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MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO
Módulo Vocacional 5:
EXAMES MICROBIOLÓGICOS
Moçambique
______________
2017
NOTA INTRODUTÓRIA
O presente manual faz parte do currículo de formação inicial do curso de Técnico Médio de
Laboratório (TML) baseado em competências, o qual consiste em 4 semestres lectivos, sendo os
três primeiros de carácter teórico-prático em sala de aula e laboratórios humanístico e
multidisciplinar, com uma componente de estágios parciais, sendo o último referente ao estágio
integral.
O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representa
necessariamente a opinião do CDC.
É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
FICHA TÉCNICA
Coordenação:
Joaquim Wate (I-TECH)
Gerito Augusto (I-TECH)
Florindo Mudender (I-TECH)
Ermelinda Notiço (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Suraia Nanlá (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Flávio Faife (CDC Moçambique)
Formatação e Edição
Joaquim Wate
Serene Myers
Flávio Faife
Leonel Monteiro
AS - Agar sangue
ATCC - American type cell culture
BAAR - Bacilos álcool-ácido resistentes
CA - Critério de Avaliação
CHOC - Agar chocolate
CLSI - Clinical and Laboratory Standard Institute
CD - Critério de Desempenho
CQ - Controlo de qualidade
ECV - Elemento de Competência Vocacional
ELISA - Enzyme Linked Immunosorbent Assay
LCR - Líquido cefalorraquidiano
LPMN - Leucócitos polimorfonucleares
MAC - Agar MacConkey
MF - Módulos Formativos
MISAU - Ministério da Saúde
MV - Módulo Vocacional
PCR - Polymerase chain reaction (reacção em cadeia de polimerase)
POP - Procedimento Operacional Padrão
QNQP - Quadro Nacional de Qualificação Profissional
RA - Resultado de Aprendizagem
RCL - Reacção em cadeia de ligase
SM - Sub-módulos
TM - Agar Thayer Martin
TSA - Teste de Sensibilidade aos Antibióticos
UC - Unidade de Competência
UD - Unidade Didática
VB - Vaginose bacteriana
PREFÁCIO
Este módulo é um recurso de apoio aos Professores, na planificação e implementação das aulas
que se destinam à formação de Técnicos Médios de Laboratório e visa desenvolver nestes
futuros profissionais de saúde, conhecimentos, habilidades e atitudes com relação as práticas de
prestação de cuidados de saúde com elevada qualidade e em conformidade com o perfil
profissional estabelecido. Por outro lado, o módulo é resultado da revisão do currículo de
técnicos médios de laboratório para a nova abordagem baseada em competências.
Esperamos, por um lado, que este módulo constitua um verdadeiro suporte para o
desenvolvimento e alcance dos objectivos das diferentes temáticas de formação dos profissionais
de laboratório e por outro, como uma base sólida onde o Professor possa buscar o fortalecimento
de conhecimentos, garantia de uma dinâmica uniformizada tanto na mediação como na
assimilação das matérias de ensino.
O módulo apresenta uma linguagem simples, acessível e clara de modo que permita a fácil
compreensão dos estudantes das Instituições de Formação de Saúde a nível nacional.
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
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complementares de microrganismos
análises microbiológicas CA 5.3.2. Seleciona os meios de cultura a semear de acordo com o
segundo as normas tipo de amostra e microrganismo suspeito
estabelecidas e/ ou POP CA 5.3.3. Executa a sementeira no meio de cultura correspondente
segundo o tipo de amostra e agente suspeito
CA 5.3.4. Incuba as amostras semeadas de acordo com o tempo e
as condições ambientais exigidas pelo microrganismo
em suspeita
CA 5.3.5. Executa o exame directo de amostras para a
identificação dos microorganismos presentes nas
mesmas
CA 5.3.6. Descreve como preparar o ambiente para o
antibiograma
CA 5.3.7. Explica como seleccionar os discos antibióticos e como
colocá-los no meio de cultura
CA 5.3.8. Descreve como reconhecer os halos de inibição no
antibiograma.
CA 5.4.1. Avalia a integridade física das amostras antes do seu
processamento
CA 5.4.2. Descreve os procedimentos usados para controle de
qualidade interno e externo das amostras
CA 5.4.3. Testa as amostras de controlo interno e externo de
qualidade segundo as normas estabelecidas e/ou POP
RA 5.4.Avaliar a qualidade dos
CA 5.4.4. Notifica os desvios registados que estejam fora da
resultados de exames
normalidade segundo as normas estabelecidas e/ou POP
microbiológicos
CA 5.4.5. Recebe os relatórios anteriores e implementa as
produzidos para obter
recomendações fornecidas
resultados fiáveis e
CA 5.4.6. Envia os resultados de controlo externo de qualidade
precisos que possam
dentro dos prazos estabelecidos.
monitorar o tratamento
CA 5.4.7. Confronta os resultados das análises com os dados dos
registos nos tubos e a informação clínica
CA 5.4.8. Emite os resultados de amostras processadas e
validados
CA 5.4.9. Descarta as amostras e regista os dados segundo as
normas estabelecidas e/ou POP
4. UNIDADES DIDÁCTICAS
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UNIDADE DIDÁCTICA 1:
FUNDAMENTOS DE MICROBIOLOGIA
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ÍNDICE
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OBJECTIVO GERAL
Descrever as características dos microrganismos de importância clínica.
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INTRODUÇÃO
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1.1.2. Nomenclatura
Cada espécie recebe um nome constituído por duas palavras (ex: Bacillus subtilis); onde o
primeiro nome é o do género e sempre inicia com letra maiúscula. A denominação do género
é uma palavra latina ou grega. Os nomes próprios dos organismos são escritos em itálico ou
sublinhados.
EXEMPLO Exemplos de géneros bacterianos que são derivados de palavras ou raízes
latinas:
- Bacillus (masculino) = pequeno bastão
- Lactobacillus (masculino) = pequeno bastão
- Sarcina (feminino) = um pacote ou grumo
- Micrococcus (masculino) = pequeno grão
- Clostridium (neutro) = pequeno fuso
- Pasteurella (feminino) = homenagem a Louis Pasteur
- Erwinia (feminino) = homenagem a Erwin F. Smith, pioneiro norte-
americano da Fitopatologia.
- Neisseria (feminino) = homenagem a Albert Neisser, que, em 1879,
descobriu o agente etiológico da gonorréia.
A segunda palavra do nome de uma bactéria (epíteto específico) é escrita em letra minúscula
e, usualmente, é descritiva.
EXEMPLO Adjectivo que modifica o nome; Bacillus albus (Bacillus branco);
Adjectivo sob a forma de particípio presente de um verbo; Clostridium
dissolvens (Clostridium que dissolve).
Substantivo no caso possessivo que modifica o nome genérico; Salmonella
pullorum (Salmonella dos pintos). Nome em aposição, de carácter explicativo;
Bacillus radicola (Bacillus habitante de raíz).
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A célula bacteriana é uma célula procariota (Figura 3), e diferencia-se da célula eucariótica
por não estar compartimentada (não
apresenta núcleo). Geralmente, esta
célula possui apenas um cromossoma
circular ligado ao mesossoma a nível
da membrana celular, e não apresenta
os seguintes organelos: membrana
nuclear, mitocôndria, retículo
endoplasmático, corpos de Golgi,
fagossomas e lisossomas. As
estruturas bacterianas podem ser
divididas em dois grupos, as básicas
(existentes em todas as bactérias) e as
especiais (existentes em algumas
bactérias). O quadro abaixo apresenta as características das estruturas bacterianas.
Tabela 1. Estrutura da célula bacteriana
Presente em
Estrutura Características
todas bactérias
É uma molécula de ADN circular, e é também designado
corpo cromatínico, por muitas vezes não ser considerado
Cromossoma Sim um cromossoma verdadeiro. Este cromossoma carrega as
informações genéticas da célula, tornando-o apto a realizar a
auto-replicação.
É uma pequena molécula de ADN circular com replicação
independente. Seus genes não são codificadores de
Plasmídeos Não informações e características essenciais, mas pode conferir
vantagens selectivas, como por exemplo resistência aos
antibióticos.
É uma camada dupla de fosfolípidos, mas também contem
Membrana
Sim proteínas essenciais auxiliadoras na permeabilidade de
celular
nutrientes, na defesa e na produção de energia.
Parede De forma geral Quanto a sua constituição, diz-se que as bactérias podem ser
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celular sim, mas com Gram negativas ou Gram positivas. As bactérias Gram
algumas positivas permanecem coradas por cristal violeta depois de
excepções. lavagem, enquanto as bactérias Gram negativas não. Todas
as bactérias têm uma membrana celular onde ocorre
fosforilação oxidativa. Fora da membrana celular, encontra-
se a parede celular que é rígida e protege a célula de lise
osmótica.
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2. CRESCIMENTO MICROBIANO
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2.3. Temperatura
2.4. pH
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É constituída por tipos relativamente fixos de microrganismos. Seu crescimento numa região
depende de factores fisiológicos como: temperatura, humidade, pH, substâncias tóxicas
(inibitórias) e existência de determinados nutrientes. A flora residente de certas regiões
desempenha um papel importante na manutenção do funcionamento normal e da saúde. Por
exemplo, membros da flora residente do tracto intestinal sintetizam a vitamina K e auxiliam
na absorção de nutrientes. Nas membranas mucosas e na pele, a flora residente impede a
colonização de patógenos e possível doença através de “competição biológica”. Por outro
lado, os membros da flora residente podem produzir doença em certas condições (imunidade
fraca do hospedeiro) ou translocação para outras regiões anatómicas. Por exemplo, a
microbiota intestinal está muitas vezes implicada com infecções do tracto urinário. É
importante ainda reconhecer que a flora normal permanente pode causar confusão no
diagnóstico laboratorial, e subsequente erro de interpretação. Este aspecto será discutido mais
adiante neste manual.
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RESUMO
A classificação das bactérias baseia-se em sete propriedades essenciais: coloração de Gram,
características culturais, características morfológicas, características metabólicas,
características de composição química, características antigénicas, e características genéticas.
Estas propriedades determinam as necessidades específicas de crescimento de cada espécie
microbiana. As bactérias são então semeadas em meios de cultura e incubadas em
temperaturas óptimas para permitir o seu crescimento que segue uma curva caracterísica ao
longo do tempo (curva de crescimento). Durante esse processo de crescimento microbiano no
laboratório, é importante ainda reconhecer que a flora normal permanente pode causar
confusão no diagnóstico laboratorial, e subsequente erro de interpretação.
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horas de antecedência);
- Preparar -a folha de registo das principais características culturais.
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório
- Cultura dos microrganismos
- Folha de registo dos resultados
Critérios de avaliação
- No fim da sessão cada grupo apresenta os seus resultados, e entrega a folha de registo
preenchida com as principais características culturais dos diferentes microrganismos;
- Cada grupo deve ser capaz de identificar e descrever 80% das características dos
microrganismos da cultura apresentada.
CASO PRÁTICO
Caso prático
Título
Controlo de microrganismos (Contaminação de cosméticos)
Descrição
Nos dias de hoje os cosméticos são usados em grande escala pela população moçambicana de
diferentes níveis sociais. Em 2015 foram detectadas diferentes bactérias em lotes de shampoo
e loções de pele de um estabelecimento comercial de representação nacional na Cidade de
Maputo. Os recipientes apresentavam diferentes tipos de tampas, e os produtos tinham baixos
índices antimicrobianos. Os cosméticos mencionados já tinham sido libertos e a venda
iniciada três semanas depois da descoberta. Uma equipa de microbiologistas foi convidada a
detectar os contaminantes nos cosméticos, e os resultados são apresentados na tabela abaixo.
Tabela 1. Resultados da investigação
Bactérias Incidência de contaminação (%)
Shampoo Loção de pele
Citrobacter spp. 2 0
Enterobacter spp. 8 2
Klebsiella spp. 2 2
Pseudomonas spp. 2 2
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Serratia spp. 2 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SITES CONSULTADOS
1. AMSTRONG, D. Shapes of Bacteria. https://www.tes.com/lessons/mW7aeqO8BUQz-
Q/shapes-of-bacteria.
2. FOX, A. (2009). The Bacterial Cell. http://pmi.med.sc.edu.
3. SANCHEZ, M. Célula Bacteriana.
https://www.tes.com/lessons/JPQRmK0b5DHfzA/celula-bacteriana.
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UNIDADE DIDÁCTICA 2
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ÍNDICE
OBJECTIVO GERAL ______________________________________________________ 32
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica _______________________________ 32
1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________ 33
2. CONDIÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE EXAMES MICROBIOLÓGICOS________ 33
2.1. Competência Técnica do Profissional de Laboratório _______________________ 33
2.2. Ambiente de trabalho ________________________________________________ 34
2.3. Equipamentos ______________________________________________________ 35
2.4. Reagentes e meios de cultura __________________________________________ 36
2.5. Amostras biológicas _________________________________________________ 37
3. MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO ________________________ 37
3.1. Métodos de esterilização _____________________________________________ 38
3.2. Métodos de desinfecção ______________________________________________ 39
4. AMOSTRAS CLÍNICAS PARA EXAMES MICROBIOLÓGICOS _______________ 40
4.1. Qualidade da amostra para exame microbiológico _________________________ 40
4.2. Principais amostras enviadas para o laboratório de microbiologia _____________ 41
4.3. Procedimentos para colheita e verificação da qualidade das amostras __________ 45
4.3.1. SANGUE (HEMOCULTURA) ____________________________________ 46
4.3.2. LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LCR) _________________________ 47
4.3.3. URINA _______________________________________________________ 48
4.3.4. FEZES (ZARAGATOA RECTAL) _________________________________ 50
4.3.5. EXPECTORAÇÃO______________________________________________ 51
4.3.6. OROFARINGE _________________________________________________ 52
4.3.7. SECREÇÕES GENITAIS ________________________________________ 52
4.3.8. PÚS/FERIDAS _________________________________________________ 54
4.3.9. OUTROS LÍQUIDOS CORPORAIS (PLEURAL, SINOVIAL, LAVADOS) 55
5. MEIOS DE CULTURA __________________________________________________ 56
5.1. Classificação de meios de cultura ______________________________________ 56
5.2. Preparação dos meios de cultura (procedimento geral) ______________________ 57
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD2 ________________________ 61
CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD2 ________________________________________ 63
BIBLIOGRAFIA __________________________________________________________ 65
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OBJECTIVO GERAL
Preparar os equipamentos, materiais, reagentes, meios de culturas e amostras, em função das
técnicas a realizar para garantir a qualidade dos resultados e segundo as normas estabelecidas
e/ou POP.
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INTRODUÇÃO
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dos equipamentos. Para assegurar o bom desempenho dos técnicos é importante realizar
treinos e provas de proficência regulares.
LEMBRA-TE A interpretação dos resultados do teste para identificação e verificação
dos microrganismos é fortemente conectada à capacidade técnica do
profissional que realizou e deve ser monitorada regularmente.
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2.1. Equipamentos
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O laboratório que deve assegurar que a quantidade e qualidade dos reagentes usados são
apropriadas para o exame em causa.
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Eles devem verificar a adequação de cada lote de reagentes críticos para o teste, inicialmente
e durante a sua vida útil, utilizando organismos controlo reconhecidos a nível nacional e
internacional.
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Este processo pode ser realizado de forma física ou química (desinfectantes). Em ambas
formas, este processo pode ser classificado em três níveis: desinfecção de nível alto,
intermediário ou de baixo.
– Desinfecção de alto nível: inactiva todos os microrganismos, excepto esporos. Ex:
HBV, HIV e M. tuberculosis. Este tipo de desinfecção é indicado para itens que
entram em contcato com mucosas íntegras e pele não íntegra.
EXEMPLO
Espéculos.
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Pouco vale uma tecnologia diagnóstica avançada e aplicação rigorosa dos procedimentos
laboratoriais, se a amostra não apresenta a qualidade desejada. Diferentes factores podem
afectar a qualidade da amostra tais como: uso prévio de antibióticos, flora microbiana
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Diferentes amostras são enviadas para laboratórios hospitalares e de pesquisa para detecção
de microrganismos. Estas amostras agrupam-se em três categorias: (1) amostras para testes
patológicos; (2) amostras para segurança e qualidade de alimentos; e (3) amostras
ambientais. A seguir serão descritas o primeiro grupo de amostras.
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Patógenos entéricos:
Salmonella spp., incluindo
Salmonella typhi
Bacilos Gram-negativos
zoonóticos: Yersinia pestis,
Franciscella tularensis,
Brucella spp.
Leveduras: Candida
albicans; Cryptococcus.
Urina: jacto intermédio Para detectar bactérias na Escherichia coli
(normalmente líquida, urina (bacteriúria, infecção Proteus spp.
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Para melhor adequação dos procedimentos de colheita das amostras deve-se tomar em
consideração essencialmente a natureza da amostra, o tipo de exame a ser realizado e os
microrganismos a serem pesquisados. Abaixo são apresentados os procedimentos para
colheita das amostras acima mencionadas.
LEMBRA-TE Toda a amostra deve ser realizada mediante uma requisição de exame que
inclui as seguintes informações:
Identificação do paciente: Nome completo, NID, outros dados de
identificação conforme o serviço de saúde.
Proveniência: internado (indicar o serviço ou enfermaria); ambulatório
(indicar o serviço de atendimento).
Data da solicitação: indicaro da data e da hora da solicitação do exame.
Suspeita Clínica: breve descrição do quadro clínico do paciente, ou da
suspeita percebida pelo clínico/médico.
Uso de antimicrobianos: caso tenho sido iniciado o tratamento, deve ser
acompanhada pela indicação do momento (antes ou depois da colheita da
amostra).
Tipo de amostra: menção do tipo de amostra indicado para o envio ao
laboratório.
Exames solicitados: menção dos tipos de exames laboratoriais para os
quais a amostra será submetida.
Identificação do solicitante: carimbo, nome e contacto do profissional que
solicita os exames.
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a) Momento da Colheita
A hemocultura é um exame de urgência! a colheita deve ser realizada logo no início dos
sintomas (se possível antes de iniciar o tratamento antibiótico).
ATENÇÃO A colheita de hemoculturas NÃO deve ser condicionada pela existência de
pico febril. O pico febril não é o momento em que a concentração bacteriana é
mais elevada, além de atrasar o momento da colheita e poder assim
impossibilitar o isolamento do agente.
Normalmente esta situação resulta da lise dos microrganismos. O momento
ideal será no “calafrio” (antes da subida da temperatura).
b) Volume da amostra
As amostras de sangue são colhidas e inoculadas em frascos com meios de cultura
líquidos (Figura 2). O volume da amostra é determinado conforme o tipo de paciente
(Tabela 3).
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c) Procedimentos
i. Lavar correctamente as mãos antes de proceder à colheita, quer se use luvas ou
não;
ii. Escolher o local de punção tendo em atenção que se deve evitar os membros
inferiores e a zona inguinal e não se deve obter amostras através de catéteres;
iii. Descontaminar a pele do doente com solução alcoólica de iodopovidona ou
álcool iodado e esperar que seque;
iv. O volume de sangue a inocular nos frascos é o recomendado para cada tipo de
frasco conforme descrito acima;
v. Quando a tampa de protecção do frasco da hemocultura é retirada e não é de
imediato inoculado o sangue, desinfectar o local de inoculação com álcool a
70% (não é necessário mudar de agulha antes de introduzir o sangue no
frasco);
vi. Quando se realiza a colheita com a finalidade em simultâneo de se proceder a
outros exames analíticos, da mesma amostra, o frasco de hemocultura tem de
ser o PRIMEIRO a ser inoculado. Se assim não se deve proceder à forte risco
de contaminação;
vii. Enviar ao laboratório logo após a colheita. Se não for possível deve guardar-se
em estufa a 37º ou enviar ao laboratório de urgência e Nunca refrigerar;
viii. Para cada hemocultura deve-se efectuar uma punção distinta.
ATENÇÃO As amostras devem ser enviadas imediatamente ao laboratório (máximo dentro
de 4 horas) à temperatura ambiente (nunca refrigerar os frascos de
hemocultura). Obter no mínimo duas amostras (de locais diferentes) por
paciente.
a) Momento da Colheita
Lembre que se trata de um exame de
urgência! A colheita deve ser realizada
logo no início dos sintomas (se possível
antes de iniciar o tratamento antibiótico).
b) Volume da amostra (ver a tabela abaixo
para sistema automático)
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4.3.3. URINA
a) Momento da Colheita
Oobter a primeira urina da manhã sempre que possível (preferencialmente no
laboratório) ou reter a urina na bexiga por no mínimo 2 horas antes de realizar a
colheita (permanencia da urina na bexiga por pelo menos 4 horas é o ideal, pois
diminui o número de resultados falso negativos).
b) Volume da amostra
10 ml a 20 ml de urina são suficientes para o seu processamento no laborório. O
frasco (Figura 4) deve ser identificado correctamente, incluindo a hora e o
procedimento de colheita (saco colector, sonda de alívio ou punção).
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ATENÇÃO
Não induzir a micção pela ingestão de líquidos. Líquidos em excesso diluem a
urina (diminuem a contagem de colónias) e resultam em falsos negativvos.
c) Procedimentos
i. EM MULHERES
Lavar as mãos, separar os grandes lábios. Higienizar a área genital de frente para
trás com gaze embebida em água e sabão, novamente de frente para trás enxaguar
a área limpa com gaze humedecida em água para retirar o sabão (repetir o
procedimento com água duas vezes). Mantendo os grandes lábios separados,
desprezar o primeiro jato e sem interromper a micção, colher o jato médio para
recipiente estéril.
Transferir aproximadamente 10 ml a 20 ml da urina para o tubo cônico, fechar e
colocar na estante. Evitar a colheita de jato médio urinário durante o período
menstrual.
ii. EM HOMENS
Retrair o prepúcio (se tiver), higienizar a genitália externa com gaze embebida em
água com sabão, dando atenção especial ao meato uretral, enxaguar a região para
retirar o sabão utilizando outra gaze humedecida em água (repetir o procedimento
com água duas vezes).
Transferir aproximadamente 10 ml a 20 ml da urina para o tubo cônico, fechar e
colocar na estante.
iii. EM CRIANÇAS (URINA INFANTIL)
Fazer a higiene da região genital, coxas e nádegas com gaze embebida em água e
sabão. Utilizando outra gaze embebida em água enxaguar retirando o sabão. Fixar
o saco colector assepticamente. Trocar o saco a cada 45 minutos repetindo a
higiene a cada troca. Se houver contaminação fecal a amostra deve ser desprezada
e o procedimento reiniciado. NÃO enviar ao sector a amostra caso a criança tenha
defecado. Após a micção, retirar cuidadosamente o coletor, fechar e enviar ao
laboratório.
ATENÇÃO A urina deve ser enviada imediatamente ao laboratório, se mantida a
temperatura ambiente deve ser processada na microbiologia dentro de no
máximo 1 (uma) hora após a colheita. Quando não for possível processar a
urina dentro de uma hora, a amostra deve ser refrigerada (2 a 8 °C) até num
período máximo de 24 horas.
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a) Momento da Colheita
Colher a amostra durante a fase aguda da diarréia, preferencialmente antes da
antibioticoterapia.
b) Volume da amostra
Transferir para o frasco com tampa fornecido pelo laboratório uma porção da amostra
de aproximadamente 5 ml de fezes diarréicas, ou 5g de fezes formadas.
c) Procedimentos
i. Colher as fezes em um recipiente limpo e seco, fornecido pelo laboratório.
ii. Retirar a zaragatoa da embalagem, colher uma porção das fezes (de preferência
nas partes da amostra contendo muco, sangue ou pus, quando presentes).
iii. Abrir o tubo contendo meio de transporte e colocar a zaragatoa (identificar o
tubo: ID do paciente, data e hora da colheita) e fazer o mesmo para o frasco.
iv. Para zaragatoa rectal: rodar a zaragatoa (Figura 5) no esfíncter anal (1cm) com
cuidado, e observar coloração fecal no algodão; Colocar a zaragatoa em Cary
Blair (meio de transporte) e enviar para o laboratório (para facilitar a colheita
a zaragatoa pode ser humedecida em soro fisiológico ou ou água destilada
estéril).
v. Encaminhar a zaragatoa e o frasco imediatamente para o laboratório ou
refrigerar por 24h máximo.
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4.3.5. EXPECTORAÇÃO
a) Momento da Colheita
A primeira amostra da manhã antes da ingestão de alimentos é a melhor amostra; o
paciente deve escovar os dentes sem pasta de dentes e enxaguar a boca várias vezes
com a água, inclusive com gargarejos; Quando for o caso, retirar a protese dentária
antes da colheita. Colher antes do uso de antibióticos.
b) Volume da amostra
Colher um frasco (5-10ml, ver Figura 6) para exames bacteriológicos; na suspeita de
tuberculose colher três amostras em dias consecutivos (apenas uma amostra por dia).
c) Procedimentos
A orientação para a colheita deste material deve ser clara, evitando ao máximo colher
saliva ou material de vias aéreas superiores. Preferencialmente a colheita deve ser
feita sob supervisão directa da equipa de assistência.
i. Colher pela manhã com o paciente em jejum, após higiene oral (escovar os
dentes sem o uso de pasta dental e fazer gargarejos).
ii. Colher após tosse profunda e depositar directamente em frasco estéril de boca
larga com tampa de rosca.
iii. Anotar a hora da colheita, identificar o material e encaminhar ao laboratório
por período não superior a 30 minutos e protegida da luz ou refrigerar (4 ºC);
Amostras para pesquisa de Mycobacterium podem ser refrigeradas até sete
dias.
ATENÇÃO A expectoração (ou o escarro) obtida deve ser PURULENTO. Amostras
constituídas por saliva não são adequadas para análise bacteriológica pois não
representam o trato respiratório inferior.
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4.3.6. OROFARINGE
a) Momento da Colheita
Primeira amostra da manhã, antes da ingestão de alimentos. Antes do início do
tratamento.
b) Volume da amostra
Não aplicável.
c) Procedimentos
i. Utilizar uma espátula para para pressionar gentilmente a língua.
ii. Pressionar e rodar uma zaragatoa estéril sobre as tonsilas e atrás da uvula (faringe
posterior), evitando tocar na língua, mucosa bucal e uvula. Tocar
preferencialmente nas áreas com hiperemia e pontos de supuração (pus ou placas).
iii. Colocar a zaragatoa no meio de transporte de AMIES e enviar ao laboratório.
iv. Enviar ao laboratório dentro de 12 horas (temperatura ambiente).
a) Momento da Colheita
Primeira amostra do dia, de preferência colhida antes de urinar. Caso o pacienete já
tenha urinado, aguardar 2 horas, e só depois colher a amostra. Antes do início do
tratamento.
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b) Volume da amostra
Não aplicável.
c) Procedimentos
i. EM HOMENS
Colher a secreção uretral com uma zaragatoa; utilizar zaragatoa fina com haste
flexível (própria para colheita uretrogenital). Humedecer o algodão com soro
fisiológico antes da inserção pode ajudar a reduzir o desconforto.
Introduzir a zaragatoa lentamente (2-3 cm em homens), rodar lentamente,
mantendo 1 a 2 segundos e retirar delicadamente.
ii. EM MULHERES (AMOSTRA VAGINAL)
Colheita com auxílio de espéculo:
- Introduzir o espéculo;
- Colher a secreção do fundo do saco ou da parede vaginal utilizando uma
zaragatoa estéril;
Colheita sem espéculo:
- Limpar a secreção externa com auxílio gaze;
- Introduzir a zaragatoa no canal vaginal;
- Rodar suavemente para colher o material;
ATENÇÃO Para ambas as situações: fazer um esfregaço em lâmina e corar pelo método de
Gram (rodar suavemente, ou seja, não esfregar a zaragatoa sobre a lâmina);
Lavar ou homogeinizar a mesma zaragatoa em soro fisiólogico para exame a
fresco.
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Para pesquisa de Chlamydia trachomatis uma segunda zaragatoa deve ser colhida
e enviada para o laboratório em meio de transporte específico conforme a técnica
molecular.
Para pesquisa de Mycoplasma e Ureaplasma uma terceira zaragatoa deve ser
colhida e enviada para o laboratório em meio de transporte específico conforme a
técnica de cultura.
4.3.8. PÚS/FERIDAS
a) Momento da Colheita
Colher amostras de feridas que tenham sinais clínicos de infecção ou que não
cicratizam por longo período. Antes do início do tratamento com antibióticos.
b) Volume da amostra
Não aplicável.
c) Procedimentos
Preferencialmente, colher o material após lavar a lesão com soro fisiológico. A
secreção pode ser colhida de duas maneiras:
Por aspiração da secreção utilizando seringa e agulhas estéreis ou somente a
seringa (o material deve ser encaminhado imediatamente ao laboratório).
Com zaragatoa (é a técnica menos recomendada), tendo o cuidado de imergi-lo no
meio de transporte ou encaminha-lo imediatamente ao laboratório.
LEMBRA-TE
É essencial indicar na requisição a região anatómica e as informações
adicionais (tipo de lesão, secreção superficial ou profunda, fístula, etc.).
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– Colher a amostra do local onde houver maior suspeita de infecção, porém evitando
áreas de tecido necrosado e pús que devem ser removidos;
– Inserir a zaragatoa no invólucro especial ou no meio de transporte (Amies ou
Stuart);
– Colher uma outra zaragatoa e preparar um esfregaço em lâminas;
– Concluir o curativo;
– Encaminhar imediatamente para o laboratório.
ATENÇÃO
Caso seja solicitada a cultura para anaeróbios, colher duas zaragatoas (uma
para pesquisa de aeróbios e outra para a pesquisa de anaeróbios).
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rejeitadas.
vii. Derrames: todas as amostras derramadas são rejeitadas para evitar o
risco de contaminação.
viii. Requisições do exame: todas as amostras devem ser acompanhadas
de uma requisição dos exames com informações claras sobre a
identificação do paciente, do solicitante e todas outras informações
relevantes. Assim, são rejeitadas as amostras:
o Sem requisição, e as requisições sem amostra;
o Com identificação do paciente diferente da amostra e da
requisição;
o Com preenchimento inadequado da requisição/ficha
epidemiológica;
o Com recipientes abertos, quebrados ou danificados;
o Com requisição sem identificação do solicitante.
5. MEIOS DE CULTURA
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A maioria dos meios de cultura está disponível em pó, tornando fácil a sua reconstituição
pelo uso de água destilada. A preparação dos meios de cultura é um processo relativamente
simples que obedece as instruções do fabricante.
De forma geral, este processo obedece os seguintes passos: pesagem e dissolução dos
componentes em água, esterilização, adição de suplementos, distribuição, precauções e
recomendações gerais, controlo de qualidade e conservação.
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c) Adição de suplementos
Alguns meios podem necessitar a adição de suplementos. Nestes casos, antes da
sua adição deve arrefecer os meios em banho-maria 50oC (os suplementos
tendem a ser sensíveis a temperaturas elevadas).
Para preparação de agar sangue, utilizar sangue fresco conservado entre 2–8oC.
Aquecer o sangue na incubadora entre 35 – 37oC antes de adicionar ao meio. Usar
balões volumétricos com boca larga para garantir uma boa oxigenação do sangue.
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Rodar o balão (recipiente) suavemente para assegurar uma boa mistura do meio e
dos suplementos.
d) Distribuição
Meios sólidos em placas
Depois do arrefecimento em banho-maria de 50ºC, dispensar em placas de Petri
15 x 100 mm ou 15 x 150 mm aproximadamente 20 ml do meio para garantir uma
profundidade de 3 – 4 mm.
Trabalhar na cabine de segurança de forma a evitar contaminações.
Solidificar à temperatura ambiente.
Deixar uma pequena abertura na tampa da placa depois de distribuir o meio até
solidificar para evitar condensação.
Meios em tubos
Para meios sólidos em tubo com declive (região inclinada), arrefecer em posição
adequada no “suporte em declive”. Fechar as tampas com os tubos ainda quentes.
Usar tubos com dimensões adequadas para cada tipo de meio:
o Para meios inclinados, dispensar 4 ml em tubos de 16 mm x 100 mm com
tampa de rosca.
o Para meios inclinados e com fundo, dispensar 5 ou 6 ml em tubos de 16
mm x 100 mm com tampa de rosca.
o Para caldos (APA, SEL) e outros meios líquidos, dispensar 4 ml em tubos
13 mm x 100 mm ou 16 mm x 100 mm com tampa de rosca.
e) Precauções e recomendações gerais
Evitar o uso de meios fora do prazo (no caso de usar certificar com o controlo de
crescimento que está funcionar apropriadamente).
Não usar meios prontos para uso em tubos ou placas que estejam ressecados.
Usar tubos com tampa de rosca para evitar ressecamento rápido meio (tamanho
dos tubos utilizados geralmente são de 13 mm x 100 mm).
f) Controlo de qualidade
O controlo da qualidade dos meios preparados é essencial para garantir um bom
desempenho dos mesmos.
Fazer o controlo de qualidade de todos os meios preparados e registar os
resultados no formulário adequado de CQ para cada meio.
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RESUMO
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para a validação dos resultados. Estes incluem: ambiente adequado, profissionais qualificados
e competentes, equipamentos operacionais, materiais, reagentes e meios de cultura, e
amostras biológicas. Práticas de trabalho seguras compreendem o uso de equipamento de
protecção individual, lavagem de mãos e uso de luvas, limpeza regular, ausência de alimentos
nas áreas de processamento, prevenção de acidentes (ex: incêndios), e cuidados com os
materiais e equipamentos usados. Estas práticas devem ser obedecidas por todos os
profissionais do laboratório durante as actividades de rotina. O laboratório de microbiologia
recebe diferentes tipos de amostras para finas de diagnóstico clínico ou investigação
epidemiológico. Todas as amostras devem ser consideradas potencialmente patogénicas, e
por isso, cuidadosamente manipuladas. A manipulação das amostras inclue a sementeira em
meios de cultura, que são substâncias nutritivas que permitem o isolamento e identificação
dos microrganismos associados com as infecções, através da sua caracterização fenotípica.
Para além destes grupos de meios, existem meios que têm a função de enriquecimento e de
transporte.
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM
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CASO PRÁTICO
Caso prático
Título
Procedimento de aceitação e rejeição de amostras clínicas
Descrição
Uma amostra de líquido cefaloraquidiano (LCR) deu entrada as 10h de uma Segunda-feira no
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BIBLIOGRAFIA
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8. WHO (2003). Manual of Basic Techniques for a Health Laboratory. Second edition.
Geneva.
9. Winn, W. C., & Koneman, E. W. (2006). Koneman's color atlas and textbook of
diagnostic microbiology. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.
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UNIDADE DIDÁCTICA 3
EXAMES MICROBIOLÓGICOS
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ÍNDICE
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OBJECTIVO GERAL
Realizar exames microbiológicos de pronto despiste de microrganismos patogénicos;
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INTRODUÇÃO
Esta unidade está dividida em três capítulos, que abordam os princípios básicos da testagem
em Microbiologia:
– O primeiro capítulo aborda de forma geral os diferentes tipos de exames
microbiológicos;
– O segundo capítulo centra-se nos princípios de microscopia, dando ênfase aos exames
a fresco e os métodos de coloração diferencial;
– Finalmente, o terceiro capítulo aborda os princípios dos métodos culturais. Este
capítulo aborda em detalhes os procedimentos de isolamento e identificação
bacteriana e o teste de sensibilidade aos antibióticos pelo método de disco-difusão.
1. EXAMES MICROBIOLÓGICOS
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Os exames microscópicos podem ser feitos a partir de uma amostra clínica, ou a partir do
microrganismo obtido de uma cultura. Dependendo do tipo de amostra e da suspeita clínica
pode se realizar exames a fresco ou exames corados.
O exame a fresco é aplicado por exemplo na análise do sedimento urinário (e.g. com
a presença de leucócitos em caso de infecção) e no estudo micológico da secreção
vaginal para a visualização de leveduras (Candida albicans).
Os principais exames corados em Microbiologia são: a coloração pelo método de
Gram; a coloração para as bactérias álcool-ácido resistentes (BAAR) de Ziehl-
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2.1. Microscopia
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pequenos para serem observados a olho nú. O microscópio mais usado em Microbiologia é o
microscópio óptico.
O microscópio óptico é composto de uma parte óptica e uma parte mecânica (Figura 2). Os
constituintes da parte mecânica (pé, braço, platina, revólver, parafusos macro e
micrométricos), têm basicamente a função de suporte. A parte óptica é constituída por: fonte
luminosa, condensador, sistemas de lentes objectivas e oculares.
a) Fonte luminosa e condensador: a fonte luminosa dos microscópios modernos é
constituída por uma lâmpada eléctrica de tungsténio ou halogéneo incluídas no
próprio aparelho, podendo regular-se a intensidade luminosa com o reóstato. O
condensador consta de um conjunto de lentes convergentes e de um diafragma-íris.
Quando a fonte luminosa é constante para obter boa iluminação, sobe-se o
condensador e abre-se o diafragma. O inverso reduz a intensidade luminosa.
b) Oculares: constam de um conjunto de lentes que permitem ampliar a imagem real
dada pela objectiva e formar a imagem virtual. Permite incorporar dispositivos com
retículos de medida, marcadores de referência, etc. As oculares de 10× são as mais
utilizadas, mas existem as de 12,5×, 8× e 6× nos microscópicos binoculares.
c) Objectivas: conjunto de lentes que permitem ampliar a imagem 4x, 10x, 40x, ou
100x. As objectivas de 4x, 10x e 40x são designadas “objectivas secas”. A objectiva
de 100× é “objectiva de imersão” por ser obrigatório colocar uma gota de óleo de
imersão entre elas e a preparação.
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ATENÇÃO Como as lâminas não estão coradas, a iluminação deve ser pouco intensa o
que se consegue com o condensador descido e o diafragma fechado. Focar
primeiro com a objectiva de 4x e depois de escolher o pormenor a observar
focar com as obejectivas seguintes (de 10x e 40x). Para focar deve fazer-se a
aproximação da objectiva à lâmina com controlo visual externo e só depois
focar usando o parafuso macrométrico, o parafuso micrométrico serve apenas
para melhorar a visibilidade.
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organelas internas mais visíveis sob a luz microscópica. Para maximizar o benefício do uso
do microscópio as amostras devem ser preparadas de forma a manter as principais
características das estruturas presentes nelas. Os métodos de coloração podem ser de três
tipos: (1) simples, (2) diferencias, e (3) estruturais ou especiais. Neste manual ênfase será
dada para a coloração diferencial.
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Leitura e interpretação
Leitura
– Examinar a lâmina sobre baixa luminosidade para avaliar o aspecto geral do
esfregaço. Examinar pelo menos 10 campos de baixa luminosidade e observar a
presença de células polimorfonucleares (PMN), eritrócitos e células epiteliais. Num
esfregaço propriamente corado estas células aparecem coradas de vermelho, os
microrganismos Gram positivos de violeta profundo e os Gram negativos de vermelho
ou rosa.
– Mover para objectiva de óleo de imersão (100x), e avaliar a presença de células
bacterianas, tendo como base: a reacção de Gram, morfologia e disposição das células
bacterianas observadas. Examinar pelo menos 20 campos usando a objectiva de óleo
de imersão.
Interpretação
– A presença de células brancas ou eritrócitos sugere um processo infeccioso.
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3+: 6–30/Campo
4+: >30/Campo
– Especificar a morfologia segundo o método de Gram e indicar a que grupo de
microrganismo se parece se a forma de apresentação for usual/ clássica. Contudo
tenha cuidado em caso de dúvida, pois outras espécies podem confundir apresentações
típicas.
EXEMPLO Cocos Gram positivos podem ser sugestivos de Streptococcus pneumoniae;
Cocobacilos Gram negativos pequenos podem ser sugestivos de Haemophilus;
Diplococos Gram negativos podem ser sugestivos de Neisseria.
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produtos químicos em solução aquosa, visto que essas paredes são hidrofóbicas.
Assim, é necessário utilizar um corante forte e medidas especiais para forçar os
corantes a atravessarem a parede bacteriana. Depois da penetração do corante nas
células é muito difícil a sua remoção mesmo que para isso se use uma mistura
agressiva de álcool-ácido como agente descorante. Devido a esta propriedade estes
microrganismos designam-se BAAR, sendo esta resistência ao álcool-ácido atribuída
a certos lípidos de alto peso molecular (ácidos micólicos) presentes na parede celular
destas bactérias.
Tabela 4: Materiais necessários e procedimentos da coloração de Ziehl-Neelsen
Material necessário Procedimentos
Amostra biológica 1. Preparar, secar e fixar o esfregaço (como
Fucsina fenicada: a fucsina fenicada é usada descrito na coloração de Gram);
como o primeiro corante (mordente). Esta 2. Colocar a(s) lâmina(s) já preparadas num
substância é formada pelo corante suporte juntamente com lâminas CQ
concentrado de fucsina de cor vermelha e positivo e CQ negativo;
pelo mordente ácido fénico. Para facilitar a 3. Cobrir a lâmina com uma solução filtrada
coloração aplica-se o calor de modo a de fucsina e aquecer até a emissão de
permitir a passagem da fucsina fenicada vapores. Deixar actuar o corante durante
através da parede lipídica e do citoplasma. 5 minutos, repetindo em intervalos (três
Álcool-ácido: usado como descorante. Antes vezes) o aquecimento e substituindo o
da descoloração o esfregaço deve ser corante a medida que se evapora, sem
arrefecido de modo a permitir o deixar secar. O calor é aplicado de modo
endurecimento das substâncias lipídicas da a permitir a passagem da fucsina fenicada
parede. Quando se aplica o álcool-ácido, as através da parede lipídica e do
bactérias álcool-ácido resistentes vão resistir citoplasma. De seguida lavar com água;
à descoloração, pois o corante primário é 4. Cobrir a lâmina com solução álcool-
mais solúvel nos lípidos celulares do que no ácido (HCl 3% ou H2SO4 a 20%). Deixar
agente descorante. actuar durante 3 min. De seguida lavar
Azul de metileno ou Verde de malaquite: com água.
usado como corante de contraste. Serve para 5. Corar a lâmina com azul-de-metileno, ou
corar as células bacterianas previamente solução diluída de verde malaquita,
descoradas. As células não álcool-ácido durante 1 minuto;
resistentes absorvem o corante de contraste e 6. Lavar, deixar secar à temperatura
ficam coradas de azul ou verde de acordo ambiente e depois observar ao
com o corante usado. microscópio usando objectiva de imersão.
Leitura e interpretação
Leitura
– Examinar a lâmina sobre a objectiva de máxima ampliação (objectiva de imersão).
Examinar pelo menos 100 campos para observar a presença de BAAR (são aquelas
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que não descoram quando se aplica a solução álcool-ácida e por isso aparecem
coradas de vermelho, ver Figura 5), e quantificar os BAAR.
Interpretação
Quantificar de forma aproximada o número de BAAR existentes. Percorrer os 100
campos em linhas rectas, de forma sistemática para abranger o esfregaço evitando a
repetição da leitura de alguns campos;
Contar o número de campos observados e o número de BAAR que foi identificado.
Classificar como mostrado abaixo:
- Negativo: ausência de BAAR em 100 campos;
- Positivo (escassos): contagem exacta – 1–9 BAAR em 100 campos;
- Positivo (1+): 10 a 99 BAAR em 100 campos;
- Positivo (2+): 1 a 10 BAAR por campo (pelo menos 50 campos);
- Positivo (3+): mais de 10 BAAR por campo (pelo menos 20 campos).
ATENÇÃO Sempre que se realizar a coloração de Ziehl-Neelsen, deve garantir que o
procedimento foi bem executado descartando a possibilidade de
contaminações cruzadas entre as lâminas, e o uso de reagentes inadequados.
Para este fim, deve-se incluir a cada procedimento o seguinte: (1) controlo
positivo: lâmina fixada contendo BAAR; (2) controlo negativo: lâmina fixada
não contendo BAAR.
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O isolamento dos microrganismos pode ser classificado em dois tipos: (1) métodos culturais e
(2) métodos não culturais. Os métodos culturais envolvem isolamento de microrganismos em
meios líquidos, sólidos e em sistemas automáticos.
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Cultura líquida
Os meios líquidos podem ser selectivos ou não selectivos, permitindo o crescimento de
microrganismos entre 24 e 48 horas (normal), ou até mais de 14 dias. Em meios líquidos, o
crescimento microbiano é detectado pela turvação do meio. A cultura líquida é muitas vezes
usada para aumentar a chance de isolamento do microrganismo devido ao uso de meios de
enriquecimento. Contudo, este método apresenta algumas desvantagens:
– Não é possível determinar as características do microrganismo (colónias) presente na
cultura, sendo necessário a subcultra para meios sólidos;
– Atrasos na obtenção dos resultados da cultura;
– Sensível a contaminações.
Cultura sólida
O método mais comum para o isolamento de bactérias de amostras clínicas é a cultura em
meios sólidos. Estes meios permitem a caracterização das bactérias através da observação das
colónias produzidas na superfície do meio de cultura, garantindo uma identificação
preliminar das bactérias presentes.
A inoculação de meios sólidos depende do objectivo a ser alcançado: (1) obter colónias
isoladas (inoculação por estrias de esgotamento); (2) determinar a carga bacteriana da
amostra (incolução por estria cruzada).
EXEMPLO Na cutura das fezes (uma amostra contaminada com membros da flora normal)
o objectivo é isolar as colónias.No caso de amostras de urina, para além de
isolar as colónias a quantificação das bactérias é importante, pois um
organismo é considerado patogénico quando estão presentes>105 unidades
formadoras de colónias por mililitro de urina.
Procedimentos de inoculação de meios sólidos em placa (Figura 6)
– Colocar uma pequena porção (inóculo) da amostra num canto de um dos quadrantes
da superfície do meio (usar zaragatoa, ansa ou pipeta estéreis);
– Distribuir o inóculo dentro do quadrante (usar uma ansa estéril, e fazer movimentos de
zigue-zague);
– Esterilizar a ansa por flambagem (bico de Bunsen), e fazer o segundo segmento de
estrias inciando-o por onde terminou o primeiro segmento;
– Repetir o número de vezes necessário para obter diferentes segmentos de estrias
conforme o tamanho da placa.
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LEMBRA-TE
Quanto mais segmentos de estrias na placa, mais isoladas estarão as
colónias das bactérias e mais fácil é a sua selecção e caracterização.
Depois do isolamento da bactéria em cultura pura, o organismo deve ser identificado ao nível
do género ou espécie. A identificação correcta do microrganismo tem um grande valor em
termos clínicos (estabelecimento de abordagens terapêuticas adequadas) e epidemiológicos
(compreensão da distribuição dos agentes em termos de tempo, lugar e pessoa).
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Princípio do teste
– Bactérias oxidase positivas possuem citocromo oxidase, uma enzima também
designada indofenol oxidase. Ambos catalisam o transporte de electrões de
compostos dadores (NADH) para receptores de electrões (normalmente oxigénio). O
reagente do teste, N, N, N', N'-tetra-metil-p-phenylenediamine dihydrochloride
age como um receptor artificial de electrões para a enzima oxidase, e quando oxidado
forma um composto colorido indofenol azul.
Procedimento e interpretação
– Molhar um pequeno pedaço de papel de filtro em reagente de oxidase (1% de
Kovac’s de oxidase) e deixar secar numa placa de Petri;
– Colher com uma ansa estéril algumas colónias do microrganismo suspeito (cultura
recente, 18 – 24 horas) e colocar sobre o
papel de filtro;
– Observar as alterações de cor (se a
colónia for oxidase positiva, inicialmente
ficará rosa, depois vermelha e depois azul
púrpura (Figura 9). A reacção deve
ocorrer dentro de 90 segundos. Caso a
reacção ocorra depois de 2 minutos, não
se considera positiva).
d) Indol: é aplicado como parte de um conjunto de testes usados na diferenciação de
membros da família Enterobacteriaceae e outros bacilos Gram negativos.
Princípio do teste
– O teste de indol determina a habilidade de um
organismo para produzir indol da degradação do
aminoácido triptofano. Triptofano é hidrolisado
por triptofanase para produzir três possíveis
produtos finais – um dos quais é indol.
Procedimento e interpretação
– Inocular a colónia suspeita no meio SIM
(Sulfureto, Indol, Mobilidade) com uma agulha;
– Incubar a 37 ºC durante 24 horas;
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– Para testar a produção de indol, adicionar ao tubo algumas gotas do reagente Kovac’s
(composto por: p-dimetilaminobenzaldeído, álcool amílico, ácido clorídrico
concentrado);
– Observar a mudança de côr (Figura 10):
o Aparecimento de anel vermelho/rosado: reacção positiva (Escherichia coli,
Vibrio cholerae).
o Ausência de anel vermelho/rosado: reacção negativa (Klebsiella,
Salmonella, Shigella).
e) Série bioquímica curta para identificação de Enterobacteriaceae
A série curta é usada para diferenciação de géneros da família Enterobacteriaceae.
Nesta série observam-se as seguintes reacções bioquímicas: fermentação de glicose,
fermentação de lactose, produção de H2S e produção de gás, utilização de citrato,
mobilidade e produção de indol e produção de urease.
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O teste de sensibilidade aos antibióticos é usado para determinação “in vitro” da actividade
de antibióticos sobre bactérias. Este serve de auxílio ao clínico na escolha do antibiótico mais
adequado para o tratamento da doença.
Princípio do teste
– Um inóculo padronizado do microrganismo é semeado na superfície do meio. Ao ser
colocado o disco (papel de filtro impregnado com uma determinada concentração do
antibiótico) na superfície do meio de cultura específico, o antibiótico contido no disco
difunde-se vários milímetros ao seu redor. Se o antibiótico não tiver algum efeito
sobre o microrganismo este crescerá ao redor do disco.
– Quando o antibiótico apresenta efeito sob o microrganismo há formação de uma
regiãosem crescimento (zona de inibição), sendo o seu diâmetro medido em
milímetros e comparado com valores (pontos de corte) padronizados.
Procedimento (Técnica de Kirby-Bauer)
a) Preparação do inóculo
– Com ansa ou zaragatoa, picar 4 ou 5 colónias isoladas para um tubo com 5mL
de soro fisiológico estéril;
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b) Inoculação da placa
– Dentro de 15 min de ajustamento do inóculo, mergulhar uma zaragatoa estéril na
suspensão e retirar rodando contra a parede do tubo para remover o excesso do
líquido (Figura 17);
– Semear toda a superfície da placa três vezes, rodando a placa aproximadamente
60º entre as estrias para assegurar distribuição uniforme. (Evitar tocar as
extremidades da placa de Petri e a criação de aerossois), como mostra a Figura 17;
– Deixar a placa em repouso por pelo menos 3 minutos antes de aplicar os discos
(não deixe mais de 15 minutos);
– Para o caso de Streptococcus pneumoniae, semear a superfície do meio (agar
sangue ou Mueller-Hinton com 5% de sangue de carneiro) imediatamente e
aplicar os discos.
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c) Aplicação de discos
– Aplicar discos na superfície de agar usando pinça estéril (pressionar levemente o
disco com a pinça para assegurar o contacto com o agar, ver Figura 18);
– Aplicar os discos com uma distância mínima de 25 mm (2,5 cm) do centro de cada
disco.
o Não mais de 12 discos na placa de 150 mm.
o Não mais de 5 discos na placa de 100 mm.
– Não trocar (recolocar) a posição do disco depois de tocar a superfície do agar (a
difusão do antimicrobiano é instantânea).
d) Incubação
– Incubar as placas dentro de 15 minutos depois da plicação de discos;
– Inverter as placas e empilhá-las em número máximo de 5;
– Incubar por 18 a 24 horas a 35 ˚C a 37 ˚C na incubadora normal (não mais de 35
˚C se estiver a testar Staphylococcus suspeito de resitência a oxacilina e
penicilina);
o Incubar todos Staphylococcus suspeitos de resistência a oxacilina e
meticilina por 24 horas.
e) Leitura e interpretação
– Lêr as placas apenas se o crescimento for uniforme;
– Para meios translúcidos (agar Mueller-Hinton, meio para Haemophilus)
o Pousar a placa com tampa virada para baixo;
o Iluminar a placa;
– Para meios opacos
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RESUMO
Entre as principais actividades rotineiras de um laboratório de microbiologia destacam-se o
isolamento e identificação de agentes causadores de infecção em humanos através de exames
microbiológicos. Os exames microbiológicos podem ser divididos em directos e indirectos.
Os exames microscópicos (morfológicos) constituem um passo inicial para a identificação
definitiva dos microrganismos Gram positivos e Gram negativos.
Para além dos exames morfológicos, há muitos outros procedimentos que são usados para a
identificação de bactérias patogénicas: testes bioquímicos (tradicionais ou comerciais) testes
serológicos e moleculares. Depois da identificação final do microrganismo, este é submetido
ao teste de sensibilidade aos antibióticos para determinar o padrão de resistência do
microrganismo.
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CASO PRÁTICO
Caso prático
Título
Utilização do método de Gram para diagnóstico presuntivo
Descrição
Você recebeu duas amostras: (a) uma amostra de pús de um abcesso num ponto de sutura, (b)
uma amostra de expectoração. Em ambos os casos os clínicos solicitaram um diagnóstico
presuntivo pelo método de Gram, e você tem a tarefa de assessorar aos solicitantes sobre a
utilidade do relatório de Gram para cada uma das amostras recebidas.
Em qual das amostras o resultado de Gram seria mais útil para a conduta clínica?
Actividades que devem ser desenvolvidas pelos grupos
Actividade 1: Com o caso, faz uma reflexão sobre: (1) a aplicação do método de
Gram considerando o tipo e a origem da amostra biológica; (2) a utilidade clínica do
resultado de Gram.
Actividade 2: Elabora uma listagem de argumentos técnicos para a decisão tomada
sobre a utilidade do resultado de Gram para a conduta clínica.
Actividades a serem desenvolvidas pelos alunos
- Identifica os elementos do caso;
- Pesquisa e analisa informação relevante;
- Faz levantamento de todos os critérios da aplicabilidade da coloração de Gram;
- Elabora uma listagem de argumentos técnicos para a solicitação do Gram;
- Faz a apresentação do trabalho do grupo.
Actividades a serem desenvolvidas pelo professor
- Forma e orienta os grupos fornecendo referências bibliográficas e outros materiais de
auxílio da actividade (Sugere-se que para esta actividade cada grupo tenha um número
máximo de cinco alunos).
- Explica os procedimentos da actividade;
- Acompanha as actividades do grupo, e promove discussões de consertação;
- Analisa e sumarisa os pontos apresentados;
Recursos necessários
- Papel gigante
- Computador/projector/quadro/marcadores/giz
- Livros e artigos
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bibliografia
1. Cheesbrough, Monica (1984). Medical Laboratory Manual for Tropical Countries,
volume II: Microbiology. 479pp. Great Britain, ELBS.
2. Cavalieri, S.J., et al. (2005), Manual of Antimicrobial Susceptibility Testing, M.B.
Coyle, Editor. 2005, American Society for Microbiology.
3. Henry’s clinical diagnosis and management by laboratory methods.—22nd ed. /
[edited by] Richard A. McPherson, Matthew R. Pincus (2011). Elsevier.
4. Lima, A. O., J. B. Soares, J. B. Greco, J. Galizzi e J. R. Cançado (1992). Métodos de
Laboratório Aplicados à Clínica: Técnica e Interpretação. 7ª edição. Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan.
5. Marshall, Jacquelyn R. (1995). Microbiologia: Manual de Laboratório Clínico. 161pp.
São Paulo, Livraria Santos.
6. UK Standards for Microbiology Investigations (2014). BACTERIOLOGY – Test
Procedures 3. Issue 3.
7. WHO (2003). Manual of Basic Techniques for a Health Laboratory. Second edition.
Geneva.
8. Winn, W. C., & Koneman, E. W. (2006). Koneman's color atlas and textbook of
diagnostic microbiology. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.
SITES CONSULTADOS
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UNIDADE DIDÁCTICA 4
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ÍNDICE
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OBJECTIVO GERAL
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INTRODUÇÃO
1. INFECÇÕES SISTÉMICAS
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Exame Microbiológico
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ATENÇÃO
Se tiver dois ou mais frascos por paciente deve processar apenas os frascos
positivos.
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Amostra Recomendada
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iv. Usando uma pipeta de Pasteur estéril preparar um esfregaço (uma gota
do sedimento de LCR sobre a lâmina) e corar pelo método de Gram
conforme descrito na Unidade 3.
v. Ler a lâmina, e registar os resultados do Gram conforme descrito na
Unidade 3.
LEMBRA-TE No caso de LCR o exame de Gram fornece informações úteis para tomada
de decisões.
Por isso, é fundamental reportar imediatamente todos os resultados
positivos para o solicitante.
Tinta de china para Cryptococcus neoformans
i. Quando a microscopia (contagem na câmara de Bawman e coloração de Gram
indicam a presença de leveduras, mas que não se pode aferir se é Cryptococcus
neoformans, procede-se com a tinta
de china para verificar a presença de
cápsulas. A tinta de china não cora
material celular, providenciando um
fundo escuro que facilita a
vizualização da cápsula de C.
neoformans.
Colocar uma gota de tinta de
china na lâmina
microscópica.
Adicionar uma gota do sedimento de LCR usando uma pipeta de Pasteur e
misture gentilmente.
Cobrir com lamêla e examine ao microscópio usando primeiro a objectiva de
10x e depois a objectiva de 40x.
Observar a presença da cápsula de C. neoformans.
Registar os resultados, e comunicar ao solicitante caso seja positivo.
c) Cultura
i. Com uma pipeta de Pasteur estéril, inocular (uma gota de LCR) uma placa de
agar sangue (AS) e uma placa de agar chocolate (CHOC). Se necessário
inocular ainda o caldo de BHI (Brain Heart Infusion, infusão cérebro-coração).
ii. Semear com uma ansa estéril usando estrias por esgotamento.
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3. INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS
As infecções respiratórias são definidas como qualquer processo infeccioso que afecta o
tracto respiratório. Estas infecções são subdivididas em dois grupos: infecções do tracto
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3.1. Faringite
3.2. Pneumonia
As pneumonias são causadas por diferentes agentes, incluindo bactérias, vírus, fungos e
reações alérgicas. Lembre-se de proceder o diagnóstico diferencial para determinar a causa da
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b) Cultura
i. Com uma zaragatoa estéril, retirar uma porção purulenta da amostra e inocular em
placas de AS, CHOC e MAC.
ii. Fazer estrias em quatro quadrantes de maneiras a obter colónias isoladas.
iii. Caso tenha observado diplococos Gram positivos no Gram, colocar um disco de
optoquina no segundo quadrante da placa de agar sangue (isto auxilia na
identificação atempada de Streptococcus pneumoniae.
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3.3. Tuberculose
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4. INFECÇÕES URINÁRIAS
A infecção urinária é um quadro infeccioso que pode ocorrer em qualquer parte do tracto
urinário. O tracto urinário é dividido em porção superior (rins, pelve renal e ureteres) e
porção inferior (bexiga urinária e uretra). As infecções urinárias são mais comuns na região
inferior, podendo ascender para as regiões superiores como resultado de complicações.
DEFINIÇÃO Uretrite: inflamação da uretra (canal que transporta a urina da bexiga para
fora do corpo). As uretrites podem ser divididas em dois grandes grupos:
gonocócicas (causadas por Neisseria gonorrhoeae) e não gonocócicas
(causadas por diferentes tipos de microrganismos). A complicação da uritrite
resulta em cistite (Winn & Koneman, 2006).
Cistite: inflamação da bexiga, frequentemente causada por infecção
bacteriana (Eschecrichia coli, Staphylococcus saprophyticus, etc.). A sua
complicação pode resultar em bacteremias ou pielonefrites (Winn &
Koneman, 2006).
Pielonefrite: designa a infecção do tracto urinário, que atinge a "pielo"
(pelve) do rim. Acomete quase todas as estruturas do rim e existe sob duas
formas: aguda (causada por uma infecção bacteriana) e crónica (infecções
bacterianas repetidas, associadas a um sistema imunitário debilitado) (Winn
& Koneman, 2006).
Amostra recomendada: O tracto urinário é geralmente um local estéril, isto é, livre de
microrganismos da flora normal. Uma excepção a isso é a uretra que suporta o crescimento
de uma flora normal. Para o diagnóstico de infecções urinárias é recomendado a colheita de
uma amostra de urina (jacto médio da primeira amostra da manhã). Ver procedimentos de
colheita de urina na Unidade 2.
Exame microbiológico: O processamento microbiológico de urina envolve dois exames: o
exame citoquímico e a urocultura (cultura de urina).
Exame citoquímico (Urina II)
O exame citoquímico é um indicador útil do estado geral de saúde do paciente. Este
exame providencia informações sobre o metabolismo de carbohidratos do paciente,
função do renal e hepática, e equilíbrio de ácido-base.
O exame citoquímico da urina compreende três etapas: (1) análise das características
físicas da urina (volume, cheiro, côr); (2) análise química para detecção de elementos
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Interpretação:
a) Leucócitos: quando presentes na urina sugerem uma infecção urinária moderada. A
presença repetida de leucócitos indica a necessidade para outros testes como
culturas ou testes de sangue.
b) Nitritos: a presença de nitritos na urina deve-se a conversão de nitratos dos
alimentos como resultado da acção de enzimas bacterianas, muitas vezes associadas
à infecção do tracto urinário (bexiga ou uretra).
c) pH: a urina normal é ácida. Indivíduos que ingerem grandes quantidades de
proteínas produzem urina mais ácida que aqueles que ingerem principalmente frutas
e vegetais. O aumento da acidez da urina (baixo pH) pode também verificar-se em
casos de diabetes, febres, diarreia e desidratação. Urinas alcalinas (alto pH) podem
ser notadas em casos de inflamação crónica da bexiga, intoxicação por drogas (ex:
salicilatos).
d) Proteínas: a presença de proteínas na urina é designada proteinúria e é um
importante sinal de doença renal. Esta situação pode dever-se a um aumento da
permeabilidade da parede dos glomérulos. Porém, uma pequena quantidade de
proteínas, principalmente albumina, pode aparecer na urina em resposta a esforço
muscular excessivo, exposição ao frio, ou ingestão extra de proteínas com
alimentos.
e) Cetonas: as cetonas são designadas corpos cetónicos e incluem acetona, ácido
diacético e ácido beta-hidrobutírico e aparecem na urina normal de pacientes com
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iii. Colocar uma gota da suspensão sobre uma lâmina microscópica limpa, e cobrir a
lâmina com lamela.
iv. Examinar a preparação ao microscópio, percorrendo entre 10 e 15 campos
microscópicos.
v. Identificar e quantificar todas as estruturas presentes, buscando a presença de
microrganismos, cristais, células epiteliais, células sanguíneas e cilindros (quando
presentes deve descrever o tipo de cilindro).
Interpretação:
Microrganismos (Bactérias, protozoários e fungos): a presença de microrganismos
sugere existência de infecção do tracto urinário. Como para bactérias, a presença de
fungos no sedimento urinário podem indicar uma infecção. O fungo frequentemente
encontrado na urina é Candida sp. (uma levedura), e é comum em diabéticos. O
parasita mais frequente na urina é Trichomonas spp. Normalmente, provém de
secreções genitais contaminando a amostra. Contudo, deve ser mencionado dado ao
facto de terem sido reportados casos de colonização da bexiga e próstata por este
microrganismo.
Células epiteliais: as células epiteliais são constantement descamadas do revestimento
interno do trato urinário. As células do epitélio vaginal e uretral aparecem grandes,
planas com núcleo distinto e citoplasma grande.
Leucócitos: normalmente 0 a 5 por campo microscópico. Mais de 5 leucócitos
sugerem doença em alguma região do tracto urinário.
Eritrócitos: normalmente não devem estar presentes na urina. Quando presentes
devem ser registados e reportados.
Cristais: os cristais indicam risco de pedras nos rins, porém, muitas situações
benignas podem provocar formação de cristais. Atenção: a alcalinização e refrigeração
são promotoras de formação de cristais.
Cilindros: resultam do acúmulo e precipitação de proteínas nos túbulos renais, e são
classificados conforme o material incluído neles. A presença de cilindros na urina pode
indicar doença renal.
ATENÇÃO Muitos objectos estranhos podem ser encontrados na urina causando confusão
na interpretação. Os mais comuns são fibras de Kleenex, algodão, talco ou
outro pó, e fragmentos de vidro.
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5. INFECÇÕES GENITAIS
As infecções genitais são categorizadas em: lesões cutâneas genitais, vaginites e vaginoses,
uretrites e cervicites, e infecções da pelve feminina (endometriose e doença inflamatória
pélvica). Neste capítulo dar-se-á mais ênfase aos procedimentos microbiológicos para
diagnóstico das vaginites, vaginoses, uretrites e cervicites.
DEFINIÇÃO Vaginite: inflamação dos tecidos da vagina resultante da infecção por
microrganismos ou da irritação por agentes não infecciosos (Winn &
Koneman, 2006).
Vaginose: inflamação crónica da mucosa vaginal (parede interna do órgão),
geralmente causada pelo desiquilíbrio da flora normal da vagina (Winn &
Koneman, 2006).
Uretrite: ver a secção das infecções urinárias. Uretrite gonocócica: infecção
genital causada por Nesseria gonorrheae (Winn & Koneman, 2006).
Cervicite: inflamação do colo do útero resultante da infecção de uma
variedade de microrganismos (Winn & Koneman, 2006).
A vaginite é causada por um número limitado de agentes infecciosos, e por irritantes não
infecciosos. A doença geralmente envolve a inflamação simultânea da vulva (vulvovaginite).
Cerca de 50% das vaginites não tem uma etiologia específica, podendo estar implicados
Trichomonas vaginalis (com produção de uma secreção amarela ou amarela-esverdeada) e/ou
Candida albicans (com produção de uma secreção espessa e tipo coalho, e com uma mucosa
eritematosa).
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Amostra recomendada
Zaragatoa da secreção vaginal em meio de transporte adequado. Pode ser refrigerada
caso sejam atrasos previstos.
Exame Microbiológico
O método mais rápido e barato para o diagnóstico de infecções vaginais é o exame a
fresco das secreções vaginais. Com este exame é possível detectar leveduras (Candida
spp.), Trichomonas vaginalis e células indicadoras de vaginose bacteriana. Por outro
lado, a vaginose bacteriana pode ser detectada por microscopia pelo Gram, sendo que a
cultura não é util para detecção da vaginose bacteriana.
a) Preparação a fresco para Trichomona vaginalis
Mergulhar a zaragatoa com secreção vaginal num tubo com 0,5 ml de soro
fisiológico.
Colocar uma gota deste líquido numa lâmina de vidro, e cobrir com lamêla.
Examinar ao microscópio (objectiva de 40x) para presença de T. vaginalis e
outras células.
b) Coloração de Gram para Vaginose bacteriana (VB)
Preparar o esfregaço rolando a zaragatoa sobre uma lâmina microscópica
limpa, deixar secar, fixar e corar conforme descrito na Unidade 3.
Examinar o esfregaço e detectar a presença de leveduras, leucócitos
polimorfonucleares, e procurar evidências de vaginose bacteriana.Critérios de
Nugent para detecção de vaginose bacteriana: examinar pelo menos 30
campos microscópicos (usar objectiva de imersão) e observar a presença de:
- Lactobacillus spp. – bacilos grandes Gram positivos.
- Gardnerella spp. – bacilos pequenos Gram variáveis.
- Mobiluncus spp. – bacilos curvos Gram variáveis.
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
A maioria dos quadros de uretrite e cervicite estão associados a infecção por Chlamydia
trachomatis. Outros agentes implicados com estas infecções incluem Neisseria gonorrhoeae,
vírus herpes simples tipo 2, papiloma vírus humano.
ATENÇÃO As uretrites e as cervicites são infecções genitais transmitidas por meios
sexuais. As uretrites ocorrem em homens e mulheres, enquanto as cervicites
ocorrem exclusivamente em mulheres.
Amostra recomendada
Zaragatoa uretral ou cervical para isolamento de N. gonorrhoeae em meio de
transporte adequado.
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
Exame microbiológico
O enfoque básico para o diagnóstico da uretrite gonocócica é a coloração de Gram
para a pesquisa de diplococos Gram negativos intracelulares. Todavia, nas mulheres
este exame não é suficiente para estabelecer o diagnóstico laboratorial, devido as
limitações do exame na diferenciação de N. gonorrhoeae com membros da flora
vaginal que possuem morfologia similar. O diagnóstico final requer o isolamento do
agente etiológico através de cultura. Para detecção de C. trachomatis são usadas
provas moleculares.
a) Cultura de secreção uretral ou cervical
i. Usar a zaragatoa para inocular as placas com meios de cultura (AS, CHOC,
Thayer Martin (TM). Fazer estrias em quatro qudrantes da placa com os meios de
cultura,
ii. Incubar as placas em condições de baixa concetração de oxigênio, a 37 o C durante
24 horas.
Incubar as placas de AS por 48 horas.
Incubar as placas de CHOC e TM por 72 horas para detectar N. gonorrhoeae.
iii. Reincubar as placas negativas por mais 24 horas.
iv. Usar provas padronizadas e disponíveis para identificar potenciais patógenos.
N. gonorrhoeae
S. pyogenes (Grupo A Streptococcus)
Streptococcus Grupo B e Listeria monocytogenes em mulheres grávidas.
Candida spp.
T. vaginalis.
Reporte de resultados
Reportar todos os isolados relevantes (ver lista acima).
Quando procurar um patógeno específico e não detectar, reportar como negativo para
este agente.
EXEMPLO
Cultura negativa para Neisseria gonorrhoeae depois de 72 horas de incubação.
Se não isolar nenhum patógeno, mas ocorrer a presença de membros da flora normal,
em mulheres reportar como “flora normal genital presente”, e em homens “flora
normal da pele presente”.
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
ATENÇÃO
Notificar (telefonar) o clínico para resultados positivos de Neisseria
gonorrhoeae.
6. INFECÇÕES GASTROINTESTINAIS
O sintoma mais comum que se apresenta nas gastroenterites é a diarreia. A diarreia pode ser
causada por virus, protozoários, bactérias. Os agentes bacterianos mais comuns são
Salmonella spp., Shigella spp., V.cholerae, Campylobacter spp., enterotoxogenic E. coli,
Aeromonas spp., Plesiomonas shigelloides.
Amostra recomendada
Fezes ou zaragatoas rectais transportadas dentro de 2 horas depois da colheita. Caso
atrasos sejam previstos, refrigerar a amostra ou colocar em meio de transporte (Cary-
Blair).
Exame microbiológico
O exame de fezes inclui cultura (coprocultura) em meios selectivos e de
enriquecimento, isolamento e identificação (série bioquímica, seroaglutinação e
imunofluorescência).
a) Inoculação primária e subculturas
i. Semear placas de MAC, XLD, TCBS, CAMPY e caldos enriquecedores Selenito
F (SEL F) e água peptonada alcalina (APA).
ii. Incubar os meios como descrito abaixo:
MAC, XLD, e TCBS a 37 oC durante 24 horas.
Caldo de SEL F a 37 oC durante 24 horas com a tampa pouco apertada.
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
RESUMO
O diagnóstico de doenças infecciosas é frequentemente iniciado pela obtenção do historial
clínico do paciente, e condução do exame físico (anamnese). Nesta unidade foi abordado o
diagnóstico laboratorial por cada grupo de infecção, ou seja, pelos sistemas afectados tendo
como enfoque as amostras recomendadas para exames microbiológicos, os tipos de exame e
os procedimentos para o estabelecimento do diagnóstico definitivo.
Ênfase foi dada para as infecções sistémicas, urinárias, meningites, respiratórias, genitais e
gastrointestinais. Note-se que diferentes microrganismos podem estar implicados num mesmo
quadro clínico, levantando assim a necessidade da diferenciação através de procedimentos
microbiológicos. Os procedimentos para o isolamento e identificação dos microrganismos
variam em função do grupo (Gram postivos vs. Gram negativos).
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
- Prepara e fornece o roteiro da aula com uma semana antes das sessões;
- Organiza o material necessário para a actividade;
- Orienta os alunos para a realização da tarefa (apresenta os objectivos);
- Prepara e fornece aos grupos o modelo do relatório a ser usado para apresentação dos
resultados da actividade;
- Acompanha os grupos durante a execução do trabalho, e regista as dificuldades
encaradas por cada membro do grupo. Esclarece as dúvidas existentes;
- Avalia os relatórios apresentados pelos grupos e providencia uma retroinformação.
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Quadro/Giz/marcadores;
- Modelo de relatório.
Critérios de avaliação
- No fim da sessão cada grupo apresenta os seus resultados, e entrega o relatório;
- Cada grupo deve ser capaz de identificar e descrever no mínimo 80% dos elementos
essenciais do caso (microrganismos mais prováveis e os procedimentos
microbiológicos);
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- Zaragatoas
- Agulhas de inoculação
- Folha de registo dos resultados (preliminar)
- Modelo de relatório final
Critérios de avaliação
- No fim da sessão cada grupo apresenta os seus resultados, e entrega o relatório;
- Cada grupo deve ser capaz de identificar e descrever: (a) o tipo de amostra em 100%;
(b) os procedimentos para identificação preliminar em 100%; (c) os procedimentos
para identificação final, mínimo de 80%; (d) o microrganismo em causa, mencionando
o género ou a espécie (obter 100%).
CASO PRÁTICO
Caso prático
Título
Utilização de métodos de diagnóstico
Descrição
Você recebeu duas amostras: (a) pús de um abcesso num ponto de sutura, (b) expectoração.
Em ambos os casos os clínicos solicitaram um diagnóstico presuntivo pelo método de Gram,
e você tem a tarefa de assessorar aos solicitantes sobre a utilidade do relatório de Gram para
cada uma das amostras recebidas.
Em qual das amostras o resultado de Gram seria mais útil para a conduta clínica?
Actividades que devem ser desenvolvidas pelos grupos
Actividade 1: Com o caso, faz uma reflexão sobre os: (1) a aplicação do método de Gram
considerando o tipo e a origem da amostra biológica; (2) utilidade clínica do resultado de
Gram.
Actividade 2: Elabora uma listagem de argumentos técnicos para a decisão tomada sobre a
utilidade do resultado de Gram para a conduta clínica.
Actividades a serem desenvolvidas pelos estudantes
- Identifica os elementos do caso;
- Pesquisa e analisa informação relevante;
- Faz levantamento de todos os critérios da aplicabilidade da coloração de Gram;
- Elabora uma listagem de argumentos técnicos para a solicitação do Gram;
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
Bibliografia
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York.
2. Henry’s clinical diagnosis and management by laboratory methods.—22nd ed. /
[edited by] Richard A. McPherson, Matthew R. Pincus (2011). Elsevier.
3. Jawetz, E., J. L. Melink, A. E. Adelberg, G. F. Brooks, J. S. Butel e A. S. Morse
(2000). Microbiologia Médica. 21ª edição, 518pp. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.
4. Lima, A. O., J. B. Soares, J. B. Greco, J. Galizzi e J. R. Cançado (1992). Métodos de
Laboratório Aplicados à Clínica: Técnica e Interpretação. 7ª edição. Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan.
5. Marshall, Jacquelyn R. (1995). Microbiologia: Manual de Laboratório Clínico.
161pp. São Paulo, Livraria Santos.
6. Murray, P. R., K. S. Rosenthal, G. S. Kobayashi e M. A. Pfaller (2004).
Microbiologia Médica. 4ª edição, 762pp. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.
7. Ravel, Richard (1997). Laboratório Clínico: Aplicações Clínicas dos Dados
Laboratoriais. 6ª edição, 616pp. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.
8. Walters, N. J., B. H. Estridge e A. P. R. Reynolds (1997). Laboratório Clínico:
Técnicas Básicas. 3ª edição, 482pp. Porto Alegre, ARTMED.
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
9. WHO (2003). Manual of Basic Techniques for a Health Laboratory. Second edition.
Geneva.
10. Winn, W. C., & Koneman, E. W. (2006). Koneman's color atlas and textbook of
diagnostic microbiology. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.
SITES CONSULTADOS
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UNIDADE DIDÁCTICA 5
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ÍNDICE
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OBJECTIVO GERAL
Garantir a qualidade dos resultados de exames microbiológicos realizados para obter
resultados fiáveis e precisos que auxiliem no diagnóstico, tratamento e seguimento do doente,
segundo as normas estabelecidas e/ou POPs.
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INTRODUÇÃO
1. GARANTIA DE QUALIDADE
2. CONTROLO DE QUALIDADE
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para garantir o produto final válido e confiável. Todos os materiais, reagentes, equipamentos
e procedimentos devem ser adequadamente controlados.
DEFINIÇÃO Componente da garantia de qualidade que se centra primariamente no
controlo de erros do desempenho das técnicas de diagnóstico, e verificação
dos resultados. O CQ deve ser prático, viável e acessível (WHO, 1994).
A qualidade não deve se restrinigr aos procedimentos analíticos, mas relacionada com todas
as fases do processo total de testagem no laboratório. Assim, a qualidade é garantida através
da detecção, registo e prevenção de erros nas três fases (pré-analítica, analítica e pós-
analítica). Em todas as fases, um dos procedimentos mais importantes para as actividades
rotineiras dum laboratório de microbiologia é um manual actualizado de procedimentos ou
procedimento operacional padrão (POP). A Tabela 1 resume os principais elementos de
qualidade em laboratórios de Microbiologia.
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laboratório deve ter procedimentos claros de aceitação e rejeição de amostras conforme o tipo
de exame solicitado.
EXEMPLO
As amostras não apropriadas para exames microbiológicos incluem:
Zaragatoa rectal seca, saliva, zaragatoa ocular seca, amostras derramadas.
Depois de validar a amostra para a submissão aos procedimentos laboratoriais, deve-se ter
atenção de priorizar as amostras associadas a exames de urgência (é reccomendado anotar na
requisição o comentário “exame urgente”).
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b) Reagentes e suplementos
Todos os reagentes e suplementos devem ser claramente identificados, incluindo as datas de
recepção e abertura, e armazenados conforme as recomendações do fabricante. O laboratório
deve ter um mecanismo de controlo regular (documentado) da qualidade dos reagentes.
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LEMBRA-TE
Todos os reagentes não devem ser usados depois do prazo de validade, ou
quando estes mostram sinais de deterioração (côr e turvação anormais).
c) Meios de cultura
Para os meios de cultura, o nível de controlo depende do tipo do meio. O laboratório de
microbiologia deve estabelecer um plano de controlo da qualidade dos meios de cultura,
incluindo registro de todos os resultados. Para todos os meios deve-se avaliar os seguintes
parâmetros: pH, Esterilidade, Suporte de crescimento e Reacções bioquímicas.
pH
- Verificar o pH do meio depois de arrefecer, e descartar se o pH estiver fora do
intervalo recomendado.
Esterilidade
- Incubar pelo menos 5% de placas e tubos preparados de cada lote por 24h a
37ºC para verificar a esterilidade do meio. Qualquer crescimento observado
anula a utilização do lote.
Suporte de crescimento
- Usar uma estirpe (estirpes de referência ou isolados da rotina) para analisar a
capacidade do meio suportar crescimento do patógeno desejado. Também
observar se a estirpe produz reacções bioquímicas esperadas no meio em
causa.
Reacções bioquímicas
- Usar uma estirpe positiva e uma negativa para verificar a capacidade do meio
diferenciar os organismos.
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d) Funcionários
O laboratório deve ter um programa de educação contínua
regular, funcional e efectivo. Todos os técnicos do
laboratório, com particular ênfase para os de bancada
devem ser encorajados e estimulados a participarem com
frequência em treinos, seminários e simpósios locais,
regionais e nacionais. Diariamente, antes da liberação dos
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RESUMO
A garantia de qualidade (GQ) é um processo imprescindível para os laboratórios de
Microbiologia e outros, pois permite a validação de todos os procedimentos rotineiros
levados a cabo neles, é importante que cada laboratório esteja munido de normas e
procedimentos que visem manter e melhorar a qualidade nas diferentes fases do processo de
testagem: pré-analítica, analítica e pós-analítica. Estas normas devem ser documentadas em
Procedimentos Operacionais Padrão, e disponibilizadas nas áreas de trabalho. Muitas vezes, a
garantia de qualidade é vista como um processo exclusivo da fase analítica deixando
esquecidas as outras duas fases. Procediementos de qualidade da fase pré-analítica incluem os
relacionados com a exitência de um manual de laboratório, as requisições de exames e a
colheita e transporte das amostras. Os da fase pós-analítica relacionam-se com o registro da
liberação dos resultados e do tempo de resposta. Na fase analítica os procedimentos de
qualidade focam-se no desempenho dos equipamentos e instrumentos, nos reagentes e
suplementos, na capacidade técnica e nos programas de controlo de qualidade (interno e
externo). Todos os elementos de qualidade visam garantir um bom desempenho do
laboratório, e validação dos relatórios por este emitido.
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ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM
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Critérios de avaliação
- No fim da sessão cada grupo apresenta os seus resultados, e entrega uma amostra da
folha de registo de temperaturas e uma listagem de procedimentos de análise e
comunicação de desvios;
- Cada grupo deve ser capaz de entregar uma amostra da folha de registo de
temperaturas (100% de cumprimento da tarefa);
- Cada grupo deve alistar elementos para avaliação da folha de registo da temperatura, e
para comunicação dos desvios.
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- Sala de aulas;
- Formato/esqueleto do POP;
- Referências bibliográficas
- Quadro/giz/canetas/Computador/projector
Critérios de avaliação
- No fim da sessão cada grupo apresenta os seus resultados, e entrega o POP
desenvolvido;
- Cada grupo deve ser capaz de indicar no documento todos os mecanismos de registro
e comunicação do relatório do laboratório, e como será calculado o tempo de resposta.
CASO PRÁTICO
Caso prático
Título
Avaliação da qualidade meios de cultura em Microbiologia
Descrição
O seu laboratório recebeu dois lotes com meios de cultura produzidos por um fabricante
externo. O primeiro lote composto por 100 placas de agar sangue, e o segundo lote de meios
da série curta de identificação bioquímica de bacilos Gram negativos (KIA, Citrato, SIM, e
Urea). Quando os lotes foram abertos, você verificou que apesar dos meios estarem
identificados, estes não continham informação sobre a data de fabrico, e outros detalhes
sobre o controlo de qualidade.
O que faria com os lotes recebidos? (a) verificar a funcionalidade e usar; (b) solicitar
informações adicionais para melhor decidir; (c) descartar os lotes.
Actividades que devem ser desenvolvidas pelos grupos
Actividade 1: faça uma reflexão sobre: (1) procedimentos de aquisição de meios fabricados
por fornecedores externos; (2) avaliação da qualidade de meios de cultura preparados
internamente e externamente.
Actividade 2: Elabora um plano de aquisição e avaliação da qualidade dos meios de cultura
adquiridos de fabricantes externos.
Actividades a serem desenvolvidas pelos alunos
- Identifica os elementos do caso;
- Pesquisa e analisa informação relevante;
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GLOSSÁRIO
A
Aeróbio: Na presença de oxigénio.
Aerossóis: Partículas de materiais potencialmente infecciosos
Agar: Extracto de alga marinha que se torna líquido quando aquecido e sólido quando
arrefecido.
Anaeróbio: Na ausência de oxigénio.
Amostra biológica: Porção de um produto patológico na qual se pretende investigar a
presença ou ausência de microrganismos.
B
Bacteriemia: Circulação de bactérias na corrente sanguínea.
Bronquiolite: Inflamação dos bronquíolos (uma das regiões mais profundas das vias
aéreas dos pulmões).
Bronquite: Inflamação dos brônquios.
C
Cervicite: Inflamação do colo do útero resultante da infecção por uma variedade de
microrganismos.
Cistite: Inflamação da bexiga, frequentemente causada por infecção bacteriana.
Colónia: Grupo de bactérias que resulta do crescimento em um meio de cultura.
Controlo de Qualidade: Componente da garantia de qualidade que se centra
primariamente no controlo de erros do desempenho das técnicas de diagnóstico, e
verificação dos resultados.
Coprocultura: Exame de cultura de fezes.
D
Desinfecção: Redução da carga microbiana.
E
Esterlização: É um processo que visa eliminar todos os microrganismos (incluindo
esporos) presentes num material ou numa superfície.
F
Faringite: Inflamação da faringe.
Flora microbiana normal: Conjunto de microrganismos que se localizam em
diferentes regiões do corpo humano.
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
H
Hemocultura: Exame para detectar a presença de bactérias ou fungos no sangue
empregando meios de cultura.
I
Infecção sistémica: Infecção de diferentes órgãos/sistemas como resultado da
disseminação dos microrganismos através da corrente sanguínea.
Inoculação: Introdução de microrganismos em um meio para posterior identificação.
In-vitro: Nas condições de laboratório.
M
Meios de cultura: Substâncias usadas para cultivar microrganismos no laboratório.
Meningites: Inflamação (inchaço) das membranas que protegem a medula espinhal e
o cérebro.
P
Pneumonia: Inflamação de porções distais do pulmão, comprometendo alvéolos.
T
Taxonomia: Ramo da Biologia que se ocupa na definição de grupos de organismos
biológicos tendo como base as características comuns.
U
Uretrite: Inflamação da uretra (canal que transporta a urina da bexiga para fora do
corpo).
Urocultura: Exame de cultura de urina.
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
Questionário da UD1
Questionário da UD2
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
a. A conservação.
b. O tempo máximo entre a colheita e a entrada no laboratório.
6. As amostras biológicas são recolhidas de regiões estéreis ou não estéreis, podendo ou
não passar por canais contaminados por membros da flora normal. Como é que essa
informação pode ser útil para o diagnóstico laboratorial?
7. Porque é que a amostra de LCR deve ser processada imediatamente?
8. Qual é a importância de descontaminar a pele para proceder a colheita das amostras?
9. Como é que os meios de cultura são classificados?
10. Qual é o intervalo de pH para a maioria dos meios de cultura bacteriana?
Questionário da UD3
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Módulo Vocacional 5: Exames Microbiológicos
Questionário da UD4
1. Para a realização de hemoculturas, quantos frascos são necessários por cada paciente?
2. Descreva os procedimentos do processamento de hemoculturas depois da indicação de
positividade da amostra.
3. Quando é indicado proceder o exame de tinta de china para as amostras de líquido
cefalorraquidiano?
4. Na cultura de LCR, que tratamento devem ser dadas as placas de agar chocolate e agar
MacConkey caso sejam negativas depois de 24 horas de incubação? Argumenta a sua
decisão.
5. Qual é o objectivo da cultura de amostras de secreções da orofaringe?
6. Que cuidados devem ser tomados na cultura de expectoração para o diagnóstico da
pneumonia?
7. Qual é a importância do exame citoquímico da urina? Descreva os parâmetros
analisados nesse exame.
8. Uma bactéria isolada da amostra de uma paciente com suspeita de infecção urinária
foi testada para cinco antibióticos de forma a determinar o perfil de sensibilidade aos
antibióticos. Os resultados estão apresentados na tabela abaixo. Como profissional de
laboratório, que medidas tomaria?
R = Resistente.
9. Uma amostra de secreção vaginal, de uma paciente com suspeita de vaginose
bacteriana deu entrada em seu laboratório. Segundo o protocolo do seu sector, deve
usar os critérios de Nugent para estabelecer o diagnóstico final. Foi preparado um
esfregaço e corado pelo método de Gram. O resultado está resumido na tabela abaixo.
Lactobacillus Gardnerella Mobilluncus
Campo 1 1 30 25
Campo 2 2 35 20
Campo 3 3 35 30
Campo 4 1 35 35
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Campo 5 3 40 25
Campo 6 4 50 20
Campo 7 1 60 20
Campo 8 1 80 30
Campo 9 0 90 25
Campo 10 1 50 35
a) Usando os critérios de Nugent que resultado enviaria para o paciente?
10. Defina coprocultura, e descreva os procedimentos desta técnica.
Questionário da UD5
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Esta publicação foi financiada pelo Centro Internacional para Educação e Formação em HIV/SIDA
(IAETC), com financiamento do acordo de Cooperação U91HA06801 do Departamento de Saúde e
Serviços Humanos (HHS) dos EUA, a Administração dos Recursos e Serviços de Saúde (HRSA),
no âmbito do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da SIDA (PEPFAR). O
seu conteúdo e as suas conclusões são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não devem
ser interpretados como posicionamento ou politicas oficiais, assim como não se deve inferir
nenhum endossamento à HRSA, HHS ou ao Governo dos EUA.