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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

LICENCIATURA EM TECNOLOGIA BIOMÉDICA LABORATORIAL


Cadeira: Hemoterapia & Banco de Sngue
Tema: Sistema Rhesus e Doença hemolítica do recém-nascido

Estudantes:
Augusto Domingos Docente:
Katia Ofélia Dr. Jorge
Mussa Abdul Manuel
Neyla Eugenio

Maputo, Novembro de 2022


Introdução

De acordo com Nardozza, L. M. Et al (2010) o sistema Rh apresenta um


grande interesse clínico por seus anticorpos estarem envolvidos em
destruição eritrocitária imunomediadas, isto é, reação transfusional
hemolítica e doença hemolítica perinatal (DHPN)1. Os primeiros relatos
sobre sua importância começam por volta de 1600 como uma possível
causa de icterícia severa e morte fetal referida como “eritroblastose fetal”2.
Uma mulher francesa deu à luz a gêmeos: um estava hidrópico e o outro
ictérico, falecendo mais tarde por kernicterus.

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Objetivos

Geral
 Compreender de forma geral os principais aspectos do sistema rhesus e
doença hemolítica do recém-nascido.

Específicos
 Descrever a história da descoberta do sistema rhesus;
 Identificar as características do sistema rhesus;
 Falar da doença hemolítica do recém-nascido.

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Sistema Rhesus

Segundo Correia, N. (2007) o fator Rh é um antígeno específico localizado


na superfície das hemácias, que induz, como resposta imunitária, a produção
de um anticorpo chamado de anti-Rh.
De acordo com Batisteri, C. B. et al. (2007) em 1937, Landsteiner e Wiener
realizaram um estudo acerca da evolução dos aglutinogênios M e N em:
 Gorilas,
 Orangotangos,
 Chimpanzés e
 Pequenos macacos (Macaco Rhesus).

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Sistema Rhesus (O experimento)

Landsteiner e Wiener (1937)


empenharam-se na tentativa de
produzir soro anti-M pela
imunização de coelhos com
sangue rhesus, e encontraram
que um potente soro imune anti-
M poderia ser obtido desta
maneira. Realmente, Wiener e
Landsteiner tiveram sucesso na
obtenção do soro imune anti-
rhesus, injetando hemácias de
macacos rhesus em coelhos
Correia, N. (2007)
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Sistema Rhesus (Con...)
Quando misturaram os soros obtidos dos coelhos com hemácias de
humanos selecionados de forma aleatória, obtiveram um reagente que era
capaz de aglutinar com as hemácias humanas.
 Estes indivíduos foram chamados Rh positivo.
 E outros chamados de Rh negativo.

A característica presente nas hemácias que determinava a aglutinação das


células foi denominada fator Rh, ou aglutinogênio Rh, devido à maneira
como foi descoberto (Batisteri, C. B. et al, 2007)

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Sistema Rhesus (Con...)

Tabela 1: Relação do fator Rh com as reações hemolíticas transfusionais

Batisteri, C. B. et al, (2007 apud Wiener, 1969)

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Estrutura do complexo Rh nas hemácias

O grupo sanguíneo Rh é o mais complexo, polimórfico e imunogênico


sistema de grupo sanguíneo já conhecido em humanos. Após o ABO, é
o mais importante em Medicina Transfusional. É o maior de todos os
sistemas sanguíneos (Nardozza, L. M. Et al 2010).
Principais antígenos:
 D (RH1),
 C (RH2),
 E (RH3),
 c (RH4) e
 e (RH5).

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Estrutura do complexo Rh nas hemácias (Con...)

Os antígenos estão localizados em duas proteínas expressas na


membrana dos eritrócitos e seus percussores imediatos: RhD (CD240D) e
a RhCE (CD240CE), que carregam respectivamente os antígenos D
(Rh1) e os C, c, E, e (Rh2-Rh5) em várias combinações (ce, cE, Ce e
CE).

Ambas as proteínas RHD e RHCE são hidrofóbicas e não glicosiladas,


cada uma com peso molecular de 30 a 32 KD, compostas de 417
aminoácidos que se distribuem em seis segmentos extracelulares
(responsáveis diretos pela resposta imune), 12 transmembranosos e 7
intracelulares

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Negatividade RHD

De acordo com Nardozza, L. M. Et al (2010) as hemácias D negativas


não expressam a proteína RhD inteiramente na superfície do eritrócito.
Existem basicamente três mecanismos moleculares de negatividade do
RHD:

 Deleção total do gene RHD,


 Pseudogene RHD e
 Gene híbrido, que variam de frequência de acordo com a raça em questão.

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Fraca Expressão de D

Normalmente hemácias RhD positivas possuem uma densidade


antigênica variando entre 15000 a 33000 antígenos por célula,
dependendo do haplótipo. Contudo, alguns fenótipos foram identificados
com densidade variando entre 70 e 5200 antígenos RhD.
 Esses fenótipos são denominados de D fracos

Atualmente mais de 40 tipos de D fracos foram identificados a nível


molecular, nas quais o D fraco tipo 1 e 2 são os mais frequentes

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Expressão parcial de D

O antígeno D é composto de numerosos epítopos e a expressão parcial


de D foi originalmente definida por indivíduos D que apresentaram
formação de anti-D.

Hemácias D parciais são definidas pela ausência de um ou mais


epítopos causados pelos rearranjos dos genes RHD e RHCE. Essa
configuração genética propicia microconversões e trocas unidirecionais
de fragmentos de gene RHD e RHCE, ou parte deles, levando a
formação de alelos RHD-CE-D ou RHCE-D-CE respectivamente.

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Produção de aglutininas anti-Rh
As aglutininas anti-Rh podem ser produzidas de duas maneiras:

 A primeira ocorre através de repetidas transfusões sanguíneas,


onde o paciente Rh-negativo recebe sangue Rh-positivo, o que
pode resultar no processo de sensibilização;
 O segundo modo pelo qual aglutininas anti-Rh podem ser
produzidas, envolve um mecanismo de imunização ativa durante a
gravidez, que resulta na eritroblastose fetal

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Percurso dos anticorpos anti-Rh

Segundo o autor supracitado Levine e seus colaboradores mostraram


que durante a gravidez, se os anticorpos anti-Rh produzidos por uma
mãe sensibilizada atravessarem as barreiras placentárias e penetrarem
na circulação do feto.
 Sendo assim este será afetado (pois suas hemácias contêm o
antígeno Rh, em que os anticorpos irão se ligar e desencadear
reações) podendo ocorrer reações hemolíticas intrauterinas, aborto
espontâneo, ou após o nascimento a criança poderá mostrar alguns
sintomas da doença, de acordo com a gravidade.

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Hereditariedade mendeliana em casais

A presença do fator Rh é condicionada por um par de genes,


denominados de R (dominante) e r (recessivo) que segregam-se de
acordo com a primeira lei de Mendel. Assim, o indivíduo Rh positivo
possui o genótipo RR ou Rr e o indivíduo Rh negativo possui o
genótipo rr. Um casal, cuja mulher é Rh negativa (genótipo rr) e o
marido é Rh positivo (genótipo RR), todos seus filhos serão Rh
positivo (genótipo Rr). Quando o marido é portador do genótipo Rr e a
mulher é portadora do genótipo rr, a probabilidade de nascer uma
criança com genótipo rr é de 50%.

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Anulação da sensibilidade causada pelo fator Rh

Segundo Batisteri, C. B. et al (2007) durante anos não se conhecia o


modo de anular a sensibilização causada pelo fator Rh fetal em mães
Rh negativo.
 A infusão de sangue Rh negativo em igual quantidade ao sangue Rh
positivo recebido pelo paciente era até então uma tentativa utilizada.
 Uma outra forma, constava da recomendação de uma dieta contendo
alta quantidade de vitamina antiescorbútica, pois se acreditava que
esta reduzia a permeabilidade da placenta, prevenindo a passagem
de aglutininas anti-Rh da mãe para a criança

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Anulação da sensibilidade causada pelo fator Rh
(Con...)
 Utilização de uma vacina tifoide, com o argumento de que quando
um indivíduo é exposto simultaneamente a dois antígenos eles
competem um com o outro para produção de anticorpos. Aquele
que estimular a produção de anticorpos mais facilmente é bem
sucedido, enquanto a outra falha. Assim, desde que a vacina tifóide
produza facilmente anticorpos e o fator Rh encontre maior
dificuldade.

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Doença hemolítica do recém-nascido

De acordo com Walter, K. W. (2020) a doença hemolítica do recém-


nascido é um quadro clínico no qual os glóbulos vermelhos são
degradados ou destruídos pelos anticorpos da mãe. A hemólise é a
destruição dos glóbulos vermelhos no sangue. Esse distúrbio pode ocorrer
devido aos seguintes aspectos entre o sangue da mãe com o sangue do
feto:

 Incompatibilidade Rh (isoimunização);
 Incompatibilidade ABO.

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Incompatibilidade Rh (isoimunização)

Santana, D. (2007)
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Manifestações clinicas
 Hemólise progressiva, acelerado ritmo da eritropoese. Em decorrência
disso, hemácias imaturaas (eritoblastos).
 Nos casos menos graves:

Há icterícia, que se identifica após o nascimento,


Hepato e esplenomegalia,
Aumento da bilirrubina indireta no sangue.
 Anemia intensa

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Diagnostico
 Tipagem sanguínea
Precocemente e durante a gestação usando o teste de Coombs
que utiliza anti-anticorpo humano.
 Estudos Sorológicos
Teste antiglobulino direito positivo e teste antiglobulino direto
negativo
 Hemograma (Sugestivo)
Nível de hemoglobina e outros achados

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Tratamento

 Às vezes, transfusões de sangue para o feto antes do parto;


 Às vezes, mais transfusões após o parto;
 Tratamento da icterícia, se ela estiver presente;

Se o feto for diagnosticado com anemia, ele pode receber transfusões


de sangue antes do nascimento.

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Conclusão
Quando misturaram os soros obtidos dos coelhos com hemácias de humanos
selecionados de forma aleatória, obtiveram um reagente que era capaz de
aglutinar com hemácias humanos, e estes indivíduos foram chamados Rh
positivo. Sendo assim, este mesmo soro não resultava em aglutinação dai
foram chamados Rh negativo.
O grupo sanguíneo Rh é o mais complexo, polimórfico e imunogênico sistema
de grupo sanguíneo, possui cinco principais e importantes antígenos, D (RH1),
C (RH2), E (RH3), c (RH4) e e (RH5), responsáveis pela maioria dos
anticorpos clinicamente significantes.
A doença hemolítica do recém-nascido é um quadro clínico no qual os glóbulos
vermelhos são degradados ou destruídos pelos anticorpos da mãe. Esse
distúrbio pode ocorrer devido a incompatibilidade Rh (isoimunização) e
incompatibilidade ABO associado a vários eventos ou mecanismos.

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Referências bibliográficas

1. Batisteri, C. B. et al. (2007). O sistema de grupo sanguíneo Rh.


Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista. Brasil
2. Correia, N. (2007). Sistema Rhesus (ppt). Brasil
3. Nardozza, L. M. Et al (2010). Bases moleculares do sistema rh e suas
aplicações em obstetrícia e medicina transfusional. Universidade Federal
de São Paulo – UNIFESP, São Paulo, SP. Brasil
4. Santana, D. (2007). Doença hemolítica do recém-nascido (eritroblastose
fetal). Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto. Brasil
5. Walter, K. W. (2020). Doença hemolítica do recém-nascido. Disponível
no manual MSD versão saúde para a família.

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Referências bibliográficas

Obras e autores citados


6. LEVINE, Philip. Serological factors as possible causes in spontaneous
abortions. The Journal of Heredity 34: 71-80, 1943.
7. UNGER, Lester J. The Rh factor. The American Journal of Nursing 45
(9):688-690, 1945.
8. WIENER, Alexander Solomon. Evolution of the human blood group factor.
The American Naturalist 77 (770): 199-210, 1943.

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