Você está na página 1de 205

República de Moçambique

MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios


de Laboratório

Módulo Vocacional 2:
BANCO DE SANGUE

Moçambique
________________
2017
NOTA INTRODUTÓRIA

O presente manual faz parte do currículo de formação inicial do curso de Técnico Médio de
Laboratório (TML) baseado em competências, o qual consiste em 4 semestres lectivos, sendo
os três primeiros de carácter teórico-prático em sala de aula e laboratórios humanístico e
multidisciplinar, com uma componente de estágios parciais, sendo o último referente ao estágio
integral.

A elaboração dos módulos vocacionais é fruto da colaboração entre Ministério da Saúde


(MISAU), International Training and Educational Center for Health (I-TECH), American
Society for Clinical Pathology (ASCP) e o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças em
Moçambique (CDC), no âmbito do Programa de Emergência do Presidente dos EUA Para o
Alívio ao SIDA (PEPFAR).

O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representa
necessariamente a opinião do CDC.

É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
FICHA TÉCNICA
Elaboração, distribuição e informações:
Ministério da Saúde (MISAU)
Direcção de Recursos Humanos (DRH)
Departamento de Formação
Repartição de Planificação e Desenvolvimento Curricular (RPDC)
Av. Eduardo Mondlane, 1008, 4º andar
Maputo, Moçambique

Coordenação:
Joaquim Wate (I-TECH)
Gerito Augusto (I-TECH)
Florindo Mudender (I-TECH)
Ermelinda Notiço (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Suraia Nanlá (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Flávio Faife (CDC Moçambique)

Equipa técnica de elaboração:

Elaboração do Conteúdo Revisão Técnica Revisão Pedagógica e Linguística


Jorge Lúcio Luísa Pombuane Joaquim Wate
Luis Porto Gerito Augusto
Travis Price Florindo Mudender
Ivana Brubacker Flávio Faife
Adelina Maiela
Serene Myers

Formatação e Edição
Joaquim Wate
Serene Myers
Flávio Faife
Leonel Monteiro

©2017. Ministério da Saúde


_____________
1ª Edição – Ano 2017
LISTA DE ABREVIATURAS

AABB - Associação Americana dos Bancos de Sangue


Ac - Anticorpo
ACD - Ácido cítrico, citrato de sódio, dextrose
ADN - Ácido desoxirribonucleico
Ag - Antigénio
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CGQ - Sistema de Gestão de Qualidade
CH - Concentrado de hémacias
CP2D - Citrato, fosfato e dextrose-dextrose
CPD - Ácido cítrico, citrato de sódio, fosfato de sódio, dextrose
CPDA1 - Ácido cítrico, citrato de sódio, fosfato de sódio, dextrose e adenina
CQ - Controlo de qualidade
CRIO - Crioprecipitado
CRNS - Centro de Referência Nacional de Sangue
CTIRA - Centro de Tecnologias de Informação Renato Archer
dCH - Densidade de Concentrado de Hemácias
DHRN - Doença hemolítica do récem nascido
EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético em sal “di” ou tripotássico
ELISA - Enzyme-Linked Immuno Sorbent Assay
GQ - Garantia de qualidade
HBsAg - Antígeno de ʺsuperficíeʺde Hepatite B
HBV - Vírus da Hepatite B
HCV - Vírus da Hepatite C
HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana
Ig - Imunoglobulina
mb - Massa da bolsa sem anticoagulante
mbcH - Massa da bolsa com Concentrado de Hemácias
MISAU - Ministério de Saúde
OC - Graus Célsius
OMS - Organização Mundial da Saúde
PAI - Pesquisa de anticorpos irregulares
PC - Prova de compatibilidade
PCR - Reacção em cadeia de polimerase
PFC - Plasma fresco congelado
PNTS - Programa Nacional de Transfusão de Sangue
POPs - Procedimentos Operacionais padrão
PPP - Plasma Pobre em Plaquetas
PRP - Plasma Rico em Plaquetas
Rh - Rhesus
RSGQ - Requisitos para Sistema de Gestão de Qualidade
SENASA - Serviço Nacional de Sangue
ST - Sangue Total
TAD - Teste de antiglobulina directo
PREFÁCIO

Exmos Senhores Estudantes e Professores do Curso de Técnicos Médios de Laboratório

O Ministério da Saúde (MISAU) através da Direcção de Recursos Humanos – Departamento


de Formação na sua missão de formar e desenvolver profissionais de saúde cada vez mais
competentes, tem vindo a implementar reformas curriculares no âmbito da formação baseada
em competências, de modo a trazer ao Serviço Nacional de Saúde, profissionais com
conhecimentos, habilidades e atitudes para responder pontualmente às necessidades dos
pacientes.

O presente módulo vocacional apresenta conteúdos, actividades de ensino, casos práticos e


projectos que permitirão que o futuro Técnico Médio de Laboratório adquira competências
básicas para o auxílio ao diagnóstico clínico ao nível das Unidades Sanitárias do Serviço
Nacional de Saúde, bem como vigilância epidemiológica, pesquisa clínica e ensino.

Este módulo é um recurso de apoio aos Professores, na planificação e implementação das aulas
que se destinam à formação de Técnicos Médios de Laboratório e visa desenvolver nestes
futuros profissionais de saúde, conhecimentos, habilidades e atitudes com relação as práticas de
prestação de cuidados de saúde com elevada qualidade e em conformidade com o perfil
profissional estabelecido. Por outro lado, o módulo é resultado da revisão do currículo de
técnicos médios de laboratório para a nova abordagem baseada em competências.

Para o estudante, o módulo servirá de um guião de estudo e de consulta para aquisição de


conhecimentos, atitudes e habilidades técnicas que lhe permitirão prestar um atendimento de
qualidade e humanizado aos pacientes, respeitando os princípios éticos e deontológicos da
profissão e consequentemente, melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados em
Moçambique.

Esperamos, por um lado, que este módulo constitua um verdadeiro suporte para o
desenvolvimento e alcance dos objectivos das diferentes temáticas de formação dos
profissionais de laboratório e por outro, como uma base sólida onde o Professor possa buscar o
fortalecimento de conhecimentos, garantia de uma dinâmica uniformizada tanto na mediação
como na assimilação das matérias de ensino.

O módulo apresenta uma linguagem simples, acessível e clara de modo que permita a fácil
compreensão dos estudantes das Instituições de Formação de Saúde a nível nacional.

Maputo, 20 de Março de 2017


ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO AO MANUAL DE ENSINO ___________________________________ 1


Sub-módulo 1: Formação de recursos humanos em saúde __________________________ 4
Sub-módulo 2: Metodologia de investigação aplicada em saúde _____________________ 4
2. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO ___________________________________________ 5
3. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO ___________________________________ 5
3.1. Unidade de Competência de referência _____________________________________ 5
3.2. Módulo Vocacional de referência__________________________________________ 7
4. UNIDADES DIDÁCTICAS ________________________________________________ 11
4.1. Critério de Organização das Unidades Didácticas ____________________________ 11
4.2. Sequência e Temporalização das Unidades Didácticas ________________________ 11
UNIDADE DIDÁCTICA 1 ___________________________________________________ 12
UNIDADE DIDÁCTICA 2 ___________________________________________________ 52
UNIDADE DIDÁCTICA 3 ___________________________________________________ 77
UNIDADE DIDÁCTICA 4 __________________________________________________ 108
UNIDADE DIDÁCTICA 5 __________________________________________________ 145
UNIDADE DIDÁCTICA 6 __________________________________________________ 165
GLOSSÁRIO ____________________________________________________________ 189
QUESTIONÁRIO FINAL DE AUTO AVALIAÇÃO DO MÓDULO _________________ 193
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

1. INTRODUÇÃO AO MANUAL DE ENSINO

O presente manual corresponde à um dos módulos do programa formativo do TÉCNICO


MÉDIO DE LABORATÓRIO, desenhado com base em competências profissionais. A
competência é um conceito amplo que incorpora a capacidade de transferir habilidades e
conhecimentos para novas situações, dentro de uma determinada área ocupacional. Inclui a
organização e planificação do trabalho e a inovação e capacidade de lidar com actividades não
rotineiras. abrange, também, as qualidades de eficácia pessoal que são exigidas no âmbito do
trabalho, para lidar com os colegas e com os possíveis alunos.
Assim sendo, ser competente é saber agir e reagir em contextos diversificados, ser capaz de
solicitar e combinar os recursos necessários e pertinentes para o cumprimento de uma
determinada tarefa, de compreendê-la e de ter êxito no momento de executá-la.
Uma Qualificação Profissional é uma comprovação de competências para desempenhar uma
ocupação a um determinado nível. O cenário de abordagem por competências tem elementos
inovadores no âmbito profissional e laboral, tais como:
- Mudanças estruturais no mundo do trabalho.
- Mudanças de ordem sócio-económica que vão condicionar o surgimento de “actividades
novas" que antes não existiam no mundo laboral.
- Tecnologias que criam ou modificam ocupações.
- Mudanças nas tendências demográficas. aumento do nível de escolaridade. novas
regulamentações laborais, entre outros. Criando-se assim novas ou mais exigências.
- Necessidade/interesse em realizar actividades com determinado padrão de qualidade.
Aplicar esta metodologia de definição do Perfil Profissional de um técnico que irá garantir um
óptimo e correcto desempenho de todas as exigências laborais e técnicas correspondentes à
uma ocupação é um processo directamente associado ao desenho da formação apropriada do
mesmo para responder a essas exigências de desempenho.
 Um Perfil Profissional assim definido é caracterizado por um conjunto de funções
designadas de Unidades de Competência.
 A Unidade de Competência (UC) é um grupo de funções produtivas, identificadas no
campo de trabalho, que expressam um determinado resultado significativo da actividade
técnico-laboral e tem um reconhecimento e um significado no sistema de emprego
organizado e estabelecido dentro de um determinado sector. Cada UC estabelece o
resultado a ser alcançado numa determinada actividade e evidencia a capacidade do
profissional em obtê-lo ou de atingi-lo. Cada UC detalha, também, a qualidade da

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 1
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

evidência requerida nesse resultado, expressando aquilo que é considerado um bom


desempenho profissional.
Cada Unidade de Competência (UC) é constituída por:
 Elementos de Competência (EC): descrevem uma acção ou comportamento que alguém
deve ser capaz de realizar e demonstrar numa situação de trabalho e num determinado
campo ocupacional.
 Critérios de Desempenho (CD): definem os níveis de competência que permitem julgar
as actividades de trabalho realizado pela pessoa. Portanto, expressam o nível aceitável de
realização profissional para cada Elemento de Competência que responda aos objectivos
das organizações e forneça orientações para a avaliação da competência profissional.
 Contexto de aplicação da UC: descreve os meios de produção, os produtos e os
resultados do trabalho, a informação utilizada ou gerada e os itens de natureza semelhantes
e considerados necessários para o desempenho profissional. O contexto de aplicação
fornece o significado contextual dos elementos de competência. Isto é, esclarece o
ambiente e as condições actuais e previsíveis em que serão aplicados os elementos de
competência que compõem a unidade de competência.
No âmbito de desenvolvimento desta metodologia foi definida a qualificação do Técnico
Médio de Laboratório. Na qual foram identificadas e definidas 11 Unidades de Competências
Vocacionais:
UC1: Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no laboratório clínico

UC2: Obter sangue seguro e seus componentes para uso hospitalar

UC3: Realizar análises hematológicas de amostras biológicas humanas para fins de


diagnóstico e de seguimento de tratamento
UC4: Realizar exames de bioquímica para auxiliar o prognóstico e diagnósticos clínicos, bem
como, no seguimento do tratamento
UC5: Realizar testes laboratoriais microbiológicos para auxiliar no diagnóstico clínico e
seguimento de tratamento das infecções
UC6: Processar o material biológico para observação e emissão do resultado histocitológico
que auxilie o diagnóstico clínico
UC7: Realizar testes imunológicos e moleculares para auxiliar no diagnóstico, tratamento e
monitoria clínica das enfermidades
UC8: Processar amostras biológicas para a pesquisa de parasitas e/ou materiais associados, no
sangue, no tracto gastrointestinal e urinário para auxiliar no diagnóstico clínico e
monitoria de tratamento de infecções
UC9: Gerir recursos humanos, aprovisionamento, qualidade, segurança, e actividades
administrativas do laboratório
UC10: Atender o utente, realizar actividades administrativas e manter as comunicações nos
serviços de saúde

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 2
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

UC11: Participar na formação de novos profissionais de saúde e na formação contínua de


funcionários, assim como, em actividades de investigação que assegurem a eficácia dos
serviços
A partir do Perfil Profissional desenhado é definido o Programa Formativo, com um formato
modular. Cada Unidade de Competência do perfil profissional corresponde à um módulo
formativo.
Cada um dos Módulos Formativos constitui um bloco coerente de formação associado a cada
uma das Unidades de Competência, cujo objectivo é a aquisição de competência profissional.
Para cada um destes Módulos são definidos os seguintes aspectos:
- Resultados de Aprendizagem: são os resultados esperados por parte do aluno no final
da Disciplina. e através dos quais, visa-se verificar se o aluno alcançou a competência
profissional especificada na UC.
- Critérios de Avaliação: é um conjunto de parâmetros definidos para cada resultado de
aprendizagem que indica- o grau de concretização.
- Conteúdos para cada um dos resultados de aprendizagem.
- Requisitos de Instrução: Infra-estrutura, equipamentos e perfil do professor/formador.
- Notas de Suporte: Contexto da Disciplina/formas de instrução, abordagem da
avaliação.
- Referências Bibliográficas.
A partir das 11 Unidades de Competência Vocacionais que constituem o Perfil Profissional, o
Programa Formativo do Técnico Médio de Laboratório contém os seguintes Módulos
Formativos (MF) e Sub-módulos (SM):
Módulos formativos Sub-módulos

MV1: Procedimentos Pré-pós analíticos

MV2: Banco de sangue


MV3: Exames Hematológicos
MV4: Exames Bioquímicos
MV5: Exames Microbiológicos
MV6: Exames Histocitológicos
MV7: Exames Imunológicos e
Moleculares
MV8: Exames Parasitológicos
MV9: Gestão de Recursos e Qualidade
Laboratorial
Sub-módulo 1: Atendimento ao utente,
MV10: Documentação, comunicação,
humanização e deontologia profissional
atendimento ao utente e humanização
Sub-módulo 2: Gestão da documentação e
dos serviços de saúde
comunicação derivada da actividade dos serviços de

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 3
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

saúde
Sub-módulo 1: Formação de recursos humanos em
MV11: Formação e Investigação em
saúde
Saúde
Sub-módulo 2: Metodologia de investigação
aplicada em saúde
Estágio Parcial
Estágio Rural e Integrado
O presente manual desenvolve o módulo nº 2, intitulado Banco de Sangue.

Para facilitar a leitura, este manual encontra-se dividido em partes apresentadas no sumário:
 Dados básicos do módulo/submódulo.
 Referentes do manual de ensino: perfil profissional e módulo formativo.
 Unidades Didácticas:
- Conteúdo organizador.
- Sequência das Unidades Didácticas.
- Desenvolvimento das Unidades Didácticas: a denominação, o objetivo geral, a
introdução da unidade, os conteúdos, o desenvolvimento dos conteúdos, as
actividades de ensino-aprendizagem e o caso práctico/projeto.
- As Actividades de Ensino-Aprendizagem que se apresentam têm como seguintes
objectivos:
- Facilitar aos alunos a aprendizagem significativa.
- Conseguir a implicação dos alunos.
- Despertar neles a intencionalidade.
- Integrar os conteúdos concetuais, procedimentais e atitudinais.
- O Caso Práctico/Projeto: Integra os conteúdos da Unidade Didáctica completa
apoiados de informações e documentos similares aos reais. Todas as Unidades
Didácticas incluem a resolução de um projecto ou caso que parte de situações
concretas relacionadas com o desenvolvimento da actividade habitual, de maneira
que permita a transferência do conteúdo aprendido à outros contextos.
 Anexos: caso o manual necessite de algum dado, instrumento, enlaces web,
informação, entre outros, que seja apenas para consulta.
 Lista de abreviaturas e glossário: com a definição dos termos utilizados.
 Questionário final de Auto-avaliação do módulo/submódulo: serve para que o aluno
avalie os seus conhecimentos referentes ao módulo.
 Referências Bibliográficas: todos os materiais que foram consultados para a
elaboração do manual.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 4
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

2. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO

Denominação do módulo: Módulo vocacional 2 – Banco de Sangue


Unidade de Competência UC2: Obter sangue seguro e seus componentes para uso
correspondente: hospitalar
Nível do QNQP: Médio 5
Duração do módulo: 100 horas
Número de créditos: 10

3. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO

3.1. Unidade de Competência de referência

UC2: Obter sangue seguro e seus componentes para uso hospitalar

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


ECV2.1. Preparar os materiais, CD2.1.1. Identifica e organiza o material e reagentes necessários
reagentes, equipamentos para o seu uso
e amostras em função CD2.1.2. Desinfecta e arruma a bancada de trabalho para
das técnicas a serem assegurar a sua assepsia
implementadas para a CD2.1.3. Prepara materiais e reagentes necessários para a
garantia da qualidade selecção de dadores e colheita de sangue
dos resultados CD2.1.4. Selecciona e liga o equipamento a ser utilizado.
CD2.2.1. Identifica os locais com candidatos de baixo risco a
dadores de sangue para a colheita
ECV2.2. Mobilizar e sensibilizar CD2.2.2. Realiza palestras de sensibilização para ter maior
dadores de sangue número de candidatos a dadores sangue
elegíveis de acordo com CD2.2.3. Calendariza a colheita de sangue em brigadas móveis e
as normas em vigor para postos fixos segundo os locais identificados
a colheita de sangue CD2.2.4. Organiza arquivos de fichas de dadores de sangue
segundo painéis previamente definidos para facilitar
sua localização, caso seja necessário.
CD2.3.1. Regista os candidatos a dadores de sangue em fichas
padronizadas previamente elaboradas
CD2.3.2. Fornece a informação ao candidato de forma a obter o
ECV2.3. Seleccionar os dadores consentimento esclarecido do dador de sangue
de sangue de acordo CD2.3.3. Decide sobre aptidão ou inaptidão do candidato em
com os critérios de função da avaliação clinica (peso, tensão arterial,
elegibilidade para hemoglobina e outros dados) e das respostas ao
obtenção de sangue inquérito
seguro CD2.3.4. Refere os candidatos inaptos para as consultas após
esclarecimento sobre a sua condição de saúde
CD2.3.5. Orienta os candidatos sobre os procedimentos prévios
a doação de sangue.
ECV2.4. Colher sangue de CD2.4.1. Confere os dados do formulário do dador
acordo com as normas CD2.4.2. Identifica as bolsas e os tubos para a colheita de
estabelecidas e/ou POPs sangue e amostras

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 5
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


para o seu CD2.4.3. Preenche os formulários e o livro de registo das
processamento doações de sangue de acordo com os procedimentos
laboratorial e posterior estabelecidos
envio para uso CD2.4.4. Orienta ao dador sobre os procedimentos posteriores a
hospitalar doação de sangue
CD2.4.5. Realiza a colheita de sangue
CD2.4.6. Encaminha o sangue, as amostras e os respectivos
formulários para o laboratório respeitando as
condições de conservação e transporte de sangue.
CD2.5.1. Verifica os dados de identificação das bolsas de sangue
CD2.5.2. Preenche com clareza os dados do dador e imuno-
ECV2.5. Produzir componentes e hematológicos
derivados de sangue de CD2.5.3. Pesa e centrifuga as bolsas previamente separadas
acordo com as normas respeitando as especificidades da produção de cada
estabelecidas e/ou POPs tipo de componente
para uso hospitalar CD2.5.4. Pesa e regista os componentes produzidos nos suportes
estabelecidos
CD2.5.5. Armazena os componentes de acordo com as
condições correspondentes de conservação depois de
reverificar a identificação das bolsas.
CD2.6.1. Prepara suspensões de eritrócitos A, B e O para uso na
determinação de isoaglutininas
CD2.6.2. Verifica a correspondência de dados e critérios de
ECV2.6. Executar análises
aceitabilidade entre a requisição do doente e a
imuno-hematológicas do
respectivas amostra
sangue de acordo com
CD2.6.3. Determina e confirma os grupos sanguíneos para os
as normas estabelecidas
Sistemas ABO e Rhesus de acordo com os POPs
e/ ou POPs com vista a
CD2.6.4. Regista os grupos sanguíneos confirmados nas bolsas e
prevenir
nos respectivos formulários
incompatibilidades
CD2.6.5. Executa as provas de compatibilidade de sangue
CD2.6.6. Realiza teste de Coombs directo e indirecto para
auxiliar o diagnóstico clínico.
CD2.7.1. Verifica a correspondência de dados entre o formulário
do dador e a respectiva amostra
CD2.7.2. Realiza o teste rápido do HIV1&2, HBsAg e HCV
ECV2.7. Executar análises
CD2.7.3. Realiza o teste RPR para o despiste de sífilis
serológicas para o
CD2.7.4. Confronta os resultados das análises com os dados dos
despiste de infecções
registos nas bolsas
transmissíveis pelo
CD2.7.5. Descarta os produtos sanguíneos contaminados e
sangue, de acordo com
regista de acordo com as normas estabelecidas e ou
normas estabelecidas
POPs
e/ou POPs
CD2.7.6. Disponibiliza os componentes de sangue validados
CD2.7.7. Realiza a rotação de componentes de sangue em
função da sua validade.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 6
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


CD2.8.1.Faz o controlo de qualidade interno das análises feitas
ECV2.8. Garantir a qualidade
para obter resultados fiáveis
dos componentes
CD2.8.2.Verifica a qualidade das análises realizadas e os
sanguíneos produzidos
resultados obtidos
para obter produtos de
CD2.8.3.Realiza os exames requeridos para obter produtos
sangue em
sanguíneos seguros
conformidade com os
CD2.8.4.Participa no controle de qualidade externa para a
padrões em vigor
confirmação da fiabilidade dos resultados.

3.2. Módulo Vocacional de referência

Módulo Vocacional 2: BANCO DE SANGUE


Resultados de aprendizagem Critérios de avaliação
CA 2.1.1. Identifica e organiza o material e reagentes
necessários para o seu uso
CA 2.1.2. Descreve as propriedades dos desinfectantes e
RA 2.1. Preparar os materiais,
antissépticos utilizados no laboratório
reagentes, equipamentos e
CA 2.1.3. Desinfecta e arruma a bancada de trabalho para
as amostras em função das
assegurar a sua assepsia
técnicas a serem
CA 2.1.4. Prepara materiais e reagentes necessários para as
implementadas para a
técnicas e analises a realizar
garantia da qualidade dos
CA 2.1.5. Selecciona e liga o equipamento a ser utilizado nas
resultados
técnicas analíticas
CA 2.1.6. Realiza a manutenção rotineira dos equipamentos
utilizados.
CA 2.2.1. Identifica os locais, factores e grupos de risco
relacionados aos dadores de sangue
CA 2.2.2. Reconhece os prazos para a doação de sangue e os
critérios de exclusão para possíveis dadores
RA 2.2.Analisar os processos de CA 2.2.3. Prepara as matérias e a mensagem a serem
mobilização e transmitidas em palestras de sensibilização de
sensibilização dos dadores candidatos a dadores sangue
de sangue de acordo com CA 2.2.4. Exemplifica o calendário para a colheita de sangue
as normas em vigor para a em brigadas móveis e postos fixos segundo os locais
colheita de sangue identificados
CA 2.2.5. Organiza arquivos de fichas de dadores de sangue
segundo painéis previamente definidos para facilitar
sua localização, caso seja necessário
CA 2.2.6. Reconhece os documentos utilizados para o registro
de dadores de sangue
CA 2.2.7. Realiza estimativas das necessidades de sangue para
diferentes Instituições de Saúde.
RA 2.3.Identificar os possíveis CA 2.3.1. Descreve os tipos de dadores de sangue para posterior
dadores de sangue de identificação
acordo com os critérios de CA 2.3.2. Descreve os procedimentos prévios à doação de
elegibilidade para sangue
obtenção de sangue seguro CA 2.3.3. Reconhece os tipos de registros e formulários
utilizados para a seleção de dadores de sangue
CA 2.3.4. Demonstra a técnicas de registro dos candidatos a

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 7
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

dadores de sangue em fichas padronizadas


previamente elaboradas
CA 2.3.5. Descreve a informação que deve ser facultada ao
candidato pré e pós-doação de sangue
CA 2.3.6. Reconhece os formulários de consentimento
esclarecido do dador de sangue
CA 2.3.7. Identifica os factores de risco para transfusão de
sangue de modo a evitar a colheita de sangue em
dadores inaptos
CA 2.3.8. Descreve os critérios para decidir sobre a aptidão ou
inaptidão do candidato em função da avaliação clínica
(peso, tensão arterial, hemoglobina e outros dados) e
das respostas ao inquérito
CA 2.3.9. Descreve os procedimentos para referir candidatos
inaptos para as consultas após esclarecimento sobre a
sua condição de saúde
CA 2.3.10.Explica os procedimentos de orientação prévios à
doação de sangue.
CA 2.4.1. Utiliza Sistema de informação em vigor para conferir
os dados dos formulários dos dadores
CA 2.4.2. Identifica diferentes tipos de sacos de colheita, tubos
e outros materiais para a colheita de sangue e
amostras.
CA 2.4.3. Descreve os tipos de anticoagulantes e seus
mecanismos de acção, utilizados no banco de sangue
e hemoterapia
CA 2.4.4. Reconhece os prazos de validade de sangue para
RA 2.4.Aplicar técnicas de eliminar as amostras não válidas
colheita de sangue de CA 2.4.5. Analisa os formulários e livros utilizados no registro
acordo com as normas de banco de sangue
estabelecidas e/ou POPs CA 2.4.6. Preenche os formulários e o livro de registo das
doações de sangue de acordo com os procedimentos
estabelecidos.
CA 2.4.7. Explica os procedimentos posteriores a doação de
sangue
CA 2.4.8. Aplica técnicas de venopunção de sangue de acordo
com os protocolos estabelecidos
CA 2.4.9. Explica as reações adversas à doação de sangue
CA 2.4.10.Explica as técnicas de envio de sangue, das amostras
e dos respectivos formulários para o laboratório
respeitando as condições de conservação e transporte
de sangue
CA 2.4.11.Aplica as técnicas de acordo com os protocolos de
higiene, biossegurança e prevenção de riscos.
CA 2.5.1. Descreve os conceitos e tipos de componentes,
RA 2.5.Obter e armazenar
derivados e produto de sangue
componentes e derivados
CA 2.5.2. Preenche com clareza os dados do dador e imuno-
de sangue de acordo com
hematológicos
as normas estabelecidas
CA 2.5.3. Explica o princípio de centrifugação para aplicação
e/ou POPs para uso
adequada na producção de componentes
hospitalar
CA 2.5.4. Identifica as velocidades, acelerações, temperatura e o

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 8
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

tempo de centrifugação para cada componente a


produzir
CA 2.5.5. Pesa e centrifuga as bolsas previamente separadas
respeitando as especificidades da produção de cada
tipo de componente
CA 2.5.6. Pesa e regista os componentes produzidos nos
suportes estabelecidos
CA 2.5.7. Descreve os critérios de diferenciação dos
componentes válidos dos inválidos
CA 2.5.8. Explica as técnicas de conservação e armazenamento
aplicáveis aos diferentes componentes de sangue
CA 2.5.9. Armazena os componentes segundo as condições
correspondentes de conservação depois de reverificar
a identificação das bolsas
CA 2.5.10.Explica os procedimentos de validação dos
componentes produzidos de acordo com os
procedimentos estabelecidos
CA 2.5.11.Reconhece o sistema de gestão de reservas de sangue
e seus componentes
CA 2.5.12.Aplica as técnicas de acordo com os protocolos de
higiene, biossegurança e prevenção de riscos
CA 2.6.1. Define os conceitos relacionados com as técnicas
imuno-hemáticas: antígeno e anticorpo, complemento,
hemólise, sensibilização de eritrócitos, realço
antígeno- anticorpo, etc.
CA 2.6.2. Descreve a substância de base do sistema ABO, os
antigénios e os anticorpos do sistema ABO
CA 2.6.3. Verifica a correspondência de dados e critérios de
aceitabilidade entre a requisição do doente e a
respectiva amostra
CA 2.6.4. Explica os fundamentos teóricos e prácticos das
técnicas imuno-hemáticas
RA 2.6. Aplicar técnicas imuno- CA 2.6.5. Prepara suspensões de eritrócitos A, B e O para uso
hemáticas do sangue de na determinação de isoaglutininas
acordo com as normas CA 2.6.6. Determina e confirma os grupos sanguíneos para os
estabelecidas e/ ou POPs Sistemas ABO e Rhesus de acordo com os POPS
com vista a prevenir CA 2.6.7. Aplica técnicas de determinação das aglutininas
incompatibilidades. CA 2.6.8. Preenche formulários para o registro dos grupos
sanguíneos
CA 2.6.9. Descreve os processos envolvidos nas provas de
compatibilidade para prevenir reações transfusionais
CA 2.6.10.Aplica as técnicas de compatibilidade de sangue
CA 2.6.11.Realiza a técnicas de preparação do pool de eritrócitos
e os testes de Coombs directo e indirecto para auxiliar
o diagnóstico clínico
CA 2.6.12.Descreve os erros mais importantes que podem
ocorrer na determinação das provas no banco de
sangue e hemoterapia.
CA 2.6.13.Valida todos os resultados obtidos de acordo com os
parâmetros estabelecidos
CA 2.6.14.Aplica as técnicas de acordo com os protocolos de

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 9
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

higiene, biossegurança e prevenção de riscos.

CA 2.7.1. Explica as doenças transmissíveis pelo sangue para


sua posterior identificação
CA 2.7.2. Analisa os princípios das técnicas serológicas para o
despiste de infecções transmissíveis
CA 2.7.3. Descreve o princípio de teste rápido para uma melhor
uso e interpretação dos resultados
CA 2.7.4. Reconhece a epidemiologia das principais
RA 2.7.Executar análises enfermidades transmissíveis pelo sangue
serológicas para o despiste CA 2.7.5. Realiza o teste rápido do HIV1&2, HBsAg e HCV
de infecções transmissíveis CA 2.7.6. Realiza o teste RPR para o despiste de sífilis
pelo sangue, de acordo CA 2.7.7. Confronta os resultados das análises com os dados
com as normas dos registos nas bolsas
estabelecidas e/ou POPs. CA 2.7.8. Descreve os critérios para o descarte dos produtos
sanguíneos contaminados
CA 2.7.9. Preenche os registros de acordo com as normas
estabelecidas e ou POP
CA 2.7.10.Reconhece os princípios de rotação de componentes
de sangue em função da sua validade
CA 2.7.11.Aplica as técnicas de acordo com os protocolos de
higiene, biossegurança e prevenção de riscos.
CA 2.8.1. Descreve o sistema e os processos de controlo de
qualidade e sua estrutura organizacional
CA 2.8.2. Identifica a estrutura organizacional
CA 2.8.3. Identifica as premissas requeridas para a garantia de
qualidade
CA 2.8.4. Analisa os processos e os procedimentos aplicáveis na
gestão de qualidade
RA 2.8.Analisar os processos de CA 2.8.5. Identifica produtos e materiais sem conformidade
controlo de qualidade no CA 2.8.6. Faz o controlo de qualidade interna das análises feitas
banco de sangue e para obter resultados fiáveis
hemoterapia, em CA 2.8.7. Verifica a qualidade das análises realizadas e os
conformidade com os resultados obtidos
padrões em vigor. CA 2.8.8. Descreve as técnicas utilizadas no controlo de
qualidade externa para a confirmação da fiabilidade
dos resultados
CA 2.8.9. Reconhece as técnicas para gerir os desperdícios e o
lixo produzido
CA 2.8.10.Explica os processos de melhoria contínua
CA 2.8.11.Identifica os princípios e regras éticos aplicáveis ao
sector de sangue

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 10
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

4. UNIDADES DIDÁCTICAS

4.1. Critério de Organização das Unidades Didácticas

Obter sangue seguro e seus componentes para uso hospitalar

4.2. Sequência e Temporalização das Unidades Didácticas

Unidades Didácticas Tempo (em horas)


UD1. Introdução ao banco de Sangue e Hemoterapia 15
UD2. Processo de identificação e selecção de dadores e doação de
20
sangue
UD3. Produção de hemocomponenetes 20
UD4. Análises imuno-hematológicas 20
UD5. Testagem serológica para doenças infecciosas 15
UD6. Processos de controlo de qualidade no banco de sangue e
10
hemoterapia

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 11
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

UNIDADE DIDÁCTICA 1

INTRODUÇÃO AO BANCO DE SANGUE E HEMOTERAPIA

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 12
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL _______________________________________________________ 15


Resultados de Aprendizagem da Unidade Didáctica ______________________________ 15
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 16
1. BANCO DE SANGUE E HEMOTERAPIA __________________________________ 17
1.1 Historial das transfusões de sangue _____________________________________ 18
1.2. Principais Conceitos Usados em Banco de Sangue _________________________ 19
2. EQUIPAMENTOS, MATERIAIS, CONSUMIVEIS E REAGENTES NECESSÁRIOS
PARA AS TÉCNICAS DO BANCO DE SANGUE ________________________________ 21
2.1 Equipamento _________________________________________________________ 21
2.2. Materiais __________________________________________________________ 26
2.3. Consumíveis _______________________________________________________ 27
2.4. Reagentes _________________________________________________________ 29
2.5. Preparação de Reagentes _____________________________________________ 29
2.6. Preparação de Suspensão _____________________________________________ 29
2.7. Preparação do pool da suspensão para o coombs indirecto ___________________ 30
2.8. Preparação de Coombs-Control ________________________________________ 30
2.9. Preparação de Solução de Sulfato de Cobre _______________________________ 31
3. MANUTENÇÃO ROTINEIRA DOS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ___________ 32
3.1. Manutenção diária __________________________________________________ 32
3.2. Manutenção Preventiva ______________________________________________ 33
3.3. Manutenção Correctiva_______________________________________________ 34
4. PROPRIEDADES DOS DESINFECTANTES E ANTI-SÉPTICOS UTILIZADOS NO
LABORATÓRIO ___________________________________________________________ 34
4.1. Métodos de desinfecção ______________________________________________ 35
4.2. Desinfecção por agentes físicos Calor ___________________________________ 35
4.3. Desinfecção Por Agentes Químicos _____________________________________ 37
4.4. Fenóis e derivados do alcatrão de hulha: _________________________________ 37
4.5. Factores que interferem na acção do desinfectante químico __________________ 38
4.6. Critérios para a escolha de um desinfectante ______________________________ 38
4.7. Desinfectante ideal __________________________________________________ 39
4.8. Princípios gerais para uso dos produtos químicos __________________________ 40
4.9. Tipos de desinfectante _______________________________________________ 40

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 13
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Desinfetante de alto nível_________________________________________________ 40


Desinfetante de nível intermediário _________________________________________ 41
Desinfetante de nível baixo _______________________________________________ 41
4.10. Propriedades e usos dos desinfectantes_________________________________ 41
5. HIGIENE E LIMPEZA DO EQUIPAMENTO ________________________________ 42
5.1. Procedimento para a limpeza __________________________________________ 42
6. SEGURANÇA DE SANGUE: BENEFÍCIO, RISCOS E CUSTOS ________________ 43
6.1. Benefício __________________________________________________________ 43
6.2. Riscos ____________________________________________________________ 44
6.3. Custos ____________________________________________________________ 44
7. ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANGUE ____________________________ 44
7.1. Os Serviços de Sangue Públicos ________________________________________ 44
7.2. Os Serviços de Sangue de Organizações Não Governamentais Sem Fins Lucrativos45
7.3. Os Serviços de Sangue Privados _______________________________________ 45
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD1 ________________________ 47
CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD1 ________________________________________ 49
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA_____________________________________________ 51

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 14
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

OBJECTIVO GERAL

Preparar os materiais, reagentes, equipamentos e as amostras em função das técnicas a serem


realizadas por forma a garantir a qualidade dos resultados.

Resultados de Aprendizagem da Unidade Didáctica

No fim desta Unidade o estudante deverá ser capaz de:


- Identificar e organizar o material e reagentes necessários para o seu uso.
- Descrever as propriedades dos desinfectantes e anti-sépticos utilizados no laboratório.
- Desinfectar e arrumar a bancada de trabalho para assegurar a sua assepsia.
- Preparar materiais e reagentes necessários para as técnicas e análises a realizar.
- Seleccionar e ligar o equipamento a ser utilizado nas técnicas analíticas.
- Realizar a manutenção rotineira dos equipamentos utilizados.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 15
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

INTRODUÇÃO

Os serviços de sangue são de extrema importância para a saúde de qualquer país, pois tem em
vista assegurar a obtenção de sangue de qualidade segura para uso hospitalar. O Banco de
Sangue e a Hemoterapia é uma área científica recente e em expansão. Nos últimos anos, este
sector ganhou dimensão multidisciplinar e multisectorial, sendo de interesse para a sociologia,
antropologia, enfermagem, laboratório, medicina e para a gestão (WEIR, 1998). Neste
contexto, incluiu-se o módulo de Banco de Sangue e Hemoterapia no curso de técnicos médios
de laboratório em conformidade com o preconizado no Plano Estratégico do Sector de Saúde
(PESS 2014-2019).

O módulo de Banco de Sangue e Hemoterapia subdivide-se em unidades temáticas, a saber:


Banco de Sangue e Hemoterapia. dadores e doação de sangue, hemocomponentes e
hemoderivados, testagem imuno-hematológico de sangue e testagem serológica de sangue.
Introduziu-se aspectos gerais sobre a utilização clínica de sangue na última unidade, isto
permite estabelecer uma ponte entre provas de compatibilidade que corre no Banco de Sangue
e os processos que ocorrem nas enfermarias, tais como: prescrição, colheitas de amostras de
pacientes, administração de sangue e seus produtos, bem como a hemovigilância. Os conteúdos
tratados em cada unidade didáctica estão indicados na introdução da unidade.

A condensação de alguns conteúdos pode aparentar a omissão de outros, mas o facto visa
essencialmente a limitação de algumas unidades didácticas e à forma de abordagem de certos
conteúdos. Sendo a gestão de qualidade aplicada aos serviços de sangue mandatoriamente, foi
abordada na primeira unidade didáctica, e de forma gradual foram incorporados os aspectos
particulares e específicos de gestão de qualidade nas unidades temáticas. Esta abordagem visa,
por um lado, facilitar a percepção de que a qualidade é parte integrante de qualquer processo
desenvolvido e não um assunto insolado, como também, incutir a cultura de qualidade que vai
sendo aprofundanda à medida que o aprendizado vai é desenvolvido. De igual modo, foram
incorporados gradualmente os aspectos específicos de biossegurança aplicada ao Banco de
Sangue, assim como, a preparação dos equipamentos, materiais e reagentes específicos.

Além da introdução, esta primeira unidade didática apresenta uma descrição geral dos serviços
de sangue, sub-unidade história das transfusões de sangue relata os principais marcos históricos
de transfusões de sangue com vista àfacilitação da assimilação de novos conhecimentos incutir
valores científicos associados ao sector de sangue, introduz os conceitos gerais aplicados ao
Banco de Sangue e Hemoterapia na sub-unidade sangue: definição, composição, funções e

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 16
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

conceitos de imunohematologia, bem como, os principais pontos críticos de controlo para


maximizar os benefícios e reduzir ao mínimo os riscos de transfusões de produtos sanguíneos.

Na presente unidade serão desenvolvidos nove capítulos a destacar:

- No primeiro capítulo abordar-se-á a temática referente ao banco de sangue na qual


focaliza as atenções para a descrição do historial das transfusões de sangue e os
principais conceitos usados no banco de sangue.
- No segundo capítulo será abordada a temática sobre equipamentos, materiais,
consumíveis e os reagentes usados no banco de sangue.
- O terceiro capítulo será reservado para o estudo da preparação de reagentes, destacando
a preparação de suspensão, do pool da suspensão para o coombs indirecto, de Coombs-
Control e a preparação de Solução de Sulfato de Cobre.
- No quarto capítulo serão apresentadas as propriedades dos desinfectantes e anti-sépticos
utilizados no laboratório com destaque para os métodos de desinfecção.
- No quinto capítulo serão retaratados os materiais e reagentes necessários para as
técnicas e as respectivas análises a serem realizadas.
- No sexto capítulo será abordado o processo de manutenção rotineira dos equipamentos
utilizados, e a sua manutenção rotineira e preventiva.
- No sétimo capítulo será desenvolvido o tema sobre a higiene e limpeza dos
equipamentos, e sobre os procedimentos de limpeza.
- No oitavo capítulo será abordada a temática sobre segurança de sangue destacando os
benéficos, os riscos e os custos.
- E por fim no nono capítulo será retaratada a organização dos serviços de sangue,
destacando os serviços de sangue púbico, de organização não-governamentais sem fins
lucrativos e os privados.

1. BANCO DE SANGUE E HEMOTERAPIA

DEFINIÇÃO Banco de sangue: é uma unidade funcional que presta serviços de


hemoterapia e imunohematologia. (DENISE, S/A).

Hemoterapia: compreendem as transfusões de sangue total e seus


componentes, como concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas,
concentrado de granulócitos, plasma fresco congelado e crioprecipitado.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 17
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

LEMBRA-TE O Banco de Sangue e Hemoterapia é uma área do saber nova em


desenvolvimento acelerado, é multidisciplinar, requer conhecimentos de
ciências sociais, enfermagem, laboratório, medicina e gestão.

1.1 . Historial das transfusões de sangue

A cronologia dos factos históricos que influenciaram o desenvolvimento das transfusões de


sangue está amplamente descrita no manual de Imunohematologia da autoria do Ministério de
Saúde. Neste manual serao referidos alguns dos marcos históricos relevantes. Embora tenha
havido muitos processos empíricos relacionados com a utilização de sangue na antiguidade,
parece ser unânime que a descoberta da circulação sanguínea em 1628 por Wiliam Harvery
abriu o caminho para o início de muitas investigações e tentativas de transfusões de sangue.
Assim, em 1666, Richard Lower realiza com êxito uma transfusão de sangue entre dois cães.
Este sucesso aliado à fortes crenças vigentes na altura sobre a utilidade do sangue do cordeiro,
levou a que fossem realizadas experiências de transfusão de sangue do cordeiro para os
homens, tendo havido por sorte sucesso em 1967 na França e em Londres, onde
respectivamente, Jean-Baptiste Denis transfundiu com êxito sangue de um cordeiro para um
jovem, e Richard Lower em Londres transfundiu sangue de cordeiro à um Homem.

Numa outra tentativa em 1968 Jean-Baptista falha e por consequência são banidas as
transfusões de sangue na França e em Laondres. As transfusões de sangue foram interrompidas
até ao ano de 1818 quando um obstetra Londrino James Blundell verifica que a transfusão de
sangue deveria ser feita entre animais da mesma espécie, entre outras descobertas. Daí em
diante sucederam-se várias pesquisas científicas, algumas com sucesso e outras não.

Em 1901, Karl Landsteiner, um cientista austríaco deu um passo gigantesco na desvoberta de


grupos sanguíneos que constituem o sistema ABO de classificação de sangue, nomeadamente
A, B, O e AB. Esta descoberta dá inícioo à uma nova era.

O cientista Karl Landsteiner é reconhecido como o Pai das ciências de transfusões de sangue,
sendo 14 de Junho, dia do seu aniversário natalício, o dia mundial de dadores de sangue. Nos
anos seguintes muitas descobertas foram feitas. Apenas para citar alguns exemplos, pode-se
mencionar a descoberta de anticoagulante citrato de sódio em 1914/15 por Lewisohn nos
estados Unidos e por Agote na Argentina em trabalhos feitos de forma separada. A primeira
transfusão precedida da realização de provas de compatibilidade, foi realizada em 1907, por
Reuben Ottenber, Leninegrado, em 1932, o primeiro banco de sangue surgiu em Barcelona em

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 18
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

1936 durante a Guerra Civil Espanhola. a identificação do factor Rh, realizada por Landsteiner
no século XX. O progresso das transfusões foi firmado através da descoberta dos grupos
sanguíneos. do factor Rh e o emprego científico dos anticoagulantes.

Do aperfeiçoamento sucessivo da aparelhagem de colleita e de aplicação de sangue, e, do


conhecimento mais rigoroso das indicações e contra indicações do uso do sangue.

1.2. Principais Conceitos usados em Banco de Sangue

Para melhor entendimento do que acontece no banco de sangue serão apresentados alguns
conceitos e posteriormente serão abordados assuntos sobre o equipamento, material e reagentes
utilizados no banco de sangue.

Antigénios: são um conjunto de substâncias de diferentes tipos


DEFINIÇÃO químicosdotados da capacidade de estimularem o sistema imunitário de um
animal á produção de uma resposta especificamente dirigida á substância
indutora. (WEIR, 1998).
Anticorpos: é o produto da resposta imune, e reage especificamente contra
um antígeno (OMS).

Os anticorpos são imunoglobulinas (Ig) e encontram-se na fracção gamaglobulina das proteínas


plasmáticas. Existem cinco tipos de imunoglobulinas: IgG, IgM, IgD, IgE, IgA.

Reacções antigénios-anticorpos

Para que haja uma reacção antigénios-anticorpos é necessário que primeiro tenha-se
estabelecido o contacto prévio do organismo por um antígeno para iniciar o processo de
desencadeamento da resposta imune.

Sangue

O Sangue é um tecido conjuntivo líquido que circula pelo sistema vascular em animais com
sistemas circulatórios fechados. Ele é composto de uma parte líquida (o plasma), e de uma
outra constituída por células. O volume de sangue num adulto é cerca de 5 litros, o PH vária de
7.3-7.4. As células que compõem o Sangue são:

 Glóbulos vermelhos ou eritrócitos (Ec), Glóbulos brancos ou leucócitos (Lc),


Plaquetas ou trombócitos.
 O plasma constitui a 58% e os glóbulos brancos cerca de 42%.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 19
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Eritrócitos

 São elementos formes do sangue sendo cerca de 5 milhões por milímetro cúbico (mm3).
A vida média de um eritrócito é de 120 dias e tem como função o transporte da
hemoglobina.
Leucócitos

São células responsáveis pela defesa e protecção do organismo contra infecções. Existem
vários tipos a saber:

Granulócitos: são células polimorfonucleares que apresentam grânulos no seu citoplasma e


contêm núcleo segmentado, com três lóbulos com a função de agredir, incorporar e digerir as
células e os corpos estranhos que invadem o organismo (germes). Exitem três tipos:

 Neutrófilos: células que atacam e fagocitam o invasor.


 Eosinófilos: responsáveis pela resposta imunológica perante infecções por parasitas
também são células inflamatórias predominantes nas reacções alérgicas
 Basófilos: células envolvidas em reacções alergicas.Produzem histaminas, que é um
potente agente que causa inflamação.
Agranulócitos: são células mononucleares não contêm grânulos no seu citoplasma e núcleo
regular não segmentado. Existem dois tipos:

 Monócitos: estas células são mais pequenos que os linfócitos, com núcleo pequeno
apresentando maior volume citoplasmático. Responsáveis por ingestão das bactérias
ou por fagocitose.
 Linfócitos: responsáveis pela defesa específica, pode-se encontrar dois tipos
linfócitos B e T. os linfócitos T responsáveis pela imunidade celular e linfócitos B
responsáveis pela imunidade humoral.
Plaquetas

As plaquetas são fragmentos de megacariócitos (células da medula óssea). Cerca de 350 mil
por decímetro cúbico. Entram no complexo mecanismo da coagulação do sangue.

Plasma

O Plasma contém todos os elementos que entram na composição do organismo,


nomeadamente:

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 20
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Tabela 1:A tabela a baixo ilustra a Composição do plasma

Água 90%
Substâncias inorgânicas (Cloretos, sódio, cálcio, potássio, ferro, etc.) 0.9%
Substâncias orgânicas (proteínas, lípidos, carbohidratos, ácidos 9,1%
nucléicos)

2. EQUIPAMENTOS, MATERIAIS, CONSUMIVEIS E REAGENTES


NECESSÁRIOS PARA AS TÉCNICAS DO BANCO DE SANGUE

2.1 Equipamento

Os equipamentos do serviço de sangue são os diversos aparelhos ou instrumentos utilizados


para diversos fins e, inclui: as balanças, centrifugas, celador, geleiras, separador do plasma,
agitador do RPR, equipamento de Elisa, entre outros.

As balanças são utilizadas no serviço de sangue para a pesagem. Algumas delas são
específicas para a pesagem do sangue balança (1) durante a colheita e outra balança (2) para
pesagem de reagentes, figura1.

Algumas centrífugas servem para lavagem de células e centrifugação de baixa rotação para
observação de aglutinação e hemólise, determinação do grupo sanguíneo e obtenção do soro
conforme indicado na figura 2. Respectivamente os números 1 e 2 são centrífugas
vocacionadas para lavagem de células e centrifugação de baixa rotação para observação de

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 21
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

aglutinação e hemólise, determinação do grupo sanguíneo e os números representados por 3 e 4


são centrífugas utilizadas para obtenção do soro.

As centrífugas abaixo conforme apresentado na figura 3 servem para a produção de


hemocomponentes, nomeadamente: CGV, PFC, CP.

Banho-maria serve para aquecer lenta e uniformemente qualquer substância líquida ou sólida
num recipiente, submergindo-o com outro, onde existe água a ferver ou quase a ferver.
Conforme figura 4.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 22
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Selador serve para selar o segmento de sangue que constitui os sacos de sangue no acto da
colheita e de produção de componentes. Conforme ilustra a figura 5.

As geleiras servem para a conservação de


sangue, reagentes e etc. a figura 6 ilustra
um dos tipos.

Congelador serve para armazenar o


Plasma fresco congelado numa
temperatura abaixo de -25˚C.

Separador do plasma serve para separar


o plasma e o concentrado de plaquetas. A
figura 7 ilustra os vários separadores.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 23
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Equipamentos de ELISA servem para testagem serológica conforme ilustrado na figura 8.


Agitador de RPR serve para agitar as placas de testagem de Sífilis. Conforme ilustra a figura
9.

Aglutinóscopio: serve para auxiliar na observação das aglutinações conforme apresentado na


Figura 10.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 24
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

A figura 11 ilustra um Agitador de plaqueta que serve para homogeneizar o concentrado


plaquetário no movimento constante e suave evitando a formação de grumos.

O sistema de Agitador de plaqueta mantém o material em agitação contínua, garantindo a


qualidade do material e sua eficiência clínica, possui um gaveteiro com seis prateleiras de
arame estruturado em aço carbono tratado para acoplagem de bolsas de plaquetas com
capacidade de até 48 horas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 25
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

2.2. Materiais

Os materiais necessários para as técnicas do banco de sangue dependem de cada técnica e suas
respectivas análises (ver nos POPs). Antes de cada procedimento deve-se preparar todo o
material necessário, ter uma lista de verificação (Check list). Verificar o prazo de validade e
qualidade, tendo em conta o número de procedimentos que se pretende realizar. Os materiais
do serviço de sangue são vários utilizados para fins diversificados e, inclui: cestos, suportes,
bandejas entre outros. Cestos metálicos servem para arrumação de bolsas de sangue, para
facilitar a sua organização na geladeira conforme ilustrado na figura 12.

O suporte serve como sustento ou apoio dos tubos de hemólise, ou amostras de sangue, o
esguicho serve para conservar preparações líquidas. Conforme ilustrado na figura 13.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 26
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

A figura 14 ilustra os copos que são recipientes utilizados para depositar as substâncias que
auxiliam nas técnicas imunohematólogicas.Existência de um copo com soro fisiológico, outro
com água corrente e o último a bacia para depósito de resíduos.

Figura 15 imagem (1) mostra a ficha de inquérito que serve para auxiliar na triagem clínica e
Cartão de identidade de dador e a imagem (2) mostra a ficha de inquérito que serve para
registos de dados do dador.

2.3. Consumíveis

Os consumíveis servem para auxiliar o processo do serviço de sangue são utilizados para vários
fins diversificados e, inclui: sacos de colheita, sacos de transferência, sistemas entre outros.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 27
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Sacos de Colheita de Sangue

No serviço de sangue são usados diversos tipos


de sacos de colheita a saber:

a) Os Sacos Simples servem apenas para a


colheita de Sangue total, e não permite a
sua separação em componentes conforme
mostrado na figura 16.
b) Os Sacos de Colheita Duplos servem
para a colheita de Sangue total,
permitindo a partir deste, a produção de Concentrado de Glóbulos Vermelhos e Plasma
Fresco Congelado. Conforme ilustrado na figura 17.
c) Os Sacos de Colheita Triplos servem para a colheita de Sangue total, permitindo a
partir deste, a produção de Concentrado de Glóbulos Vermelhos, Plasma Fresco
Congelado e Concentrado de Plaquetas. Conforme ilustra a figura 17.

Figura 17: Sacos de colheita duplo


Fonte: Autores

d) Os Sacos Pediátricos são sacos de colheita normais, com um apêndice com 4 à 6 sacos
pequenos que permitem a distribuição de Concentrado de Glóbulos Vermelhos em
pequenas quantidades, num sistema fechado para posterior utilização em crianças.
e) Os sacos de transferência servem para transferir pequenas quantidades em sistema
aberto, para o uso em geral nas crianças, na falta de sacos pediátricos.

Sistemas
Os sistemas possuem um sistema de filtro, servem de ligação entre a unidade à transfundir e o
local da punção.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 28
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

2.4. Reagentes

Reagentes são substâncias inicialmente presentes num sistema que ao decorrer de uma reacção
química sofrem alterações. Sempre que se pretende usar um reagente é necessário ter-se em
conta a sua integridade física, para além da verificação do prazo de validade, condições de
armazenamento. O tipo de reagente tem muito a ver com a técnica que se pretende realizar. Por
essa razão, sempre que se realiza um teste deve-se consultar o guião de procedimento, pós
existem reagentes para determinação do grupo sanguíneo que são os antisoros Anti- A, Anti- B,
Anti- A, B, Anti- D, suspensões para confirmação de grupo sanguíneo, soro de Coombs,
Albumina a 22 e a 30%, LISS, kits de ELISA, RPR, entre outros.

2.5. Preparação de Reagentes

A preparação de reagentes é um tema que será amplamente abordado no módulo de


procedimentos pré e pós analítico. Porém irá se fazer referência a preparação específica dos
reagentes do banco de sangue tais como:

- Preparação de suspensão
- Preparação do pool da suspensão para o coombs indirecto
- Preparação de Coombs-Control
- Preparação de Solução de Sulfato de Cobre

2.6. Preparação de Suspensão

Material: Para a preparação da suspensão é necessário os seguintes materiais:

- Eritrócitos do dador
- Soro fisiológico
- Um tubo

Procedimento Técnico

1. Marcar o tubo com o nome do dador.


2. Colocar 3 gotas dos eritrócitos no tubo.
3. Acrescentar 9 partes de soro fisiológico.
4. Misturar bem.
5. Centrifugar 60" HIGH.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 29
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

6. Retirar o sobrenadante ou soro.


7. Misturar bem.
8. Acrescentar aos eritrócitos lavados o soro fisiológico até obter uma suspensão de 4-5%.
9. A suspensão deve ser conservada no frigorífico.
10. A suspensão poderá ser utilizada até que apareça uma hemólise inicial.

2.7. Preparação do pool de suspensão para o coombs indirecto

Princípio:Todos os antigénios devem se encontrar nos glóbulos vermelhos para encontrar os


anticorpos.

Material

- Cortar 6 segmentos de 6 unidades de sangue ORh positivo.

Procedimento Técnico

1. Lavar os glóbulos vermelhos 3 a 4 vezes com soro fisiológico.


2. Preparar a suspensão 4-5%.
3. Marcar o frasco com a data, suspensão pool.3
4. 3, grupo ORh positivo.

ATENÇÃO
A suspensão deve ser guardada no frigorífico e poderá ser utilizada até quando
aparecer uma hemólise inicial.

2.8. Preparação de Coombs-Control

Material

- Sangue do grupo ORh positivo.


- Soro Ant-D incompleto.

Procedimento Técnico

1. Lavar os glóbulos vermelhos do grupo ORh+ (1-2 segmentos de saco de sangue ORh+), 1
vez com soro fisiológico 0.9%.
2. Fazer uma suspensão de glóbulos vermelhos lavados 50%.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 30
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

3. Em um tubo de 10ml misturar.


4. 15 gotas de Ant-D incompleto.
5. 20 gotas de NaCl 0.9%.
6. 30 gotas de suspensão de glóbulos vermelhos lavados a 50%.
7. Misturar, incubar 30 minutos á 37˚C.
8. Lavar 3 vezes.
9. Diluir com NaCl 0.9%. e a data. fazer controlo se está suspensão for bem preparada:
juntar 2 gotas de soro fisiológico e uma gota de coombs controlo.
10. Observar. Deve ser positivo.

2.9. Preparação de Solução de Sulfato de Cobre

Material: Para a preparação de Solução de Sulfato de Cobre são necessários os seguintes


materiais:

- Água destilada
- CuSO4.5H2O
- Urómetro

Procedimento Técnico

1. Para preparar é necessário colocar 88,1g CuSO4.5H2O em 1000ml de água destilada.


2. Controlar o peso específico com o urómetro.
3. 1053 Corresponde a um valor de 12,5g% de Hemoglobina.
4. 1055 Corresponde a um valor de 13,5g% de Hemoglobina.

LEMBRA-TE A temperatura pode diminuir ou aumentar o peso específico da solução. A


temperatura para determinar o valor da Hemoglobina é ambiente.

Antes e depois de qualquer procedimento deve-se fazer a limpeza e


desinfecção de superficie no local de trabalho, de acordo com as normas
de Biossegurança.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 31
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

3. MANUTENÇÃO ROTINEIRA DOS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

A organização de um sector de trabalho influencia a produtividade e a eficácia do fluxo de


trabalho. Um sector deve ter trabalho organizado colocar todos os itens essênciais nas proxímo
do funcionário e de forma organizada. (ROCHE, 2007).

Deve-se fazer manutenção aos equipamentos de forma regular, de acordo com o calendário
definido, e deve ser feito por pessoal qualificado e treinado para o efeito. A Acção deve ser
documentada num livro de registo apropriado.

As peças sobressalentes ou de reserva devem estar disponível no laboratório para realizar


pequenas reparações de acordo com as instruções do fabricante.

Os manuais do utilizador também devem estar disponíveis para serem utilizados pelo pessoal
que realiza os testes, e quando possível na língua que os técnicos percebem.

As necessidades de manutenção e especificações de equipamento devem ser regularmente


comunicados ao nível hierárquico superior.

O manual com todos os procedimentos deve estar disponível na bancada ou na área de trabalho.

A manutenção do equipamento será da responsabilidade do chefe do Departamento e pode ser


realizada: (LONDONO, 2000).

- Pela equipaequipa técnica do próprio departamento


- Por empresas privadas
- Pelos fabricantes e fornecedores
- De forma mista: equipaequipa técnica do próprio departamento e particulares.
- As actividades de manutenção são classificadas em diferentes níveis e as mais comuns
são: Manutenção diária, manutenção preventiva, manutenção correctiva, calibração,
reparos de grande porte, lubrificação e limpeza.

3.1. Manutenção diária

É o conjunto de acções e técnicas administrativas de cuidado e inspecção diária, dela faz parte:
limpeza, remoção de elementos estranhos ou nocivos à estrutura física dos equipamentos,
controle de temperaturas, etc.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 32
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

EXEMPLO
Verificação de desempenho dos equipamentos nos laboratórios deve ser
reportada diariamente por pessoa qualificativa.

Tabela 1: Verificação de desempenho dos equipamentos laboratoriais

Período de leitura das


Tipo de Assinatura
Dia Hora temperaturas Obs
equipamento legível
Manhã Tarde Noite

Assinatura do responsável

----------------------------------------

Data-------/----------/----------

Este formulário pode ser utilizado para Geleira, Congelador, Banho-maria, Estufa de Secagem
ou qualquer outro equipamento que possua controlo de temperatura. A calibração consiste em
corrigir o funcionamento e colocar os equipamentos nas condições iniciais de operação. Esta
actividade é feita com recurso aos POPs.

3.2. Manutenção Preventiva

É o conjunto de acções e técnicas administrativas de cuidado e inspecção sistemática de um


equipamento ou material, com vista a mantê-los em bom estado de funcionamento, assim,

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 33
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

evitando e detectando pequenos defeitos, antes que se transformem em defeitos maiores. Esta
manutenção pode ser realizada diariamente ou semanalmente.

EXEMPLO
Falhas de uma peça por desgaste ou falta de lubrificação.

3.3. Manutenção Correctiva

A manutenção correctiva é a acção ou técnica administrativa quando um equipamento deixa de


funcionar ou o faz de maneira defeituosa, obrigando o seu reparo.

EXEMPLO
Equipamento fora de uso por muito tempo e sobre custos de pagamentos de
trabalho extra e compras imediatas de peças de reposição.

4. PROPRIEDADES DOS DESINFECTANTES E ANTI-SÉPTICOS


UTILIZADOS NO LABORATÓRIO

Desinfectantes: são substâncias químicas que são aplicadas em


DEFINIÇÃO superfícies não vivas para destruir os microorganismos que vivem nesses
objectos.

Germicida: é o termo aplicado à substância química ou processo físico


capaz de destruir todos os microrganismos, incluindo também suas formas
de resistência, denominadas de esporos, como aqueles produzidos por
bactérias do gênero Clostridium sp e Bacillus sp.

A limpeza e a desinfecção são consideradas como principais métodos de prevenção de doenças.


É indispensável que se adopte um programa de limpeza e desinfecção abrangente e de uso
rotineiro, visando a diminuição e manutenção de uma concentração baixa de microrganismos
patogénicos no ambiente, dificultando desta forma, a probabilidade de infecções. Os
desinfectantes são diferentes de outros agentes antimicrobianos como os antibióticos, que
destroem microorganismos dentro do corpo, e anti-sépticos, que destroem microrganismos em
tecidos vivos. Os desinfectantes também são diferentes de biocidas tendo estes últimos o
propósito de destruir todas as formas de vida não apenas microorganismos. Os desinfectantes

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 34
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

funcionam através da destruição da parede celular do microorganismo ou por interferência em


seu metabolismo.

Bactericida: são todas as substâncias químicas ou processos físicos capazes de destruir


bactérias na sua forma vegetativa, não necessariamente os esporos bacterianos.

Anti-séptico: É uma substância anti-séptica ou química que pode não ter efeito germicida, que
impede ou bloqueia o desenvolvimento, ou a acção dos microorganismos, tanto pela inibição
de sua actividade, quanto por sua destruição. Fungicida e viricida: são processos físicos, ou
substâncias químicas que destroem fungos, ou vírus respectivamente. O objectivo de um
programa de limpeza e desinfecção é manter uma concentração baixa de agentes patogénicos,
diminuindo consequentemente, a probabilidade de infecções e resultando nos seguintes
benefícios: o aumento da produtividade. a diminuição na incidência de doenças infecciosas e
parasitárias. a diminuição do número de animais refugos (debilitados). a diminuição de gastos
com medicamentos, por animal/ano. bem como a diminuição de gastos com mão-de-obra.

4.1. Métodos de desinfecção

Nos métodos de desinfecção podemos encontrar os físicos (acção térmica) e os químicos.

Físicos
- Pasteurização
- Termo desinfectadora
- Lavadoras de descargas

Químicos
- Ácido peracético, soluções cloradas, álcool, glutaraldeído, quaternário de amónia,
peróxido de hidrogénio, água electrolisada, entre outros.

4.2. Desinfecção por agentes físicos calor

Primeira escolha

a) Lavadoras termodesinfetadoras
- Tubos plásticos e metálicos: diâmetros - 3mm e comprimento - 40 cm
- Contaminação com 104 a 106 UFC bactérias vegetativas (S. aureus, K. pneumoniae),
fungos (C. albicans), Mycobacterium terrae e Bacillus subtillis.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 35
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Termo desinfecção a 70ºC – 30 minutos.


- Só não eliminou esporos. (Rutala et al., 2000).
- Elas desinfectam respectivamente: 94ºC em 10m, 90ºC em 1 min, 82ºC em 2 min, 90ºC
em 5min e 80 à 85ºC de 1 a 3 minutos.

b) Lavadoras termo desinfetadoras


- Limpeza e desinfecção de alto nível
- Diversidade de produtos
- Acção: jactos de água sob pressão, detergentes não espumantes
- Fases: - Pré-lavagem e lavagem: jactos de água fria ou morna com detergente
- Desinfecção térmica: água quente ou vapor – Secagem.

c) Lavadoras termo desinfectadoras


- Agilizam o processo de limpeza com efectividade
- Não limpar materiais complexos, com lúmens estreitos (fabricante do equipamento e do
material) – jactos de água não efectiva
- Não utilizar para produtos não imersíveis ou fibras ópticas: danos.
- Utensílios: comadres, papagaios, bacias, cubas e jarros (limpeza e desinfecção de baixo
nível).

d) Vantagens da desinfecção térmica automatizada


- Padronização e reprodutividade do procedimento
- Monitorização e registo do processo - Minimiza erros humanos
- Não deixa resíduos no material
- Não é tóxico – paciente e ambiente
- Baixo risco operacional - Baixo custo operacional
- Alguns equipamentos: limpeza prévia e secagem

A desinfecção é definida como a destruição parcial dos microrganismos presentes em um


determinado ambiente. Os métodos de desinfecção visam principalmente destruir as formas
microbianas patogênicas ao homem, por meio da utilização de um agente desinfetante ou
antimicrobiano.

Última escolha

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 36
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Complexidade da desinfecção manual por imersão - toxicidade (paciente, profissional e


meio ambiente) - Dificuldade ou impossibilidade de contacto com todas as partes da
superfície do produto para saúde.

4.3. Desinfecção por Agentes Químicos

A desinfecção por meios químicos é a prática mais usual e efectiva em saúde animal.
Actualmente há um grande número de produtos químicos à disposição no comércio para a
prática da desinfecção. Embora as marcas comerciais sejam as mais variadas, os princípios
activos são restritos, principalmente, a compostos fenólicos e derivados do alcatrão de hulha,
halogênios, álcoois e aldeídos, agentes tensoativo como os detergentes, agentes oxidantes,
derivados de metais pesados, corantes, álcalis, ácido e ainda os compostos orgânico-naturais.
Nesta unidade iremos falar de alguns dos produtos mais importantes.

4.4. Fenóis e derivados do alcatrão de hulha

Fenol ou ácido carbólico: Foi descoberto no alcatrão de hulha, sendo denominado inicialmente
como ácido carbólico. Foi o primeiro anti-séptico a ser usado em cirurgia asséptica.

Glutaraldeido: É um aldeído relativamente novo, sendo menos tóxico que o formol. O


glutaraldeido tem largo espectro de ação e é activo na presença de matéria orgânica, é
biodegradável, e seus resíduos contaminam os alimentos, é usado na desinfecção de
instrumento cirúrgico, na instalação dos animais, equipamentos e salas de incubação.

Cloro: Foi utilizado inicialmente, como alvejante na indústria têxtil, e teve suas propriedades
desinfetantes demonstradas sob condições laboratoriais, pelo bacteriologista alemão Kock, em
1881.O cloro é considerado como desinfetante universal para a água, e a parte que permanece
nesta, após período de acção média de 20 minutos, constitui o cloro livre, de grande poder
desinfectante. Nas concentrações recomendadas, os hipocloritos desinfectam superfícies
limpas. Quando há considerável resíduo de matéria orgânica e/ou minerais, estas se combinam
à solução de cloro, dando origem ao cloro combinado, que apresenta baixa acção desinfectante.

Os álcoois alifáticos comuns são bons solventes anti-sépticos e desinfectantes. O álcool etílico
ou etanol é tradicionalmente o mais comum e também o mais utilizado, é conhecido, ainda,
como álcool de cereal, porque é produzido pela fermentação de grãos de cereais. Os álcoois
possuem pronunciada acção bacteriana.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 37
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

O etanol é comumente usado na diluição de 70%. Aparentemente, os álcoois produzem seu


efeito pela desnaturação de proteínas solúveis, e diminuição da tensão superficial. O álcool a
70% é considerado como bom anti-séptico, tendo a sua acção melhorada quando adicionado
2% de tintura de iodo. conhecido como álcool iodado. É muito recomendado como anti-séptico
da pele, e desinfecção de material clínico cirúrgico. Eficácia e efectividade do álcool na
desinfecção de materiais semicríticos: revisão sistemática.

4.5. Factores que interferem na acção do desinfectante químico

Tipo e concentração do germicida: Nível de desinfecção - Diluição Tempo e temperatura de


exposição: Respeitar as recomendações do fabricante (rótulo) - Não aumentar tempo de
exposição para corrigir falhas - Aumento da temperatura: degradação do germicida - Ph, dureza
da água, outros produtos químicos (detergentes).

- Os tempos de contacto podem variar de acordo com o fabricante, e o princípio activo.


- Desinfectantes de alto nível: 10 minutos, 15 minutos, 30 minutos, 8 horas.
- Princípios activos de glutaraldeído e ácido peracético foram reprovados.

Natureza do item a ser desinfectado: Superfície lisa, não porosa e simples - articulações,
cremalheiras e reentrâncias: barreira à limpeza número de microrganismos presente no produto:
maior nível de contaminação – maior o tempo de contacto.

Pré-requisito: limpeza prévia bem-feita.

Quantidade de matéria orgânica e inorgânica (sangue, muco, fezes, sais: Matéria orgânica:
microrganismos em grande quantidade e diversidade

 Barreira mecânica: Pode causar inativação directa e rápida do germicida resistência


intrínseca dos microrganismos.

Eficácia e efectividade do álcool na desinfecção de materiais semicríticos: revisão sistemática.

4.6. Critérios para a escolha de um desinfectante

Não existe o desinfectante ideal, assim a escolha deverá recair sobre aquele que cumprir com
maior número de requisitos à finalidade desejada, lembrando- entretanto que um bom
desinfectante, é aquele que na mesma concentração e no mesmo espaço de tempo elimina

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 38
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

bactérias, vírus, fungos, protozoários e parasitas. A escolha do desinfectante depende da


natureza do produto em causa.

EXEMPLO Sobre a membrana citoplasmatica, ex: Clorexidina.

Fixacão da membrana citoplasmatica, ex: formaldeido e glutaraldeido

Oxidação dos constituintes celulares, ex: cloro (hipocloritos e iodo – iodóforo).

4.7. Desinfectante ideal

O desinfectante ideal deve ser capaz de destruir a forma vegetativa de todos os microrganismos
patogénicos, requerer tempo limitado de exposição e ser eficaz em temperatura ambiente, não-
corrosivo, atóxico para seres humanos e de baixo custo.

Devido às semelhanças na composição química e metabolismo entre os seres humanos e


microrganismos é pouco provável alcançar este ideal. Na prática, o uso correcto dos
desinfectantes químicos disponíveis irá pelo menos reduzir o número de microrganismos
patogénicos viáveis presentes em superfícies para níveis que permitam a prevenção de
infecções pelos mecanismos de defesa naturais do indivíduo sadio.

Características: fácil utilização - baixo nível de odor - económico - difusível - estável -


monitorável - favorece a limpeza, largo espectro de acção - acção rápida - pouco afectado por
condições ambientais - não inactivado por matéria orgânica - compatível com detergentes -
atóxico para o paciente, profissional e meio ambiente - compatível com diversas matérias-
primas.

Método automatizado:

- Surtos de infecção ou colonização

- Falhas: sistema de filtração de água, limpeza dos canais e acessórios endoscópicos,


validação e manutenção preventiva, hiperdiluição, contaminação dos filtros de água e
de ar e baixo fluxo dos conectores.

Método manual:

- Recipiente de plástico com tampa - limpeza dos recipientes com água e sabão.

- Produtos diferentes: recipientes diferentes - hipoclorito de sódio: recipiente de plástico


não transparente (inactivação por radiação ultravioleta) - recipientes para lavagem final.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 39
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Acessórios para a secagem (ar filtrado) - Equipaequipa centralizada, treinada e ciente


dos pontos críticos.

- Limpeza priorizada.

- Imersão completa no germicida, preenchimento dos lúmenes.

- Respeitar o tempo de contacto.

- Qualidade da água: assistência ventilatória (filtro de 5 micrômeros ou água potável) -


embalagem: saco plástico.

4.8. Princípios gerais para uso dos produtos químicos

Para o uso de produtos químicos deve-se observar os seguintes princípios:


- Manter a concentração original do produto tendo o reservatório sempre fechado para
reduzir a evaporação e enxugar os instrumentos para não haver diluição do produto.
- Evitar a alteração do pH lavando bem para não haver contaminação com sabões e
detergentes.
- Uma temperatura mais elevada pode acelerar a acção do produto, mas o excesso pode
inactivá-lo.
- O instrumento deve ser totalmente imerso no produto, pois, o contacto completo é
necessário.
- O tempo de actuação, de reutilização e a durabilidade dependem de cada produto.
- O profissional deve seguir as instruções do fabricante e este instruir corretamente o seu
consumidor.

4.9. Tipos de desinfectantes

Existem desinfectantes de diferentes tipos, nomeadamente: desinfectante de alto nível, de


nível intermédio e de nível baixo.

a) Desinfectante de alto nível

- Desinfecção de alto nível: destrói a maioria dos microrganismos resistentes inclusive


micobactérias e fungos, excepto um número elevado de esporos bacterianos (BRASIL,
2012).

- Desinfectantes – desinfecção de alto nível

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 40
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Aldeídos Glutaraldeído Ortoftaldeído Formaldeído - ácido peracético - peróxido de


hidrogénio - água electrolisada.

b) Desinfectante de nível intermediário

- Destrói bactérias vegetativas, bacilo da tuberculose, fungos e vírus lipídicos e alguns


não lipídicos devem ser tuberculicida, mas não agem contra todos os esporos.

c) Desinfectante de nível baixo

- Actuam contra microrganismos vegetativos, não são tuberculicidas, não agem contra
esporos, têm actividade irregular contra fungos, actuam contra vírus lipídicos e de
tamanho médio, mas não contra os lipídios de tamanho pequeno.

4.10. Propriedades e usos dos desinfectantes

Os desinfectantes possuem uma vasta gama de propriedades, como pode-se observar na tabela
2 abaixo, que ilustra capacidade que cada um possui em relação ao patógeno.

Tabela 2: A actuação de cada agente em diferentes desifectantes

Desifectantes
Propriedades Glutaraldei Clorhexidi Cloro Iodo Fenol Formo
do na l
Viricida + + +- + + +
Bactericida + + + + + +
Fungicida + - - + + +
Acção na presença matéria
++++ + + +++ +++ +++
orgânica
Fonte: Andrade, N.J. (1988).

Legenda: Propriedades ou agente com a capacidade de desinfecção

+ : Actividade do desinfectante
− : Ausência de actividade
± : Actividade limitada à condições especiais.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 41
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

5. HIGIENE E LIMPEZA DO EQUIPAMENTO

A Higiene é considerada como um conjunto de procedimentos que tem a finalidade de


assegurar a proteção e bem-estar físico e psicológico dos pacientes, evitando enfermidades.
métodos esterilizantes e desinfetantes.

Limpeza é a acção e o efeito de limpar (remover a sujidade, as imperfeições ou os defeitos de


algo que lhe possa ser. limpar as bancadas, arrumar o local de trabalho, tornar o local limpo e
não prejudicial). O processo de higiene e limpeza deve ser realizado de acordo com as técnicas
descritas no módulo de pré e pós analítico. Porém, os serviços de sangue produzem
hemocomponentes que são transfundidos aos utentes, por essa razão, a higiene e limpeza neste
sector devem ser mais rigorosas para evitar a contaminação de hemocomponentes. Os
equipamentos devem ser limpos após cada corrida de testes.

5.1. Procedimento para a limpeza

Existem diversos procedimentos para a limpeza tendo em conta o tipo de equipamento.

EXEMPLO Alguns equipamentos utilizados nos serviços de sangue e o tempo para fazer a
manutenção. A tabela ilustra um exemplo de materiais usados no serviço de
sangue e o período que se deve fazer a manutenção.

Alguns equipamentos utilizados nos serviços de sangue e o tempo para fazer a manutenção. A
tabela ilustra um exemplo de materiais usados no serviço de sangue e o período que se deve
fazer a manutenção.

Tabela 3: Tipo de material e período de manutenção

Tipo de Manutenção Manutenção Manutenção


Período
equipamento diária preventiva correctiva
Aglutinóscopio X X X Diário, semanal ou mensal
Banho-maria X X Diário, semanal
Estufa Diário, semanal
Centrífuga
X X Diário, semanal semanal

Agitador RPR X X Diário

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 42
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Separador de
plasma e X X X Diário
plaquetas
Agitador de
X X X Diário
plaquetas
Balança X X X Diário
Geleira X X X Diário
Congelador Diário
Equipamento
X X X Diário, semanal trimestral
ELISA
Fonte: Adaptado pelos Autores.

Após cada procedimento de limpeza, deve-se verificar (Check list) o sistema, para averiguar se
o equipamento encontra-se dentro dos limites de confiança específicos e se o sistema pode ser
usado (Roche Diagnostics, 2007).

6. SEGURANÇA DE SANGUE: BENEFÍCIO, RISCOS E CUSTOS

O sangue deve ser bem processado para oferecer benefícios aos utentes, quando isso não for
verificado pode trazer riscos. Neste tema serão abordados os seguintes tópicos:

6.1. Benefício

Para que haja segurança de sangue é necessário que se aposte em dadores de baixo risco,
métodos de testagem precisos e sensíveis, pessoal qualificado para fazer a triagem clínica. Pois,
nem todas doenças são testadas no sangue algumas não sobrevivem por muito tempo devido a
presença de lisinas, temperaturas de conservação. Para além de que algumas doenças são
observadas pelo aparecimento de sinais e sintomas. Por isso deve-se ter em conta que o banco
de sangue difere do laboratório clínico pelo facto de ser um meio auxiliar de diagnóstico e
poder se comparar à uma industria farmaúcetica, porque faz o processamento de sangue desde
a entrada até a recepção do sangue do paciente.

LEMBRA-TE Em suma, a doação de sangue possui vários benifícios, dentre os quais:


salvar vidas das pessoas necessitadas de sangue ou seus componentes,
triagem e exame clínico regular aos dadores voluntários, aconselhamento
pré e pós doação, bem como, a educação e promoção de saúde durante as

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 43
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

palestras sobre a doação.

6.2. Riscos

O sangue salva vidas, porém pode representar riscos diversos, a saber: risco de transmissão de
doenças através de sangue (virais, bacterianas e parasitológicas), riscos de reacções
transfusionais devido à reacções antigénios-anticorpos, sobrecarga da volémica em transfusões
massivas, para além de riscos resultantes de falhas humanas, devido ao mau segmento de
procedimentos (POPs).

LEMBRA-TE
Ter muito cuidado em todos os processos de manipulação do sangue
desde da mobilização para a colheita até a transfusão.

6.3. Custos

Para aquisição de sangue um role de materiais são necessários. O custo dos materiais e
processamento de sangue é estimado em 100 a 150 USD por unidade (PNTS-SENASA). Deve-
se apostar no material que ofereça garantia e segurança.

7. ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANGUE

O serviço de sangue pode ser organizado de acordo com o sistema de funcionamento adoptado
em vários países. No geral, considera-se três tipos principais de organização, a saber: serviços
públicos, organizações não-governamentais sem fins lucrativos e privados.

7.1. Os Serviços de Sangue Públicos

São aqueles que funcionam sob gestão directa do estado, podendo ser subdivididos em serviços
nacionais com funcionamento no regime de tutela ou de subordinação ao Ministério de Saúde.
São serviços de transfusão inseridos nos hospitais, como é o caso do funcionamento actual em
Moçambique, embora esteja num processo de transição para o funcionamento no serviço
nacional de sangue subordinado ao MISAU.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 44
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

EXEMPLO
Serviço de Sangue do Hospital Central de Maputo, Beira, Nampula. Etc.

7.2. Os Serviços de Sangue de Organizações Não Governamentais Sem Fins


Lucrativos

Neste sistema de funcionamento o estado delega a prestação dos serviços à organizações não-
governamentais e mantendo a regulamentação e controlo das actividades financiadas pelo
Estado na base dum contracto do programa. Este é sistema de funcionamento em vigor de
alguns países vizinhos.

EXEMPLO
África do Sul e Suazilândia.

7.3. Os Serviços de Sangue Privados

São aqueles que funcionam através da gestão de entidades privadas sem financiamento por
parte do Estado. Este funcionamento não é recomendado pelo facto de transformar os serviços
de sangue em actividades comerciais que dificulta o acesso ao cidadão e a segurança do
sangue.

ATENÇÃO
Em Moçambique, existem apenas serviços de Sangue Públicos.

Na organização dos serviços de sangue hospitalares em vigor no país os bancos de sangue tem
acordo com o espaço, os Serviços de Sangue podem apresentar uma recepção, secretária, sala
de espera, sala de triagem clínica, sala de colheita, sala de refeições, laboratório,
armazém, sala de lavagem de material, gabinetes para os responsáveis e casas de banhos.

 Sala de espera: é o lugar onde o candidato a doação ou dador (utente) aguarda para ser
atendido e encaminhado.
 Recepção e secretária: é o lugar onde os utentes são recebidos e atendidos conforme as
necessidades, destacando-se o registo dos candidatos a dadores e a localização das
fichas previamente arquivadas dos dadores regulares de sangue e sua orientação.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 45
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

 Sala de triagem clínica: é o espaço onde o dador e candidato são submetidos a uma
triagem clínica incluindo a pesagem, medição do pulso, hemoglobina, tensão arterial
temperatura e a selecção através de um questionário para permitir a decisão da aptidão
para a doação. Após o inquérito o dador é submetido a exames para verificação de
sinais vitais como temperatura, pulso, pressão arterial e dosagem de hemoglobina.
 Sala de colheita: é o sector onde se faz todos os registos de identificação dos produtos
a serem colhidos e a realização da colheita propriamente dita.
 Laboratório: é o espaço reservado para produção de hemocomponentes, a realização
de técnicas Imuno-hematológicas (determinação de grupos sanguíneos,
compatibilidade, Coombs e pesquisa de anticorpos irregulares), Serologia de doenças
transmissíveis pelo sangue.etc.

RESUMO

O Banco de Sangue e Hemoterapia é uma área do saber nova em desenvolvimento acelerado, é


multidisciplinar, requere conhecimentos de ciências sociais, enfermagem, laboratório, medicina
e gestão.

Este módulo de Banco de Sangue e Hemoterapia tem 5 unidades didácticas, a saber: Banco de
Sangue e Hemoterapia. dadores e doação de sangue. hemocomponentes e hemoderivados.
testagem serológica de sangue. testagem imuno-hematológico de sangue.
A gestão de qualidade aplicada ao Banco de Sangue é mandatória e está incorporada em todas
as unidades didácticas.

Os equipamentos do serviço de sangue são compostos por diversos aparelhos ou instrumentos


utilizados para diferentes fins que, inclui: balanças, centrifugas, celador, geleiras, separador do
plasma, agitador do RPR, equipamento de Elisa, entre outros.

A preparação de reagentes é um tema abordado no módulo de procedimentos pré e pós


analítico. Porém, mais adiante far-se-á referência à preparação específica dos reagentes usados
no banco de sangue.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 46
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

A organização de um sector de trabalho influencia a produtividade e a eficiência do fluxo do


mesmo. Um sector deve ter tudo organizado por forma a permitir que todos os itens essenciais
estejam ao alcance do funcionário e de forma organizada (Roche Diagnostics, 2007).

Deve-se garantir a manutenção regular dos equipamentos de acordo com o calendário definido,
e feita por pessoal qualificado e treinado para o efeito. Esta acção deve ser documentada num
livro de registo apropriado.

As peças sobressalentes ou de reserva deve estar disponível no laboratório para realizar


pequenas reparações de acordo com as instruções do fabricante.

Os manuais do utilizador também devem estar disponíveis para serem utilizados pelo pessoal
que realiza os testes, e quando possível na língua que os técnicos percebem.

As necessidades de manutenção e especificações de equipamento devem ser regularmente


comunicados ao nível hierárquico superior.

O processo de higiene e limpeza deve obedecer as técnicas descritas no módulo pré e pós
analítico. Porém, os serviços de sangue produzem hemocomponentes que são transfundidos aos
utentes, por isso a higiene e limpeza neste sector deve ser mais rigorosa para evitar a
contaminação de hemocomponentes. Deve-se limpar os equipamentos após cada corrida de
testes.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 1
Duração 2h
Objectivos
- Seleccionar materiais, reagentes, equipamentos e amostras em função das técnicas a
realizar por forma a garantir a qualidade dos resultados.
- Identificar o material usado para as técnicas a realizar
- Descrever os reagentes utilizados para diferentes técnicas
Conteúdos de referência
- Materiais, reagentes, equipamentos e amostras
- Material necessário para as técnicas a realizar
- Reagentes necessários para diferentes técnicas

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 47
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Desenvolvimento da actividade por parte do aluno


A turma organiza-se em grupos de 6

Preparação duma simulação onde um aluno leva e organiza os materiais, equipamentos e


amostras a fim de realizar técnicas onde o resto da turma deverá:

- Acompanhar os procedimentos
- Detectar os erros cometidos
- Propor as medidas correctivas
- Valorizar a limpeza, ordem e seguimento das normas estabelecidas
- Cada membro do grupo deverá fazer uma exposição oral com os erros e as propostas
para a melhoria
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
As actividades que o professor deve planificar e desenvolver na sala de aulas são:

- Estabelecer os conhecimentos prévios aos alunos.


- Expor os conteúdos conceptuais necessários para o desenvolvimento das sessões
práticas.
- Resumir os conceitos chave e fazer perguntas para se assegurar que suas explicações
são claras.
- Preparar os planos das actividades práticas e os protocolos de actuação
Explica os protocolos e demonstra (fazendo) as práticas de organização do material e
equipamento e as amostras em função das técnicas
- Durante o desenvolvimento das práticas por parte dos alunos, o professor deve
observar as técnicas empregadas por estes, deve corrigir as falhas através de
orientações necessárias.
- No final da actividade o professor deve avaliar o trabalho desenvolvido pelos alunos
aplicando os critérios de avaliação
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Marcador, datashow, papel gigante
- Material a usar: amostra controlo
- Computador, vídeo datashow e impressora
Critérios de avaliação
Organização dos materiais, reagentes, equipamentos e amostras para preparação da

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 48
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

suspensão.
Prepara suspensões utilizando reagentes químicos.
- Demonstra como fazer a preparação de suspensão.
- Avalia a integridade física da amostra para garantir os resultados do processo.
- Explica os passos a serem seguidos desde o início até ao fim do procedimento.
- Mantém sempre a ordem e a limpeza do seu local de trabalho

CASO PRÁTICO

Caso prático

Título: Discrepância do resultado do grupo sanguíneo.


Elaborar proposta de resolução do caso proposto
Descrição
Planeamento da situação

Uma senhora de 32 anos foi atendida como paciente ambulatório no Hospital Provincial de
Inhambane para a sua visita regular de acompanhamento como gestante pela terceira vez. Ela
vem recebendo seguimento da gravidez e actualmente encontra-se no quinto mês. Aquando
da realização do teste para a determinação do grupo sanguíneo pela primeira vez constatou-se
que era do grupo ARh positivo, porém, ela não sossegou porque os pais são ambos ORh
negativo. Nisso, preferiu repetir o teste noutro local onde obtiveram o resultado de ARh
negativo.

Actividades a ser desenvolvida pelos alunos:


ACTIVIDADE 1: Argumente o caso.

ACTIVIDADE 2: Com base nos resultados fornecidos quais as possíveis razões da


discrepância do resultado

ACTIVIDADE 3: Quais os possíveis comentários em torno do resultado obtido tendo em


conta que a paciente é gestante.

ACTIVIDADE 4: Qual seria a sua sugestão para o clínico

ACTIVIDADE 5: Faz a apresentação do trabalho do grupo em plenária

- Actividades a serem desenvolvidas pelo professor


- Formar grupos de 4 elementos.
- Explicar os procedimentos da actividade.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 49
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Acompanhar as actividades do grupo.


- Analisar os trabalhos apresentados.
- Promover debate em plenária.
- Avaliar a participação.
Recursos necessários
- Papel gigante
- Marcadores
- Quadro, Computador
- Laboratório Multidisciplinar

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 50
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografia
1. Andrade, N.J. (1988). O uso de compostos clorados na indústria de lacticínios, Informe
Agropecuário. V.13, n.155, p.48-52. Belo Horizonte.
2. Denise, M.H. (s/a.) Técnicas modernas em banco de sangue e transfusão, 4˚ Edição.
S/C.

3. Isbts S. (2008). Introduction Blood Transfusion Technology, v. 2 e 3, n/e. Genebra.

4. OMS, (s/a). Sangue e produtos sanguíneos seguros, Normas e princípios para uma
práticatransfusional segura.S/E. Genebra.
5. OMS. (s/a). Sangue e produtos sanguíneos seguros, Sorologia dos grupos sanguíneos.
S/E. Genebra.
6. Roche, M.B. (2007). Diagnóstico laboratorial. s/e. Genebra.
7. Sobestiansky, J. (1981). Limpeza e desinfecção na suinicultura, Aspectos técnicos
eeconômicos. Concórdia, SC, Circular Técnica, n.3., Cnpsa, 36p.S/e. Embrapa.
8. Weir, s. (1998). Manual do banco de sangue, s/e, s/c.

SITES CONSULTADOS

1. http://www.profbio.com.br/aulas/hemato2_04.pdf.
2. https://www.einstein.br/estrutura/banco-sangue.
3. http://www.profbio.com.br/aulas/hemato2_04.pdf.
4. https://www.google.co.mz/search?q=centrifuga+immufuge.
5. http://www.shhsjc.com.br/banco-de-sangue./
6. https://www.google.co.mz/webhp?ie=UTF-8&rct=j#q=banho+maria+imagem.
7. :https://www.google.co.mz/search?q=agitador+de+RPR+imagem&biw.
8. https://www.google.co.mz/search?q=agitador+de+plaquetas.
9. https://www.google.co.mz/search?q=agitador+de+plaquetas+imagem&biw.
10. https://Ptm, Wikipedia, omy, wild desifentantes.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 51
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

UNIDADE DIDÁCTICA 2

PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO E SELECÇÃO DE


DADORES E DOAÇÃO DE SANGUE

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 52
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ÍNDICE
OBJECTIVO GERAL _______________________________________________________ 55
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica _______________________________ 55
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 56
1. LOCAIS DE BAIXO RISCO _____________________________________________ 56
1.1. Palestras __________________________________________________________ 56
1.2. Arquivos de fichas de dadores de sangue _________________________________ 57
1.3. Rotina de admissão __________________________________________________ 57
2. SELECÇÃO DE DADORES DE SANGUE __________________________________ 57
2.1. Critérios de selecção de dadores de sangue _______________________________ 57
2.2. Critérios físicos para aceitação de dadores ________________________________ 58
3. DADORES ____________________________________________________________ 59
3.1. Tipos de dadores de sangue ___________________________________________ 59
3.2. Vantagens e desvantagens dos dadores de sangue __________________________ 60
4. PROCEDIMENTOS DE DOAÇÃO DE SANGUE ____________________________ 61
4.1. Procedimentos prévios à doação de sangue _______________________________ 61
4.2. Procedimentos de orientação prévios à doação de sangue ____________________ 62
5. REGISTO _____________________________________________________________ 62
5.1. Tipos de registo ____________________________________________________ 62
5.2. Natureza dos registos de dadores de sangue _______________________________ 63
5.3. Ficha de dadores de sangue ___________________________________________ 63
6. TÉCNICAS DE REGISTO DOS DADORES DE SANGUE _____________________ 64
6.1. Formulários de consentimento do dador de sangue _________________________ 65
6.2. Informações sobre doação ____________________________________________ 65
6.3. Cuidados antes da doação _____________________________________________ 66
6.4. Cuidados durante a doação ____________________________________________ 66
6.5. Cuidados pós doação ________________________________________________ 66
6.6. Exclusão de dadores _________________________________________________ 67
6.7. Consulta médica (História Clínica) _____________________________________ 68
6.8. Monitoria da selecção dos dadores ______________________________________ 68
7. CONFIDENCIALIDADE ________________________________________________ 69
7.1. Factores de risco para a transfusão ______________________________________ 69
7.2. Aspectos essências para a retenção dos dadores ___________________________ 70
7.3. Referenciamento do dador de sangue ____________________________________ 71

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 53
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD2 ________________________ 72


CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD2 ________________________________________ 73
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA_____________________________________________ 75

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 54
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

OBJECTIVO GERAL

Identificar os possíveis dadores de sangue e sensibilizar os elegíveis para a colheita de acordo


com os critérios e normas de elegibilidade em vigor para obtenção de sangue seguro.

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de:


- Identificar os locais com candidatos de baixo risco a dadores de sangue para a colheita
- Realizar palestras de sensibilização para ter maior número de candidatos a dadores
sangue e calendarizar a colheita em brigadas móveis e postos fixos segundo os locais
identificados
- Organizar os arquivos de fichas de dadores de sangue segundo painéis previamente
definidos para facilitar a sua localização, caso seja necessário
- Descrever os tipos de dadores de sangue para posterior identificação
- Descrever os procedimentos prévios à doação de sangue
- Explicar os procedimentos de orientação prévios à doação de sangue.
- Reconhecer os tipos de registos e formulários utilizados para a selecção de dadores de
sangue
- Demonstrar a técnicas de registo dos candidatos a dadores de sangue em fichas
padronizadas previamente elaboradas
- Descrever a informação que deve ser facultada ao candidato pré e pós-doação de sangue
- Reconhecer os formulários de consentimento esclarecido do dador de sangue
- Identificar os factores de risco associados à transfusão de sangue de modo a evitar a
colheita de sangue em dadores inaptos
- Descrever os critérios para decidir sobre aptidão ou inaptidão do candidato em função
da avaliação clínica (peso, tensão arterial, hemoglobina e outros dados) e das respostas
ao inquérito.
- Descrever os procedimentos para referir candidatos inaptos para as consultas após
esclarecimento sobre a sua condição de saúde.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 55
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

INTRODUÇÃO

A mudança dos hábitos sócio-culturais nas sociedades modernas e a probabilidade de


propagação de novas doenças emergentes que podem ser transmitidas pelo sangue demandam
por uma especial atenção à selecção de dadores: desde a informação do dador até ao exame
médico que juntamente com os testes de rastreio das unidades colhidas assume um papel de
relevância na segurança e qualidade dos componentes sanguíneos a transfundir. A doação
voluntária, a selecção criteriosa dos dadores de sangue, os testes de rastreio seguros e fiáveis e
a correcta obtenção e utilização dos componentes sanguíneos, são os meios para garantir a boa
prática da medicina transfusional.

1. LOCAIS DE BAIXO RISCO

A identificação de locais com candidatos de baixo risco é extremamente importante, porque


ajuda a prevenir a colheita de sangue de dadores com infecções escondidas (dadores em
período de janela) que não são detectáveis durante a testagem, criando assim risco para quem
vai receber o sangue, isto é, ao identificar locais de baixo risco estaria-se a proteger o receptor.

Os locais com candidatos de baixo risco são aqueles onde é encontrada a baixa prevalência de
infecções transmissíveis por transfusão. Segundo os dados do MISAU- PNTS, as escolas fazem
parte destes locais, com a população de dadores de sangue que são na sua maioria jovens. Os
locais de colheita de sangue podem ser classificados: em locais fixos ou postos de colheita fixo
e ou postos de colheita móveis. Os Bancos de sangue que trabalham mais com dadores de
reposição colhem mais em postos de colheita fixos. Estes serviços atraem mais dadores de
sangue por encontrarem-se bem situados sendo mais fácil desenvolver um painel de dadores de
sangue voluntários.

1.1. Palestras

As palestras são campanhas educativas realizadas por profissionais ou indivíduos treinados na


matéria. Elas devem ser permanentes para contribuírem para a promoção da doação de sangue
voluntária, dando informações sobre quem deve e quem não deve doar sangue. Elas são
realizadas nas escolas, igrejas, quartéis e locais onde estejam pessoas que podem doar sangue,
devendo ser calendarizadas. Fazem parte de actividades principais das palestras as seguintes:

- Implementar uma unidade de serviço de transfusão de sangue, responsável pela


educação, motivação, recrutamento e retenção de dadores.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 56
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Preparar guiões de procedimentos operacionais padrão de acordo com os padrões do


PNTS.
- Criar um registo de dadores voluntários não remunerados.
- Identificar um profissional responsável pelo recrutamento de dadores.
- Eliminar sistemas de dadores familiares ou de reposição.
- Informar que a doação de sangue é voluntaria, devendo ser feita em cada 3 meses para
homens em 4 meses para mulheres.
As palestras bem-feitas promovem maior número de dadores de sangue. Contudo ha
necessidade de criacão de uma calendarização das palestras seguidas de doação de sangue.
Durante as palestras, os potenciais candidatos a doação devem ser explicados quais as unidades
ou locais de colheita mais próximas.

1.2. Arquivos de fichas de dadores de sangue

Os arquivos de fichas de dadores de sangue é um acto de garantia de qualidade de serviço do


banco de sangue. Pois este acto permite aos funcionários a criação de painéis de dadores dando
conhecimento quais os tipos dadores que doaram sangue, qual o estado serológico, quais os
grupos mais predominantes e mais raros. Como também ajuda a avaliar como o serviço
trabalha, se há retenção de dadores ou não.

1.3. Rotina de admissão

Todo o candidato à doação de sangue deve ter um registo no serviço de banco de sangue e
sempre que ele volta para doação o seu registo deve ser actualizado. Podendo ser impresso ou
ficar em arquivo electrónico.

2. SELECÇÃO DE DADORES DE SANGUE

2.1. Critérios de selecção de dadores de sangue

A doação de sangue é um acto voluntário não remunerado que envolve princípios médicos e
éticos de modo a proteger a saúde quer do dador assim como do receptor. Para garantir a
qualidade e a segurança transfusional de sangue, todas as etapas, desde a identificação,
selecção criteriosa dos dadores de sangue até à administração dos componentes sanguíneos,
devem ser executadas de acordo com os critérios de qualidade aceites internacionalmente pela
Associação Americana de Bancos de Sangue (AABB) e Organização Mundial de Saúde

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 57
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

(OMS). A observação dos dadores de sangue é realizada por um médico, enfermeiro ou


profissional de saúde com formação específica na selecção de dadores, em espaço
individualizado de modo a garantir a confidencialidade do acto médico. A comunicação entre
os profissionais de saúde e o candidato a doação deve ser harmoniosa para permitir com que o
candidato responda com clareza, sinceridade, responsabilidades e verdade às questões que lhe
são colocadas. As situações de suspensão, exclusão requerem uma informação e
encaminhamento correcto aos dadores, para que estes fiquem bem esclarecidos e não voltem a
efectuar nova doação noutro local.

Existem três documentos de suporte legal, que regulam os serviços de sangue a saber:

- Resolução WHA 28.72 da OMS de 1975 que recomenda a criação dos Serviços
Nacionais de Sangue.

- Resolução AFR/RC44/R12 da OMS -Afro de 1994 que renova o apelo aos estados
membros.

- Portaria n.º 325/77 de 11 de Agosto e Decreto 14/88 de 30 de Novembro que regulam as


actividades de doação de sangue em Moçambique.

Os dadores com problemas clínicos ou analíticos devem ser encaminhados ou referidos para
um profissional de saúde. A selecção criteriosa dos dadores de sangue e os testes analíticos
efectuados às unidades de sangue colhidas devem garantir a máxima segurança dos
componentes sanguíneos.

2.2. Critérios físicos para aceitação de dadores

Os critérios fiscos para aceitação de dadores incluem: a idade, o peso, a tensão arterial, o pulso
e também a hemoglobina.

 Idade
- Os dadores devem ter idade compreendida entre 16 a 65 anos
- Os dadores esporádicos podem continuar a doar sangue após 65 anos mediante
autorização dada anualmente pelo médico responsável.
 Peso
- O peso mínimo dos dadores é de 50kgs.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 58
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

 Tensão arterial
- A pressão arterial sistólica deve ser superior a 180mm de mercúrio e a diastólica não
deve ser superior a 100 mm de mercúrio.
 Pulso
- Pulso deve ser regular e estar entre 50 e 110 batimentos por minuto. Os candidatos
sujeitos a treino desportivo intenso e que tenham uma frequência cardíaca inferior
a 50 batimentos por minuto podem ser aceitáveis.
 Hemoglobina
- A concentração de HgB deve ser determinada no momento da doação, não devendo
ser inferior a 12.5 g/ 100 ml, relativamente as mulheres e a 13.5 g/ 100 ml aos
homens.

3. DADORES

Dador - aquele indivíduo que doa ou dá o seu sangue para transfusões (Eder, 2008). O processo
de identificação de dador é extremamente importante dado que este fornece: garantia,
segurança e qualidade transfusional e a sua informação permite recordar futuras doações, e
investigações, isto é, rastreabilidade. Para promover a doação e obter dadores voluntários de
baixo risco as campanhas de dadores precisam de ser elaboradas com acções que incentivam a
promoção de saúde, estilos de vida saudáveis e educação sexual. Esta acção visa ter resultados
fiáveis que permitem reduzir o número de bolsas descartadas devido a presença de marcadores
sorológicos para doenças transmissíveis pelo sangue.

3.1. Tipos de dadores de sangue

Na classificação da OMS, os dadores de sangue são classificados, em quatro grupos


voluntários: familiares ou de reposição, remunerados e autológos. Porém no contexto actual, no
nosso país, segundo o MISAU-PNTS (1997), existem três grupos principais de dadores de
sangue, sendo os seguintes:

a) Voluntários, Benevolentes ou não remunerados: Aqueles que doam o seu sangue de


forma gratuita e voluntária sem receber pagamento sob forma de remuneração ou substituto
monetário. Doação feita por pessoas motivadas para manter o estoque de sangue do serviço
de banco de sangue.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 59
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

b) Familiares ou de reposição: Aqueles que doam o seu sangue quando solicitados por um
membro da sua família ou da sua comunidade para atender as necessidades de um paciente.

c) Autológos: Aqueles que doam sangue para posteriormente servir a eles próprios.

EXEMPLO
Colher antes de uma cirurgia o sangue do paciente que vai ser operado.

3.2. Vantagens e desvantagens dos dadores de sangue

I. Vantagens

a) Dadores voluntários ou não remunerados


- Doam o seu sangue sem pressão (STRESS) e encontram-se nos padrões exigidos aos
dadores voluntários de baixo risco.
- Doam sangue regularmente, sendo importante para a manutenção do fornecimento
adequado de sangue.
- É mais provável que sejam isentos de infecções transmissíveis por transfusão, pois foram
educados sobre o respeito de segurança de sangue.
- São submetidos a uma triagem toda vez que doam sangue e respondem com emergência,
aos apelos pois, já assumiram um compromisso com a doação voluntária de sangue.
- Produção de células jovens diminui as reservas de ferro e oxidação dos lípidos
(arteriosclerose).
- Reduz o risco de entupimento das artérias do coração e do cérebro
- O acto de doar sangue, além de solidário é social.

b) Vantagens de dadores Autológos

- O sangue colhido fica armazenado na geleira até a véspera da operação no hospital onde
será feita a cirurgia.
- Com a doação autóloga, o paciente vai receber seu próprio sangue. Com isso não corre o
risco de uma eventual contaminação numa transfusão.
- A libertação das bolsas de sangue somente é feita para o respectivo dador e hospital onde
será realizada a cirurgia.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 60
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

c) Vantagens de dadores familiares ou repositores

- Ajudam a satisfazer as necessidade de sangue onde há falta de dadores voluntários


disponíveis,
- Podem tornar-se em dadores voluntários regulares, beneficiando no futuro aos pacientes.

II. Desvantagens

a) Dadores familiares ou repositores

- Doam sob stress devido a doença ou situação que se encontra o seu familiar.
- Há pressão sobre os membros da família em doarem, mesmo que seja inadequado para
este fim.
- Apesar de doarem o seu sangue, estes fazem parte de dadores de comportamento de
risco.
- A doacção de sangue pode ser prejudicial para este tipo de dador pelo facto de
encontrar-se sem critérios para doação e ocultação durante a triagem.

b) Dadores Remuneráveis

- Doam sangue com intenção ou intuito de receber alguma remuneração.


- Podem doar antes do tempo indicado.
- Podem doar sem critérios recomendados.
- Incorrem ao risco de prejudicar a saúde.

4. PROCEDIMENTOS DE DOAÇÃO DE SANGUE

4.1. Procedimentos prévios à doação de sangue

São considerados procedimentos prévios à doação de sangue, aqueles que a equipa de


atendimento dos dadores dá ou as vezes são escritas dando a perceber o que é doar sangue,
como o processo ocorre, os riscos e benefícios. Fazem parte, exemplos seguintes:

- Aconselhamento pré doação.


- Fazer avaliação preliminar do estado de saúde do dador (Pré-triagem).
- Fornecer informações a respeito dos factores de risco (Triagem).
- Avaliar o conhecimento dos dadores sobre os factores de risco.
- Explicar os procedimentos envolvidos na doação de sangue.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 61
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Respeitar as perguntas dos dadores, fornecendo tranquilidade em casos de ansiedade.


- Obter o consentimento escrito para a doação e aos procedimentos que poderão ser
utilizados.

4.2. Procedimentos de orientação prévios à doação de sangue

São usados já na sala de inquérito, isto é, perante o dador aparentemente saudável após uma
conversa e avaliação de sinais vitais. Se não tiver indicação de ter-se envolvido com pessoas
com comportamentos de risco, passa-se para a próxima etapa do processo de selecção que é a
levantar sua história médica. Nesta etapa um membro da equipa responsável pelo inquérito fará
perguntas ao dador a respeito da sua saúde. Sendo importante para a tomada de decisão para
doação. O que ajuda o dador à:
- Fornecer as informações necessárias para a decisão (se aceita-se ou não o dador
temporariamente ou se exclui-se permanentemente).
- Fornecer um registo permanente do estado de saúde do dador.
- Permite que a equipa avalie qualquer tipo de rejeição, temporária ou permanente.
(temporária exemplo: dador vacinado recentemente, ou estava a medicar).
- Permite que a equipaequipa impeça a doação do dador que compareceu, quando foi
previamente excluído ex: por causa da sua história médica ou comportamento de risco.
- Permite examinar as razões para as rejeições temporárias ou permanentes, permitindo
ao serviço monitorar a eficiência da sua educação sobre auto-exclusão ou auto-rejeição.
- Pode ser usado para proteger o serviço se o dador tiver um dano inesperado ou efeitos
colaterais pelo qual o serviço possa ser responsabilizado.

5. REGISTO

5.1. Tipos de registo

Para efeitos de selecção dos dadores de sangue, os bancos de sangue usam formulários e livros
de entrada de dadores. Os registos dos dadores contêm informações sobre os dadores, incluindo
detalhes pessoais, história médica, resultados de exames laboratoriais.

EXEMPLO
Ficha do dador, ficha de inquérito, livro de entrada do dador e formulário de
análise de colheita.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 62
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

O consentimento tem informações sobre os dadores, estes não devem ser revelados para outras
pessoas, tais como: familiares, colegas empregadas sem consentimento escrito do dador.

5.2. Natureza dos registos de dadores de sangue

Os registos dividem-se em dois grupos principais: essênciais e individual de inscrição do


dador (WHO/GPA/CNP/93.2B).

a) Registos essenciais de dadores: são os registos usados num posto de colheita de


sangue e podem ser:

1. Cartão individual de inscrição do dador/ história médica)


2. Registo das doações do dador
3. Formulário de análises de sangue
4. Registo de triagem dos dadores
5. Registo de painel de dadores voluntários
6. Registos de dadores com grupos raros
7. Registos de dadores inaptos
8. Registo de dadores temporários

b) Registo individual de inscrição do dador

Compreende a informação contida na ficha, no historial e no cartão de identificação do


dador. Fazem parte os seguintes dados:

- Dados pessoais
- Consentimento informado por escrito
- História médica
- Registo das condições básicas de sua saúde

5.3. Ficha de dadores de sangue

A maneira mas simples de levantar a história médica é preencher um questionário padrão do


histórico médico do dador todas as vezes que ele doa sangue. O uso de ficha do dador para
activar a informações sobre a história médica tem quatro vantagens:
- Ajuda a assegurar que a mesma informação seja obtida de forma padronizada para cada
dador.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 63
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Evita que a equipa dos técnicos de saúde dos serviços do banco de sangue que atendem ao
dador não esqueça de fazer perguntas importantes.
- Rememora à equipa dos técnicos de saúde dos serviços do banco de sangue que atendem o
dador para observar os sinais clínicos de doença, enquanto escuta o que o dador tem a dizer.
- Faz com que seja fácil para a equipaequipa dos técnicos de saúde do serviço de
atendimento do dador, possam rejeitar temporariamente ou permanentemente, pós todas as
informações relevantes são apresentadas em formato padrão.

6. TÉCNICAS DE REGISTO DOS DADORES DE SANGUE

Várias técnicas podem ser utilizadas nos bancos de sangue para o registo do dador como
mostra a figura 1 (nas imagens 1 e 2). Estas técnicas obedecem a natureza do tipo de dador de
sangue, a qualificação do respectivo serviço e os meios técnicos que possui. Sendo assim,
pode-se encontrar técnicas de registo como: o uso livros dos dadores (sistema manual) e
computador (automático).
As técnicas de registo dos candidatos a dadores de sangue usam fichas, livros padronizadas
previamente elaboradas. Nas técnicas de registo aos dadores de sangue são usados fichas de
dadores para voluntários e repositores.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 64
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

6.1. Formulários de consentimento do dador de sangue

O formulário de consentimento do dador, é um documento que contém a informação sobre os


critérios para doação de sangue (figura 2), a sua importância, os processos que ocorrem (testes
realizados). Em relação ao seu funcionamento, o dador após a leitura deve consentir se vai ou
não doar, mediante a sua assinatura. Este consentimento é entregue ao dador para ler e
consentir, pode ser preenchido pelo profissional de saúde (dadores que não sabem ler nem
escrever).

6.2. Informações sobre doação

A doação de sangue é um acto que carrega consigo valores, de salvar vidas. Os dadores de
sangue sempre assumem que estão de boa saúde e não não consideram a possibilidade de terem
problemas que lhes impeça de doar, sendo por isso necessário que se obtenha as seguintes
informações precisas sobre a doação:
Pré doação: Na fase pré doação os dadores recebem informações a respeito do processo e
procedimentos, a fim de identificar a sua conveniência como dador, e de se auto excluirem ou
auto rejeitarem, caso considerem-se inadequados para a doação.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 65
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Pós doação: Na fase pós doação, os dadores recebem informações de procedimentos que
deverão seguir para evitar que corram algum problema de saúde. Ex: não praticar desporto no
dia da doação, caso seja atleta, não carregar pesos. Os profissionais de saúde dos serviços do
banco de sangue devem recordar-se sempre de agradecer aos dadores pela boa vontade de
terem doado o seu sangue para salvar vidas.

Segurança do dador: Tanto na fase pré doação assim como na pós doação é necessário que
sejam observados medidas ou cuidados que possam proteger o dador nas diferentes etapas:
antes da doação, durante a doação e depois da doação.

6.3. Cuidados antes da doação

O dador de sangue deve ser explicado sobre os seguintes aspectos aquando da doação de
sangue:
- Os procedimentos ao serem realizados durante a colheita de sangue.
- Ter dormido durante as últimas 24 horas e ter ingerido álcool nas últimas 24 horas.
- Não ter ingerido um alimento pesado.
- Ter passado uma refeição na noite anterior à deslocação ao banco de sangue

6.4. Cuidados durante a doação

- Assegurar uma boa ventilação para o dador


- Velar pelo dador sobre possíveis reacções adversas, desmaios, transpiração, desconforto
pela zona do braço aonde foi colocado o garrote,
- Conversar sempre com o dador
- Não fazer barulho ou tocar música alta no local de doação

6.5. Cuidados pós doação

- O dador deverá permanecer no mínimo 20 minutos descansado. para que o corpo se


ajuste a perda de sangue.
- Durante este tempo deverá ser servido líquidos para repôr a perda do mesmo,
juntamente com um pequeno-almoço se possível.

- Manter o adesivo protector no local de punção venosa por 12 horas.


- Não consumir álcool em excesso antes da próxima refeição.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 66
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Em caso de vertigens deverá ser ajudado a se deitar, com pernas levantadas.


- Evitar exercícios árduos por 24 horas.
- Se o local de punção estiver a sangrar, deverão elevar seu braço e pressiona-lo até que o
sangramento pare.
o Caso continue deve entrar em contacto com o médico ou enfermeiro do banco de
sangue.
o Em casos de desmaios ou vertigens ou persistência dos sintomas deve entrar em
contacto imediato com o médico ou enfermeiro do banco de sangue.

Antes e pós doação o dador deve:

 Beber muitos líquidos do que o usual durante as 4 horas.


LEMBRA-TE

6.6. Exclusão de dadores

A rejeição temporária ou permanente dos dadores para doar sangue pode gerar ansiedade nos
mesmos.
Existem 6 fases que deverão ser seguidas quando não for possível aceitar o dador.
1. Explicar de maneira clara e gentil o motivo da sua rejeição, que podem ser os seguintes:
- Ao doar sangue, pode colocar a sua saúde em risco (ex: se tiver com anemia).
- O sangue doado pode ser perigoso para o receptor, por causa das condições clínicas do
dador, ou por causa do possível risco de agentes infecciosos no sangue doado (ex:
dador que diz ter tido contacto sexual sem protecção com alguém de risco).
2. Tranquilizar o candidato a dador de sangue, pois, o facto de não ser elegível pode coloca-
lo em pânico, achando que a sua condição clínica é má.
3. Explicar se a rejeição é temporária ou permanente.
4. Dar informações a respeito do local onde pode obter mais conselhos ou ajuda se
necessário.
5. Quando necessário, encaminha-lo à especialistas médicos ou psicológicos, afim de ser
seguido.
6. Sempre que possível, acompanhe-o você mesmo, a fim de assegura-lo que terá a
oportunidade de abordar qualquer tema que o inquieta.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 67
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

a) Exclusão temporária
EXEMPLO
Gravidez, aborto e prática de desporto perigoso.

b) Exclusão Permanente (alguns exemplos)

EXEMPLO
HIV, HBV, HCV, Epilepsia

6.7. Consulta médica (História Clínica)

A Figura 3 mostra o momento da recolha de dados sobre a história clínica, incluindo todas as
características comportamentais que podem contribuir para identificar e excluir pessoas cuja
doação apresente riscos para a sua própria saúde ou de outrém. Neste momento, devem ser
recolhidos dados através do questionário que obedece os critérios recomendados.

6.8. Monitoria da selecção dos dadores

As metas estabelecidas para o programa da selecção de dadores são geralmente muito ligadas
as metas para as campanhas de educação, motivação e recrutamento de dadores como se
seguem:

- Aumento de número de dadores voluntários não remunerados de baixo risco.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 68
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Aumento de número de dadores voluntários não remunerados que estejam dispostos a


doar sangue regularmente.
- Redução de números de dadores que tenham sido rejeitados temporariamente ou
permanentemente.
- Redução de número de doações que tenham sido rejeitadas, devido a testes reactivos
para infecções transmissíveis por transfusão.

7. CONFIDENCIALIDADE

A confidencialidade é uma parte vital de qualquer serviço profissional. A informação fornecida


pelo dador deve ser usada somente para auxiliar o serviço a assegurar o suprimento de sangue
seguro, e nunca deve ser revelada para qualquer outra pessoa sem consentimento do próprio.

7.1. Factores de risco para a transfusão

Durante o acto de avaliação de sinais vitais, é importante, explicar ao dador sobre os factores
de risco associados à transfusão, caso o dador seja de risco. Para a melhor percepção, o técnico
deve explicar os seguintes aspectos:
 O que é comportamento de risco.
 O que deve ser evitado para não se colocar em risco a unidade doada.
 No acto da triagem do dador, é necessário que este seja sensibilizado para a não doação,
caso saiba que faz parte de algum grupo de alto risco como:
o Usuário de drogas injectáveis,
o Trabalhadora de sexo,
o Homossexual,
o Tenha mantido sexo desprotegido com pessoa que não é parceiro sexual.
O profissional de saúde, nunca deve auto-assumir que o dador não precisa de explicações sobre
os riscos, por causa do elevado nível académico que este apresenta. Todos os prováveis dadores
independentemente do nível académico devem ser informados que ao fazerem a doação
equanto têem comportamento de risco estarão colocando em risco a pessoa que irá receber o
seu sangue. Pois, mesmo que o resultado seja negativo este poderá estar no período de janela.
Os dadores de sangue devem ser conscientizados que o acto de doação não visa prejudicar mas
sim salvar vidas. Figura 4.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 69
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

7.2. Aspectos essências para a retenção dos dadores

No processo de selecção e recrutamento dos dadores de sangue, não basta somente ter números
elevados de novos dadores, é importante que sejam garantir estratégias para a retenção de
dadores voluntários, não remunerados e dispostos a doarem sangue com frequência por forma a
garantir um estoque de sangue seguro.
É necessária a observância de algumas normas para que os dadores se sintam sempre
motivados em voltar após cada doação. Contudo, é preciso ter em mente os seguintes aspectos:
 Deve-se identificar dadores de baixo risco e providenciar incentivos para os de
reposição ou familiares.
 Sensibilizar os dadores de modo que eles próprios reconheçam que não podem doar
sangue quando tiverem algum problema de saúde.
 Promover campanhas de educação e motivação para incentivar as pessoas a perceberem
que quando doam sangue estão ajudando a comunidade, e não precisam de algo em
troca.
 Proporcionar padrões de cuidados aos dadores a fim de incentiva-los a doarem sangue.
 Manter registos precisos e acompanhar os dadores que deixam de aparecer, da mesma
forma, procurar saber os motivos da não comparência, e consequentemente empreender
acções para incentiva-los a retornarem.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 70
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

7.3. Referenciamento do dador de sangue

Os dadores de sangue são os clientes, são os fabricantes do precioso líquido, pois, sem eles não
haverá sangue nos bancos de sangue, consequentemente, os pacientes podem correr risco de
perder a vida por falta do mesmo.
Os serviços dos bancos de sangue jogam uma extrema responsabilidade no processo de colheita
e conservacao de sangue seguro, visto que, apesar das pessoas que procuram o banco de sangue
se auto-assumam como saudáveis, alguns precisam seguimento meédico. Em Moçambique os
bancos de sangue ainda não possuem pessoal suficiente para cuidar de todos casos de
inaptidão, quer por resultados reactivos, quer por sinais e sintomas que os dadores as vezes
apresentam.
Sendo assim, os dadores inaptos por falta de observação dos critérios de elegibilidade na
avaliação dos sinais vitais, devem ser referidos à um profissional de saúde (unidade sanitária)
para melhor seguimento. Neste caso, o banco de sangue apenas irá providenciar orientações
básicas. Em casos de inaptidão devido aos resultados laboratoriais (HIV, HBV e HCV), os
candidatos a dadores devem ser referidos à consulta de TARV, os com com resultado de RPR
positivo também devem ser referidos para as consultas de Infecões de Transmissão Sexual
(ITS).
Contudo, é necessário garantir o seguimento aos dadores de sangue pois estes serviram durante
muito tempo a salvar vidas.

RESUMO

Existem três tipos de dadores de sangue: voluntários, repositores e autológos. No processo de


selecção de dadores é necessário lembrar que o aconselhamento antes e depois da doação é
importante. No processo de pré - doação os dadores recebem orientações ou informações a
respeito dos procedimentos para permitir que eles mesmo possam decidir se podem ou não
doar. O profissional de saúde ou responsável pelo atendimento deve encorajar os dadores a
serem os próprios a decidirem sobre a possibilidade de doação, caso se encontrem numa
situação de problema de saúde, isso, evitaria que a sua unidade doada venha a contaminar o
doente mais tarde. Os registos de cada doação devem ser bem conservados, e a avaliação
deverá ser feita por uma equipa treinada e competente na matéria. Os dadores rejeitados quer
temporariamente ou definitivamente devem receber orientações dos profissionais sobre o
motivo da sua rejeição, se necessário, devem ser referidos para os serviços de aconselhamento

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 71
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

e seguimento. O sigilo profissional deverá ser mantido em todos processos e etapas durante a
selecção do dador. Os dadores deverão ser explicados sobre os cuidados a terem antes e após
doação de sangue. Os dadores que doam em troca de algo não podem fazer parte do banco de
sangue.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Actividades de ensino-aprendizagem

ACTIVIDADE nº 1
Duração 2h
Objectivos
- Identificar os possíveis dadores de sangue de acordo com os critérios de elegibilidade
para obtenção de sangue seguro.
- Identificar o material usado no acto de doação de sangue
- Listar os equipamentos usados para doação e colheita de sangue
- Descrever os principais cuidados para doação de sangue
Conteúdos de referência
- Material, equipamento usado no banco de sangue para doação e colheita de sangue
- Cuidados a ter na doação de sangue
- Importância da doação de sangue
Desenvolvimento da actividade por parte do estudante
A turma organiza-se em grupos de 6

- Preparação duma simulação onde um aluno organiza os equipamentos de protecção


individual e o resto da turma deverá:
o Detectar os erros cometidos
o Propor as medidas correctivas
o Valorizar a limpeza, ordem e seguimento das normas estabelecidas
o Cada um dos grupos deverá fazer uma exposição oral com os erros e as propostas
de melhoria.
Papel do professor no desenvolvimento da actividade

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 72
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

As actividades que o professor deve planejar e desenvolver na sala de aulas são:

- Estabelece os conhecimentos prévios dos alunos da turma.


- Expõe os conteúdos conceptuais necessários para o desenvolvimento das sessões
práticas.
- Resume os conceitos chave e faz perguntas para se assegurar que suas explicações
são claras.
- Prepara os planos das actividades práticas e os protocolos de actuação
- Explica os protocolos e mostra (fazendo), as práticas de doação de sangue
- Durante o desenvolvimento das práticas pelos alunos, o professor deve ver as técnicas
empregadas pelos alunos, corrigindo as suas falhas e dando as orientações necessárias
para sua correcção.
- No final da actividade o professor avalia o trabalho desenvolvido pelos alunos
aplicando os critérios de avaliação, faz a síntese e os estudantes acompanham
atentamente.
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Marcador, data show, papel gigante
- Material a usar
- Computador, vídeo data e impressora

Critérios de avaliação
- Organiza o material: materiais de registo, formulários utilizados para a doação de
sangue.
- Faz a avaliação dos registos e formulários de aceitação e rejeição de dadores.
- Explica os passos a serem seguidos na selecção de dadores.
- Verifica a aplicação das medidas de biossegurança.
- Verifica a referência dos dadores.
- Mantém sempre a ordem e a limpeza de seu lugar de trabalho.

CASO PRÁTICO

Caso prático
Título: Pré triagem
Elaborar proposta de encaminhamento de dadores

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 73
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Descrição
Planificação da situação

O um dador de sangue de 28 anos de sexo masculino que doa há mais de 5 anos, dirigiu-se ao
banco de sangue para efectuar a doação, após todas avaliações vitais e histórico clínico, o
profissional de saúde obteve os seguintes resultados:

- HgB: 10.5g/dl.
- TA: 120/70mmHg.
- Peso 50 kg, pulso normal.
Actividades que devem ser desenvolvidas pelos grupos de 4 estudantes

ACTIVIDADE 1: Fazer a verificação dos critérios usados no inquérito.


ACTIVIDADE: Analisar dos resultados do dador de sangue.
ACTIVIDADE 3: Descrever os procedimentos que o profissional de saúde deveria tomar em
relação ao dador.
ACTIVIDADE 4: validar os resultados das análises para aceitabilidade na doação.
ACTIVIDADE 5: Fazer a apresentação do trabalho do grupo.
Actividades a serem desenvolvidas pelo professor
- Forma grupos de 4 elementos.
- Explica os procedimentos da actividade.
- Acompanha as actividades do grupo.
- Analisa os trabalhos apresentados.
- Promove debate em plenária.
- Avalia a participação.
Recursos necessários
- Papel gigante
- Marcadores
- Quadro
- Apagador
- Computador
- Data show
- Laboratório Multidisciplinar

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 74
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

Bibliografia
1. Anomeliyaka, S.M. (2015). A doação de Sangue em Moçambique. 1ª Edição, Maputo -
Moçambique. AABB. (1999). Standards for Blood Banks and Transfusion Services.
19th edition.
2. AABB. (1999). Technical Manual – American Association of Blood Banks, 13th edition.
3. Assane A. A. (S/ a.e). Guião orientador na Indicação de Hemocomponentes. DNAM-
Programa Nacional de Transfusão de Sangue.
4. Eder F. (2008). Technical Manual. Blood Donation and Collection. 16 th edition, AABB
5. Gamma R, Erb B, Neuenschwander M, Pulver, Langa J, Wolff A. (1997). Manual de
Imunohematologia. Banco de Sangue do Hospital Central de Maputo. PNTS- MISAU.
6. Genovez G, (Coord) (2010). Guia prática para o uso de Hemocomponentes. (1ª edição).
SP. Brasil.
7. Manual de Orientações para Promoção da Doação Voluntária de Sangue, 1ª edição
Brasília, 2015.
8. OMS (WHO/GPA/CNP/93.2B). Sangue e Produtos Sanguíneos Seguro. Doação Segura
de Sangue. Módulo.1. Genebra.
9. Roback J, Combs M, Grossman B, Hillyer C. Technical Manual. 16 th edition, AABB.
10. Sakuma A, Ottoboni M, Sierra P, (Coord) (2011). Manual para Controlo de Qualidade
de Sangue Total e Hemocomponentes. (1ª edição). Brasil.
11. Samo Gudo, J. (2001). Normas sobre a Prática Clínica Transfusional em Moçambique.
Ministério de Saúde. DNS - PNTS.

SITES CONSULTADOS

1. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=componentes++sa
nguíneos%2c+processamento
2. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=producao%2c+ar
mazenamento+de+comonentes+sanguíneos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 75
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

3. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=PROCESSOS+D
E+CONTROLO+DE+QUALIDADE+NO+BANCO+DE+SANGUE+E+HEMOTERAP
IA
4. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=PROCESSO+DE
+IDENTIFICA%c3%87%c3%83O+E+SELEC%c3%87%c3%83O+DE+DADORES+E
+DOA%c3%87%c3%83O+DE+SANGUE+

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 76
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

UNIDADE DIDÁCTICA 3

PRODUÇÃO DE HEMOCOMPONENTES

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 77
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL _______________________________________________________ 80


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica _______________________________ 80
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 81
1. SANGUE E SEUS COMPONENTES_______________________________________ 81
2. DADOS IMUNOHEMATOLÓGICOS E DO DADOR _________________________ 82
2.1. Manutenção dos documentos ou registos _________________________________ 82
3. COMPONENTES DE SANGUE E DERIVADOS _____________________________ 83
3.1. Temperaturas de produção de cada tipo de componentes ____________________ 84
3.2. Viabilidade dos componentes de sangue _________________________________ 84
3.3. Aceitabilidade do sangue total para a produção ____________________________ 85
3.4. Propriedades _______________________________________________________ 85
4. SISTEMA DE COLHEITA DE SANGUE ___________________________________ 86
5. MÉTODOS DE PRODUÇÃO E CONSERVAÇÃO ____________________________ 87
5.1. Concentrado de hemácias (CH) ________________________________________ 87
5.2. Concentrado de plaquetas (CP) ________________________________________ 87
5.3. Métodos para obtenção de Concentrado de Plaquetas _______________________ 87
5.4. Plasma fresco congelado (PFC) ________________________________________ 88
5.5. O plasma isento de crioprecipitado (PIC)_________________________________ 88
5.6. O plasma de 24 horas (P24) ___________________________________________ 88
5.7. O Crioprecipitado (CRIO) ____________________________________________ 89
5.8. Concentrado de granulócitos (CG) ______________________________________ 89
6. PARÂMETROS PARA PRODUÇÃO DE COMPONENTES ____________________ 90
7. NOÇÕES DE EQUILÍBRIO DE PESOS ____________________________________ 91
8. VELOCIDADE versos CENTRIFUGAÇÃO _________________________________ 91
8.1. Programação Da Centrifuga ___________________________________________ 92
8.2. Técnicas Para Centrifugação __________________________________________ 93
8.3. Cálculo de medida de volume _________________________________________ 96
O peso dos componentes pode ser obtido, usando as equações 3 e 4. Seguindo os passos
seguintes: _________________________________________________________________ 96
8.4. Pesagem de sangue e componentes _____________________________________ 97
9. AVALIAÇÃO __________________________________________________________ 97
9.1. Conformidade Da Velocidade Pelo Velocímetro ___________________________ 97
9.2. Validação de Componentes ___________________________________________ 97

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 78
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

10. RESPONSABILIDADES NO PROCESSO DE VALIDAÇÃO _________________ 99


10.1. Profissionais da saúde de nível técnico _________________________________ 99
10.2. Profissionais da engenharia clínica ___________________________________ 100
11. EQUIPAMENTOS USADOS NA CONSERVAÇÃO E ARMAZENAMENTO ___ 100
11.1. Gestão de Reservas de Sangue e seus componentes ______________________ 101
11.2. Gestão de Pessoas ________________________________________________ 101
12. BIOSSEGURANÇA _________________________________________________ 101
12.1. Segurança contra riscos biológicos_____________________________________ 101
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD3 _______________________ 103
CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD3 _______________________________________ 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________________ 106

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 79
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

OBJECTIVO GERAL

Obter componentes e derivados de sangue de acordo com as normas estabelecidas e/ou POPs
para uso hospitalar.

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de:


- Descrever os conceitos e tipos de componentes, derivados e produto de sangue
- Identificar as velocidades, acelerações, temperatura e tempo de centrifugação para cada
componente a produzir
- Preencher com clareza os dados do dador e imuno- hematológicos
- Explicar o princípio de centrifugação para aplicação adequada na producção de
componentes
- Pesar e centrifugar as bolsas previamente separadas respeitando as especificidades da
produção de cada tipo de componente
- Pesar e registar os componentes produzidos nos suportes estabelecidos
- Explicar os procedimentos de validação dos componentes produzidos seguindo os
procedimentos estabelecidos
- Reconhecer o sistema de gestão de reservas de sangue e seus componentes
- Descrever os critérios de diferenciação dos componentes válidos dos inválidos
- Explicar as técnicas de conservação e armazenamento aplicáveis aos diferentes
componentes de sangue.
- Armazenar os componentes segundo as condições correspondentes de conservação
depois de reverificar a identificação das bolsas.
- Aplicar as técnicas seguindo os protocolos de higiene, biossegurança e prevenção de
riscos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 80
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

INTRODUÇÃO

O uso de sangue e seus componentes é uma prática cara, que necessita e utiliza tecnologias de
ponta e recursos humanos altamente especializados, e tem seu fornecimento diretamente
relacionado à doação voluntária. Tais particularidades, tornam indispensável a racionalização
na utilização dos componentes, considerando sempre a segurança do dador, do receptor e a
disponibilidade de acesso. Nesta unidade o estudante terá a oportunidade de lidar com
diferentes métodos de obtenção de componentes ou hemocomponentes usados nos bancos de
sangue, bem como as normas estabelecidas para sua produção, conservação, tipos de
equipamentos, cuidados a ter, visto que, o não respeito das normas para a produção dos
componentes pode colocar em risco a vida do paciente, que irá receber produtos de baixa
qualidade, como também o risco para o técnico caso não conheça o funcionamento correcto do
equipamento.

1. SANGUE E SEUS COMPONENTES

DEFINIÇÃO Componentes: produtos gerados um a um nos serviços de banco de sangue, a


partir do sangue total, por meio de processos físicos de centrifugação,
congelamento (Genovez, 2010): CGV, PFC, CP), ou preparações que podem
ser obtidos a partir do sangue total através de métodos físicos ou mecânicos”,
diferenciando-os de fracções do sangue, os quais são separadas por meios
químicos (AABB,1999).
Em seguida serão definidos conceitos fundamentais relacionados ao tema segundo Genovez
(2010), tais como: Hemácias, Plasma, Plaquetas, Crioprecipitado, Derivados de sangue ou
Hemoderivados, Aférese, bem como as normas dos bancos de sangue.

Hemácias: São conhecidas como glóbulos vermelhos que apresentam um alto teor de
hemoglobina, uma proteína avermelhada que contém ferro.
Plasma: É a parte líquida do sangue, de coloração amarela palha, composto por água (90%),
proteínas e sais. Através dele circulam por todo o organismo as substâncias nutritivas
necessárias à vida das células. Essas substâncias são: proteínas, enzimas, harmónios, factores
de coagulação, imunoglobulina e albumina. O plasma representa aproximadamente 55% do
volume de sangue circulante.
Plaquetas: São pequenas células que tomam parte no processo de coagulação sanguínea
agindo nos sangramentos (hemorragias).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 81
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Crioprecipitado: É uma fonte concentrada de algumas proteínas plasmáticas que são


insolúveis a temperatura de 1°C a 6°C.

Derivados de sangue ou Hemoderivados: São produtos obtidos em escala industrial, a partir


do fracionamento do plasma por processos físico – químicos.

Aférese: É um procedimento caracterizado pela retirada do sangue do dador, seguida da


separação de seus componentes por um equipamento próprio, retenção da porção do sangue
que se deseja retirar na máquina e devolução dos outros componentes ao dador (ABB e OMS).

a) Plasmaferese,
b) Plaquetaferese
c) Aférese de células vermelhas.
Normas dos bancos de sangue: São requisitos estabelecidos pela Associação Americana dos
Bancos de Sangue (AABB) e por outros paises a nivel internacional para melhorar a segurança
e eficácia de colheita, processamento dos componentes e a transfusão de sangue.

2. DADOS IMUNOHEMATOLÓGICOS E DO DADOR

Os dados de identificação do dador são fundamentais, os formulários de dadores/ cartões,


devem ser preenchidos a caneta na mesma altura em que a actividade é realizada. Os dados de
identificação permitem:

- Identificação da fonte do componente do sangue deve-se ter em conta em doações


futuras, por essa razão, deve-se ser feito por profissionais qualificados.

- Rastreamento da unidade de sangue.

Os dados podem ser: dados pessoais, ex: nome, morada, idade, sexo, proveniência,
naturalidade, residência), e imunohematológicos ex: grupo sanguíneo sistema ABO e Rh,
anticorpos irregulares).

2.1. Manutenção dos documentos ou registos

Toda a documentação e outras notas no registo devem ser: exactas, legível, indeléveis que
possam identificar cada pessoa que participa no processo.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 82
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Os documentos devem ser conservados em forma de papel ou em formato electrónico. Os


dados ou registos no banco de sangue devem ser mantidos durante 10 anos no mínimo e num
local de acesso limitado.

ATENÇÃO Os dados são registos médicos legais e permanentes. Nunca devem ser
rasurados nem corrigidos.

A produção de componentes também pode ocorrer pelo processo de


sedimentação (repouso da bolsa de sangue ST).

3. COMPONENTES DE SANGUE E DERIVADOS

O processo de fracionamento de componentes pode ser obtido a partir da colheita de sangue


total e aférese (Genovez, 2010), com finalidade de atender as solicitações médicas para o
tratamento de doenças utilizando componentes sanguíneos. Este processamento permite a
obtenção de diferentes tipos de componentes. Contudo os métodos físicos ou mecânicos e
congelamento continuam sendo os mais aplicados para a obtenção do Concentrado Hemácias
(CH), Plasma Rico em Plaquetas (PRP), Concentrado de Plaquetas (CP), Plasma Fresco
Congelado (PFC) de 8 ou 24 horas e Crioprecipitado (CRIO). Os hemoderivados como,
Albumina, as globulinas, factores da coagulação (Factor VII, Factor VIII, Factor IX) são
obtidos pelo método industrial, a partir do fraccionamento do plasma por processos físico
químicos. (figura 1).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 83
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Em função das diferentes densidades e tamanhos das células sanguíneas, o processo de


centrifugação possibilita a separação do sangue total em camadas, sendo que as hemácias ficam
depositadas no fundo da bolsa. Acima delas forma-se o buffy coat (camada leucoplaquetária).
Acima do buffy coat fica a camada de plasma que contém plaquetas dispersas.

3.1. Temperaturas de produção de cada tipo de componentes

Para a obtenção de cada tipo componente sanguíneo é necessário ter em conta as temperaturas
no qual estes serão armazenados. Os componentes como, concentrados de hemácias,
concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado são obtidos a partir de uma centrifugação
(AABB,1999), usando um aparelho refrigerado com temperaturas ajustadas de 22ºC. No fim da
produção, cada componente é armazenado em temperaturas recomendadas segundo os
procedimentos operacionais padronizados (PoPs).

3.2. Viabilidade dos componentes de sangue

As soluções anticoagulantes/ ou preservadoras e soluções aditivas são utilizadas para a


conservação dos produtos sanguíneos, pois impedem a coagulação e mantêm a viabilidade das
células do sangue durante o armazenamento das hemácias em 4 ± 2°C. (OMS). Fazem parte
das soluções anticoagulantes e preservadoras as seguintes: CPDA-1, ACD, CP2D, CPD e
SAG-M.

Tendo em conta a composição das soluções anticoagulantes preservadoras, a data de validade


para a preservação do sangue total e concentrados de hemácias pode variar. O sangue total

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 84
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

colhido em solução CPDA-1 (ácido cítrico, citrato de sódio, fosfato de sódio, dextrose e
adenina) tem validade de 35 dias a partir da data de colheita e de 21 dias quando colhido em
ACD (ácido cítrico, citrato de sódio, dextrose), CPD (ácido cítrico, citrato de sódio, fosfato de
sódio, dextrose), CP2D (citrato, fosfato e dextrose-dextrose) e 42, quando colhidos com SAG-
M (soro fisiológico, adenina, glicose e manitol) (MISAU-PNTS, 1997).

3.3. Aceitabilidade do sangue total para a produção


Sangue total (ST) é o sangue colhido sem nenhuma modificação ou processamento, utilizando
um sistema de bolsas plásticas, estéreis, apirogênicas e com solução anticoagulante-
preservante. Após a colheita, o sangue total deverá repousar por aproximadamente 2 (duas)
horas à temperatura entre 20º C a 24º C, ou deverá ser mantido sob placas frias de butanodiol
(elemento de resfriamento) para posterior processamento. Nos números 3 e 4 são apresentadas
bolsas de sangue total em repouso.

3.4. Propriedades
O sangue total mantém suas propriedades por um período de tempo limitado. Actualmente
existem poucas indicações de transfusão de sangue total, porém o ST, não necessita de
processamento para a transfusão. O mesmo deve estar armazenado em condições proprias. A
figura 3 indica as duas diferentes formas de repousar o sangue.

Figura 3: Sangue total em repouso (1), Bolsas em repouso em placas de butanodiol (2).
Fonte: Sakuma A, (Coord) (2001). Manual para Controlo de Qualidade de Sangue Total e
Hemocomponentes. (1ª edição).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 85
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

4. SISTEMA DE COLHEITA DE SANGUE

Os sistemas de colheita de sangue incluem: um saco de colheita primário e sacos satélites. O


saco primário contém uma
solução de anticoagulante/ de
preservação e o saco satélites
adicionais, presos ao saco
primário por tubos utilizados
para processar o sangue em
diferentes componentes
consoante a necessidade.

Sacos

- Alguns sistemas de colheita, saco satélite pode conter uma solução aditiva especial a ser
acrescentada as células vermelhas depois do plasma ter sido removido.

Sacos de colheita de sangue

- Aqueles usados para a colheita de sangue, com a bolsa principal de 500mL, volumes
entre 63 - 70mL de
anticoagulante, com um
seguimento que na parte
terminal possui uma agulha.
Conforme apresentado na
figura 4.

Sacos de transferência

- Sacos que não apresentam


anticoagulantes, usados para
transferência de hemácias até
300mL para transfusões pediatricas. Como ilustra a figura 5.

ATENÇÃO Antes de o sangue ser colhido, o sistema de colheita de sangue deve ser
inspecionado procurando: líquido na superfície do saco, manchas ou
descoloração da etiqueta, orifícios, selos defeituosos e ligações com fugas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 86
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

5. MÉTODOS DE PRODUÇÃO E CONSERVAÇÃO

5.1. Concentrado de hemácias (CH)

Obtido por meio da centrifugação de uma bolsa de sangue total (ST) e da remoção da maior
parte do plasma. O seu volume varia entre 225mL - 350mL. Assim como o ST, o concentrado
de hemácias deve ser mantido entre 2°C e 6°C e sua validade varia entre 35 e 42 dias,
dependendo da solução conservadora. Os CH podem ser desleucócitados com a utilização de
filtros para leucócitos ou desplamatizados pela técnica de lavagem com solução salina
fisiológica preferencialmente em sistema fechado.

5.2. Concentrado de plaquetas (CP)

Obtido a partir de uma unidade individual de sangue total (sacos triplos) ou por aférese, colhido
de dador único. Cada unidade de CP unitário contém volume de 40 - 70mL de plasma, as
unidades por aférese contém 200 - 300mL de plasma (correspondente de 6 à 8 unidades de CP
unitários).

5.3. Métodos para obtenção de Concentrado de Plaquetas

Para o CP, dois métodos diferentes são utilizados para a sua obtenção pela centrifugação de
sangue total.

- O primeiro consiste na centrifugação do sangue em duas etapas. Na primeira etapa, é


feita uma centrifugação
leve, em que se obtém o
plasma rico em
plaquetas (PRP). este
plasma é novamente
centrifugado, desta vez
em alta rotação, para a
obtenção do
concentrado de
plaquetas (CP). Como
ilustra a figura 6.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 87
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Na segunda etapa o método baseia-se na extração do buffy coat, ou camada


leucoplaquetária, com ajuda de extratores automatizados ou manuais de plasma.

- Para o método de bolsas top and bottom, o sangue total é submetido à centrifugação,
visando à separação da camada leucoplaquetária. O plasma sobrenadante é transferido
para uma bolsa-satélite, pela saída superior (top) da bolsa e o concentrado de hemácias
é extraído pela saída inferior (bottom) da bolsa. A camada leucoplaquetária permanece
na bolsa original.

5.4. Plasma fresco congelado (PFC)

Consiste na porção acelular do sangue obtida por centrifugação a partir de uma unidade de
sangue total e transferência em circuito fechado para uma bolsa satélite. Pode ser obtido
também a partir do processamento em equipamentos automáticos de aférese, é completamente
congelado até 8 horas após a colheita e mantido entre 18°C a 25°C negativos. Quando
armazenado a estas temperaturas a sua validade é de 12 meses. Se congelado a temperaturas
inferiores a 18°C negativos sua validade é de 24 meses.

A unidade de plasma deve apresentar volume superior a 180mL, quando utilizado para fins
transfusionais, não devem conter anticorpos eritrocitários irregulares de importância clínica
(MISAU-PNTS, 1997). O congelamento permite a preservação dos factores da coagulação,
fibrinólise e complemento, além de albumina, globulinas, outras proteínas e sais minerais, e
mantém constantes suas propriedades.

5.5. O plasma isento de crioprecipitado (PIC)

Componente a partir do qual foi retirado, em sistema fechado, o crioprecipitado. Deve ser
armazenado à temperatura mínima, 18°C negativos, sendo, porém, recomendada a temperatura
igual ou inferior a 25°C negativos, sua validade é a mesma do PFC e seu volume aproximado
de 150mL - 200mL.

5.6. O plasma de 24 horas (P24)

Componente separado do sangue total por centrifugação entre 8 e 24 horas após a colheita e
congelado completamente, no máximo em uma hora, atingindo temperaturas inferiores a 30°C
negativos. A temperatura de armazenamento recomendada 25°C negativos, sua validade é a

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 88
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

mesma do PFC e seu volume aproximado de 200 à 250mL. O plasma apresenta uma redução
variável de alguns factores da coagulação em relação ao PFC, principalmente factores V e VIII.

5.7. O Crioprecipitado (CRIO)

Uma fonte concentrada de algumas proteínas plasmáticas que são insolúveis à temperatura de
1°C a 6°C. É preparado descongelando-se uma unidade de plasma fresco congelado à
temperatura de 1°C a 6°C (Sakuma, 2011). Depois de descongelado, o plasma sobrenadante é
removido deixando-se na bolsa a proteína precipitada e 10-15mL deste plasma. Este material
deve ser recongelado no período de 1 hora e tem validade de 1 ano.

5.8. Concentrado de granulócitos (CG)

Componentes obtidos por aférese de único dador, por meio de máquinas separadoras de
células, de fluxo contínuo ou descontínuo, cujo rendimento de colheita pode ser melhorado
pela utilização de dadores estimulados com a administração de factor estimulador de colônias
de granulócitos (G-CSF) e corticosteróides. Cada concentrado deve conter um volume final
inferior a 500ml, (geralmente 200-300ml) incluindo anticoagulante, plasma e também resíduo
do agente hemossedimentante utilizado no procedimento de colheita. Como a função dos
granulócitos se deteriora mesmo durante curto armazenamento, os CG devem ser transfundidos
assim que possível após a colheita, seu armazenamento deve ser em temperatura entre 20°C e
24°C, em repouso no máximo 24 horas. Para transporte deste hemocomponente, recomenda-se
o uso de recipientes próprios, com produto refrigerante comercial que assegure a manutenção
desta temperatura. A tabela 1, mostra a temperaturas de armazenamento de componentes.

Tabela 1: Temperaturas de armazenamento dos componentes

Temperatura de
Componente Formas de obtenção Características físicas
armazenamento
Centrifugação do
Concentrado sangue total (ST), Eritrócitos e pequena
2°C a 6°C.
de hemácias removendo-se o quantidade de plasma. Volume
(CH) plasma da massa aproximado: 225 à 350 ml.
eritrocitária da bolsa.
Centrifugação de uma
CP obtida de ST:Volume
Concentrado unidade de sangue 22 ± 2°C, sob
aproximado 40ml à 70ml CP.
de plaquetas total ou por aférese de agitação
Por aférese:Volume
(CP). dador único. constante.
aproximado: 200ml a 300ml.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 89
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Centrifugação do
Plasma sangue total e Rico em factores de coagulação
fresco congelado (V, VII e IX) e fibrinogênio: 18°C à 25°C
congelado completamente até 8 Volume aproximado:> 180ml. negativos.
(PFC). horas depois da
colheita do sangue.
Depletado de FVIII,
Plasma
fibrinogênio e multímeros de
isento do Plasma do qual foi
alto peso molecular de Fator de
crioprecipita retirado, em sistema 18°C à 25°C
von Willebrand, com
do (PIC).* fechado, o negativos.
metaloproteínase responsável
crioprecipitado
por sua metabolização.
Volume: 150ml a 200ml.
Plasma separado a
partir de 1 unidade de
Plasma de
sangue total por
24 horas
centrifugação, entre
(P24). Apresenta redução variável de
8h e 24 horas após a
18°C factores V e VIII, em relação ao
colheita, e congelado
negativos. PFC. Volume aproximado: 18°C à 25°C
completamente, no
Recomendad 200ml à 250ml. negativos.
máximo em uma hora,
a 25°C
atingindo
negativos ou
temperaturas iguais ou
inferio
inferiores à 30°C
negativos.
Glicoproteínas de alto peso
Fração de plasma molecular como de Fator VIII,
Crioprecipit
insolúvel em frio, Fator VIII:vWF (Fator von
ado 18° a 25°C
obtida a partir do Willebrand), fibrinogênio, Fator
(CRIO).* negativos.
PFC. XIII e fibronectina. Volume
aproximado: 15ml.
Deve conter granulócitos.
Concentrado Contém outros leucócitos,
de Aférese de dador plaquetas e cerca de 20ml à
granulócitos único. 50ml de hemácias. Volume 20°C à 24°C,
(CG). * aproximado: 220ml. Em
repouso no máximo 24 horas.
*Componentes não disponiveis nos bancos de sangue de Mocambique actualmente.

Fonte: Adaptado pelos autores.

6. PARÂMETROS PARA PRODUÇÃO DE COMPONENTES

Na Tabela 2, estão descritos os valores médios de densidade do sangue total e dos


hemocomponentes. Estes valores foram calculados após avaliação e pesagem dos
hemocomponentes. Lembrar que os valores de referência da densidade da célula (constituinte
do sangue) e nas bolsas de componentes elas estão diluídas em plasma e solução conservante.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 90
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Tabela 2. Parâmetros de aceitabilidade do sangue e seus componentes

Componentes Volume (mL) Densidade (g/mL)


Sangue total (ST) 450±50 1,053
CGV 270±50 1,070
CP 80 – 100 1,030
PFC ≥170 1,020
Crioprecipitado 10 – 30 1,030
Fonte: Adaptado pelos autores.

ATENÇÃO A densidade para concentrado de hemácias com SAG-Manitol é 1,060. O


critério de aceitação para análise visual, deve ser estabelecido pelo serviço de
hemoterapia. O parâmetro de aceitação para o tempo de colheita vai até 15
minutos, sendo o volume de 405 à 495 mL.

7. NOÇÕES DE EQUILÍBRIO DE PESOS

Um corpo está em equilíbrio quando a resultante das forças que nele atua for nula. O peso é
uma grandeza vectorial, apresentando intensidade, direcção e sentido. A direcção é a linha que
passa pelos centros do objecto e do corpo massivo, e o sentido é o que aponta para o centro de
massa do corpo responsável pela atracção.

É expresso por: P = m.g

- Onde: g é a aceleração gravitacional no ponto do espaço onde encontra-se o objecto de


massa m. A aceleração g pode ser calculada mediante a expressão:

G = F/m = GM/R2

- Onde: M é a massa do corpo responsável pela aceleração e R é a distância entre o ponto


externo do corpo e o centro de massa deste corpo.

8. VELOCIDADE versus CENTRIFUGAÇÃO

A centrifugação: separação mecânica de componentes sanguíneas. A força centrífuga


(expressa como "g" ou RCF) gerada é proporcional à velocidade de rotação do rotor (rotações

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 91
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

por minuto - RPM) e à distância entre o centro para fora (Fuga do centro da circunferência
osciladora a circunferência que tangencia a curva num dado ponto). A Tabela 3, ilustra os
programas para centrifugação.

O seu módulo de força centrífuga é dado pela fórmula (1)

Onde: Fc - Força centrífuga


m - Massa
v - Velocidade escalar do corpo no ponto P (fórmula 2)
R - Raio da circunferência osciladora pelo ponto P (fórmula 2)

Fórmula (2)

De acordo com o resultado já conhecido, podemos escrever (fórmula 3):

Onde: acp - Aceleração centrípeta

ATENÇÃO Para programas de centrifugação, como as de centrifugas de marca Criofuge


5500i, a velocidade usada podem atinger 3400 RPM, como uma aceleração de 9
m/s2.

8.1. Programação da Centrífuga

A centrifugação é um processo de
separação em que uma amostra fluida é
submetida a um aparelho centrifugador
ou centrífuga a fim de se promover a
separação dos componentes via
sedimentação dos líquidos imiscíveis de
diferentes densidades. A produção de
componentes, inicia com a rótulagem dos
sacos (número de saco e do dador),
colheita, a identificação do sistema ABO
e Rh nas fichas dos dadores, a pesagem
das bolsas de sangue dois a dois usando uma balança digital para garantir equilíbrio dinâmicos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 92
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Como ilustra a figura 7. Os programas de centrifugação (tabela 3) para as diferentes fases de


obtenção de componentes de sangue, devem obedecer o seguinte:

1. É preciso ter em conta que deve-se processar apenas as unidades de sangue total
(ST) que tenham sido colhidas há mais de 4 (quatro) horas e conservadas entre 20º
C e 24º C (em condições controladas) durante este período.

2. Pesagem de todos componentes (unidades de sangue total – ST) antes de


Centrifugação.

Tabela 3: Programação de Centrífuga para produção de componentes de sangue (Centrifuga


modelo Criofuge 5500i)

1ª Fase: método de PRP- Centrifugação do ST para obtenção de CH e PRP


Nr do Aceleração Travão RPM Tempo: min:ss Temperatura (ºC)
Programa
1 7 5 2560 5:50 22
2ª Fase: método de PRP- Centrifugação do ST para obtenção de CP e PPP
Nr do Aceleração Travão RPM Tempo: min:ss Temperatura (ºC)
Programa
2 7 5 3400 14:00 22
3 ª Fase: Separação sem preparação de CP - Centrifugação do ST para obtenção de CH e
PPP
Nr do Aceleração Travão RPM Tempo: min:ss Temperatura (ºC)
Programa
3 3 9 3400 7:00 22º C
Fonte: CRNS-2015.

8.2. Técnicas Para Centrifugação

Procedimentos para obtenção dos componentes

- Os programas de centrifugação para as diferentes fases de obtenção de componentes de


sangue, podem ser:

Método PRP (Centrifugação do ST para obtenção de CH e PPP).

 Ligar o equipamento

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 93
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

1. Pesar e arrumar as unidades de ST nos copos da centrífuga de acordo com o método


estabelecido como adequado (evite deixar tubulações salientes além do limite superior
dos copos.

2. Equilibrar as unidades de sangue dois à dois (devidamente identificadas, nr de saco e do


dador, data de colheita, grupo sanguíneo, tipo de saco e dadiva, com letra legível tinta
indelével).

3. Colocar os copos equilibrados em posições diametralmente opostas no rotor da


centrífuga. (Copos previamente limpos e desinfectadas).

4. Centrifugar o ST no programa adequado para obter CP e PRP. Ver tabela 3

5. Utilizar um extrator de plasma transferir o PRP para o saco satelite vazio e clampar a
tubuladura, deixando no saco primário cerca de 2 dedos de altura de plasma.

6. Selar a tubuladura que sai do saco primário para saco satélite (deixar cumprimento
suficiente para obtenção de amostra para controlo de qualidade do CH).

7. Colocar os CH num frigorífico de quarentena entre 2º C e 6º C.

LEMBRA-TE - Sempre que for manusear os produtos deverá usar EPI e EPC
- Certificar sempre que os componentes estão identificados
correctamente
- Não deve abrir a centrífuga antes de parar.
- Não coloque na centrífuga sangue sem pesar
- No fim garantir que os componentes foram armazenados
correctamente segundo as normas estabelecidas.
Método PRP (Centrifugação do ST para obtenção de CP e PPP).

 Com a centrífuga ligada

1. Pesar e arrumar as unidades de PRP nos copos da centrífuga de acordo com o método
estabelecido como adequado (evite deixar tubulações salientes além do limite superior
dos copos.

2. Equilibrar as unidades de sangue dois à dois (devidamente identificadas, nr de saco e do


dador, data de colheita, grupo sanguíneo, tipo de saco e dadiva, com letra legível tinta
indelével).

3. Colocar os copos equilibrados em posições diametralmente opostas no rotor da


centrifiga. (Copos previamente limpos e desinfectadas).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 94
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

4. Centrifugar o PRP no programa adequado para obter CP e PPP. Ver tabela 3

5. Utilizar um extractor de plasma transferir o PPP para o saco satelite e clampar a


tubuladura quando restarem cerca de 60mL de plasma no saco do CP

6. Utilizar uma balança digital verificar se o volume de CP é de aproximadamente 60ml. Se


necessário acertar o volume adicionando ou retirando plasma ao CP

7. Selar a tubuladura entre os sacos (Deve deixar cumprimento suficiente para obtenção de
amostra para controlo de qualidade do CP e do PPP).

8. Colocar os CP numa bancada com rótulos voltados para baixo e deixar repousar 1 hora.

9. Colocar os CP no agitador de plaquetas (Trombomix) entre 20º C e 24º C, no fim deste


tempo,

LEMBRA-TE - Sempre que manusear os produtos deverá usar EPI e EPC


- Certificar sempre que os componentes estão identificados
correctamente
- Não deve abrir a centrífuga antes de parar.
- Não colocar na centrífuga sangue sem pesar
- No fim garantir que os componentes foram armazenados
correctamente segundo as normas estabelecidas
- Registar todos produtos nos respectivos protocolos (conformes e
não conformes).
Separação sem preparação de CP (do ST para Obtenção de CE e PPP).

 Ligado o equipamento

1. Pesar e arrumar as unidades de ST nos copos da centrífuga de acordo com o método


estabelecido como adequado (evite deixar tubulações salientes além do limite superior
dos copos.

2. Equilibrar as unidades de sangue dois à dois (devidamente identificadas, número de


saco e do dador, data de colheita, grupo sanguíneo, tipo de saco e dadiva, com letra
legível).

3. Colocar os copos equilibrados em posicoes diametralmente opostas no rotor da


centrifiga. (Copos previamente limpos e desinfectadas).

4. Centrifugar o ST no programa adequado para obter CH e PPP. Ver tabela 3

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 95
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

5. Utilizar um extrator de plasma transferir o PPP para o saco satelite e clampar a


tubuladura.

6. Utilizar uma balança digital verificar se o volume de CH.

7. Selar a tubuladura entre os sacos (Deve deixar cumprimento suficiente para obtenção de
amostra para controlo de qualidade do CH e do PPP.

8. Colocar os CH na geleira entre 2ºC e 6º C.


LEMBRA-TE Sempre que manusear os produtos deverá usar EPI e EPC
Certificar sempre que os componentes estão identificados correctamente
Não deve abrir a centrífuga antes de parar.
Não coloque na centrífuga sangue sem pesar
No fim garantir que os componentes foram armazenados correctamente
segundo as normas estabelecidas
Registar todos produtos nos respectivos protocolos (conformes e não
conformes).

8.3. Cálculo de medida de volume

O peso dos componentes pode ser obtido, usando as equações 3 e 4. Seguindo os passos
seguintes:

a) Para obter o peso líquido do concentrado de hemácias (mCH) em gramas, equação


3.
Procedimento
- 1º: Pesar uma bolsa vazia (sem anticoagulante) idêntica à bolsa-mãe de concentrado de
hemácias e registar a massa (mb).
- 2º: Pesar a bolsa de concentrado de hemácias e registar a massa (mbCH).
Equação 3: mCH = mbCH - mb
Onde:
mCH – Peso líquido do concentrado de hemácias (g)
mb – massa da bolsa (g) sem anticoagulante
mbCH – massa da bolsa com o concentrado de hemácias (g).
b) Para o cálculo do volume do concentrado de hemácias (VCH) em mL, equação 4.
Procedimento
- Densidade média do concentrado de hemácias – 1,060 g/mL (SAG-manitol) e 1,070
g/mL (CPDA-1).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 96
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Peso líquido do concentrado de hemácias (em gramas).


Equação 4: VCH= mCH/dCH
Onde:
VCH: Volume do concentrado de hemácias (mL)
mCH : Peso líquido do concentrado de hemácias (g)
dCH : Densidade do concentrado de hemácias (g/mL)

8.4. Pesagem de sangue e componentes

A pesagem de sangue e seus componentes permite avaliar se o sangue ou componente obedece


os padrões. Todos os componentes antes da produção devem: ser pesados, registados os seus
respectivos pesos e os componentes produzidos deve ser pesado, registados e rotulado.
ATENÇÃO
Componentes não pesados não devem ser liberados para uso e nem rotulados.

9. AVALIAÇÃO

9.1. Conformidade da velocidade pelo velocímetro

Um velocímetro é um instrumento de medida da velocidade instantânea de um corpo em


movimento. A avaliação da conformidade da velocidade, deve ser feita pelas entidades
competente, como os técnicos da electromedicina.

9.2. Validação de componentes

Diferenciação dos componentes válidos dos inválidos

A unidade de sangue é um recipiente de 450mL com um volume de 300 à 405 mL de sangue


total. As unidades de baixo volume devem ser rotuladas como unidade de baixo volume, e
usado apenas o CGVs. As condições de produção dos componentes podem considerar
componentes válidos (conformes) e inválidos (não conforme).
Os componentes válidos: são aqueles que, respeitaram os procedimentos de produção, tempo
de centrifugação, volume e temperaturas de conservação, segundo os procedimentos
estabelecidos pela OMS. O que poderá permitir que mantenham as características vitais.
Inválidos: aqueles que não respeitaram os procedimentos de obtenção ou que tenha
indicadores que não permita que seja consumido, segundo os procedimentos estabelecidos pela

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 97
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

OMS (Baixo peso, PFC, CP com eritrocitos, bolsa sem identificação, má conservação). Como
ilustra a figura 8.

Validação dos componentes produzidos

A validação é o acto documentado que atesta que qualquer procedimento, processo, actividade,
método analítico ou sistema esteja realmente conduzindo aos resultados esperados e atende às
especificações e aos atributos de qualidade pré- determinados, permite identificar e corrigir
problemas antes que os mesmos comprometam a segurança, a eficácia e a qualidade dos
produtos ou serviços. Compreende a qualificação dos equipamentos e instalações, a calibração
dos instrumentos de medição e ensaios, a descrição do processo, protocolo e relatório de
validação/revalidação, procedimentos estabelecidos, treinamento dos operadores e
monitoramento do processo. Tabela 4.

Tabela 4: Validação do processo de produção de componentes, adaptado, (Sakuma, 2011)

PROCESSO: Fracionamento do sangue, armazenamento e distribuição de


hemocomponentes
Validação/
EQUIPAMENTO ou Revalidaçã
Actividad INSTRUMENTO CRÍTICO o do
e (envolvido no subprocess
subprocesso/atividade) o
Monitoramen Conferên produtivo
Qualificaç to cia
ão/
Identificaç Certificaçã Calibraç
ão o do ão
equipamen
to

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 98
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

1% da
Relatório
produção ou
de
Produção Centrífugas 10 unidades
Validação
de CH, CP refrigerado Conform por mês (o
dos novos
, PRP, ras e que for
hemocomp
PPP, PFC Qualificaç Program maior, para Inspeção
onentes
e Crio ão antes a de CHs e CPs). visual a
Extratoras do uso Gestão 1% da cada
automática de produção ou etapa
s Equipam 4 unidades
entos por mês (o
que for
Seladoras
maior, para
Plasmas).
Conform
Qualificaç e
Câmara
Armazena ão antes Program Monitoramen
Fria e
mento de do uso e a de to automático
refrigerado
Hemocom Qualificaç Gestão da
res e
ponentes ão térmica de temperatura
freezer
anual Equipam
entos
Fonte: Adaptado pelos Autores.

10. RESPONSABILIDADES NO PROCESSO DE VALIDAÇÃO

A definição de responsabilidades num processo é extremamente importante, ela faz parte de


um padrão de garantia de qualidade. No acto de desenvolvimento de uma actividade sempre há
necessidade de saber, quem irá fazer o quê, como, em casos de avaria de um equimento, quais
os procedimentos a ter em conta, quais documentos que deverão ser preenchidos e elaborados.
Como também quem poderá monitorar o processo, com intuito de que dentro do sistema tudo
corra bem salvaguardando-se os interesses dos clientes. Para melhor operacionalização das
actividades há que ter em conta os níveis de profissionais e suas capacidades.

10.1. Profissionais da saúde de nível técnico

- Supervisionar e compilar os dados obtidos no processo de validação.


- Definir parâmetros. libertação dos resultados dos parâmetros realizados conforme.
- Receber as bolsas de sangue total do Núcleo de Colheita.
- Processar o sangue total: centrifugar, extrair, identificar e armazenar os
hemocomponentes.
- Realizar os testes de controlo de qualidade de hemocomponentes, conforme as normas
estabelecidas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 99
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

10.2. Profissionais da engenharia clínica

- Instalação das centrífugas.


- Elaboração de relatório de Qualificação de Instalação (QI).
- Elaboração de relatório de Qualificação Operacional (QO).
Rotulagem dos componentes

A rotulagem de sangue e seus componentes, trás informação importante para o pessoal que
administra o sangue/ componente e também permite que a sua natureza seja conhecida. O
rótulo tem informações como: o tipo de componente, o grupo sanguíneo ABO/Rh, o volume,
data de colheita e de expiração, o número de saco de dador, assinatura do técnico que
processou e a unidade onde foi colhido.

ATENÇÃO - Nenhuma unidade deve ser processada ou utilizada se não estiver


rotulada.

11. EQUIPAMENTOS USADOS NA CONSERVAÇÃO E ARMAZENAMENTO

A conservação de sangue e seus componentes, é um dos elementos chaves para a garantia de


qualidade dos produtos. Os equipamentos utilizados em banco de sangue podem ser
classificados em diferentes categorias, como: colheita, armazenamento, análise e acessórios. Há
necessidade de manter a sua finalidade e não devendo apresentar qualquer perigo para os
profissionais.

- Equipamentos para conservação: cestos metálicos, colmans.


- Equipamentos para Armazenamento: Trombomix (CP, PRP), Congeladores a 20º C
(PFC, PPP, Crioprecipitado), Geleiras 2 à 8º C, (ST, CGV).
ATENÇÃO - A manutenção periódica e a calibração são recomendadas devendo ser
documentadas de acordo com procedimentos estabelecidos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 100
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

11.1. Gestão de reservas de sangue e seus componentes

Não há como falar de gestão de reserva, quando não há reserva, daí que há necessidade de
definir. A reserva de sangue poder ser considerada como sangue doado com todos testes
negativos e pronto para uso, portanto, conservado para atender alguma enventualidade de
carácter urgente. Na gestão de reservas, os gestores de bancos de sangue devem conhecer a
quantidade de sangue que pode ser considerado de reserva segura e os grupos mais procurados.
O responsável pelo preenchimento das fichas de reserva deve diariamente fazer o levantamento
das unidades consumidas, e das que devem ser restituidas, não deixando de verificar as datas
validade. Esta activdade deve ser feita em coordenação com a direcção, o que irá ajudar a
definição de estratégias para a reposição ou garantia de reservas que permite o pleno
funcionamento. O plano de gestão de reservas de sangue deve ser feito todos os dias e enviado
ao director da instituição.

11.2. Gestão de Pessoas

- Efectuar treinamento inicial e periódico dos funcionários.

- Descrever as actividades e responsabilidades de todos os funcionários.

- Avaliar competências.

- Manter plano de educação continuada.

12. BIOSSEGURANÇA

12.1. Segurança contra riscos biológicos

- As áreas de trabalho devem estar limpas e livres de obstruções.


- As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas após derramamento de
materiais perigosos e no final do dia de trabalho.
- Os materiais pérfuro-cortantes (agulhas, lancetas, vidraria quebrada, outros) devem
ser descartados em recipientes destinados para este fim. Jamais reencapar, entortar
ou cortar agulhas.
- Todos os procedimentos no laboratório devem ser executados de forma a evitar
formação de aerossóis e gotículas.
- Sempre fazer uso de equipamentos de proteção individual (EPI).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 101
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Ter disponibilidade de equipamentos de protecção colectiva (EPC), por exemplo,


cabine de segurança biológica classe II, conforme legislação vigente.
- Não armazenar alimentos ou alimentar-se nos ambientes laboratoriais.
ATENÇÃO - Por questões de segurança, com todo material biológico, controles,
soros e anti-soros, deve proceder-se como potencialmente contaminados,
mesmo que não haja referência específica sobre os riscos em tais
materiais.
- Por questões de segurança todos os fluidos corporais são contaminados
com sangue infeccioso, devem ser manipulados com precaução universal
(Usar EPI e EPC).

RESUMO

A medicina transfusional actual utiliza os componentes sanguíneos clinicamente indicados para


tratar a deficiência específica que o paciente apresenta, isto é, concentrado de hemácias,
concentrado de plaquetas, concentrado de granulócitos e plasma. O conhecimento e
organização dos bancos de sangue modernos permitem esta prática. No entanto, muitos
desafios têm sido lançados para os serviços de bancos de sangue, uma vez que nem todos os
serviços possuem condições ou equipamentos para a produção de componentes. No processo
de produção de componentes três componentes são destacados: concentrados de hemácias,
concentrados de plaquetas e plasma, estes componentes podem ser obtidos por dois métodos,
automático e manual. No método automático usa-se equipamentos automáticos como a
centrífuga, e no manual necessita-se que o sangue total seja deixado repousar ou sedimentar
sem aplicação de qualquer força para posterior separação.

No método manual só obtém-se o plasma, não sendo possível obtenção de plaquetas. Para a
preparação de componentes devem ser respeitados vários factores. O equipamento que será
usado, conhecimento da técnica, as temperaturas da sua conservação, e a aplicação de medidas
de biossegurança. No método automático os componentes sanguíneos são obtidos a partir da
centrifugação do sangue total. As unidades antes do seu processamento são pesadas e após
fraccionamento rótuladas.
Durante a conservação das unidades dever-se-á respeitar a temperatura. Os componentes como
sangue total, concentrado de hemácias, devem ser conservadas a temperatura de 2 a 6º C. O
plasma fresco e o crioprecipitado deve ser armazenado a temperaturas 18º C negativo e o

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 102
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

plasma rico em plaquetas e o concentrado de plaquetas a temperatura de 22º C positivo.


Dependendo do anticoagulante usado o unidade de sangue e seus componentes podem ter a
validade mínima de 21 dias e máxima de 42 dias. Os hemodirivados são produzidos
industrialmente. O armazenamento deve respeitar os equipamentos próprios. Os componentes
produzidos sem observação dos padrões devem ser rótulados como não conformes e
descartados.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 1
Duração 2h
Objectivos
- Identificar os procedimentos e técnicas para obtenção de componentes e derivados de
sangue para uso hospitalar.
- Identificar o material para produção de componentes de sangue
- Listar os equipamentos usados para produção de componentes de sangue
- Descrever os PoPs para produção de componentes de sangue
Conteúdos de referência
- Procedimentos e técnicas para obtenção componentes e derivados de sangue para uso
hospitalar.
- Material usado para produção de componentes no banco de sangue.
- Equipamento usado para produção de componentes no banco de sangue.
- Importância da produção de componentes de sangue.
Desenvolvimento da actividade por parte do estudante
Dividir a turma em grupos de 5 (6 elementos cada).

- Preparação duma simulação onde um aluno deve descrever os componentes e


derivados de sangue de acordo com as normas estabelecidas e/ou POPs para uso
hospitalar.
- Descrever tipos de materiais necessarios para para produção de componentes
(grupos).
- Explicar o funcionamento de Centrífugas
- Demonstrar os processos de pesagem de sangue usando balança digital
- Demonstrar o uso de EPI (Simulação)

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 103
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Separar os componentes usando extractores de plasma (processo manual


- Identificar os equipamentos usados para conservação (rotular, transportar e
armazenar)
- Cada grupo deve fazer uma demonstração, os cuidados a ter em cada etapa.
Papel do professor no desenvolvimento da actividade
As actividades que o professor deve planificar e desenvolver na sala de aulas são:

- Estabelece os conhecimentos prévios dos alunos da turma.


- Expõe os conteúdos conceptuais necessários para o desenvolvimento das sessões
práticas.
- Resume os conceitos chave e faz perguntas para se assegurar que suas explicações
são claras.
- Prepara os planos das actividades práticas e os protocolos de actuação
- Explica os protocolos e mostra fazendo ele, as prácticas de produção de sangue.
- Durante o desenvolvimento das práticas pelos alunos, o professor deve ver as técnicas
empregadas pelos alunos, corrigindo as suas falhas e dando as orientações necessárias
para sua correção.
- A final da actividade o professor avalia o trabalho desenvolvido pelos alunos
aplicando os critérios de avaliação, faz a síntese e os estudantes acompanham
atentamente.
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório do Banco de sangue
- Material / equipamentos: Marcador, sacos de colheita, fichas de dados, papel gigante,
rótulos de sangue, EPI e EPC, Centrifugas, balança, geleiras, congeladores,
trombomix, extractor de plasma, tesouras, Livros de registo
Critérios de avaliação
- Organiza o material e equipamentos: materiais de registo, equipamentos para
separação, formulários, utilizados para pesagem do sangue.
- Faz a avaliação dos registos PoPs utilizados na produção de componentes.
- Explica os passos a ser seguidos na produção de componentes de sangue.
- Verifica a aplicação das medidas de biossegurança.
- Verifica a qualidade das unidades de sangue produzidas.
- Mantém sempre a ordem e a limpeza de seu local de trabalho.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 104
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

CASO PRÁTICO

Caso prático
Título Obtenção de Componentes de sangue a partir de Sangue total
Descrever como obter Componentes de sangue a partir de Sangue total
Descrição
Planeamento da situação

Um técnico de laboratório afecto no Banco de sangue do Hospital Provincial de Nampula, no


sector de produção de componentes, precisava de preparar plasma fresco congelado e
plaquetas. Cinco (5) dadores de sangue já haviam doado sangue.

Actividades que devem ser desenvolvidas pelos grupos de 6 estudante

ACTIVIDADE 1: Fazer a verificação dos registos das unidades de sangue.


ACTIVIDADE 2: Avaliar a qualidade das unidades de sangue.
ACTIVIDADE 3: Descrever os materiais, equipamentos a serem utilizados na produção de
componentes.
ACTIVIDADE 4: Descrever os passos e procedimentos para a produção de componentes.
ACTIVIDADE 5: Fazer a apresentação do trabalho do grupo.

Actividades a desenvolver pelo professor


- Forma grupos de 6 elementos.
- Explica os procedimentos da actividade.
- Acompanha as actividades do grupo.
- Analisa os trabalhos apresentados.
- Promove debate em plenária.
- Avalia a participação.
Recursos necessários
- Papel gigante
- Marcadores
- Quadro
- Apagador
- Computador
- Data show
- Laboratório Multidisciplinar

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 105
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografia

1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2007), Hemovigilância: manual técnico para


investigação das reacções transfusinais imediatas e Tardias não infecciosas.Brasília.
2. Gamma R, Erb B, Neuenschwander M, Pulver, Langa J, Wolff A. (1997). Manual de
Imunohematologia. Banco de Sangue do Hospital Central de Maputo. PNTS- MISAU.
3. Genovez G, (Coord) ( 2010). Guia pratica para o uso de Hemocomponentes. (1ª edição).
SP. Brasil.
4. MARIM, Luiz Roberto. (2003). Livraria da Física: Olimpiada Paulista de Fisica:
Ensino Fundamental. s/ed. s/l. .
5. OMS (WHO/GPA/CNP/93.2B)). Sangue e Produtos Sanguíneos Seguro. Doação de
Segura de Sangue. Mod1. Genebras.
6. Roback J, Combs M, Grossman B, Hillyer C. Technical Manual. 16 th edition, AABB
7. Sakuma A, Ottoboni M, Sierra P, (Coord) (2011). Manual para Controlo de Qualidade
de Sangue Total e Hemocomponentes. ( 1ª edição). Brasil.
8. Steca P, A. (2004). Guia Prático. Técnicas de Controle de Qualidade de
Hemocomponentes. 1ª edição. Brasil.

SITES CONSULTADOS

1. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=componentes++s
anguíneos%2c+processamento.
2. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=producao%2c+ar
mazenamento+de+comonentes+sanguíneos.
3. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=PRODU%c3%8
7%c3%83O+DE+HEMOCOMPONENTES

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 106
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

4. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=centrifugacao%2
c+peso%2c+volume

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 107
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

UNIDADE DIDÁCTICA 4

ANÁLISES IMUNO-HEMATOLÓGICAS

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 108
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ______________________________________________________ 111


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica ______________________________ 111
INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 112
1. BANCO DE SANGUE E HEMOTERAPIA _________________________________ 113
2. SISTEMAS DE ANTIGÉNIOS SANGUÍNEOS: ERITROCITÁRIOS, LEUCOCITÁRIO,
PLAQUETÁRIOS _________________________________________________________ 115
2.1. Aspectos Genéticos_________________________________________________ 115
2.2. Sistema ABO: Generalidades _________________________________________ 115
2.3. A Classificação Sanguínea ___________________________________________ 116
2.4. Determinação dos grupos sanguíneos___________________________________ 117
2.5. Procedimento técnico de determinação dos grupos sanguíneos sistema ABO ___ 118
2.6. Procedimento técnico para classificação sanguínea ABO ___________________ 118
2.7. Procedimento técnico para a determinação de Isoaglutininas (Prova Reversa) ___ 119
3. SUBGRUPOS DE ABO ________________________________________________ 120
4. NOÇÕES SOBRE HEREDITARIEDADE __________________________________ 122
4.1. Isohemolisinas ____________________________________________________ 122
5. DETERMINAÇÃO DE GRUPOS SANGUÍNEOS, SISTEMA RHESUS (RH) _____ 123
5.1. Antigénio D ______________________________________________________ 124
5.2. Variações do antigénio Rh0 (D) -D fraco ________________________________ 125
5.3. D fraco Genético ___________________________________________________ 126
5.4. Determinação de D fraco ____________________________________________ 126
6. SISTEMAS DOS ERITRÓCITOS CONHECIDOS ___________________________ 126
6.1. Outros sistemas sanguíneos __________________________________________ 127
6.2. Grupo do Tipo Bombay _____________________________________________ 127
6.3. Sistema MNSs ____________________________________________________ 127
7. ERROS QUE PODEM OCORRER NA DETERMINAÇÃO DE GRUPOS
SANGUÍNEOS ___________________________________________________________ 128
7.1. Discrepância do grupo I _____________________________________________ 129
7.2. Resolução de discrepâncias comuns do grupo I ___________________________ 129
7.3. Discrepâncias do grupo II ____________________________________________ 129
7.4. Resolução de discrepâncias comuns do grupo II __________________________ 129
7.5. Discrepância do grupo III ____________________________________________ 130

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 109
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

7.6. Resolução de discrepâncias comuns do grupo III _________________________ 130


7.7. Discrepância do grupo IV ____________________________________________ 130
7.8. Resolução de discrepâncias comuns do grupo IV _________________________ 130
8. ANTI-IMUNOGLOBOLINAS HUMANAS ________________________________ 130
8.1. Teste de Coombs Directo ou teste de Antiglobulina direta(TAD) _____________ 130
8.1. Teste de Coombs Indirecto ___________________________________________ 132
9. PROVAS DE COMPATIBILIDADE _______________________________________ 133
9.1. Procedimentos Necessários para Prova de Compatibilidade _________________ 133
9.2. Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) _______________________________ 134
10. REACÇÕES TRANSFUSIONAIS ______________________________________ 135
10.1. Classificação das Reacções _________________________________________ 135
10.2. Possíveis esquemas de transfusões no sistema ABO _____________________ 136
11. BENEFÍCIOS CLÍNICOS E RISCOS DE TRANSFUSÃO DE SANGUE E GESTÃO
DO SANGUE PREPARADO ________________________________________________ 137
11.1. Benefícios Clínicos _______________________________________________ 137
11.2. Riscos de transfusão de sangue ______________________________________ 137
11.3. Gestão Hospitalar De Sangue Preparado ______________________________ 138
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD4 _______________________ 140
CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD4 _______________________________________ 142
REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICAS_________________________________________ 143

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 110
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

OBJECTIVO GERAL

Aplicar técnicas imuno-hemátologicas do banco de sangue de acordo com as normas


estabelecidas e/ ou POPs com vista a prevenir incompatibilidades.

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de:


- Definir os conceitos relacionadas as técnicas imuno-hematológicas: antigénio e
anticorpo, complemento, hemólise, sensibilização de eritrócitos e realço antigénio-
anticorpo.
- Descrever as substâncias de base do sistema ABO, os antigénios e os anticorpos do
sistema ABO.
- Verificar a correspondência de dados e critérios de aceitabilidade entre a requisição do
doente e a respectiva amostra.
- Preparar suspensões de eritrócitos A, B e O para uso na determinação de isoaglutininas.
- Determinar os grupos sanguíneos para os sistemas ABO e Rhesus de acordo com os
POPs.
- Preencher formulários para o registo dos grupos sanguíneos
- Descrever os processos envolvidos nas provas de compatibilidade para prevenir
reacções transfusionais
- Aplicar as técnicas de compatibilidade de sangue.
- Realizar as técnicas de preparação do pool de eritrócitos e os testes de Coombs direito e
indireito para auxiliar o diagnóstico clínico.
- Descrever os erros mais importantes que podem ocorrer na determinação das provas no
banco de sangue e hemoterapia.
- Validar os resultados obtidos de acordo aos parâmetros estabelecidos.
- Aplicar as técnicas seguindo os protocolos de higiene, biossegurança e prevenção de
riscos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 111
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

INTRODUÇÃO

A imuno-hematologia constitui uma especialidade dentro da imunologia, a sua inclusão de


forma mais específica na formação de técnicos de laboratório é de grande relevância para os
laboratórios clínicos e para a medicina transfusional, um segmento da hemoterapia. A imuno-
hematologia é o estudo dos antígenos presentes nas hemácias (eritrócitos), dos anticorpos a eles
correspondentes e de seu significado clínico. A descoberta dos primeiros grupos sanguíneos A,
B e O, em 1901, pelo médico austríaco Karl Landsteiner, foi o marco entre a era empírica e a
era científica na história da hemoterapia. Nesta unidade o estudante terá a oportunidade de lidar
com diferentes materiais, equipamento e reagentes usados no laboratório de Imunohematologia,
bem como os cuidados a ter com o mesmo tendo em conta que o material é muito sensível,
muito caro, e as vezes difícil de obter no mercado.
A presente unidade está dividida em doze grandes capítulos a destacar:
– No primeiro capítulo será irá abordar tópicos relacionados com o banco de sangue e
hemoterapia, onde focar-se-á na hemoterapia e na imuno-hematologia.
– O segundo capítulo aborda os sistemas de antigénios sanguíneos: eritrocitários,
leucocitário, plaquetários, aspectos genéticos, sistema ABO generalidades, a
classificação sanguínea.
– No terceiro capítulo abordará sobre os subgrupos de ABO.
– No quarto capítulo focar-se-á na temática sobre as noções básicas de hereditariedade.
– O quinto capítulo será dedicado ao estudo da determinação do grupo sanguíneo, com
destaque para antigénio D, D Fraco genético e a determinação de D Fraco.
– O sexto capítulo irá abordar os sistemas dos eritrócitos conhecidos, com destaque
também para outros sistemas conhecidos, grupo do tipo Bombay e o sistema MN.
– Para o sétimo capítulo focar-se-á nos erros que podem ocorrer na determinação de
grupos sanguíneos com destaque para a discrepância do grupo I, da resolução de
discrepâncias comuns do grupo I entre outros.
– O oitavo capítulo abordará a temática sobre anti-imunoglobinas humanas com destaque
para o teste de Coombs directo e indirecto.
– No nono capítulo falar-se-á das provas de compatibilidade com destaque para os
procedimentos necessários para as provas e a pesquisa anti-corpos irregulares.
– O décimo capítulo será dedicado ao estudo das reacções transfusionais com enfoque na
classificação imediata e tardia.
– O décimo primeiro capítulo será sobre os possíveis esquemas de transfusão no sistema
ABO.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 112
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

– E por fim, no capítulo doze será para a abordagem dos benefícios clínicos e riscos da
transfusão de sangue e também sobre a gestão hospitalar de sangue preparado.

1. BANCO DE SANGUE E HEMOTERAPIA

DEFINIÇÃO
Banco de sangue: é a empresa que presta serviços de hemoterapia e
imunohematologia. (MISAU-PNTS, 1997).

A Hemoterapia: compreendem as transfusões de sangue total e seus componentes, como


concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, concentrado de granulócitos, plasma
fresco congela do e crioprecipitado.

A Imuno-hematologia: é o estudo dos antígenos presentes nas hemácias ou eritrócitos (células


vermelhas do sangue), dos anticorpos correspondentes e de seu significado clínico, através da
determinação de grupos sanguíneos, provas de compatibilidade pré-transfusionais, Coombs e
pesquisa e identificação de anticorpos irregulares.

DEFINIÇÃO Antigénios: são um conjunto de substâncias de diferentes tipos químicos


dotados da capacidade de estimularem o sistema imunitário de um animal á
produção de uma resposta especificamente dirigida á substância indutora.
(WEIR, 1998).

Anticorpo (Ac), chamados também de imunoglobulinas (Ig)


ou gamaglobulinas: são glicoproteínas sintetizadas e excretadas por
células plasmáticas derivadas dos linfócitos B, os plasmócitos, presentes
no plasma, tecidos e secreções, em resposta a um antigénio, com qual reage
especificamente. (WEIR, 1998).

EXEMPLO Molécula de uma bactéria, vírus, fungos, helminto, toxinas ou messmo


componentes inofensivos como alimentos, pólen, ou células de outro
organismo que sejam identificados como uma ameaça.

IgA, IgD, IgE, IgM, IgG.

O Sistema Complemento: é composto por proteínas de membrana plasmática e solúveis


no sangue que participam das defesas inatas (natural) e adquiridas (adaptativa). Essas proteínas

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 113
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

reagem entre elas para opsonizar os patógenos e induzir uma série de respostas inflamatórias
que auxiliam no combate à infecção.

Ligação- Reacção do complemento: reacção de um antigénio com o seu anticorpo.


Reacção in-vitro: reacção que ocorre fora do corpo, no tubo de ensaio durante as pesquisas no
Laboratório.
Reacção in-vivo: reacção que ocorre no organismo, o próprio corpo provoca a reacção sem
influência externa.

Hemólise: é uma destruição das hemácias (glóbulos vermelhos) por rompimento da membrana
plasmática, resultando na libertação de hemoglobina. (MISAU-PNTS, 1997).

Sensibilização de eritrócitos:
estimula a combinação dos antigénios
eritrocitários com os respectivos
anticorpos.

Reacção antigénio-anticorpo: a
molécula do anticorpo possui o
formato de um Y, sendo que nos
‘braços” do Y que encontram-se as
regiões variáveis, específicas para um
determinado antigénio, onde ocorre a
ligação entre eles. Conforme afigura
2.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 114
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

2. SISTEMAS DE ANTIGÉNIOS SANGUÍNEOS: ERITROCITÁRIOS,


LEUCOCITÁRIO, PLAQUETÁRIOS

2.1. Aspectos Genéticos

DEFINIÇÃO
Genes: são os factores que determinam a forma ou função de uma ou várias
características dos seres vivos.

A teoria para herança dos grupos sanguíneos ABO foi descrita inicialmente por Bernstein, em
1924, ele demonstrou que cada indivíduo herda um gene ABO de cada um dos pais e que esses
dois genes determinam os antigénios presentes na membrana das hemácias do indivíduo
herdado. Os grupos sanguíneos são determinados pelos antigénios expressos na superfície das
hemácias dos indivíduos. Estes antigénios são a expressão dos genes herdados da geração
anterior. Quando um antigénio está presente, isto significa que o indivíduo herdou o gene de
um ou de ambos os pais, e que este gene poderá ser transmitido para a próxima geração. Os
Genes A e B são dominantes sobre o gene O, e o Fenótipo A pode, derivar tanto do Genótipo
AO, como o AA, da mesma forma, o Fenótipo B pode ser proveniente dos genótipos BO ou
BB. A tabela 1, mostra as possíveis combinações dos genes e os grupos sanguíneos resultantes.
Tabela 1: Combinações dos genes e os grupos sanguíneos resultantes
Genótipo Grupo sanguíneo (Fenótipo)
AA A
AO A
BB B
BO B
AB AB
OO O

2.2. Sistema ABO: Generalidades

O Sistema ABO foi o primeiro dos grupos sanguíneos descobertos (1900 - 1901) no início
do século XX, pelo cientista austríaco Karl Landsteiner. Fazendo reagir amostras de sangue de
diversas pessoas, ele isolou os glóbulos vermelhos (hemácias) e fez diferentes combinações
entre plasma e hemácias, tendo como resultado a presença de aglutinação dos glóbulos em
alguns casos, e sua ausência em outros. Assim, Landsteiner classificou os seres humanos em
três grupos sanguíneos: A, B e O, e explicou porque algumas pessoas morriam depois de
transfusões de sangue e outras não. Landsteiner não previu o grupo AB, mais raro, o qual foi

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 115
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

descoberto quando, em 1902, seus colaboradores von Decastello e Sturli o encontraram e


descreveram. A descrição do sistema Rh foi posterior (1940), por Landsteiner e Wiener.
Tabela 2: Percentagem de grupos sanguíneos em Moçambique
Grupos Percentagem
A 24%
B 15%
AB 2%
O 59%
Fonte: (MISAU, PNTS)

Os antigénios das hemácias que determinam os grupos sanguíneos são codificados pelos genes,
e a transmissão da informação genética, dá-se de acordo com a lei de hereditariedade do
Mendel.
EXEMPLO
AO x BB

Ꝗ A O
B AB BO
B AB BO
Fenótipo Grupo AB Grupo B

Isto, leva-nos a concluir que, na hereditariedade do sistema ABO, os grupos A e B são


dominantes sobre O e, o grupo A1 é dominante sobre o grupo A2.

2.3. A Classificação Sanguínea

DEFINIÇÃO Aglutinogênios: são antigénios encontrados na superfície das hemácias e são


responsáveis pela determinação do fenótipo sanguíneo. (DENISE, S/a).

As Aglutininas ou anticorpos: são proteínas encontradas no plasma


sanguíneo que é produzido em resposta a um aglutinogênio específico.
(DENISE, S/a).

No sistema ABO, são encontrados dois tipos de antigénios na superfície das hemácias. Estes
são, os antigénios A e B.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 116
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Os indivíduos que apresentam antigénios A na superfície das hemácias são


considerados como sendo do grupo A.
- Os indíviduos que apresentam antigénios B na superfície das hemácias são
considerados como sendo do grupo B.
- Os indíviduos que apresentam os dois antigénios (A e B) na superfície das hemácias
são considerados como sendo do grupo AB.
- Os indíviduos que não apresentam antigénios na superfície das hemácias são
considerados como sendo do grupo O.
- Os indíviduos que apresentam antigénios A na superfície das hemácias, têm no seu
plasma, as aglutininas anti-B.
- Os indíviduos que apresentam antigénios B na superfície das hemácias, têm no seu
plasma, as aglutininas anti-A.
- Os indíviduos que apresentam os dois antigénios (A e B) na superfície das hemácias,
não apresentam as aglutininas no seu plasma.
- Os indíviduos que não apresentam os dois antigénios (A e B) na superfície das
hemácias, apresentam no seu plasma as aglutininas anti –AB (tabela 3 ).
- Em média, os indivíduos têm os anticorpos A e B no soro, a partir dos seis meses de
idade. Os anticorpos do sistema ABO, chamam-se ISOAGLUTININAS.

Tabela 3: Antígenos e aglutininas do sistema ABO

Tipo sanguíneo Aglutinogênio nas hemácias Aglutininas no plasma


A A Anti-B
B B Anti-A
AB A, B -
O - Anti-A, B
Fonte: Adptado pelos Autores

2.4. Determinação dos grupos sanguíneos

A determinação do grupo sanguíneo deste sistema é feita usando dois tipos de testes.

1. Através da identificação da presença de antigénios nos eritrócitos, usando reactivos


contendo anticorpos conhecidos (anti-A, anti-B, anti-A e B). Esta é a chamada
classificação ou tipagem directa.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 117
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

2. Através da identificação da presença de anticorpos no soro/plasma usando reactivos


contendo antigénios conhecidos (hemácias A e hemácias B). Esta é a classificação ou
tipagem reversa.

2.5. Procedimento técnico de determinação dos grupos sanguíneos sistema


ABO

a) Material e Reagentes

- Tubos de hemólise, Anti-soros, soro fisiológico. aglutinoscópio.

b) Preparação da Suspensão

1. Identificar um tubo de hemólise com o número proveniente na amostra.


2. Colocar 3 gotas de Eritrócitos no tubo.
3. Colocar ¾ ou 9 partes de soro fisiológico no mesmo tubo.
4. Homogeneizar e centrifugar a 3400 rpm por 1 minuto (60 High).
5. Desprezar o sobrenadante (soro) e repetir mais 02 vezes os itens 03 e 04.
6. Adicionar aos eritrócitos lavados o soro fisiológico até atingir uma suspensão em
salina de 4 - 5%.
ATENÇÃO
A Suspensão guarda-se na geleira 2 a 8˚C, poderá ser utilizada até quando
aparecer uma hemólise inicial.

2.6. Procedimento técnico para classificação sanguínea ABO

a) Prova Directa
- Identificar os tubos de Hemólises com a designação A, B, e AB.
- Colocar 2 gotas de Soro Anti- A no tubo A.
- Colocar 2 gotas de Soro Anti- B no tubo B.
- Colocar 2 gotas de Soro Anti -A,B no tubo AB.
- Colocar 1 gota da suspensão em cada tubo acima indicado.
- Centrifugar a 1500 rpm por 30 segundos (Low).
- Verificar a ocorrência de aglutinação nos tubos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 118
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

b) Interpretação dos Resultados

Tabela 4: Local das aglutinações dependendo do tipo sanguíneo

Grupos Sanguíneos Anti-A Anti-B Anti-AB


A + --- +
B __ + +
AB + + +
O __ __ __
Fonte: MISAU- PNTS,1997.

A Figura 3 representa as aglutinações em diferentes grupos sanguíneos. Conforme as imagens.

O grupo sanguíneo A têm aglutinação no antisoro A e AB, o grupo sanguíneo B têm


aglutinação no antisoro B e AB, o grupo sanguíneo A,B têm aglutinação no antisoroA, B e AB,
o grupo sanguíneo O não têm aglutinação em nenhum dos antisoro A, B e AB.

2.7. Procedimento técnico para a determinação de Isoaglutininas (Prova Reversa)

i. Identificar os tubos de Hemólises com a designação A1, B, O


ii. Colocar 2 gotas de soro da amostra em estudo no A1
iii. Colocar 2 gotas de soro da amostra em estudo no tubo B
iv. Colocar 2 gotas de soro da amostra em estudo no tubo O
v. Colocar 1 gota da suspensão previamente preparada (A1, B, O) em cada tubo a
vi. Centrifugar a 1500 rpm por 30 segundos (Low)
vii. Verificar a ocorrência de aglutinação nos tubos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 119
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

a) Interpretação dos Resultados

Tabela 5: Prova reversa ou isoaglutininas

Grupos Sanguíneos A1 B O
A __ + __
B + __ __
AB __ __ __
O + + __
Fonte: MISAU-PNTS, 1997.
Em seguida abordar-se-á sobre o grupo A, onde serão descritas as características dos subgrupos
de A, bem como os subgrupos de B.

3. SUBGRUPOS DE ABO

a) Subgrupo de A
Em 1911 Von Dungern descreveu dois antigénios diferentes com base em reacções entre
hemácias do grupo A e os anti-soros anti-A e Anti-A1.(DENISE, 2006). As hemácias do grupo
A que reagem com Anti-A e Anti-A1 são classificadas como A1, enquanto que aquelas que
reagem com anti- A e não reagem com A1 são classificadas como A2.

A classificação em fenótipo A1 e A2 é responsável por 99% de todos os indivíduos do grupo


A, as células de aproximadamente 80% de todos indivíduos do grupo A são A1, e os restantes
20% são A2 ou subgrupos mais fracos. A herança do gene A1 leva a produção de altas
concentrações da enzima alfa-N-acetilgalactosaminatransferase, que converte quase toda a
estrutura precursora H em antigénios A1 nas hemácias. No entanto diz-se que A1 possui dois
antigénios A e A1, enquanto que A2 possui um, o antigénio A.

ATENÇÃO A1 possui sítios de antigénios A1 enquanto A2 possui sítios de antigénios A, o


soro de indivíduos de B contém dois anticorpos, anti- A e anti- A1 portanto essa
mistura de anticorpos reage com hémacias A1 e A2.
Tabela 6: Reacções das hemácias do paciente com:
Grupo sanguíneo Anti-A Lectina Anti- A1
A1 + +
A2 + Negativo
Fonte: Adaptado pelos Autores.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 120
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Características de subgrupos de A
Tabela 7: Características de subgrupos de A
A1 -
Tem Ags A1, e A
-
Aglutinação é muito forte, tem muitos Ags.
A2 -
Tem somente antigénio A, não tem Ag A1, aglutinação é menos forte que no A1.
A3 -
Tem somente Ags A, Tem menos Ags que o grupo A2, Aglutinação é mais fraca
do que A2.
AX - Tem muito pouco Ags, aglutinação é muito fraca.
AO - Tem muitíssimo pouco Ags, aglutinação encontra-se somente com anti. AB.
Fonte: Adaptado pelos Autores.

Tabela 8: Subgrupos de A, nas suas diferentes concentrações de aglutinação


ANTI.A ANTI. A1 ANTI. AB ANTI. H GRUPO
POS POS POS NEG A1
POS 4 POS POS POS A1
POS 2 NEG POS POS A2
POS1 NEG POS POS A2
POS NEG POS POS A3
POS NEG POS POS A3
NEG NEG POS POS A0
Fonte: Adaptado pelos Autores.
A Tabela 8, monstra as diferentes intensidades das aglutinações do subgrupo de A, onde para o
A1 independentemente da concentração de antigénios que irão aglutinar, basta apresentar
aglutinação no anti-A, anti-A1, e anti-AB. E para o Anti-H pode apresentar assim como não
aglutinação.
O A2 apresenta aglutinação na concentração de duas a uma cruz no anti-A, anti-AB, e anti-H,
enquanto que o A3 apresenta aglutinação no anti-A, anti-AB e anti-H, porém essa aglutinação
é mais fraca que a de A2.
O subgrupo AO apenas apresenta aglutinação no anti-AB e anti-H.
b) Subgrupos de B

O gene B codifica para uma alfa-3-D galactosiltransferase, que transfere um acuçar galatose
para o antigénio H previamente formado. Esses Ags b são designados por B1, B2, B3 e B4 com
acréscimo da D-galactose à respectiva variante glicolipidíca.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 121
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Os subgrupos do B são muito raros e menos frequentes do que os subgrupos A. Geralmente os


subgrupos de B são reconhecidos por variações na intensidade da reacção utilizando-se anti-B e
anti-A, B. A herança de subgrupos de B é resultado de alelos alternados no locus B. O fenótipo
Bm geralmente é o resultado da herança de um alelo raro no locus ABO, apesar de o subgrupo
Bm ser o produto de um gene de interacção modificador intimamente ligado ao lucus ABO.

Critérios utilizados para diferenciação dos fenótipos B fracos

Para a diferenciação dos fenótipos B fracos são utilizados os seguintes critérios:

- Intensidade ou tipo de aglutinação com anti-B anti-A, B e anti-H.

- Presença ou ausência de isoaglutininas ABO no soro.

- Presença de substância B na saliva, etc.

4. NOÇÕES SOBRE HEREDITARIEDADE

O grupo sanguíneo é hereditário e não muda num indivíduo até a sua morte. Mas determina-se
os grupos sanguíneos definitivos depois de 6 meses de idade.

Tabela 9: Hereditariedade do grupo sanguíneo

Fenótipo Genótipo
A AA ou AO
A1 A10 ou A1A ou A1A2
B BB ou BO
O OO
Fonte: Adaptado pelos Autores.

ATENÇÃO - A determinação destes dois testes deve ser no mínimo duas vezes e se
possível com pessoas diferentes.
- Controlar bem os resultados antes de passar no cartão, para ver se
corresponde exactamente, evitando atribuir grupos falsos aos dadores e
receptores.

4.1. Isohemolisinas

DEFINIÇÃO
Isohemolisinas: são imuno - iso - anticorpos, a reacção no vidro e no vivo,
provoca uma lise dos eritrócitos. (OMS-PNTS, 1997).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 122
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

A sensibilização dos anticorpos é feita a menos 20º C. A reacção do complemento é a 37˚C.


Para mostrar uma hemólise é necessário o complemento.na prática incubar os tubos no banho-
maria a 37˚C.

Química

- Isohemolisinas são Imunoglobulinas da classe IgG. Pode passar a placenta.


- Recebe-se as isohemolisinas depois do segundo estímulo, o soro produz anticorpos da
classe IgG. Estas lisinas podem ser encontradas no soro. São muito variáveis e podem
aparecer depois de algumas semanas.
- Determinam-se no soro fresco.

Tabela 10: Isohemolisinas


Grupo Sanguíneo Isohemolisinas
A B
B A
AB ---------
O A e B ou só A ou B
Fonte: MISAU-PNST, 1997

O grupo A apresenta isohemolisinas B, o grupo B apresenta isohemolisinas A, o grupo AB não


apresenta isohemolisinas e o grupo O apresenta isohemolisinas A e B ou apenas uma delas.

Tabela 11: Diferenças entre isoaglutininas e isohemolisinas


Características Isoaglutininas Isohemolisinas
REACÇÃO aglutinação hemólise
TEMPERATURA Ambiente (18 a 25ºC) 37 º C
ESRTRUTURA QUIMICA IgM IgG
aparece no soro Depois de 6 meses de idade Só depois de 2º estímulo
Confirma o grupo sim não
Provoca doença no recém- não sim
nascido
Fonte: MISAU-PNTS, 1997.

5. DETERMINAÇÃO DE GRUPOS SANGUÍNEOS, SISTEMA


RHESUS (RH)

O termo Rh não refere somente a um antigénio específico de hemácias, mas também a um


sistema de grupo sanguíneo complexo, que é actuamente constituído por por quase 50

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 123
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

especificidades antígenicas diferentes. Pesquisadores resultaram na definição do Rh como


sendo causa primária de doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) também chamada de
eritroblastose fetal.

No início da decada 1940, Fisher e Race estavam estudando os antígenos encontrados nas
hemácias hunamas inclusive o Rh. Eles postularam que os antigénios do sistema eram
produzidos por três grupos de alelos com estreita relação entre eles. Fisher e Race
denominaram os antigénios do sistema de D, C, c, E, e e. Segundo a proposta dos cientistas
cada pessoa herda um grupo de genes Rh de cada progenitor, como os genes Rh são co-
dominantes, cada gene herdado expressa seu antigénio correspondente na hemácia.

A nomenclatura do Fisher e Race representa os cinco antígenos do sistema Rh, mas não atribuí
nomes a muitos dos antigénios Rh. Quando uma pessoa herda um gene D, as suas hemácias são
positivas quando analisadas com o anti-D e esta pessoa e caracterizada como RH Dpositivo.

Se uma pessoa herda um gene d de ambos os pais será (d/d) ou se não herda o gene D, as suas
hemácias serão negativas quando analisadas com o anti-D. Logo será RhDnegativo.

EXEMPLO - Genotipo: D/d * D/d

- Genótipo: DD, Dd, dd


Tipo de Rh: Dpositivo / Dnegativo

5.1. Antigénio D

A agrupagem eritrocitaria no sistema Rh (D), consiste na pesquisa de Ag D nos eritrócitos,


utilizando soro anti-D. A presença do Ag D define o grupo Rh positivo e a sua ausência o
grupo Rh negativo. A reactividade do Ag D pode incluir um expressão mais fraca de natureza
quantitativa e ou qualitativa, denominada D fraco.

É recomendado que sejam utilizados 2 soros anti-D diferentes com os


respectivos controlos.
LEMBRA-TE - A não reactividade do controlo negativo valida o teste.
- É aconselhável que a determinação do grupo seja efectuada em 2
amostras de sangue colhidas em ocasiões diferentes.
Os reagentes utilizados devem ser submetidos a controlo de qualidade
adequado

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 124
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Wiener, (A terminilogia Rh-Hr) acreditava que o gene responsável pela definição do Rh


produzia aglutinina que continha uma série de factores do sangue.

Segundo a terminologia Rh-Hr, este gene Rh produz pelo menos três factores dentro de um
aglutinógeno. O aglutinógeno pode ser considerado como expressão fenotipica do haplótipo.
Cada fator é um antígeno reconhecido por um anticorpo. A nomenclatura de Fisher e Race
pode ser transformada na nomenclatura de Wiener e vice – versa.

Um aglutinógenio na nomenclatura de Wiener representa presença de um


LEMBRA-TE único haplótipo capaz de expressar três antigénios diferentes. Na discrição de
um aglutinógenio, o R maiúscula denota a presença de um factor original, o
antigénio D. O r minúsculo indica ausência do antigénio D. A figura 4 mostra
diferentes tipos sanguíneo.

5.2. Variações do antigénio Rh0 (D) -D fraco

Quando amostras de hemácias Rh positivas são determinados para o antigénio D, espera-se


uma reacção forte macroscopicamente com reagentes anti-D. Porém no caso de algumas
hemácias, o teste precisa ser levado até a fase de antiglobulina para demonstrar a presença do
antigénio D. As hemácias que carregam o antigénio D mais fraco tém sido descritas que podem
explicar a menor expressão do antigénio D.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 125
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

5.3. D fraco Genético

O primeiro mecanismo resulta da herança dos genes que codificam uma menor expressão do
antigénio D. A transmissão desses genes pode ser traçada verticalmente de uma geração para
outra. O segundo mecanismo que resulta expressão fraca do antigénio D e descrito como um
efeito de posição ou efeito de interacção genética. O alelo que carrega o D é trans (haplótipo
oposto) ao alelo que carrega o C.

5.4. Determinação de D fraco

A determinação da expressão D em uma amostra de hemácias é vista como Rh0 (D) positivo se
o D estiver positivo em qualquer dos passos do teste, caso não deve-se fazer a prova de Du que
é a técnica de globulina anti-humana indirecta se ambos forem negativos Consider-se-a amostra
negativa.

6. SISTEMAS DOS ERITRÓCITOS CONHECIDOS

Os grupos sanguíneos têm uma característica hereditária que se encontra, por aglutinação ou
lise, na superfície das células. Os sistemas dos eritrócitos conhecidos são os seguintes (Tabela
12).
Tabela 12: Sistemas dos eritrócitos conhecidos
Sistemas Antigénios
ABO A1,A,B
Rhesus C,D, e, c,e
Kell K,K,Kpa, Kpb,Isa,Isb
Lutheran Lu a, Lu b
Duffy Fy a, Fy b
Kidd Jk a JK b
Lewis Le a, Le b
MNS M,N,S,s
P P1,P2, pk, p
Xg Xga
I I,i
Yt Yt a, yt b
Diego Di a, di b
Dombrock Do a
Colton Co a, Co b
Fonte: MISAU-PNTS, 1997.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 126
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

LEMBRA-TE
Os sistemas mais importantes para a transfusão são ABO e RHESUS.

6.1. Outros sistemas sanguíneos

Há vários grupos sanguíneos herdados independentemente entre si. São conhecidos diversos
sistemas de grupo sanguíneos. Entre eles pode-se citar os sistemas ABO, Rh, MNS, Kell,
Lewis, etc. O sistema ABO é o de maior importância na prática transfusional por ser o
mais antigênico, ou seja, por ter maior capacidade de provocar a produção de anticorpos,
seguido pelo sistema Rh. Os antigénios deste sistema estão presentes na maioria dos tecidos
do organismo. Fazem parte deste sistema três genes A, B e O podendo qualquer um dos três
ocupar o loco ABO em cada elemento do par de cromossomos responsáveis por este sistema.

6.2. Grupo do Tipo Bombay

O fenotipo Bombay foi encontrado pela primeira vez por Bhende, em 1952, em Bombaim
(Bombay). Essas hemàcias são desprovidas dos antigénios ABH normais. As hemácias
Bombay não reagem com anti-A, anti-B, anti-H porém o soro contém anti- A, anti -B e anti-A
B e anti H ao contrário do anti-H encontrado ocasionalmente no soro A1 e em indivíduos A1B, O
anti- Bombay geralmente é potente reage a37˚C, anticorpo IgM que pode fixar complemento e
causar hemólise. Como o antigénio H é comum a todos os grupos sanguíneos ABO, o sangue
Bombay é incompatível com todos os dadores ABO. Na classificação directa de rotina, o
Bombay pode ser fenótipada como grupo sanguíneo O. No entanto as hemácias do fenótipo
Bombay (Oh) não reagem com lectina anti-H ao contrário com das hemácias dos indivíduos O
normais, reagem fortemente. A transfusão de sangue normal do grupo O com alta concentração
do antigénio H para receptor Bombay pode causar hemólise imediata peloanti-H no soro.
Pessoas do tipo Bombay devem receber sangue somente do mesmo tipo.

6.3. Sistema MNSs

Landsteiner e Levine descobriram, em 1927, dois outros antigénios no sangue humano,


designado-os antigénio M e antigénio N. Eles verificaram que algumas pessoas apresentavam
um desses antigénios, enquanto outras apresentavam os dois juntos. Estabeleceram, então,
outros tipos de grupos sanguíneos, além daqueles do sistema ABO - o sistema MN, composto

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 127
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

por três fenótipos. grupo M, grupo N e grupo MN. Nesse caso, os grupos sanguíneos são
determinados por um par de alelos sem relação de dominância entre si.

Antigénio MN

Os antigénios M e N se encontram em uma glicoproteina bem caracterizada chamada MN-


sialoglicoproteina (MN-SGP) ou glifoforina A (GPA). Outra diferença que se verifica em
relação ao sistema ABO é que no plasma dos indivíduos não ocorrem naturalmente os
anticorpos para esses antigénios. Assim, os anticorpos anti-M e anti-N são produzidos apenas
quando há estímulo.

Antigénio Ss

Os antigénios Ss estão localizados em uma glicoproteina menor, muito parecida com MN,
chama-se Ss-sialoglicoproteina (Ss-SGp) ou glicoforina B.

Tabela 13: Grupos sanguíneos do sistema MN: genótipos e fenótipos


Fenótipo Genótipo
LM LM ou MM Grupo M
LN LN ou NN GrupoN
LM LN ou MN Grupo MN

CURIOSIDADE
A letra L é empregada em homenagem a Landsteiner e Levine.

As heranças ABO e MN são independentes, pois os pares para esses caracteres estão
localizados em cromossomas não homólogos.

7. ERROS QUE PODEM OCORRER NA DETERMINAÇÃO DE


GRUPOS SANGUÍNEOS

As discrepâncias ABO ocorrem quando as duas reacções positivas e as duas reacções negativas
esperadas não são observadas e geralmente são de natureza técnica, nomeadamente:
- Identificação inadequada das amostras de sangue, tubos de ensaio ou lâminas
- Suspensão celular muito concentrada ou muito diluída
- Erros de transcrição
- Troca das amostras

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 128
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Não observação de hemólise


- Falha em acrescentar os reagentes
- Falha em seguir as instruções do fabricante
- Centrífuga descalibrada
- Reagentes contaminados
- Aquecimento durante a centrifugação.

7.1. Discrepância do grupo I

Ocorrem entre as classificações directa e reversa por causa de anticorpos de reacção fraca ou
ausentes. Essas discerpâncias são mais comuns do que aquelas dos outros grupos, como é o
caso de:
- Recém-nascidos.
- Pacientes idosos.
- Pacientes com leucemias apresentando hipogamaglobulinemia.
- Pacientes com linfomas demostrando hipogamaglobulinemia.
- Pacientes utilizando drogas imunossupressoras que geram hipogamaglobulinemia,
agamaglobulinemia congênita, imunodeficiências, transplantes de medula óssea.

7.2. Resolução de discrepâncias comuns do grupo I

A resolução de discrepâncias comuns do grupo necessita de acentuar a reação da classificação


reversa incubando o soro do paciente com reagente A1 e células B à temperatura ambiente
durante aproximadamente 15 a 30 minutos. Se ainda não houver reacção as misturas soro-
célula podem ser incubadas a uma temperatura de 4˚C durante 15 a 30 minutos.

7.3. Discrepâncias do grupo II

As discrepâncias do grupo II ocorrem entre as classificações directa e reversa por causa dos
antigénios de reacção fraca ou ausentes. Este tipo discrepâncias do grupo II é menos frequente
devido ao seguinte:
- Presença de subgrupos de A, leucemia pode gerar antigénios A ou B fracos.

7.4. Resolução de discrepâncias comuns do grupo II

Para a resolução de discrepâncias comuns do grupo II é necessário a incubação da mistura de


teste à temperatura ambiente por 30 minutos, caso negativo reduzir a temperatura para 4˚C.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 129
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

7.5. Discrepância do grupo III

Estas ocorrem entre as classificações directa e reversa por causa de anomalia das proteínas ou
do plasma e resultam na formação rouleaux ou pseudo-aglutinação atribuível a:
- Níveis elevados de globulinas secundários a certos estados ptológicos, como mieloma
múltipla, níveis elevados de fibrinogênio.

7.6. Resolução de discrepâncias comuns do grupo III

A resolução de discrepâncias comuns do grupo II resulta da lavagem das hemácias, diluição


com salina.

7.7. Discrepância do grupo IV

Ocorrem entre as classificações directas e reversa por problemas de vária ordem, a saber:
- Poliaglutinação
- Anticorpos reactivos frios (alo e auto)
- Isoaglutininas ABO irregulares
- Anticorpos diferenters de ant-A e B podem reagir e formar complexos antigénio-
anticorpo
- Hemácias com fenótipo AB cis - ocorrências raras expressam um antigénio B fraco.

7.8. Resolução de discrepâncias comuns do grupo IV

A poliaglutinação (hemácias aglutinando com todos os soros humanos) pode ocorrer como o
resultado de herança genética ou infecçãoVbacteriana.

8. ANTI-IMUNOGLOBOLINAS HUMANAS

Ao abordar sobre anti-imunoglobolinas humanas deve-se pensar no testes Coombs, que


apresentam dois principais tipos, a destacar:
a) Teste de Coombs directo
b) Teste de Coombs indirecto

8.1. Teste de Coombs Directo ou teste de Antiglobulina direta (TAD)

O teste de Coombs ou teste da antiglobulina humana se refere ao exame de sangue clínico


usado na imuno-hematologia.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 130
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- O TAD detecta sensibilização in vivo de hemácias com IgG e/ou componentes de


complemento. O TDA tem por finalidade a detecção de anticorpos ou componentes do
complemento fixados às hemácias “in vivo” ou “in vitro".
O teste de Coombs directo é usado para:
- A detencão de anticorpos fixados à superfície das hemácias in vivo (no organismo)
Diagnóstico de anemias hemolíticas autoimunes, do RN, induzida por fármacos.
- Reacções aloimunes frente a GV recentemente transfundidas.
- Doença hemolítica do recėm nascido (DHRN).
- Reacção transfusional hemolítica (RTH).
- É feito perante uma anemia hemolíticas auto- imunes.
- Depois de uma reacção transfusional.
- Pessoa com albumina positiva.
- Doença dos recém-nascidos.
O teste de antiglobulina direta inicial inclui testar uma gota de uma suspensão de hemácias
lavada 3-5% com reagente poliespecifico (soro de Coombs). Resultados positivos são
considerados quando existe uma aglutinação.

a) Teste no tubo
Material
- Suspensão do sangue do doente, lavado 3 ou 4 vezes.
- Soro de Coombs e 1 tubo.
Procedimento técnico
- Marcar um tubo com nome do doente.
- Por uma gota da suspensão do sangue do doente.
- Juntar duas gotas de soro de Coombs.
- Misturar bem
- Incubar 5 minutos em temperatura ambiente.
- Centrifugar.
- Observar, se for negativo.
- Fazer Cooms control.
Resultado
- Aglutinação e positiva
ATENÇÃO
A presença de aglutinação indica que as hemácias podem estar sensibilizadas
por anticorpos ou por componentes do complemento.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 131
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

8.1. Teste de Coombs Indirecto

O teste de Coombs indirecto é usado em exames pré-natais de gestantes Rh negativo e em


exames de sangue antes de transfusões sanguíneas. Ele detecta anticorpos contra hemácias que
estão presentes livres no plasma sanguíneo do paciente. Esses anticorpos são incompletos (não
aglutinantes). O teste de Coombs indirecto faz a demonstraçao in vitro de reacções entre
globulos vermelhos e anticorpos sensibilizantes, PAI, IDAI, fenotipagem e provas de
compatibilidade.
O teste de Coombs indirecto é feito:
- Antes de uma transfusão
- DU
- Em mães grávidas com RhD negativo
a) Teste no tubo
Material
- Suspensão do sangue do grupo O Rh positivo (pool)
- Soro do doente
- Soro de Coombs
- 2 tubo
Tabela 14: Procedimento técnico do teste de Coombs indirecto
Material/fonte Tubo1 Tubo2
Soro do doente 2 gotas 2 gotas
Suspensão do Pool 2 gotas --------------
Suspensão do doente -------------- 2 gotas
Albumina ˚ 30% 3 gotas 23gotas
- Homogenizar e centifugar á 30ʺ LOW
- Ler e observar se for negativo
- Incubar 45 minutos á 37˚C em banho-maria
- Centifugar 30ʺ Low
- Ler e observar se for negativo
- Lavar com soro fisiólogico 3 ou 4 vezes
- Juntar duas gotas de soro de Cooms
- Centifugar 30ʺ Low
- Ler e observar
- Juntar uma gota de coombs control

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 132
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Resultado
- Aglutinação é positivo.
ATENÇÃO
Alguns medicamentos podem levar a positividade do Coombs directo.

9. PROVAS DE COMPATIBILIDADE

A prova de compatibilidade consiste na mistura do soro do receptor com as hemácias do dador,


com a finalidade de investigar no soro ou plasma do receptor, a presença de anticorpos contra
os antigénios de grupos sanguíneos presentes nas hemácias do dador. Antes da hemotransfusão,
as células do dador e soro do receptor devem ser estudados para a incompatibilidade serológica
através da prova de compatibilidade (PC). A PC é igualmente designada CROSS MATCH.
Se a PC não apresentar aglutinação, o dador é compatível com o doente a ser transfundido. Se a
PC FOR POSITIVA, a Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) do plasma do doente poderá
ajudar na detecção de imunoglobulinas que podem estar na origem da positividade da prova.
Deve-se pesquisar uma unidade que não possua Ag específico para os Acs irregulares
identificados, devendo fazer nova PC com a unidade seleccionada. A PC é melhor teste
disponível capaz de prever um resultado satisfatório da transfusão.
ATENÇÃO Uma PC negativa, não assegura todavia a sobrevivência normal dos GVs
transfundidos e, nem que o paciente não apresente os efeitos adversos
relacionados com a hemotransfusão.

9.1. Procedimentos necessários para prova de compatibilidade

Os procedimentos necessários para a prova de compatibilidade incluem:


 Identificação do paciente e o dador e colheita de amostras adequadas
- Tipagem ABO deve-se fazer a determinação correcta do grupo ABO e Rh do paciente.
- Tipagem ABO deve-se fazer a determinação correcta do grupo ABO e Rh do dador.
- Selecção das unidades de sangue apropriadas
- Reacção cruzada
- Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) - O objectivo do teste é detectar anticorpos
clinicamente significativos, isto é, que reagem após incubação no banho-maria a 37˚C e
ou no teste de globulina anti - humana.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 133
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Prova cruzada é apenas parte de um teste de compatibilidade que é a fase de avaliação de


anticorpos no soro do paciente, que reagirá com antigénios nos eritrócitos do dador. Nos
reagentes devem estar presentes Ags dos sistemas eritrocitarios Rh, Kell, MNSs, Lewis, Duffy,
Kidd, e pelomenos uma das amostras seleccionadas deve ser homozigoticas para os Ags dos
sistemas Rh, kidd e Duffy. As técnicas adoptadas devem permitir a detecção de Acs
clinicamente significativos. Deve ser sempre incluída uma técnica de incubação no banho-
maria a 37˚C e de teste de antiglobulina Humana. Na técnica de tubo devem ser adicionados
eritrócitos sensibilizados com IgG a todos os testes negativos.
ATENÇÃO Um resultado positivo na prova cruzada requere maiores estudos, sendo que o
paciente não deverá ser transfundido até que a causa da incompatibilidade tenha
sido completamente esclarecida.
As principais causas dos resultados positivos numa prova cruzada são:
- Tipagem ABO incorrecta do paciente ou dador.
- Aloanticorpo no soro do paciente reagindo com antígeno correspondente nas hemácias
do dador.
- Autoanticorpo no soro do paciente que reage com antígeno correspondente nos
eritrócitos dadores.
- Anticorpos aderidos aos eritrócitos do dador.
- Anormalidades no soro do paciente.
- Contaminação dos reagentes, amostras, vidrarias.

9.2. Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI)

O PAI tem como objectivo pesquisar no soro do paciente a presença de aloanticorpos


irregulares voltados contra antigénios clinicamente significantes de importância transfusional
e/ou gestacional.

Os anticorpos clinicamente significantes são os anticorpos contra antigénios eritrocitários


(principalmente contra os sistemas Rh, Kell, Duffy, Kidd, Lewis, MNSs), estando eles
associados à diminuição da sobrevida de hemácias transfundidas e à reacções transfusionais. A
PAI pode impedir de um receptor com um anticorpo clinicamente significante seja transfundido
com hemácias que apresentam o antigénio correspondente. Esta técnica deve ser feita no soro
de todos os pacientes antes de qualquer transfusão. As técnicas de rotina normalmente
utilizadas podem ser realizadas em tubo ou gel e em diferentes meios como LISS, PEG e
ENZIMAS, os quais têm por finalidade aumentar a sensibilidade do teste. Geralmente, a

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 134
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

detecção de anticorpos é realizada testando o soro do paciente contra 2 e/ou 3 células de


hemácias de reagentes de dadores fenotipados para a maioria dos antigénios comuns,
preparadas comercialmente.

Ao visar detectar Ac a 1ª etapa do teste (sensibilização in vitro), utiliza eritrocitos ou com


composição Ag conhecida. A pesquisa destes Acs realizada em soro ou PLASMA, pelo método
do tubo. engloba uma leitura a T.A, a 37˚ C com meio LISS e com AGH. A reacção das células
com o soro ou plasma a T.A, decorre nas condições que favorece a aglutinação pelas IgM
incubação a 37˚C favorece a detecção de IgG AGH permite revelar o anticorpo incompleto
(IgG) que não provocam aglutinação.

Em dadores a PAI, condiciona a utilização dos componentes sanguíneos, Em doentes a PAI


deve ser repetida com nova amostra, antes de cada episódio transfusional, desde que o intervalo
de tempo após a última transfusão ultrapasse as 72 horas. A amostra do doente onde foi
realizada PAI deve ser conservada entre 1 e 6 durante pelomenos 7 dias após a transfusão
(estudo das reacções transfusionais).

Nas crianças até aos 4 meses, a PAI pode ser realizada com soro ou plasma da mãe, No soro ou
plasma dos RN do grupo A, B ou AB, a pesquisa também tem que ser feita com eritrocitos
reagentes A1, e B com incubação a 37˚C.

10.REACÇÕES TRANSFUSIONAIS

DEFINIÇÃO Considera-se reacções transfusionais a qualquer intercorrência que ocorre


como consequência de transfusão sanguínea, durante ou após a sua
administração. (DNISE, S/a).
A ocorrência destas reacções está associada a diferentes causas, entre as quais:
- Erro nos procedimentos de rotina dos testes.
- Má qualidade das amostras ou produtos sanguíneos.
- Presença de anticorpos irregulares não detectados em provas pré-transfussionais.

10.1. Classificação das Reacções

As reacções transfusionais podem ser classificadas em duas principais:


– Imediatas (até 24 horas da transfusão).
– Tardias (após 24 horas da transfusão).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 135
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Dentro destes dois grupos de reacções pode-se encontrar as imunológicas (que são aquelas que
acontecem em resposta a entrada de um agente estranho no organismo) e as não-imunológicas
(que são aquelas que ocorrem devido ao erro humano ou então contaminação de produtos
sanguíneos por agentes infecciosos).

Tabela 15: Classificação das Reacções Transfusionais


Reacções Transfusionais Imune imunológicas Não-imune não-
imunológicas
Reacção febril não-hemolítica
(RFNH) Sobrecarga volêmica
Reacção hemolítica aguda (rha) Contaminação bacteriana
Reacção alérgica (leve, Hipotensão por inibidor da
moderada, grave) ECA
Imediatas TRALI (Transfusion Related
Lung Injury) Hemólise não-imune
Hipocalcemia
Embolia aérea
Hipotermia
Aloimunização eritrocitária Hemossiderose
Aloimunizacao HLA Doenças infecciosas
Tardias Reação enxerto x hospedeiro
Purpura pós transfusional
Imunomodulação
Fonte: https://www.google.co.mz/search

10.2. Possíveis esquemas de transfusões no sistema ABO

A figura 5 representa a distribuição de concentrado de glóbulos vermelhos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 136
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Na transfusão de Plasma fresco congelado e concentrado de plaquetas, o grupo AB é dador


universal enquanto, que o grupo O é receptor universal. O Grupo AB pode doar ao grupo A, B,
AB e O. O grupo A recebe do AB e dele mesmo, o grupo B recebe dele mesmo e do grupo AB.
No esquema de distribuição de concentrado de glóbulos vermelhos, o grupo O é dador
Universal e o AB e receptor universal. O grupo A pode receber sangue do grupo O e dele
mesmo, enquanto, que o grupo B recebe dele mesmo e do grupo O.

11.BENEFÍCIOS CLÍNICOS E RISCOS DE TRANSFUSÃO DE


SANGUE E GESTÃO DO SANGUE PREPARADO

A transfusão de sangue apresenta benefícios clínicos, pois o sangue em algum momento é uma
terapia para aliviar algum problema, caso concreto de anemia. Apesar disso pode em algum
momento acarretar alguns riscos, quando não for bem gerido os quais serão bordados a seguir.

11.1. Benefícios clínicos

Os benéficos clínicos que se podem encontrar na transfusão de sangue incluem os seguintes:


– Para além de ser um meio auxiliar de diagnóstico, ele serve de uma indústria
farmacêutica, pois o sangue transfundido serve de medicamento para pacientes.
– O uso de hemocomponentes sanguíneos pode promover benefício para o paciente visto
que existem algumas doenças que apenas são curadas com recurso a sangue.
– Apenas uma unidade de sangue pode salvar a vida de mais de quatro crianças.
– O sangue aumenta o nível de hemoglobina nos pacientes.
– Quando se tem sangue nos serviços de sangue, rapidamente teremos a possibilidade de
fazer uma intervenção imediata com os pacientes.
– Existem doenças que apenas são corrigidas pela transfusão de sangue.
– O sangue permite o tratamento paliativo de fraquezas e corrigir factores de coagulação.
– O sangue alivia sintomas no tratamento de doenças oncológicas e hematológicas.

11.2. Riscos de transfusão de sangue

Como ocorre com qualquer procedimento médico ou técnico, o acto da transfusão de um


componente sanguíneo tem possibilidade de representar risco para o paciente. Portanto, a
administração dos produtos sanguíneos requer muito cuidado porque se assim não for, poderá
causar prejuízos, passar doenças para o paciente. Existem alguns cuidados que devem ser
observados de modo a evitar o risco de passar doenças ao paciente:

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 137
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

– Garantir uma correcta selecção de dador (de baixo risco), identificação correcta da bolsa
e amostras devidamente rotuladas.
– Fazer correctamente a colheita, tipagem sanguínea, testagem segura, armazenamento,
até chegar a administração ao paciente.

11.3. Gestão hospitalar do sangue preparado

A gestão do sangue nos hospitais é uma tarefa muito importante, visto que, com uma boa
gestão pode-se evitar a roptura de stock, garantia de que o hospital disponha dos tipos de
sangue mais frequentes e ainda os mais raros.
Todos os técnicos de banco de sangue deveriam estar familiarizados com os procedimentos
rotineiros de gestão hospitalar de sangue.
Portanto, todo o sangue quando entra no banco de sangue é feita a conferência dos dados da
bolsa e a ficha do dador e, levado para o sector da tipagem para a determinação do grupo
sanguíneo em seguida passa para o sector da separação de componentes e armazenado em
geleiras de sangue não processado.
Após estas fases, o sangue é colocado em quarentena a espera dos resultados serológicos.
Portanto, os exames serológicos são importantes para fazer o despiste de doenças infecciosas
ou transmissíveis pelo sangue, dentre elas pode-se destacar a Sífilis, HIV1/2, hepatite B e C.
Depois deste procedimento, pode-se ter dois tipos de sangue, o sangue pronto para uso e o
sangue que será descartado. O sangue para uso deverá ser é armazenado conforme as suas
exigências:
– Plasma fresco congelado no frigorífico a-25˚C.
– Plaqueta a temperatura ambiente no agitador.
– Concentrado de glóbulos vermelhos na geleira a temperatura de 2 à 8˚C agrupado
conforme os grupos sanguíneo.

RESUMO

Neste tema de análises imuno-hematológicas serão abordados tópicos sobre todo o processo
que consiste em aplicar técnicas imuno-hemátologicas do banco de sangue de acordo com as
normas estabelecidas e/ ou POPs com vista a prevenir incompatibilidades. Para que isso
aconteça é necessário que serse saiba que o sistema de grupo sanguíneo ABO possui anticorpos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 138
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

de ocorrência natural que primeiro são IgMs, os genes ABO, como a maioria dos ourtos grupos
sanguíneos, são herdados de modo co-dominante.

Os antígenes ABH solúveis são secretados pelas células teciduais e são encontrados em todas
secrecões corporais.Os antígenes secretados dependem do grupo ABO do indivíduo.

A classificação sanguínea preconiza dois tipos directa e reversa, porêm na tipagem de sangue
de cordão umbilical em recém-nascidos e omitida a classificação reversa visto que a tutulação
dos seus anticorpos geralmente é muito baixa para a detenção.

Os antígenos das células ABO são glicolípidos, as substâncias secretadas ABO são
glicoproteínas, A L-Fucose é o açucar imunodominante responsável pela especificidade H.

As pessoas do grupo O contêm a maior quantidade de substância H, as pessoas do grupo A,B


contêm a menor quantidade de substância H. Aproximadamente 80% das pessoas herdam o
fénotipo do gene A como A1, os 20% restantes são fenotipos A2, ou subgrupos mais fracos.

Os indivíduos do grupo A contêm anti-B em seus soros, Os indivíduos do grupo B contêm anti-
A em seus soros, Os indivíduos do grupo A, B não contêm anti-A ou anti-B em seus soros. Os
indivíduos do grupo O contêm anti-A e anti-B em seus soros.

O Rh é uma causa primária da doença hemolítica do recém-nasciso (DHRN ou eritroblastose


fetal).

A terminologia de DCE de Fisher-race baseia-se na teoria de antígenos do sistema que são


produzidos por três grupos de alelos muito relacionados, cada gene sendo responsável pela
produção de um antígeno na superfície da hemácia.

Um indivíduo que expressa o antígeno Rh nas hemácias é denominado Rh positivo enquanto


aquele que não expressa antígeno Rh nas hemácias é denominado Rh negativo.

O teste de antiglobulina é usado para detectar hemácias sensibilizadas por aloanticorpos IgG,
auto-anticorpos IgG e /ou componentes do complemento.

As hemácias Bombay não reagem com anti-A, anti-B, anti-H porêm o soro contém anti- A, anti
-B e anti-A B e anti H ao contrário do anti-H encontrado ocasionalmente no soro A1 e em
indivíduos A1B, O anti- Bombay geralmente é potente reage a 37˚C no banho-maria, anticorpo
IgM que pode fixar complemento e causar hemólise. Pessoas do tipo Bombay devem receber
sangue somente do mesmo tipo.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 139
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Os reagentes de globulina anti-humana (AGH) contendo anti-IgG são necessários para a


dectecção de anticorpos IgG, pois a exrtutura monomérica da IgG é pequena demais para
aglutinar directamente as hemácias sensibilizadas.

O teste de antiglobulina direta (TAD) detecta in vivo a sensibilização de hemácias por IgG e /
ou componentes do complemento. As condições clínicas que podem resultar num TAD
positivo incluem a doença hemolítica do recém-nascido, reacções hemolíticas transfusionais e
anemia hemolítica auto-imune e induzida por medicamentos.

O teste de antiglobulina indirecta (TAI) detecta in vitro a sensibilização de hemácias e pode ser
aplicado para teste compatibilidade, DU, em mães grávidas com RhD negativo.

A finalidade de triagem de anticorpos é detectar anticorpos irregulares, que podem ser


classificados como alo, auto, ou naturalmente ocorrentes.

Na prova de compatibilidade é necessario que se tenha muito cuidado na colheita e preparação


da amostra até chegar ao laboratório.Chegado ao laboratório deve-se fazer o tipagem sanguínea
ABO e Rh do doente, confirmar o tipo sanguíneo do dador, seleccionar a unidade sanguínea
com base no grupos ABO e Rh,fazer prova cruzada por centrifugação imediata ou de
antiglobolina.

Resultados positivos na prova cruzada podem ser causados por tipagem ABO incorrecta do
paciente ou do dador, alo anticorpos ou auto-anticorpos no paciente reagindo com o antígeno
correspondente nos eritócitos do dador doado. As reacções transfusionais variam desde
benignas até fatais, qualquer suspeita de reacção transfusional deve ser imediatamente avaliada.

Se ocorrer alguma morte em consequência de transfusão deve ser notificado. O primeiro sinal
de reacção transfusional, deve-se interromper a transfusão. Transfusões podem salvar vidas,
contudo, deve-se estar ciente dos riscos da transfusão, identificar reacções, causas e modos de
tratamento e identifica e métodos de administração apropriados.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD4

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 1
Duração 2h
Objectivos
- Aplicar técnicas imuno-hemáticas do sangue
- Determinar grupo sanguíneo

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 140
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Realizar Prova ditecta e reversa


Conteúdos de referência
- Técnicas imuno-hemáticas do sangue
- Determinação do grupo sanguíneo
- Realizar prova ditecta e reversa
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- A turma organiza-se em grupos de 6
- Preparação duma simulação onde um aluno deve determinar grupo sanguíneo e o resto
da turma deverá:
- Acompanhar atentamente os procedimentos utilizados
- Detectar os erros cometidos
- Propor as medidas correctivas
- Valorizar a limpeza, ordem e seguimento das normas estabelecidas
- Cada um dos grupos devera fazer uma exposição oral com os erros e as propostas de
melhoraria
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
As actividades que o professor deve planificar e desenvolver na sala de aulas são:
- Estabelece os conhecimentos prévios dos alunos da turma.
- Expõe os conteúdos conceptuais necessários para o desenvolvimento das sessões
práticas.
- Resume os conceitos chave e faz perguntas para se assegurar que suas explicações são
claras.
- Prepara os planos das actividades prácticas e os protocolos de atuação
- Explica os protocolos e mostra (fazendo), as prácticas de determinação do grupo
sanguíneo
- Durante o desenvolvimento das prácticas pelos alunos, o professor deve observar as
técnicas empregadas pelos alunos, corrigindo as suas falhas e dando as orientações
necessárias para sua correção.
- A final da actividade o professor avalia o trabalho desenvolvido pelos alunos
aplicando os critérios de avaliação
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Marcador, datashow, papel gigante
- Material a usar

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 141
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Computador, vídeo data e impressora

Critérios de avaliação
- Realiza as técnicas imuno-hemáticas do sangue para determinação do ngrupo
sanguíneo
- Determina o grupo sanguíneo utilizando a prova ditecta e reversa
- Prepara as suspensões que seram utilizadas na prova directa
- Identifica o material com base nos testes imuno-hemáticas
- Avalia a integridade física da amostra para garantir os resultados do processo
- Explica os passos a serem seguidos no registo das amostras e dos resultados.
- Mantém sempre a ordem e a limpeza de seu lugar de trabalho.

CASO PRÁTICO

Caso prático
Título: Elaborar proposta de resolução do Caso proposto
Descrição
Planeamento da situação

Na cidade de Maputo, abriu um Serviço Nacional de Sangue (SNS) com finalidade de


centralizar os testes serológicos para garantir cada vez mais a qualidade. Nisso, as unidades
sanitárias com serviços de sangue requisitam o sangue e seus derivados no SNS. O técnico
escalado no serviço de sangue no domingo estava sozinho ficou em apuros porque recebeu
um paciente que era do grupo ABRh positivo, e na geladeira não tinha o grupo em causa,
mas havia outros grupos nomeadamente: A Rh negativo, A Rh positivo, BRh negativo, BRh
positivo, O Rh positivo.

Actividades que devem ser desenvolvidas pelos grupos de 4 alunos

ACTIVIDADE 1: faz a determinação do grupo sanguíneo do doente.


ACTIVIDADE 2: Confirma o resultado das unidades seleccionadas.
ACTIVIDADE 3: Descreve todos procedimentos necessários para a determinação do grupo
sanguíneo.
ACTIVIDADE 4: Faz a prova de compatibilidade
ACTIVIDADE 5: Faz a apresentação do trabalho do grupo.
Actividades a desenvolver pelo professor

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 142
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Forma grupos de 4 elementos.


- Explica os procedimentos da actividade.
- Acompanha as actividades do grupo.
- Analisa os trabalhos apresentados.
- Promove debate em plenária.
- Avalia a participação.
- Corrige o caso prático.
Recursos necessários

- Papel gigante
- Marcadores
- Quadro
- Apagador
- Computador
- Datashow
- Laboratório Multidisciplinar

REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografia
1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 15 de Março de 2012 Resolução da
Diretoria Colegiada – Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de
produtos para saúde e dá outras providências.
2. Agência Nacional da Vigilância Sanitária/ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada -
RDC n. 35 de 16 de agosto de 2010. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para produtos
com ação antimicrobiana utilizados em artigos críticos.
3. Denise, M..H. (S/A. ) Técnicas modernas em banco de sangue e transfusão, 4˚ Edição.
S/C.
4. MISAU – PNTS. (1997). Manual de Imunohematologia. Maputo – Moçambique.
5. Martins da Silva. P.M.(1994). Guia prático de uso de sangue em Moçambique, OMS.
(SA). Sangue e produtos sanguíneos Seguros, sorologia dos grupos sanguíneos,
Genebra.
6. OMS. (SA). Sangue e produtos sanguíneos Seguros, Normas e princípios para uma
prática transfusional Segura, Genebra.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 143
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

7. Rutala W.A, Weber DJ. (2008). Guideline for disinfection and sterilization in healthcare
facilities. US Department of Health and Human Services. Atlanta, GA.

SITES CONSULTADOS

1. https://www.google.co.mz/search?q=reação+antígeno+anticorpo.
2. https://www.google.co.mz/webhp?ie=UTF8&rct=j#q=rea%C3%A7%C3%A3o+antígen
o+anticorpo.
3. http://clinicamedicarquivo.blogspot.com/2004/06/algoritmo-para-o-diagnstico-
sorolgico.html.
4. https://www.google.co.mz/search?q=hemolise&biw=1600&bih=755&site=webhp&sour
ce.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 144
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

UNIDADE DIDÁCTICA 5

TESTAGEM SEROLÓGICA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 145
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ______________________________________________________ 147


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica ______________________________ 147
INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 148
1. ANÁLISES SEROLÓGICAS ____________________________________________ 148
1.1. Infecção e agentes infecciosos ________________________________________ 149
1.2. Vias De Transmissão Dos Agentes Infecciosos ___________________________ 149
2. TESTAGEM DO HIV, HBV E HCV _______________________________________ 151
2.1. Testes sorológicos__________________________________________________ 152
2.2. Reacção de ensaio imunoenzimático ___________________________________ 152
2.3. Imunofluorescência indireta para o HIV-1 _______________________________ 153
2.4. Western blot ______________________________________________________ 153
2.5. Testes Moleculares _________________________________________________ 153
3. ESTAGEM RÁPIDA DO HIV ___________________________________________ 154
3.1. Significado do Teste Negativo ________________________________________ 155
3.2. Preparação e estabilidade do reagente __________________________________ 156
3.3. Tipo de amostra ___________________________________________________ 156
4. PRINCIPIO DE TESTES RÁPIDOS DE DIAGNOSTICO DE HIV ______________ 156
4.1. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), tipo 1 e 2 ______________________ 157
4.2. Vírus da Hepatite B (HBV) __________________________________________ 157
4.3. Vírus da Hepatite C (HCV) __________________________________________ 158
4.4. Diagnóstico laboratorial da infecção ___________________________________ 158
4.5. Sífilis____________________________________________________________ 158
4.6. Diagnóstico laboratorial da infecção ___________________________________ 159
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD5 _______________________ 161
CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD5 _______________________________________ 163
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS _________________________________________ 164

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 146
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

OBJECTIVO GERAL

Executar análises serológicas para o despiste de infecções transmissíveis pelo sangue segundo
normas estabelecidas e/ou POPs.

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o formando será capaz de:

- Explicar as doenças transmissíveis pelo sangue para sua posterior identificação.

- Descrever o princípio de teste rápido para um melhor uso e interpretação dos resultados.

- Verificar a correspondência de dados entre o formulário do dador e a respectiva amostra.

- Realizar o teste rápido do HIV1&2, HBsAg e HCV.

- Realizar o teste de RPR para o despiste de sífilis.

- Confrontar os resultados das análises com os dados dos registos nas bolsas.

- Descartar os produtos sanguíneos contaminados e regista seguindo as normas


estabelecidas e ou POPs.

- Disponibilizar os componentes de sangue validados.

- Realizar a rotação de componentes de sangue em função da sua validade.

- Preencher os registos seguindo as normas estabelecidas e ou POP.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 147
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

INTRODUÇÃO

Nesta sub-unidade o estudante terá a oportunidade de executar análises serológicas para o


despiste de infecções transmissíveis pelo sangue. Os testes serológicos são exames realizados
com a parte líquida das amostras de sangue, sobretudo, para detectar a presença de anticorpos
gerados pelo sistema imunitário contra antigénios pertencentes a agentes infecciosos.
(DENISE. 2006).

A infecção pelo HIV pode ocorrer da mulher infectada para seu feto ou recém-nascido durante
a gravidez, trabalho de parto, ou durante o período puerperal pela amamentação, relações
sexuais desprotegidas (OMS). Embora a transmissão vertical possa ocorrer desde a oitava
semana de gestação, a utilização das técnicas de replicação dos ácidos nucléicos possibilitou
demonstrar que pelo menos metade dos casos de infecção fetal acontecem imediatamente antes
ou durante o parto.

O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é um retrovírus, identificado em 1983 como


agente etiológico da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA). O SIDA é caracterizada
por mudanças na população de linfócitos T, que tem um papel chave no sistema imunológico.
No indivíduo infectado o vírus causa uma redução da sub-população das células T, chamadas
células T “helper”, que deixam estes pacientes suscetíveis a infecções oportunistas e certas
malignidades. As principais vias de transmissão são: relação sexual desprotegida,
contaminação por sangue ou hemoderivados a transmissão de mãe para filho durante o parto.
(OMS). Desde Março de 2006, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais vem
implantando o teste rápido como diagnóstico da infecção pelo HIV. Esta metodologia é
utilizada no mundo inteiro e traz vantagens significativas quanto ao método laboratorial, pois
são de simples realização, dispensando a actuação de profissionais especializados e de
equipamentos de Laboratório, permitindo o conhecimento dos resultados e assistência imediata
aos pacientes (OMS).

1. ANÁLISES SEROLÓGICAS

DEFINIÇÃO
A Serologia ou Sorologia: é o estudo da parte líquida do sangue após
este ter coágulado (ISBT. 2OO8).

No serviço do sangue, a serologia responde ao sector de análise e o estuda o soro para


identificar os principais agentes infecciosos de transmissão sanguínea.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 148
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

1.1. Infecção e agentes infecciosos

DEFINIÇÃO
A infecção: é a penetração, desenvolvimento ou multiplicação de um
agente infeccioso no organismo de um indivíduo. (ISBT. 2OO8).

As infecções são causadas por agentes infecciosos e, existem quatro tipos principais de agentes
infecciosos, que são os vírus, as bactérias, os protozoários e os fungos. Apenas, os vírus, as
bactérias e os protozoários já foram notificados como transmitidos por transfusão de sangue.
As infecções fúngicas severas, geralmente fazem com que as pessoas fiquem muito infermas
para serem aceitas como dadores de sangue. Dos três tipos, os vírus são os agentes mais
comumente transmitidos por transfusões, embora a transmissão de bactérias e protozoários
possa ocorrer, a sua extensão vária de país para país. (OMS).

1.2. Vias de transmissão dos agentes infecciosos

As vias de transmissão das infecções pelos diversos microorganismos variam de acordo com o
tipo de organismo e, alguns agentes infecciosos podem ser transmitidos por mais de uma via.
As principais vias de transmissão das infecções são: via aérea ou respiratória, via oral, via
contacto, transfusão sanguínea e via congénita (placentária). (OMS-PNTS,1997).

- A transmissão das infecções por via aérea ocorre pela passagem dos microorganismos
através das partículas libertadas durante a tosse, espirro ou fala. Essas gotículas podem-
se depositar nos olhos, na boca ou nariz. Por exemplo: o virus da gripe e
Mycobacterium tuberculosis (o agente causador da tuberculose).

- A transmissão das infecções por via oral ocorre pela passagem dos microrganismos
através da boca (água e alimentos contaminados). Por exemplo: cistos da giardia
lãmblia (um dos principais causador de diarreias em crianças).

- A transmissão das infecções por contacto é a forma mais comum de transmissão,


podendo ser subdividida em contacto directo e contacto indirecto.

- A via de transmissão por contacto directo pode ocorrer quando os microrganismos são
transferidos de uma pessoa contaminada a outra, sem a participação de um objecto ou
uma pessoa intermediária contaminada. Por exemplo, quando o sangue ou fluídos
corpóreos de um paciente são inoculados directamente em um profissional de saúde por
via mucosa ou lesões cutâneas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 149
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

A transfusão sanguínea, transmite o agente infeccioso, caso estes, estejam presentes no sangue
doado. Os serviços de sangue devem procurar saber, dos agentes infecciosos específicos
frequentes na população das quais os mais predominantes oriúdos nos dadores.

Existem três condições básicas que irão determinar se um agente infeccioso pode ou não ser
transmitido por transfusões:

1. O agente deve ser capaz de usar a corrente sanguínea como uma via de entrada no
seu hospedeiro, o paciente.

2. O dador infectado deve estar essencialmente livre de quaisquer sinais ou sintoma


aparentes da doença, caso contrário, este teria sido identificado durante a triagem e
excluído ou rejeitado.

3. O agente deve existir naturalmente por período definido de tempo, seja livre no
plasma, ou presente em um componente celular na corrente sanguínea do dador
infectado.

Qualquer agente infeccioso que atenda todas estas condições pode ser transmitido por
transfusões de sangue.

Embora a transfusão de sangue possa ser uma via eficiente de transmissão de um agente
infeccioso, é importante lembrar que, em circunstâncias normais, não é a via primária de
infecção de qualquer agente infeccioso, isso porque o sangue passa pelo processamento de
testagem usando testes de quarta geração.

DEFINIÇÃO Os testes serológicos: são exames realizados com a parte líquida das
amostras de sangue, sobretudo, para detectar a presença de anticorpos
gerados pelo sistema imunitário contra antigénios pertencentes a agentes
infecciosos. (OMS).

Estes testes baseiam-se no facto de o sistema defensivo do organismo, cada vez que este entra
em contacto com um novo tipo de micróbio, produz anticorpos específicos perceptíveis na
circulação sanguínea ao fim de um determinado período de tempo.

Entre as doenças infecciosas, a realização destes testes visa a obtenção de um diagnóstico


etiológico, ou seja, a identificação do agente causador do problema. A realização de um teste
serológico passa por colocar uma amostra de sangue colhida do paciente, que eventualmente
contenha os anticorpos que se desejam detectar, em contacto com os antigénios específicos, ou
seja, os elementos que desencadeiam a produção dos anticorpos, na maioria dos casos proteínas

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 150
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

pertencentes à estrutura dos micróbios. Desta forma, consegue-se observar se, de facto, se
produz uma reacção antigénio-anticorpo.

De acordo com o tipo de reacção antigénio-anticorpo que se deseja estudar e a forma de


identificar é através de vários tipos de testes serológicos. Por outro lado, nos testes de
aglutinação, costuma-se detectar como estes grupos, ao unirem-se entre si e ao serem mais
pesados, se sedimentam no fundo de um tubo de ensaio.O alcance e a exetensão dos testes de
triagem executados no sangue doado, variam muito de País para País. Às vezes, isto, decorre
simplesmente de diferenças entre as patologias existentes, porém, por vezes, pode decorrer de
limitações financeiras. Como resultado, a eficiência dos programas de triagem também vária.

O principal objectivo de triagem serológica nos serviços de sangue é de assegurar sangue livre
de agentes infecciosos da melhor forma possível, detectando qualquer agente infeccioso que
possa estar presente antes que o sangue seja destinado para a transfusão. As doenças testadas
no serviço de sangue no País incluem o HIV, Sífilis, HBV e HCV.

2. TESTAGEM DO HIV, HBV E HCV

Existem diferentes tipos de testes de HIV, sendo possível detectar anticorpos ou antigénios no
soro, plasma, podendo ser detectados também em fluidos corporais, como por exemplo:
amostras de saliva e urina. Os testes de detectação dos anticorpos dos virus variam no custo e a
precisão do resultado. Para a testagem do HIV, HBV, HCV existem vários métodos a saber:
ELISA, a imunofluorescência indireta, o Western-Blot, o imunoblot e o imunoblot rápido e
testes rápidos. Para este módulo importa-nos falarmos de Testes rápidos e ELISA usados em
bancos de sangue.

O período de janela é o tempo que vai desde a infecção até o teste


DEFINIÇÃO poder determinar qualquer mudança. O período de janela médio de um
teste de anticorpos é de 22 dias. O teste de antigénios reduz o período de
janela para aproximadamente 16 dias, e o teste de ácido nucleico (TAN)
reduz este período para 12 dias

Os exames de anticorpos são relatados como positivos ou negativos. O desempenho destes


exames é descrito em termos de:

- Sensibilidade: a percentagem dos resultados que serão positivos quando o HIV estiver
presente.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 151
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Especificidade: a percentagem dos resultados que serão negativos quando o HIV não
estiver presente.

O teste de ELISA (do acrónimo inglês de Enzyme-Linked Immuno Sorbent Assay) foi o
primeiro exame amplamente empregado. Ele tem uma alta sensibilidade. A baixa
especificidade deste teste ocorre quando os anticorpos se ligam aos antigénios nos kits de
exame "por acaso", mesmo que a pessoa nunca tenha sido exposta ao HIV. Cerca de 80% dos
testes ELISA positivos são seguidos por um exames Western blot negativo e,
consequentemente, considerados como falso positivo. Eis a baixo na figura 1 equipamento do
sistema ELISA.

2.1. Testes sorológicos

Os testes sorológicos baseiam-se na detecção de anticorpos e/ou antigénios do (incluir também


outros marcadores ex: HBV, HCV), presentes ou não na amostra do paciente. Em adultos, esses
anticorpos aparecem no sangue dos indivíduos infectados em média de quatro a 12 semanas
após a infecção. (ISBT, 2008).

2.2. Reacção de ensaio imunoenzimático

O principal teste utilizado no diagnóstico sorológico do HIV, HBV e HCV é o ensaio


imunoenzimático, conhecido como ELISA. Nas últimas décadas, foram desenvolvidas quatro
gerações de ensaios imunoenzimáticos. Os ensaios de primeira e segunda geração apresentam o
formato indireto, ou seja, os antigénios virais são absorvidos nas cavidades existentes das
placas de plástico dos kits, onde o soro do paciente é adicionado a seguir. Se o soro possuir

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 152
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

anticorpos contra o HIV, estes se ligarão aos antigénios (proteínas do HIV). A figura 2 ilustra
Leitor do sistema ELISA.

Figura 2: Leitor do sistema ELISA

2.3. Imunofluorescência indireta para o HIV-1

Fixadas em lâminas de microscópio, as células infectadas pelo HIV-1 (portadoras de antígenos)


são incubadas com o soro que se deseja testar, ou seja, onde é feita a pesquisa de anticorpos. A
presença dos anticorpos é revelada por meio de microscopia de fluorescência. A
imunofluorescência foi muito utilizada como teste confirmatório da infecção pelo HIV na
primeira década da epidemia, mas, actualmente, foi substituída pelo western blot e imunoblot.

2.4. Western blot

Este teste envolve, inicialmente, a separação das proteínas virais por eletroforese em gel de
poliacrilamida, seguida da transferência eletroforética dos antigénios para uma membrana de
nitrocelulose. O soro do paciente, onde se faz a pesquisa dos anticorpos contra o HIV, é
colocado em contacto com esta membrana. As reacções antigénio-anticorpo são detectadas por
meio da reacção com anti-imunoglobulina humana, conjugada com uma enzima.

2.5. Testes moleculares

A detecção molecular de ácido nucleico se baseia na detecção e/ou quantificação do material


genético do HIV (RNA do HIV no sangue ou DNA pró-viral em células infectadas) por meio
da amplificação do ácido nucléico com o uso da reacção em cadeia da polimerase (PCR) e

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 153
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

detecção em tempo real de fluorescência emitida por uma sonda específica para uma assinatura
genética do vírus.

Os testes moleculares são especialmente úteis para o diagnóstico em crianças com idade
inferior a 18 meses e na infecção aguda em adultos. As doenças testadas nos serviços de sangue
no País incluem o HIV, Sífilis, HBV e HCV. Importa referir que para esta subunidade iremos
debruçar muito mais dos testes rápidos que são ensaios simples que podem ser realizadas em
até 30 minutos. Existem vários formatos de testes rápidos e os utilizados mais frequentemente
são: dispositivos ou tiras de imunocromatografia ou fluxo lateral, imunocromatografia de dupla
migração (DPP) e dispositivos de imunoconcentração e fase sólida.

Desde Março de 2006, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do MISAU vem
implantando o teste rápido como diagnóstico da infecção pelo HIV. Esta metodologia é
utilizada no mundo inteiro e traz vantagens significativas quanto ao método laboratorial, pois
são de simples realização, dispensando a atuação de profissionais especializados e de
equipamentos de laboratório, permitindo o conhecimento dos resultados e assistência imediata
aos pacientes. A Portaria nº 29 de 17 de dezembro de 2013, normatiza o algoritmo para o
diagnóstico da infecção pelo HIV utilizando exclusivamente testes rápidos. A elaboração deste
documento está fundamentada na realização dos estudos de validação dos testes rápidos e de
extensa discussão com diversos segmentos da comunidade científica e instituições
governamentais. O algoritmo preconizado no país permite que o diagnóstico da infecção pelo
HIV seja realizado e confirmado.

3. TESTAGEM RÁPIDA DO HIV

A Testagem rápida do HIV é feita com uma gota de sangue através de uma picada no dedo do
dador. Também pode-se pipetar 50 microlitros de soro. Essa gota de sangue é colocada no local
indicado com a letra S da cassete do teste, a leitura é feita após cerca de 15-20 minutos, sendo
negativo quando apenas aparece uma (1) linha vermelha na coluna de controlo (c), e positivo
quando aparecem 2 linhas vermelhas nas duas colunas C e T.
No entanto, nos casos em que o resultado do teste é positivo, deve-se fazer o segundo teste para
confirmar a presença do HIV. Quando apenas aparece uma (1) linha vermelha na coluna de (T),
ou não aparece nenhuma linha em ambas as colunas o teste C e T considera-se como sendo
teste inválido. É importante lembrar que ambos os testes rápidos do HIV são confiáveis, tendo
resultados com 99% de acerteza. Conforme a figura 3.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 154
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Figura 3: Teste rápido da gota de sangue


Fonte: https://www.google.co.mz/search

3.1. Significado do Teste Negativo

Se o resultado do teste de anticorpos ao HIV é negativo, isso significa que não foi detectado
nenhum anticorpo contra o HIV, o que significa que não existe infecção pelo HIV. Contudo o
teste só é fiável se for efectuado três meses depois da possível infecção. Se durante os três
meses houve alguma situação de risco, não se pode ter certeza acerca do resultado do teste. Eis
a representação da testagem rápida do HIV na figura 4. Pessoas que tiveram algum
comportamento de risco e fizeram o teste mas tiveram resultado negativo devem repetir o teste
após 1 mês para se certificar o resultado porque em alguns casos pode haver um resultado falso
negativo. Os testes de despiste do HIV não detectam uma infecção com exactidão a menos que
tenham passado três meses após a situação de risco. Efectivamente, no início da infecção estão
presentes vírus e anticorpos ao HIV no sangue em concentrações variáveis e por vezes muito
baixas para serem detectadas pelo teste. Um resultado negativo antes do final dos três meses,
não afirma categoricamente ausência de infecção. Porém depois dos três meses, um resultado
negativo é suficientemente fiável.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 155
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

3.2. Preparação e estabilidade do reagente

Devem ser mantidas a temperatura entre 2 a 30ºC. Deixar os kits adquirir a temperatura
ambiente antes de realizar os testes. (se armazenado na geleira). Os reagentes deverão
permanecer a temperatura estável de 2 a 30ºC até a data do vencimento.

3.3. Tipo de amostra

Usar amostra de soro, plasma ou sangue total livre de hemólise. Amostras recém-colhidas
devem ser utilizadas. Se isto não for possível, devem ser conservadas em geleira (2 a 8ºC) por
72h. Para armazenagens mais longas as amostras de soro e plasma devem ser mantidas no
freezer (-20ºC). Não congelar.

ATENÇÃO Se a amostra for armazenada no congelador ela deve ser descongelada e


homogeneizada completamente, mantendo-a, posteriormente, em posição
vertical para permitir que qualquer partícula que possa existir em suspensão
seja sedimentada. Não agitar a amostra pois amostra diluida pode ocasionar
falso negativo.

4. PRINCÍPIO DE TESTES RÁPIDOS DE DIAGNOSTICO DE HIV

O Princípio do teste rápido HIV TEST BIOEASY STANDARD DIAGNOSTIC (SD), utilizado
para investigar a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV, do inglês Human
Immunodeficiency Virus), baseia-se na tecnologia de imunocromatografia de fluxo lateral.
Esse teste permite a detecção de anticorpos das classes IgG, IgM e IgA, específicos para HIV-
1, incluindo grupo O, e HIV-2 em sangue total, soro ou plasma. Trata-se de um teste qualitativo
que utiliza um conjugado composto por antígenos recombinantes associados com ouro coloidal.
Esse conjugado está impregnado na membrana presente no dispositivo de teste e funciona
como revelador do teste.

O dispositivo contém uma área denominada janela de leitura de resultados. Na parte acima da
janela, existem letras C e T, que delimitam, respectivamente, a área de CONTROLO e a área
de TESTE. Na parte abaixo da janela, vê-se os algarismos 1 e 2, que marcam a área de teste e
onde estão localizados, respectivamente, os antígenos de captura recombinantes de HIV-1
(gp41, p24) e os antígenos de captura recombinantes de HIV-2 (gp36). Além dos algarismos,
pode-se observar o carácter C, que corresponde à area de controlo processual do teste. Ao

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 156
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

adicionar a amostra no dispositivo de teste, havendo a presença de anticorpos anti-HIV, estes se


ligam ao conjugado composto pelos antígenos recombinantes HIV 1/2 (gp41, p24 e gp36)
associados ao ouro coloidal e migram ao longo da membrana para a área de teste (T). À medida
que o complexo anticorpo-conjugado se liga na área de teste (T), uma linha visível é formada
nas regiões 1 e (ou) 2 do dispositivo, de acordo com o tipo de anticorpo presente na amostra

Em seguida, independentemente da presença de anticorpos anti-HIV e ocorrência de reação na


área de teste (T), a amostra continua a migrar até a área do controle (C), onde sempre deve
aparecer uma linha colorida. O aparecimento da linha de controle (C) indica que os
procedimentos do teste foram realizados de maneira adequada e que os reagentes estão
funcionando corretamente. Caso a amostra não apresente anticorpos anti-HIV, você observará
somente a linha colorida na área de controlo (C).

Se a linha colorida aparecer nas duas áreas na área do controlo (C) e na área do teste (T),
considera-se que o resultado é reactivo. Como foi ilustra anteriormente na figura 3.

4.1. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), tipo 1 e 2

O HIV da família Retroviridae é um lentivírus causador de infecção crônica e de lento


crescimento. O vírus é uma esfera com 100 nm com uma cápsula consistindo de uma
membrana lipídica através da qual salientam-se glicoproteínas. O núcleo do vírus contêm o
RNA genômico e a transcripase reversa.

4.2. Vírus da Hepatite B (HBV)

O Vírus da hepatite B (HBV) pertence a familia hepadnaviridae, esses vírus de ácido


desoxirribonucleico (DNA). O vírus é uma particula com 42 nm constituido de uma parte
central de 28 nm com Dna circular de duplo filamento e Dna polimerase. O núcleo é
circundado por uma proteâna de revestimento- HbsAg que também ocorre na forma livre no
soro como esferas de 22 nm e filamentosos de 22-200nm. A principal proteína do virion é
conhecida como antigénio de ʺsuperficíeʺ do vírus da hepatite B (HbsAg), que é produzida em
grandes quantidades pela célula infectada pelo vírus. O Virion contém duas outras proteínas:
antigénio ʺeʺ da hepatite B (HBeAg) e antigénio do núcleo do capsídeo do virion que são
partículas menores onde contém apenas a proteína principal, HbsAg, que é produzida em maior
quantidade do que a necessária para a formação de novos vírions, estas partículas são portanto,
consideradas não infecciosas, embora actuem como marcadores da infecção actual (DENISE,
2006).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 157
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

4.3. Vírus da Hepatite C (HCV)

O vírus da hepatite C (HCV) pertence a família hepadnaviridae é um vírus de filamento


positivo de RNA com invòlucro e um agente com fita única de RNA, com genoma de
aproximadamente 10.000 nucleotídeos, e de 50 a 60 nm de diametro. As proteínas são
expressas a partir de uma sequencia do ácido nucleico, e utilizadas para desenvolver um teste
para a detenão de anticorpos contra o vírus, estima-se que 50% dos indivíduos infectados pelo
HCV desenvolve infecção crónica, dos quais 20% desenvolvem uma doença hepática crónica,
levando à morte por cirose ou carcinoma primário do fígado, e transmitida por via parenteral (é
a causa mais comum de hepatite pós-transfusão).

4.4. Diagnóstico laboratorial da infecção

O diagnóstico é baseado na sorologia viral realizada em amostras séricas de indivíduos


infectados através da pesquisa de antigénios ou anticorpos.

4.5. Sífilis

A sífilis é uma doença sexualmente transmissível crônica, caracterizada por manifestações


pontuais e longos períodos de quiescência. Ela é causada pelo Treponema pallidum subsp.
pallidum, um organismo espiralado e delicado, intimamente relacionado com os organismos
causadores das treponematoses não venéreas, denominados T. pallidum subsp. pertenue
(bouba), T. pallidum subsp. endemicum (sífilis endêmica) e T. carateum (pinta). Esses quatro
patógenos são morfológica e antigenicamente idênticos. Eles só podem ser diferenciados entre
si pelo modo de transmissão, epidemiologia, manifestações clínicas e, mais recentemente, por
sequenciamento genético.

A sífilis é normalmente transmitida como resultado do contacto sexual com uma lesão
infecciosa da membrana mucosa ou pele desgastada ou por meio da placenta de uma gestante
para o feto.

O Métodos de detecção directa para o diagnóstico de sífilis uma vez que o T. pallidum não
pode ser cultivado em meio artificial, os métodos de detecção directa, tais como a microscopia
de campo escuro, imunofluorescência directa (IF) e testes para detectar sequências de DNA
específicas de T. pallidum em espécimes obtidos de lesões na pele ou tecidos são os métodos
de escolha para diagnosticar a sífilis precoce.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 158
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

O teste de infectividade em coelhos (RIT, do inglês rabbit infectivity test) vem sendo
considerado, há muito tempo, o padrão ouro para a detecção directa de T. pallidum em
espécimes clínicos. Esse método tem uma sensibilidade de aproximadamente um único
organismo, quando são utilizadas passagens repetidas em coelhos.

Entretanto, esses testes raramente são realizados, excepto em laboratórios de pesquisa, uma vez
que são demorados (necessitam de aproximadamente 1-2 meses para serem completados). Nos
bancos de sangue de Moçambique são usados dois métodos: testes ELISA e testes Rápidos. As
amostras positivas nos ambos métodos são confirmados usando Uni-Gold, quando positivas são
consideradas confirmadas e quando negativas indeterminados. Conforme a figura 5.

Algoritmo de testagem de HIV nos Bancos de sangue

4.6. Diagnóstico laboratorial da infecção

Existem dois grupos de testes disponíveis: Testes específicos e testes não específicos.

- Testes específicos, tais como o TPHA, utilizam o T. Pallidum como antigénio numa
série de diferentes tipos de testes, todos eles dirigidos para a detecção de anticorpos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 159
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

específicos, vários testes de aglutinação de partículas desenvolvidos, são baratos,


especiíficos e sensíveis.
- Testes não específicos tais como VDRL, utilizam uma substância denominada
cardiolipina para detenção de anticorpos contra o T. Pallidum, a cardiolipina é um
componente normal dos tecidos.
- Após a testagem deve-se confrontar os resultados das análises com os dados dos registos
nas bolsas assim como a liberação de produtos sanguíneos
- Descartar os produtos sanguíneos contaminados e registar seguindo as normas
estabelecidas e ou POPs.
- Disponibilizar os componentes de sangue validados nas geleiras de produtos sanguíneos
em uso de acordo com os rótulos dos grupos sanguíneos. Realizar a rotação de
componentes de sangue em função da sua validade, os primeiros a entrar deve ser os
primeiros a serem liberados, preencher sempre os registros ou protocolos seguindo as
normas estabelecidas e ou POP.

RESUMO

O primeiro passo mais importante para garantir que o sangue transfundido não transmita
doença viral é a selecção e triagem cuidadosa do dador não dispensando a testagem serológica.
Através do sangue pode-se transmitir o vírus de HIV, hepatite B e C. No que concerne à
hepatite B o primeiro marcador sorológico a surgir é o HbsAg, seguido por HbeAg e IgM anti-
HBc, dentro das primeiras semanas subsequentes à exposição.

O diagnóstico de infecção por HIV-1/2 depende da presença de anticorpos para proteínas da


cápsula e do núcleo do vírus.

O vírus da hepatite C tem um período de incubação de 40-60 dias, o teste mais sensível para
detenção do HCV é a reacção em cadeia de polimerase (PCR), em que se pode detectar RNA
do HCV 10 dias depois do inicio da infecção.

Os anticorpos anti-HIV-1 e/ou anti-HIV-2 presentes na amostra ligam-se no conjugado


formando um complexo. Este flui pela membrana indo se ligar ao antigénio (gp41/gp36) na
área de teste (T) determinando o surgimento de uma banda colorida rosa-clara. Na ausência de
anticorpo anti-HIV-1 e/ou anti-HIV-2 não há o aparecimento da banda. Um reagente controle
imobilizado na membrana da placa-teste determinará o surgimento de uma segunda banda rosa,

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 160
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

cuja presença demonstrará que os reagentes estão funcionando corretamente (área controle
“C”).

Se o resultado do teste de anticorpos ao HIV é negativo, isso significa que não foi detectado
nenhum anticorpo contra o HIV, o que significa que não existe infecção pelo HIV. Contudo o
teste só é fiável se for efectuado três meses depois da possível infecção. Se durante os três
meses houve alguma situação de risco, não se pode ter certeza acerca do resultado do teste.

A sífilis é uma doença sexualmente transmissível crônica, caracterizada por manifestações


pontuais e longos períodos de quiescência. Ela é causada pelo Treponema pallidum.

Todo o teste serológico é baseado na sorologia viral realizada em amostras séricas de


indivíduos infectados através da pesquisa de antígenos ou anticorpos.

Após a testagem deve-se libertar o sangue para uso nas geleiras apropriadas e arrumado
conforme os rótulos e seus grupos sanguíneos e a validade.

Nos bancos de sangue de Moçambique são usados dois métodos: testes ELISA e testes
Rápidos. As amostras positivas em ambos métodos são confirmados usando Uni-Gold., quando
positivas com Uni-Gold são consideradas confirmadas e quando negativas indeterminados.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD5

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 1
Duração 2h
Objectivos
- Realizar o teste rápido do HIV1&2, HBsAg e HCV.
- Preparar as amostras dos dadores para testar
- Preparar os reagentes necessários
Conteúdos de referência
- Teste rápido do HIV1&2, HBsAg e HCV.
- As amostras dos dadores para testar
- Reagentes necessários
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
A turma organiza-se em grupos de 6
- Preparação duma simulação onde um aluno leva e organiza as amostras e reagentes
para teste rápido do HIV1&2, HBsAg e HCV, e o resto da turma deverá:

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 161
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Acompanhar atenciosamente os procedimentos


- Detectar os erros cometidos
- Propor as medidas correctivas
- Valorizar a limpeza, ordem e seguimento das normas estabelecidas
- Cada um dos grupos deverá fazer uma exposição oral com os erros e as propostas de
melhoria
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
As actividades que o professor deve planificar e desenvolver na sala de aulas são:
- Estabelece os conhecimentos prévios dos alunos da turma.
- Expõe os conteúdos conceptuais necessários para o desenvolvimento das sessões
prácticas.
- Resume os conceitos chave e faz perguntas para se assegurar que suas explicações são
claras.
- Prepara os planos das actividades prácticas e os protocolos de actuação
- Explica os protocolos e mostra fazendo ele, a organização das amostras e reagentes
para teste rápido do HIV1&2, HBsAg e HCV, durante o desenvolvimento das
prácticas pelos alunos, o professor deve observar as técnicas empregadas pelos alunos,
corrigindo as suas falhas e dando as orientações necessárias para sua correção.
- No final da actividade o professor avalia o trabalho desenvolvido pelos alunos
aplicando os critérios de avaliação
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Marcador, datashow, papel gigante
- Material a usar
- Computador, vídeo data e impressora
Critérios de avaliação
- Realiza o teste rápido do HIV1&2, HBsAg e HCV.
- Prepara as amostras dos dadores para testar.
- Prepara os reagentes necessários conforme o número das amostras a testar.
- Avalia a integridade física da amostra para garantir os resultados do processo.
- Explica os passos a serem seguidos no registo das amostras.
- Mantém sempre a ordem e a limpeza de seu localde trabalho.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 162
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

CASO PRÁTICO

Caso prático
Título
Elaborar proposta de resolução do Caso proposto
Descrição
Planeamento da situação: Uma criança de 7 anos de Idade, esteve internada no hospital
Pronvíncial de Mochungue com problemas de dores de cabeça, franqueza, toturas, feito
exames laboratorias constantou-se estava com Hb-6.0g/dl, HIV- negativo. O médico
recomendou uma transfusão de sangue. Melhorou teve alta. Passados três meses a criança
apresentou sintomas de emagrecimento, manchas na pele, Feito novamente fazer o teste de
HIV-foi Positivo. Actividades que devem ser desenvolvidas pelos grupos de 4 alunos

ACTIVIDADE 1: Confrotar o registo do primeiro teste e segundo da criança.

ACTIVIDADE 2: Verificar no protocolo o resultado serológico do dador de sangue o qual


foi transfundido a criança.

ACTIVIDADE 3: fazer testagem do HIV aos pais.

ACTIVIDADE 4: Propor possíveis soluções.

Actividades a desenvolver pelo professor


- Forma grupos de 4 alunos.
- Explica os procedimentos da actividade.
- Acompanha as actividades do grupo.
- Analisa os trabalhos apresentados.
- Promove debate em plenária.
- Avalia a participação.
- Corrige o caso prático.
Recursos necessários
- Papel gigante
- Marcadores
- Quadro
- Apagador
- Computador
- Datashow
- Laboratório Multidisciplinar

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 163
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Bibliografia
1. Denise, M.H. (n/a). Técnicas Modernas em Banco de Sangue e transfusão.

2. OMS. (s/a). Sangue e produtos sanguíneos seguros. Normas e príncipios para uma
prática transfusional segura. s/e. Genebra.

3. OMS. (s/a). Sangue e produtos sanguíneos seguros. Triagem para HIV e outros Agentes
infeccios. s/e. Genebra.

4. OMS & PNTS. (1997). Manual de munohematologia. Maputo.

5. ISBT. (2008). Science Series. Introduction Blood Transfusion Technology. Volume 2 e


3. s/ e.

SITE CONSULTADO

1. https://www.google.co.mz/search?q=neisseria+gonorrhoeae&biw=1600&bih=799&site
=webhp&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 164
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

UNIDADE DIDÁCTICA 6

PROCESSOS DE CONTROLO DE QUALIDADE NO BANCO


DE SANGUE E HEMOTERAPIA

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 165
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ÍNDICE
OBJECTIVO GERAL ______________________________________________________ 167
Resultados de Aprendizagem da Unidade Didática _____________________________ 167
INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 168
1. GARANTIA DE QUALIDADE __________________________________________ 168
1.1. Gestão da Qualidade (GQ) ___________________________________________ 168
1.2. Alguns modelos das normas ISO, usadas internacionalmente ________________ 169
1.3. Requesitos do Sistema de Gestão de Qualidade (RSGQ)____________________ 170
1.4. Funções do Gestor de Qualidade ______________________________________ 170
2. SISTEMA DE GESTÃO DE QUALIDADE _________________________________ 170
2.1. Tipos de documentos recomendados ___________________________________ 171
2.2. Controlo de Dados e Documentos _____________________________________ 171
2.3. Responsabilidade da Direcção ________________________________________ 171
2.4. Gestão de Recursos _________________________________________________ 172
2.5. Ambiente de Trabalho ______________________________________________ 172
2.6. Competências e Treinamento de Pessoal ________________________________ 172
2.7. Realização de Produto ______________________________________________ 172
2.8. Medição, Análise e Melhoria _________________________________________ 172
2.9. Produto ou serviço não conforme ______________________________________ 173
2.10. Acções Correctivas e Preventivas ____________________________________ 173
2.11. Análise de dados _________________________________________________ 173
2.12. Princípios do Sistema de Gestão de Qualiade___________________________ 173
3. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ______________________________________ 175
3.1. Garantia De Qualidade ______________________________________________ 176
3.2. Necessidades Para Garantia De Qualidade _______________________________ 178
3.3. Controlo de Qualidade ______________________________________________ 179
4. QUALIDADE DO SANGUE E SEUS COMPONENTES ______________________ 179
4.1. Controlo de qualidade do sangue e seus componentes ______________________ 179
5. PRINCÍPIOS E REGRAS ÉTICAS APLICADOS NO BANCO DE SANGUE _____ 183
5.1. Regras éticos aplicáveis ao sector de sangue _____________________________ 183
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD6 _______________________ 185
CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD6 _______________________________________ 186
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA____________________________________________ 187

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 166
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

OBJECTIVO GERAL
Analisar os processos de controlo de qualidade no banco de sangue e hemoterapia, em
conformidade com os padrões em vigor.

Resultados de Aprendizagem da Unidade Didática

No fim desta Unidade o estudante será capaz de:


- Descrever o sistema e os processos de controlo de qualidade e sua estrutura
organizacional.
- Identificar a estrutura organizacional.
- Identificar as premissas requeridas para a garantia de qualidade.
- Analisar os processos e os procedimentos aplicáveis na gestão de qualidade.
- Identificar produtos e materiais sem conformidade
- Fazer o controlo de qualidade interna das análises feitas para obter resultados fiáveis
- Verificar a qualidade das análises realizadas e os resultados obtidos
- Descrever as técnicas utilizadas no controlo de qualidade externa para a confirmação da
fiabilidade dos resultados.
- Reconhecer as técnicas para gerir os desperdícios e o lixo produzido
- Explicar os processos de melhoria contínua
- Identificar os princípios e regras éticos aplicáveis ao sector de sangue

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 167
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

INTRODUÇÃO

A tendência da medicina transfusional actual é utilizar o componente sanguíneo clinicamente


indicado para tratar a deficiência específica que o paciente apresenta, isto é, concentrado de
hemácias, concentrado de plaquetas, concentrado de granulócitos e plasma (ANVISA, 2007). O
conhecimento e organização dos bancos de sangue modernos permitem esta prática.

A partir de então, o conhecimento sobre os métodos de preparação e armazenamento dos


componentes sanguíneos evoluiu, e esta evolução trouxe agregada consigo a necessidade de se
estabelecer políticas e acções que assegurem a qualidade dos serviços realizados e dos produtos
obtidos, garantindo que os procedimentos e processos ocorram sob condições controladas.

1. GARANTIA DE QUALIDADE

DEFINIÇÃO Qualidade: o grau de satisfação dos clientes em relação aos produtos ou


serviços que ela oferece Ou execução consistente e confiavel de serviços ou
produtos, em conformidade com padrões especificados (OMS,s/a).

1.1. Gestão da Qualidade (GQ)

A Gestão de Qualidade é importante para o sucesso operacional de qualquer organização, assim


como, para os serviços de banco de sangue. A GC não depende da estrutura ou tamanho que o
serviço tem. Isto é, nos maiores e mais estruturados serviços a qualidade sempre deve estar
patente. Sendo assim não importa quantas unidades de sangue sejam colhidas, ou que teste seja
realizado, cada banco de sangue deve estabelecer e manter um sistema de qualidade adequado,
a fim de garantir que o produto processado seja sempre o mais seguro para qualquer um que
está envolvido com o mesmo (OMS). Isto é, sangue certo ao paciente certo no momento certo.
Ela envolve quatro etapas:

- Avaliar o que é necessário, de modo a obter uma qualidade consistente.

- Planificar a acção que deve ser tomada, e identificar a melhor maneira de fazê-la.

- Implantar as mudanças necessárias, incluindo a implementação de sistemas para


monitoramento e controlo.

- Monitoramento do sistema, a fim de avaliar seu desempenho, e identificar qualquer


mudança necessária, a fim de garantir que a qualidade seja mantida.

O Sistema de Gestão da Qualidade não só, é importante porque permite identificar, organizar e

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 168
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

geriar os processos de uma organização, a fim de garantir a qualidade de seus produtos e/ou
serviços. Como também ela oferece ferramentas para que os serviços implantem, gerirem e
visualizem a qualidade de seus processos, Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer
(CTIRA), sendo algumas das principais razões que levam à sua implementação as seguintes:

- Maior satisfação dos clientes (sociedade e partes interessadas).

- Melhoria da imagem, cultura e desempenho dos serviços.

- Aumento da produtividade e redução de custos.

- Melhoria da comunicação, moral e satisfação dos colaboradores.

- Maior competitividade e oportunidades, tanto no mercado nacional como internacional.

- Implementação da Gestão da Qualidade com base em padrões e normas nacionais ou


internacionais, que compreendem: treinamento, mapeamento, documentação dos processos
produtivos e registo das actividades realizadas pelos serviços. Ela abrange as fases pré-
analítica, analítica e pós analitica.

A implementação do SGQ permite:

- Acreditação, Certificação e Uso das Normas ISO pela organização ou serviços, o que irá
elevar a qualidade e reconhecimento dos serviços, quer a nivel interno ou
internacionamente.

1.2. Alguns modelos das normas ISO, usadas internacionalmente

ABNT ISO 9000

- Sistema de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulário: documento que


especifica os termos utilizados pelo sistema. Serve como referência para outras
normas da qualidade.

ABNT NBR ISO 9001

- Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos: essa norma apresenta o Sistema de


Gestão da Qualidade indicando, objectivamente, cada um dos requisitos necessários
para a obtenção da certificação.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 169
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ABNT NBR ISO 9004

- Gestão para o Sucesso Sustentado de uma Organização – Uma abordagem de


Gestão da Qualidade: nesse documento são definidas as directrizes para a aplicação
do Sistema de Gestão da Qualidade.

1.3. Requesitos do Sistema de Gestão de Qualidade (RSGQ)

ABNT NBR ISO 9001 possui uma característica prática, apresentando objectivamente os
requisitos imprescindíveis à aplicação de um Sistema de Gestão da Qualidade eficaz e
eficiente. Uma vez cumpridos esses requisitos, a organização poderá solicitar a certificação
do Sistema de Gestão da Qualidade, segundo os padrões normativos.

O SGQ poderá apresentar os seguintes requisitos:

- Sistema de Gestão da Qualidade.

- Responsabilidade da Direcção.

- Gestão de Recursos.

- Realização do Produto.

- Medição, Análise e Melhoria.

1.4. Funções do Gestor de Qualidade

O gestor de qualidade no seu sector é responsavél por desempenhar as seguintes funções:

- Implementar e gerir o sistema de qualidade no laboratório do Banco de sangue.

- Participar no processo de revisão periódica de directivas e padrões para a testagem


laboratorial.

- Gerir, em coordenação com os laboratórios nacionais de referência os programas de


testagem de proficiência.

- Facilitar o processo de acreditação de laboratórios.

- Gerir o sistema de controlo e de qualidade técnica.

2. SISTEMA DE GESTÃO DE QUALIDADE

Essa secção estabelece o cenário para a ABNT NBR ISO 9001, enfatizando a necessidade de
documentar, implementar e manter um Sistema de Gestão da Qualidade, melhorando-o

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 170
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

continuamente. Fazem parte de requisitos da documentação: a elaboração de um manual da


qualidade e a documentação dos processos. Requerendo, declarações documentadas da política
e dos objectivos da qualidade. Nessa secção são definidos os critérios para controlar os
documentos e os registos.

2.1. Tipos de documentos recomendados

O modo como essa documentação será elaborada cabe a cada organização específica. Ela
poderá ser composta por uma única página ou por várias. No entanto, recomenda-se que sejam
evitadas documentações excessivamente pesadas. Algumas organizações preferem utilizar
softwares para mapeamento de seus processos. Permitindo dessa forma, que elas identifiquem
com mais facilidade a documentação crítica em determinado contexto. Outras organizações
preferem disponibilizar a documentação do seu sistema ou referenciá-las na Internet.

2.2. Controlo de dados e documentos

A distribuição dos documentos da qualidade deve ser controlada. Os procedimentos e demais


informações deverão ser distribuídos somente a quem realmente necessita deles. Além disso,
cada uma dessas distribuições deverá ser registada. Esse registo deverá informar o que foi
distribuído e para quem. Sempre que um documento controlado sofrer alguma alteração, isso
deverá ser registado e as pessoas relevantes formalmente informadas. Dessa forma, será
assegurado o arquivamento ou a destruição dos documentos obsoletos. Ainda dentro desse
requisito, será necessário reter informações indicando que as actividades executadas dentro do
sistema da qualidade foram satisfatórias.

EXEMPLO Registos de treinamento do pessoal, contratos submetidos à análise crítica e


produtos inspeccionados, bem como as evidências de conformidade
regulamentares.

2.3. Responsabilidade da Direcção

De acordo com a ABNT NBR ISO 9001, a alta direcção é composta pelos responsáveis pelo
serviço, já que são eles que definem a política e os objectos da qualidade para um dado local ou
actividade. Uma vez definida a política e os objectos da qualidade, cabe a essa direcção
comunicar a necessidade de melhoria contínua, de forma a atender aos requisitos dos clientes.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 171
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

São consideradas de sua responsabilidade também os requisitos regulamentares, bem como os


da estrutura organizacional como um todo.

2.4. Gestão de Recursos


A gestão da qualidade dependerá do uso de recursos apropriados para cada tarefa a ser
executada. Isso inclui os executores dessas tarefas, as ferramentas e os serviços que necessitam
para executá-las.

2.5. Ambiente de Trabalho

A análise crítica por parte da direcção, poderá indicar, por exemplo, que há necessidade de
adequações no espaço físico de trabalho ou mesmo que o treinamento da equipa seja
aperfeiçoado.

2.6. Competências e Treinamento de Pessoal

O requisito competência argumenta que as pessoas envolvidas em um processo com requisitos


específicos de competência devem ter comprovado suas habilidades para executá-lo ou serem
providas de treinamento apropriado à sua execução, dependendo de sua actuação, precisam
apresentar tempo suficiente de experiência, a fim de serem considerados competentes.

2.7. Realização de Produto

Para a realização de um produto e/ou serviço com qualidade, é imprescindível que, em primeiro
lugar, as necessidades do cliente sejam claramente compreendidas. Somente a partir dessas
informações a organização poderá definir os processos necessários e a melhor maneira de
implementá-los, a fim de garantir a satisfação do cliente. Ou seja, antes de iniciar a execução
de um produto é necessário que essa operação seja planejada com atenção.

2.8. Medição, Análise e Melhoria

Do ponto de vista do Sistema de Gestão da Qualidade, os requisitos dessa secção são


considerados a chave para o sucesso. Quando aplicadas, as medições devem ajudar a melhorar
a organização, demonstrando a conformidade de seus produtos e serviços aos padrões
requisitados. Em casos específicos, a medição pode incluir a utilização de uma metodologia
estatística para avaliar o nível de satisfação dos clientes.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 172
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

2.9. Produto ou serviço não conforme

Em algumas ocasiões, pode acontecer de algum produto e/ou serviço não estar conforme os
requisitos especificados previamente pelo sistema. Nesse caso, a organização deverá garantir
que esses produtos e/ou serviços não sejam entregues ao cliente. Deverão ser estabelecidos
também, procedimentos documentados, garantindo a eliminação da não conformidade
encontrada no produto ou a tomada de outra acção adequada. O processo de melhoria contínua
do SGQ, para garantir a qualidade ela recorre aos objectivos da qualidade, resultados de
auditorias, análise de dados, acções correctivas e preventivas e análise crítica por parte da
direcção da organização.

2.10. Acções correctivas e preventivas

Na implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade precisa-se ter em mente que isso


não quer dizer que os produtos e/ou serviços, frutos desse sistema, estejam completamente
livres de defeitos. A fim de evitar ou minimizar esse tipo de problema, o sistema recomenda a
eliminação das causas que levam um produto a não conformidade. Uma vez que o foco está na
satisfação do cliente. Devendo ser tanto por meio de acções correctivas, como preventivas.

2.11. Análise de dados

A análise de dados deverá considerar, prioritariamente, a medição da satisfação dos clientes.


Ela também deverá verificar os requisitos de conformidade do produto e/ou serviço, as
características e as tendências dos processos, produtos e/ou serviços, incluindo os fornecedores.

2.12. Princípios do sistema de gestão de qualiade

Sistema de Gestão da Qualidade apresenta 8 requisitos. Trata-se de um conjunto de parâmetros,


oriundos da experiência de inúmeras organizações, que poderão ser utilizados pela organização
com o intuito de melhorar seu desempenho, oferecendo bases mais seguras para o sucesso do
sistema. Porém, recomenda-se que, antes de serem colocados em prática, sejam analisados os
princípios não apenas isoladamente, mas também na relação entre si. Sendo os seguintes: Foco
no Cliente, Liderança, Envolvimento das Pessoas, Abordagem de Processo, Abordagem
Sistêmica para a Gestão, Melhoria contínua, Abordagem Factual para Tomada de
Decisões e Benefícios Mútuos nas Relações com os Fornecedores.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 173
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

a) Foco no Cliente

O cliente é a razão de ser de um serviço. Isso evidência a importância de antecipar-se às


necessidades do cliente, não apenas a fim de atendê-lo, mas também para encantá-lo. Somente
assim será possível sua fidelidade.

b) Liderança

Para que o serviço ou organização actue efectivamente com a qualidade, o Sistema de Gestão
da Qualidade recomenda à organização uma liderança sólida, capaz de acompanhar o mercado
no qual actua. É necessário, que a instituição forneça aos seus liderados não apenas directrizes
como também insumos, para permitir que sejam capazes de executar os processos nos quais
estão envolvidos.

c) Envolvimento das pessoas

A equipa de colaboradores de uma organização ou serviço é o seu recurso mais valioso. O


envolvimento direito desses colaboradores no Sistema de Gestão da Qualidade é de extrema
importância. Isso por que seu sucesso dependerá dos seus colaboradores estarem conscientes da
importância e do objetivo de sua actuação, bem como dos objectivos estratégicos da
organização.

d) Abordagem de processo

Esse princípio toma como foco a relação entre os colaboradores e os processos de uma
organização. Ele também aborda as entradas e saídas de um processo e o fornecimento dos
recursos necessários para que apresentem um bom desempenho.

e) Abordagem sistêmica para a gestão

Essa abordagem sugere que os processos de uma organização sejam vistos como um sistema,
no qual as partes não apenas compõem o todo, mas interagem entre si. A partir dessa visão seus
processos poderão ser alinhados e mensurados.

f) Melhoria contínua

Esse ponto ressalta o conhecimento que a equipa de colaboradores adquire de como um


processo deve ser feito e quão bem deve ser feito. De acordo com a ABNT NBR 9000, a
definição de melhoria contínua é “atividade recorrente para aumentar a capacidade de atender
requisitos”.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 174
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

g) Abordagem factual para tomada de decisões

Esse princípio afirma que as informações obtidas a partir dos indicadores, auditorias internas e
análises críticas que compõem o Sistema de Gestão da Qualidade permitem à liderança da
organização mapear as oportunidades e os desafios do negócio, a fim de tomar decisões no
sentido de melhorar seu desempenho e a qualidade dos produtos e/ou serviços que oferece.

h) Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores

Por meio desse enfoque, calcado na política do ganha-ganha, os colaboradores e fornecedores


são tratados como parceiros.

Apenas assim é possível obter o compromisso da equipa com prazos, preços e com a qualidade
dos produtos e serviços oferecidos, havendo benefício para todos.

3. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

É função da alta direcção garantir que toda a equipa de colaboradores esteja consciente de suas
responsabilidades e compreenda o impacto de suas decisões sobre o serviço. Grande parte dos
requisitos é cumprida por meio da formalização do Sistema de Gestão da Qualidade.

Fazem parte de exemplos disso, os relatórios que os responsáveis pelo Sistema de Gestão da
Qualidade devem apresentar à direcção, em reuniões de análise crítica, informando sobre o
desempenho do sistema à direcção.

Essa secção trata ainda sobre uma declaração de comprometimento da alta direcção com a
qualidade, que deverá compor uma política e os objectivos.

A organização dos servicos, faz parte de um dos elementos de SCQ, dentro de um servico de
banco de sangue as actividades iniciam com entrada dos clientes (Dadores) e terminam com a
saida de sangue para as enfermarias (paciente).

Cada etapa, envolve processos e documentos, pessoas, equipamentos. A figura 1 abaixo ilustra
uma estrutura ideal da organização de SGQ.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 175
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ATENÇÃO Em qualidade não existe etapa menos importante, assim como pessoas mais
importante dentro do organigrama. A fase pré-analitica, analítica e pós
analítica.

3.1. Garantia de qualidade

No âmbito do estudo da garantia de qualidade deve-se ter em conta os seguintes aspectos:


Gestão de processos e documentos (Registos e arquivos de registos), Características dos
registos, Gestão segura dos desperdícios, Métodos aplicados para descarte do lixo
infeccioso, Processos de melhoria contínua.

Gestão de processos e documentos (Registos e arquivos de registos)

- Os registos são uma das partes mais importantes de um sistema de garantia de qualidade,
pois fornecem evidências que padrões específicos foram aplicados. Devem cobrir todo o
processo desde a colheita do sangue do dador até a sua utilização (triagem do dador,
colheita, analise, armazenamento, provas de compatibilidade e libertação da unidade para a
transfusão).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 176
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Os registos permitem que a história de cada unidade seja rastreada do paciente ao dador a
fim de verificar se ocorreram alguns erros ou omissões, mostram também que são os
funcionários que executaram a cada etapa durante todo o processo.

Características dos registos

Os registos devem ser claros e simples, preenchidos com informações relevantes, devem ser
completados na totalidade de modo claro e conciso, devem a seguir serem verificados por uma
segunda pessoa para garantir que nenhum erro tenha sido cometido.

Gestão segura dos desperdícios

Um dos aspectos importantes na prática laboratorial é o descarte seguro do lixo. O seu descarte
incorrecto pode colocar em perigo os funcionários, assim como o público em geral. É
necessário que o banco de sangue tenha procedimento rígidos para o descarte do lixo, e que
todos sigam sempre. Na gestão do lixo é necessário ter conhecimentos que nem todo lixo é
infeccioso. As embalagens e papéis presentes nos reagentes, devem ser mantidos separados do
lixo contaminado, e descartados com o lixo geral (lixo comum). O que poderá reduzir o volume
de lixo que necessita de descarte específico, sendo particularmente útil se as instalações para o
descarte de lixo infeccioso forem limitados.

Métodos aplicados para descarte do lixo infeccioso

Para o lixo infeccioso as formas mais seguras de processamento antes do descarte


compreendem dois métodos: Autoclavagem e Incineração. Em algumas áreas a única forma
disponivel é enterrar o lixo, contudo antes de fazê-lo para volumes menores podem ser
mergulhados em solução de hipoclorito de sódio a 10% pelo menos 12 horas. Se a
autoclavagem não for possível, as bolsas de sangue infectadas devem ser incineradas, mas
deve-se ter cuidado, a fim de se garantir que as bolsas não explodam dentro da incineradora,
pois pode trazer riscos aos operadores. Se a incineração não for possível, o descarte seguro de
bolsas de sangue infectadas é potencialmente perigoso. Daí existem três métodos adicionais
que podem ser utilizados:

- 1ª. Embrulhe o lixo com segurança, e transporte-o para locais próximos apropriados
para o descarte.

- 2ª. Embrulhe o lixo com segurança, e enterre-o. Devendo garantir que as bolsas foram
enterradas profundamente de forma que não sejam desenterradas por animais. Para o
caso de hepatite B, a infectividade pode permanecer por longos períodos.

- 3ª. Abra as bolsas infectadas, e jogue o sangue numa fossa profunda com forte

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 177
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

desinfectante, tal como hipóclorito de sódio concentrado. Deve tomar-se bastante


cuidado ao abrir e descartar a bolsa garantindo que a fossa não esteja próximo a um
lençol de água que possa vir ser contaminado.

ATENÇÃO A autoclavagem do lixo deve ser feita no mínimo 121º C por 30 minutos. A
seguir a unidade poderá ser incinerada. Não deve autoclavar ou incinerar
agentes químicos a menos tenha recebido instruções específicas de um dos seus
superiores. O lixo químico não deve ser misturado

Processos de melhoria contínua

- No Sistema de Gestão da Qualidade, os requisitos de processos de melhoria contínua


são considerados a chave para o sucesso. Devendo ajudar a melhorar a organização,
demonstrando a conformidade de seus produtos e serviços aos padrões requisitados.

- Em casos específicos, a medição pode incluir a utilização de uma metodologia


estatística.

- Recomenda-se, ainda, a aplicação de auditorias internas, que deverão ser previamente


planejadas. No entanto, existem outras ferramentas, como, por exemplo, o monitor
amento e a medição de processos, produtos e/ou serviços.

ATENÇÃO As acções correctivas deverão ser executadas logo após a identificação da falha
e acções preventivas possuem um carácter proactivo e são executadas ao
identificar algo que possivelmente poderá dar errado. O sistema defende que se
mantenham registos tanto das acções correctivas, como das preventivas.

3.2. Necessidades para garantia de qualidade

Para a garantia de qualidade deve-se sempre lembrar que uma falha no sistema de colheita,
transporte, processamento, armazenamento e liberação de uma unidade de sangue doada pode
trazer graves problemas, as vezes fatais para o paciente. As falhas no sistema de qualidade do
laboratório podem ser potencialmente perigosas.

- O recipiente da amostra está identificado com um outro paciente.


EXEMPLO
- Resultados incorrectos são reportados como sendo do paciente.

- Os resultados de um paciente são reportados como sendo de outro


paciente.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 178
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Anormalidade na amostra não é detectada.

- Anticorpo de fraca intensidade, porém clinicamente significativo, não é


detectado quando se executa um teste de compatibilidade.

- Uma unidade de sangue rótulado incorrectamente, levando a um resultado


aparentemente correcto, mas na realidade sendo um rótulo falso da bolsa
de sangue.

Portanto a libertação de uma unidade imprópria pode ser evitada se um sistema de qualidade
adequado for elaborado, implantado e monitorado.

3.3. Controlo de qualidade

A garantia de qualidade (GQ), e controle de qualidade (CQ), são usados frequentemente.


Segundo a OMS, a garantia de qualidade é a geração e operação de padrões, programas e
sistemas efectivos de administração, a fim de garantir qualidade. Em Bancos de sangue
significa que pacientes recebam componentes que obedeçam especificações exigidas, e que
erros possam ser identificados e corrigidos.

Controlo de qualidade é um sistema de inspecção, utilizado para garantir que especificações


sejam obedecidas, e que não ocorram erros. Consiste de procedimentos específicos realizados
para monitorar o trabalho executado e eficiência do sistema de garantia de qualidade.

4. QUALIDADE DO SANGUE E SEUS COMPONENTES

4.1. Controlo de qualidade do sangue e seus componentes

Dentre os benefícios da implantação de conceitos da qualidade em um laboratório podemos


destacar:

- A: A melhoria da capacitação técnica do pessoal.

- B: A confiabilidade dos resultados dos ensaios realizados.

- C: A melhoria da qualidade dos componentes.

Os Produto obtido da centrifugação de uma unidade de sangue total. A separação do sangue


total é possível em função das diferentes densidades e tamanhos das células sanguíneas. Sendo
os principais componentes do sangue total: Concentrado de hemácias, Concentrado de
plaquetas, Plasma fresco congelado e Crioprecipitado.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 179
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Concentrado das Hemácias

O controlo de qualidade dos Concentrados de Hemácias ou Glóbulos Vermelhos (CGV), deve


ser realizado em, pelo menos 1% da produção ou 10 unidades.

Crioprecipitado e Plasma fresco Congelado (PFC)

Para os componentes como plasma e crioprecipitado o controle de qualidade deve ser feito em,
pelo menos, quatro unidades produzidas, contudo o controlo deve ser mensal (Figura 2):

Figura 2: Bolsas de plasma para inspecção visual


Fonte: Manual de Qualidade de Componentes. Sakuma (2011)

O banco de sangue deve ter protocolos escritos, definindo o tipo de controlo a ser feito em cada
componente e os parâmetros mínimos esperados para cada item. Cada item verificado pelo
controle de qualidade deve apresentar um percentual de conformidade superior a 75%, a
expção de esterilidade, que deve apresentar a conformidade superior a 99,5% (Figura 3).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 180
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Os itens mínimos a serem verificados em cada componente, como a cor, o volume,


contaminação por hemácias, presença de lipidos. Para garantir a qualidade das bolsas de
Concentrado de Hemácias, Plasma Fresco
Congelado, CP, deve-se fazer inspecção
visual e realizar testes estabelecidos.

Na inspecção visual deve-se avaliar os


seguintes parâmetros:

- Alteração da cor

- Lipemia do sobrenadante

- Presença de coágulos. Figura 4.

- Presença de vazamento

O critério de aceitação para análise


visual, deve ser estabelecido pelo serviço
de hemoterapia.

Resultados de controlo de qualidade

Os resultados de controlo de qualidade devem ser periodicamente revistos e analisados, e


acções correctivas devem ser propostas para a não conformidade observada. A tabela 1, ilustra
possiveis causas de não conformidade de concentrado de plaquetas.

Tabela 1: Possíveis causas de não conformes dos concentrados de plaquetas

Componente Causas
- Volume de sangue total abaixo de 606 e superior a 710 g.
- Tempo e/ou velocidade excessivos na primeira centrifugação (leve).
- Volume insuficiente de plasma retirado do ST após centrifugação leve.
- Falhas na homogeneização na coleta de amostra do CP para efeito de
contagem.
- Movimento brusco na manipulação da bolsa retirada da centrífuga.
CP - Volume excessivo de plasma retirado do ST após centrifugação leve.
- Tempo e/ou velocidade insuficiente na primeira centrifugação impedindo
a sedimentação completa dos leucócitos.
- Plasma insuficiente no CP.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 181
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Temperatura de armazenamento inadequada.


- Agitadores de plaquetas descalibrados dificultando a troca gasosa.
- Baixa qualidade do plastificante da bolsa.

- As unidade de sangue com peso inferior a 606 e superiores a 710g (peso


ATENÇÃO
do ST completo: do saco triplo(180)⁺ ST, não devem ser produzidas CP,
so produz-se PRP(CRNS.2015.
- As unidade de sangue com peso entre 606 a 710g( peso do ST completo:
do saco triplo(180)⁺ ST, são produzidas CP. (CRNS,2015)
Selecção e colheita das amostras

As amostras para controlo de qualidade devem ser seleccionados de forma aleatória e


abrangente, com objectivo de avaliar todos os tipos de componentes produzidos e armazenados.
Para a colheita de amostra é preciso levar em consideração os seguintes aspectos:

Procedimentos

Para a colheita de componentes para o controlo de qualiade, e preciso saber se serão


reintegrados ao estoque ou serão totalmente utilizados para os testes de controlo de qualidade.
Se necessário a reintegração ao estoque, a colheita de amostra deverá ser feita a partir da
selagem e retirada de uma parte do seguimento/tubo coletor das bolsas,ou através de conexão
estéril, transferindo a quantidade de amostra necessária para bolsas de transferência, para
manter a integridade do componente. Caso não haja necessidade de inteigração as amostras
poderão ser colhidas direitamente ao tubo de ensaio através da abertura do sistema, excepto
para cultura microbiológica.

Determinação do volume

Para a determinação do volume é importante utilizar uma balança calibrada, conhecer os pesos
das bolsas de componentes vazias e as densidades dos componentes.

Procedimento

- Tarar a balança
- Pesar o componente
- Anotar o peso bruto (g)

Cálculo

- Aplicar a fórmula:

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 182
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Volume = peso bruto (g) - peso da bolsa vazia (g)/ densidade.

Elementos que fazem parte de controlo de qualidade

Como controlo da qualidade tem a finalidade de prevenir, detectar, identificar e corrigir erros
ou variações que possam ocorrer em todas as fases da realização dos testes. Para a
padronização correcta dos processos e garantir a avaliação da qualidade desejada, o laboratório
deve possuir

a) Pessoal técnico e gerencial com autoridade necessária.

b) Recursos e competência técnica para o adequado desenvolvimento de suas actividades.

c) Contar com uma equipa técnica com formação profissional, com conhecimento,
experiência e habilidade para a realização de ensaios, medições, validações e
verificações, além de iniciar acções para prevenir ou minimizar desvios encontrados.

d) Descrever as actividades e responsabilidades de cada um dos colaboradores.

5. PRINCÍPIOS E REGRAS ÉTICAS APLICADOS NO BANCO DE


SANGUE

5.1. Regras éticos aplicáveis ao sector de sangue

Existem em todos bancos de sangue registos que devem ser mantidos para cada dador, não
apenas para aqueles que doam sangue mas também para aqueles que são excluídos por
qualquer que seja a razão de forma que a sua adequação com dador possa se verificada. Um
rígido sigilo deve ser mantido sobre a identidade do dador, e as razões de rejeição.

Esta informação deve ser apenas acessível ao responsável pela garantia de qualidade ou um
funcionário sénior autorizado. São considerados registos de carácter confidencial os seguintes:

a) Registos de testes laboratoriais.

b) Registos de utilização de sangue.

c) O armazenamento do registo.

d) Descarte de registos.

Nenhuma unidade de sangue deve ser libertada a enfermaria sem confirmação de todos os
marcadores laboratoriais sejam negativos. O resultado do dador de sangue só poder ser entre ao
próprio dador. Qualquer informação relacionada com sangue dador (dador), ou receptor

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 183
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

(paciente) deve ser requerida ao chefe de qualidade ou director do serviço.

A qualidade é a execução consistente e confiável de serviços e produtos, em conformidade com


os produtos especificados, e essencial em todos os aspectos de trabalho em transfusões segura
de sangue, a fim de garantir a segurança dos dadores, receptores e funcionários.

RESUMO

A garantia de qualidade e a manutenção de um sistema que zele para que todo o trabalho
executado esteja dentro da qualidade requerida. O controlo de qualidade é um sistema de
inspecção que monitora a eficácia do sistema de garantia de qualidade. Os procedimentos
operacionais padrão são instruções escritas sobre como uma tarefa em particular deve ser
realizada. Devem ser seguidos pelos funcionários em todas as ocasiões. Os registos completos
e precisos são uma parte essencial do sistema de qualidade.

Monitoramento habitual e necessário para os resultados dos testes e para a operação dos
equipamentos. Uma auditoria e uma revisão formal de todos os factores envolvidos na garantia
de qualidade que e realizada para identificação de problemas, e as formas de soluciona-los.
Cada funcionário tem a responsabilidade profissional pela manutenção da qualidade.

A responsabilidade pela segurança recai sobre cada pessoa que trabalha nas áreas, mesmo que
haja uma pessoa especial designada para responder pela qualidade. Os documentos e processos
devem ser devidamente guardados e protegidos.

Nenhum profissional deve libertar resultados sem que tenha autorização do seu superior
hierárquico. Os resultados das pessoas devem ser tratados com sigilo, ética e deontologia
profissional. O descarte do sangue nos bancos de sangue deve respeitar os padrões
estabelecidos para evitar a contaminação dos solos, assim como a população.

Todas unidades infectadas não devem ser descartadas antes de serem autoclavadas ou um outro
método aprovado pela instituição evitando criar riscos biológicos.

As unidades libertadas devem ser isentos de qualquer anómalia. Sendo necessário que este
respeite todas as etapas de gestão de qualidade. Os produtos conformes devem ser registados, e
os erros dos processos corrigidos para que eles não se repitam.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 184
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 1
Duração 2h
Objectivos
- Analisar os processos de controlo de qualidade no banco de sangue e hemoterapia, em
conformidade com os padrões em vigor.
- Identificar os elementos básicos de controlo de qualidade.
- Analisar os parametros para validar os produtos conformes e não conformes.
- Descrever os PoPs para garantia de Qualidade.
Conteúdos de referência
- Procedimentos e técnicas para validação dos componentes de sangue.
- Exames usados para a garantia de qualidade dos produtos.
- Equipamentos usados para o controlo de qualidade
- Importância dos processos de controlo de qualidade no banco de sangue.
Desenvolvimento da actividade por parte do estudante
Dividir a turma em grupos de 5 (6 elementos cada).

- Preparação duma simulação onde um estudante deve fazer a simulação dos processos
de controlo de qualidade no banco de sangue e hemoterapia, em conformidade com os
padrões em vigor.
- Descrever tipos de controlo de qualidade
- Explicar o funcionamento de Controlo de qualidade interno e externo
- Interpretar os resultados do controlo de qualidade
- Cada grupo deve fazer uma demonstração do controlo de qualidade.
Papel do professor no desenvolvimento da actividade
As actividades que o professor deve planejar e desenvolver na sala de aulas são:

- Estabelece os conhecimentos prévios dos alunos da turma.


- Expõe os conteúdos conceptuais necessários para o desenvolvimento das sessões
práticas.
- Resume os conceitos chave e faz perguntas para se assegurar que suas explicações são
claras.
- Prepara os planos das actividades práticas e os protocolos de actuação

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 185
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

- Explica os protocolos e mostra fazendo ele, as prácticas de produção de sangue.


- Durante o desenvolvimento das práticas pelos alunos, o professor deve observar as
técnicas empregadas pelos alunos, corrigindo as suas falhas e dando as orientações
necessárias para sua correção.
- No final da actividade o professor avalia o trabalho desenvolvido pelos alunos
aplicando os critérios de avaliação, faz a síntese e os estudantes acompanham
atentamente.

Espaço/Meios didácticos e tecnológicos


- Laboratório do Banco de sangue
- Material / equipamentos: Marcador, unidade de sangue, fichas de dados, papel
gigante, rótulos de sangue, EPI e EPC, Centrifugas, balança, geleiras, congeladores,
trombomix, extractor de plasma, tesouras, Livros de registo
Critérios de avaliação
- Organiza o material e equipamentos: materiais de registo, equipamentos para o
controlo de qualidade
- Faz a avaliação dos registos PoPs utilizados no controlo de qualidade.
- Explica os passos a ser seguidos no controlo de qualidade.
- Verifica a aplicação das medidas de biossegurança.
- Verifica a qualidade das unidades de sangue produzidas.
- Mantém sempre a ordem e a limpeza de seu local de trabalho.

CASO PRÁTICO

Caso prático
Título
Elabore os procedimentos que seriam tomados para validar a conformidade do sangue
Descrição
Planeamento da situação

Uma unidade de sangue total ficou 27 horas fora da geleira. Na hora que foi constatado o
problema só havia uma unidade para o consumo. Os técnicos antes de realizarem as provas
de compatibilidade submeteram a unidade à avaliação de qualidade de modo que fosse
possível salvar vida.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 186
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Actividades que devem ser desenvolvidas pelos grupos de 6 estudante

ACTIVIDADE 1: Fazer a verificação da conformidade das unidades de sangue.


ACTIVIDADE: Avaliar a qualidade da unidade de sangue.
ACTIVIDADE 3: Descrever os exames necessários para garantia a qualidade de sangue.
ACTIVIDADE 4: Descrever os passos e procedimentos para a garantia de qualidade.
ACTIVIDADE 5: Fazer a apresentação do trabalho do grupo.
Actividades a desenvolver pelo professor
- Forma grupos de 6 elementos.
- Explica os procedimentos da actividade.
- Acompanha as actividades do grupo.
- Analisa os trabalhos apresentados.
- Promove debate em plenária.
- Avalia a participação.
Recursos necessários
- Papel gigante
- Marcadores
- Quadro
- Apagador
- Computador
- Data show
- Laboratório Multidisciplinar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografaia
1. Gamma R, Erb B, Neuenschwander M, Pulver, Langa J, Wolff A. (1997). Manual de
Imunohematologia. Banco de Sangue do Hospital Central de Maputo. PNTS- MISAU.

2. Genovez G, (Coord) (2010). Guia prática para o uso de Hemocomponentes. (1ª edição).
SP. Brasil.

3. Martins F, (2016). Validação de processamento/produção de hemocomponentes


Fundação Hemocentro de Brasília.

4. OMS (1998) Normas e Princípios para uma Prática Transfusional de Sangue. Genebra.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 187
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

5. OMS (WHO/GPA/CNP/93.2B). Sangue e Produtos Sanguíneos Seguro. Doação de


Segura de Sangue. Mod1. Genebras.

6. Roback J, Combs M, Grossman B, Hillyer C. Technical Manual. 16 th edition, AABB.

7. Sakuma A, Ottoboni M, Sierra P, (Coord) (2011). Manual para Controlo de Qualidade


de Sangue Total e Hemocomponentes. (1ª edição). Brasil.

8. Steca P, A. (2004). Guia Prático. Técnicas de Controle de Qualidade de


Hemocomponentes. 1ª edição. Brasil.

SITES CONSULTADOS

1. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=producao%2c+ar
mazenamento+de+comonentes+sanguíneos

2. http://int.search.tb.ask.com/search/GGmain.jhtml?p2=^BA5^xdm067^YYA^mz&si=CJ
D4x533gMoCFYOfGwodvJ8J5w&ptb=C4067FB3-8131-431B-879F-
A55E5B282C99&ind=2015122906&n=781c55da&st=bar&searchfor=qualidade+em+ba
ncos+de+sangue%2c+validacao

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 188
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

GLOSSÁRIO

A
 ABNT ISO 9000: Sistema de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulário:
documento que especifica os termos utilizados pelo sistema. Serve como referência para
outras normas da qualidade.

 ABNT NBR ISO 9001: Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos: essa norma
apresenta o Sistema de Gestão da Qualidade indicando, objectivamente, cada um dos
requisitos necessários para a obtenção da certificação.

 ABNT NBR ISO 9004: Gestão para o Sucesso Sustentado de uma Organização – Uma
abordagem de Gestão da Qualidade: nesse documento são definidas as directrizes para a
aplicação do Sistema de Gestão da Qualidade.

 Aférese: é um procedimento caracterizado pela retirada do sangue do dador, seguida da


separação de seus componentes por um equipamento próprio, retenção da porção do
sangue que se deseja retirar na máquina e devolução dos outros componentes ao dador

 Aglutininas: são proteínas encontradas no plasma sanguíneo que é produzido em


resposta a um aglutinogênio específico.

 Aglutinogênios: são antígenos encontrados na superfície das hemácias e são


responsáveis pela determinação do fenótipo sanguíneo.

 Aglutinóscopio: aparelho que serve para auxiliar as observação das aglutinações.

 Anticorpo (Ac), chamados também de imunoglobulinas (Ig) ou gamaglobulinas:


são glicoproteínas sintetizadas e excretadas por células plasmáticas derivadas
dos linfócitos B, os plasmócitos, presentes no plasma, tecidos e secreções, em resposta a
um antígeno, com qual reage especificamente.

 Antigénio (Ag): é toda substancia que ao entrar em um organismo é capaz de iniciar


uma resposta imune, activando seus linfócitos que por sua vez se multiplicam e mandam
sinais (citocinas) que activam outras respostas imunes adequadas ao invasor.

 Anti-séptico: é uma substância anti-séptica ou química que pode não ter efeito
germicida, impedem ou bloqueiam o desenvolvimento, ou a acção dos microrganismos,
tanto pela inibição de sua actividade, quanto a sua destruição.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 189
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

 Buffy coat: camada leucoplaquetária que se encontra entre a camada das hemácias e o
plasma.

C
 Centrifugação: um processo que permite a separação dos componentes via
sedimentação dos líquidos imiscíveis de diferentes densidades.

 Crioprecipitado: são proteínas plasmáticas que são insolúveis a temperatura de 1°C a


6°C.

D
 Derivados de sangue ou Hemoderivados: são produtos obtidos em escala industrial,a
partir do fracionamento do plasma por processos físico - químicos.

 Desinfetantes: são substâncias químicas, que são aplicadas em superfícies não vivam
para destruir os microrganismos que vivem nesses objectos.

E
 Eritrocitos: são elementos formes do sangue são cerca de 5 milhões por milímetro
cúbico (mm3), com a vida média de 120 dias.

 Especificidade: é a capacidade do teste em detectar amostra negativas quando o HIV


não estiver presente.

F
 Fungicidas: são os processos físicos, ou substâncias químicas que destroem fungos, ou
vírus respectivamente.

G
 Germicida: é o termo aplicado à substância química ou processo físico capaz de destruir
todos os microrganismos, incluindo também suas formas de resistência, denominadas de
esporos, como aqueles produzidos por bactérias do género Clostridium sp e Bacillus sp.

H
 HCV - virus RNA da familia Hepadnaviridae, com genoma de aproximadamente
10.000 nucleotídeos, e de 50 a 60 nm de diametro.

 Hemólise: é uma destruição das hemácias (glóbulos vermelhos) devido o rompimento


da membrana plasmática, resultando na libertação de hemoglobina.

 HIV: Vius de Imunodeficiência Humana / Human Immunodeficiency Virus. É um virus


DNA da familia Retroviridae causador do Síndrome de Imuno-Deficiência Adiquirida
(SIDA).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 190
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

 Imuno-hematologia: é o estudo dos antígenos presentes nas hemácias ou eritrócitos


(células vermelhas do sangue), dos anticorpos correspondentes e de seu significado
clínico, através da determinação de grupos sanguíneos, provas de compatibilidade pré-
transfusionais, Coombs e pesquisa e identificação de anticorpos irregulares.

 Infecção: é a penetração, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no


organismo de um indivíduo

L
 Leucocitos: são células responsáveis pela defesa e protecção do organismo contra
infecções.

 Ligação - Reacção do complemento: reacção de um antígeno com o seu anticorpo.

P
 Plaquetas: pequenas células que tomam parte no processo de coagulação sanguínea,
agindo nos sangramentos (hemorragias).

 Plasma: parte líquida do sangue, de coloração amarela palha, composto por água (90%),
proteínas e sais.

R
 Reacção in-vitro: reacção que ocorre fora do corpo, no tubo de ensaio durante as
pesquisas no laboratório.

 Reacção in vivo: reacção que ocorre no organismo, o próprio corpo provoca a reacção
sem influência externa

S
 Sacos de Colheita Duplos: sacos que servem para a colheita de Sangue total,
permitindo a partir deste, a produção de componentes.

 Sacos de Colheita Triplos: sacos servem para a colheita de Sangue total, permitindo a
partir deste, a produção de componentes.

 Sacos de transferência: sacos que servem para transferir concentrado de hemácias em


pequenas quantidades, em sistema aberto uso pediátrico.

 Sacos Simples: servem apenas para a colheita de Sangue total, e não permitindo a sua
separação em componentes.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 191
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

 Sangue: é um tecido conjuntivo líquido que circula pelo sistema


vascular em animais com sistemas circulatórios fechados.

 Sensibilidade: é a capacidade do teste em detectar amostras positiva o mais fraco


possível quando o HIV estiver presente.

 Sensibilização de eritrócitos: estimular a combinação dos antígenos eritrocitários com


os respectivos anticorpos.

 SIDA: Sindrome de imunodeficiência adquirida.

 Sífilis: doença crónica sexualmente transmissível, caracterizada por manifestações


pontuais e longos períodos.

 Sistema Complemento: é composto por proteínas de membrana plasmática e solúveis


no sangue que participam das defesas inatas (natural) e adquiridas (adaptativa).

T
 Testes serológicos: são exames laboratoriais que usam soro para detectar a presença de
anticorpos gerados pelo sistema imunitário contra antigénos pertencentes a agentes
infecciosos.

 Trombómix: aparelho usado para conservação de plaquetas.

V
 Vírus da hepatite B (HBV): Virus DNA que pertence a familia hepadnaviridae, com
42 nm de diametro constituido de uma parte central de 28 nm com DNA circular de
duplo filamento e DNA polimerase.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 192
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

QUESTIONÁRIO FINAL DE AUTO AVALIAÇÃO DO MÓDULO

Questões de auto-avaliação da UD1

1. Quem foi o primeiro Cientista que descobriu o sistema ABO?


2. Indique quais são os equipamentos utilizados para preparar uma brigada móvel?
3. Liste os reagentes, materiais e equipamentos utilizados no banco de sangue?
4. Qual é a importância do uso de álcool a 70%?
5. Diferencie Antigénio e anticorpo?
6. Para a desinfecção são empregues dois métodos. Quais são, Diferencie-os.
7. Quando é que se deve fazer a limpeza das bancadas no laboratório?
8. Como é que se faz a manutenção rotineira dos equipamentos? Descreve um dos
métodos de um a sua escolha?
9. Indique os cuidados que se deve ter para assegurar que o sangue seja seguro e benéfico?
10. O equipamento utilizado para fraccionar o sangue total em plasma é:
a) Selador
b) Separador
c)Agitador
d) centrífuga immufuge

Questões de auto-avaliação da UD2

1. O que é doação de sangue?


2. Quantos tipos de dadores existem e quais são as suas vantagens?
3. Indique três critérios para aceitabilidade e/ ou inaptidão dum candidato a doação?
4. Quais os cuidados a ter antes, durante e após a doação de sangue?
5. Indique a diferença existente entre exclusão, auto rejeição e comportamento de risco?
6. Quais os documentos necessários para doação de sangue?
7. Que tipos de registos são recomendados?
8. A doação de sangue quando mal efectuada pode causar doença. Argumenta?
9. Quem pode doar sangue, e qual é o intervalo de idade recomendado.
10. Menciona as doenças de exclusão permanente e exclusão temporária.

Questões de auto-avaliação da UD3

1. Define aférese?

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 193
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

2. Quais são os tipos de componentes que conheces?


3. Diferencia componentes de hemoderivados?
4. Enumere todos os procedimentos utilizados para a obtenção de componentes e que
tipos de sacos são usados para a sua preparação?
5. Quais são as temperaturas de conservação e quais os dias de conservação?
6. Por que é que durante a produção dos componentes deve-se respeitar os procedimentos
da centrifugação (temperatura, velocidade, aceleração)?
7. Usando o método manual é possível a obtenção de plaquetas? Porquê?
8. Quantos métodos são usados para a obtenção de componentes?
9. Enumere os equipamentos usados para a conservação de componentes?
10. Explique como deve ser feita a gestão da reserva dos componentes?

Questões de auto-avaliação da UD4

1- O que são exames imunohematologicos?


2- Para a determinação do grupo sanguíneo usa-se duas provas. Quais são?
a) Indique a função de cada prova?
3- Qual é a importância das suspensões utilizadas para fazer o grupo sanguíneo?
4- Qual é a importância da prova de compatibilidade?
5- Indique os testes usados para fazer a prova de compatibilidade?
6- Um homem do grupo sanguíneo AB é casado com uma mulher cujos avós paternos e
maternos pertencem ao grupo sanguíneo O. Esse casal poderá ter apenas descendentes:
a) do grupo O.
b) do grupo AB.
c) dos grupos AB e O.
d) dos grupos A e B.
e) dos grupos A, B e AB.
7- Um indivíduo de tipo sanguíneo O, Rh-, filho de pais tipo sanguíneo A, Rh+, pretende
se casar com uma jovem de tipo sanguíneo A, Rh-, filha de pai de tipo sanguíneo O, Rh-
e mãe AB, Rh+. A probabilidade de o casal ter filhos com o mesmo fenótipo do pai será:
a) 1/4
b) 1/2
c) 1/3
d) 1/8
e) 1/16

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 194
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

8- Assinale a alternativa incorreta em relação à possibilidade de doações e as possíveis


transfusões sanguíneas.
a) Pessoas do grupo sanguíneo O são as receptoras universais, enquanto as do grupo
sanguíneo AB são as dadoras universais.
b) Pessoas do grupo sanguíneo AB e fator Rh+ (positivo) são receptoras universais.
c) Pessoas do grupo sanguíneo O e fator Rh- (negativo) são dadoras universais.
d) Pessoas do grupo sanguíneo A podem doar para pessoas do grupo sanguíneo A e
para as do grupo sanguíneo AB.
e) Pessoas do grupo sanguíneo AB podem doar somente para as do grupo sanguíneo
AB.
9- Por que o indivíduo do grupo O pode doar seu sangue a qualquer pessoa? Por que uma
pessoa do grupo AB pode receber sangue de qualquer tipo?
10- Imagine que você é um professor de biologia e seus alunos lhe pediram para que
realizasse uma aula a respeito de tipagem sanguínea. Você comprou todos os reagentes
necessários e fez as reações de aglutinação. Observe os resultados abaixo:
 Reação com soro anti-A: não aglutinou
 Reação com soro anti-B: aglutinou
Baseando-se nesses dados, é possível concluir que o sangue é do tipo:
a) A
b) B
c) AB
b) O

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 195
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Questões de auto-avaliação da UD5

1. O que são testes serológicos?


2. Quais as principais diferenças entre testes rápidos e ELISA?
3. Quais as principais doenças infecciosas testadas no sangue?
4. Quais são os nomes dos testes usados para fazer a testagem do HIV1/2
5. Indique o agente causador da sífilis?
6. Quais são os tipos de amostras que se podem usar para testar HIV, hepatite B e C?
7. Quanto tempo pode se fazer a leitura dum teste rápido? Caso exceda esse tempo o que
pode acontecer?
8. No caso de um dos resultados de teste do HIV sair reactivo qual é o tratamento que se
pode tomar perante:
a) O Dador?
b) A unidade de sangue?
9. Qual e a diferença entre sensibilidade e especificidade?
10. O sangue após a liberação pode ser usado. De que forma deve ser armazenado na
geleira?

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 196
Módulo Vocacional 2: Banco de Sangue

Questões de auto-avaliação da UD6

1. Define qualidade?
2. Esboce um organigrama de um gestor de qualidade?
3. Apresentes os requisitos necessários para uma boa gestão?
4. Quais são as funções dum gestor?
5. Quais as técnicas usadas no controlo de qualidade de hemocomponentes?
6. Apresente a lista dos exames usados para garantir a conformidade dos produtos
sanguíneos?
7. Como garantir a gestão dos desperdícios e descarte do lixo no banco de sangue?
8. Quais as possíveis causas de não conformidade dos componentes? Sanguíneos, como o
CP?
9. Apresente os benefícios da implantação de conceitos da qualidade em um laboratório de
banco de sangue?

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 197
Esta publicação foi financiada pelo Centro Internacional para Educação e Formação em HIV/SIDA
(IAETC), com financiamento do acordo de Cooperação U91HA06801 do Departamento de Saúde e
Serviços Humanos (HHS) dos EUA, a Administração dos Recursos e Serviços de Saúde (HRSA),
no âmbito do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da SIDA (PEPFAR). O
seu conteúdo e as suas conclusões são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não devem
ser interpretados como posicionamento ou politicas oficiais, assim como não se deve inferir
nenhum endossamento à HRSA, HHS ou ao Governo dos EUA.

Você também pode gostar