidade no processamento
histológico;
- Temperatura adequada para realização do processamento histológico e da inclusão
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- A turma deve-se organizar em grupos de 4 alunos. Cada grupo deve:
- Estudar no manual os capítulos de processamento histológico e de inclusão;
- Cada grupo deverá apresentar o resumo das características físicas e químicas de “todas
substâncias” intervenientes no processamento
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
As actividades que o professor deve planejar e desenvolver na sala de aulas são:
- Estabelece os conhecimentos prévios aos estudantes.
- Exposição dos conteúdos conceptuais necessários para o desenvolvimento da actividade
- Resume os conceitos chaves e faz perguntas para se assegurar que suas explicações foram
claras
- Prepara os planos das actividades práticas, os protocolos de atuação e a documentação
para os grupos de trabalho
- Estabelecer os grupos de alunos, e as actividades que eles devem realizar.
- Reparta aos grupos a documentação para suas análises e debates.
- Durante a apresentação dos grupos, o professor deve detectar os erros cometidos e dá
orientações necessárias para sua correção. Também deve comprovar a participação de
cada aluno no trabalho desenvolvido.
- No final da actividade o professor avalia o trabalho desenvolvido pelos alunos
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Espaço físico da sala de aulas;
- Acesso a literatura inerente;
- Material de escritório
Critérios de avaliação
Os alunos:
- Identificam as características físicas, químicas de todas as substâncias intervenientes no
processamento histológico e sua importância;
- Justificar com base das características das substâncias ora referidas a razão de tal
sequência das etapas no processamento histológico
- Apresentam o resumo final do seu trabalho cumprindo as condições estabelecidas pelo
professor;
Caso prático/Projecto
Título
Resolução dos artefactos dos cortes histológicos
Descrição
O professor expõe a turma as condições para o desenvolvimento do caso prático.
Cada grupo de trabalho deve apresentar no final desta unidade e dentro do prazo estabelecido
pelo professor, o resultado da actividade. Esta actividade é um caso de aprendizagem e podendo
compreender as seguintes partes:
Objectivo Geral
- Saber resolver os diversos artefactos dos cortes histológicos
Para realização deste trabalho, o professor deve dividir a turma em grupo de 4 elementos
onde:
- O estudo deve consistir no levantamento dos diversos artefactos dos cortes histológico
- Descrever as condições necessárias para a sua resolução
- Finalmente fazer uma análise percentual dos artefactos mais frequentes
Recursos
- Laboratório de Anatomia Patológica
- Material de escritório
- Referências bibliográficas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNIDADE DIDÁCTICA 3
COLORAÇÕES
ÍNDICE
1. COLORAÇÃO _________________________________________________________ 83
1.2 Tipos de Corantes _______________________________________________________ 84
1.3 Tipos de Coloração ______________________________________________________ 85
1.4 Mordentes e Lacas _______________________________________________________ 87
1.5 Etapas Prévias __________________________________________________________ 88
2. COLORAÇÃO MANUAL E AUTOMÁTICA__________________________________ 89
3. A COLORAÇÃO UNIVERSAL DA ROTINA ________________________________ 91
3.2 Etapas Complementares ________________________________________________ 92
4. CITOTECNOLOGIA____________________________________________________ 94
4.1 Colheita e Acondicionamento ______________________________________________ 95
5. FIXAÇÃO ______________________________________________________________ 97
6. REGISTO E DESCRIÇÃO MACROSCOPICA ________________________________ 97
7. COLORAÇÃO CITOLÓGICA UNIVERSAL __________________________________ 98
8. COLORAÇÕES ESPECIAIS ______________________________________________ 100
8.1 Técnicas para Identificação de Microorganismos ______________________________ 100
Técnica de Grocott_______________________________________________________ 101
Técnica de Ziehl-Neelsen _________________________________________________ 101
Técnica de Fite Faracco ___________________________________________________ 101
8.2 Técnica para Identificação de Tecido Conjuntivo ______________________________ 102
Técnica de Tricrómico de Masson___________________________________________ 102
Técnica de Weigert–Van Gieson ____________________________________________ 102
Técnica de Reticulina ____________________________________________________ 103
8.3 Técnicas de Identificação de Glúcidos ______________________________________ 103
Método de PAS--Acido Periódico de Schiff & PAS com Diástase ____________________ 103
8.4 Pigmentos ____________________________________________________________ 104
Técnica de Masson Fontana _______________________________________________ 104
Técnica de Perls Ferro ____________________________________________________ 105
Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 3 _________________________________ 106
Caso Prático/Projecto da UD nº 3 _____________________________________________ 107
Referência Bibliográfia _____________________________________________________ 108
OBJECTIVO GERAL
Preparar as amostras para realizar colorações de Hematoxilina & Eosina, Papanicolau e especiais
segundo as normas estabelecidas e/ou POP para fins de diagnóstico e seguimento do tratamento.
Resultados de aprendizagem
INTRODUÇÃO
1. COLORAÇÃO
DEFINIÇÃO Entende-se por Coloração: a operação pela qual certos produtos químicos – os
corantes – são aplicados as células ou tecidos para que possam, ser estudados,
de acordo com a afinidade entre eles produto químico e célula ou tecido,
(Gonzalez & Alberto, M. 1991).
Quando um corante reage com uma estrutura tecidular de acordo com Moral, Gracia del R.
(1993) que fica corada, da reacção que tem lugar não há formação de uma nova substância,
apenas ocorre mudança de cores das estruturas coradas. Este facto fica bem esclarecido quando
tais estruturas se submetem a descorantes, pois elas perdem, quase totalmente, o corante que
previamente haviam fixado. As colorações servem em geral, dois objectivos, a saber:
Os corantes mais usados em Anatomia Patológica eram classificados utilizando dois critérios
relativamente simples – quanto a sua ORIGEM (naturais e artificiais) e quanto a sua
REACTIVIDADE (ácidos, básicos e neutros, estes últimos também designados de
indiferentes).
DEFINIÇÃO Corantes naturais: são os mais antigos corantes, extraídos dos vegetais – como
o açafrão, a Orceína, a Hematoxilina, etc – e animais – como o Carmim; hoje
em dia, não têm grande representatividade, pois que a maioria absoluta dos
corantes é agora sintetizável, mesmo os que, ainda há pouco tempo eram apenas
naturais, (Gonzalez & Alberto, M. 1991).
DEFINIÇÃO Corantes artificiais ou anilinas: são aqueles que são sintetizáveis, derivados de
produtos de destilação do alcatrão – como o trinitrofenol “também chamado de
ácido Pícrico”, (Gonzalez & Alberto, M. 1991).
DEFINIÇÃO Corantes ácidos: são os que devem a sua afinidade aos componentes ácidos das
suas moléculas, (mais frequentemente o ião carboxilo – o qual recebe o nome de
auxócromo ácido, tendo, em geral, afinidade pelas estruturas básicas da célula
ou do tecido – como o Orange G, a fucsina ácida e outros, (Gonzalez & Alberto,
M. 1991).
DEFINIÇÃO Corantes básicos: são aqueles que devem a sua afinidade aos componentes
básicos das suas moléculas (mais frequentemente, o ião amina, o qual recebe o
nome de auxócromo básico) tendo em geral afinidade pelas estruturas ácidas da
célula ou do tecido – como o azul-de-metileno, o vermelho neutral e a fucsina
básica, entre outros, (Gonzalez & Alberto, M. 1991).
DEFINIÇÃO
Corantes neutros ou Indiferentes: são substâncias que resultam da interacção
Esta classificação, relativamente simples, foi alterada substancialmente pela adição de um,
terceiro critério de classificação, embora mantendo-se os dois critérios previamente descritos. O
novo critério de classificação dos corantes baseia-se na composição química dos componentes
das suas moléculas que são responsáveis pela definição da cor, denominado GRUPO
CROMOFORO.
Destes modo, quanto a sua COMPOSIÇÃO QUÍMICA, podem classificar-se os corantes em:
corantes quinónicos, corantes azóicos e corantes nitrados.
Os tipos de coloração segundo Gonzalez & Alberto, M. (1991) mais usados incluem: a Directa,
A Indirecta, A Simples, A Combinada, A Especifica, A Metacromática, A Ortocromática,
A De Contraste Ou De Fundo, A Progressiva, A Regressiva, A Frio, E A Quente,
a) Coloração DIRECTA – a quela que se faz directamente sobre o tecido; por exemplo, a
coloração dos tecidos pela Eosina.
b) Coloração INDIRECTA – aquela que se realiza pela acção prévia de uma substância
intermediária chamada MORDENTE, destinada a preparar o tecido para receber o
corante; por exemplo, a coloração pela Hematoxilina Férrica de Regaud exige uma
passagem prévia por um mordente chamado Alúmen de Ferro.
c) Coloração SIMPLES – aquela que é obtida por meio de um único corante; por exemplo,
a coloração de Hematoxilina Fosfotungstica de Mallory, mais conhecida pelas suas
iniciais em inglês – PTAH.
d) Coloração COMBINADA – aquela que é obtida por meio de dois ou mais corantes; por
exemplo, a coloração de Hematoxilina-Eosina.
e) Coloração ESPECÍFICA – aquela que é feita especificamente para um determinado
componente tecidular ou para determinar a presença, na amostra em estudo, de um
produto químico ou agentes biológicos específicos; como exemplo, o Método de perls
para sais de ferro e o método de Ziehl Neelsen para Micobacterium tuberculosis.
f) Coloração METACROMÁTICA – aquela na qual o produto corado fica com uma cor
diferente da cor própria do corante usado – como com o Método do Azul de Toluidina
para Exames Extemporâneos.
g) Coloração ORTOCROMÁTICA – aquela em que o produto corado toma a cor própria
do corante usado, como com a Eosina.
h) Coloração DE CONTRASTE ou de FUNDO – aquela que é empregue para permitir um
melhor estudo, pois os elementos de fundo tomam uma cor muito diferente da cor dos
elementos em estudo (contraste); por exemplo a aplicação de Azul-de-metileno na
coloração de Zieehl-Neelsen, para BAAR.
i) Coloração PROGRESSIVA – aquela em que o corante age progressivamente sobre o
tecido até atingir o tom desejado; por exemplo, a coloração de PTAH.
j) Coloração REGRESSIVA – aquela que se pode fazer usando descorantes para diminuir
a intensidade da cor dos elementos corados; por exemplo a coloração de GRAM.
k) Coloração A FRIO – aquela que é feita a temperatura ambiente; por exemplo a coloração
de PERLS.
l) Coloração A QUENTE – aquela que é feita acima da temperatura ambiente; por exemplo
a coloração de PTAH; esta coloração é mais rápida a quente do que a frio, mas produz
resultados algo inferiores.
As impregnações METÁLICAS, usam uma técnica muito especial. Ela não é, verdadeiramente,
uma coloração, no sentido de atribuir a sua cor ao elemento alvo. Na verdade, provocam
depósitos metálicos opacos, que vão abolir totalmente a luz emergente do objecto iluminado –
fornecendo-lhe, desde modo, a “cor” negra.
Nestas, aplicam-se metais pesados (prata, ósmio e ouro) sobre o corte, e provoca a sua deposição
nos elementos tecidulares a que se destinam na forma de precipitados metálicos. Eles tornam-se,
assim opacos a luz, assumindo a “cor” negra no meio dos outros componentes tecidulares, que
permanecem com as suas cores respectivas.
Deste modo, revela-se a presença dos elementos alvo, o que permite o seu estudo. Elas não
atribuem, pois, uma cor aos elementos a que se ligam mas, simplesmente, tornam-nos opacos a
luz. Entre as mais frequentes, encontra-se o Método de laidlaw para estudo das fibras de
retículina e o Método de Holmes para neurónios.
DEFINIÇÃO São aquelas que se destinam a preparar o material para a coloração. Para
colorações de materiais incluídos em parafina, é necessário desparafinar e re-
hidratar o material. Posteriormente efectua-se outras manobras nem sempre
obrigatórias. Tais como a mordançagem, a remoção dos pigmentos de “formol“
e de mercúrio, o branqueamento e a coldionagem, (Gonzalez & Alberto, M.
1991).
Este pigmento é derivado da hemoglobina que se forma frequentemente nos tecidos que:
- Tenham permanecido muito tempo no “formol”
- Tenham sido fixados com “formol” acidificado resultante do seu envelhecimento e de
falta de tamponamento.
- Tenham muito sangue (baço, em condições normais ou qualquer tecido que tenha
congestão ou hemorragia).
O branqueamento dos cortes impregnados com ácido pícrico - efectua-se colocando os cortes
num banho de uma solução de etanol a 70 graus saturada com carbonato de lítio. A presença
deste produto perturba o estudo dos tecidos quer pela cor que lhes atribui, quer pela alteração das
reacções químicas que condiciona, pela sua presença.
A colodionagem dos cortes – é um processo que se faz para impedir o descolamento dos cortes.
É muito pouco usado, consiste em revestir o corte com uma fina camada de colódio; este produto
é muito poroso e, por isso, permite a livre passagem dos líquidos usados na coloração.
Nestes aparelhos, colocam-se os copos contendo as soluções, ordenados segundo a ordem da sua
utilização. Para tal programam-se os tempos desejados para o banho de cada copo.
É geralmente usada em colorações de rotina, nas quais os resultados de cada etapa são bem
conhecidos pelos técnicos. As suas desvantagens são semelhantes as que foram indicadas para os
processadores histológicos. Uma desvantagem adicional é que qualquer erro de programação terá
consequências muito graves, pois podem arruinar todo o trabalho e exigir o recomeço de todo o
processo. Apesar disso, as suas vantagens prevalecem sobre os seus inconvenientes, permitindo,
entre outros, o aproveitamento racional do tempo de trabalho e da disponibilidade dos técnicos.
A Hematoxilina – Eosina ou, mais simplesmente, a HE, (Tab. 1) é uma coloração topográfica
destinada a por em evidência os diversos componentes da célula, È a mais antiga coloração
combinada. Como já sabemos, ela é uma coloração indirecta pois necessita de um mordente
previamente aplicado ou incorporado na própria solução de hematoxilina. E a mais difundida em
todos os laboratórios de Anatomia patológica. Ela é indispensável para qualquer diagnóstico,
visto constituir a coloração básica geral, a partir da qual será possível a eventual selecção de
colorações especiais.
A hematoxilina, que é extraída de um vegetal (o pau de “campeche”), não é verdadeiramente o
corante activo neste processo de coloração. Esta função é desempenhada por um produto
resultante da oxidação da hematoxilina – a HEMATEÍNA. Esta oxidação pode ser de natureza
física ou química.
No primeiro caso, ela ocorre espontaneamente pela exposição à luz e ao ar, e por isso se chama
oxidação por agentes Físicos ou Naturais. Quando ocorre pela acção de produtos químicos,
como o iodato de potássio e o óxido de mercúrio, chama-se oxidação química.
Após a oxidação, a hematoxilina encontra-se “amadurecida”, na forma de hemateína ganhando o
poder corante. A oxidação é, por isso, também conhecida pela designação de amadurecimento ou
maturação da hematoxilina.
Para que a solução corante possa ser correctamente usada, não se deve ultrapassar um certo
limite de oxidação; com efeito, a SUPEROXIDAÇÃO leva a transformação de hemateína com
poder corante, em produtos que não o possuem. O grau do poder corante da solução amadurecida
de hematoxilia chama-se FORÇA.
Coloração simples
HE é uma coloração combinada
Cora os núcleos Cora o citoplasma e o fundo
Ortocromático
Estas manobras, recebem a designação global de Montagem da Lamela e o produto usado para
esse fim, é o meio de Montagem. Após a conclusão da montagem, há ainda três etapas etapas
finais que o técnico tem de realizar, destinadas a entrega do seu trabalho e posterior arquivo:
Secagem, re-identificação e inspecção da qualidade.
Certos meios de gelatina, como a geleia glicerinada de Kaiser são também muito usados em
alguns laboratórios.
O principal inconveniente dos meios hidrossolúveis é o facto de a água nela contida se evaporar
com a passagem do tempo e tornando a preparação inadequada ao fim de muito pouco tempo.
A montagem, pode ser feita automaticamente (Figura 2), usando aparelhos especializados –
montadores de lamelas e ou manual. Prefere-se sempre montagem manual pela complexidade
que a montagem automática acarreta.
4. CITOTECNOLOGIA
As conclusões que se podem tirar são, em geral limitadas. Com o desenvolvimento tecnológico e
do conhecimento científico, permitiu contudo, que a CITOPATOLOGIA, entrasse num período
de desenvolvimento acelerado a que se refere a Citologia Aspirativa.
No diagnóstico precoce do cancro e das lesões pré-cancerosas do colo de útero, a citologia, tem
desempenhado um papel inigualável. Com efeito, ela permite efectuar rastreios de massa a
milhões de mulheres de modo rápido, simples e pouco dispendioso, através do chamado PAP-
TEST, tendo salvo inúmeras vidas humanas. A sua simplicidade esteve na base da decisão de se
especializar técnicos de laboratório em CITOTÉCNICOS.
O material para estudo citológico é colhido pelo clínico ou patologista de três formas:
- Por recolha de células ISOLADAS, que desagregam, de modo espontâneo ou forçado, dos
tecidos – constituindo o processo denominado CITOLOGIA ESFOLIATIVA ou
DESCAMATIVA.
- Aspirando as células com agulha e seringa dos tecidos a que pertencem – processo
denominado por CITOLOGIA ASPIRATIVA
- Por remoção da superfície de corte de um órgão ou tecido seccionado, fazendo-as aderir
ao vidro da superfície de uma lâmina constituindo o processo denomeinado –
CITOLOGIA por DECALQUE ou IMPRINT.
De uma forma geral, após a obtenção, este material deve ser fixado e acondicionado em
embalagem adequada, devidamente identificada e enviada ao Serviço de Anatomia Patológica.
Citologia Esfoliativa
DEFINIÇÃO A citologia esfoliativa: é o estudo das células descamadas, natural ou
artificialmente, da superfície dos tecidos de revestimento. Uma das suas
aplicações e de maior importância, como meio de diagnóstico reside no facto de
permitir detectar o cancro em fase precoce ou mesmo antes de aparecimento de
lesões pré-malígnas e ou de descobrir outras doenças de índole inflamatório ou
Uma outra forma de esfoliação forçada é a que ocorre nos chamados raspados ou escovados das
mucosas de diversos órgãos, por exemplo, dos Brônquios. As células a estudar podem, também,
esfoliar-se espontaneamente, a partir dos revestimentos das cavidades corporais, permanecendo
viáveis no líquido nelas contido (urina, derrame pleural, derrame pericárdio, liquido ascítico,
LCR, etc). Se uma amostra deste líquido for colhida e centrifugada, as células que elas contêm
ficam no fundo do tubo e poderão ser colhidas e efectuado o esfregaço.
Citologia Aspirativa
DEFINIÇÃO Citologia Aspirativa: é uma técnica que proporciona um resultado em curto
espaço de tempo. As localizações mais frequentes para as punções, encontram-
se frequentemente no fígado; gânglios; mamas; tireóide, glândulas salivares, e
entre outras estruturas, sobretudo as que se encontram mais superficialmente,
(Alonso. Lazcano. Hernández, 2005).
As lesões localizadas mais profundamente ou aquelas de localização delicada como por exemplo
a tireóide, recomenda-se que sejam puncionadas com controlo ecográfico. Para este efeito, usa-se
seringa e agulha e punciona-se o órgão ou estrutura em causa. O produto aspirado é, então,
colocado numa das extremidades da lâmina e efectuar-se o esfregaço com fixação a seco ou em
álcool a 95% quando se pretende fazer a coloração de HE.
A citologia por Decalque ou Imprint é mais frequentemente usada para o estudo de células de
órgãos hemato e linfopoiéticos. Para obtenção do material para estudo, secciona-se o tecido em
causa e ainda a fresco e na superfície dessa secção, encosta-se uma face da lâmina do vidro. As
células presentes ora na secção feita irão aderir-se a superfície da lâmina. Estas preparações são
então, fixadas em álcool a 95% e posteriormente coradas com HE, Papanicloau ou outra
coloração citológica recomendada.
Esta técnica é especialmente indicada para apoio a histologia sobretudo em tumores malignos
dos órgãos linfopoiéticos, como linfomas, e patologias diversas dos gânglios linfáticos e médula
óssea, permitindo um resultado possível pelo estudo das características das células
individualizadas.
5. FIXAÇÃO
É importante recordar que qualquer tecido fora do organismo sofre uma autólise ou mesmo
putrefacção se não for imediatamente fixado. Nas células individualizadas a autólise ocorre
exactamente da mesma forma que nos tecidos, dai a necessidade de fixar rapidamente para evitar
o apercebimento de alterações nucleares ou citoplasmáticas que podem prejudicar o exame
citológico.
- Álcool etílico a 70% em partes iguais com o líquido que se pretende estudar.
- Álcool a 95%.
- Cytospray.
Este último é um produto composto à base de álcool isopropílico e de polietilenoglicol,
recomendado para fixar material de Papanicolau. Neste, o álcool actua como fixador do material
biológico enquanto o polietilenoglicol cobre o esfregaço com uma película protectora para evitar
evaporação do álcool fixador e da água normalmente existente na célula. Esta película é
facialmente removida por etanol antes da coloração.
As características anotar, varia em função do material, com tudo, deve-se sempre anotar o
volume do material em estudo, aspecto, se contêm ou não coágulos, se foi ou não centrifugado
para obtenção de sedimento com qual se elabora o esfregaço e quantas lâminas foram preparada;
cor de material e o número das lâminas enviadas pelo serviço requisitante.
DEFINIÇÃO É uma técnica de, manualmente, dispor as células numa lâmina de vidro, para
permitir o seu estudo individualizado, a partir do material sedimentado ou não,
com ou sem ajuda de centrífuga, (Alonso. Lazcano. Hernández, 2005).
é a mais usada, pois é rápida e deixa o técnico livre para outras tarefas mais complexas. Nela
usam-se processadores automáticos, ao lado representado contrário dos esfregaços manuais.
Para além disso, também permite verificar alterações hormonais do ciclo menstrual -
CITOLOGIA HORMONAL, embora, correntemente se prefira outros métodos de coloração,
para este efeito, por exemplo a técnica de Shorr.
Normalmente, esta coloração cora os núcleos em azul, o citoplasma das células superficiais em
cor-de-rosa, o citoplasma das células intermediárias, parabasais e basais em azul esverdeado.
A técnica de Papanicolau não é exclusiva para material do colo do útero embora tenha sido
desenvolvida para este efeito. Também, pode ser usada para qualquer outro tipo de material
numa recomendação credível.
DEFINIÇÃO Método de Wright: é uma técnica usada na citologia por Decalque para estudo
de células de órgãos linfopoieticos “medula óssea, por exemplo” (Gonzalez &
Alberto, M. 1991).
Tal como acontece em histologia, também em citologia, após a coloração é necessário realizar a
montagem da preparação usando meios de montagem hidrófobos, e em seguida secar, re-
identificar e entregar ao cito-técnico/citopatologista para realizar a leitura. Os resultados deste
estudo são expressos segundo as normas da OMS.
8. COLORAÇÕES ESPECIAIS
Sempre que se começar uma nova coloração tem que se investigar a procedência do corante, bem
como a marca. O grau de purificação, as condições de conservação, o prazo de validade dos
corantes é relevante para obtenção de bons resultados da técnica. No nosso meio, entre muitas
colorações especiais que se realizam, apenas se descrevem alguns exemplos daquelas mais
frequentemente efectuadas.
Aplicação clínica
- A coloração de grocott é útil para identificação de variedades de fungos patogénicos,
como Aspergillus fumigatus, Blastomicys dermatitidis, Candida albicans, Cryptococcus
neoformans.
Aplicação clínica
- A coloração de ZN (fig. 5) é útil para o
diagnóstico de Mycobacterium tuberculosis
que é um agente causador da tuberculose.
Aplicação clínica
- A coloração de Fite Faracco “FF” (figura 6) é útil
para o diagnóstico de Mycobacterium leprae que é
um agente causador da lepra.
As fibras colágenas são formadas pela proteína denominada colágeno, a técnica de Tricrômio de
Masson é uma das colorações especiais mais eficientes para estas fibras.
Aplicação Clínica
- A coloração de Tricrômio de Masson é usada para distinção entre o colágeno e o tecido
muscular e ajuda no diagnóstico de alterações fibróticas, doenças neuromusculares e
tumores de origem muscular.
Aplicação Clínica
- A demonstração das fibras elásticas pelo método de weigert-van gieson é útil para
identificar casos de proliferação ou degeneração das fibras elásticas, doenças vasculares e
invasão de tumores nos vasos
Técnica de Reticulina
Aplicação Clínica
Aplicação clínica
- A técnica de PAS tem uma variedade de
aplicações clínicas. É mais comummente
utilizada para avaliar depósitos de
glicogénio no fígado. Tumor da bexiga, rim,
pâncreas, fígado, ovário e pulmão também
pode conter grânulos de glicogénio de
significado diagnóstico. PAS com diástase
(figura 8) é utilizada para marcar e
diferenciar glicogénio a partir de outros
elementos do tecido PAS positivo.
8.4. Pigmentos
Nos tecidos podemos observar alguns pigmentos que devem ser caracterizados para assim se
poder determinar a patologia em questão, dentre os vários pigmentos existentes os que são mais
frequentes nas alterações patológicas destacam-se a melanina e a hemossiderina.
Aplicação Clínica
Aplicação Clínica
- A hemossiderina é um pigmento derivado do sangue, é um agregado cristalino de
proteínas envolvidas no armazenamento de ferro. Algumas das condições patológicas
envolvendo hemossiderina são anemia, hemorragia hemolítica, distúrbio metabólico de
ferro, fibrose hepática, cirrose, insuficiência cardíaca e diabetes mellitius.
RESUMO
O estudo microscópico dos tecidos só é possível após que estes tenham sido corados. A
coloração é um acto de aplicação às células ou tecidos determinados reagentes e corantes de
acordo com afinidade entre os dois. As colorações servem em geral três objectivos: -
Topográfica, histoquímica e microbiológica.
A punção aspirativa é extremamente importante entre nós porque é barata, simples, rápida,
porém, limitada. É mais aplicada na patologia mamária, ganglionar, tireoidea, figado e outros.
Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE Classificação e importância da Coloração de Hematoxilina e eosina
nº 3 como coloração universal em Histologia.
Duração 2 Horas
Objectivos:
- Descrever a importância da coloração de Hematoxilina e Eosina, como coloração
universal em Histologia
- Explicar a sua classificação quanto ao tipo e quanto a seus objectivos.
- Identificar os corantes/reagentes usados nesta coloração.
Conteúdos de referência
- Importância da coloração de Hematoxilina e Eosina no diagnóstico anatomopatológico
- Sua classificação quanto ao tipo e quanto aos seus objectivos.
- Corantes e reagentes nelas intervenientes
- Importância de montagem das suas preparações.
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
A turma deve-se organizar em grupos de 4 alunos.
Cada grupo deve:
- Estudar no manual da cadeira ou nutras literaturas a coloração de Hematoxilina e
Eosina
- Cada grupo deverá apresentar o resumo da importância da coloração da Hematoxilina
e sua classificação quanto ao tipo e quanto aos seus objectivos
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
As actividades que o professor deve planejar e desenvolver na sala de aulas são:
Cada grupo de trabalho deve apresentar ao final desta unidade e dentro do prazo estabelecido
pelo professor, o resultado da actividade.
Estabelecer os grupos de trabalho.
- Entrevistar 100 (cem) elementos do sexo feminino (estudantes e trabalhadores) da sua
Instituição do ensino.
- Elaborar e desenvolver a actividade seguindo as orientações do professor.
- Assegurar as funções de cada integrante do grupo.
Objectivo Geral
- Avaliar o conhecimento e importância do teste de Papanicolau na população feminina
da sua instituição
Para realização deste trabalho, o professor deve dividir a turma em grupo de 4 elementos
onde:
- Cada grupo vai realizar a actividade anunciada.
- O estudo deve consistir no levantamento do conhecimento do teste de Papanicolau e
da sua importância pela população feminina da sua Instituição.
Recursos
- Ficha/inquérito elaborada (o) pelo professor contendo perguntas fechadas de tipo:
1. Já ouviste falar do teste de Papanicolau – sim ou não
2. A quem se destina o teste – mulheres, homens, toda gente
3. Em que órgãos se faz o teste de Papanicolau? Vagina e colo uterino; olhos e
ouvidos, pele e boca
4. Para que serve o teste de Papanicolau? Diagnosticar o cancro do colo uterino,
diagnosticar anemia, diagnosticar pobreza absoluta. (o professor pode enriquecer
o Inquérito com outras perguntas desde momento que seja fechadas.
- Material de escritório
- Referências bibliográficas
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
UNIDADE DIDÁCTICA 4
TÉCNICAS COMPLEMENTARES
ÍNDICE
OBJECTIVO GERAL
Estabelecer o papel das técnicas especiais e do arquivo de lâminas e de blocos bem como o papel
de controlo de Stock e qualidade no Serviço de Anatomia Patológica.
Resultados de Aprendizagem
INTRODUÇÃO
A presente unidade didactica está composta por quatro grandes tópicos a destacar.
1. AS TÉCNICAS ESPECIALIZADAS
Deste modo é possível revelar, nos cortes histológicos a presença de certas substâncias sobretudo
de natureza protéica com uma actividade antigénica. Esta revelação pode ser de estrema
importância para se chegar a um determinado diagnóstico. No passado, esta técnica era
exclusivamente feita em material fresco (cortes de congelação) sem nenhum tratamento químico
nem mesmo o de fixação, temendo que este tratamento, desse falsos negativos (por desnaturação
protéica/ bloqueio das características antigénicas).
Esta técnica pode ser desenvolvida em material fixado em “formol” e incluído em parafina, bem
como em tecidos frescos, como também material resultante de esfregaços e preparados
citológicos fixados em álcool e ou imprints e cellblock.
1.2. Aplicações
2. CONCEITOS BÁSICOS
Os conceitos básicos a desenvolver neste capítulo incluem segundo Gonzalez & Alberto, M.
(1991): o antígeno, o epitopo e anticorpo, tabela 1.
DEFINIÇÃO
Antígeno: substância (geralmente exógena) que sob condições apropriadas é
Monoclonais Policlonais
Reagem com um epítopo específico Reagem com vários epítopos
Várias classes de anticorpo (IgG, IgA, IgM,
Simples classe de anticorpo
IgD e IgE
Produzidos através de hibridomas Produzidos em diferentes células
Produzidos de um clone indívidual/ células do
Produzidos por aminais imunizados
plasma
Aminais usados para a sua produção: coelho,
Aminais usados para a sua produção: “ratinhos” cabra, porco, ovelha, cavalo e porquinho da
India
Podem ser obtidos na forma de anti-soro ou
fracção de Ig
- Tipo de amostra
- Disponibilidade do Ac primário
- Grau de sensibilidade
Quando este substrato é posto em contacto com a enzima, na presença de antigéno em estudo,
ocorre formações de cor castanha, visível ao microscópio da luz.
Se o antigénio em estudo não estiver presente, nada acontecerá e todos os reagentes serão
arrastados pelas lavagens. O contrário,
se o antigénio em estudo estiver
presente, formar-se-á um produto de cor
castanha (figura 1), resultante da
reacção do DAB com a peroxidase.
tecido. A fixação do material para este estudo de imunohistoquímica pode ser ou não feita;
quando o é, o formaldeido a 4% é o indicado.
Desde que ROBERT HOOKE (1665), observou as células pela primeira vez, pode afirmar-se
que esta experiência ganhou maior salto com a invenção do Microscópio Electrónico. Com
efeito, a utilização deste aparelho, com elevado poder de resolução, fez surgir o que hoje se
considera um dos ramos fundamentais da Biologia – o estudo ULTRAESTRUTURAL.
Este último tem menor aplicação na rotina hospitalar; quando não especificar de outro modo,
referimo-nos ao microscópio electrónico de transmissão. Estes microscópicos diferem dos
ópticos pelo seu poder de resolução, que é
incomparavelmente superior, e por todo o
seu sistema ser baseado, não num feixe
luminoso mais sim num muito delicado feixe
de electrões.
A desidratação é feita por álcoois em graduações progressivas até ao álcool absoluto. Terminada
a desidratação, deve efectuar-se uma lavagem do material em acetona ou óxido propilénico.
Os cortes são feitos com facas de Vidro ou de Diamante e colocados em pequenas placas
metálicas arredondadas chamadas Grelhas. A “Coloração” é feita com Acetato de Uranilo e
Citrato de Chumbo.
3.1. Histoenzimologia
A histoenzimologia pode ser empregue nos estudos de patologia rectal, sistema nervoso e da
mama, mas tem uma especial aplicação em patologia muscular. Entre muitas técnicas
especializadas, realçam-se as de Fotomicrografia, métodos de quantificação, citogenética,
citometria de fluxo, autoradiografia, biologia molecular e outras.
4. ACTIVIDADES COMPLEMENTARES
LEMBRA-TE Antes de mais vale lembrar que uma grande parte da qualidade do trabalho
de um Laboratório de Analises depende da qualidade das soluções utilizadas
nas várias etapas do trabalho.
Para se alcançar tal qualidade, é necessário, entre outros factores, que as soluções de trabalho
sejam devidamente preparadas e devidamente conservadas, bem como o controlo do período do
seu uso. Estas exigências também se aplicam às soluções-stocks e a todos os produtos químicos,
pois é a partir deles que vamos preparar todas as nossas soluções de trabalho. Para o
cumprimento destas exigências, muitos Laboratórios dispõem-se de uma sala de preparação de
soluções que alguns denominam de Serviço químico.
Nesta Sala, decorrem todas as actividades relacionadas com manuseamento de todos os produtos
químicos do serviço desde a sua aquisição, stocagem, condições de uso/armazenamento
preparação de soluções de trabalho e outras.
Cada Serviço, deve adoptar um sistema de controlo mais eficáz segundo as suas reais condições
de trabalho (sistema de fichas com nomes e sinónimos de todos os produtos quimicos ou um
sistema informatizado), para sempre que possível não haver roptura dos seus stocks e com todas
as consequências possíveis. O importante, é promover um de conjunto de acções para que no
mais curto prazo de tempo possível, repor os níveis dos stocks acima do limiar de segurança.
4.3. Arquivo
a) Arquivo de Blocos/Blocoteca
b) Arquivo de Lâminas
- Lâminas de Autópsias.
c) Arquivo Temporário
Arrumação ainda não completa de lâminas pois nem todos os casos efectuados num certo dia
retornam ao mesmo tempo à área técnica, pois a saída dos diagnósticos dos patologistas não é
um acto contínuo, precisando-se por vezes de uma discussão entre colegas ou outras manobras
relativas a esse exame e com consequente tempo de espera.
Após que todas as lâminas retornaram à área técnica (no intervalo de tempo previamente
definido) estas passam para um arquivo normalmente longe da área técnica – Arquivo
definitivo, que pode ter uma duração considerável por vezes até cerca de quinze anos ou até
chegar ao tempo do seu descarte segundo as definições de cada Serviço.
Os resultados das análises produzidos no Laboratório devem ter uma segurança absoluta quer
para o doente quer para o clínico que as solicitou.
- Pessoal: a causa que mais afecta a segurança da boa qualidade das análises, é a
capacidade técnica e o brio profissional do pessoal que as executa.
De outro lado, para garantir a boa qualidade dos resultados é necessário entre outros a
coordenação, exactidão, aceitabilidade, normação e capacidade de expressão.
RESUMO
Na prática, quando se pretende saber se um certo antígeno está presente num certo tecido, sobre
o corte histológico colocam-se sucessivamente: anticorpo primário, anticorpo secundário
biotinilado, Complexo ABC e Diaminobenzidina (DAB).
Se o antigénio que se pretende estudar estiver presente no corte, formar-se-á um produto de cor
castanha visível ao microscópio óptico. Nesta técnica a fixação e o processamento histológico
são de extrema vália para o seu êxito.
A temperatura deve ser cuidadosamente mantida nos seus valores normais. Os anticorpos devem
ser cuidadosamente conservados e diluidos nos volumes certos de trabalhos, pós estes são
extremamente caros.
Inclue-se nesta unidade a microscópia electrónica que é uma técnica que usa o microscópio
electrónico com maior poder de resolução. Salientam-se dois tipos, de Transmissão e de
Varredura.
O material para esta técnica é fixado em Glutaraldeido ou Tetróxido de Ósmio em uma espessura
não superior a 4 mm. O processo do corte é denominado Ultramicrotomia que é feita em
ultramicrótomos, em duas fases.
Os cortes semi-finos com espessura variando entre 1 a 2 micra e a última de cortes finos com a
espessura de 60 a 320 nanometros com facas de vidros ou de diamantes.
A preparação de soluções num laboratório deve ser de grande qualidade para garantir em partes
bons resultados, garantindo a existênca de soluções mães – soluções stocks em quantidade e em
qualidade adequada, com uso de dispositivos de alerta quando os produtos descem abaixo do
limiar da segurança do período necessário para a sua aquisição.
O arquivo é uma actividade extremamente importante pois constitue o celeiro do nosso trabalho.
O arquivo dos blocos denominamos Blocoteca e estes são arquivados separadamente das
biopsias/peças cirúrgicas e das autopsia.
Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE Como desenvolver um sistema de controlo de Stocks num
nº 4 laboratório
Duração 2 Horas
Objectivos:
- Determinar a importância de um sistema de controlo de stock
- Identificar os instrumentos que podem ser usados no sistema de controlo de stock
- Determinar a quantidade minima de stockagem
Conteúdos de referência
- Importância do sistema de controlo de stockagem num laboratório
- Problemas inerentes a roptura de stock
- Meios auxiliares para o sistema de controlo de stock
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
A turma deve-se organizar em grupos de 4 alunos.
Cada grupo deve:
- Estudar no manual da cadeira ou noutras literaturas a importância do sistema controle
de stock
- Cada grupo deverá apresentar o resumo da importância do sistema de controlo de
stock
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
As actividades que o professor deve planejar e desenvolver na sala de aulas são:
- Estabelece os conhecimentos prévios dos alunos da turma.
Caso prático/Projeto
Título:
Justificar uma laminoteca efectuada na base de tipo de análise
Descrição
Objectivo Geral
- Avaliar a necessidade de diferenciação no arquivo das lâminas segundo o tipo de
análises.
Para realização deste trabalho, o professor deve dividir a turma em grupo de 4
elementos onde:
- Cada grupo vai realizar a actividade anunciada
- O estudo deve consistir no levantamento dos diversos tipos de laminotecas
Recursos
- Literatura de tipos de laminotecas existentes
- Material de escritório
- Referências bibliográficas
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA
GLOSSÁRIO
A
Anatomia do Corte: Corresponde as faces do corte (superior e inferior) tendo em conta
as caracteristicas de cada face.
D
DPX: É um meio de montagem Hidrofobo (não miscível com água) usado na protecção
definitiva das amostras em histológia e citológia de manuseos mecânicos e de oxidação.
E
Excisional: Acto cirúrgico de remoção na totalidade de uma lesão.
F
Formol: Formaldeído, aldeído fórmico ou aldeído metanoíla. Empregue na conservação
de tecidos
Frozen Sections: Cortes obtidos em tecidos congelados por micrótomos
L
Lâminas Brancas/Cortes Colados: Cortes montados nas lâminas, não corados
P
PAS com Diastase: Coloração especial utilizada para marcar e diferenciar glicogénio a
partir de outros elementos PAS positivo. O material PAS positivo sem diastase, torna-se
negativo em PAS com diastase, ou seja, a diastase remove o glicogénio
4. Na Microtomia os cortes histológicos são aderidos à lâmina pela sua face inferior.
Justifique este procedimento
5. Cortes histológicos artefactuados dificultam e por vezes até impedem a leitura dos
mesmos. Justifique esta afirmação e indique os tipos de cortes artefactuados estudados e
as respectivas causas
6. Fale da importância das colorações especiais e indique aquelas para estudo de micro-
organismos.