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República de Moçambique

Ministério da Saúde
Direcção de Recursos Humanos
Departamento de Formação

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos


Médios de Laboratório

Módulo Vocacional 8:
EXAMES PARASITOLÓGICOS

Moçambique
________________
2016
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

NOTA INTRODUTÓRIA

O presente manual faz parte do currículo de formação inicial do curso de Técnico Médio de
Laboratório (TML) baseado em competências, o qual consiste em 4 semestres lectivos, sendo os
três primeiros de carácter teórico-prático em sala de aula e laboratórios humanístico e
multidisciplinar, com uma componente de estágios parciais, sendo o último referente ao estágio
integral.

A elaboração dos módulos vocacionais, é fruto da colaboração entre Ministério da Saúde


(MISAU), International Training and Educational Center for Health (I-TECH), American
Society for Clinical Pathology (ASCP) e o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças em
Moçambique (CDC), no âmbito do Programa de Emergência do Presidente dos EUA Para o
Alívio ao SIDA (PEPFAR).

O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representa
necessariamente a opinião do CDC.

É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.

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FICHA TÉCNICA

Elaboração, distribuição e informações:


Ministério da Saúde (MISAU)
Direcção de Recursos Humanos (DRH)
Departamento de Formação
Repartição de Planificação e Desenvolvimento Curricular (RPDC)
Av. Eduardo Mondlane, 1008, 4º andar
Maputo, Moçambique

Coordenação:
Joaquim Wate (I-TECH)
Gerito Augusto (I-TECH)
Florindo Mudender (I-TECH)
Ermelinda Notiço (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Suraia Nanlá (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Flávio Faife (CDC Moçambique)

Equipa técnica de elaboração:

Elaboração do Conteúdo Revisão Técnica Revisão Pedagógica e Linguística


Felício Mabote Irene Langa Joaquim Wate
Luis Porto Gerito Augusto
Travis Price Florindo Mudender
Ivana Brubacker Flávio Faife
Adelina Maiela
Serene Myers

Formatação e Edição
Joaquim Wate
Serene Myers
Flávio Faife
António Paunde

©2016. Ministério da Saúde


_____________
1ª Edição – Ano 2016

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LISTA DE ABREVIATURAS

CA - Critério de Avaliação
CD - Critério de Desempenho
3
cm - Centímetro cúbico
cm2 - Centímetro quadrado
CO2 - Dióxido de carbono
dl - Decilitro
DNAM - Direcção Nacional de Assistência Médica
ECV - Elemento de Competência Vocacional
EPF - Exame Parasitológico de Fezes
Fig - Figura
g - grama
HIV - Vírus de Imunodeficiência Humana
h - Hora
IDF - Instituicao de formação
Ig - Imunoglobulina
ITS - Infecção de transmissão sexual
Kg - Kilograma
KI - Iodeto de Potássio
l - Litro
L - Larva
MF - Módulos Formativos
mg - Miligrama
MIF - Solução Mertiolato-Iodo-Formaldeído
ml - Mililítros
MISAU - Ministério da Saúde
NaCl - Cloreto de sódio
OMS - Organização Mundial da Saúde
PCR - Reação de polimerização em cadeia
QNQP - Quadro Nacional de Qualificação Profissional
RA - Resultado de Apendizagem
rpm - Rotações por minuto
SAF - Acetato de Sódio, Ácido Acético e Formaldeído
sp - Espécie
SIDA - Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
SM - Sub-módulos
UC - Unidade de Competência

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UD - Unidade Didática
µm - Micrómetros

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PREFÁCIO

Exmos. Senhores, Estudantes e Professores do Curso de Técnicos Médios de Laboratório


O Ministério da Saúde (MISAU) através da Direcção de Recursos Humanos – Departamento de
Formação na sua missão de formar e desenvolver profissionais de saúde cada vez mais
competentes, tem vindo a implementar reformas curriculares no âmbito da formação baseada em
competências, de modo a trazer ao Serviço Nacional de Saúde, profissionais com conhecimentos,
habilidades e atitudes para responder pontualmente às necessidades dos pacientes.

O presente módulo vocacional apresenta conteúdos, actividades de ensino, casos práticos e


projectos que permitirão que o futuro Técnico Médio de Laboratório adquira competências
básicas para o auxílio ao diagnóstico clínico ao nível das Unidades Sanitárias do Serviço
Nacional de Saúde, bem como vigilância epidemiológica, pesquisa clínica e ensino.

Este módulo é um recurso de apoio aos professores, na planificação e implementação das aulas
que se destinam a formação de Técnicos Médios de Laboratório e visa desenvolver nestes
futuros profissionais de saúde, conhecimentos, habilidades e atitudes com relação as práticas de
prestação de cuidados de saúde com elevada qualidade e em conformidade com o perfil
profissional estabelecido. Por outro lado, o módulo é resultado da revisão do currículo de
técnicos médios de laboratório para a nova abordagem baseada em competências.

Para o estudante, o módulo servirá de um guião de estudo e de consulta para aquisição de


conhecimentos, atitudes e habilidades técnicas que lhe permitirão prestar um atendimento de
qualidade e humanizado aos pacientes, respeitando os princípios éticos e deontológicos da
profissão e consequentemente, melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados em
Moçambique.

Esperamos, por um lado, que este módulo constitua um verdadeiro suporte para o
desenvolvimento e alcance dos objectivos das diferentes temáticas de formação dos profissionais
de laboratório e por outro como uma base sólida onde o professor possa buscar o fortalecimento
de conhecimentos, garantia de uma dinâmica uniformizada tanto na mediação como na
assimilação das matérias de ensino.

O módulo apresenta uma linguagem simples, acessível e clara de modo que permita a fácil
compreensão dos estudantes das Instituições de Formação de Saúde a nível nacional.

Maputo, Setembro de 2016

_______________________________
Nazira Karimo Vali Abdula
Ministra da Saúde

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO AO MANUAL DE ENSINO ___________________________________ 8


2. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO __________________________________________ 12
3. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO __________________________________ 13
3.1. Unidade de Competência de referência ____________________________________ 13
3.2. Módulo Vocacional de referência_________________________________________ 14
4. UNIDADES DIDÁCTICAS ________________________________________________ 17
4.1. Conteúdo organizador__________________________________________________ 17
4.2. Sequência e Temporalização das Unidades Didácticas ________________________ 17
UNIDADE DIDÁCTICA 1 ___________________________________________________ 18
UNIDADE DIDÁCTICA 2 ___________________________________________________ 45
UNIDADE DIDÁCTICA 3 __________________________________________________ 114
UNIDADE DIDÁCTICA 4 __________________________________________________ 162
GLOSSÁRIO ____________________________________________________________ 209
QUESTÕES DE AUTO- AVALIAÇÃO ________________________________________ 211

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1. INTRODUÇÃO AO MANUAL DE ENSINO

O presente manual corresponde a um dos módulos do programa formativo do TÉCNICO


MÉDIO DE LABORATÓRIO, desenhado com base em competências profissionais. A
competência é um conceito amplo que incorpora a capacidade de transferir habilidades e
conhecimentos para novas situações, dentro de uma determinada área ocupacional.
Inclui a organização e planificação do trabalho e a inovação e capacidade de lidar com
actividades não rotineiras; abrange, também, as qualidades de eficácia pessoal que são exigidas
no âmbito do trabalho, para lidar com os colegas e com os possíveis alunos.
Assim, ser competente é saber agir e reagir em contextos diversificados, ser capaz de solicitar e
combinar os recursos necessários e pertinentes para o cumprimento de uma determinada tarefa,
de compreendê-la e de ter êxito no momento de executá-la.
Uma Qualificação Profissional é uma comprovação de competências para desempenhar uma
ocupação a um determinado nível. O cenário de abordagem por competências tem elementos
inovadores nos âmbitos profissionais e laborais, tais como:
- Mudanças estruturais no mundo do trabalho.
- Mudanças de ordem sócio-económica que vão condicionar o surgimento de “actividades
novas" que antes não existiam no mundo laboral.
- Tecnologias que criam ou modificam ocupações.
- Mudanças nas tendências demográficas; aumento do nível de escolaridade; novas
regulamentações laborais, entre outros. Criam-se assim novas ou mais exigências.
- Necessidade/interesse em realizar actividades com determinado padrão de qualidade.
Aplicar esta metodologia de definição do Perfil Profissional de um técnico que irá garantir o
óptimo e correcto desempenho de todas as exigências laborais e técnicas correspondentes a uma
ocupação é um processo directamente associado ao desenho da formação apropriada do mesmo
para responder a essas exigências de desempenho.
 Um Perfil Profissional assim definido é caracterizado por um conjunto de funções
designadas Unidades de Competência.

 A Unidade de Competência (UC) é um grupo de funções produtivas, identificadas no


campo de trabalho, que expressam um determinado resultado significativo da actividade
técnico-laboral e tem um reconhecimento e um significado no sistema de emprego

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organizado e estabelecido dentro de um determinado sector. Cada UC estabelece qual deve


ser o resultado de uma determinada actividade e evidencia se o profissional é capaz de obtê-
lo ou de atingi-lo. Cada UC detalha, também, a qualidade da evidência requerida nesse
resultado, expressando aquilo que é considerado um bom desempenho profissional.

Cada Unidade de Competência (UC) está constituída por:


 Elementos de Competência (EC) que descrevem uma acção ou comportamento que
alguém deve ser capaz de realizar e demonstrar numa situação de trabalho e num
determinado campo ocupacional.
 Critérios de Desempenho (CD) definem os níveis de competência que permitem julgar as
actividades de trabalho realizadas pela pessoa. Portanto, expressam o nível aceitável de
realização profissional, para cada Elemento de Competência, que atenda aos objectivos das
organizações e fornecem orientações para a avaliação da competência profissional.
 Contexto de aplicação da UC, que descreve os meios de produção, os produtos e resultados
do trabalho, a informação utilizada ou gerada e os itens de natureza semelhantes e
consideradas necessárias para o desempenho profissional. O contexto de aplicação fornece o
significado contextual dos elementos de competência. Isto é, esclarece o ambiente e as
condições actuais e previsíveis em que serão aplicados os elementos de competência que
compõem a unidade de competência.

Desenvolvendo esta metodologia foi definido a qualificação do Técnico Médio de Laboratório.


Foram identificadas e definidas 11 Unidades de Competência Vocacionais:

UC1: Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no laboratório clínico

UC2: Obter sangue seguro e seus componentes para uso hospitalar

UC3: Realizar análises hematológicas de amostras biológicas humanas para fins de


diagnóstico e seguimento de tratamento
UC4: Realizar exames de bioquímica para auxiliar o prognóstico e diagnóstico clínicos, bem
como no seguimento do tratamento
UC5: Realizar testes laboratoriais microbiológicos para auxiliar no diagnóstico clínico e
seguimento do tratamento das infecções
UC6: Processar o material biológico para observação e emissão do resultado histocitológico
que auxilie o diagnóstico clínico

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UC7: Realizar testes imunológicos e moleculares para auxiliar no diagnóstico, tratamento e


monitoria clínica das enfermidades
UC8: Processar amostras biológicas para a pesquisa de parasitas e/ou materiais associados, no
sangue, no tracto gastrointestinal e urinário para auxiliar no diagnóstico clínico e
monitoria de tratamento de infecções
UC9: Gerir recursos humanos, aprovisionamento, qualidade, segurança, e actividades
administrativas do laboratório
UC10: Atender ao utente, realizar actividades administrativas e manter as comunicações nos
serviços de saúde
UC11: Participar na formação de novos profissionais de saúde e na formação contínua de
funcionários, assim como em actividades de investigação que assegurem a eficácia dos
serviços

A partir do Perfil Profissional desenhado é definido o Programa Formativo, com um formato


modular. A cada Unidade de Competência do perfil profissional corresponde um módulo
formativo.
Cada um dos Módulos Formativos constitui um bloco coerente de formação associado a cada
uma das Unidades de Competência, cujo objectivo é a aquisição de competência profissional.
Para cada um destes Módulos são definidos:
- Resultados de Aprendizagem que expressam os resultados esperados do aluno ao final
da Disciplina, para considerar que ele alcançou a competência profissional especificada na
UC.
- Critérios de Avaliação que são o conjunto de parâmetros definidos para cada resultado
de aprendizagem que indicam o grau de concretização.
- Conteúdos para cada um dos resultados de aprendizagem.
- Requisitos de Instrução: Infra-estrutura, equipamentos e perfil do professor / formador.
- Notas de Suporte: Contexto da Disciplina/formas de instrução, abordagem da avaliação.
- Referências Bibliográficas.

A partir das 11 Unidades de Competência Vocacionais que constituem o Perfil Profissional, o


Programa Formativo do Técnico Médio de Laboratório contém os seguintes Módulos
Formativos (MF) e Sub-módulos (SM):

Módulos formativos Sub-módulos


MV1: Procedimentos Pré-pós analíticos
MV2: Banco de sangue
MV3: Exames Hematológicos

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MV4: Exames Bioquímicos


MV5: Exames Microbiológicos
MV6: Exames Histocitológicos
MV7: Exames Imunológicos e
Moleculares
MV8: Exames Parasitológicos
MV9: Gestão de Recursos e Qualidade
Laboratorial
Sub-módulo 1: Atendimento ao utente,
MV10: Documentação, comunicação, humanização e deontologia profissional
atendimento ao utente e humanização Sub-módulo 2: Gestão da documentação e
dos serviços de saúde comunicação derivadas da actividade dos serviços
de saúde
Sub-módulo 1: Formação de recursos humanos em
MV11: Formação e Investigação em
saúde
Saúde Sub-módulo 2: Metodologia de investigação
aplicada em saúde
Estágio Parcial
Estágio Rural e Integrado

O presente manual desenvolve o módulo nº 5, intitulado Exames Microbiológicos.

Para facilitar a leitura deste manual se encontra dividido nas partes apresentadas no sumário
inicial:
 Dados básicos do módulo/submódulo.
 Referentes do manual de ensino: perfil profissional e módulo formativo.
 Unidades Didácticas:
- Conteúdo organizador.
- Sequência das Unidades Didácticas.
- O Desenvolvimento das Unidades Didácticas: a denominação, o objetivo geral, a
introdução da unidade, os conteúdos, o desenvolvimento dos conteúdos, as
actividades de ensino–aprendizagem e o caso práctico / projeto.
- As Actividades de Ensino-Aprendizagem que se apresentam têm como objectivos:
- Facilitar aos alunos a aprendizagem significativa.
- Conseguir a implicação dos alunos.
- Despertar neles a intencionalidade.
- Integrar os conteúdos concetuais, procedimentais e atitudinais.
- O Caso Práctico /Projeto: Integra os conteúdos da Unidade Didáctica completa
apoiados em informações e documentos similares aos reais. Todas as Unidades

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Didácticas incluem a resolução de um projecto ou caso que parte de situações


concretas relacionadas com o desenvolvimento da actividade habitual, de maneira
que permita a transferência do aprendido a outros contextos.
 Anexos: se o manual precisar de algum dado, instrumento, enlaces web, informação,
entre outros, que seja apenas para consulta.
 Lista de abreviaturas e glossário: com a definição dos termos utilizados.
 Questionário final de Auto-avaliação do módulo/submódulo, serve ao aluno para
avaliar os seus conhecimentos do módulo.
 Referências Bibliográficas: todos os materiais que foram consultados para a
elaboração do manual.

2. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO

Denominação do módulo: Módulo vocacional 8 - Exames Parasitológicos


UC8: Processar amostras biológicas para a pesquisa de parasitas
Unidade de Competência e/ou materiais associados, no sangue, no tracto gastrointestinal e
correspondente: urinário para auxiliar no diagnóstico clínico e monitoria de
tratamento de infecções
Nível do QNQP: Médio 5
Duração do módulo: 80 horas
Número de créditos: 8

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3. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO

3.1. Unidade de Competência de referência


UC8: Processar amostras biológicas para a pesquisa de parasitas e/ou materiais associados,
no sangue, no tracto gastrointestinal e urinário para auxiliar no diagnóstico clínico e
monitoria de tratamento de infecções

Elementos de Critérios de Desempenho


Competência
ECV8.1. Realizar exame CD8.1.1. Observa a cor e o aspecto da amostra de urina (transparência,
macroscópico de presença de elementos estranhos entre outros)
fezes e urina para CD8.1.2. Observa as características macroscópicas da amostra de
identificar as fezes (cor, consistência, presença de corpos estranhos entre
alterações outros)
existentes CD8.1.3. Regista o resultado da análise macroscópico de urina e fezes
segundo as CD8.1.4. Anota e regista os resultados obtidos, confrontando-os com
normas os dados do paciente e a informação clínica.
estabelecidas e/ou
POPs
ECV8.2. Fazer exames CD8.2.1.Prepara as amostras de fezes para o exame a fresco e/ou
microscópicos de directo
fezes segundo as CD8.2.2.Prepara as amostras para o exame parasitológico de
normas concentração para a identificação de parasitas
estabelecidas e/ou CD8.2.3.Prepara esfregaços de amostras de fezes para corar e
POP para identificar as formas parasitárias, exceptuando as colorações
identificar as especiais
formas CD8.2.4.Anota e regista os resultados obtidos, confrontando-os com
parasitárias do os dados do paciente e a informação clínica.
tracto
gastrointestinal
ECV8.3. Realizar exames CD8.3.1.Realiza o teste de urina usando fita para detectar a presença
microscópicos, de componentes químicos e celulares
cito químico e CD8.3.2.Prepara lâminas com o sedimento urinário para observação
imunológico de microscópica
urina, segundo as CD8.3.3.Identifica ao microscópio óptico a presença de parasitas e
POP para outros elementos figurados (células epiteliais, leucócitos,
identificar formas eritrócitos entre outros)
parasitárias CD8.3.4.Prepara esfregaço de amostra de urina para corar e
identificar as formas parasitárias
CD8.3.5.Realiza testes rápidos para detectar a presença da hormona
BHCG na urina
CD8.3.6.Anota e regista os resultados obtidos, confrontando-os com
os dados do paciente e a informação clínica.
ECV8.4. Efectuar testes CD8.4.1.Realiza esfregaço em lâmina de amostras de sangue para
para identificar observação microscópica

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formas CD8.4.2.Faz a coloração com os reagentes correspondentes no


parasitárias em esfregaço para observação microscópica
amostras de CD8.4.3.Identifica e quantifica densidade parasitária ao microscópio
sangue, segundo óptico, as formas parasitárias no esfregaço de sangue corada
as normas CD8.4.4.Detectar a presença de parasitas hemáticos usando testes de
estabelecidas e/ou diagnóstico rápido
POPs CD8.4.5.Anota e regista os resultados obtidos, confrontando os
resultados com os dados da amostra e a informação clínica.
ECV8.5. Garantir a CD8.5.1. Avalia a integridade física das amostras de urina, fezes e
qualidade dos sangue antes do seu processamento
resultados de CD8.5.2. Testa as amostras de controlo interno e externo de qualidade
exames CD8.5.3. Notifica as tendências e desvios registados e repete os testes
parasitológicos caso seja necessário
segundo as CD8.5.4. Recebe os relatórios dos controlos externos e/ou do seu
normas superior hierárquico e implementa as acções correctivas
estabelecidas e/ou segundo as recomendações fornecidas
POPs. CD8.5.5. Envia os resultados de controlo externo de qualidade dentro
dos prazos estabelecidos
CD8.5.6. Confronta os resultados das análises com os dados dos
registos e a informação clínica
CD8.5.7. Libera os resultados de amostras processadas e validados
CD8.5.8. Realiza a esterilização do material utilizado e as amostras
utilizando as técnicas disponíveis
CD8.5.9. Coloca e conserva adequadamente o material esterilizado
para manter as condições óptimas.

3.2. Módulo Vocacional de referência


Módulo Vocacional 8: EXAMES PARASITOLÓGICOS

Resultados de Critérios de avaliação


aprendizagem
CA 8.1.1. Descreve as parasitoses, tipos, modo de reprodução e
patogenia
CA 8.1.2. Caracteriza o parasitismo, hóspedes e vetores quanto ao
tipo.
RA 8.1.Analisar os processos
CA 8.1.3. Explica o ciclo de vida dos parasitas e os seus
de parasitoses em
mecanismos de transmissão
humanos identificando
CA 8.1.4. Relaciona os ciclos de vida e forma de reprodução dos
os principais parasitas e
principais parasitas humanos
sua patogenia
CA 8.1.5. Classifica os principais parasitas patogênicos para o
homem
CA 8.1.6. Explica os mecanismos de transmissão- infecção nos
principais parasitas

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

CA 8.1.7. Identifica as características morfológicas dos parasitas


nas amostras biológicas.

CA 8.2.1. Classifica os materiais, equipamentos básicos e os


reagentes utilizados em laboratório de parasitologia
CA 8.2.2. Reconhece as normas universais de biossegurança
no laboratório de parasitologia
CA 8.2.3. Descreve o processo colheita de amostra de fezes
para análises parasitológicas
CA 8.2.4. Relaciona as características macroscópicas das
fezes normais e patológicas: (cor, consistência, presença
de corpos estranhos, muco e sangue, entre outros)
RA 8.2.Aplicar técnicas de
CA 8.2.5. Aplica uma linguagem técnica para elaboração de
análises macroscópicos
relatórios
de fezes, urina e sangue
CA 8.2.6. Executa procedimentos de diagnóstico para
para identificar as
parasitológicos
alterações existentes
CA 8.2.7. Em uma aula prática de análise macroscópico de
nas mostras
fezes
CA 8.2.8. Analisa as características macroscópicas da
amostra de fezes
CA 8.2.9. Manipula a amostra mantendo sua integridade
CA 8.2.10. Anota as características macroscópicas dela
amostra, utilizando uma linguagem técnica
CA 8.2.11. Interpreta os resultados obtidos
CA 8.2.12. Apresenta um relatório da análise realizada.

CA 8.3.1. Reconhece os materiais, aparelhos, reagentes e soluções


para o teste parasitológico em amostras de fezes
CA 8.3.2. Realiza diluições de amostras e reagentes para preparar
as fezes para análise
CA 8.3.3. Aplica técnicas de montagem microscópica de amostras
RA 8.3. Identificar as
de fezes a fresco
formas parasitárias do
CA 8.3.4. Manuseia as amostras de fezes seguindo os protocolos
tracto gastrointestinal
estabelecidos
mediante exames
CA 8.3.5. Prepara esfregaços de amostras de fezes para corar e
microscópicos de
identificar as formas parasitárias (Criptosporidium e
fezes
outros)
CA 8.3.6. Prepara amostra na lâmina para exame parasitológico de
concentração para identificação de parasitas
CA 8.3.7. Descreve as características dos parasitas encontrados no
exame microscópico

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

CA 8.3.8. Aplica testes rápidos para detectar a presença de


parasitas ou componentes orgânicos em amostras de
fezes
CA 8.3.9. Diferencia os resultados obtidos duma análise
patogénica com os não patológicos
CA 8.3.10.Elabora e apresenta um relatório com os resultados
obtidos
CA 8.3.11.Descreve os princípios de ética e deontologia
profissional.

CA 8.4.1. Reconhece os materiais, aparelhos, reagentes e soluções


para o teste parasitológico em amostras de sangue
CA 8.4.2. Prepara as amostras de sangue para a sua posterior
análise
CA 8.4.3. Descreve as técnicas de análises de sangue para detectar
parasitas (Plasmodium, Trypanosoma spp. e
RA 8.4.Aplicar técnicas de microfilárias)
análises parasitológicas CA 8.4.4. Realiza esfregaços em lâmina de amostras de sangue
para detectar a presença para observação microscópica
das formas parasitárias CA 8.4.5. Explica as técnicas de coloração das amostras de sangue
em sangue e os métodos de conservação das mesmas
CA 8.4.6. Aplica técnicas de coloração específicas para a detecção
de parasitas em sangue
CA 8.4.7. Executa a quantificação das formas parasitárias no
esfregaço de sangue corado

CA 8.5.1. Reconhece os materiais, aparelhos, reagentes e soluções


para o teste parasitológico em amostras de urina
CA 8.5.2. Prepara as amostras de urina para análise
CA 8.5.3. Descreve as características da urina no exame
macroscópica
RA 8.5.Aplicar técnicas de CA 8.5.4. Realiza o teste citoquímico para detectar a presença de
análises parasitológicas componentes químicos e celulares
para detectar a presença CA 8.5.5. Centrifuga a amostra para a obtenção do sedimento de
das formas parasitárias urina.
em urina CA 8.5.6. Descreve os elementos encontrados no exame
microscópico de urina
CA 8.5.7. Descreve as técnicas de coloração das amostras de urina
e os métodos de conservação das mesmas
CA 8.5.8. Aplica técnicas de coloração específicas para a detecção
de parasitas em urina.

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4. UNIDADES DIDÁCTICAS

4.1. Conteúdo organizador

Aplicar …

4.2. Sequência e Temporalização das Unidades Didácticas

Unidades Didácticas Tempo (em horas)


UD1. Introdução à parasitologia: processos de parasitoses em
humanos 06

UD2. Parasitas e exames em fezes 30


UD3. Parasitas e exames na urina 30
UD4. Parasitas e exames no sangue 14

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UNIDADE DIDÁCTICA 1

INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA: PROCESSOS DE


PARASITOSES EM HUMANOS

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL _______________________________________________________ 20


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica _______________________________ 20
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 21
1.INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PARASITOLOGIA ___________________________ 22
1.1. Relação da Parasitologia com outras Ciências _____________________________ 22
1.2. Classificação dos Parasitas ____________________________________________ 22
1.2.1. Quanto à necessidade de hospedeiro _________________________________ 23
1.2.2. Quanto à alternância de gerações ___________________________________ 23
1.2.3. Quanto ao ciclo biológico _________________________________________ 24
1.2.4. Quanto ao ciclo evolutivo _________________________________________ 24
1.2.5. Quanto a sua localização no hospedeiro ______________________________ 25
1.2.6. Quanto a via/ forma de transmissão _________________________________ 25
1.2.7. Quanto às regras taxonómicas ______________________________________ 26
2.HOSPEDEIRO, VECTOR E AGENTE ETIOLÓGICO: CONCEITOS BÁSICOS ______ 27
2.1. Hospedeiro ________________________________________________________ 27
2.2. Vector ____________________________________________________________ 28
2.3. Agente Etiológico ___________________________________________________ 28
2.4. Períodos parasitológicos de uma Infecção ________________________________ 29
3.INTER-RELAÇÃO PARASITA – HOSPEDEIRO _______________________________ 31
3.1. Factores associados às parasitoses ______________________________________ 32
4.CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PARASITA _______________________________ 33
4.1. Protozoários _______________________________________________________ 33
4.2. Helmintos _________________________________________________________ 36
5.PATOLOGIA GERAL DOS PARASITAS ______________________________________ 37
6.NORMAS UNIVERSAIS DE BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE
PARASITOLOGIA _________________________________________________________ 38
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD1 ________________________ 41
CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD1 ________________________________________ 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS __________________________________________ 44

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

OBJECTIVO GERAL
Analisar os processos relacionados às parasitoses humanas para melhor indentificação dos
parasitas

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica


No fim desta Unidade o formado será capaz de:

– Descrever as parasitoses, tipos, modo de reprodução e patogenia

– Caracterizar o parasitismo, hóspedes e vectores quanto ao tipo.

– Explicar o ciclo de vida dos parasitas e os seus mecanismos de transmissão

– Relacionar os ciclos de vida e forma de reprodução dos principais parasitas humanos

– Classificar os principais parasitas patogênicos para o homem

– Explicar os mecanismos de transmissão- infecção nos principais parasitas

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

INTRODUÇÃO

As chamadas doenças parasitárias ainda são responsáveis por um alto índice de morbidade ao
redor do mundo. Apesar do grande avanço tecnológico, do alto padrão educacional, da boa
nutrição e de boas condições sanitárias, mesmo os países desenvolvidos estão sujeitos a doenças
parasitárias. Desta forma, a parasitologia humana mantém seu auge em importância.
Nesta unidade, o estudante aprenderá os conceitos usados em parasitologia, seu significado, bem
como as regras/normas de trabalho no laboratório de parasitologia para permitir que tenha bases
conceituais, procedimentais e atitudinais para as fases subsequentes das unidades didáticas.

A presente unidade apresenta seis grandes capítulos a destacar:

– No primeiro capítulo faremos a introdução ao estudo da parasitologia com destaque para


as relações entre a parasitologia e outras ciências e a classificação das parasitas.

– O segundo capítulo o estudo será feito em volta dos conceitos de hospedeiro, vector e
agente etiológico e os princípios parasitológicos dum infecção.

– No terceiro capítulo abordaremos a inter-relação parasita – hospedeiro com enfoque na


simbiose a comensalismo e os factores associados as parasitoses.

– Para o quarto capítulo a temática sobre as características gerais dos parasitas com foco
nos protozoários e os helmintos.

– No quinto capítulo iremos abordar a patologia geral dos parasitas.

– E por fim, teremos o sexto capítulo que vai abordar as normas de biossegurança aplicadas
em laboratórios de patologia.

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PARASITOLOGIA

Define-se parasitologia como parte da biologia/microbiologia que estuda os


DEFINIÇÃO
parasitas, entendendo-se como parasita qualquer espécie que vive na base da
outra quer seja na busca de abrigo, nutrientes ou proteção no hospepdeiro
(Noormahomed, 2014, P.13)
Este tipo de associação entre seres vivos, em que existe unilateralidade de benefícios sendo o
hospedeiro essencial e/ou indispensável para a vida do parasita denomina-se Parasitismo.

1.1. Relação da Parasitologia com outras Ciências


Nenhuma ciência é por si só completa, ou seja, só ela isoladamente é incapaz de responder as
questões em volta dos fenómenos ou processos que a envolvem, daí a complementaridade das
ciências. Este fenómeno também acontece entre a parasitologia e outras ciências. Para
comprender o funcionamento do organismo do parasita recorre-se a biologia e fisiologia; para
comprender sua distribuição, condições climáticas favoráveis, factores de risco e de transmissão
recorre-se a Geografia, Epidemiologia; para compreender o tratamento, controle mediante
fármacos recorre-se a farmacologia.

1.2. Classificação dos Parasitas


Existem várias formas ou critérios para classificar ou agrupar os parasitas para melhor
compreendê-las ou estudá-las.

Os parasitas podem ser classificados de seguinte maneira:

– Quanto à necessidade de hospedeiro


– Quanto à alternância de gerações
– Quanto ao ciclo biológico
– Quanto ao ciclo evolutivo
– Quanto a sua localização no hospedeiro
– Quanto a via/ forma de transmissão
– Quanto às regras taxonómicas

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

1.2.1. Quanto à necessidade de hospedeiro

Quanto à necessidade de um hospedeiro para passar toda ou uma parte do seu ciclo evolutivo os
parasitas podem ser: Facultativo e obrigatório

a) Parasita Facultativo: organismo que pode viver parasitando, ou não, um hospedeiro. No


caso em que não se encontra parasitando um hospedeiro, é chamado vida livre.

EXEMPLO
Larvas de moscas Sarcophagidae, que podem desenvolver-se em feridas
necrosadas ou em matéria orgânica em decomposição (esterco).

b) Parasito Obrigatório. Organismo que deve obrigatoriamente passar pelo menos parte da
sua vida no hospedeiro para completar o seu ciclo. Podem ter um período de vida livre
fora do hospedeiro, no meio ambiente dentro duma capa protectora, o ovo ou cisto.

EXEMPLO
Toxoplasma gondii, Plasmodium sp, Schistosoma mansoni, etc.

1.2.2. Quanto à alternância de gerações

Os parasitas podem ao longo da sua fase de desenvolvimento alternar ou não sua forma de
reprodução de um hospedeiro para o outro. Assim, chama-se parasita Heterogenético, aquele
que apresenta alternância de gerações.

EXEMPLO
Plasmodium, com ciclo assexuado no mamífero e sexuado no mosquito

Designa-se por parasita Monogenético, aquele não apresenta alternância de gerações; isto é,
possui um só tipo de reprodução: sexuada ou assexuada.

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EXEMPLO
Ascaris lumbricoides, Ancylostomatidae, Entamoeba histolytica

1.2.3. Quanto ao ciclo biológico

DEFINIÇÃO Ciclo biológico: é o conjunto de transformações pelas quais podem passar os


indivíduos de uma espécie para assegurar a sua continuidade. (também
denominado ciclo evolutivo, ciclo de vida). (Neves, 2009, P.9)

1.2.4. Quanto ao ciclo evolutivo

Quanto ao ciclo evolutivo os parasitas podem ser: Parasita Heteroxênico e Parasita


Monoxênico

a) Parasita Heteroxênico: o que possui hospedeiro definitivo e intermediário,isto é


necessitam de pelo menos 2 hospedeiros para completar seu ciclo evolutivo.

EXEMPLO
Trypanosoma cruzi, S.mansoni

b) Parasita Monoxênico: é o que possui apenas o hospedeiro definitivo, isto é, completa


seu ciclo evolutivo apenas num hospedeiro.

EXEMPLO
Enterobius vermicularis, A.lumbricoides

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1.2.5. Quanto a sua localização no hospedeiro

Quanto a localização podem ser: Ectoparasitas e Endoparasitas

a) Ectoparasitas: são os que se localizam na superfície externa dos hospedeiros.

EXEMPLO
O piolho, a pulga, etc.

b) Endoparasitas: são os que se localizam nas partes internas dos hospedeiros.

EXEMPLO
As tênias (solitárias), Ascaris, e Schistosoma, etc.

1.2.6. Quanto a via/ forma de transmissão

Em relação as formas de transmissão dos parasitas, podemos destacar as seguintes: Parasitas


transmitidos entre pessoas, Parasitas transmitidos pela água, alimentos, mãos sujas ou
poeira, Parasitas transmitidos por solos contaminados por larva e Parasitas transmitidos
por vectores ou hospedeiros intermediários.

a) Parasitas transmitidos entre pessoas devido ao contato pessoal ou objetos de uso


pessoal (fômites). Sarcoptis scabiei,Tricomonas.vaginalis, etc.

b) Parasitas transmitidos pela água, alimentos, mãos sujas ou poeira: Entamoeba.


histolytica, G. lamblia, T.gondii, Hymenolepis nana, cisticercose (ovos de T. solium), A.
lumbricoides, Trichuris.trichiura, E. vermicularis.

c) Parasitas transmitidos por solos contaminados por larva (geo-helmintoses): A.


duodenale, Necator. americanus, Strongyloides stercoralis.

d) Parasitas transmitidos por vectores ou hospedeiros intermediários:Leishmania sp.,


Tripanossoma sp, Plasmodium sp.,, Taenia. solium, Taenia saginata, Oncocerca.
volvulus,

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1.2.7. Quanto às regras taxonómicas

Nas regras taxonómicas encontramos: os protozoários e os Helmintos.

Protozoários

Filo Género Espécie


Giardia G.lamblia
Trichomonas T. vaginalis
T.cruzi
Trypanossoma
T. brucei
Sarcomastigoph
L. braziliensis
ora Leishmania
L. chagasi
E. histollytica
Entamoeba
E. coli
Amebas de vida livre
Ciliophora Balantidium B. coli
Apicomplexa Cryptosporidium C.parvum
C. belli
Isospora, Cyclospora
C. cayetanensis
Toxoplasma T. gondii
P.falciparum
P.malariae
Plasmodium
P.ovale
P.vivax

Helmintos

Filo Género Espécie


Ascaris A.lumbricoides
Toxocara T.canis e T. cati
Trichuris T.trichuria
Wuchereria W bancrofti
Nemathelmintes Onchocerca O. volvulus

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B. malayi
Brugia
B. timori
Loa L. loa
Dracunculus D. medinensis
Enterobius E.vermiculares
Ancylostoma A.duodenale
Necator N.americanus
Ancylostoma A. braziliense
Strongyloides S.stercoralis
Trichinella T. spiralis
Schistosoma S. mansoni
S. japonicum
S. haematobium
Fasciola F. hepatica
T. solium
Taenia
T . saginata
Platyhelminthes
Echinococcus E. granulosus
H. nana
Hymenolepis
H. diminuta
Diphyllobotrium D. latum

2. HOSPEDEIRO, VECTOR E AGENTE ETIOLÓGICO: CONCEITOS BÁSICOS

2.1. Hospedeiro
DEFINIÇÃO Hospedeiro é um organismo que alberga ou aloja o parasita.Exemplo: o
hospedeiro do Ascaris lumbricoides é o ser humano (Neves, 2009, P.4;
Noormahomed, 2014, P.17)

O Hospedeiro pode ser classificado em: Hospedeiro Definitivo, Hospedeiro Intermediário e


Hospedeiro Paratênico ou de Transporte

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a) Hospedeiro Definitivo: é o que apresenta o parasito emfase de maturidade ou em fase de


actividade sexual, ou melhor é aquele no qual o parasita atinge a maturidade sexual e nele
reproduz-se, quer seja no ciclo directo ou indirecto

b) Hospedeiro Intermediário: é aquele que apresenta o parasitoem fase larvária ou


assexuada, ou melhor é aquele onde o estádio larvar, juvenil ou assexuado desenvolve-se,
mas não atinge a maturidade

c) Hospedeiro Paratênico ou de Transporte: é o hospedeiro intermediário no qual o


parasito não sofre desenvolvimento,mas permanece na forma inactiva até que o
hospedeiro definitivo o ingira. Exemplo: Hymenolepis nana em coleópteros

2.2. Vector
DEFINIÇÃO
Considera-se Vector qualquer meio de transmissão do parasito entre dois
hospedeiros (Neves, 2009, P.5 )

Na classificação do Vector, podemos encontrar: Vectores Biológicos e Vectores Mecânicos.

a) Vectores Biológicos: quando o parasita se multiplica ou se desenvolve no vector.

b) Vectores Mecânicos: são organismos que transportam o parasita até ao hospedeiro, onde
o parasita não sofre nenhum processo evolutivo, nem de multiplicação, isto é, quando o
parasita não se multiplica nem se desenvolve no vector, este simplesmente serve de
transporte.

2.3. Agente Etiológico


DEFINIÇÃO
Agente Etiológico: é o agente causador ou responsável pela origem da doença.
Pode ser um vírus, bactéria, fungo, protozoário, helminto (Neves, 2009, P.3)

O ecossistema, local ou órgão onde determinada espécie ou população vive denomina-se


Habitat.

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EXEMPLO
Ascaris lumbricoides tem como habitat o intestino delgado humano.

 Exposição – termo genérico para descrever factores (variáveis ou medidas) que uma
pessoa ou grupo de indivíduos tenha tido contato e que podem ser relevantes para sua
saúde (qualitativamente e/ou quantitativamente).

 Presença de uma infecção – estamos em presença de uma Infecção, quando há


penetração e desenvolvimento, e/ou multiplicação, de um agente infeccioso dentro do
organismo de humanos ou animais.

 Infestação – é o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície


do corpo ou vestuário. Ela pode ser: acção infecciosa directa e acção infecciosa
indirecta.

 Acção Infecciosa Directa – o vector (parasita) introduz o agente infeccioso no


hospedeiro.

EXEMPLO
Anopheles sp (Na transmissão da malária)

 Acção Infecciosa Indirecta – o parasita prepara a porta de entrada para outros agentes
infecciosos através de traumatismos.

2.4. Períodos parasitológicos de uma Infecção


As etapas clínicas e parasitológicas iniciam com inoculação do parasita e culminam com a morte
ou cura do hospedeiro. Portanto, nos períodos parasitológicos de uma infecção encontramos os
seguintes: (1) Períodos Parasitológicos, (2) Período Prepatente, (3) Período Patente, (4)
Período Subpatente, (5) Períodos Clínicos, (6) Período de Incubação, (7) Período de
Sintomas, (8) Período de Convalescença, (9) Período Latente e (10) Período de recaída.

a) Períodos Parasitológicos: estes períodos referem-se aos parasitas em relação ao


hospedeiro.

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b) Período Prepatente: este período vai desde a penetração do parasita no hospedeiro até
demonstração de suas formas por métodos laboratoriais específicos.

c) Período Patente: considerada a etapa em que as formas dos parasitas são facilmente
reveladas laboratorialmente.

d) Período Subpatente: segue-se ao período patente com duração indefinida em que não se
pode evidenciar a presença do parasita pelos métodos correntes.

e) Períodos Clínicos: são descritivas das reacções do hospedeiro sob a acção dos parasitas.

f) Período de Incubação: o período de incubação vai desde a penetração do parasita até ao


aparecimento dos primeiros sintomas da doença.

g) Período de Sintomas: este período começa após o aparecimento dos primeiros sintomas
e termina quando eles cessam.

h) Período de Convalescença: este inicia-se logo após ser atingida a fase de maior
sintomatologia, findando com a cura do hospedeiro.

i) Período Latente: em alguns casos, os sintomas desaparecem sem ter havido a destruição
total dos parasitas, seguida de um aumento do número dos parasitas e retorno dos
sintomas - Período de recaída.

Patogenia ou Patogênese: é o mecanismo com que um agente infeccioso


provoca lesões no hospedeiro (Neves, 2009)
Patogenicidade: é a habilidade de um agente infeccioso provocar lesões ao seu
DEFINIÇÃO hospedeiro (Neves, 2009)
Virulência: é a severidade e rapidez com que um agente infeccioso provoca
lesões no hospedeiro (Neves, 2009)
Reservatório: é qualquer matéria orgânica viva ou morta onde vive e se
multiplica um agente infecioso, e sendo possível a transmissãopara outros
hospedeiros sendo este pouco patogênico para o reservatório (Neves, 2009)

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3. INTER-RELAÇÃO PARASITA – HOSPEDEIRO

Uma das caracteríticas dos seres vivos é a interdependência, nenhum ser vivo é capaz de realizar
todas funçoes vitais sem necessitar do outro. Contudo, é importante lembrar que a parte da
ciência que estuda esta interdependência é a ecologia.

Esta procura contínua pela sobrevivência, nem sempre traz harmonia nas relações de
interdependência, pois nem todos saem beneficiados. Por esta razão, as associações entre os
seres vivos podem ser enquadrados em 2 grandes grupos: Harmônicas e Desarmônicas.

São consideradas associações/ relações harmônicas ou positivas as que oferecem benefício


mútuo a ambos associados.

Enquadram-se neste grupo de relações as seguintes associações: Simbiose e Comensalismo.

– Simbiose: é a associação entre seres vivos, na qual há uma troca de vantagens a nível tal
que esses seres são incapazes de viver isoladamente.

– Nesse tipo de associação, as espéciesrealizam funções complementares, indispensáveis a


vida de cada uma. De modo geral, são conhecidos como simbiontes, os indivíduos que
vivem em simbiose.

– Comensalismo: é a associação harmônica entre duas espécies, na qual uma obtém


vantagens (o hóspede) sem prejuízos para o outro (o hospedeiro).

Associações/relações desarmônicas ou negativas

– São associações/relações desarmônicas ou negativas as que algum dos associados tem


prejuízos decorrente desta associação.

Enquadram-se neste grupo de relações as seguintes associações: Competição, Canibalismo,


Predatismo e Parasitismo.

– Competição: quando seres da mesma espécie ou não disputam por um benefício

– Canibalismo: quando um ser alimenta-se de outro da mesma espécie

– Predatismo: quando uma espécie alimenta-se de outra espécie

– Parasitismo: é a associação entre seres vivos, na qual existe unilateralidadede beneficios,


ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasita, fornece alimento e abrigo.

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3.1. Factores associados às parasitoses


A ocorrência de parasitoses é muito frequente no mundo.exemplo: cerca de 20% da população
humana do mundo está parasitada por ancilostomídeos, o que equivale a mais de 1 bilhão de
pessoas, sendo o grupo mais vulnerável destas infecções as crianças.

Estas infecções causam danos muito grandes aos pacientes desdeDesnutrição, anemia,
diminuição no crescimento, retardo cognitivo, irritabilidade, aumento de suscetibilidade a outras
infecções e complicações agudas e até a morte.veja que as parasitoses quando acontecem em
comunidades menos informadas podem desencadear um processo depressivo principalmente em
crianças. Ex.: Crianças com ascardíase com proeminência do abdómen pode sofrer “bulling” no
seio de outras crianças, devido ao seu abdómen ou sua necessidade de alimentar-se levando esta
a evitar ambientes com outras crianças.

A prevalência de infecções por parasitas intestinais é um dos melhores indicadores do status


socioeconômico de uma população.

A ocorrência de parasitoses de forma geral, tem uma estreita relação com os seguintes factores:

– Condições Socio-económicas

– Instalações sanitárias inadequadas,

– Poluição fecal da água e de alimentos consumidos,

– Factores socioculturais,

– Contacto com animais,

– Deficiente educação sanitária

– Hábitos

– Idade do hospedeiro

– Tipo de parasita infectante

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PARASITAS

Nesta secção descreveremos as características gerais dos grandes grupos taxonómicos sem entrar
em detalhe nos próprios parasitas porque isso é estudado com detalhes nas unidades
subsequentes. Assim, serão abordados neste manual os protozoários e os helmintos que
constituem a maioria.

4.1. Protozoários
 Organismos eucarióticos, unicelulares e na sua maioria heterotróficos.

 São organismos microscópicos que de variam de 1 a 150μm

 Mais de 50.000 espécies descritas.

 Maior parte destes organismos são de vida livre, habitando no solo e na água.

 Cerca de 10.000 espécies são parasitas obrigatórios.

4.1.1. Classificação
Os protozoários classificam-se segundo:
a) A Taxonomia

b) O Phylum, Ordem, Classe, Género, etc.

c) Órgãos de locomoção:

– Pseudópodes: projecções temporárias do citoplasma (Entamoeba sp)

– Cílios: estructuras alongadas na envoltura da célula (Balantidium sp)

– Flagelo: extensão filamentosa do citoplasma (Giardia sp)

Nota: Existem ainda os desprovidos de órgãos de locamoção, tratando-se geralmente de


parasitas intracelulares tal como é o caso do Plasmodium sp.

d) Patogenicidade: Patógenos e comensais

e) Habitat no hospedeiro: Intestinais, sanguíneos, teciduais, etc

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4.1.2. Morfologia
Quanto a morfologia, os protozoários apresentam grandes variações, podendo ser esféricos, ovais
ou mesmos alongados. Algumas espécies possuem também fases distintas durantes seu
desenvolvimento, compreendendo:

a) Trofozoíto: é a forma activa do protozoário.

b) Cisto e oocisto: são formas de resistência, conferindo resistência ás adversidades do


meio ambiente. A forma é sempre definida, podendo ser esférica, oval, elipsoide.
Constituem a forma infectante em maior parte dos protozoários. Estas formas podem
apresentar 1,2,4 até 8 núcleos. Nos esporozoários, os oocistos maduros podem conter
esporocistos com esporozoítos no seu interior

o Enquistamento: Formação do envoltório protector no trofozoíto em condições


desfavoráveis.

o Desenquistamento: Ruptura do cisto que liberta o trofozoíto em condições


favoráveis.

c) Gametócito/gâmetas: é a forma sexuada.

d) estas formas ocorrem nos parasitas intracelulares.

e) Esquizontes: Célula que em processo de divisão múltipla que dá origem aos merozoitos

Endoplasma

 Parte interior que contém os organelos: núcleo, vacúolos alimentícios e excretores,


mitocôndrias e grânulos (glicogénio, proteínas, lípidos, bactérias e pigmentos).

 Funções: nutrição, excreção e reprodução.

– Núcleo

 Rodeado por uma membrana nuclear

 Contém nucléolo e grânulos de cromatina

 O número pode variar de 1 a vários

 Corpos cromatoides.

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

Respiração

Pode-se encontrar 2 tipos principais de respiração:

– Aeróbicos: são os protozoários que vivem em meio rico em oxigênio;

– Anaeróbicos: quando vivem em ambientes pobres em oxigênio, como os parasitas do


trato digestivo.

Nutrição

 Holofíticos ou autotróficos: são os que, a partir de grãos ou pigmentos citoplasmáticos


(cromatóforos), conseguem sintetizar energia a partir da luz solar (fotossíntese)

 Holozóicos ou heterotróficos: ingerem partículas orgânicas de origem animal, digerem-


nas e, posteriormente, expulsam os metabólitos. Essa ingestão se dá por fagocitose
(ingestão de partículas sólidas) ou pinocitose (ingestão de partículas pequenas)

 Saprozóicos: "absorvem" substâncias orgânicas de origem vegetal, já decompostas e


dissolvidas em meio líquido.

 Mixotróficos: quando são capazes de se alimentar por mais de um dos métodos acima
descritos.

Reprodução

Os protozoários reproduzem-se sexual ou assexuadamente:

– Sexuada (singamia e conjugação).

– Assexuada (divisão binária ou cissiparidade, endogenia e esquizogonia)

Reprodução assexuada

– Divisão binária: A partir de uma célula mãe, por divisão simples obtêm-se duas novas
células filhas. Pode ser transversal (Balantidium) ou longitudinal (flagelados).

– Esquizogonia (divisão múltipla): Uma célula sofre várias divisões resultando em várias
células filhas.

EXEMPLO
Plasmodium sp

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

– Endodiogenia (endogenia): Duas células formam-se no interior da célula mãe, a qual se


rompe libertando as novas células.

EXEMPLO
Toxoplasma gondii.

4.2. Helmintos
Os dois filos com mais parasitas de interresse médico são os Planthelmintas e Nemathelmintas.

a) Caracteristicas gerais dos Platelmintos

– Na maioria achatados dorsoventralmente.

– Forma de fita (Céstodos).

– Forma de folha (tremátodes).

– São hermafroditas (Excepto Schistosoma sp).

– Cavidade corporal ausente.

– Possuem ganchos ou ventosas.

b) Características Gerais dos Nematelmintos

– Corpo cilíndrico

– Possuem dimorfismo sexual (As fêmeas são geralmente maiores que os machos)

– Possuem cavidade corporal

– Não possuem ganchos nem ventosas.

ATENÇÃO Geralmente, as características dos helmintos são:Simetria bilateral, são


achatados dorsoventralmente, forma de fita, fêmea maior que o macho não
possuem órgãos para circulação, além de algumas concidirem com as
mencionadas nos protozoários

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

5. PATOLOGIA GERAL DOS PARASITAS

O mecanismo pelo qual os parasitas lesam o hospedeiro depende da espécie, do habitat no


hospedeiro, dos danos causados ou não no local da infestação ou da migração por via
hematogénica para outros orgãos. De forma geral, as acções que os parasitas exercem sobre os
hospedeiros são: Acção Espoliativa, Acção Tóxica, Acção Mecânica, Acção Traumática,
Acção Irritativa, Acção Enzimática e Anóxia.

a) Acção Espoliativa: desenvolvida quando o parasita absorve nutrientes ou mesmo sangue


do hospedeiro.

EXEMPLO
Ancylostomatidae, que ingerem sangue da mucosa intestinal para obterem ferro e
O2.

b) Acção Tóxica: ocorre quando espécies produzem enzimas ou metabólitos que podem
lesar o hospedeiro.

EXEMPLO
As reações alérgicas provocadas pelos metabólitos do A. Lumbricoides.

c) Acção Mecânica: desenvolve-se quando parasitas impedem o fluxo de alimento, ou


absorção alimentar.

EXEMPLO
A.lumbricoides dentro de uma alça intestinal, obstruindo-a;

d) Acção Traumática: é provocada, principalmente, por larvárias ou vermes adultos ao


deslocarem-se pelos tecidos do hospedeiro.

EXEMPLO
Migração cutânea e pulmonar pelas larvas de Ancylostomatidae

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

e) Acção Irritativa: deve-se a presença constante do parasito que, sem produzir lesões
traumáticas, irrita o local parasitado.

f) Acção Enzimática: ocorre na penetração do parasita pela pele ou perfurando o epitélio


intestinal do hospedeiro lesando-o na necessidade de obter alimentos assimiláveis.

EXEMPLO
Penetração de S. mansoni através da pele

g) Anóxia: qualquer parasita que consuma O2 da hemoglobina,ou produza anemia, é capaz


de provocar uma anóxia generalizada. E o que acontece com os Plasmodium.

6. NORMAS UNIVERSAIS DE BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE


PARASITOLOGIA

DEFINIÇÃO Biossegurança: conjunto de medidas objectivando proporcionar segurança,


minimização e controle de riscos nas actividades laboratoriais. Estas normas
quando cumpridas beneficiam o operador (técnico), sua equipa bem como o
ambiente de trabalho (MISAU, 2011).

No laboratório de parasitologia, é muito importante o uso dos seguintes equipamentos: luvas,


batas, máscaras, aventais, sapatos fechados

– As luvas são usadas como barreira de proteção prevenindo contra contaminação das
mãos ao manipular material contaminado, reduzindo a probabilidade de microrganismos
presentes nas mãos serem transmitidos durante procedimentos. Lavar instrumentos,
roupas, superfícies de trabalho SEMPRE usando luvas. NÃO usar luvas fora da área de
trabalho, NÃO abrir portas, NÃO atender telefone. NUNCA reutilizar as luvas,
DESCARTÁ-LAS de forma segura.

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38
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

– As batas são usadas para fornecer uma barreira de proteção e reduzir a oportunidade de
transmissão de microrganismos. Previnem a contaminação das roupas do pessoal,
protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corporais, salpicos e derramamentos
de material infectado. São de uso constante nos laboratórios. Devem sempre ser de
mangas longas, confeccionados em algodão ou fibra sintética (não inflamável). Uso de
batas é PERMITIDO somente nas ÁREAS DE TRABALHO. NUNCA EM
REFEITÓRIOS, ESCRITÓRIOS, BIBLIOTECAS, machimbombos, ETC. As batas
NUNCA devem ser colocadas no armário onde são guardados objetos pessoais. Devem
ser descontaminados antes de serem lavados.

Evitar tocar o rosto com as mãos, e não colocar objetos de uso pessoal, como
óculos ou livros, sobre a bancada de trabalho; deve-se tomar cuidado para
ATENÇÃO deixar toda a área de trabalho limpa e desimpedida. A bancada de trabalho deve
ser limpa com desinfetante. Após o exame do material colocar a amostra em
solução desinfetante e posteriormente recipiente de descarte. Lâminas utilizadas
em exames microscópicos descartar em recipiente com solução de hipoclorito.
(Ver o módulo pré pós analítico para mais informacoes).

Define-se parasitologia como parte da biologia/microbiologia que estuda os


parasitas, entendendo-se como parasita qualquer espécie que vive na base da
outra quer seja na busca de abrigo, nutrientes ou proteção no hospedeiro

A parasitologia não é uma ciência isolada de outras ciências. Para


compreender o funcionamento do organismo do parasita recorre-se a biologia
RESUMO e fisiologia; para compreender sua distribuição, condições climáticas
favoráveis, factores de risco e de transmissão recorre-se a Geografia,
Epidemiologia; para compreender o tratamento, controle mediante fármacos
recorre-se a farmacologia.

Na classificação dos parasitas podemos encontrar quanto á necessidade


de hospedeiro: parasita facultativo e parasito obrigatório, quanto a
alternância de geracões: parasita heterogenético e parasita monogenético,
quanto ao cilclo evolutivo: parasita heteroxênico e parasita monoxênico,

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39
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

quanto a sua localização no hospedeiro: ectoparasitas e endoparasitas e


quanto às regras taxonómicas: protozoários e helmintos

– O Hospedeiro é por definiçãoo organismo que alberga ou aloja o


parasita.Exemplo: o hospedeiro do Ascaris lumbricoides é o ser
humano. Podem ser: Hospedeiro Definitivo, Hospedeiro
Intermediário, Hospedeiro Paratênico ou de Transporte.

– Vector é qualquer meio de transmissão do parasito entre dois


hospedeiros. Podem ser: Vector Biológico, Vector Mecânico

Exposição: termo genérico para descrever factores (variáveis ou medidas)


que uma pessoa ou grupo de indivíduos tenha tido contacto e que podem ser
relevantes para sua saúde (qualitativamente e/ou quantitativamente).

Estamos em presença de uma Infecção, quando há penetração e


desenvolvimento, e/ou multiplicação, de um agente infeccioso dentro do
organismo de humanos ou animais.

Infestação: é o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na


superfície do corpo ou vestuário.

Nas relações entre os seres vivos são consideradas associações/ relações


harmônicas ou positivas as que oferecem benefício mútuo a ambos
associados: Simbiose, Comensalismo

São associações/relações desarmônicas ou negativas as que algum dos


associados tem prejuízos decorrente desta associação: Competição,
Canibalismo, Predatismo, Parasitismo

A ocorrência de parasitoses de forma geral, tem uma estreita relação com os


seguintes factores:

– Condições Socio-económicas.
– Instalações sanitárias inadequadas.
– Poluição fecal da água e de alimentos consumidos.
– Factores socioculturais.
– Contacto com animais.

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40
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

– Deficiente educação sanitária.


– Hábitos.
– Idade do hospedeiro.
– Tipo de parasita infectante.

De forma geral as acções que os parasitas exercem sobre os hospedeiros são:


Acção Espoliativa, Acção Tóxica, Acção Mecânica, Acção Traumática,
Acção Irritativa, Acção Enzimática, Anóxia.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD1

Actividades de ensino-aprendizagem
Identificacao de factores favoraveis a eclosao de parasitoses na IDF
ACTIVIDADE nº 01
Duração 4h
Objectivos:
Identificar condições ou factores que propiciam eclosão de parasitoses em diferentes locais
da IDF
Conteúdos de referência:
– Parasitas
– Meios de transmissão de infecções parasitárias
– Factores associados as parasitoses
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os estudantes serão divididos em grupos e terão 50 minutos para deslocarem-se ao-
Refeitório,Pátio,casas de banho, Dormitório,Lavandaria e Escritórios a fim de identificarem
os factores associados ás parasitoses.
Após 50 minutos, eles deverao regressar a turma para:
– Discutir em grupo os prováveis factores identificados
– Elaborar uma apresentação para plenária.
– Apresentar suas constatações no seio da turma
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
– Orienta a formação dos grupos de trabalho

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41
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

– Acompanha os estudantes para os sítios que podem ter restrição/dificuldade de acesso


a fim de facilitá-los.
– Faz a monitoria dos grupos nos seus locais para apurar o nível de empenho dos
grupos.
– Orienta as apresentações dos grupos depois do trabalho em grupos
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
– Bloco de notas
– Esferográfica
– Computador/papel gigante/transparentes/Quadro preto/Quadro branco.
– Sala de aula,Refeitório, Pátio da idf,casas de banho,Dormitório,Lavandaria,Escritórios
Critérios de avaliação
– O docente vai decidir qual será o critério a seguir

CASO PRÁTICO/PROJECTO DA UD1

Caso prático/Projeto
Título: Identificação dos focos e do tipo de parasitoses no bairro

Descrição
Planeamento da situação
O foco das parasitoses em qualquer canto do mundo, parte da forma de vida de cada um,
como cada um cuida de si, do seu meio (Como trata o seu lixo, como é sua higine,etc) de tal
maneira que se cada um fizer sua parte o risco de doenças parasitárias fica reduzido em sua
casa, depois no seu bairro, na sua localidade, no seu distrito, na sua província e em todo país.
Neste trabalho o estudante irá desenvolver um projecto que ajudá-lo-á a conhecer e entender
as doenças parasitárias, descobrir os focos de doenças parasitárias na sua comunidade e
implementar medidas de prevençao.Assim, até ao fim do módulo o estudante estará apto para
ajudar sua comunidade a melhorar sua condição de saúde.

Actividades a desenvolver pelos alunos


Desenvolver o mapeamento das doenças parasitárias do seu bairro/ comunidade.Este

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

projecto será desenvolvido por fases e será entregue até ao fim do módulo
Cada aluno tem a missão de:
1ª fase
1. Identificar os focos de doenças parasitárias no seu bairro/ comunidade (Nesta fase não
importa conhecer os detalhes da doença, aponta tudo que acha que pode ser foco de
uma doença parasitária).
2a fase
2. Há medida em que as aulas vão decorrendo, vai colhendo detalhes do foco
identificado na fase anterior.Qual é a doença ou as doenças que podem surgir de cada
foco, o (s) agente etiológico (s) forma (s) de transmissão,Ciclo evolutivo,
Patogenia,manifestações da doença,prevenção.
3ª fase
3. Apresentação e defesa do projecto nas últimas aulas do módulo
4ª fase
4. Efectuar as correcções propostas pelo corpo de acessoria, entregar o projecto ao
docente e fazer uma cópia para entregá-la ao líder comunitário. A cópia entregue ao
líder deve ser usada pela comunidade para informar-se sobre as doenças e também o
estudante deverá ser convidado nas reuniões comunitárias para apresentar seu
trabalho quando for possível, propondo medidas para cada foco de doenças e
integrando-se na solução dos problemas da saúde da comunidade.

Actividades a desenvolver pelo professor


– O docente deve explicar claramente o desenvolvimento do projecto.
– Explicar as tarefas dos estudantes.
– Marcar prazo para cada fase o projecto.
– Supervisionar os projectos colocando um visto em cada fase que o estudante concluir.
– Estar disponível para apoiar os estudantes quando necessário.
– Definir critério de avaliação do projecto.
– Criar uma plataforma de apresentação e debate dos projectos no fim do módulo
– Formas de avaliação, pontuação
Recursos necessários
(Deve incorporar todos os recursos que acharmos necessários para definir e enriquecer o

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

caso: links, imagens, documentos, etc.).


– Blocos de notas
– Esferográficas
– Computador Portátil
– Material bibliográfico
– Aulas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

1. JAWETZ, Melnick Adalberg. (2009), Microbiologia Médica,24ª Edição.


2. Misau. (2011), Introdução ao laboratório, 1ª Edição
3. NEVES, David Perreira. (2009) Parasitologia Humana, 11ª Edição, Editora: Atheneu-
Brasil,
4. NIQUICE, Aníbal J. (1997) Parasitologia Intestinal Clínica, Editor:Instituto de Ciências
de saúde de Maputo.
5. Noormahomed Emília Virginia R.I, (2014) Manual de parasitologia humana, 1ª Edição,
Editora:Imprensa universitária, Maputo- Moçambique
6. PESSÔA, Samuel B & Martins Amilcar V. (1982) Parasitologia Médica, 11ª edição,
Editora: GUANABARA KOOGAN.
7. ROBERT W.Bauman, (2009) Microbiology 2ª Edição.

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

UNIDADE DIDÁCTICA 2

PARASITAS E EXAMES EM FEZES

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

ÍNDICE
OBJECTIVO GERAL _______________________________________________________ 49
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica _______________________________ 49
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 50
1. COLHEITA E CONSERVAÇÃO DE AMOSTRAS DE FEZES __________________ 51
1.2. Conservação das amostras de fezes _____________________________________ 52
1.2.1 Conservantes e preservantes para amostras de fezes usados em Parasitologia _ 52
2. EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES (EPF) _____________________________ 53
2.1. Exame macroscópico de fezes _________________________________________ 54
2.2. Exames microscópico de fezes _________________________________________ 57
2.2.1. Exame directo a fresco ___________________________________________ 58
2.2.2. Sedimentação espontânea (Método de Hoffman, Pons & Janer) ___________ 60
2.2.3. Sedimentação por centrifugação, Método de Ritchie, de Blagg ou “formol-éter”61
2.2.4. Flutuação simples (método de Willis) ________________________________ 63
2.2.5. Centrífugo-Flutuação (método de Faust) _____________________________ 64
2.2.6. Métodos de Baerman-Moraes e de Rugai _____________________________ 65
2.2.7. Método de kato – katz ____________________________________________ 66
2.2.8. Método de graham (Método da fita adesiva) __________________________ 67
2.2.9. Métodos de Coloração ____________________________________________ 68
3. PRINCIPAIS PARASITAS INTESTINAIS ___________________________________ 69
3.1. Giardia lamblia (G. intestinalis) ________________________________________ 70
3.1.1. Morfologia _____________________________________________________ 70
3.1.2. Epidemiologia __________________________________________________ 71
3.1.3. Ciclo Biológico _________________________________________________ 71
3.1.4. Transmissão ____________________________________________________ 72
3.1.5. Patogenia ______________________________________________________ 73
3.1.6. Diagnóstico ____________________________________________________ 74
3.1.7. Tratamento ____________________________________________________ 75
3.1.8. Medidas de Prevenção ____________________________________________ 75
3.2. Entamoeba histolytica________________________________________________ 75
3.2.1. Morfologia _____________________________________________________ 76
3.2.2. Epidemiologia __________________________________________________ 77
3.2.3. Ciclo Biológico _________________________________________________ 77
3.2.4. Transmissão ____________________________________________________ 78
3.2.5. Patogenia ______________________________________________________ 78
3.2.6. Diagnóstico ____________________________________________________ 79

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46
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

3.2.7. Medidas de Prevenção ____________________________________________ 79


3.3. Cryptosporidium sp. _________________________________________________ 80
3.3.1. Morfologia _____________________________________________________ 80
3.3.2. Epidemiologia __________________________________________________ 80
3.3.3. Ciclo biológico _________________________________________________ 81
3.3.4. Transmissão ____________________________________________________ 82
3.3.5. Patogenia ______________________________________________________ 82
3.3.6. Diagnóstico ____________________________________________________ 83
3.3.7. Tratamento ____________________________________________________ 83
3.3.8. Medidas de prevenção ____________________________________________ 83
3.4. Ascaris lumbricoides ________________________________________________ 83
3.4.1. Morfologia _____________________________________________________ 84
3.4.2. Epidemiologia __________________________________________________ 84
3.4.3. Ciclo biológico _________________________________________________ 84
3.4.4. Transmissão ____________________________________________________ 85
3.4.5. Patogenia ______________________________________________________ 85
3.4.6. Diagnóstico ____________________________________________________ 86
3.4.7. Tratamento ____________________________________________________ 86
3.4.8. Medidas de Prevenção ____________________________________________ 86
3.5. Trichuris trichiura __________________________________________________ 87
3.5.1. Morfologia _____________________________________________________ 87
3.5.2. Epidemiologia __________________________________________________ 88
3.5.3. Ciclo biológico _________________________________________________ 88
3.5.4. Transmissão ____________________________________________________ 88
3.5.5. Patogenia ______________________________________________________ 88
3.5.6. Diagnóstico ____________________________________________________ 89
3.5.7. Tratamento ____________________________________________________ 89
3.5.8. Medidas de Prevenção ____________________________________________ 89
3.6. Strongyloides stercoralis______________________________________________ 89
3.6.1. Morfologia _____________________________________________________ 90
3.6.2. Epidemiologia __________________________________________________ 91
3.6.3. Ciclo biológico _________________________________________________ 91
a) Ciclo Direto ou partenogenético ____________________________________ 92
3.6.4. Transmissão ____________________________________________________ 93
3.6.5. Hetero ou primoinfecção __________________________________________ 93
3.6.6. Autoinfecção externa ou exógena ___________________________________ 93
3.6.7. Autoinfecção interna ou endógena __________________________________ 93
3.6.8. Patogenia ______________________________________________________ 93
3.6.9. Sinais e Sintomas _______________________________________________ 94
3.6.10. Diagnóstico ____________________________________________________ 94

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47
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

3.6.11. Tratamento ____________________________________________________ 94


3.6.12. Medidas Preventivas _____________________________________________ 95
3.7. Taenia spp _________________________________________________________ 95
3.7.1. Morfologia _____________________________________________________ 95
3.7.2. Epidemiologia __________________________________________________ 97
3.7.3. Ciclo biológico _________________________________________________ 98
3.7.4. Transmissão ____________________________________________________ 99
3.7.5. Patogenia ______________________________________________________ 99
3.7.6. Sinais e sintomas ________________________________________________ 99
3.7.7. Medidas de prevenção ___________________________________________ 100
3.7.8. Diagnóstico ___________________________________________________ 100
3.7.9. Tratamento ___________________________________________________ 100
3.8. Enterobius vermicuIaris _____________________________________________ 101
3.8.1. Morfologia ____________________________________________________ 101
3.8.2. Ciclo biológico ________________________________________________ 102
3.8.3. Transmissão ___________________________________________________ 103
3.8.4. Patogenia _____________________________________________________ 103
3.8.5. Epidemiologia _________________________________________________ 103
3.8.6. Sinais e Sintomas ______________________________________________ 104
3.8.7. Diagnóstico ___________________________________________________ 104
3.8.8. Prevenção ____________________________________________________ 104
3.8.9. Tratamento ___________________________________________________ 104
3.9. Schistosoma mansoni _______________________________________________ 105
3.9.1. Morfologia ____________________________________________________ 105
3.9.2. Epidemiologia _________________________________________________ 106
3.9.3. Patogenia _____________________________________________________ 106
3.9.4. Transmissão ___________________________________________________ 107
3.9.5. Ciclo biológico ________________________________________________ 108
3.9.6. Sinais e Sintomas ______________________________________________ 108
3.9.7. Medidas de Prevenção ___________________________________________ 109
3.9.8. Diagnóstico ___________________________________________________ 109
3.9.9. Tratamento ___________________________________________________ 109
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD2 _______________________ 110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA __________________________________________ 113

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

OBJECTIVO GERAL

Aplicar técnicas de análise macroscópica e microscópica para identificar alterações na amostra


bem como identificar formas parasitárias do tracto gastrointestinal nas fezes.

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica


No fim desta Unidade o estudante será capaz de:
– Descrever o processo colheita de amostra de fezes para análises parasitológicas.
– Relacionar as características macroscópicas das fezes normais e patológicas: (cor,
consistência, presença de corpos estranhos, muco e sangue, entre outros).
– Aplicar uma linguagem técnica para elaboração de relatórios.
– Executar procedimentos de diagnósticos parasitológicos na análise macroscópico de
fezes.
– Analisar as características macroscópicas da amostra de fezes.
– Manipular a amostra mantendo sua integridade.
– Anotar as características macroscópicas da amostra, utilizando uma linguagem técnica.
– Interpretar os resultados obtidos.
– Realizar diluições de amostras e reagentes para preparar as fezes para análise.
– Aplicar técnicas de montagem microscópica de amostras de fezes a fresco.
– Preparar esfregaços de amostras de fezes para corar e identificar as formas parasitárias
(Criptosporidium e outros).
– Preparar amostra na lâmina para exame parasitológico de concentração para identificação
de parasitas.
– Descrever as características dos parasitas encontrados no exame microscópico.
– Aplicar testes rápidos para detectar a presença de parasitas ou componentes orgânicos em
amostras de fezes.

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49
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

INTRODUÇÃO

Uma vez o estudante já familiarizado com o laboratório de parasitologia, nesta unidade didáctica
o estudante, irá ter a oportunidade de aprender sobre as fezes, o que as fezes “dizem” sobre a
saúde, também com esta unidade ele saberá classificar as fezes macroscopicamente, conhecer a
diversidade de parasitas intestinais bem como exames para sua identificação.
O processo começa com a colheita de amostras que pode ser feita no laboratório ou pelo
paciente em casa.
A qualidade dos resultados laboratoriais depende fundamentalmente da qualidade da mensagem
que é transmitida ao paciente para observar rigorosamente os procedimentos preconizados na
colheita de amostras de qualidade.
As fezes poderão, também ser mantidas em conservantes, permitindo que o exame seja realizado
semanas, meses após a colheita. Para tal é necessário que sejam usados conservantes fornecidos
pelo laboratório.
A presente unidade didáctiva está composta por quatro grandes capítulos:
– O primeiro capítulo vai abordar a colheita e conservaçã de amostras de fezes, com
enfoque nos cuidados fundamentais e na conservação das amostras.
– O segundo capítulo abordará a temática sobre o exame parasitológico de fezes, onde
falaremos das técnicas diretas e das indiretas.
– No terceiro capítulo faremos menção aos exames macroscópico de fezes, onde será
abordado os exames qualitativos e quantitativos, bem como a escolha do método a usar.
– E por fim, teremos o nosso quarto capítulo que descreverá os parasitas intestinais
destacando os grupos dos protozoários e o grupo dos helmintos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
50
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

1. COLHEITA E CONSERVAÇÃO DE AMOSTRAS DE FEZES

Cada amostra deve conter no mínimo as seguintes informações: nome do paciente, número de
identificação, nome do médico, data e horário de colheita.
– O recipiente deve ser limpo e seco, com a boca larga, de capacidade aproximada de
250ml para que possa conter uma amostra significativa e que tenha vedação hermética.
– As fezes obtidas do vaso sanitário não são recomendadas, porque a água e a urina
poderiam destruir as formas trofozoíticas.
– As fezes excretadas no solo não recomendadas, porque larvas de vida livre do solo
poderiam confundir o diagnóstico.
– Recomenda que as amostras sejam processadas num intervalo não superior a 30 minutos
após a evacuação para amostras líquidas e 1h para fezes pastosas. Fezes formadas podem
ser examinadas após um dia para evitar que os trofozoítos de protozoários morram e se
degenerem em poucos minutos fora do corpo humano.

É necessário que se observe o seguinte:


1. A evacuação deve ser feita em recipiente limpo e seco e parte das fezes transferida para
um frasco próprio.
2. O frasco para colheita de amostra de fezes deve ser fornecido pelo laboratório (limpo, de
boca larga e com tampa)
3. Colocar pouca quantidade de fezes no frasco 15 a 20g.
4. Não contaminar a amostra com urina, água ou terra
5. Não sujar a parte externa do recipiente.
6. Não expôr o frasco com amostra a luz durante o transporte
7. Não embrulhar ou sobrepôr a amostra pela requisição de análises
8. Deve-se verificar se os dados do paciente estão rotulados no frasco (nome, idade,
sexo,hora da colheita).
ATENÇÃO Explicar rigorosamente e pacientemente os procedimentos de colheita ao
doente. Garantir que o doente entendeu a explicação e está consciente que a
qualidade dos resultados depende do cumprimento dos predimentos
fornecidos. Se tiver, é importante fornecer um folheto de procedimentos por
escrito ao paciente.

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

Cuidados fundamentais a ter em conta no


laboratório de Parasitologia
1. Usar luvas, bata e outro material de
protecção (Evita contaminação)
2. Trabalhar com calma, identificando
corretamente as os frascos, lâminas,
etc (Evita troca de resultados dos
pacientes)
3. Usar material descartável (Evita
falsos positivos)

1.2. Conservação das amostras de fezes


Quando não há possibilidade de remeter as fezes frescas rapidamente ao laboratório ou então
examiná-las logo que cheguem, estas deverão ser mantidas a baixas temperaturas para evitar a
putrefação:
– 2 a 100C- As amostras podem ser conservadas por um período não superior a 48h após a
emissão.
– Á temperaturas mais elevadas as formas evolutivas dos parasitas se desintegram, pelo que
só são recomendadas para testes imunológicos e PCR.
Quando se pretende conservar as amostras por períodos mais prolongados, recomenda-se o uso
de químicos (conservantes e preservantes) que permitem conservar as amostras por mais tempo,
mantendo as formas evolutivas intactas. Os conservantes e preservantes são úteis nos casos em
que não existe sistema de frio ou fonte energia. A seguir, abordaremos sobre os conservantes e
preservantes usados em parasitologia.

1.2.1 Conservantes e preservantes para amostras de fezes usados em Parasitologia


Em parasitologia são usados diversas químicas para a conservação de amostras de fezes, contudo
o mais usado nos nossos laboratórios é o Formol a 10%. Os conservantes e preservantes usados
em Parasitologia incluem: Formol a 10%, SAF e MIF.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

a) Formol a 10% (formaldeído, formalina, metil aldeído, metileno glicol): Conserva por
mais de um mês os ovos ou larvas de helmintos e os cistos e oocistos de protozoários.

Composição: Formol 40% 1ml e água destilada

b) SAF (Acetato de Sódio, Ácido Acético e Formaldeído): Usado para conservar cistos e
trofozoítos, sendo útil para fezes formadas ou diarréicas. Para a execução do método da
hematoxilina férrica, no diagnóstico de amebas e Giardia. Usa-se na mesma proporção
citada anteriormente.

Composição: Acetato de Sódio 15 g Ácido Acético 20 ml Formadeído (40%) 40 ml


Água destilada 925 ml Total 1.0 ml

c) MIF (Solução Mertiolato-Iodo-Formaldeído): Este método permite obter ao mesmo


tempo a preservação e a coloração de quase todos os estágios dos protozoários, de ovos e
larvas de helmintos que se encontram nas fezes. Também permite o exame direto a fresco
do material fecal ou depois de várias semanas, sem a necessidade de outra coloração.
Inadequado para a preservação da morfologia de trofozoítos de protozoários. O iodeto
interfere com outros métodos de coloração;

Composição: Glicerina 5 ml, Formaldeído (40%) 25 ml, Mertiolato (ou mercurocromo)


0,1% 200 ml, Água destilada 200ml e Solução de lugol 43 ml

2. EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES (EPF)

O EPF é utilizado para identificação das diversas formas evolutivas de parasitas (ovos e larvas
de helmintos e cistos de protozoários) e na triagem das infecções intestinais. A intensidade do
parasitismo influencia no número de formas parasitárias eliminadas. É recomendável o exame de
fezes em três amostras colhidas em dias alternados, pois a ausência de parasitas em uma amostra
de fezes não exclui a possibilidade da presença do mesmo no organismo. Em parasitologia, são
usadas diversas as técnicas para o diagnóstico de parasitas intestinais. Estas técnicas são
classificadas em directas ou indirectas.

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

– Técnicas directas: São aquelas através das quais confirmar-se a presença do agente
etiológico da doença em suspeita no hospedeiro através da visualização das suas formas
parasitárias.
– Técnicas indirectas: Aquelas que confirmam a presença do agente através de partículas
pertencentes ao agente etiológico (Antígenos, proteínas, enzimas) ou pela reacção do
hospedeiro á presença do agente (Anticorpos).
Nesta unidade didáctica iremos abordar com mais ênfase as técnicas directas.
As técnicas directas têm como objetivo diagnosticar as parasitoses intestinais, por meio da
pesquisa das diferentes formas parasitárias que são eliminadas nas fezes.
Geralmente, as formas que saem junto com as fezes são microscópicas, demandando o uso do
microscópio para a sua pesquisa, não obstante, podem aparecer nas fezes formas parasitárias que
podem ser observadas macroscópicamente ex: vermes adultos de helmintos, assim como outras
estructuras/substâncias sugestivas de parasitoses intestinais: gorduras, muco, sangue, etc. Pelo
que, recomenda-se começar pelo exame macroscópico das fezes.
1. O exame macroscópico- Permite a verificação da consistência das fezes, do odor, da
presença de elementos anormais, como muco ou sangue, e de vermes adultos ou partes
deles.
2. O exame microscópico- permite a visualização de ovos ou larvas de helmintos, cistos,
trofozoítos ou oocistos de protozoários.

2.1. Exame macroscópico de fezes


As amostras de fezes depois de registadas e enumeradas devem ser examinadas
macroscopicamente para avaliar as seguintes características: consistência, cor, cheiro e
conteúdo.

Procedimento
 Observar a consistência das fezes: Podem ser líquidas, semi-líquidas, pastosas,formadas e
duras.
o Fezes moles ou líquidas sugerem a possível presença de trofozoítos de
protozoários intestinais.
o Cistos de protozoários são encontrados com mais freqüência em fezes formadas.

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o Ovos e larvas de helmintos podem ser encontrados tanto em fezes líquidas quanto
em fezes formadas.
 Observar a côr: Pode variar de acordo com os hábitos alimentares mas,normalmente são
de côr castanho claro ou escuro pela presença de estercobilina. A alteração da cor pode
ser pode ser indicativo de doença. (Ver tabela 1)
 Sentir o cheiro: Assim como a cor, o cheiro tambem pode variar devido a vários factores
como alimentação, medicação, estado patológico, tipo de patologia, etc. (Ver tabela 2)
 Observar o conteúdo
o Examinar a superfície da amostra para observar a presença de proglotes de ténias
o Examinar a amostra fecal com auxílio de um palito para verificar a presença de
outros helmintos adultos.
o Examinar as fezes quanto à presença de sangue e/ou muco, gorduras e outros.
 Sangue fresco (vermelho vivo) indica hemorragia aguda no trato intestinal.
 Muco sanguinolento sugere ulcerações e uma porção desse material deve,
de preferência, ser examinada, ao microscópio, para a procura de
trofozoitos.
Os vermes adultos, quando encontrados, devem ser imediatamente
examinados e identificados. As tênias são identificadas
ATENÇÃO
especificamente pelo exame das proglotes grávidas. As proglotes
devem ser fixadas em formol a 10% e depois clarificadas por
imersão em glicerina ou solução de lactofenol (1:1). Recomendável
colher 15-20g de fezes.

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Tabela 1: Cor das fezes e suas causas


Cor Causas
Castanho Normal devido á estercobilina
Branco ou Sem a estercobilina, pode ser por problemas no fígado, pâncreas ou
cinza vesícula biliar que esteja bloqueando a passagem da bile.
Pode ser por consumo de alimentos como a beterraba. Mas por outro lado
Vermelho pode ser sinal de sangramento em algum lugar do tubo digestivo. Se for
vermelho vivo, o problema é na porção final do recto. Ex: hemorroide.
Pode indicar sangramento nas partes iniciais do tubo digesstivo (garganta
Preto ou estômago) e o sangue sofre todo processo digestivo e quando sai com as
fezes dão essa tonalidade.
Pode indicar gordura que deveria ter sido absorvida. Pode haver problemas
Amarelo de absorção no sistema digestivo ou problema pode estar na dieta).
Normalmente as fezes afundam na água mas as gordurosas flutuam.
Uma dieta com muito ferro (ou suplementos) pode dar essa cor. Mas pode
Verde
ser também uma infecção, como a doença de Crohn (auto-imune)

Tabela 2: Cheiro das fezes e patologias associadas


Cheiro Patologia
Cheiro a ranço e agrião Diarréias em fermentação.
Cheiro amoniacal Diarréias urêmicas
Cheiro fétido Carcinomas ulcerados do recto
Diarréias agudas ou crónicas de pacientes com tratamento
Sem ou quase sem cheiro
de antibióticos, como também em recém nascidos.

ATENÇÃO Cerca de 3/4 das fezes é água. Mas a proporção pode variar de acordo com
a consistência. Quanto menos água tiver, mais duras, elas serão. O resto é
sobra de alimento, bactérias mortas e um pouco de muco do intestino grosso
para facilitar a passagem.

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2.2. Exames microscópico de fezes


Além do exame macroscópico das fezes, que permite ver o aspecto, consistência, cor, algumas
características morfológicas de parasitas adultos sem auxílio de nenhum instrumento de
ampliação, há também vários exames microscópicos que permitem observar formas evolutivas
de parasitas ou vestígios de parasitas até mesmo indícios de distúrbios.

O exame pode ser qualitativo ou quantitativo:


– Métodos qualitativos: são os mais utilizados para a demonstração da presença das
formas parasitárias. Freqüentemente o número das formas parasitárias é pequeno, assim é
necessário recorrer a processos de enriquecimento dessas formas para concentrá-las.
– Os métodos quantitativos- são aqueles nos quais se faz contagem de ovos para
avaliação da carga parasitária. O mais conhecido é o de Stoll, mas, o mais usado
actualmente é o de Kato-Katz.

Escolha do método a ser usado:


1. Não existe um método capaz de diagnosticar, ao mesmo tempo, todas as formas
parasitárias.
2. Alguns métodos são mais gerais, permitindo o diagnóstico de vários parasitos intestinais,
outros são métodos específicos, indicados para um parasita em especial.
3. Na maioria dos pedidos de EPF, a suspeita clínica não é relatada, e o exame é feito por
um dos métodos gerais, acima citados.
4. Quando é solicitada a pesquisa de um parasita que exige a execução de um método
específico, o método específico e método geral devem ser executados, assim o EPF ficará
mais completo, pois será feita a pesquisa dos vários parasitas intestinais e não apenas
daquele solicitado.

Métodos de Exame Parasitológico de Fezes


Os métodos de EPF São classificados da seguinte forma: Exame directo, Técnicas de
concentração e Técnicas especiais:
1. Exame directo: Consiste na observação directa do material fecal sem prévio
processamento. Úteis para a pesquisa de ovos e larvas de helmintos e de cistos de
protozoários

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Exame de fezes direto a fresco


2. Técnicas de concentração – Técnicas em que usamos maior quantidade de material
fecal com o intuíto de aumentar as probabilidades (sensibilidade) de encontrar as formas
parasitárias. Muitas vezes o número de formas parasitárias eliminadas com as fezes é
pequeno, havendo necessidade de recorrer a processos de enriquecimento para concentrá-
las. Usados para a pesquisa de ovos e larvas de helmintos, cistos e alguns oocistos de
protozoários.
– Sedimentação: Espontânea ou por centrifugação. Indicado para a pesquisa de
ovos leves (principalmente ancilostomídeos).
– Flutuação: Simples ou Flutuação-sedimentação. Usado para a pesquisa de cistos
e alguns oocistos de protozoários, permitindo, também, para a pesquisa de ovos
leves.
3. Técnicas Especiais- Inclui técnicas quantitativas, pesquisa de ovos de parasitas sem o
uso de material fecal e coprocultura: Concentração de larvas de helmintos por migração
activa, baseado no hidrotropismo e termotropismo positivos.

ATENÇÃO A cultura de fezes é um método pouco utilizado devido ao alto custo e


baixa sensibilidade, contudo, cultivos axênicos (cultivo de uma só
espécie) são de grande valia para estudos bioquímicos e imunológicos,
produção de antígenos e anticorpos e estudos diferenciais entre estirpes
patogênicas e não patogênicas, apesar de não diferenciar Entamoeba
histolytica da E. dispar.

2.2.1. Exame directo a fresco


O método direto a fresco permite a visualização vivos trofozoítos vivos com sua motilidade
característica, emissão de pseudópodes e observação de eritrócitos fagocitados pela E.
histolytica. Este último não é comum na amebíase crônica, indicando que eritrofagocitose seja
característica de cepas invasivas.
É uma técnica:
 Simples execução
 Permite visualizar trofozoítos vivos

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 Obtida diretamente da amostra fecal, sem conservante, pouco material não obstante,
pouco sensível (probabilidade elevada de falso negativos)

Material, reagentes e equipamentos:


 Lâminas
 Lamelas
 Palitos de madeira/varetas de vidro
 Marcadores
 Soro fisiológico (NaCl, 0,9%)
 Lugol
 Microscópio óptico.

Solução de Lugol:
Composição: Lugol 2,0 g Iodeto de Potássio - KI 4,0 g Água destilada Completar para 100 ml

Procedimento:
1. Identificar uma lâmina (registar o nome ou código do paciente)
2. Depositar uma gota de solução salina no centro da metade esquerda da lâmina e uma gota
de lugol no centro da metade direita da lâmina.
3. Tomar uma pequena porção de fezes (tamanho de uma cabeça de fósforo) com uma
vareta de vidro/palito de madeira, e depositar na gota de solução salina; juntar uma
porção análoga à gota de lugol.
4. Misturar as fezes com cada gota até se obter uma suspensão.
5. Colocar uma lamela sobre cada gota, apoiando-se primeiro em um ângulo sobre o bordo
da mesma e baixando-se logo com cuidado.
6. Examinar as preparações com as objectivas: primeiro de 10x e depois de 40x.
ATENÇÃO O lugol é um corante temporário que serve para dar contraste e
aumentar a visibilidade das estruturas internas das formas
parasitárias. Pode ser usado também em algumas técnicas de
concetração que não sejam de coloração.

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Solução de Lugol
Composição: Lugol 2,0 g Iodeto de Potássio - KI 4,0 g Água destilada Completar para 100 ml
Utilizado para pesquisa de cistos de protozoários e ovos de helmintos. Método pouco sensível e
só apresenta resultados positivos em infecções massivas. Procedimento: Adicionar solução de
lugol às fezes, preparar a lâmina e observar direto ao microscópio em aumento de 10X e 40X.

2.2.2. Sedimentação espontânea (Método de Hoffman, Pons & Janer)

Material, reagentes e equipamentos:


 Frasco de Borrel
 Tela de náilon ou gaze cirúrgica
 Bastão de vidro
 Cálice cónico
 Pipeta de Pasteur
 Lámina de vidro
 Lamela
 Lugol
 Microscópio óptico.

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Procedimento:
1. Colocar
aproximadamente 2g
de fezes em um
frasco de Borrel
(pode ser substituído
por copo plástico
descartável), com
cerca de 5ml de
água, e triturar bem
com bastão de vidro
(ou "palito de
picolé").
2. Acrescentar mais 20ml de água.
3. Filtrar a suspensão para um cálice cônico de 200 mL de capacidade, por intermédio de
tela metálica ou de náilon com cerca de 80 a 100 malhas por cm2, ou gaze cirúrgica
dobrada em quatro; os detritos retidos são lavados com mais 20mL de água, agitando-se
constantemente com o bastão de vidro, devendo o líquido da lavagem ser recolhido no
mesmo cálice.
4. Completar o volume do cálice com água.
5. Deixar essa suspensão em repouso durante 2 a 24 horas.
6. Decartar o sobrenadante num movimento único.
7. Retirar o sedimento com um canudo ou pipeta Pasteur e transferir para lâmina de vidro
adicionando 2 gotas de solução de Lugol e cobrindo com lamela. Observar ao
microscópio em objetiva de 10x e 40x.

2.2.3. S d n açã c n fugaçã , Mé d d R ch , d Blagg u “f l-é ”


– Baseia-se na sedimentação forçada pela centrifugação
– É útil para a pesquisa de ovos e larvas de helmintos, cistos e alguns oocistos de
protozoários

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Material, reagentes e equipamentos:


 Gaze cirúrgica
 Frasco de Borrel ou copo plástico
 Tubos cônicos
 Pipeta de Pasteur
 Lâmina
 Lamela
 Formol
 MIF
 Éter
 Centrífuga
 Microscópio óptico.

Procedimento:
1. Colher as fezes recém-emitidas em líquido conservador Formol ou MIF.
2. Homogeneizar bem.
3. Filtrar a suspensão de fezes em gaze dobrada em quatro ou em filtro descartável, num
copo plástico descartável.
4. Transferir 1 a 2ml do filtrado para um tubo cônico de centrifugação, com capacidade para
15ml.
5. Acrescentar 4 a 5ml de éter sulfúrico e agitar vigorosamente (importante para
desengordurar o material).
6. Centrifugar por um minuto a 1.500rpm: Formar-se-ão 4 camadas – no fundo estará o
sedimento com os parasitas.
7. Inverter o tubo para descartar o líquido sobrenadante, num único movimento.
8. Inverter o tubo em uma lâmina, deixando escoar todo o sedimento. Se a quantidade de
sedimento for excessiva, utilizar uma pipeta para colhê-lo e preparar a lâmina.
9. Cobrir com lamela e examinar com as objetivas de 10 e 40X.

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2.2.4. Flutuação simples (método de Willis)


Essa técnica se baseia na propriedade que alguns ovos de helmintos apresentam de flutuarem na
superfície de uma solução de densidade elevada e de aderirem ao vidro. Este procedimento é
específico para a pesquisa de ovos de Ancilostomídeos.

Material, reagentes e equipamentos:


 Frasco de Borrel ou copo plástico
 Gaze cirúrgica
 Lâmina
 Lamela
 Cloreto de sódio NaCl
 Microscópio óptico.

Procedimento
1. Dissolver cerca de 5g de fezes em uma solução saturada de NaCl.
2. Filtrar em gaze dobrada em quatro para um frasco de Borrel (frasco comum) e completar
com a solução saturada de NaCl até formar um menisco convexo na boca do frasco.
3. Colocar uma lâmina por sobre as bordas do frasco para que fique em contato com o
líquido ao menos por 5 minutos.
4. Retirar a lâmina sem escorrer o líquido
5. Colocar a lamela
6. Examinar ao microscópio.

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2.2.5. Centrífugo-Flutuação (método de Faust)


Indicado para pesquisa de cistos de protozoários; ovos leves de helmintos podem ser detectados
algumas vezes

Material, reagentes e equipamentos:


 Frasco de Borrel ou copo plástico
 Gaze cirúrgica
 Tubo de centrífuga
 Lâmina
 Lamela
 Água filtrada
 Centrífuga
 Microscópio óptico..

Procedimento
1. Diluir 10g de fezes em 20ml de água filtrada.
2. Homogeneizar bem.
3. Filtrar através de gaze dobrada em quatro, num copo plástico, e transferir para um tubo
de centrífuga.
4. Centrifugar por um minuto a 2.500rpm.
5. Desprezar o líquido sobrenadante e ressuspender o sedimento em água.
6. Repetir as operações 4 e 5 mais duas ou três vezes, até que o líquido sobrenadante fique
claro.
7. Os cistos e alguns oocistos de protozoários e os ovos leves, presentes na amostra fecal,
estarão na película superficial.
8. Recolher a película com alça de platina, colocar numa lâmina, acrescentar uma gota de
lugol e cobrir com lamela.
9. Examinar com as objetivas de 10x e 40x.

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2.2.6. Métodos de Baerman-Moraes e de Rugai


Este método baseia-se no hidrotermotropismo e termotropismo positivo das larvas de
Strongyloides stercoralis. Utilizado na pesquisa e isolamento de larvas de Strongyloides sp. em
de fezes e de larvas de nematóides do solo.

Material, reagentes e equipamentos:


 Estante de Baerman
 Peneira
 Gaze
 Tubos de Hemólise
 Tubo de látex
 Pinça de Mohr
 Funil
 Lâmina
 Lamela
 Água aquecida a 45o
 Microscópio óptico.

Procedimento
1. Colocar a água aquecida no funil com o tubo de látex vedado pela pinça de Mohr,
quantidade suficiente para tocar a extremidade inferior da peneira contendo as fezes.

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2. Depositar pequena quantidade de fezes sobre a peneira contendo gaze e deixar em repouso
por 45 a 60 minutos.
3. Após este tempo, soltar a pinça de Mohr e deixar que o material escorra para um tubo de
hemólise.
4. Centrifugar o material em baixa rotação
5. Observar o sedimento em objetiva de 10x e 40x.

ATENÇÃO
Este método é específico para a pesquisa de larvas de S. stercoralis.

2.2.7. Método de kato – katz


Utilizado principalmente na pesquisa de ovos de Schistosoma mansoni e outros helmintos.

Material, reagentes e equipamentos:


 Papel higiénico
 Tela
 Lâmina de vidro
 Placa de plástico
 Lâmínula de celofane
 Verde malaquita
 Microscópio óptico.

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Procedimento:
1. Depositar uma pequena quantidade de fezes sobre uma folha de papel higiênico
colocando a tela por cima e pressionando com a paleta.
2. Colocar sobre uma lâmina de vidro a placa de plástico e depositar no centro do orifício as
fezes que ultrapassaram as malhas da tela (40 - 60 mg).
3. Comprimir as fezes no orifício da placa até completá-lo.
4. Sobrepor a lamínula de celofane (embebida em verde malaquita) e inverter a preparação
realizando pressão com o polegar sobre a lâmina até obter uma uniformidade do material.
5. Deixar em repouso por cerca de 60 minutos a temperatura ambiente.
6. Contar todos os ovos encontrados e multiplicar o total por 24, resultando em ovos/grama
de fezes.

2.2.8. Método de graham (Método da fita adesiva)


Utilizado na pesquisa de ovos de Enterobius vermicularis

Material, reagentes e equipamentos:


 Fita adesiva
 Lâmina de vidro
 Espátula de madeira
 Lamela
 Toluol ou xileno
 Microscópio óptico.

Procedimento:
1. Colocar um pedaço de fita adesiva transparente em uma espátula de madeira com a parte
adesiva voltada para fora.
2. Pressionar firmemente a espátula contendo a fita adesiva contra as pregas anais e
perianais.
3. Colar a fita adesiva em lâmina devidamente identificada
4. Levantar cuidadosamente a fita da lâmina e pingar uma gota de toluol ou xileno e
pressionar novamente a fita contra a lâmina.

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– A preparação ficará clara ou levemente corada, tornando os ovos bem visíveis No


momento da execução do exame
5. Examinar o material imediatamente ao microscópio com objectiva de 10x E 40x.

2.2.9. Métodos de Coloração


São métodos que usam algum corante para melhor identificação dos parasitas. Existem vários
métodos de coloração. Para a pesquisa de parasitas intestinais, o mais usado e a técnica de Ziehl
Nelsen. Esta técnica e usada para a pesquisa de coccidios intestinais (Cryptosporidium sp e
Isospora sp).
a) Técnica de Ziehl Nelsen

Material, reagentes e equipamentos:


 Lâmina de vidro
 Lamela
 Metanol puro
 Solução carbol-fuscina
 Azul-de-metileno ou verde-malaquita
 Água tamponada
 Microscópio óptico.

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Procedimento
1. Preparar um esfregaço de fezes numa lâmina e esperar que seque.
2. Fixar a preparação com metanol puro durante 3 minutos.
3. Cobrir toda a lâmina com solução de carbol Fucsina e deixar actuar durante 15 minutos.
4. Passar a lâmina por álcool acidificado durante 10-15 segundos.
5. Lavar com água tamponada.
6. Mergulhar em solução de azul de metileno durante 30 segundos.
7. Lavar com água destilada.
8. Deixar secar a temperatura ambiente.
9. Observar ao microscópio com objectiva de 100x (com óleo de imersão).

3. PRINCIPAIS PARASITAS INTESTINAIS

Os principais parasitas intestinais dividem-se em grupos, a destacar os protozoários e


helmintos.

No Grupo dos Protozoários temos:


– Giardia lamblia (G. intestinalis)
– Entamoeba histolytica
– Cryptosporidium sp

No Grupo de Helmintos temos:


– Ascarislumbricoides
– Trichuris trichiura
– Strongyloides stercoralis
– Enterobius vermicuIaris
– Taenia spp
– Schistosoma mansoni

Portanto, para cada um dos parasitas intestinais apresentados iremos abordar o conceito, a
morfologia do parasita, a epidemiologia da doença, o ciclo biológico do parasita, a transmissão

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do parasita, a patogenia, os sinais e sintomas, o diagnóstico, o tratamento e a respetiva


prevenção.

3.1. Giardia lamblia (G. intestinalis)


Giardia lamblia (G. intestinalis): é um protozoário flagelado, habita no
DEFINIÇÃO intestino delgado do homem. A primeira descrição do trofozoíto tem sido
atribuída a Anton van Leeuwenhoek (1681), que notou "animalículos móveis"
em suas próprias fezes, porém foi Larnbl, em 1859, quem o descreveu mais
detalhadamente. (Neves, 2009,P.121)

Doença: A Giardia lamblia é agente etiológico da giardíase ou lambliose.

3.1.1. Morfologia
A Giardia apresenta duas formas evolutivas: Trofozoíto o Cisto.

O trofozoíto tem formato de pêra, com simetria bilateral e mede 20µm de comprimento por
10µm de largura. A face dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava. No interior
do trofozoíto, e localizados na sua parte frontal, são encontrados dois núcleos. O trofozoíto
possui ainda quatro pares de flagelos: um par de flagelos anteriores, um par de flagelos ventrais,
um par de flagelos posteriores e um par de flagelos caudais. Em preparações a fresco, o
movimento oscilatório de Giardia lamblia facilita sua identificação.

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O Cisto é oval ou elipsóide, medindo cerca de 12µm de comprimento por 8µm de largura. Este,
quando corado, pode
mostrar uma delicada
membrana destacada do
citoplasma. No seu
interior encontram-se
dois ou quatro núcleos,
um número variável de
fibrilas e os corpos
escuros com forma de
meia-lua, situados no
pólo oposto aos núcleos.
Os cistos são resistentes
as condições adversas
do meio ambiente. Em condições favoráveis de temperatura e humidade podem sobreviver até
dois meses no meio ambiente.

3.1.2. Epidemiologia
A giardíase é encontrada no mundo todo, tendo como maior grupo alvo as crianças de oito meses
a 12 anos de idade. A alta prevalência observada em crianças atribuída aos deficientes hábitos
higiênicos nessa idade constituíndo assim uma das causas mais comuns causas de diarreia entre
crianças nos Países em via de desenvolvimento e também uma das causas de desnutrição e atraso
no desenvolvimento.
A giardíase é uma infecção frequentemente encontrada em ambientes coletivos: enfermarias,
creches, internatos etc., onde o contacto directo de pessoa a pessoa é frequente e medidas de
higiene difíceis de serem implementados. Há estudos que revelaram uma prevalência de até 98%
no Egípto, 40% na América do sul 36% em Maputo (citar referência bibliográfica) acreditando
que se estudos similares forem realizados actualmente podem revelar realidades mais críticas.

3.1.3. Ciclo Biológico


G. lamblia é um parasita monoxeno. A via mais frequente de infecção do homem é a ingestão de
cistos em alimentos e/ou água contaminados. Estima-se que un número de 10 a 100 quistos é

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suficiente para produzir infecção. Após a ingestão do cisto, o desencistamento é iniciado no


meio ácido do estômago e completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do
intestino delgado pelos trofozoítos. Os trofozoítos se multiplicam por divisão binária
longitudinal resultando assim dois trofozoítos binucleados. O ciclo se completa pelo
encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Tal processo pode se iniciar no
baixo íleo, mas o ceco é considerado o principal sítio de encistamento.

3.1.4. Transmissão
A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos maduros, que podem ser transmitidos
por um dos seguintes mecanismos:
– Ingestão de águas superficiais sem tratamento ou deficientemente tratadas;
Alimentos contaminados (verduras cruas e frutas mal lavadas); esses alimentos também podem
ser contaminados por cistos veiculados por moscas e baratas;

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Contacto pessoa a pessoa por meio das mãos contaminadas em locais de aglomeração humana
(creches, orfanatos etc.); quando se tem algum indivíduo infectado no seio do grupo;
– Através de contactos homossexuais.
É importante salientar que os portadores assintomáticos são os mais importantes na
disseminação da infecção pois estes podem eliminar 300 mil quistos por 1g de fezes por dia
tendo o período quente como o de maior frequência e não estão cientes do seu estado.

3.1.5. Patogenia
Os trofozoítos de Giardia lamblia formam um “tapete” por cima da mucosa intestinal,
dificultando a absorção de gorduras, carbohidratos, vitaminas, etc. O atapetamento da mucosa
por um grande número de trofozoítos e libertação das prostaglandinas são tidos como factores
activos das mudanças na arquitetura da mucosa, tais como: edemas, atrofia parcial e completa da
mucosa.
As prostaglandinas agem directamente sobre a motilidade intestinal ou através da estimulação da
adenilciclase da mucosa, provocando o aparecimento de diarréia. Por outro lado, o parasita entra
em contato com macrófagos que activam os linfócitos T que, por sua vez, ativam os linfócitos B
para produzir IgA e IgE. A IgE se liga aos mastócitos presentes na superfície da mucosa
intestinal, provocando a degranulação dessas células e a liberação de várias substâncias, entre
elas a histamina. Desta forma, é desencadeada uma reação anafilática local (reação de
hipersensibilidade), que provoca edema da mucosa e contração de seus músculos lisos, levando a
um aumento da motilidade do intestino.

Sinais e Sintomas
A giardíase apresenta um espectro clínico diverso, que varia desde indivíduos assintomáticos
até pacientes sintomáticos que podem apresentar:
- Diarréia aguda a persistente
- Má-absorção de nutrientes
- Perda de peso
- Irritabilidade
- Insônia
- Náuseas

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- Vômitos
- Perda de apetite
- Dor abdominal
ATENÇÃO
Apesar desses sintomas serem bastante característicos, é conveniente a
comprovação por exames laboratoriais

3.1.6. Diagnóstico
A supeita clínica dá-se pelos sinais e sintomas que são muito característicos principalmente em
crianças de 8 meses a 12 anos. Para confirmar a suspeita clínica, deve-se fazer o exame
parasitológico de fezes (Ver conteúdo de exames de fezes) nos pacientes para a identificação de
cistos ou trofozoítos.
Os cistos são encontrados nas fezes da maioria dos indivíduos com giardíase, enquanto a
presença de trofozoítos é menos frequente. Com isto, a observação do aspecto e consistência das
fezes fornece informações sobre a forma evolutiva a ser pesquisada, uma vez que em fezes
formadas e fezes diarréicas predominam cistos e trofozoítos, respectivamente.
Podem ser usadas preparações a fresco pelo método directo para detectar Giardia lamblia,
também podem ser efectuados métodos de concentração, como o de flutuação pelo sulfato de
zinco.
Preparações coradas com Giemsa ou com Hematoxilina férrica podem ser feitas para visualizar
cistos ou mesmo trofozoítos embora estes últimos sejam melhor visualizados no método directo.
Como nas fezes diarréicas encontram-se trofozoítos, recomenda-se colher o material no
laboratório, e examiná-lo imediatamente, ou diluir as fezes com preservante próprio (formol a
10%), uma vez que os trofozoítos sobrevivem durante pouco tempo no meio externo (15-20
minutos).
ATENÇÃO Um aspecto importante com relação ao diagnóstico da giardíase é o facto de
indivíduos parasitados não eliminarem cistos continuamente. O período em que
não se observa eliminação de cistos nas fezes denomina-se "período negativo" e
pode durar em média dez dias. Além disso, o padrão de excreção de cistos varia
de indivíduo para indivíduo, e nos baixos excretores as amostras de fezes podem

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permanecer negativas por 20 dias consecutivos. Desta forma, o diagnóstico por


exame de fezes pode levar a resultados falso-negativos, principalmente, quando
apenas uma amostra é colectada.
Para contornar essas limitações recomenda-se o exame de três amostras com
intervalo de sete dias entre cada uma, conducta que aumenta as probabilidades de
encontrar os cistos de Giardia lamblia nas fezes.

3.1.7. Tratamento
As drogas de eleição têm sido:
- Metronidazol
- Tinidazol
- Albendazol

3.1.8. Medidas de Prevenção


Conforme visto acima, um dos grandes factores que favorece a giardíase é a falta ou deficiência
de condiçõe higiénicas. Desta forma, são recomendadas as seguintes medidas:
- Lavar as mãos após a defecação
- Dar destino correcto as fezes (fossas, redes de esgoto, etc)
- Tratar as fezes antes de usar como fertilizantes
- Proteger dos alimentos
- Tratar da água (com cloro ou fervura)
- Etc.

3.2. Entamoeba histolytica


A E. histolytica é o agente etiológico da amebíase, importante problema de saúde pública que
leva ao óbitoa anualmente cerca de 100.000 pessoas no mundo, constituindo a segunda causa de
mortes por parasitoses. Apesar da alta mortalidade, muitos casos de infecções assintomáticas são
registrados. No início do século XX, estimava-se que cerca de 12% da população mundial
portava o parasita em seu trato intestinal, mas destes, somente 10% apresentavam sintomas da

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doença. Podem ser encontradas várias espécies de Entamoebas, apenas E. histolytica é


patogénica para o homem.
E. histolytica/E. dispar: Com frequência
- E. coli
- E. gingivalis
As espécies de ameba pertencentes ao gênero Entamoeba foram reunidas em grupos diferentes,
segundo o número de núcleos do cisto maduro:
1. Entamoebas com cistos contendo oito núcleos, também chamada grupo coli: E. coli
(homem), E. muris e E. gallinarum.
2. Entamoebas de cistos com quatro núcleos, também chamada grupo hystolytica: E.
histolytica, E. Dispar, E. ranarum, E. invadens e E. moshkoviskii.
3. Entamoebas de cistos com um núcleo: E. polecki e E. suis.
4. Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gingivalis.
Doença: Amebíase

3.2.1. Morfologia
A E. histolytica apresenta duas formas principais: trofozoíto e cisto.

Trofozoítos
Os trofozoítos medem entre 20 e 30µm. Geralmente tem um só núcleo, bem nítido nas formas
coradas e pouco visível nas formas vivas. O trozofoíto, quando fixado e corado pela
hematoxilina férrica, apresenta diferenças entre ecto e endoplasma; o núcleo é bem visível e
destacado, geralmente esférico.

Cistos
São esféricos ou ovais, medindo 8 a 20µm de diâmetro. Em preparações sem coloração ou a
fresco, eles aparecem como corpúsculos hialinos, claros, às vezes de coloração palha. Os núcleos
são pouco visíveis. Quando corados pelo lugol ou pela hematoxilina férrica, os núcleos tornam-
se bem visíveis e variam de um a quatro, tomando a cor castanho-escuro.

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Os cistos podem ser:


– Pré- cistos: Uma fase intermediária entre o trofozoíto e o cisto. É oval ou ligeiramente
arredondado, menor que o trofozoíto. O núcleo é semelhante ao do trofozoíto.
– Metacisto: Uma forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado, onde
sofre divisões, dando origem aos trofozoítos.

3.2.2. Epidemiologia
Estima-se que existam cerca de 480 milhões de pessoas no mundo infectadas com a E.
histolytica, das quais 10% apresentam formas invasivas, isto é, alterações intestinais ou extra-
intestinais.

3.2.3. Ciclo Biológico


É monoxênico. No ciclo, encontramos uma série de estágios: trofozoíto, pré-cisto, metacisto e
cisto. O ciclo se
inicia com a ingestão
dos cistos maduros,
junto com alimentos
ou água
contaminados.
Passam pelo
estômago, resistindo
à acção do suco
gástrico, chegam ao
final do intestino
delgado ou início do
intestino grosso,
onde ocorre o
desencistamento,
com a saída do
metacisto, através de
uma pequena fenda
na parede cística. Em

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seguida, o metacisto sofre sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, dando origem a


quatro e depois oito trofozoítos, chamados trofozoítos metacísticos. Estes trofozoítos migram
para o intestino grosso onde se colonizam. Em geral, ficam aderidos à mucosa do intestino,
vivendo como comensais, alimentando-se de detritos e de bactérias. Quando desprendem-se da
parede e, na luz do intestino grosso, principalmente no cólon, sofrem a ação da desidratação,
transformando-se em pré-cistos; em seguida, secretam uma membrana cística e se transformam
em cistos que são eliminados com as fezes.

3.2.4. Transmissão
O mecanismo de transmissão ocorre através de:
Ingestão de cistos maduros, com alimentos (sólidos ou líquidos).
O uso/consumo de água (sem tratament) contaminada por dejectos humanos (modo frequente de
contaminação)
– Ingestão de alimentos contaminados (verduras cruas – alface, frutas)
Contaminação de alimentos por cistos veiculados nas patas de baratas e moscas
Obs: Os "portadores assintomáticos" que manipulam alimentos são os principais disseminadores
dessa protozoose.

3.2.5. Patogenia
Em situações que não são bem conhecidas, o equilíbrio parasita-hospedeiro pode ser rompido e
os trofozoítos invadem a submucosa intestinal, necrosando o tecido com posterior formação de
úlceras e amebomas. As amebas multiplicando-se activamente no interior das úlceras e podem,
através da circulação porta, atingir outros órgãos, como o fígado, pulmões, rins, cérebro ou pele,
causando a amebíase extra-intestinal. O trofozoíto presente nestas úlceras é denominado forma
invasiva ou virulenta. A forma extra-intestinal mais frequente da amebíase é a hepática, quando
estes parasitsa se encontram no fígado.

Sinais e Sintomas
Colite não-disentérica (manifesta-se por duas a quatro evacuações, diarréicas ou não, por dia)
– Desconforto abdominal ou cólicas
– Diarréia, com evacuações mucossanguinolentas, com predominância de muco ou de
sangue, acompanhadas de cólicas intensas

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– Tenesmo
– Dor no hipocôndrio direito- (amebíase hepática)

3.2.6. Diagnóstico
O diagnóstico da E.histolytica não é fácil devido a enorme confusão que se pode estabelecer com
outras espécies de amebas que parasitam o homem, necessitando então de treino intenso para um
diagnóstico bem-sucedido.
Para a pesquisa deste parasita, as fezes podem ser colectadas em frascos com preservantes como
Schaudinn, SAF, álcool prolivinílico, quando estão liquefeitas, ou diarréicas e em formol a 10%,
MIF, SAF, quando são formadas ou semi-sólidas.
O exame a fresco das fezes deve ser feito tão logo que elas forem emitidas, no máximo 20 a 30
minutos após a colheita, se tiver como objetivo observar trofozoítos.
Os métodos de MIF, formol-éter ou Faust apresentam resultados muito semelhantes e detectam
de 80% a 90% dos cistos. Recomenda-se sempre fazer o exame directo como triagem, seguido
do MIF, formol-éter ou Faust. Se necessário, faz-se coloração pela hematoxinina férrica.
Para o diagnóstico diferencial dos quistos das amebas intestinais é necessária uma coloração. A
mais simples coloração para a visualização é a solução de lugol que é uma coloração temporária
(não permite guardar a preparação por tempo prolongado) mais que evidencia os núcleos.
São colorações definitivas a hematoxilina, coloração tricrómica, etc.
Como a eliminação dos cistos é intermitente é irregular, aconselha-se colher as fezes em dias
alternados e colocá-las em preservantes.

3.2.7. Medidas de Prevenção


Conforme visto acima, um dos grandes factores que favorece a amebíase é a falta ou deficiência
de condiçõe higiénicas. Desta forma, são recomendadas as seguintes medidas:
- Evitar fecalismo a céu aberto
- Lavar as mãos depois de defecar
- Dar destino correcto das fezes (fossas, rede de esgoto, latrinas, etc)
- Proteger os alimentos do contacto com vectores
- Lavar bem os alimentos (verduras e frutas)
- Tratar a água (com cloro ou fervura)

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3.3. Cryptosporidium sp.


O gênero Cryptosporidium foi criado em 1907, por Tyzzer, para designar um pequeno coccídio
encontrado nas glândulas gástricas de camundongos, que recebeu o nome específico de C. muris.
Foram descritas também as espécies C. hominis, C, meleagridis, C. felis e C. canis.
Tal como a giardíase, a criptosporidíase é considerada pela OMS desde 2004 uma das doenças
tropicais negligenciadas. É também considerada, como uma causa importante da “diarreia do
viajante”.
Só em 1976 foi descrito o 1º caso de criptosporidíase humana e apenas 7 casos foram reportados
até 1982. Desde então, o número de casos tem vindo a aumentar, particularmente em pacientes
imunocomprometidos.

3.3.1. Morfologia
O parasita apresenta formas estruturais encontradas nos tecidos (formas endógenas), nas fezes e
no meio ambiente (oocistos).
Os oocistos do Cryptosporidium são pequenos, esféricos ou ovóides medem cerca de 5,0 µm x
4,5µm para C. parvum, e 7,4 µm x 5,6 µm para C. muris, e contêm quatro esporozoítos livres no
seu interior.
Ao microscópio óptico torna-se impossível distinguir os ooquistos das diferentes espécies.

3.3.2. Epidemiologia
O Cryptospoidium sp é o agente etiológico da criptosporidíase, uma enfermidade entérica
cosmopolita encontrando-se a maior parte dos casos em áreas de clima tropical, seguido das
áreas de clima temperado. É reconhecida como uma das mais comuns parasitoses transmissíveis
através da água de beber e recreacional. Estudos realizados em mais de 100 regiões geográficas
de pelo menos 40 países em indivíduos portadores ou não de diarréia, indicam que as regiões
mais desenvolvidas apresentam uma prevalência média de 1% a 3%, e que nas menos
desenvolvidas os índices variam de 5% a 10%, podendo atingir mais de 15%. A alta prevalência
verifica-se em crianças na faixa etária de 6meses a 3 anos.
A partir de 1983, esta parasitose ganhou maior importância na medicina humana, por estar
muitas vezes associada a diarreia em crianças mal nutridas, como em adultos imunologicamente
comprometidos devido ao HIV/SIDA.

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3.3.3. Ciclo biológico


O Cryptosporidium sp tem o ciclo monoxênico e inicia com a ingestão de oocistos, provenientes
da água, alimentos contaminados, ou mesmo por inalação. Por essas vias, chegam os oocistos
chegam ao intestino delgado onde a partir de uma fenda libertam o esporozoíto (forma invasiva).
Os esporozoítos assumem uma localização intracelular mas extracitoplasmática. É dentro de um
vacúolo parasitóforo que os esporozoítas transformam-se em trofozoítas e estes iniciam o
processo de reprodução assexuada formando merontes I e II, que por sua vez, darão lugar aos
estágios sexuais (macro e microgametas) cuja fusão origina o zigoto, os quais por esporogonia
dão origem a oocistos infectantes.

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3.3.4. Transmissão
A infecção no homem e outros mamíferos é causada pela ingestão de oocistos a partir de água ou
alimentos contaminados pelas fezes dos animais que constituem reservatórios. (sabe-se que as
ostras e ameijoas concentram grandes quantidades do parasita),
Geralmente, as formas de transmissão têm sido pelas seguintes vias:

– Pessoa a pessoa: observada em ambientes com alta densidade populacional, como em


creches e hospitais, e através do contato direto e indireto.
– Animal a pessoa: ocorre como conseqüência do contacto direto de pessoas com animais
que se encontram eliminando oocistos.
– Pela água de consumo contaminada com oocistos.
– Por alimentos contaminados com oocistos.

3.3.5. Patogenia
Factores como a idade do indivíduo infectado, a associação com outros patógenos, competência
imunológica influenciam grandemente na patogenia e o quadro clínico da criptosporidiose. As
alterações provocadas por Cryptosporidium sp nas células epiteliais (atrofia das
microvilosidades da mucosa gastrontestinal interferem nos processos digestivos e resultam na
síndrome da má absorção. A diarreia é devida ao aumento da permeabilidade intestinal, secreção
de acido clorhidrico e malabsorção.

Sinais e sintomas
– Diarreia
– Dor abdominal
– Flatulência
– Vómitos ocasionais
– Náuseas
– Febre
– Anorexia
– Emagrecimento e deshidratação

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3.3.6. Diagnóstico
O diagnóstico da infecção por este protozoário, baseia-se na demonstração da presença de
oocistos nas fezes.
O exame de fezes frescas por método directo com solução Lugol pode revelar a presença deste
parasita. Os oocistos são vistos como áreas de 8-10 μm de diâmetro, contendo glóbulos
numerosos presos no interior.
Os oocistos de Cryptosporidium spp são álcool- ácido resistente e por isso a técnica de coloração
de Ziehl-Neelsen modificada é útil para revelar a presença dos mesmos onde aparecem sempre
vermelho escuro, podendo ser usados outros corantes como Giemsa, carbol-fucsina com
dimetilsulfóxido, etc. Devido a baixa concentração de microorganismos em muitos casos,
recomenda-se uso as técnicas de concentração, como a técnica de Ritchie, previamente á
coloração.

3.3.7. Tratamento
Não existem fármacos específicos no tratamento da criptosporidiose, não obstante, os seguintes
fármacos apresentam certa eficácia:
– Cotrimoxazol (160 mg de trimetropim +800mg de sulfametoxazol.
– Nitazoxanida

3.3.8. Medidas de prevenção


Os oocistos são resistentes aos desinfectantes comuns e ao hipoclorito da água em concentrações
normais, apenas os filtros com capacidade de remoção de partículas de 1 mícron são fiáveis.
– Evitar uso exagerado de piscinas públicas.
– Ferver a água de beber.
– Melhorar hábitos higiénicos individuais bem como coletivos.
– Uso de fossas ou latrinas protegidas.
– E outras medidas mencionadas na amebíase.

3.4. Ascaris lumbricoides


É um dos helmintos mais distribuídos mundialmente. Parasitando indivíduos de todos países e
de todas idades. É vulgarmente conhecido por lombriga.
Doença: Ascaridíase ou Ascaridiose

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3.4.1. Morfologia
As formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades afiladas. O
macho mede em geral 15 a 35 cm de comprimento e tem a extremidade posterior enrolada para
proteger o espículo e a fêmea de 35 até 40 cm, alcançando em casos excepcionais 48cm, sendo
esta geralmente maior que o macho. O tamanho dos exemplares de A. lumbricoides está na
dependência do número de parasitas albergados e do estado nutricional do hospedeiro.
O macho possui boca (localizada na extremidade anterior), o esôfago, o intestino retilíneo, o
recto, um testículo, canal ejaculador, cloaca.
Os ovos são brancos e adquirem cor castanha devido ao contacto com as fezes. São grandes, com
cerca de 50µm de diâmetro, ovais e com cápsula espessa. A parte externa está coberta de
albúmina e é mamilonada.
Os ovos são depositados pelas fêmeas no intestino (a maioria são ovos férteis mas, também
aparecem ovos não férteis, que são mais alongados) a embriogênese ocorre no meio ambiente.

3.4.2. Epidemiologia
Dados recentes indicam que o A. lumbricoides é o helminto mais frequente nos países pobres,
sendo sua prevalência estimada em aproximadamente 30%, ou seja, 1,5 bilhão de pessoas em
todo o mundo. Distribuída por mais de 150 países, atinge cerca de 70% a 90% das crianças na
faixa etária de 1 a 10 anos. Apesar de cosmopolita, na sua maioria, as infecções por A.
lumbricoides ocorrem na Asia (73% de prevalência), seguida pela África (12,0%) e América
Latina (8%). As condições climáticas têm um importante papel nas taxas de infecção.
Num estudo realizado em trabalhadores de restaurante em Maputo foi encontrada uma
prevalência de 80% e um outro estudo efectuado em crianças do ensino primário revelou uma
taxa de 6,24%.
Em geral, a prevalência é baixa em regiões áridas, sendo, contudo, relativamente alta onde o
clima é húmido e quente, condição ideal para a sobrevivência e o embrionamento dos ovos.

3.4.3. Ciclo biológico


É monoxênico. Cada fêmea fecundada é capaz de colocar, por dia, cerca de 200.000 ovos não-
embrionados que chegam ao meio ambiente com as fezes. Os ovos férteis em temperatura de 25
a 30ºC tornam-se embrionados em 15 dias, isto é capazes de provocar uma infecção.

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3.4.4. Transmissão
– Ver transmissão da amebíase

3.4.5. Patogenia
Em infecções de baixa intensidade, geralmente não se observa alterações. Em infecções maciças
encontramos lesões hepáticas e pulmonares. No figado, podem ser vistos pequenos focos
hemorrágicos e de necrose quando há migração maciça das larvas pelo tecido, da mesma forma
que pontos hemorrágicos podem aprarecer nos pulmões devido a passagem das larvas pelos
alvéolos, e isto pode determinar um quadro de pneumonia com febre, tosse, dispnéia e
eosinofilia, denominado Sindrome de Loffler.
Pode ocorrer a edemaciação dos alvéolos e na tosse productiva, o catarro pode ser sanguinolento
e apre sentar larvas.
Quando a carga parasitária é de 100 ou mais vermes, as acções patogénicas são mais acentuadas:
Acção espoliativa: os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carbohidratos, lipídios
e vitaminas A e C, levando o paciente, principalmente crianças, a subnutrição;
Acção tóxica: reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do hospedeiro,
causando edema, urticária, convulsões.

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Acção mecânica: causam irritação na parede e podem enovelar-se na luz intestinal, levando à sua
obstrução.

Sinais e Sintomas
O quadro é variado, dependendo de factores como idade, estado nutricional, grau de resposta
imunológica do hospedeiro. Mas as principais alterações especialmente em crianças até 12 anos
compreende:
– Desconforto abdominal
– Proeminência abdominal
– Má digestão
– Náuseas
– Perda de peso
– Ranger dos dentes (principalmente de noite)
– Retardo mental
– Desnutriçao

3.4.6. Diagnóstico
É feito pela pesquisa de ovos nas fezes, tanto pelo método de sedimentação espontânea, método
de Kato-Katz, Método de centrifugação, etc.

3.4.7. Tratamento
As drogas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para o tratamento e controle de
helmintos transmitidos pelo solo são:
– Albendazol
– Mebendazol
– Levamisol
– Pamoato de pirantel

3.4.8. Medidas de Prevenção


O sucesso da transmissão da geohelmintíases (Doenças transmitidas por contaminação do solo)
depende de condições ambientais, que favoreçam o desenvolvimento e sobrevivência dos ovos

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no ambiente, e da inexistência de saneamento básico adequado, que permite a contaminação


ambiental. Dessa forma, são recomendadas seguintes ações:
– Medidas de higiene pessoal (lavar as mãos)
– Destino correto das fezes (fossas, rede de esgoto)
– Proteção dos alimentos
– Tratamento da água (com cloro e fervura)

3.5. Trichuris trichiura


A denominação Trichuris que significa cauda em forma de cabelo, foi proposta por Roederer em
1761. Tendo-se notado que não correspondia a morfologia do parasita, em 1782, Goeze propõe a
designação de Trichocephalus que significa cabeça em forma de cabelo e Schrank, em 1788,
corrige para Trichocephalus, que apesar de corresponder a morfologia do parasita ser muito
usado por laboratórios de análises clínicas, não foi aprovado pelo Comitê de Nomenclatura da
Sociedade Americana de Parasitologia.
Doença: Tricuríase ou Tricocefalose

3.5.1. Morfologia
Vermes adultos: apresentam cor rosácea, um formato semelhante a um chicote e medem de 3 a
5cm de comprimento, sendo os machos são menores que as fêmeas. A boca, localiza-se na
extremidade anterior, e é uma simples abertura sem lábios, seguida por um esôfago bastante
longo e delgado, que ocupa aproximadamente 2/3 do comprimento total do verme.

Ovos: Medem de 50-55μm de comprimento por 22μm de largura, apresentam um formato


elíptico com poros salientes e transparentes em ambas extremidades devido ao preenchimento
por material lipídico.
Possui uma casca formada por três camadas, lipídica externa, uma quitinosa intermediária e uma
vitelínica interna, que contribuem para resistência dos ovos a factores ambientais. Quando são
depositados não se encontram embrionados. É considerada geohelmintíase pois, precisa
necessariamente passar pelo solo para completar o seu ciclo evolutivo.

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3.5.2. Epidemiologia
A infecção de T. trichiura tem distribuição cosmopolita. Estima-se que exista cerca de 1 bilhão
de pessoas infectadas no mundo, destas, aproximadamente 350 milhões apresentam idade
inferior a 15 anos.
Estudos recentes demonstraram prevalência superior a 90% em crianças de idade escolar que
vivem em subúrbios na Indonésia, áreas rurais do Kênia, em Zimbabwe, Uganda, Nigéria, nas
províncias equa- tonais de Camarões, na Malásia e no Vietiname. A prevalência também é
elevada na China, Índia, América Latina e Caribe, com relatos de regiões com 60-80 % da
população infectada.

3.5.3. Ciclo biológico

3.5.4. Transmissão
Os ovos de T. trichiura eliminados com as fezes do hospedeiro infectado contaminam o meio
ambiente,e sendo eles resistentes as condições ambientais, podem ser levados pelo ar, água,
moscas, barratas a contaminar alimentos ou água que posteriormente são ingeridos pelo
hospedeiro.

3.5.5. Patogenia
A extremidade afilada do verme entra na mucosa duodenal, pode causar.
– Úlceras, eritema, hemorragias, abcessos, permitindo invasão bacteriana

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– Pode levar a anemia (devido a espoliação)


– Prolapso rectal (devido a irritabilidade nas terminações nervosas do ceco, cólon e recto)
– Diarreia devido a mudanças no peristaltismo e hipersensibilidade devida aos produtos metabólicos do
helminto.

Sinais e Sintomas
– Insónia
– Nervosismo
– Perda de apetite e peso
– Diarreia, dor abdominal, flatulência e obstipação.
– O proplapso rectal ocorre como complicação em infecções mito densas.

3.5.6. Diagnóstico
Os ovos de T. Trichuris são produzidos e eliminados nas fezes do hospedeiro em quantidades
relativamente elevadas, e sendo de características peculiares facilita o diagnóstico parasitológico
pelos métodos de Ritchie, Willis, etc.

3.5.7. Tratamento
– Albendazol
– Mebendazol
Para o tratamento de pacientes sintomáticos, em geral recomenda-se o uso de mebendazol
100mg, duas vezes ao dia por três dias consecutivos ou albendazol,400mg em dose única.
– O prolapso rectal pode ser corrigido através de uma cirugia.

3.5.8. Medidas de Prevenção


Ver medidas de prevenção da Ascaridíase

3.6. Strongyloides stercoralis


S. stercoralis foi descoberto pelo médico Louis A. Normand e descrito Arthur R. J. B. Bavay,
em 1876, no Hospital Naval em Toulon, França. Em 1902, Stiles & Hassal finalmente o
denominaram S. stercoralis (em grego, strongylos significa arredondado ou esférico).

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Doença: Estrongiloidíase

3.6.1. Morfologia
S. stercoralis pode apresentar as seguintes formas: ovo, larva rabditóide, larva filaróide, macho e
fêmea de vida livre e fêmeas partenogénicas.
Ovos
– São eliptícos;
– Parede fina;
– Idênticos aos dos ancilostomídeos;
– Medem 0,05mm de comp por 0,03mm de largura;
– Exepcionalmente podem ser observados nas fezes de
indivíduos com Diarréia grave.

Larva rabditóide
– O esôfago, do tipo rabditóide, dá origem ao nome das larvas.
– Apresentam cutícula fina e hialina
– Medem 0,2mm de comprimento por 0.0 15 mm de
largura.
– Estágio de diagnóstico
Larva filaroide
– O esôfago, do tipo filarióide, dá origem ao
nomedas larvas.
– Cutícula fina e hialina. Medem de 0,35mm a
0,50mm de comprimento por 0,01 a 0,031mm de
largura.
– Forma infectante (L3) capaz de penetrar através da
pele ou mucosas

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Parasita adulto (fêmea)


– O corpo é fusiforme.
– Medem 1 a 1,5 mm de comprimento.
– Extremidade posterior afilada.
– Extremidade anterior romba, onde se abre a boca de três
pequenos lábios.
Parasita adulto (macho)
– O corpo é fusiforme.
– Menores com 0,7 mm de comprimento.
– Cauda encurvada ventralmente.
– Extremidade anterior romba, onde se abre a boca de três
pequenos lábios.

3.6.2. Epidemiologia
A estrongiloidíase tem distribuição cosmopolita. Nos países desenvolvidos, a infecção prevalece
em agricultores, viajantes que visitaram áreas endêmicas enquanto, nos países em
desenvolvimento, atinge principalmente crianças, pela frequente permanência em solos
contaminados.

3.6.3. Ciclo biológico


Este pode ser de dois tipos:
– Direto ou partenogenético
– Indireto, sexuado ou de vida livre.

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a) Ciclo Direto ou partenogenético


O ciclo direto inicia com a penetração activa das larvas L3 na pele ou mucosa oral, esofágica ou
gástrica do hospedeiro. Algumas morrem no local de penetração, mas o ciclo continua pelas
larvas que atingem a circulação venosa linfática e através destes vasos seguem para o coração e
pulmão. Chegam aos capilares pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana
alveolar e por meio de migração pela árvore brônquica, chegam a faringe. Podem ser expelidos
pela expectoração, ou serem deglutidas, atingindo o intestino delgado, onde se transformam em
femeas partenogenéticas que depositam poucos ovos por dia, na mucosa intestinal. Neste local,
as larvas rabditoides maturam, alcançam a luz intestinal e são eliminadas com as fezes do
paciente, constituindo a forma diagnóstica que é visualizada em microscopia de luz. Algumas
larvas rabditóides transformam-se em filaróides ainda na luz intestinal e podem perfurar o
intestino causando uma auto-infecção interna.

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b) Ciclo Indirecto ou de vida livre


Larvas rabditóides são eliminadas com as fezes para o solo, uma vez no solo, estas podem
trasnformar-se em filaróide (estágio infectante) ou em adultos machos e fêmeas de vida livre os
quais acasalam dando originando ovos dos quais saem larvas rabditóides. As larvas rabditóides
de vida livre podem posterioemente transformar-se em filaróides com capacidade de perfurar a
pele do hospedeiro e atingir os vasos sanguineos e linfáticos ou diferenciar-se em adultos de vida
livre.

3.6.4. Transmissão
– A infecção por Strongyloides stercoralis pode ocorrer por um dos seguintes mecanismos:
Hetero ou primoinfecção, Autoinfecção externa ou exógena e Autoinfecção interna
ou endógena.

3.6.5. Hetero ou primoinfecção


– Neste modo de transmissao, larvas filarióides infectantes (L3) penetram
preferencialmente pela pele dos pés lateralmente ou entre os espaços interdigitais.

3.6.6. Autoinfecção externa ou exógena


– Nesta forma de infecção, as larvas rabditóides da região perianal completam o ciclo
directo tornando-se em filaroides (estágio infectante). Este modo é frequente em
crianças, idosos ou individuos internados que defecam em fraldas.Também pode ocorrer
em individuos infectados que deixam restos de matéria fecal em pelos perianais.

3.6.7. Autoinfecção interna ou endógena


– Na infecção interna, as larvas rabditóides ainda na luz intestinal tornam-se infectantes
(larva filaroide) penetrando na mucosa intestinal e esta forma é responsável pela
cronificação da doença.

3.6.8. Patogenia
 Lesões cutâneas: edema local, prurido (penetração cutânea)
 Lesões pulmonares: Síndrome de Löeffler: tosse, expectoração, edema pulmonar,
insuficiência respiratória, mal-estar (fase de migração pulmonar)

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 Lesões intestinais: acção mecânica, acção irritativa, inflamação e pontos hemorrágicos.


Uma vez alcançada a via hematogénica podem disseminar-se para os rins, figado,
pâncreas,cerebro,etc.

3.6.9. Sinais e Sintomas


– Diarreia
– Vomitos
– Edema
– Eritema
– Prurido
– Pápulas hemorrágicas
– Febre
– Dispneia

3.6.10. Diagnóstico
Os métodos de diagnóstico de S. stercoralis baseiam-se no encontro das formas evolutivas do
parasita (principalmente larvas) tanto de forma directa assim como indirecta. Podem ser usados
os métodos rotineiros de pesquisa de parasita como Lutz ou Hoffmann, Pons e Janer, Ritchie ou
formol-éter ou MIFC, Faust ou centrífugo-flutuação) embora sejam bastante afectados
principalmente quando o número de larvas for reduzido.
ATENÇÃO A identificação morfológica correcta das larvas é fundamental devido a
semelhança com a dos ancilostomídeos. Tem sido demonstrado que uma única
amostra de fezes falha em detectar larvas em até 70% dos casos. Repetidos
exames de fezes aumentam a chance de encontrar os parasitas, elevando a
sensibilidade para 50%, com três amostras e aproximadamente para 100% com
sete amostras fecais seriadas

3.6.11. Tratamento
– Tiabendazol
– Cambendazol
– Albendazol
– Ivermectina

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3.6.12. Medidas Preventivas


– Hábitos de higiene;
– Utilização de calçados;
– Educação sanitária;
– Saneamento básico

3.7. Taenia spp


As Ténias pertencem ao Filo –Plathelmintes, Classe- Cestoda, Familia –Taenidae. No seio da
classe dos Céstodes, os parasitas mais comuns do homem encontram-se na família Taenidae
donde destacam-se a Taenia soluim e Taenia saginata responsáveis pelo complexo teníase-
cisticercose.
DEFINIÇÃO Complexo Teníase-cisticercose- um conjunto de alterações patológicas
causadas pelas formas adultas e larvares ou ovos nos hospedeiros (Neves, 2009,
P.227)

DEFINIÇÃO A teníase é uma alteração provocada pela presença da forma adulta da Taenia
solium ou da T. saginata no intestino delgado do hospedeiro definitivo, os
humanos; enquanto que a cisticercose é a alteração provocada pela presença da
larvas de Taenia solium (Cysticercus cellulosae) nos tecidos de hospedeiros
humano que age, neste caso, como hospedeiro intermediário. Sendo a
cistecercose humana quando as larvas encontram-se enquistadas nos tecidos
humanos quer seja nos olhos, músculos, ou cérebro (Neves, 2009, P.227).

O complexo teníase-cisticercose constitui problema de saúde pública principalmente em países


em que condições sanitárias, socioeconómicas são precárias. São responsáveis por prejuízos
económicos, principalmente em áreas de produção de gado, pois as cabeças infectadas são
condenadas ao abate com base em inspeção veterinária.

3.7.1. Morfologia
A T. saginata e T. solium apresentam corpo achatado, em forma de fita, cor esbranquiçada,
dividido em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo.

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Estrutura Descrição Imagem


Escólex (cabeça) 4 ventosas para a fixação na mucosa do
intestino delgado

Colo (Pescoço) Localizado imediatamente a seguir ao


escólex. Não tem segmentação mas as
suas células estão em constante pescoço
reprodução para dar origem as proglótides o

jovens (zona de crescimento).

Estróbilo (Corpo) Corpo do parasita. É constituído por


proglótis jovens, maduros e grávidos.
Cada proglótis tem individualidade
alimentar e reprodutiva.

Ovo Esféricos, medem cerca de 30mm de


diâmetro. São constituídos por uma casca
protectora, embrióforo Internamente,
encontra-se o embrião hexacanto ou
oncosfera.

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Larvas Cysticercus Constituído de uma vesícula translúcida


com líquido claro, contendo invaginado
no seu interior um escólex com quatro
ventosas, rostelo e colo.

Verme adulto Cada segmento formado denomina-se


proglótide ou anel, podendo ter de 800 a
1.000 e atingir 3 metros na T. solium, ou
mais de 1.000, atingindo até 8 metros na
T. saginata.

3.7.2. Epidemiologia
Tem uma distribuição Cosmopolita, um pouco raro em Moçambique, ocorre espontâneamente
nas áreas com muitos hábitos de consumo de carne não ou mal cozida, nas áreas de grande
concentração de gado bovino e suíno.
Estimativas realizadas por Stool em 1947 baseadas em literaturas apontavam para as seguintes
prevalências:
– T. saginata em 39 milhões de indivíduos 2,5 milhões por T solium na população mundial.
– Atualmente, acredita-se que existam cerca de 77 milhões de pessoas parasitadas por T.
saginata no mundo, dos quais:
– Cerca de 32 milhões na Africa, 11 milhões na Asia, dois milhões na América do Sul e um
milhão na América do Norte.
– A OMS estima que ocorram, a cada ano, 50.000 mortes devido a neurocisticercose. Que
exista um número ainda maior de pacientes, que sobrevivam, todavia, incapacitados,
devido aos ataques convulsivos ou outros danos neurológicos.

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3.7.3. Ciclo biológico


 O Ciclo é Heteroxênico
 As Proglótides grávidas libertam ovos embrionados, contendo um embrião chamado
Hexacanto.
 Os ovos atingem o solo sendo eliminados juntamente com as fezes e são ingeridos pelo
hospedeiro intermediário (Boi ou Porco ou ainda Camelo).
 No intestino destes há eclosão dos ovos e libertação da larva chamada Oncosfera que
atinge aos capilares saguíneos e vão migrando para os músculos para o crescimento onde
enquistam em forma de Cysticercus.
 O Homem infecta-se ao consumir carne crua ou mal cozida contendo Cysticercus. No
Homem, larva cresce e fixa-se através do escólex na mucosa intestinal e fica (8-12
semanas) onde vai atingir a fase adulta iniciando a libertação de proglotides maduros e
grávidos cheios de ovos contendo as larvas Hexacanto.

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3.7.4. Transmissão
O hospedeiro definitivo (homem) infecta-se ao ingerir carne suína ou bovina, crua ou mal
cozida, infectada, respectivamente, pelo cisticerco de cada espécie de Taenia.
A cisticercose humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. solium que
foram eliminados nas fezes de portadores de Ténias pelos seguintes mecanismos:
– Auto-infecção externa: ocorre em portadores de T. solium que se infectam com
proglotides e ovos eliminados por si próprios.
– Auto-infecção interna: poderá ocorrer durante vômitos ou movimentos
retroperistálticos do intestino, possibilitando a presença de proglotides grávidas ou ovos
de T. solium no estômago.
– Heteroinfecção: ocorre quando os humanos ingerem alimentos ou água contaminados
com os ovos da T. solium disseminados no ambiente através das dejeções de outro
paciente.

3.7.5. Patogenia
Devido ao longo período em que a T. solium ou T. saginata parasitam o homem, elas podem
causar fenómenos tóxicos alérgicos, através de substâncias excretadas, provocar hemorragias
através da fixação na mucosa, destruir o epitélio e produzir inflamação com infiltrado celular
com hipo ou hipersecreção de muco. O acelerado crescimento do parasita exige do hospedeiro
forte suplemento nutricional o que leva a disputa de nutrientes entre o hospedeiro e o parasita,
trazendo consequências lesivas ao hospedeiro.
A cisticercose humana é uma doença pleomórfica pela possibilidade de o cisticerco alojar-se em
diversas partes do organismo, como tecidos musculares ou subcutâneos; glândulas mamárias
(mais raramente); globo ocular e com mais fieqüência no sistema nervoso central, inclusive
intramedular, o que traz maiores repercussões clínicas. É responsável por graves alterações nos
tecidos, e grande variedade de manifestações.

3.7.6. Sinais e sintomas


– Tonturas
– Astenia
– Apetite excessivo
– Náuseas

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– Vômitos
– Alargamento do abdômen
– Dores de vários graus de intensidade em diferentes regiões do abdômen
– Perda de peso

3.7.7. Medidas de prevenção


– Tratamento dos portadores de teníase.
– Construção de redes de esgoto ou fossas sépticas, ao tratamento de esgotos, para não contaminarem
rios que fornecem águas aos animais.
– Educação em saúde.
– Incentivo e apoio de modernização da suinocultura.
– Combate ao abate clandestino.
– Inspeção rigorosa em abatedouros e seqüestro de carcaças parasitadas.

3.7.8. Diagnóstico
– É feito pela pesquisa e indentificação de proglótides.
– Também faz-se a pesquisa de ovos de tênia nas fezes, não obstante, os ovos de T.
saginata e de T. Solium através da microscopia óptica.

3.7.9. Tratamento
– Albendazol
– Praziquantel
– Nicotinamida
– Niclosamida
– Pacientes com anemia: Tratar com vit. B12 e ácido fólico.

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3.8. Enterobius vermicuIaris


Foi descrito pela primeira vez por Linneu, em 1758, como Ascaris vermicularis. Rudolphi, em
1803, criou o gênero Oxyuris e Larnarck, em 1816, passou a denominá-lo Oxyuris vermicularis.
Leach, em 1853, reestudando esse helminto verificou que ele pertencia a um gênero distinto,
denominando-o Enterobius. Dessa forma, segundo as regras internacionais de nomenclatura
zoológica, o nome correto desse verme é: Enterobius vermicularis (Limeu, 1758) Leach, 1853.
Em vista da denominação anterior, largamente difundida - Oxyuris vermicularis - esse helminto
é popularmente conhecido como "oxiúros".

3.8.1. Morfologia
Têm cor branca, filiformes. Na extremidade anterior, lateralmente à boca, notam-se expansões
vesiculosas muito típicas, chamadas "asas cefálicas". A boca é pequena, seguida de um esôfago
também típico: é claviforme, terminando em um bulbo cardíaco. As fêmeas medem cerca de
1cm de comprimento, por 0,4mm de diâmetro. Macho mede cerca de 5mm de comprimento, por
0,2rnm de diâmetro.

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Ovo
Mede cerca de 50µm de comprimento por 20µm de largura. Apresenta o aspecto grosseiro de um
D, pois um dos lados é sensivelmente achatado e o outro é convexo. Possui membrana dupla,
lisa e transparente. Machos e fêmeas vivem no ceco e apêndice. As fêmeas, repletas de ovos (5 a
16 mil ovos), são encontradas na região perianal.

3.8.2. Ciclo biológico

É do tipo monoxênico; após a cópula, os machos são eliminados com as fezes e morrem. As
fêmeas, repletas de ovos, se desprendem do ceco e dirigem-se para o ânus (principalmente à
noite). Alguns autores suspeitam que elas realizam oviposição na região perianal, mas a maioria
afirma que a fêmea não é capaz de fazer postura dos ovos; os mesmos seriam eliminados por
rompimento da fêmea, devido a algum traumatismo ou dissecamento.
Os ovos eliminados, já embrionados, se tomam infectantes em poucas horas e são ingeridos
pelo hospedeiro.
No intestino delgado, as larvas rabditóides eclodem e sofrem duas mudas no trajeto intestinal
até o ceco. Aí chegando, transformam-se em vermes adultos. Um a dois meses depois as fêmeas
são encontradas na região perianal. Não havendo reinfecção, o parasitismo extingue-se.

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3.8.3. Transmissão
Os mecanismos de transmissão que podem ocorrer são: Heteroinfecção, Indireta, Auto-
infecção interna e Retroinfecção.

a) Heteroinfecção: quando ovos presentes na poeira ou alimentos atingem novo hospedeiro


(é também conhecida como primoinfecção).
b) Indireta: quando ovos presentes na poeira ou alimentos atingem o mesmo hospedeiro
que os eliminou; auto-infecção externa ou direta: a criança (frequentemente) ou o adulto
(raramente) levam os ovos da re- gião perianal a boca. É o principal mecanismo
responsável pela cronicidade dessa verminose.
c) Auto-infecção interna: parece ser um processo raro no qual as larvas eclodem ainda
dentro do recto e depois migram até o ceco, transformando-se em vermes adultos.
d) Retroinfecção: as larvas eclodem na região perianal (externamente), penetram pelo ânus
e migram pelo intestino grosso chegando até o ceco, onde se transformam em vermes
adultos.

3.8.4. Patogenia
Na maioria dos casos, o parasitismo passa despercebido pelo paciente. Este só nota que alberga o
verme quando sente ligeiro prurido anal (a noite, principalmente) ou quan- do vê o verme
(chamado popularmente de "lagartinha") nas fezes. Em infecções maiores, pode provocar
enterite catarral por ação mecânica e imtativa. O ceco apresenta-se inflamado e, as vezes, o
apêndice também é atingido. A alteração mais intensa e mais frequente é o prurido anal. A
mucosa local mostra-se congesta, recoberta de muco contendo ovo e, por vezes, fêmeas inteiras.
O acto de coçar a região anal pode lesar ainda mais o local, possibilitando infecção bacteriana
secundária. O prurido ainda provoca perda de sono, nervosismo e, devido a proximidade dos
órgãos genitais, pode levar à masturbação e erotismo, principalmente em meninas.

3.8.5. Epidemiologia
Essa helmintose tem alta prevalência nas crianças em idade escolar. E de transmissão
eminentemente doméstica ou de ambientes coletivos fechados (creches, asilos, enfer- marias
infantis etc.).

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3.8.6. Sinais e Sintomas


O prurido anal noturno e continuado pode levar a uma suspeita clínica de enterobiose.

3.8.7. Diagnóstico
O exame de fezes não funciona para essa verminose intestinal. O melhor método é o da fita
adesiva (trans- parente) ou método de Graham, que é descrito a seguir:
1. Corta-se um pedaço de 8 a 10cm de fita adesiva transparente.
2. Coloca-se a mesma com a parte adesiva para fora, so-bre um tubo de ensaio ou dedo
indicador (nesse últimocaso, é perigoso pela possível contaminação do executor do
método).
3. Põe-se várias vezes a fita na região perianal.
4. Coloca-se a fita (como se fosse uma lamínula) sobre uma lâmina de vidro.
5. Leva-se ao microscópio e examina-se com aumento de 10 e 40x.
Essa técnica deve ser feita ao amanhecer, antes de a pessoa banhar-se, e
ATENÇÃO
repetida em dias sucessivos, caso dê ne- gativo. Caso a lâmina não possa
ser examinada no mesmo dia, a mesma deverá ser conservada na geleira,
devida mente embalada em papel-alumínio

3.8.8. Prevenção
Os métodos preventivos para este helminto são os seguintes:
– A roupa de dormir e de cama usada pelo hospedeiro não deve ser "sacudida" pela manhã,
e sim enrolada e lavada em água fervente, diariamente.
– Tratamento de todas as pessoas parasitadas da família (ou outra coletividade) e repetir o
medicamento duas ou três vezes, com intervalo de 20 dias, até que nenhuma pessoa se
apresente parasitada.
– Corte rente das unhas, Banho de chuveiro ao levantar-se e limpeza doméstica com
aspirador de pós.

3.8.9. Tratamento
– Pamoato de Pirantel
– Albendazol
– Ivermectina

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3.9. Schistosoma mansoni


Biharz em 1852 descreveu um parasita intravascular durante necrópsia dum rapaz, para o qual
deu o nome de Distomum haematobium. Posteriormente, Weinland (1858) denominou o gênero
deste helminto de Schistosoma, uma vez que o macho apresenta o corpo fendido (schisto =
fenda; soma = corpo), sendo esta designação aceite até hoje. A denominação da espécie
Schistosoma mansoni foi dada em 1907, por Sambon.
Existem 3 espécies de Schistosoma: S. Mansoni, S. haematobium e S. Japonicum mas nesta
unidade abordar-se-á apenas uma espécie Schistosoma mansoni que habita nas veias
mesentéricas.
Doença: Schistosomíase intestinal (Bilharziose intestinal)

3.9.1. Morfologia
A morfologia do S. mansoni comprende 5 fases que podem ser encontradas em seu ciclo biológi-
co: adulto (macho e fêmea), ovo, miracídio, esporocisto e cercária.

Parasita Adulto
O macho mede cerca de
1cm. Tem cor
esbranquiçada, com te
gumento recoberto de
minúsculas projeções. A
fêmea mede
cerca de 1,5cm. Tem cor
mais escura devido ao ceco
com sangue semidigerido,
com tegumento liso. Na
metade anterior,
encontramos a ventosa oral e o acetábulo

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Ovo
Mede cerca de 50µm de comprimento por 60
de largura, sem opérculo, com um formato
oval, e na parte mais larga apresenta um
epísculo voltado para trás. O que caracteriza o
ovo maduro é a presença de um miracídio
formado, visível pela transparência da casca. O
ovo maduro é a forma usualmente encontrada
nas fezes.

Miracídio
O miracídio é uma larva ciliada, apresenta
forma cilíndrica, com dimensões médias de 180µm de comprimento por 64µm de largura.
Apresenta, ademais, células epidérmicas, onde se implantam os cílios, os quais permitem o
movimento no meio aquático.

Cercária
As cercárias apresentam um comprimento total de 500µm, cauda bifurcada medindo 230 por 50
µm e corpo cercariano com 190 por 70µm.

3.9.2. Epidemiologia
A esquistossomose é doença que afecta as populações humanas há milhares de anos. Foram
encontradas em múmias egípcias da XX dinastia (> 3.000 anos de idade), lesões típicas da
doença como também antígenos do parasita detectados por anticorpos monoclonais. A
schistosomíase mansoni ocorre em Africa, Médio Oriente, Brazil e Venezuela.

3.9.3. Patogenia
O homem é o principal reservatório e é o hospedeiro definitivo. Hospedeiros intermediários e
vectores são caracois de água doce, da família planorbidae. A transmissão da doença depende de
sua existência. Principais Biomphalaria e Bullinus.

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3.9.4. Transmissão
Os ovos do Schistosoma sp são eliminados pelas fezes ou urina do homem. Na água, esses ovos
eclodem, liberando larvas ciliadas denominadas miracídios,que infectam o hospedeiro
intermediário (caracol). Após quatro a seis semanas, abandonam o caracol, na forma de cercárias
que ficam livres nas águas naturais. O contato humano com água que contém cercárias, é a
maneira pela qual o indivíduo adquire a esquistossomiase.

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3.9.5. Ciclo biológico

3.9.6. Sinais e Sintomas


Os sinais e sintomas incluem:
– Dermatite;
– Fraqueza
– Tontura
– Dermatite cercariana
– Alterações hepatosplênicas
– Dor ao urinar
– Sangue ao urinar
– Dor abdominal
– Diarreia
– Anorexia
– Etc.

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3.9.7. Medidas de Prevenção


– Construção de fossas sanitárias adequadas;
– Tratamento dos esgotos
– Controle da população de caramujos;
– Diagnóstico e tratamento dos doentes;
– Uso de botas e luvas ao manipular águas poluídas;
– Orientar a população sobre o modo de transmissão da doença e como evitá-la.

3.9.8. Diagnóstico
– Pesquisa de ovos nas fezes
– Biópsia retal, biópsia hepática, eclosão de miracídios
– Serologicos

3.9.9. Tratamento
– Oxamniquine
– Praziquantel
– Niridazol
– Metrifonato
Para a realização de uma boa colheita recomenda-se que o profissional do
laboratório siga rigorosamente os procedimentos abaixo indicados:
– A evacuação deve ser feita em recipiente limpo e seco e parte das
fezes transferida para um frasco próprio,
– O frasco para colheita de amostra de fezes deve ser fornecido pelo
laboratório (limpo, de boca larga e com tampa).
RESUMO
– Colocar pouca quantidade de fezes no frasco 15 a 20 g.
– Não contaminar a amostra com urina, água ou terra.
– Não sujar a parte externa do recipiente.
– Não expôr o frasco com amostra a luz durante o transporte.
– Não embrulhar ou sobrepôr a amostra pela requisição de análises.
– Verificar se os dados do paciente estão rotulados no frasco (nome,
idade, sexo,hora da colheita).
– Quando não há possibilidade de remeter as fezes frescas rapidamente

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109
ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

ao laboratório ou então examiná-las logo que cheguem, estas


deverão ser mantidas a baixas temperaturas (5o a 100 C), para evitar
a putrefação, devendo ser examinadas o mais rapidamente possível
ou no máximo dois a três dias após a emissão.
– Explicar rigorosamente e pacientemente os procedimentos de colheita ao doente.
– Garantir que o doente entendeu a explicação e está consciente que a
qualidade dos resultados depende do cumprimento dos predimentos
fornecidos. Se tiver, é importante fornecer um folheto de
procedimentos por escrito ao paciente.
Quando se fala de exame mascroscopico de fazes, recomenda-se que ass
amostras de fezes depois de registadas e enumeradas devem ser examinadas
para avaliar as seguintes características: Quantidade, Consistência, Cor,
Cheiro.
Os tipos de exames de diagnóstico em fezes incluem: método directo,
identificação de gorduras, identificação de amido, identificação de sangue
oculto, método de coloração e método de concentração.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD2

Actividades de ensino-aprendizagem: Classificação macroscópica das fezes


e identificação de parasitas no exame a fresco.
ACTIVIDADE nº 01
Duração 4h
Objectivos:
– Classificar macroscopicamente as fezes
– Identificar parasitas ou formas parasitárias intestinais em amostras de fezes usando métodos a
fresco
Conteúdos de referência:
– Classificação macroscopica das fezes
– Características de parasitas intestinais
– Técnicas de diagnóstico de parasitas

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

– Descriçõa técnica dos resultados


Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
– Os alunos deslocar-se-ão individualmente ou em grupos de 2 alunos apenas para
realizar a classificação macroscópica das fezes (mínimo 4 amostras), processar as
amostras e identificar as formas parasitárias, bem como anomalias existentes em cada
amostra usando o exame a fresco/directo.
– Descrever toda actividade em um relatório.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
– Orienta a formação dos grupos de trabalho.
– Disponibiliza amostras, equipamentos, reagentes, e materiais necessários.
– Supervisiona os estudantes durante a execução da actividade
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
– Bloco de notas
– Esferográfica
– Cabine de segurança biológica
– Lâminias microscópicas
– Lamínulas
– Palitos
– Soro fisiológico
– Microscópio
– Material de proteção individual e coletiva
– Solução desinfectante
Critérios de avaliação
- Ao critério do docente da cadeira
Actividades de ensino-aprendizagem: Classificação macroscópica das fezes
e identificação de parasitas usando coloração e métodos de concentração.
ACTIVIDADE nº 02
Duração 4h
Objectivos:
– Classificar macroscopicamente as fezes
– Identificar parasitas ou formas parasitárias intestinais em amostras de fezes usando

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

métodos de concentração e coloração (de acordo com a disponibilidade na Idf ou


unidade sanitária próxima)
Conteúdos de referência:
– Classificação macroscopica das fezes
– Características de parasitas intestinais
– Técnicas de concentração para diagnóstico de parasitas
– Descrição técnica dos resultados
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos deslocar-se-ão individualmente ou em grupos de 2 alunos apenas para realizar a
classificação macroscópica das fezes (mínimo 4 amostras), processar as amostras e identificar
as formas parasitárias, bem como anomalias existentes em cada amostra usando técnicas de
concentração e coloração.
Descrever toda actividade em um relatório.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
– Orienta a formação dos grupos de trabalho
– Disponibiliza amostras, equipamentos, reagentes, e materiais necessários
– Supervisiona os estudantes durante a execução da actividade
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
– Bloco de notas
– Esferográfica
– Cabine de segurança biológico
– Lâminias microscópicas
– Lamínulas
– Palitos
– Soro fisiológico
– Microscópio
– Material de proteção individual e colectiva
– Solução desinfectante
– Corantes
Critérios de avaliação
Ao critério do docente da cadeira

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

Bibliografia

1. Jawetz, Melnick & Adalberg (2009), Microbiologia Médica,24ª Edição.


2. Moura, Roberto de Almeida,Wada Carlos S., Purchio Adhemar & Almeida Verrastro
T.(2006), Técnicas de Laboratório, 3ª Ediçao
3. Neves David Perreira. (2009) Parasitologia Humana, 11ª Edição, Editora: Atheneu-
Brasil.
4. Niquice Aníbal J.(1997) Parasitologia Intestinal Clínica, Editor:Instituto de Ciências de
saúde de Maputo.
5. Noormahomed Emília Virginia R.I, (2014) Manual de parasitologia humana, 1ª Edição,
Editora:Imprensa universitária, Maputo- Moçambique
6. PESSÔA Samuel B & Martins Amilcar V.(1982) Parasitologia Médica, 11ª edição,
Editora: GUANABARA KOOGAN.
7. ROBERT W.Bauman, (2009) Microbiology 2ª Edição.

Revistas e Artigos electrónicos


1. Barrón González, Maria P. et al (2010). Inhibición del Crescimento de Giardia lamblia
por Acción del Extracto Acuoso y Metanolico de Semillas de Cucurbita pepo. RIDE –
Revista Iberoameicana para la Investigación y el Desarrollo Educativo. Vol. 1

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UNIDADE DIDÁCTICA 3

PARASITAS E EXAMES NA URINA

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ______________________________________________________ 116


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica ______________________________ 116
INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 117
1. PROCESSO DE COLHEITA DE AMOSTRA DE URINA PARA URINÁLISE _____ 118
a. Colheita de Amostra de Urina __________________________________________ 119
2. MANIPULAÇÃO DE AMOSTRAS E SUA INTEGRIDADE ___________________ 123
2.1. Conservação de amostra de urina ______________________________________ 124
2.2. Alterações da urina como consequências de má conservação ________________ 125
3. CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS DA URINA NORMAL E PATOLÓGICA:
SUAS CORRELAÇÕES CLÍNICAS __________________________________________ 125
3.1. Coloração da Urina _________________________________________________ 126
3.2. Urina vermelha ou rosa______________________________________________ 128
3.3. Urina preta _______________________________________________________ 129
3.4. Aparência Da Urina ________________________________________________ 129
3.5. Odor da Urina _____________________________________________________ 130
3.6. Densidade da Urina ________________________________________________ 131
4. EXAME CITOQUÍMICO DA URINA _____________________________________ 131
4.1. Técnica de tira ou fita reactiva ________________________________________ 131
4.2. Parâmetros medidos pela fita _________________________________________ 133
5. EXAME MICROSCÓPICO DA URINA ___________________________________ 138
5.1. Observação microscópica do sedimento e seus achados ____________________ 139
5.2. Outros Achados no Sedimento ________________________________________ 149
6. CARACTERÍSTICAS DOS PARASITAS ENCONTRADOS NA URINA _________ 150
6.1. Trichomonas spp___________________________________________________ 150
6.2. Morfologia _______________________________________________________ 150
6.3. Schistosoma hematobium ____________________________________________ 154
RESUMO _______________________________________________________________ 158
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA __________________________________________ 161

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

OBJECTIVO GERAL

Aplicar técnicas de análise macroscópica e microscópica de urina para identificar alterações na


amostra bem como identificar formas parasitárias do tracto urinário.

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica


No fim desta Unidade o estudante será capaz de:
- Descrever o processo colheita de amostra de urina para urinálise.
- Manipular a amostra mantendo sua integridade.
- Relacionar as características macroscópicas da urina normal e patológica: (cor, cheiro,
presença de corpos estranhos, etc).
- Aplicar uma linguagem técnica para elaboração de relatórios de urinálise.
- Executar procedimentos de diagnóstico em urinálise.
- Analisar as características macroscópicas da amostra de urina.
- Anotar as características macroscópicas da amostra, utilizando uma linguagem técnica.
- Interpretar os resultados obtidos.
- Realizar diluições de reagentes para preparar análise de urina.
- Aplicar técnicas de montagem microscópica de amostras de urina.
- Preparar esfregaços de amostras de urina para corar e identificar as formas parasitárias.
- Descrever as características dos parasitas encontrados no exame microscópico.
- Aplicar testes rápidos para detectar a presença de parasitas ou componentes orgânicos em
amostras de fezes.

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

INTRODUÇÃO

Nesta unidade, o estudante irá aprender a “descodificar a mensagem que a urina traz” sobre sua
saúde, saberá classificar as urinas macroscopicamente, conhecer a diversidade de substâncias,
células presentes na urina, conhecer os parasitas do tracto uro-genital bem como exames para sua
identificação.
A presente unidade tem seis grandes capítulos a destacar:
- No primeiro capítulo abordaremos o processo de colheita de amostra de urina para
urinálise, onde aprofundaremos a cclassificação da urina quanto a finalidade, a colheita
de amostra de urina, o procedimento para colheita de amostra de urina na mulher, homem
criança.
- Para o segundo capítulo falaremos da manipulação de amostras e sua integridade, onde
abordaremos a cconservação de amostra de urina e as aalterações da urina como
consequências de má conservação.

- O terceiro capítulo apresentará a temática sobre as características macroscópicas da urina


normal e patológica: suas correlações clínicas, aparência da urina, odor e densidade da
urina.

- No quarto capítulo falaremos sobre o exame citoquímico da urina, a técnica de tira ou fita
reactiva e os parâmetros medidos pela fita.

- O quinto capítulo abordará a temática sobre o EXAME MICROSCÓPICO DA URINA,


onde destacaremos a observação microscópica do sedimento e seus achados como:
hemácias, leucócitos, células epiteliais, bactérias, cristais como também outros como os
espermatozoides e muco.

- E por fim, teremos o nosso sexto capítulo sobre as características dos parasitas
encontrados na urina, onde abordaremos os parasitas encontrados na urina: trichomonas
vaginalis e schistosoma hematobium.

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1. PROCESSO DE COLHEITA DE AMOSTRA DE URINA PARA URINÁLISE


DEFINIÇÃO Considera-se urinálise às análises físicas, químicas e microscópicas realizadas
na urina, com o objetivo de prognóstico, diagnóstico ou monitoria de
tratamento de qualquer enfermidade que tenha manifestação através do sistema
urinário (MISAU, 2011)
O objecto de estudo da urinálise é a urina, portanto a urina quando estudada pode revelar o
estado de saúde de um indivíduo.

DEFINIÇÃO Urina é um líquido amarelo-transparente, resultante da filtração renal e que é


usado como meio para remoção de produtos residuais do metabolismo e seus
tóxicos do organismo (MISAU,2011)
A filtração do sangue pelos rins é contínua. O organismo possui um volume de sangue que varia
de 4 a 5 litros, mas no fim de 24 horas o filtrado glomerular é calculado em 1200litros, o que
significa dizer que o mesmo volume de sangue que o organismo tem passou várias vezes pelos
rins ao longo do dia.

Normalmente cerca de 180 litros de urina (filtrado glomerular) é produzida por dia, mas desta
apenas 1 a 2 litros é eliminado, outra parte sofre reabsorção para organismo.

As pessoas não eliminam mesma quantidade de urina porque a quantidade depende de vários
factores como: regime alimentar (quantidade de água ingerida), clima, etc.

Na composição da urina, cerca de 95% da urina é água, 3% urea e o restante ácido (como ácido
úrico,etc), sais e iões dissolvidos.

Classificação da urina quanto a finalidade

A urina, quanto a sua finalidade, ela pode ser classificada em 2 tipos:

- Tipo I - A que é colectada durante 24 horas em condições controladas, usada para cálculo
da depuração de creatinina, urea e outras substâncias

- Tipo II - A que é colectada uma vez pelo jacto médio, usada para diagnóstico
parasitológico ou micobiológico.

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a. Colheita de Amostra de Urina


A colheita da amostra é feita de diferentes formas de acordo com o sexo e a idade dos pacientes.
Na colheita de urina são usados frascos colectores para adultos e sacos sacos colectores para
crianças.

Procedimento para colheita de amostra de urina na mulher


Procedimento

- Lavar correctamente as mãos com água e sabão.

- Lavar rigorosamente a região genital, da frente para trás com água e sabão.

- Não enxugar.

- Afastar os grandes lábios para que a colheita seja feita directamente do jacto urinário.

- Desprezar o 1º jacto sem interromper a micção, recolher apenas o jacto intermédio para
um frasco esterelizado e voltar a rejeitar a última parte do jacto urinário.

- Evitar encher o frasco, fornecido pelo Laboratório. Fechar a tampa de rosca.

- Entregar de imediato no Laboratório ou conservar no máximo, uma hora no frigorífico.

ATENÇÃO Os frascos de colheita da amostra de urina devem ser sempre esterilizados. É


muito importante que a higienização da região genital seja feita correctamente
para evitar contaminação da amostra

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

Procedimento para colheita de amostra de urina no homem

- Lavar correctamente as mãos com água e sabão.

- Lavar a glande com água e sabão.

- Não enxugar.

- Rejeitar o 1º jacto, recolher apenas o jacto intermédio para um frasco esterilizado e voltar
a rejeitar a última parte do jacto urinário.

- Evitar encher o frasco, fornecido pelo Laboratório ou adquirido na Farmácia. Fechar a


tampa de rosca.

- Entregar de imediato no Laboratório, ou conservar no máximo uma hora no frigorífico.

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

Procedimento para colheita de amostra de urina na criança


- O adulto lava as suas mãos com água e sabão e faz o mesmo na zona genital da criança.

- Enxugar com gaze estéril.

- Expôr a superficie adesiva removendo o papel.

- Para os meninos, o pénis deve ficar introduzido na abertura do saco que se aplica na
metade superior do orgão genital.

- Para as meninas a abertura do saco deve ser aplicada na metade superior do orgão genital.

- Após a colheita de urina, retirar o saco e fechar colando metade do adesivo na outra
metade.

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

Procedimento para colheita de urina de 24 h

Este tipo de urina (de 24 horas) é pedido para exames bioquímicos para avaliar a taxa de filtração
glomerular entre outros exames.

Para tal, devem ser seguidos os seguintes procedimentos:

- Esvaziar a bexiga pela manhã, ao levantar, desprezando esta urina. Marcar rigorosamente
a hora.

- Daí por diante, colher todas as urinas do dia e da noite seguinte no recipiente fornecido.

- No dia seguinte, colher também a primeira urina na mesma hora em que foi esvaziada a
bexiga no dia anterior (para
completar 24h).

- Guardar toda a urina de cada


micção (nada deve ser
desprezado).

- Não é necessário guardar


separamente qualquer uma das
urinas. Logo que o primeiro
frasco esteja cheio, passar para
o segundo e assim por diante
sem perder nenhuma porção
de urina. Se isso acontecer
haverá erro nos resultados das dosagens.

- Evitar excesso de líquidos no dia da colheita de urina.

- Terminada a colheita, levar ao laboratório toda a urina colhida nas 24 horas.

Utilizar recipiente limpo e bem vedado (uma ou mais garrafas de 1,5 litros, se necessário, ou um
recipiente fornecido pelo laboratório).

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2. MANIPULAÇÃO DE AMOSTRAS E SUA INTEGRIDADE


Apesar da urina ser um producto de fácil obtenção, não deixa de ser producto biológico
potencialmente infeccioso. Portanto, todas as medidas preventivas que são tomadas com outras
amostras também devem ser tomadas no processo de manipulação da urina.

Em seguida apresentamos algumas recomendações que devem ser observadas no processo de


manipulação da urina:

- O profissional deve usar sempre as luvas quando for fazer as análises (deve usar sempre
luvas).

- As amostras nunca devem ser centrifugadas sem tampa.

- O descarte da urina pode ser feito numa pia, lançando depois grandes quantidades de
água.

- O recipiente em que a amostra ficou deve ser descartado (modo de lixo com risco
biológico).

- A amostra deve ser colhida em recipiente limpo e seco. O uso de recipientes descartáveis
é recomendável por eliminarem a possibilidade de contaminação decorrente de lavagem
incorrecta. As tampas de rosca são as mais aconselháveis para evitar que se entorne,
quando bem fechados, do que as de encaixe.

- O recipiente de amostras deve ser devidamente etiquetado com o nome do paciente, data
e hora da colheita e, se conveniente, informações adicionais tais como: a identificação do
hospital e o nome do médico.

ATENÇÃO
As etiquetas devem ser postas sobre o recipiente, e não sobre a tampa. Nunca
colocar a mostra sobre a requisição

- A amostra entregue imediatamente ao laboratório deve ser analisada dentro de uma hora,
após esse tempo deverá ser refrigerada ou receber conservante químico apropriado.

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2.1. Conservação de amostra de urina


Existem vários métodos de conservação de urina e cada método tem suas vantagens e
desvantagens. O método de conservação mais usado é a refrigeração de 2 a 8 0C.

A grande desvantagem da refigeração é o aumento da densidade da urina (quando medido


pelo urodensímetro), precipitação de fosfato e uratos, interferindo na análise microscópica do
sedimento.

ATENÇÃO Para processar uma amostra que passou pela refrigeração, é necessário deixar
que a amostra volte a temperatura ambiente antes da análise química com fitas
reactivas; isso corrigirá a densidade e poderá dissolver alguns uratos amorfos. A
restabilização da temperatura da amostra não pode ser acelerada com uso de
aquecedores ou estufa, deve ser espontânea a temperatura ambiente.

Os conservantes para urina são vários, cada um preservando um componente e


prejudicando os outros. O conservante ideal deve ser bactericida, inibir a urease
e conservar os elementos figurados do sedimento, ao mesmo tempo em que não
interfere nos testes bioquímicos.

Características normais da urina

A urina apresenta as seguintes características:

- A cor normal da urina é variável podendo ser amarelo citrino, amarelo claro e amarelo
ouro.

- O aspecto da urina normal é transparente a claro, um cheiro suave,

- A urina é normalmente estéril quando é expelida e tem apenas uma vago odor.

- Um adulto saudável de dieta comum pode produzir entre 1000 e 2000 ml de urina por
dia.O volume mínimo de urina necessário para remover do organismo todos os produtos
residuais é de cerca de 0,5 L em um homem de 70 kg; todo o volume produzido acima
deste consiste em excesso de água. Uma grande ingestão de líquidos aumenta a

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

quantidade de urina produzida; uma grande perda de líquido através da transpiração,


vómitos ou diarreia conduz à sua produção diminuída.

2.2. Alterações da urina como consequências de má conservação


As amostras mantidas à temperatura ambiente por mais de uma hora, sem conservantes podem
apresentar as seguintes alterações:

- Aumento do pH decorrente da degradação da uréia e sua conversão em amónia por


bactérias produtoras de urease.

- Diminuição da glicose em decorrência da glicose e de sua utilização pelas bactérias.

- Diminuição das cetonas em decorrência da volarização.

- Diminuição das Bilirrubinas por exposição a luz.

- Diminuição do urobilinogênio por sua oxidação e conversão em urobilina.

- Aumento do Nitrito em decorrência da redução do nitrato pelas bactérias.

- Aumento do número das bactérias.

- Aumento da turvação, causada por proliferação bacteriana e possível precipitação do


material amorfo.

- Desintegração das hemácias e dos cilindros, particularmente na urina alcalina diluída.

- Alterações da cor devido a oxidação ou a redução de metabólicos.

3. CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS DA URINA NORMAL E


PATOLÓGICA: SUAS CORRELAÇÕES CLÍNICAS
ATENÇÃO O exame de rotina da urina compriende 3 fases:
1. Exame físico,
2. Exame químico

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

A primeira descrição que se faz na urina é denominada exame físico, visa aferir o estado físico
da amostra. Envolve descrição sobre: coloração da urina, aparência, cheiro e a densidade.

3.1. Coloração da Urina

A urina humana é habitualmente amarelada, podendo haver variações no tom do amarelo de acordo com
a quantidade de água presente na mesma. Quando nos encontramos desidratados, os rins tendem a reter
água no corpo fazendo com que a urina fique com um amarelo mais forte. Por outro lado, quando
bebemos muita água, ou quando utilizamos substâncias diuréticas, que podem ser desde remédios até
bebidas alcoólicas, os rins permitem a perda da água, tornando a urina muito diluída e com uma
coloração que tende a ser bem clara, parecida com água.

Eventualmente, a urina pode apresentar uma coloração atípica, bem diferente dos tons de amarelo que
estamos habituados. Situações como consumo de corantes, alimentos de coloração forte, medicações,
infecção do trato urinário ou doenças sistêmicas podem fazer com que a urina mude completamente de
cor, às vezes, assumindo cores muito fora do comum, tais como roxo, azul, rosa ou até preto.

A seguir faremos a descrição das diferentes cores que a urina pode apresentar: urina amarela escura,
urina roxa, urina laranja, urina verde e azul, urina vermelha ou rosa e urina preta.

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Urina amarelo escura

- Como a cor normal da urina é amarelo claro,o escurecimento da mesma pode ser indicativo do
aumento de concentração da urina (urina concentrada), devido a pouca quantidade de água
disponibilizada pelos
rins para diluí-la.
Todavia, quando o
amarelo se torna
muito intenso e
persistente, é possível
que haja algum
problema por trás que
não seja somente
desidratação. Algumas
doenças como a
hepatite, que cursam
com a presença de
bilirrubina na urina.

Urina roxa

- A colonização do tracto urinário por


algumas bactérias como a Escherichia
coli, Pseudomonas auriginosa,
providencia stuartii, etc. pode levar a
esta coloração na urina.

- A frequência desta cor na urina é mais


comum em pacientes internados, que
usam catéter vesical por períodos
longos.

- A urina também pode apresentar um tom


arroxeado se o paciente ingerir grandes quantidades de amoras ou beterraba.

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Urina Laranja

- A desidratação pode ser umas das


razões da mudança de cor para
laranja. Esta pode ocorrer também
pelo consumo excessivo de alimentos
com carotenoides, pigmentos de cor
laranja, ou mesmo uso de
medicamentos como nitrofurantoína,
riboflavina (Vitamina B12).

- Pode também ocorrer quando há


problemas hepáticos devido a excesso de pigmentos
de bilirrubina.

Urina verde e azul

- A ingestão de corantes principalmente azul de metileno,


corantes usados na produção da cerveja, infecção por
Pseudomonas auriginosa, uso de medicamentos como
indometacina, amitriptilina, induzem a alteração da cor
da urina para azul ou verde.

A hipercalcemia benigna familiar “síndrome de fralda


azul” pode mudar a coloração da urina.

3.2. Urina vermelha ou rosa


- Urina vermelha, em geral, é sinal de sangramento
nas vias urinárias, mas pode ser causada também
por medicamentos e alimentos.

- Laxantes, principalmente os que possuem Sena em


sua fórmula, Rifampicina, Pyridium, vitamina B,
beterraba e amoras são causas descritas.

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Anticoagulantes como Varfarina e heparina, podem levar à hematúria e, consequentemente,


urina avermelhada.

- Uma doença chamada metahemoglobinemia também pode ser a causa.

- Em uma pessoa com boa hidratação, a urina vermelha pode ficar diluída pela água e se
apresentar mais rosada ou alaranjada. Ao longo do dia, a urina pode variar entre vermelho, rosa
ou laranja, dependendo da quantidade de água para diluí-la. A schistosomíase também pode
causar hematúria.

3.3. Urina preta


- Uma urina preta pode ser causada por
doença genéticas como de
Alcaptonúria.Hemácias em urina
concentrada também pode dar tom escuro
á urina. Na icterícia a urina pode ficar
com cor bem castanha escura, semelhante
à Coca-Cola. Alguns medicamentos
mudam a tonalidade da cor da urina entre
eles os seguintes: cloroquina, levodopa,
nitrofurantoína, laxantes à base de sena,
metronidazol, metildopa e hidroquinona.

ATENÇÃO
As descrições mais comuns na análise física da cor da urina são: Amarelo claro,
amarelo, amarelo escuro

3.4. Aparência Da Urina


DEFINIÇÃO Aparência é um termo geral que se refere à transparência da amostra de urina
(MISAU, 2011)

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A urina normal, recém eliminada, geralmente é transparente, porém aparece certa opacidade
causada pela precipitação de fosfatos amorfos e carbonatos na forma de névoa branca. A urina
ácida normal também pode mostrar-se opaca devido a precipitação de uratos amorfos, cristais de
oxalato de cálcio ou de acido úrico.

ATENÇÃO
Os termos comummente usados para descrever a aparência são: transparente,
opaca, ligeiramente turva, turva, muito turva, leitosa

Além dos cristais amorfos, há quatro substâncias que mais comumente causam turvação da urina
são: leucócitos, hemácias, células epiteliais e bactérias.

Outras substânciais que provocam turvação na urina são: sêmen, muco, linfa, cristais, leveduras,
material fecal e contaminação externa, como: talco, cremes vaginais e material de contraste
radiográfico. Geralmente as causas da turvação da urina são esclarecidas na microscopia e testes
bioquímicos.

A urina turva pode dever-se a uma infecção do trato urinário e, nesse caso, tem um cheiro fétido.
Os cálculos do trato urinário podem também originar uma urina turva, mas não necessariamente
infectada. Quanto a hematúria (presença de sangue na urina) dá a urina um aspecto escurecido
que pode ser sinal da presença de Schistosomas. Quando a quantidade de sangue na urina
aumenta, esta torna-se avermelhada e pode conter coágulos.

Uma urina com excesso de espuma sugere a presença de proteínas que é um sinal de doença renal. Uma
urina “leitosa” pode significar a presença de pus ou linfa.

3.5. Odor da Urina


A urina apresenta um odor característico que é causado pela presença de ureia. Quanto maior for a
concentração de ureia, mais forte será o cheiro da urina. A urina recém eliminada tem um leve odor dos
seus componentes aromáticos. Quando se deixa a amostra repousar, o odor de amônia passa a ser

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predominante e é causada pela degradação da ureia. Uma urina com odor forte indica que a mesma está
muito concentrada, favorecendo a formação de cálculo renal.

ATENÇÃO As infecções bacterianas geralmente causam cheiro forte e desagradável, a


presença de corpos cetônicos nos diabéticos provocam um odor adocicado ou de
fruta

3.6. Densidade da Urina


A densidade da água pura é de 1g/cm3, quanto mais próximo deste valor, mais diluída está a
urina e quanto mais afastado mais concentrada ela está.

4. EXAME CITOQUÍMICO DA URINA


O exame químico ou citoquímico da urina, geralmente é realizado através de tiras reativas
(reagentes) contendo seguintes áreas reagentes: pH, proteínas, glicose, cetona, sangue,
bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, leucócitos e densidade.

4.1. Técnica de tira ou fita reactiva


As tiras reactivas baseiam-se em metodologia de química seca cujos resultados podem ser
determinados visualmente ou através de instrumentos semi-automatizados ou automatizados.
Com relação a utilização das tiras reagentes, é necessário, antes de mais nada, homogeinizar bem
a amostra e a seguir mergulhar rapidamente a tira reagente na amostra e retirar o excesso de
urina da mesma.

A leitura visual é realizada comparando as cores obtidas com a escala-padrão, respeitando o


tempo de cada reação. As leituras semi-automatizadas ou automatizadas são fotômetros de
reflectância que medem a luz refletida a partir da área reagente.

A metodologia de tira ou fita reactiva consiste em:

- Mergulhar a tira completa e rapidamente em uma amostra de urina homogeneizada.

- Retirar o excesso de urina encostando a borda da tira no recipiente.

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- A medida que ela vai sendo retirada, esperar o tempo especificado para ocorrer a reacção
e comparar com a cor da tira com a tabela de cores.

- O tempo necessário para que ocorram reacções varia conforme o teste o teste e o
fabricante, indo desde a reacção imediata para o pH, até 120 segundos para os leucócitos.

- Para obter os melhores resultados semiquantitativos, deve-se observar o tempo


estabelecido pelo fabricante.

- Quando não for possível observar o tempo com precisão, recomenda-se que as reacções
sejam lidas a partir dos 60 segundos, mas nunca além dos 120 segundos, sendo feita por
último a leitura para leucócitos.

- Uma boa iluminação é essencial para a precisão das interpretações das reacções de cor.

- As amostras refrigeradas devem voltar à temperatura ambiente antes do teste com fita
reactiva, porque as reacções enzimáticas na fita dependem da temperatura.

ATENÇÃO O uso incorrecto da técnica pode provocar erros. Se a tira ficar mergulhada na
urina por muito tempo poderá ocorrer a lavagem do reagente da tira. Do mesmo
modo se ficar urina em excesso na tira após a sua retirada da amostra, poderá
ocorrer a passagem de uma substância química para o quadriculado adjacente,
produzindo distorções nas cores.
Para que isso não aconteça, recomenda-se secar as bordas da tira em papel
absorvente e mantê-la na posição horizontal durante a comparação com a tabela
de cores.

Passos básicos de execução Técnica de tira ou fita reactiva

Para a execução desta técnica são efectuados apenas quatro passos bascos a destacar:

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Preparar as fitas e as amostras

Certificar-se do bom estado e


validade

Após homogenizar a amostra,


inserir a fita na amostra

Após esperar tempo de reação


comparar as cores da fita com o
padrão do frasco ou usar
analisador automático.

4.2. Parâmetros medidos pela fita


A fita tem a capacidade de medir os seguintes parâmetros: pH, Densidade, Proteínas, Glicose,
Cetonas, Sangue, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito e leucócitos.

pH

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- Os rins são os grandes responsáveis pela manutenção do equilíbrio ácido-base do


organismo, eles são capazes de manter a homeostasia do corpo eliminando grandes
quantidades de ácidos ou bases através da urina.

Valor Normal

- 5,5 a 6,5.

Significado Clínico

- Tipo de alimentação, acidose ou alcalose respiratória / metabólica, anormalidades na


secreção e reabsorção de ácidos e bases pelos túbulos renais, precipitação e formação de
cálculos e tratamento das infecções do trato urinário.

Interferências

- Nas amostras de urina envelhecidas, o pH se mostra elevado, devido a um desdobramento


de uréia em CO2 e amônia, sendo que a amônia tem poder alcalinizante.

Densidade

- Ajuda a avaliar a função de filtração e concentração renais e o estado de hidratação do


corpo.

Valores normais

- 1,010 a 1,025.

Significado Clínico

- Estado de hidratação do paciente, incapacidade de concentração pelos túbulos renais,


diabetes insípido e determinação da inadequação da amostra por baixa concentração.

Proteínas

- Normalmente, as proteínas urinárias são constituídas pela albumina e por globulinas


secretadas pelas células tubulares. Entre as proteínas não plasmáticas observadas na
urina, destaca-se a mucoproteína de Tamm-Horsfall, proveniente dos túbulos distais. Sua
importância decorre do facto de que esta proteína é a base dos cilindros encontrados na
urina.

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Valores normais

- 150 mg/24 horas (geralmente séricas e de baixo peso molecular, filtradas seletivamente
pelos glomérulos).

Significado Clínico

- Lesão da membrana glomerular (distúrbios do complexo imune, agentes tóxicos),


comprometimento da reabsorção tubular, mieloma múltiplo, nefropatia diabética,
proteinúria ortostática ou postural.

Glicose

- Em situações normais quase toda a glicose filtrada pelos glomérulos é reabsorvida pelos
túbulos proximais.

Os valores de referência são:

- Zero → em exames de urina simples, a glicose não deveria ser encontrada

- 30 a 90 mg/dL → no exame de urina de 24 horas, independentemente se o paciente é um


homem, mulher ou criança.

Significado Clínico

- Diabetes mellitus (glicemia superior a 180 mg/dl), alterações na reabsorção tubular e


lesão do sistema nervoso central e alterações tireoideanas.

Cetonas

- O termo cetonas envolve três produtos intermediários do metabolismo de gorduras:


acetona, ácido aceto-acético e ácido beta-hidroxibutírico.

Valores normais

- Geralmente não aparecem em quantidade mensuráveis, pois a gordura é completamente


degradada e convertida em dióxido de carbono e água.

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Significado Clínico

- Acidose diabética (incapacidade de metabolizar carboidratos), controle da dosagem de


insulina, jejum (a fonte principal de fornecimento de energia, os carboidratos, fica
prejudicada) e perda excessiva de carboidratos (como no caso de vómito).

Interferências

- Em amostras mal conservadas, valores muito baixos podem aparecer falsamente, devido à
volatilização da acetona e à degradação do ácido acetoacético por bactérias.

Sangue (hemácias / hemoglobina)

- Pode estar presente na urina na forma de hemácias íntegras ou na forma de hemoglobina


(produto da destruição de hemácias in vivo ou in vitro). Sofre interferência da
mioglobina.

Valores normais: 0

Significado Clínico

- Hematúria - Cálculos renais, glomerulonefrite, pielonefrite, tumores, trauma, infecções,


exposição a produtos ou drogas tóxicas e exercício físico intenso.

- Hemoglobinúria - Reações transfusionais, anemia hemolítica, queimaduras grave,


infecções e exercício físico intenso.

- Mioglobinúria - Traumatismo muscular e coma prolongado.

Bilirrubina

- Produto intermediário da degradação da hemoglobina. Presente no organismo de duas


formas: bilirrubina não-conjugada e bilirrubina conjugada, porém, somente a última é
excretada pelos rins e pode aparecer na urina.

Valores normais

- Não aparece na urina, pois passa diretamente do fígado para o ducto biliar e daí para o
intestino, onde é convertida em urobilinogênio e excretada nas fezes na forma de
urobilina.

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Significado Clínico

- Indicação precoce de possível hepatopatia, como, hepatite, cirrose e até mesmo obstrução
biliar.

Interferências

- Nas amostras de urina envelhecidas, como a bilirrubina é um composto muito instável,


com a sua exposição à luz, ela se oxida, formando biliverdina e bilirrubina livre, ambas
pouco reativas aos testes colorimétricos. A presença de ácido ascórbico e nitrito também
prejudica a precisão dos testes. Caso a fita reagente aponte resultado positivo para
bilirrubina deve-se realizar testes confirmatórios, como por exemplo a reação de Fouchet,
baseada oxidação da bilirrubina a biliverdina pelo cloreto férrico dissolvido em ácido
tricloracético

Urobilinogênio

- Pigmento resultante da degradação da hemoglobina.

Valores normais

- Normalmente se encontra em quantidade menor que 1 mg/dl de urina ou até a diluição


1:20. Ele pode aparecer na urina pois quando circula pelo sangue a caminho do fígado,
pode passar pelos rins e ser filtrado pelos glomérulos. Para a confirmação utiliza-se a
reação de Erlich, entre outras.

Significado Clínico

- Detecção precoce de distúrbios hepáticos e hemolíticos. Estas disfunções hepáticas


diminuem a capacidade do processamento desta substância.

Nitrito

- Aparece devido a capacidade de algumas bactérias gram negativas fermentadoras


reduzirem o nitrato (constituinte normal da urina) em nitrito.

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Valores normais: 0
Significado Clínico

- Infecção de trato urinário, podendo ser útil na avaliação da terapia com antibióticos e
monitoração de pacientes com alto risco de infecção no trato urinário.

Interferências

- Uso de antibióticos, presença de elevada concentração de ácido ascórbico, baixa


concentração de nitrato e conversão de nitrito em nitrogênio (que não é detectável), que
ocorre quando o número de bactérias presentes é muito elevado e produz resultados falso-
negativos.

Leucócitos

- Detecta esterases presentes nos granulócitos

Valores normais: 0

Significado Clínico

- Infecção do trato urinário e seleção de amostras para cultura.

5. EXAME MICROSCÓPICO DA URINA


DEFINIÇÃO Exame microscópico da urina: é o exame de urina que é efectuado no
sedimento urinário com auxílio do microscópio com a finalidade de detectar e
identificar elementos insolúveis, como células (MISAU, 2011)

EXEMPLO
Eritrócitos, leucócitos, células epiteliais), cristais, bactérias, leveduras, parasitas,
bem como interferentes como muco, espermatozoides, bem como artefactos.

Para realização deste exame é necessário que se prepare o sedimento urinário cuja técnica é a
seguinte:

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Técnica de preparação de sedimento


Material necessário
- Lâminas
- Lamelas ou lamínulas
- Tubos cônicos
- Centrífuga
- Microscópio
- Luvas
- Máscara
- Óculos
Procedimento:
- Colocar 10 a 15 mL da amostra de urina em tubo cónico.
- Centrifugar por 5 a 10 min (1000 a 1500 rpm).
- Desprezar o sobrenadante, deixando apenas 0,5 mL a 1 mL no tubo.
- Ressuspender o sedimento.
- Depositar duas gotas do sedimento em uma lâmina (separadamente).
- Colocar, em seguida, uma lamínula sobre a primeira gota para observação do
sedimento a fresco não-corado.
- Depositar uma gota do corante urinário sobre a outra gota do sedimento,
homogeneizar e cobrir com lamínula para observação do sedimento urinário corado.

5.1. Observação microscópica do sedimento e seus achados


ATENÇÃO A observação do sedimento é realizada ao microscópio, com baixa intensidade de
luz, utilizando primeiramente um menor aumento (objectiva de10x) e depois a um
maior aumento (objectiva de 40x).

Na observação microscópica do sedimento e seus achados podemos destacar: hemácias,


leucócitos, células epiteliais, bactérias, cristais como também os espermatozoides e muco.

Hemácias
- Achado de algumas hemácias ocasionalmente é considerado nomal. Quando o número é
maior já é preocupante e pode estar relacionado a lesões na membrana glomerular ou nos
vasos do sistema urogenital e o número pode indicar a gravidade do problema.
ATENÇÃO Falta de cuidados na colheita pode influenciar na qualidade da amostra, é o caso
de contaminação com sangue menstrual

 Aparecem como discos incolores.

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Na urina concentrada encolhem e crenam. Na urina alcalina incham e lisam (ficando vazias
= células fantasmas).
Dismórficas – protrusões celulares ou fragmentadas. Hemorragia glomerular; exercício intenso.
Acantócitos – comum em hemorragia glomerular. Múltiplas protrusões.
A amostra da urina apresenta turvação, tom vermelho. Valores de referência: 0 a 2 em Grande
Aumento.

Leucócitos

- É normal achar um pequeno número de leucócitos no sedimento urinário (< 5). Números
aumentados indicam inflamação das vias urinárias, em geral provocada por infecções
bacterianas, pielonefrite, cistite, prostatite, uretrite. Excesso de leucócitos na urina
denomina-se piúria. Microscopicamente são identificados devido aos grânulos
citoplasmáticos e núcleos lobulados, o uso de corantes supravitais ou ácido acético
evidencia os detalhes nucleares. Lisam-se rapidamente em urinas alcalinas.

ATENÇÃO
Os leucócitos são maiores que as hemácias

Células epiteliais
Algumas células epiteliais da uretra e da
bexiga são encontradas normalmente na
urina. São menos comuns células renais.
Quando há inflamação ou infecção das
vias urinárias, o número de células
aumenta, e a altura da lesão pode ser
determinada pelo tipo de célula
predominante. Elas podem ser:
pavimentosas, transicionais e
tubulares.

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Pavimentosas

- Geralmente tem menor significado clínico. Essas células têm origem da porção distal do
epitélio uretral feminino ou da porção distal do epitélio uretral masculino. Elas podem,
também, serem originárias da vagina ou do períneo (sexo feminino) ou do prepúcio (sexo
masculino), no caso de a amostra haver sido inadequadamente colhida.

- A presença de raras células pavimentosas no sedimento urinário é normal e é decorrente


do processo natural de descamação do epitélio. A observação de quantidade aumentada
de células pavimentosas, geralmente, é decorrente de o paciente haver colhido o primeiro
jato ou, ainda, porque outros procedimentos de colheita da amostra de urina não foram
rigorosamente seguidos. O aumento da quantidade de células pavimentosas é de origem
patológica quando sua morfologia se encontra alterada ou quando elas se encontram
incrustadas com cocobacilos. O seu reporte é dado por: raras, poucas, muitas.

Transicionais

Revestimento da pelve renal, bexiga e parte superior da uretra. Menores que pavimentosas.
Morfologia: Esféricas, caudadas ou poliédricas. Possuem núcleo central, enquanto das outras
esféricas é excêntrico. Pouco significado.

Tubulares

- Mais importantes. Sua grande quantidade indica necrose tubular, pielonefrite, infecções
virais, rejeição de transplante. Morfologia: Redondas e ligeiramente maiores que os
leucócitos. Um só núcleo redondo e excêntrico.

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Bactérias e Leveduras
Em pessoas saudáveis, a urina é estéril; não são observados micro-organismos no sedimento
urinário. Bactérias da pele circundante podem penetrar na uretra e causar uma infecção urinária,
que, se não for tratada, pode se expandir até os rins, provocando uma pielonefrite. Deve ser
feita cultura de urina sempre que houver suspeita de infecção. Bactérias podem aparecer na urina
por contaminação ou as que ficam à temperatura ambiente por muito tempo. Leveduras também
podem ser encontradas na urina, especialmente em mulheres com infecção vaginal por fungos.

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Parasitas
Os parasitas possíveis de encontrar na urina são: Trichomonas vaginalis e Schistosoma
hematobium.T. vaginalis é flagelado e facilmente identificado pelo seu movimento ao
microscópio.

Cilindros
Cilindros são partículas de proteína coagulada que se formam nos túbulos renais, onde adoptam
sua forma característica. Um pequeno número de cilindros hialinos é normal. Números maiores
sugerem doenças renais. Quando há um distúrbio renal, leucócitos ou hemácias podem ser
incluídos na proteína que forma o cilindro, e este passa a se chamar cilindro leucocitário ou
cilindro hemático. Diferentes tipos de cilindros estão associados a doenças renais diferentes.
Outros tipos de cilindros incluem cilindros hialinos, granulosos, cilindros gordurosos e cilindros
céreos.

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Cilindro Hemático

A existência de cilindros hemáticos específica, indicando que o sangramento provém do interior


de nefronio.

Cilindro Hialinos

Os cilindros mais frequentes são do tipo hialino, constituídos quase inteiramente por proteína de
Tamn-Horstfall. A presença de 0 a 2 desses cilindros por campo de pequeno aumento é
considerada normal, assim como o achado de quantidade elevada após exercício físico intenso,
desidratação, exposição ao
calor e estresse emocional.
Os cilindros hialinos são
incolores nos sedimentos
não-corados e tem um
índice de refrigência
semelhante a da urina;
portanto, podem facilmente
passar despercebidos se as
amostras não forem
examinadas com pouca
luminosidade. Com o
corante de Sterrnheimer-Malbin sua coloração é rósea; é possível destingui-los melhor com

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microscopia de fase. A morfologia dos cilindros hialinos é variável: formas normais enrugadas e
contorcidas; o enrugamento e a contorção parecem ser devido ao envelhecimento do cilindro.
Devem-se também observar a presença eventual de células ou grânulos aprisionados no seu
interior.

Cilindro de Células Epiteliais


Os cilindros de células epiteliais são acompanhados por cilindros hemáticos e leucocitários, pois
tanto a glomerulonefrite quanto a pielonefrite produzem lesão tubular. Eles podem ser
distinguidos dos cilindrosleucocitários pela existência do núcleo redondo.
A identificação é facilitada pela coloração e pela microscopia de fase.

Cilindro Leucocitário
O aparecimento de cilindros
leucocitários na urina significa
infecção ou inflamação no interior
dos néfrons. Os cilindros
leucocitários são refringentes, têm
grânulos e, a menos que a sua
desintegração tenha começado,
serão visíveis os
núcleosmultilobulados. A

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distinção entre cilindros leucocitários e epiteliais pode ser um tanto difícil, e, pode ser necessário
corar o sedimento para tornar os núcleos visíveis. A observação de leucócitos livres no
sedimento também pode ajudar na identificação. A presença de cilindros leucocitários indica a
necessidade de realizar a cultura de bactérias.
Pode ser facilmente confundidos com cilindros granulares, e deve-se suspeitar de sua presença
em sedimento que contenham leucócitos e bactérias. A identificação pode ser facilitada pelo
corante de gram.

Cilindros Granulares
É frequente observar cilindros granulares
grosseiros e finos no sedimento urinário;
podem ter significado clínico ou não; não se
considera necessário fazer a destinação de
grosseiros e finos. Nos estados patológicos os
grânulos podem representar a desintegração
de cilindros celulares e de células tubulares,
ou então de agregados protéicos filtrados
pelos glomérulos.

Estudo feito com microscopia electrónica de varredura confirmaram que cilindros granulares
vistos em conjunto com cilindros hemáticos nos túbulos contém grânulos hemático de vários
tamanhos. É preciso que haja estase urinária
em que os cilindros celulares permaneciam
nos túbulos para que a sua desintegração
produza grânulos.

Cilindro Céreo
Trata-se de cilindros refringentes com textura
rígida, e por isso se fragmenta ao passar pelos
túbulos. O exame da altura-estrutura de sua
superfície revela placas rompidas de proteína

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superficial, que representam a destruição final dos grânulos que aderem a matriz cilindro.

Cristais
A urina contém muitas substâncias dissolvidas. Dependendo da concentração da substância, do
pH e da temperatura da urina, podem se formar cristais que são observados no exame
microscópico. Os cristais podem ser partículas sem forma definida (amorfos) ou com formas
geométricas que permitem sua identificação. O tipo encontrado sugere um diagnóstico
específico.
ATENÇÃO
Cilindros leucocitários indicam pielonefrite, e cilindros hemáticos indicam
glomerulonefrite.

É comum encontrar cristais na urina. Embora raramente tenham qualquer significado clínico,
deve-se proceder à sua identificação para se ter certeza de que não apresentam anormalidades.
Os cristais são extremamente abundantes em amostras refrigeradas e muitas vezes causam
problemas porque mascaram outros componentes de maior significado clínico.
Alguns cristais normais dissolvem-se quando a amostra é aquecida, mas em outros pode ser
preciso adicionar ácido, que destrói também outros elementos figurados, como as hemácias.
O recurso mais útil na identificação dos cristais é o conhecimento do pH da urina, pois ele
determinará o tipo de substâncias químicas precipitadas. Os cristais geralmente são classificados
não só como normais e anormais, mas segundo a urina em que está presente: ácida ou alcalina.

Alguns cristais comuns na urina normal são: Cristais de Urina Ácida (Uratos amorfos, ácido

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úrico, Oxalato de cálcio), Cristais da Urina Alcalina (Fosfatos amorfos, fosfatos triplos e
Carbonato de cálcio. Os cristas anormais incluem: cistina, colesterol, leucina, tirocina,
bilirrubina, sulfonamidas, corantes radiográficos e medicamentos.

Cristais anormais
Os cristais anormais mais importantes
são: cistina, colesterol, leucina,
tirocina, bilirrubina, sulfonamidas,
corantes radiográficos e
medicamentos. A hemossiderina, que
aparece como grânulos castanho-
amarelados, também pode ser vistas nas
anemias causadas pela destruição de

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hemácias, esses grânulos às vezes se localizam em cilindros e células epiteliais, mas também
flutuam livremente. A coloração do sedimento com azul-da-prússia confirma a presença de
hemossiderina. O uso de citocentrifugação para obter lâminas fixadas, com células epiteliais
integras do túbulo renal, ajuda na identificação.

5.2. Outros Achados no Sedimento


Os outros achados no sedimento incluem basicamente dois: Espermatozoides e Muco.
Espermatozoides
Espermatozóides são células reprodutoras masculinas dos animais, produzidos nos testículos em
quantidade considerável.

- Encontrados na urina após relações sexuais ou ejaculação nocturna. Sem significado


clínico.

Muco
- É um material proteico produzido por glândulas e células epiteliais. Não é significativo
clinicamente. Abundante quando há contaminação vaginal. Visto como estruturas
filamentosas com baixa refração, o que exige observação em luz de baixa intensidade. Os
grumos mucosos podem ser confundidos com cilindros hialinos, mas
os filamentos mucosos são irregulares.

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6. CARACTERÍSTICAS DOS PARASITAS ENCONTRADOS NA URINA


Os parasitas encontrados na urina são dois: Trichomonas vaginalis e Schistosoma
hematobium

6.1. Trichomonas spp


Apesar de ser encontrado na urina, ela não faz parte dos parasitas do sistema urinário.
Existem quatro espécies de tricomonas encontradas no homem:
- Trichomonas vaginalis,
- Trichomonas tenax- na cavidade bucal humana e também de chipanzés e macacos.
- Trichomonas hominis- no trato intestinal humano.
- Trichomitus fecalis- encontrado em um único paciente, não existindo certeza se o homem
seria seu hospedeiro primário.
Dentre as 4 espécies acima referidas, nesta unidade abodaremos apenas T. Vaginalis por ser a
que pode ser encontrada na urina e por ser o agente etiológico duma das infecções de
transmissão sexual mais comum em humanos.

T. vaginalis

Patogênica, foi descrita pela primeira vez em 1836, por Donné, que a isolou de uma mulher com
vaginite. Em 1894, Marchand e, independentemente, Miura (1894) e Dock (1896), observaram
este flagelado na uretrite de um homem.

6.2. Morfologia
O Trichomonas vaginalis é uma célula polimorfa, tanto no hospedeiro natural como em meios de
cultura. Éflagelado
com forma oval e
algumas vezes
esférico. A presenta-
se sempre na forma
de trofozoíto, nao
possui forma
quística. Em
preparações fixadas

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e coradas, ele é tipicamente elipsóide, piriforme ou oval, medindo em média 9,7µm de


comprimento por 7,0 µm de largura. Esta espécie possui quatro flagelos anteriores livres,
desiguais em tamanho e se originam no complexo granular basal anterior, também chamado de
complexo citossomal.

Epidemiologia
A tricomoníase é a infecção de transmissão sexual (ITS) não-viral mais comum no mundo, com
170 milhões de casos novos ocorrendo anualmente. A incidência da infecção depende de vários
factores incluindo idade, actividade sexual, número de parceiros sexuais, fase do ciclo menstrual,
e condições socioeconômicas. A prevalência é alta entre os grupos de nível socioeconômico
baixo, entre as pacientes de clínicas ginecológicas, pré-natais e em serviços de doenças
sexualmente transmitidas. O organismo, não tendo a forma cística, é susceptível a dissecação e
as altas temperaturas, mas pode viver, surpreendentemente, fora de seu hábitat por algumas horas
sob altas condições de humidade. O T.vaginalis pode viver durante três horas na urina coletada e
seis horas no sêmen ejaculado.

Ciclo Biológico

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Transmissão

O T. vaginalis habita o trato genitourinário do homem e da mulher, onde produz a infecção e não
sobrevive fora do sistema urogenital. O T.vaginalis é transmitido através da relação sexual e
pode sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio do homem sadio, após o coito com a
mulher infectada. O homem é o vector da doença; com a ejaculação, os tricomonas presentes na
mucosa da uretra são levados a vagina pelo esperma.

Embora o T.vaginalis seja transmitido por relação sexual, certas circunstâncias levam a crença de
que, teoricamente, uma via não-venérea pode existir, explicando a tricomoníase em meninas,
incluindo recém-nascidas, assim como em mulheres virgens. No recém-nascido, a tricomoníase
pode ocorrer durante a passagem pelo canal de parto, em conseqüência da infecção materna,
quando a mãe não toma me- didas profiláticas contra a parasitose durante a gestação ou quando
ainda não iniciou o tratamento por não apresentar sintomas. Aproximadamente 5% dos neonatos
podem adquirir a tricomoníase verticalmente de suas mães infectadas.

Patogenia

O T.vaginalis tem-se destacado como um dos principais patógenos do trato urogenital humano e
está associado a sérias complicações de saúde. Publicações recentes mostraram que T.vaginalis
promove a transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV); é causa de baixo peso, bem
como de nascimento prematuro; predispõe mulheres a doença inflamatória pélvica atípica,
câncer cervical e infertilidade.

O risco de infertilidade é quase duas vezes maior em mulheres com história de tricomoníase
comparado com as que nunca tiveram tal infecção. O T.vaginalis está relacionado com doença
inflamatória pélvica pois infecta o trato urinário superior, causando resposta inflamatória que
destrói a estrutura tubária e danifica as células ciliadas da mucosa tubária, inibindo a passagem
de espermatozóides ou óvulos através da tuba uterina. Mulheres com mais de um episódio de
tricomoníase têm maior risco de infertilidade do que aquelas que tiveram um único episódio.

O estabelecimento de T. vaginalis na vagina inicia com o aumento do pH, já que o pH normal da


vagina é ácido (3,8 a 4,5) e o organismo cresce em pH maior que 5. A elevação do pH vaginal na

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tricomoníase é evidente, com uma redução concomitante de Lactobacillus acidophilus e um


aumento na proporção de bactérias anaeróbias.

Sinais e Sintomas

A infecção é, maior parte das vezes, assintomática. Nos casos em em que há sintomas são:

- Irritação na vagina e/ou no pénis, Prurido vulvar, Ardor ao urinar, Dor ao urinar
(disúria), Aumento na frequência das micções (poliúria), Uretrite e Prostatite.

Diagnóstico

Clinico

- Leucorrea espumosa amarelo-esverdeada, vulvovaginite, uretrite.

Laboratorial

- Exame a fresco das secreções, Esfregaço em lâmina (coloração com Giemsa), Exame de
urina, Cultura e Serologia.

Medidas de prevenção

- Promover higiene pessoal.

- Evitar banhos colectivos e uso promíscuo de objectos ou roupa íntima.

- Identificar e tratar portadores assintomáticos.

- Usar o preservativo em relações ocasionais.

- Reduzir o número de parceiros sexuais.

Tratamento

- Metronidazol e Tinidazol.

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6.3. Schistosoma hematobium


Foi Biharz, em 1852, quem descreveu o parasita intravascular durante necrópsia dum rapaz, para
o qual deu o nome de Distomum haematobium. Posteriormente, Weinland (1858) denominou o
gênero deste helminto de Schistosoma, uma vez que o macho apresenta o corpo fendido
(schisto= fenda; soma= corpo), sendo esta designação aceite até hoje.

Habitat

- S. mansoni- Veias intestinais ou misentéricas


- S. haematobium- Veias vesicais ou uretrais.
- S. japonicum- Veias intestinais

Morfologia
A morfologia do Schistosoma sp
compreende 5 fases que podem ser
encontradas em seu ciclo biológico: adulto
(macho e fêmea), ovo, miracídio,
esporocisto e cercária.

Adulto: Macho

- O macho mede cerca de 1cm. Tem


cor esbranquiçada, com tegumento
recoberto de minúsculas projeções.

Adulto: fêmea

- A fêmea mede cerca de 1,5cm. Tem


cor mais escura devido ao ceco com
sangue semidigerido, com tegumento
liso. Na metade anterior,
encontramos a ventosa oral e o

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acetábulo.

Ovo

- Mede cerca de 50µm de comprimento por 60µm de largura, sem opérculo, com um
formato oval, e na parte mais larga apresenta um epísculo voltado para trás. O que
caracteriza o ovo maduro é a presença de um miracídio formado, visível pela
transparência da casca. O ovo maduro é a forma usualmente encontrada nas fezes.

Miracídio

- O miracídio é uma larva ciliada


que apresenta forma cilíndrica,
com dimensões médias de
180µm de comprimento por
64µm de largura. Apresenta,
ademais, células epidérmicas,
onde se implantam os cílios, os
quais permitem o movimento
no meio aquático.

Cercária
- As cercárias apresentam um comprimento total de 500µm, cauda bifurcada medindo
230µm por 50 µm e corpo cercariano com 190µm por 70µm.

Epidemiologia
A esquistossomose é doença que interage com populações humanas há milhares de anos. Foram
encontradas em múmias egípcias da XX dinastia (> 3.000 anos de idade), lesões típicas da
doença como também antígenos do parasita detectados por anticorpos monoclonais.
- S. mansoni- Africa, Médio Oriente, Brazil e Venezuela.
- S. haematobium- Africa, Médio Oreiente e India.
- S. japonicum- China, Japão, Asia.

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Patogenia

O homem é o principal reservatório e é o hospedeiro definitivo. Hospedeiros intermediários são


caracois de água doce, da família planorbidae. A transmissão da doença depende de sua
existência. Os Principais hospedeiros intermediários são caracóis do gênero Bullinus.

Transmissão

Os ovos do Schistosoma haematobium são eliminados junto com a urina do homem


(dependendo da espécie envolvida). Em contacto com a água, esses ovos eclodem, liberando
larvas ciliadas denominadas miracídios, que infectam o hospedeiro intermediário (caracóis).
Após quatro a seis semanas, abandonam o caracol, na forma de cercárias que ficam livres nas
águas naturais. O contato humano com água que contém cercárias, ao entrar em contacto com a
água contamibnada, o homem pode adquirir a infecção.

Ciclo Biológico

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ATENÇÃO O ciclo acima apresentado é referente ás 3 espécies de Schistosoma(mansoni,


japonicum e haematobium) daí a representação dos 3 tipos de ovos e os 3 tipos de
caracóis que constituem seus respectivos hospedeiros. Neste contexto em que se
aborda a Schistosoma haematobium, o ovo em referência é o de esporão terminal
e o caracol é o de género Bullinius.

Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas incluem: Dermatite cercariana, Fraqueza, Tontura, Alterações
hepatosplénicas, Dor ao urinar, Dor abdominal, Diarreia, Anorexia e Hematúria.

Diagnóstico
O Clinico baseia – se em sintomas clinicos

Laboratorial
• Pesquisa de ovos nas fezes
• Biópsia retal
• Biópsia hepática
• Eclosão de miracídios.
 Serologicos
• Elisa

Tratamento
Para o tratamento usa-se: Oxamniquine, Praziquantel, Niridazol e Metrifonato.
Medidas de prevenção

- Evitar urinar/defecar nos rios, lagos.


- Construção de fossas sanitárias adequadas.
- Tratamento dos esgotos.
- Controle da população de caracóis.
- Diagnóstico e tratamento dos doentes.
- Uso de botas e luvas ao manipular águas poluídas.
- Orientar a população sobre o modo de transmissão da doença e como evitá-la.

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RESUMO
Urina é um líquido amarelo, transparente, resultante da filtração renal e que é usado como meio
para remoção de produtos residuais do metabolismo e seus tóxicos do organismo. A colheita
depende da finalidade da urina do sexo e da idade, para cada item há medidas próprias a serem
observadas na colheita.
A primeira descrição que se faz na urina é denominada exame físico, visa aferir o estado físico
da amostra. Envolve descrição sobre:
1. Coloração da urina: amarelo escura, roxa, laranja, azul, verde, preta, rosa, vermelha.
2. Aparência: transparente, opaca, ligeiramente turva, turva, muito turva, leitosa.
3. Odor.
4. Densidade
O exame químico ou citoquímico da urina, geralmente é realizado através de tiras reativas
(reagentes) contendo seguintes áreas reagentes: pH, proteínas, glicose, cetona, sangue,
bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, leucócitos e densidade.

1. Preparar as fitas.

2. Ceritificar-se do bom estado e validade.

3. Após homegeinizar a amostra, inserir a fita na amostra.

4. Após esperar tempo de reação comparar as cores da fita com o padrão do frasco ou usar
analisador automático.

Exame microscópico é o exame de urina que é efectuado no sedimento urinário com auxílio do
microscópio com a finalidade de detectar e identificar elementos insolúveis, como células
(exemplo: eritrócitos, leucócitos, células epiteliais), cristais, bactérias, leveduras, parasitas,
bem como interferentes como muco, espermatozoides, bem como artefatos. Os principais
parasitas do tracto genito-urinário são: Tricomonas vaginalis, Schistosoma hematobium.

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Actividades de ensino-aprendizagem
Actividades de ensino-aprendizagem: Classificação macroscópica da urina

ACTIVIDADE nº 01
Duração 4h
Objectivos:
Classificar macroscopicamente a Urina
Conteúdos de referência:
Exame macroscópicoou físico da urina: Cor, aparência, odor, Densidade
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- Os alunos terão 5 amostras e em grupos de 4 farão o exame físico ou macroscópico da
urina.
- Descrever toda actividade em um relatório.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Orienta a formação dos grupos de trabalho.
- Disponibiliza amostras, equipamentos, reagentes, e materiais necessários
- Supervisiona os estudantes durante a execução da actividade
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Bloco de notas
- Esferográfica
- Cabine de segurança biológico
- Material de proteção individual
- Solução desinfectante
Critérios de avaliação
- A critério do docente da cadeira

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Actividades de ensino-aprendizagem: Exame citoquímico e microscópico da Urina

ACTIVIDADE nº 02
Duração 4h
Objectivos:
-Realizar o exame citoquímico e de microscópico da urina
Conteúdos de referência:
- Exame citoquímico da urina
- Exame microscópico da urina (Análise de sedimento urinário)
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos terão 5 amostras e em grupos de 4 farão exame citoquímico da urina e
posteriormente seu exame microscópico.
Descrever toda actividade em um relatório.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Orienta a formação dos grupos de trabalho
- Disponibiliza amostras, equipamentos, reagentes, e materiais necessários
- Supervisiona os estudantes durante a execução da actividade
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Bloco de notas
- Esferográfica
- Cabine de segurança biológico
- Material de proteção individual
- Microscópio
- Lâminas microscópicas
- Lamelas
- Solução desinfectante
- Fitas reactivas de urina
Critérios de avaliação
- A critério do docente da cadeira

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA
1. Ministério da Saúde (2011) Urinálise e Parasitologia 1ª Edição

2. Neves David Perreira. (2009) Parasitologia Humana, 11ª Edição, Editora: Atheneu-
Brasil.
3. Niquice Aníbal J.(1997) Parasitologia Intestinal Clínica, Editor:Instituto de Ciências de
saúde de Maputo.
4. Noormahomed Emília Virginia R.I, (2014) Manual de parasitologia humana, 1ª Edição,
Editora:Imprensa universitária, Maputo- Moçambique
5. PESSÔA Samuel B & Martins Amilcar V.(1982) Parasitologia Médica, 11ª edição,
Editora: GUANABARA KOOGAN.
6. ROBERT W.Bauman, (2009) Microbiology 2ª Edição.

Webgrafia

 https://www.google.co.mz/search?q=exame+directo+das+fezes&biwciclo+de+vida
+de+tricomonas+vaginalis

 https://www.google.co.mz/search?q=schistosoma+haematobium&biw_AUIBigB#tbm
=isch&q=ciclo+de+vida+de+schistosoma+haematobium

 https://www.google.co.mz/search?q=schistosoma+haematobium&biw=1366&bih=6
67&site=webhp&source=

 https://www.google.co.mz/search?q=exame+directo+das+fezes&biwcoloracao+da+urina

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UNIDADE DIDÁCTICA 4

PARASITAS E EXAMES NO SANGUE

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ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ______________________________________________________ 164


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica ______________________________ 164
INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 164
1. COLHEITA DE SANGUE_______________________________________________ 165
1.1. Colheita de Sangue Venoso __________________________________________ 165
1.2. Colheita de Sangue Capilar __________________________________________ 167
2. PARASITAS SANGUÍNEOS/TECIDUAIS _________________________________ 172
2.1. Toxoplasma gondii ________________________________________________ 172
2.2. Plasmodium ssp ___________________________________________________ 178
2.3. Wuchereria bancrofti _______________________________________________ 188
2.4. Onchocerca volvulus _______________________________________________ 194
2.5. Trypanossoma Brucei _______________________________________________ 199
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________________ 208

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OBJECTIVO GERAL

Aplicar técnicas de análise parasitológicas para detectar a presença das formas parasitárias em
sangue.

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica


No fim desta Unidade o estudante será capaz de:
- Descrever o processo colheita de amostra de sangue.
- Identificar o material e soluções para o exame parasitológico nas amostras de sangue.
- Descrever as características morfológicas dos parasitas hemáticos mais frequentes.
- Aplicar técnicas de preparação de esfregaço sanguíneo na lâmina.
- Aplicar técnicas de coloração de esfregaços hemáticos para a pesquisa de parasitas.
- Executar técnicas de observação microscópicas de parasitas de sangue.
- Aplicar técnica de quantificação apresentação e interpretação de resultados.
- Aplicar testes rápidos para detectar a presença de parasitas ou componentes orgânicos em
amostras de sangue.

INTRODUÇÃO

Os exames de sangue são laboratoriais, realizados no sangue para adquirir informações sobre
doenças e funções dos órgãos. Como o sangue flui por todo o corpo, actuando como meio de
obtenção de oxigênio e nutrientes pelos tecidos, e levando de volta os produtos usados para os
sistemas excretórios, o estado do sangue afeta, ou é afetado, por muitas doenças ou condições
médicas. Por estas razões, os exames de sangue são os exames médicos mais comuns. O sangue
é obtido de um paciente através de uma punção na veia ou um pequeno furo no dedo.

O sangue é útil por ser um meio relativamente não-invasivo se se obter células, fluido
extracelular (plasma sanguíneo) do corpo para verificar sua saúde.

A presente unidade sobre parasitas e exames no sangue apresenta dois grandes capítulos a
destacar:

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- O primeiro capítulo vai abordar o processo de colheita de sangue e em particular a


colheita de sangue venoso como também a colheita de sangue capilar.
- No segundo capítulo da unidade falaremos sobre os parasitas sanguíneos/teciduais, que
incluem os seguintes: toxoplasma gondii, plasmodium ssp, wuchereria bancrofti e
onchocerca volvulus.

1. COLHEITA DE SANGUE

DEFINIÇÃO Sangue: é um tecido conjuntivo líquido, de cor avermelhada que circula pelo
sistema vascular em animais com sistema circulatório fechado;formado por
células (parte sólida) e plasma (parte líquida) (Misau, 2011, P.5)
Para os exames hematológicos o sangue é colhido das veias, artérias ou capilares, dependendo do
tipo de exame a que se destina. Devido a delicadeza do processo de colheita de sangue, é
necessário que o laboratório disponha de uma sala especial e independente, onde o paciente
possa se sentir confortável. Portanto, em seguida vamos abordar a colheita de sangue venoso e
colheita de sangue capilar.

1.1. Colheita de Sangue Venoso


Por esta via, o sangue colhido pode ser usado para distintos tipos de exames laboratoriais,não
apenas a pequisa de parasitas. No caso, em que não se define previamente a finalidade do sangue
a ser colhido, é importante que os pacientes estejam em jejum (sem comer nada) para evitar
resultados alterados em certos exames após o consumo de certos alimentos).

Geralmente, para colheita de sangue venoso para pesquisa de parasitas não é necessário que o
paciente esteja em jejum e o sangue é colhido num tubo com anticoagulante EDTA K2 ou EDTA
K3.A quantidade é indicada no rótulo do tubo e tem sido 3 ou 4 ml dependendo do
anticoagulante.

Para colheita de sangue capilar para pesquisa de parasitas também não é importante que o
paciente esteja em jjum, o sangue é colhido directamente para lâmina com auxílio de
micropipetas,não necessitando de tubos, anticoagulantes pois a quantidade é menor, em torno de
20 a 30 µl.

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Material necessário

 Para a colheita de sangue venoso é necessário os seguintes materiais: bandeja, seringas de


5-10ml ou seringa de vácuo, agulhas descartáveis, tubos com e sem anticoagulante com
vácuo ou não, marcadores permanente ou lápis demográfico, garrote de borracha de 40-
45cm , algodão, álcool etílico (etanol)a 70% , luvas de procedimento, caixa incineradora
para lixo e jarra com hipoclorito de sódio.

Procedimento de colheita de sangue venoso

1. Ler a requisição e decidir que tipo de tubo irá utilizar de acordo com o tipo de exames a
serem realizados.

2. Reunir todo o material em


uma bandeja limpa

3. Identificar o recipiente que


conterá a amostra

4. Explicar o procedimento ao
paciente

5. Higienizar as mãos

6. Colocar as luvas de
procedimento

7. Escolher o local de acesso


venoso

8. Expôra área de punção e


verificar as condições da veia

9. Garroteiar o local a ser


puncionado (em adultos: a aproximadamente 5 a 10 cm do local da punção venosa), a fim
de propiciar a dilatação da veia

10. Solicitar ao paciente que mantenha o braço imóvel

11. Palpar as veias e identificar o lugar da punção

12. Fazer a antissepsia do local com algodão embebido em álcool etílico a 70%, em
movimentos circulares, do centro para as extremidades

13. Testar a seringa e agulha aspirando através do êmbolo e colocar a seringa sobre a veia, um
pouco de lado, com o bisel orientado para cima, em um ângulo aproximado de 30 a 45o

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14. Iintroduzir a agulha sem receio seguindo a direcção da própria veia

15. Puxar o êmbolo lentamente para trás até atingir a quantidade desejada (Quando começar a
fluír o sangue)

16. Pedir o doente para abrir a mão, relaxar e remover o garrote

17. Pôr uma bola de algodão seco no lugar da punção e retirar a agulha. Informar o paciente
para manter o algodão por alguns minutos até deixar de sangrar.

18. Depositar o sangue no tubo, deixando-o escorrer pelas paredes lentamente para evitar
hemólise. No caso de tubo com anticoagulante, mexer o conteúdo invertendo-o suavemente
várias vezes para evitar a coagulação

19. Tirar a agulha e deitá-la na jarra com hipoclorito de sódio ou na caixa incineradora

20. Recolher o material e colocá-lo na bandeja

21. Retirar as luvas de procedimento

22. Encaminhar os resíduos para o encineração

23. Lavar a bandeja com água e sabão, secar com papel toalha e higienizar com álcool a 70 %.

24. Higienizar as mãos.

25. Encaminharde imediato o material para o laboratório.

1.2. Colheita de Sangue Capilar


Trata-se de uma colheita de sangue que é feita para alguns exames laboratoriais que necessita de
pequena quantidade de sangue como é o caso de pesquisa de Plasmodiumsp.

Material Necessário

Para a colheita de sangue capilar é necessário os seguintes materiais: lancetas, lâminas


microscópicas de vidro, algodão, álcool etílico a 70%, luvas, caixa incineradora para lixo, jarra
com hipoclorito de sódio.

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Procedimento de colheita de sangue capilar

1. Limpar e identificar (com o nome o código do paciente) uma lâmina de vidro.

2. Desinfectar o 3º ou 4º dedo da mão esquerda de preferência, com uma bola de algodão


embebida em etanol a 70%.

3. Puncionar no lado direito do dedo rapidamente e com firmeza mas não profundamente,
com uma lanceta estéril. No caso de bebés com idade inferior a 6 meses, puncionar no
calcanhar ou no dedo maior do pé.

4. Descartar a 1ª gota de sangue com uma bola de algodão seca.

5. Colher o sangue num tubo capilar, uma lâmina, etc, de acordo com a finalidade do sangue
colhido.

Preparação de esfregaço de sangue para exame parasitológico de sangue

O exame parasitológico de sangue compreende a preparação, observação microscópica de gotas


espessa e estendida de esfregaços de sangue corado e identificação das formas parasitárias. Para
este tipo de exame utiliza-se sangue venoso ou capilar.

Preparação da gota estendida ou esfregaço

1. Recolher a gota de sangue e depositar no centro da metade da lâmina.

2. Colocar a outra lâmina sobre a gota de sangue deixando o sangue fluir sobre os bordos da
lâmina.

3. Inclinar a lâmina formando um ângulo de aproximadamente 45o

4. Deslizar com firmeza sobre a lâmina de baixo para frente num movimento único com a
outra lâmina.

5. Secar a lâmina a temperatura ambiente (Se tiver urgência, pode usar a estufa).

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Preparação da gota espessa

1. Com a ponta de uma lâmina limpa tocar na outra de gota de sangue fazer movimentos
circulares espalhando-a uniformemente.

2. Deixe secar as duas gotas ao ar livre ou na estufa a uma temperatura de 37º.

3. Fixe a gota estendida em metanol absoluto durante 30 segundos e deixe secar novamente.
ATENÇÃO
A gota espessa e estendida (esfregaço) podem ser preparadas na mesma lâmina
para poupar recursos.

Gota estendida: permite a identificação das formas parasitárias assim como das espécies
envolvidas pois, os parasitas são observados no interior dos eritrócitos.

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Gota espessa: permite identificação das formas parasitárias (por vezes torna-se difícil
identificar a especie nesta gota), a determinação quantitativa da parasitemia visto que os
parasitas encontram-se concentrados.

Técnica: Preparação de Giemsa stock (Método de Walker)


Material necessário

Para a técnica são necessários os seguintes materiais: balança, provetas de 500ml ou 1000ml,
frasco escuro de 1 ou 5 litros e pérolas de vidro 20-30.

Reagentes

 Corante de Giemsa..............................7.6grs

 Glicerina Liquida Anidra......................500ml

 Álcool Metílico Anidro sem Acetona.....500ml

Procedimento

1. Lavar as pérolas de vidro com álcool metílico e seque-as.

2. Pôr as pérolas de vidro num frasco escuro de 1 litro.

3. Pesar 7.6g de pó de Giemsa e deite no frasco.

4. Colocar 500ml de álcool etílico numa proveta seca

5. Transferir para o frasco e misturar bem.

6. Colocar 500ml de glicerina pura na mesma proveta

7. Transferir para o frasco e agitar bem durante 2 - 3 minutos, repetir 6 ou mais vezes
durante 3 horas.

8. Rotular o frasco e guardar à temperatura ambiente, no escuro.

ATENÇÃO
A estabilidade do reagente dura 6 meses e 24 horas após sua preparação pode
ser usado.

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Preparação de Giemsa Solução de trabalho (Giemsa)

Material necessário
Para a preparação da Giemsa Solucao de trabalho são necessários os seguintes materiais:
Provetas de 100ml, Tinas de coloração, Papel de filtro e Vareta.
Reagentes
 Corante de Giemsa Stock
 Água tamponada pH 7.0

Procedimento:
Giemsa à 5%
1. Colocar numa proveta graduada de 100ml, 5ml de Giemsa padrão filtrado
2. Acrescentar água tamponada até perfazer 100ml.
Tempo de coloração: 20 minutos.

Giemsa à 10%
1. Colocar numa proveta graduada de 100ml, 10ml de Giemsa padrão filtrado
2. Acrescentar água tamponada até perfazer 100ml.
Tempo de coloração: 10 minutos

Giemsa à 20%

1. Colocar numa proveta graduada de 100ml, 20ml de Giemsa padrão filtrado

2. Acrescentar água tamponada até perfazer 100ml.

Tempo de coloração: 5 minutos.

Giemsa à 20%

1. Colocar numa proveta graduada de 100ml, 20ml de Giemsa padrão filtrado

2. Acrescentar água tamponada até perfazer 100ml.

Tempo de coloração: 5 minutos.

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Procedimento de Coloração

1. Colocar a lâmina numa tina de coloração (podem ser colocadas várias lâminas ao mesmo
tempo, de acordo com a capacidade da tina de coloração)

2. Corar a lâmina, durante 10 minutos se a concentração do Giemsa for de 20% ou durante


20 minutos se a concentração for de 10%;

3. Lavar a lâmina em água corrente

4. Deixar secar verticalmente na prancha ao ar livre ou na estufa a 37º;

5. Colocar uma gota de óleo de emersão sobre a preparaçãoe observar com objectiva de
100x.

2. PARASITAS SANGUÍNEOS/TECIDUAIS

Os parasitas sanguíneos incluem basicamente os seguintes: Toxoplasma gondii, Plasmodium


ssp, Wuchereria bancrofti e Onchocerca volvulus.

2.1. Toxoplasma gondii

DEFINIÇÃO Toxoplasma gondii: é um protozoário de distribuição geográfica mundial, com


alta prevalência sorológica, podendo atingir mais de 60% da população em
determinados países (Neves, 2009).

A Doença: Toxoplasmose
A toxoplasmose é causada por Toxoplasma gondii (Descoberto e descrito por Nicolle e
Manceaux em 1909) e pode apresentar quadro grave de evolução em indivíduos com o sistema
imunocomprometido. É uma zoonose, a infecção ocorre em várias espécies de animais
mamíferos (carneiro, cabra e porco e aves, incluindo o homem. O gato e outros felídeos são os
hospedeiros definitivos, sendo o homem e os outros animais, hospedeiros intermediários.

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Morfologia
Este parasita apresenta uma morfologia múltipla, dependendo do hábitat e do estágio evolutivo
(Taquizoítos, Bradizoíto, oocisto, esporozoítos), sendo os esporozoítos as formas infectantes
para o homem.

Esporozoítos
- Apresenta organelos citoplasmáticos com aparelho apical que apresenta conóide (forma
de cone) e dois anéis apolares.

Taquizoito
- É a forma encontrada durante a fase aguda da infecção dentro do vacúolo parasitoforo de
várias células, como nos líquidos orgânicos, excreções, células hepáticas, pulmonares,
nervosas, submucosas e musculares, sendo também denominada forma
proliferativa,forma livre ou trofozoíto.

Apresenta formato de um arco, banana ou meia-lua, com dimensões de 2x 6µm, com o núcleo
muito próximo do centro.Quando corado com giemsa, o citoplasma apresenta-se azulado e o
núcleo avermelhado. É uma forma móvel e de multiplicação rápida que provêm de (tachos =
rápido), porém são pouco resistentes ao suco gástrico do estômago.

Bradizoíto
- É a forma encontrada em vários tecidos (musculares esqueléticos e cardíacos, nervoso,
retina), geralmente durante a fase crônica da infecção, sendo também denominada

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cistozoíto. Os bradizoítos são encontrados dentro do vacúolo parasitóforo de uma célula,


cuja membrana forma a cápsula do cisto tecidual. Os bradizoítos multiplicam-se
lentamente (brady = lento) dentro do cisto, por endodiogenia ou endopoligenia. A
elasticidade da parede do cisto isola os bradizoítos das acções de defesa do hospedeiro.
Os bradizoitos são muito mais resistentes a tripsina e à pepsina do que os taquizoítos e
podem permanecer viáveis nos tecidos por vários anos.

Oocisto
- Constitui a forma de
resistência, possui uma
parede dupla bastante
resistente às condições do
meio ambiente. Os oocistos
são produzidos nas células
intestinais de felídeos não-
imunes e eliminados
imaturos junto com as fezes.
Os oocistos são esféricos,
medindo cerca de 12,5 x
11,0µm.

Epidemiologia

A toxoplasmose tem distribuição unversal, taxas de prevalência atltos em adultos e em zonas


rurais que urbanas.

Ciclo Biológico

O ciclo biológico de Toxoplasma gondii é heteroxênico, tendo como hospedeios intermediários o


homem as aves,cães, etc e hospedeiros definitivos os gatos

O ciclo biológico de T. gondii desenvolve-se em duas fases distintas: Fase assexuada e Fase
coccidiana ou sexuada

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Fase assexuada

- Nos linfonodos e nos tecidos dos hospedeiros intermediários

Fase coccidiana ou sexuada

- Nas células do epitélio intestinal de gatos jovens (e outros felídeos) não-imunes. No gato,
a reprodução dá-se por gametogonia (sexuadamente) e por esquizogonia
(assexuadamente).

Hospedeiro Definitivo: gato

Hospedeiro intermediário: homem, cães, aves, etc.

Ciclo biológico Toxoplasma gondii

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Os gatos infectam-se, principalmente, pela ingestão dos cistos presentes nos tecidos dos
hospedeiros intermediários (ratos, etc). A parede dos cistos é digerida, libertando organismos
infectantes na luz intestinal (bradizoítos), que penetram pela parede intestinal e rapidamente
multiplicam-se, formando taquizoítos que, espalham-se por todos os órgãos do animal.
Simultaneamente, o parasita reproduz-se nas células da parede intestinal, culminando com a
formação de oocistos, que são excretados com as fezes,os quais amadurecem no meio externo
em três ou quatro dias em oocistos infectantes. Quando o homem e outros hospedeiros ingerem
(através de alimentos contaminados, água, etc) os oocistos que são eliminados pelo gato, ocorre
apenas o ciclo extra-intestinal, com proliferação de taquizoítos nos órgãos e, com a resposta
imune, desenvolvem-se os cistos teciduais.

Transmissão

Existem principalmente três vias de transmissão para o homem:

- Ingestão de alimentos contaminados com oocistos.

- Ingestão de cistos presentes em carnes de aves, suínos, ovinos, caprinos ou bovinos,


quando servidas cruas ou mal cozidas.

- Transfusão sanguínea.

- Passagem transplacentar da mãe para filho.

Patogenia

O quadro da doença no homem varia consideravelmente em função da idade em que se dá a


contaminação e do estado imune.Entretanto, a transmissão congênita é frequentemente a mais
grave, e a toxoplasmose adquirida após o nascimento pode apresentar uma evolução variável. O
curso da doença depende da idade gestacional em que sedeu a infecção e a capacidade dos
anticorpos maternos de proteger a criança.

As mulheres com infecção crónica por Toxoplasma gondii nãocontaminam os seus filhos durante
o desenvolvimentointrauterino ou seja, as mulheres grávidas apenas transmitem a infecção aos
filhos quando esta é adquirida durante a gestação. Quando a infecçao materna ocorre entre a

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concepçao e o 6º mês costuma haver um quadro agudo ou subagudo e quando ocorre no último
trimestre a doença tende a ser branda ou asintomática.

Sinais e Sintomas

A maioria dos casos adquiridos na idade adulta ou 2ª infancia sao assintomáticos. Pelo poder de
sua difusão,a toxoplasmose pode encontrar- se em vários órgãos e os sinais e sintomas estão
geralmente relacionados com as áreas afectadas, e podem ser: cefaléia, febre, anomalias focais
manifestando hemiparesia (paralisia) leve até perda da capacidade de coordenação muscular,
confusão mental, convulsões, letargia, que pode progredir para estupor, coma, até a morte do
paciente- na toxoplasmose meningoencefálica; lesões generalizadas na pele.

Toxoplasmose congénita

Nos primeiros 2 trimestres da gestação, o quadro tende a ser agudo ou sub-agudo mas as
manifestações geralmente não são observadas porque ocorre morte fetal ou aborto. No último
trimestre, a doença tende a ser branda ou assintomática, as crianças sobrevivem em geral
apresentam anomalias graves, retardo no desenvolvimento físico e mental, retinocoroidite,
calcificações cerebrais, perturbações neurológicas e hidrocefalia.

Toxoplasmose em indivíduos imunocomprometidos

A doença aguda resulta geralmente da reativação de uma infeção latent e é extremamente grave.
Encefalite toxoplásmica: confusão, letargia, alucinações ou psicose profunda, perda de memória
e coma. Convulsões aparecem em um terço dos casos. Sintomas neurológicos focais (60%):
hemiparesia, ataxia, afasia, paralisia dos nervos cranianos. Raramente ocorre a corioretinite.

Diagnóstico
- ELISA
- PCR
- Coloração de esfregaços com gimsa
- Biópsia, etc.

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Tratamento

Pirimetamina + Sulfadoxina ou sulfadiazina em associação com ácido fólico.

Medidas de prevenção

- Não se alimentar de carne crua ou malcozida ou leite cru.


- Controlar a população de gatos nas cidades e em fazendas
- Os criadores de gatos devem manter os animais dentro de casa e alimentá-los com carne
cozida ou seca, ou com ração de boa qualidade.
- Incinerar todas as fezes dos gatos.
- Recomenda-se o exame pré-natal para toxoplasmose em todas as gestantes.

2.2. Plasmodium ssp

O género plasmodiumpertence ao filo Apicomplexa, à Ordem Coccidiida, Sub-Ordem


Haemosporidiidea, Família Plasmodiidae, sendo apenas 4 das 150 espécies existentes que
parasitam o homem, nomeadamente Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium
malariae e Plasmodium ovale.

Doença: Malária
Também conhecida como paludismo, febre palustre, im-paludismo, maleita ou sezão, a malária
foi primeiramente citada na era pré-Cristã, por Hipócrates. Inicialmente havia entendimento de
quea doença era causada por vapores nocivos exalados dos pântanos tiberianos, designando-a
"mal aria", cujo sentido literal é "mau ar". Em 1880, um médico francês, Charles Louis Alphonse
Laveran, conseguiu observar organismos em movimento ao examinar, a fresco, o sangue de um
paciente com malária.

A descoberta de que a malária era uma hemoparasitose foi confirmada por Gerhardt, em 1884, ao
conseguir reproduzir a doença a partir de transfusão de sangue infectado. Em 1885, Golgi e cols
descreveram o ciclo assexuado do parasita (por isso denomina- do ciclo de Golgi) e, em 1891, a

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morfologia dos parasitos sanguíneos foi a demonstrada através do método de esfregaços corados,
desenvolvido por Romanowsky.

Morfologia
Este parasita apresenta uma morfologia múltipla (Merozoítos, Esporozoítos, Macrogametócito,
Trofozoito, etc), dependendo do hábitat e do estágio evolutivo, sendo os esporozoítos as formas
infectantes para o homem.
A seguir serão descritas algumas formas, a que constitui a forma infectante para o homem e as
diversas formas formas que podem ser encontradas no esfregaço em lâmina.

Esporozoíto
- É alongado, medindo cerca de 11 µm de comprimento por 1 µm de largura e apresenta
núcleo central único. Sua estrutura interna é semelhante nas diferentes espécies de
plasmódio. Consttui a forma infectante para o homem.

Trofozoíto
- Geralmente são polimorficas, tendo algumas formas mais frequentes em determinadas
espécies, como a forma de vírgula (meia lua,foice,anel), bastonete, etc, com citoplasma
azulado e o núcleo avermelhado. Após sucessivas divisões celulares dará origem ao
esquizonte tissular (ou criptozoíto), composto por uma massa citoplasmática e milhares
de núcleos filhos.

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Gametócito
- Os gametócito constituem formas sexuadas de plasmodium, podem tomar diversas
formas dependendo da espécie do plasmodium. Constituem fase infectante para o
mosquito vector.

Esquizonte

- Constituem estruturas que intermedeiam reprodução por esquizogonia em que o


esquizonte segmenta-se dando origem a vários merozoítos.

A imagem acima representa diversas formas de plasmodium falciparum, espécie mais frequente
em Moçambique. Do lado esquerdo (cima para baixo): Trofozoitos jovens, maduros, esquizontes

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e gametocitos. Este lado apresenta os parasitas dentro do eritrócito, isto é na gota estendida. Do
lado direito apresentam-se as mesmas formas mas fora do eritrócito (gota espessa).

Epidemiologia
Estima-se que 3.4 biliões de pessoas no mundo, correspondente à metade da população mundial,
vivem em áreas expostas a malária e, destas, 1.2 biliões estão em risco de contrair a infecção.
Dos 101 países afectados pela malária, 53 são africanos, outros países afectados encontram-se
nas Américas, e no sudeste Asiático. Esta doença está ausente na África do Norte e grande parte
do território Sul Africano. Este cenário pode alterar-se no futuro com a tendência actual de
mudanças climáticas e a globalização que impulsiona grandes movimentos migratórios.

Segundo Neves (2009), actualmente, são registrados no mundo cerca de 300-500 milhões de
casos de malária a cada ano. Deste número alarmante, 90% se concentram na África Tropical,
com aproximadamente 1,7 milhão de mortes, principalmente entre crianças menores de 5 anos de
idade. O restante está distribuído nas Américas Central e do Sul, Sudeste Asiático e Ilhas da
Oceania.
De acordo com os dados da OMS de 2013, 207 milhões de pessoas desenvolveram malária
sintomática em 2012 e, 627.000 morreram devido à doença. As mulheres grávidas,
especialmente as primigestas, segundas gestas e as crianças menores de 5 anos, são as mais
afectadas, (Noormahomed; 2014)

Num estudo realizado em uma determinada população da cidade de Maputo, a prevalência foi de
1,9% enquanto que noutra população com características semelhantes estudada na cidade de
Mocuba, a prevalência foi de 14,7% para semelhante período do ano (2007 a 2008).

Segundo Noormahomed (2014), a doença representa 44% do total de consultas externas, 57%
dos internamentos em pediatria nos hospitais rurais e gerais e 26 % de todos os internamentos
nos hospitais, sendo o Plasmodium falciparum responsável por cerca de 90% de todas as
infecções por malária. Entre Dezembro de 2012 a Abril de 2013 6% das admissões nos serviços
intensivos do Hospital Central de Maputo, foram devido a malária severa, com uma taxa de
mortalidade de 23%. Casos de malária por outros plasmódios como o P. malaria e P. ovale estão
também documentados e respondem por 9% e 1% das infecções respectivamente. O Plasmodium

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vivax também tem sido detectado em algumas regiões do país embora com prevalência muito
baixa, inferior a 1%. Recentemente, um japonês que esteve em Moçambique, ao regressar ao
Japão apresentou-se com sintomas de malária e febre e, ao ser submetido a testes de malária,
foram nele detectadas as 4 espécies.

Ciclo Biológico
O ciclo de vida do plasmodium é heteroxénico, pode ser divido em duas partes principais, a
sexuada que ocorre no mosquito e a assexuada que ocorre no homem.

Ciclo biológico dePlasmodium spp. No mosquito


A fêmea do mosquito Anopheles precisa de de se alimentar de sangue para o amadurecimento
dos seus ovos e oviposição. Assim, quando esta pica o homem infectado para sugar o sangue,

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ingere consigo as formas sexuadas do parasita, os gametócitos. Deste modo, inicia-se uma fase
sexuada no interior do estômago do mosquito com a cópula, fecundação e formação de um ovo
ou zigoto.
O zigoto formado migra através da camada única de células do estômago do mosquito,
posicionando-se entre esta e sua membrana basal, iniciando-se de seguida um processo de
reprodução assexuada por esporogonia, donde resultam centenas esporozoítos que são as formas
infectantes para o homem. Os esporozoítos migram para as glândulas salivares do insecto onde
permanecem até este voltar a picar o homem onde são inoculados neste, junto com a saliva.

Ciclo evolutivo de Plasmodium spp.

Quando o mosquito infectado com formas evolutivas dePlasmodium spppica o homem para se
alimentar, injecta uma pequena quantidade de saliva contendo substâncias anticoagulantes de
modo a permitir-lhe sugar o sangue que necessita. Neste acto, são inoculados ao mesmo tempo
os esporozoítos. Estes permanecem cerca de 30 minutos livres na corrente sanguínea, sendo
alguns fagocitados e outros alcançam o fígado alojando-se de seguida no interior das células
hepáticas (hepatócitos).
Dentro do hepatócito, os esporozoítos passam por uma primeira divisão assexuada denominada
esquizogonia intrahepática. Decorridos alguns dias, dependendo da espécie do Plasmodium,
formam-se milhares de merozoítos e a célula hepática rompe-se libertando os merozoítos
resultantes para a corrente sanguínea. Na corrente sanguínea, os merozoítos invadem os glóbulos
vermelhos parasitando-os. Daí, inicia-se um processo de reprodução assexuada por esquizogonia,
denominado esquizogonia intraeritrocitária.
A esquizogonia intraeritrocitária cursa em ciclos que variam entre 24 a 72 horas e cada parasita
produz de 8 a 32 novos merozoítos dependendo da espécie do Plasmodium envolvida. Através de
mecanismos pouco conhecidos, alguns dos merozoítos formados durante a esquizogonia
sanguínea ou intraeritrocitária, sofrem diferenciação e transformam-se em gâmetas masculino e
feminino, 6 a 8 dias depois do início das crises febris. Os gametócitos constituem as formas
infectantes para o mosquito. Os acessos febris da malária coincidem com a ruptura dos
esquizontes.

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Transmissão
Para que haja transmissão da malária tem que haver pessoas infectadas, mosquitos do género
Anopheles e pessoas susceptíveis. A principal via de transmissbão da doença é pela picada da
fêmea dos mosquitos do gênero Anopheles.
Pode ainda ser contraída através da transfusão sanguínea, transmissão transplacentar, transplante
de órgãos, partilha de seringas e agulhas infectadas, acidentes de trabalho em pessoal de
laboratório ou outros profissionais de saúde ao manejar sangue infectado.
Geralmente, a transmissão ocorre em maior grau, nas regiões rurais e semi-rurais mas, pode
ocorrer também nas zonas urbanas. Nas regiões cuja altitude seja superior a 1.500 metros, o risco
de contracção de malária é pequeno. Os mosquitos transmissores possuem maior actividade
durante a noite e ao amanhecer, infectando-se a partir de homens infectados contendo
gametócitos.
O mosquito tende a picar mais as pernas, os braços ou o pescoço onde os vasos sanguíneos são
mais acessíveis, poupando o rosto e as mãos com vasos sanguíneos menos acessíveis. O maior
risco de aquisição da infecção é no interior das habitações, embora a transmissão também possa
ocorrer ao ar livre.

Patogenia
Qualquer indivíduo é susceptível à malária incluindo aqueles que já a contraíram por diversas
vezes, uma vez que a imunidade induzida pela presença do parasita nunca chega a conferir
proteção total. Apesar desta proteção não ser total ela contribui para o abrandamento dos
sintomas.
Certas características individuais (genéticas e fisiológicas), podem conferir uma certa resistência
natural à doença, contribuindo para que o indivíduo não apresente quadros mais graves de
doença. Constituem exemplos, a ausência de antígeno Duffy nos glóbulos vermelhos, que os
tornaria refratários à invasão pelo P. vivax, as hemoglobinopatias (HbS), em que a invasão pelo
P. falciparum é bastante reduzida, as enzimopatias como a deficiência em glicose-6-fosfato
desidrogenase, em que os parasitas não apresentariam um bom desenvolvimento no interior das
hemácias. A anemia das células falciformes é uma doença genética que ocorre nas regiões de alta
incidência de malária e os portadores da mesma, têm altas taxas de sobrevivência à malária,
sendo parcialmente resistentes a ela. As hemoglobinas anormais são uma proteção contra a
infecção malárica por, as suas hemáceas serem facilmente hemolisadas, traduzindo-se num

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tempo de vida curto e impedindo deste modo que o ciclo do parasita se complete na hemácea
com a consequente redução da parasitémia. Outros portadores de doenças genéticas, como
algumas talassémias, ou deficiências no gene da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase,
frequente nas populações do Mediterrâneo, também poderão ser o produto de selecção natural
positiva dos portadores, devido a maior resistência ao parasita.
A principal acção patogénica do parasita deve-se à anóxia dos tecidos, por causa da redução na
capacidade de transporte de oxigénio pelo sangue. Esta anóxia é fruto do aumento da destruição
intra e extravascular das hemáceas parasitadas e não parasitadas, exercida pelos macrófagos e,
também, como consequência da ruptura das hemáceas no final da esquizogonia intraeritrocitária.
As crises febris na malária, devem-se à ruptura dos eritrócitos com libertação dos merozóitos na
circulação sanguínea. Na infecção por Plasmodium falciparum, o período de incubação da
doença varia entre 9 a 15 dias. Na infecção por P. vivax e P. ovale ela ocorre entre 10-20 dias e
na infecção por P. malariae ocorre entre 20 a 40 dias.

Sinais e Sintomas
- Anemia,Astenia, Anorexia, Hepato esplenomegália, Fraqueza, Hemorragia,
Microinfartos, Comprometimento ou a falência da função renal e ou respiratória,
Síndrome de angústia respiratória, Confusão mental, convulsões e coma.

ATENÇÃO A malária cerebral é responsável por 80% dos óbitos devido a malária. Pode ter
um início gradual ou súbito, sendo os principais sintomas e sinais a febre,
cefaleia, confusão mental, sonolência, vômitos, diarreia, desidratação,
convulsões e coma. Outras manifestações neurológicas e psiquiátricas podem
surgir, incluindo delírio, hemiplegia, monoplegia, depressão, excitação, quadros
espásticos e flácidos, para além dos sintomas e sinais anteriormente descritos.
Por vezes, o quadro pode lembrar alcoolismo, tétano ou epilepsia. Plasmodium
falciparum é a unica espécie que causa malária cerebral.

Diagnóstico Parasitológico
Pode ser feito pelo método da gota espessa e da gota estendida. A gota espessa é o método
universalmente aceite e adoptado para o diagnóstico da malária. Trata-se de um método simples,
eficaz, de baixo custo e fácil de realizar. Sua técnica baseia-se na visualização do parasita através

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de microscopia óptica, após coloração pelo método de Giemsa, azul de metileno, Leishman e
Wrigth, examinado ao microscópio com aumento de 100x (Objectiva de imersão em óleo). A
gota espessa é 30 vezes mais sensível que a gota estendida pois, o sangue está concentrado. É útil
para se estimar o grau de parasitemia, existindo várias métodos de contagem de parasitas a saber:

Parasitas por µl- densidade parasitária na gota espessa.


Este método baseia-se no número de parasitas na gota espessa, em que tais parasitas são
contados em relação a um número pré determinado de leucócitos. Uma média de 8.000
leucócitos por µl é usada como “standard”. O método consiste na contagem simultânea do
número de leucócitos e do número de parasitas. Se, depois de 200 leucócitos terem sido
identificados 10 ou mais parasitas, pára-se a contagem e usa-se a fórmula:

ATENÇÃO
Parasitas / µl de sangue = (nr. de parasitas x 40) / nr de Leucócitos x 8.000
leucócitos/µl

Se depois de 200 leucócitos terem sido identificados 9 ou menos parasitas, continua-se com a
contagem até que se atinja 500 leucócitos, depois pára-se a contagem e usa-se a fórmula:
ATENÇÃO
Parasitas / µl = (nr. de parasitas x 16) / nr de Leucócitos x 8.000 leucócitos/µl

Sistema de cruzes
Considera-se
+ = 1 a 10 parasitas em 100 campos microscópicos de gota espessa.
++ = 11 a 100 parasitas em 100 campos microscópicos de gota espessa.
+++ = 1 a 10 parasitas por cada campo microscópico de gota espessa.
++++ = 11 a 100 parasitas por cada campo microscópico de gota espessa.
+++++= Mais de 100 parasitas por cada campo microscópico de gota espessa.

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Percentagem de glóbulos vermelhos infectados


Neste método faz-se a contagem simultânea do número total de hemáceas e do número total de
hemáceas parasitadas. Depois de um total de 500 hemáceas terem sido contadas, para-se a
contagem e usa-se a fórmula abaixo. Parasitemia = (nr. de hemáceas parasitadas/nr. total de
hemáceas) x 100% A gota estendida é menos sensível que a gota espessa, mas permite que, com
maior facilidade e segurança, se possam diferenciar as espécies dos parasitasa partir da análise da
sua morfologia e das alterações provocadas nas hemáceas infectadas.

Medidas de prevenção
As medidas de controle e prevenção, devem basear-se em medidas de ordem pessoal,
comunitária e de luta antivectorial:
- Para evitar o contacto entra o homem e o vector: Uso de repelentes químicos, redes
mosquiteiras, redes nas janelas
- Para dimunuir a população de mosquitos: Uso de insecticidas, drenagem de pântanos,
eliminação de lixo e resíduos que portam água estagnada.

Tratamento
Os fármacos utilizados para o tratamento da malária dependem da espécie do plasmódio, das
condições locais, tais como a resistência aos antimaláricos, os esquemas definidos pelos sistemas
nacionais de saúde e das condições individuais de cada paciente.

Existem vários grupos de fármacos antimaláricos de acordo com fase evolutiva dos plasmódios,
nomeadamente: Drogas com acção esquizonticida tecidual (primaquina, tetraciclina,
doxiciclina), Drogas com acção esquizonticida hemático (cloroquina, quinina, tetraciclina,
doxiciclina, clindamicina, mefloquina, lumefantrine, artemisina e derivados) e Drogas com
acção gametocida (cloroquina).

Os medicamentos esquizonticidas hemáticos (cloroquina) eliminam também os gametocitos de


P. vivax e, possivelmente P. malariae mas, não são eficazes contra os gametócitos de P.
falciparum. A quinina é um poderoso estimulante da secreção de insulina pelas ilhotas de
Langerhans e pode agravar a hipoglicemia.

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2.3. Wuchereria bancrofti


DEFINIÇÃO Wuchereria bancrofti: é agente etiológico da doença da elefantíase. Esta
denominação é devido a dilatação dos menbros afectados lembrando o pé
de elefante (Neves, 2009)

Doença: Filariase ou elefantíase

Morfologia
Wuchereria bancrofti possui diferentes formas evolutivas (Verme adulto,microfilária, larvas) nos
hospedeiros vertebrados (humanos) e invertebrados (mosquitos-vectores). Suas primeiras
descobertas (microfilárias) dão-se a Desmarquay em 1863 na linfa escrotal de um paciente,
estudos foram também realizados por Wucherer em 1866, mas foi Bancroft que encontrou o
verme adulto em 1876 daí a relação entre o nome do parasita e deste autor.

Verme Adulto Macho


Corpo delgado e branco-leitoso. Mede de 3,5 a 4cm de comprimento e 0,1mm de diâmetro.
Possuem a extremidade anterior afilada e posterior enrolada ventralmente.

Verme Adulto Fêmea


Corpo delgado e branco-leitoso. Mede de 7 a 10cm de comprimento e 0,3mm de diâmetro.
Possui órgãos genitais duplos, com exceção da vagina, que é única e se exterioriza em uma vulva
localizada próximo à
extremidade anterior

Os vermes adultos
também são
denominados
filárias,daí advindo o
nome da doença-
filaríase linfática.

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Microfilária
Esta forma também é conhecida como embrião. A fêmea grávida faz a postura de
microfilárias,por isso as microfilárias são as larvas produzidas pelas fêmeas que possuem uma
membrana extremamente delicada e que funciona como uma flexível". A microfilária mede de
250µm a 300 µm de comprimento e se movimenta activamente na corrente sanguínea do
hospedeiro.
Seu movimento chicoteante sem carácter direcional chama logo atenção de quem examina ao
microscópio o sangue recém colhido do paciente. Ela apresenta núcleos que se coram os quais
correspondem as células subcuticulares (formarão a musculatura); células somáticas (formarão
tubo digestivo). Na região caudal possui uma fiada de núcleos que constituem percursores do
aparelho genital.
Por razões aida desconhecidas estas, não aparecem na circulação periférica durante o dia,
começando a aparecer ao anoitecer até primeiras horas da madrugada, depois desaparecem pela
manhã.

Larvas
São encontradas no insecto vector. A larva de primeiro estádio (L1) mede em torno de 300 µm
de comprimento e é originária da transformação da microfilária. Essa larva se diferencia em
larva de segundo estádio (L2), duas a três vezes maior, e sofre nova muda originando a larva in-
fectante (L3).

Epidemiologia

Essa enfermidade é endêmica em várias regiões com clima tropical e subtropical na Asia, Africa
e Américas, sendo sério problema de saúde pública em países, como China, Índia, Indonésia e
partes leste, central e oeste da África. Estimativas apontam para cerca de 1 bilhão a população
que vive em áreas de risco de contrair a infecção e em 120 milhões o número de parasitados.
Destes, aproximadamente 112 milhões são portadores de W. bancrofii e oito milhões são
portadores de B. malayi ou B. timori.
Dos cercade 112 milhões de pessoas infectadas porW. bancrofti, em pelo menos 80 países cerca
de um terço dos pacientes vive na India, um terço na África, e o restante no Sudeste Asiático,
ilhas a oeste do Pacífico e Américas.

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ATENÇÃO Brugia malayi e Brugia timori também são causadores da filariose linfática
humana. A Brugia malayi é encontrada no sul e sudeste da Ásia, e no Pacífico
Oriental, principalmente na China, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas,
Tailândia e Vietnã. A Brugia timori é encontrada no leste da Indonésia e na ilha
de Timor.

Patogenia
Duas acções patogénicas principais são exercidas pelo de W. bancrofti.

Acção mecânica
- A presença de vermes adultos dentro de um vaso linfático pode provocar estase linfática
com linfangiectasia (dilatação dos vasos linfáticos); derramamento linfático ou
linforragia. Esse derramamento, ocorrendo nos tecidos, provocará o edema linfático (por
exemplo, nas pernas). Ocorrendo na cavidade abdominal, teremos a ascite linfática e na
túnica escrotal, a linfocele. Pode também ocorrer derramamento de linfa nas vias
urinárias (linfúria ou quilúria).

Acção irritativa
- A presença dos vermes adultos dentro dos vasos linfáticos, bem como dos produtos do
seu metabolismo ou de sua desintegração após a morte, provoca fenômenos
inflamatórios. Como conseqüência,ocorre a linfangite (inflamação dos vasos) e adenite
(inflamação e hipertrofia dos gânglios linfáticos). Frequentemente aparecem fenômenos
alérgicos, como urticárias e edemas extrafocais.

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O mosquito vector ao sugar o sangue infectado durante a hora em que a filarémia é maior retira
também as larvas e no estômago do mosquito perdem a bainha. As larvas sobreviventes perfuram
a parede do
estomago,
nadam na
hemolinfa e
chegam ao
tórax do
insecto onde
sofrem
modificações.
Nos primeiros
5 dias a larva
cresce até
300µm. A L2
desenvolve-se
rapidamente
para L3 que
constitui a
forma
infectante para os vertebrados. Nesta fase o crescimento é interrrompido e ela move-se
activamente pels paredes do mosquito até a tromba. Quando o mosquito volta para sugar sangue,
a larva invade o organismo humano com estímulo do calor da pele, migram até chegar nos locais
definitivos, onde desenvolvem a processos obstrutivos.

Trasmissão
A transmissão é efectuada unicamente pela picada do inseto vector (fêmea de Culex
quinquefasciahrs,em outros casos os Anophelis e Aedis) e da penetração das larvas infectantes
na pele lesada das pessoas. O estímulo que provoca a saída das larvas da probóscida do mosquito
é o calor proveniente do corpo humano. A humidade da pele, permite a progressão e penetração
das larvas.

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Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas incluem: linfangites, linfadenites, mal-estar, cefaleia, insónia, dores
musculares, fadiga, etc.

Diagnóstico Parasitológico
A pesquisa de microfilárias no sangue periférico é feita por diferentes métodos como pesquisa na
gota espessa em Lâmina, ELISA,testes rápidos etc. Entre as técnicas disponíveis, a mais utilizada
é a gota espessa preparada com 20 a 100µL de sangue colhido por punção capilar digital, entre as
22-24 horas devido a sua periodicidade nocturna. Após 12- 15 horas do preparo das lâminas com
sangue, faz-se a desemoglobinização, cora-se pelo Giemsa e examina-se ao microscópio para
verificar a presença de microfilárias. A gota espessa tem boa sensibilidade quando a parasitemia
se encontra acima de 10 microfilárias/ml de sangue. Para aumentar a sensibilidade desta técnica
recomenda-se preparar mais de uma lâmina de um mesmo paciente. Outra técnica é a descrita
por Knott (1939). Consiste em diluir 5 rnl de sangue na proporção de 1: 10 com formol 1 a 2% e

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centrifugar. As microfilárias estarão no sedimento, que será analisado após preparo de gotas
espessas e coloração com Giemsa.

Tratamento
O tratamento da filariose bancroftiana é realizado para atingir três principais objectivos:

- Primeiro objectivo: Reduzir ou prevenir a morbilidade em indivíduos com infecção


activa.

- Segundo objectivo: Correcção das alterações resultantes do parasitismo (edema,


hidrocele).

- Terceiro objectivo: Impedir a transmissão a novos hospedeiros.

Contra o parasito, o medicamento utilizado é o citrato de dietilcarbamazina (DEC). A dose usual


recomendada pela OMS para tratamento individual é 6mg/kg/dia, via oral, durante 12 dias,
Também é usada a ivermectina com doseunica de 100- a 400µg/kg de peso.

Para o tratamento do linfedema, recomenda-se intensiva higiene local, com uso de água, sabão e,
quando necessário, administração de antibióticos, para combater infecções bacterianas que
agravam o quadro. A higiene do membro afetado, fisioterapia ativa, drenagem postural, e uso de
compressas leva a melhora do linfedema.

Deve-se regularmente exercitar o membro afetado, para promover o fluxo da linfa. Também é
recomendável o uso de meias elásticas que, por compressão externa, ajudarão a reduzir o edema.
O tratamento da hidrocele e quilocele deve ser feito cirurgicamente.

Os vermes adultos, de ambas as espécies, têm aspecto branco leitoso e são encontrados nos vasos
linfáticos dos hospedeiros. O ciclo de vida, patogenia, transmissão, medidas preventivas,
diagnóstico é tudo semelhante a W. Bancrofti. (As microfilária tem algumas diferenças.

Medidas de Prevenção
As medidas de prevenção incidem principalmente:
- Tratamento de todas as pessoas parasitadas.
- Combate ao insecto vector.

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- Uso de rede mosquiteiras.


- Eliminação dos focos reprodutivos dos vectores, etc.

2.4. Onchocerca volvulus

DEFINIÇÃO A Onchocerca volvulus é um filarídeo do tecido subcutâneo humano.A


oncocercose (doença causada por O. volvulus) é também conhecida como
"cegueira dos rios", devido a sua mais séria manifestação e porque, nas áreas
endêmicas, o vector é abundante em áreas férteis próximas de rios (Neves,
2009)

Os parasitos vivem enovelados em oncocercomas ou nódulos fibrosos subcutâneos. Há,


geralmente, um casal de vermes adultos em cada nódulo, cuja localização é variável: nos
pacientes do México e da Guatemala, os nódulos são encontrados principalmente no couro
cabeludo; na Venezuela, Colômbia e em países da África, são vistos no tronco, nádegas e
cotovelos. Um casal de vermes adultos vive aproximadamen- te 14 anos.

Doença: Oncocercose

Morfologia

As principais Formas deste parasita são vermes adultos macho e fêmea e as microfilárias. As
fêmeas medem entre 40 e 50cm e os machos entre 2 e 4cm. As microfilárias não apresentam
bainha e medem cerca de 300µm de comprimento. Circulam nos vasos linfáticos superficiais e
no tecido conjuntivo da pele, mas podem ser encontradas também na conjuntiva ocular do
hospedeiro humano. Permanecem nesses locais por até 24 meses, não apresentam periodicidade
e podem, em alguns casos, alcançar o sangue, sendo encontradas no baço, nos rins e também no
sedimento urinário.

As microfilárias parecem-se com as de Wuchereria, mas embora existam pequenas diferenças a


destacar como:

- Inexistência de bainha.

- Sua inexistência no sangue.

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- Sua abundância na pele durante todas horas da noite.

- Extremidade anterior desprovida de estilete.

- Cauda longa e bem afilada com 4 a 8 núcleos alongados que não chegam a ponta.

Patogenia

A patogenia da Oncocerca voluvulus caracteriza-se pelas seguintes manifestações:


Oncocercoma, Dermatite Oncocercosa, Lesões Oculares.

Oncocercomas

Os helmintos são envolvidos por uma


cápsula de tecido fibroso, formando os
nódulos subcutâneos (oncocercomas), que
medem desde alguns milímetros até 3cm ou
mais de diâmetro.Enquanto os parasitos
estão vivos, o maior problema do
oncocercoma é estético. Quando estes
vermes morrem, há intenso processo

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inflamatório, dor, calcificação e aparecimento de fibrose.

Dermatite Oncocercosa

A dermatite oncocercosa é causada,


principalmente, pela migração das microfilárias
através do tecido conjuntivo da pele. É uma
dermatite eczematóide extremamente
pruriginosa seguida, às vezes, de
liquenificação, perda de pigmento e atrofia da
pele.

Lesões Oculares

Constituem a mais séria manifestação da oncocercose, deve-se a presença de microfilárias a


nível no olho. Pode provocar lesões
irreversíveis dos segmentos anterior e
posterior do olho, resultando em sério
comprometimento da visão e podendo
levar a cegueira completa. Antes da
cegueira total, podem aparecer outros
distúrbios, como cegueira noturna,
redução do campo visual periférico e
diminuição da acuidade visual.

Lesões linfáticas

Pode ocorrer infartarnento dos linfonodos próximos das lesões cutâneas ricas em microfilárias,
com adenopatias. Se a obstrução linfática for muito intensa e demorada, pode ocorrer edema
linfático e fibrose nas áreas atingidas.

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Ciclo Biológico

O ciclo biológico do parasita é heteroxênico ocorre entre humanos e dípteros do gênero


Simulium, popularmente conhecidos na América do sul como "borrachudo" ou "pium" estes
nomes não são conhecidos em Mocambique. As fêmeas destes dípteros são hematófagas, mas
sugam também o liquido tissular, ocasião em que ingerem as microfilárias que irão se
desenvolver até larva infectante (L3), que ocorre no hospedeiro invertebrado em cerca de 10 a 12
dias sob condições adequadas de temperatura (25- 30°C) e humidade relativa do ar em tomo de
80%. As larvas infectantes alcançam a probóscide do vector e, na ocasião de um repasto
sanguíneo, irão atingir um novo hospedeiro, dando origem a vermes adultos no tecido
subcutâneo, aproximadamente um ano após a infecção. Um casal de vermes adultos vive
aproximadamente 12 anos e cada fêmea pode produzir milhões de microfilárias, cuja
longevidade é de até 24 meses.

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Epidemiologia

Dos 35 países afectados pela oncocercose, 28 são da África (ao sul do Sahara), 1 na Península
Arábica (Iêmen) e 6 nas Américas. A oncocercose atinge cerca de 18 milhões de pessoas no
mundo (99% na África), das quais aproximadamente 270 mil estão cegas, devido ao parasitismo.
Em vista disso, essa doença é considerada pela Organização Mundial de Saúde como uma grave
endemia, sendo um obstáculo para o desenvolvimento socioeconómico.

Diagnóstico
Pela sintomatologia do paciente e dados epidemiológicos pode-se suspeitar da infecção, mas o
diagnóstico laboratorial confirma a parasitose. Como a microfilária de O. volvulus não é,
rotineiramente, encontrada no sangue, o exame deste por gota espessa não é utilizado para o
diagnóstico da oncocercose. O melhor método é a retirada de um fiagrnento superficial da pele
("retalho cutâneo") da região escapular e/ou do quadril ou da região do corpo mais afetada. Esse
fragmento, retirado com um esclerótomo, é incubado por 30 minutos em gotas de solução
fisiológica sobre uma lâmina de vidro e coberto com uma lamínula. Em alguns minutos, as
microfilárias abandonam o fragmento de pele, sendo vistas ao microscópio movimentando-se
ativamente.

Exames oftalmológicos. São de grande valia para verificar a presença de lesões e microfilárias.
Com auxílio de uma lâmpada de fenda podem-se identificar microfilárias no humor aquoso e
câmara anterior do olho.

Teste de Mazzotti. Quando não se consegue demonstrar o parasito por métodos convencionais,
pode-se utilizar o teste de Mazzotti (diagnóstico de infecções inaparentes ou assintomáticas). O
teste de Mazzotti consiste em administrar, por via oral, 50mg de dietilcarbamazina ao paciente,
aguardar algumas horas e verificar o aparecimento de prurido, edema e dermatite, que indicam a
oncocercose, pois estas reações alérgicas do hospedeiro são causadas pela morte de microfilárias
na pele. Estas reações podem permanecer por até 24 horas. O teste não deve ser utilizado em in-
divíduos com parasitismo evidente.

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ATENÇÃO Microfilárias de Mansonella ozzardi podem estar nos capilares sanguíneos do


retalho cutâneo, dificultando o diagnóstico. Em caso de dúvidas, deve-se corar as
microfilárias pelo Giemsa e examinar as diferenças morfológicas

Tratamento

A ivermectina estimula a liberação do ácido gama amino butírico (GABA) nas terminações
nervosas, favorecendo sua fixação no nível dos receptores, interferindo na transmissão de
impulsos nervosos, determinando a eliminação dos parasitas. Em dose única de 200pg/kg (via
oral) destrói as microfilárias, impedindo a ampliação das lesões cutâneas e também atenuando ou
impedindo o acometimento do globo ocular.

Medidas de Prevenção

As medidas de prevenção incluem:

- Tratar os parasitados.

- Combater o vector.

- Usar repelentes e roupas adequadas.

2.5. Trypanossoma Brucei

É agente etiológico da doença do sono ou tripanossomíase Africana, com distribuição


exclusivamente africana devido ao facto do vector de transmissão depender de insectos do
gênero Glossina (mosca tsé-tsé) encontrados apenas em África. Há duas subspécies principais de
Trypanossoma que causam doença de sono em África: T.brucei gambiensis e T.brucei
rhodesiense. A gambiense é responsável pela doença na África Ocidental enquanto que a outra é
responsável pela doença na África Oriental.

Doença: Tripanossomíase Africana ou Doença do sono

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Morfologia
A principal forma de T. Brucei é tripomastigota

Epidemiologia

A Tripanossomíase Africana constitui importante problema de saúde pública, com 50 milhões de


pessoas expostas ao risco de infecção e 20 mil casos nonos notificados anualmente, (Rey;1991).

A doença causada por T.b.gambiense é encontrada em países da África ocidental e central entre
os paralelos 15º N e 29º S.

A doença causada por T.b.rhodesiense ocorre na parte oriental do continente africano em países
como: Moçambique, Uganda, Malawi,Qénia, Tanzânia, Zâmbia,Zimbábwe.

Em Mçambique houve redução dos casos de 43 em 1968 para18 em 1977. Os principais focos
encontram-se nas províncias de Tete com 90% dos casos, Nampula, Niassa,Cabo Delgado,
(Rey;1991).

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

Ciclo Biológico

Transmissão

A transmissão pode ocorrer por:

- Picada da mosca Vector infectada


- Transfusão sangüínea
- Transmissão congênita
- Acidentes de laboratório com sangue contaminado
- Transplante de órgãos de indivíduos infectados, etc

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Patogenia

A doença manifesta-se com alterações da parede vascular e perturbações na microirculação.No


sistema nervoso, essas lesões conduzem a um quadro de meningecefalite que passa a dominar a
patologia e a condicionar os apectos clínicos da doença do sono.Especificamente ocorre aumento
do volume do liquor, infiltração dos linfócitos e plasmócitos em torno dos vasos das meninges e
encéfalo, zonas de necroseisquêmica e de hemorragias petequiais.

Sinais e Sintomas

Os sinais e sintomas da Trypanossoma brucei incluem:

- Anemia
- Imunodepressão
- Lesões celulares
- Linfocitose e monocitose
- Sonolência
- Lesões no SNC.
Diagnóstico Laboratorial
- Pesquisa do Parasita
- Sorológico

Pesquisa do Parasita
- Exame a fresco
- Gota espessa
- Esfregaço sanguíneo
- Cultura

Tratamento

A proposta da OMS para regiões com T.b.rhodesiense é:

- Se LCR for normal cura pela suramina

- Se LCR for anormal tratamento combinado de suramina e melarsoprol

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Medidas de Prevenção

Tendo em conta o modo de transmissão e o vector devem ser tomadas as seguintes medidas:

- Controlo dos locais de reprodução da mosca Tsé-Tsé,

- Uso de insecticidas

- Tratamento dos casos humanos para reduzir a transmissão pelas moscas.

- No caso de viajantes para zonas endémicas, estes devem utilizar roupas apropriadas,
mosquiteiros e repelentes de insectos.

Testes Rápidos

A imunocromatografia é uma técnica que começou a ser desenvolvida nos anos 60, sendo
primeiro criada para o estudo das proteínas séricas.

Actualmente é empregue para a detecção de muitas doenças infecciosas: Dengue, malária,


amebíase, peste babônica, brucelose, giardíase, leishmaniose visceral, hepatite B, infecção por
HIV, cinomose, parvovirose, Helicobacter pylori, Streptococcus pneumoniae, entre outras.

De grande valor em situações nas quais os profissionais de saúde necessitem tomar decisões e
assumir condutas imediatas.

Os testes rápidos (imunocromatográficos) têm as seguintes características:

- Qualitativos.

- Teste de triagem.

- Rápido.

- Económico.

- Fácil interpretação.

- Leitura é feita a olho nu.

- Apresenta sensibilidade e especificidade boa.

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Princípio dos tetes rápidos

- É utilizada uma matriz de membrana de nitrocelulose ligada a uma tira de acetato


transparente para detectar antígeno ou anticorpo.

Para detectar antígeno

- Emprega-se um anticorpo de captura, ligado à matriz e um anticorpo específico ao


antígeno pesquisado.

Para detectar anticorpo

- Utiliza-se um antígeno específico ligado à matriz e um anticorpo anti-imunoglobulina


marcado.

Procedimento
Para se efectuar o teste rápido é importante antes ler as instruções do fabricante, pois diferem de
acordo com o fabricante,mas basicamente os passos usado são: deposição da amostra no poço,
deposição do reagente, esperar determinado tempo para que ocorra a reação e ler o
resultado.Antes porém é importante verificar a dadta de validade dos tetes, as condições de
conservação.

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Interpretação dos resultados


- POSITIVO: Este resultado é atribuído quando linhas são visíveis na matriz da reação,
sendo uma linha na
região controle (C) e
outra na região teste
(T). A intensidade da
cor da linha teste (T)
poderá variar de
acordo com a
concentração do
pesquisado presente na
amostra. Todavia,
qualquer intensidade
de cor na linha teste
indica resultado positivo.

- NEGATIVO: Apenas uma linha é visível na região controle (C), não sendo observada
linha na região teste.

- INVÁLIDO: Não é evidenciada a linha controlo (C). As razões mais comuns de falha
são o volume insuficiente de amostra ou falha no procedimento

técnico. Neste caso, reler a técnica e repetir o teste com uma nova tira.

- Dependendo de laboratório para laboratório, alguns adoptam a denominação retivo e não


reativo ao invés dos termos positivo, negativo.

RESUMO

Na pesquisa parasitária no sangue, usam-se dois tipos de colheita, capilar e venoso. Na lâmina,
são realizadas duas gotas: espessa e estendida. Gota espessa: permite a determinação
quantitativa da parasitemia visto que os parasitas encontram-se concentrados. Gota estendida:
permite identificação do tipo de espécie de parasitas.

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Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 4

Actividades de ensino-aprendizagem:
Execução de esfregaço,coloração e identificação de espécie de plasmodium
ACTIVIDADE nº 01
Duração 4h
Objectivos:
Execução do esfregaço sanguíneo, coloração, identificação da espécie de plasmodium e sua
quantificação dando a densidade parasitária e a quantidade de glóbulos vermelhos
parasitados
Conteúdos de referência:
- Preparação da amostra de sangue para processamento.
- Identificação das características do plasmodium.
- Métodos de quantificação de parasitas
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos terão 3 amostras de sangue, nas quais irão efectuar esfregaços em cada, fazer a
coloração e quantificar os parsitas pela densidade parasitária e glóbulos parasitados.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Orienta a formação dos grupos de trabalho.
- Disponibiliza amostras, equipamentos, reagentes, e materiais necessários.
- Supervisiona os estudantes durante a execução da actividade
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Bloco de notas
- Esferográfica
- Cabine de segurança biológico
- Material de proteção individual
- Solução desinfetante
- Lâminas
- Gimsa
- Microscópio
- Óleo de imersão
- Papel de lente

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Critérios de avaliação
A critério do docente da cadeira

Actividades de ensino-aprendizagem: Execução de testes rápidos

ACTIVIDADE nº 02
Duração 4h
Objectivos:
- Realizar pesquisa de parasitas usando testes rápidos
- Identificar parasitas
Conteúdos de referência:
- Testes rápidos
- Características morfológicas de parasitas
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos terão 4 amostras e em grupos de 4 farão pesquisa de parasitas de acordo com os
testes rápidos disponíveis e na mesma aula os alunos terão lâminas para identificar os
parasitas existentes.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Orienta a formação dos grupos de trabalho
- Disponibiliza amostras, equipamentos, reagentes, e materiais necessários
- Supervisiona os estudantes durante a execução da actividade
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Bloco de notas.
- Esferográfica.
- Cabine de segurança biológico.
- Material de proteção individual.
- Microscópio.
- Lâminas microscópicas.
- Lamelas.
- Solução desinfetante.
- Caixa encineradora.

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- Testes rápidos
Critérios de avaliação
- A critério do docente da cadeira

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.Misau (2011) Hematologia e Banco de sangue, 1ª Edição Maputo- Mozambique


2.Neves David Perreira,(2009) Parasitologia Humana, 11ª Edição, Editora: Atheneu- Brasil,
3.Niquice Aníbal J.(1997) Parasitologia Intestinal Clínica, Editor:Instituto de Ciências de saúde
de Maputo.
4.Pessôa Samuel B e Martins Amilcar V.(1982) Parasitologia Médica, 11ª edição, Editora:
GUANABARA KOOGAN,
5.Jawetz,Melnick e Adalberg (2009), Microbiologia Médica,24ª Edição

6.Robert W.Bauman,(2009) Microbiology 2ª Edição.

7. Noormahomed Emília Virginia R.I, (2014) Manual de parasitologia humana, 1ª Edição,


Editora:Imprensa universitária, Maputo- Moçambique.

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GLOSSÁRIO

A
 Amostra biológica: Parte do material biológico de origem humana utilizado para análise
laboratorial

D
 Diagnóstico laboratorial: É o processo conclusivo do laboratório sobre a existência ou
não; ou estágio de uma determinada patologia valendo-se de evidência cientificamente
comprovadas, possíveis de demostrar no laboratório.

E
 Espécie: Conjunto de organismos semelhantes entre sí, capazes de se cruzar e originar
descendentes férteis.

 Estágio: É a fase intermediária ou intervalo entre mudas da larva de um Artrópode ou


Helminto

 Epidemiologia: É o estudo da distribuição e dos factores determinantes da frequência de


uma doença

H
 Habitat: É o ecossistema, local ou órgão onde determinada espécie ou população vive.

I
 Incidência: É a frequência com que uma doença ou facto ocorre num período de tempo
definido e com relação a população.

M
 Método: Maneira de ordenar uma acção ou etapas para chegar a um resultado, ou é o
modo de realizar determinados exames.

P
 Portador: Hospedeiro infectado que alberga o agente infeccioso, sem manifestar
sintomas, mas capaz de transmiti-lo a outrem.

 Poluição: É a presença de substâncias nocivas mas não infectantes no ambiente

 Prevalência: Termo geral utilizado para caracterizar o número total de casos de uma
doença ou qualquer outra ocorrência numa população em tempo definido.

 Profilaxia: Conjunto de medidas que visam a prevencao, erradicacao ou controle de


doencas ou factos prejudiciais aos seres vivos.

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R
 Requisição de análises: É um formulário identificativo que contém informações
relevantes do paciente, tipo de análise a efectuar bem como o indivíduo requisitante.

 Rótulo: Toda informação referente a um producto que esteja transcrita na sua embalagem.

 Solução: Mistura homogênea entre um solvente e um soluto.

 Técnica laboratorial:Conjunto de saberes de origem prática ou procedimentais (regras,


normas ou protocolos) usados para obter um determinado resultado.

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QUESTÕES DE AUTO- AVALIAÇÃO

Unidade I
1.A associação que ocorre entre a Lactobacillus e a mucosa vaginal da mulher pode ser definida como:
a) Predatismo
b) Simbiose
c) Canibalismo
d) Parasitismo

2.Constiutuem acções do parasita sobre o hospedeiro, excepto:


a) Mecânica
b) Tóxica
c) Espoliativa
d) Inflamatória

3. Um parasita obrigatoriamente deve:


a) Exercer apenas um só tipo de acção contra o hospedeiro
b) Exercer todo tipo de acções sobre o hospedeiro
c) Execer nenhuma acção contra o hospedeiro
d) Nenhuma alternativa é correcta
e) A,B C estão correctas

4.A intensidade de uma doença parasitária depende:


a) Tamanho do corpo de hospedeiro
b) Suas convicções religiosas do hospedeiro
c)Tipo de nutrição do hospedeiro
d) Estado nutricional do hospedeiro

5.Os termos “Parasita facultativo” e “Ectoparasitas” referem-se a classificação dos parasitas quanto a:
a) Necessidade de hospedeiro e a localização no hospedeiro
b) Alternância de gerações e ciclo evolutivo
c) Ciclo evolutivo e necessidade de hospedeiro
d) Localização no hospedeiro e Alternância de gerações

6. Coloque “V” nas afirmações verdadeiras e “F” nas falsas


a) O mecanismo que o parasito usa para causar doença ao hospedeiro denomina-se virulência ( )

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b) Todo indivíduo parasitado é doente ( )

7.A doença parasitária se instala quando há:


a) Desiquilíbrio entre a acção do parasita e resistência do hospedeiro
b) Desiquilíbrio entre a acção do parasita e acção do seu vector
c) Equilíbrio entre a acção do parasita e resistência do hospedeiro
d) Equilíbrio entre a acção do parasita e a acção do seu vector

8. Giardia lamblia é um parasita que conclui todas fases do seu desenvolvimente apenas no homem, enquanto
quePlasmodium possui uma fase do seu desenvolvimento que acontece no homem e outra que acontece no
mosquito. Assim, pode-se dizer que G.lamblia e plasmodium são respectivamente:
a) Heteroxênico , Heteroxènico
b) Monoxênico , Monoxênico
c) Heteroxênico , Monoxênico
d) Monoxênico , Heteroxênico

9. A reprodução sexuada do plasmodium sp, acontece no estômago do mosquito, enquanto que a reprodução
assexuada acontece no homem. Assim pode- se dizer que o:
a) Homem é hospedeiro definitivo do plasmodium
b) Homem é hospedeiro intermediário do plasmodium
c) Mosquito é hospedeiro defintitivo do homem
d) Mosquito é hospedeiro intermediário do homem

10.Plasmodium sp é um parasita que não consegue completar seu ciclo de desenvonvimento sempassar por
um hospedeiro. Isso significa que é:
a) Parasita facultativo
b) Parasita obrigatório
c) parasita obrigatoriamente facultativo
d) Todas estão correcta

11.Diferencie vector de agente etiológico.

12.Explique quando é que um organismo pode ser vectror, hospedeiro, habitat de um agente infeccioso.

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Unidade II

1.Sobre a colheita de amostra de fezes todas afirmações estão correctas excepto:


a) O frasco de colheita deve ser estéril
b) Não expôr o frasco com amostra a luz durante o transporte
c) É importante que o paciente comprienda as recomendações dadas
d) A quantidade de fezes recomendada para análises é de 15 a 20 gramas

2.Estudantes de Laboratório do ICSM identificaram uma proteína de Ascaris lumbricoides através de um teste
imunocromatográfico na amostra de soro de um paciente. O método por eles usado é classificado como:
a) ELISA
b) Directo
c) Indirecto
d) Teste rápido

3. Um grupo de estudantes ao analisar as fezes descobriu que seguintes achados: presença de muco e ovos de
S. Mansoni. Os exames realizados pelos estudantes são respectivamente:
a) Macroscópico e Microscópico
b)Microscópico e Macroscópico
c) Macroscópico e Macroscópico
d) Microscópico e Microscópico

4.Os termos: líquidas, semi-líquidas, pastosas,formadas e duras referem-se a:


a) Classificação macroscópica das fezes quanto a aparência
b) Classificação macroscópica das fezes quanto a consistência
c) Classificação microscópica das fezes quanto a aparência
d)Classificação microscópica das fezes quanto a consistência

5.A cor normal das fezes é devido a presença de ___________________________.

6.São razões de fezes constipadas as seguintes, excepto:


a) Maior ingestão de líquidos
b)Alimentação com pouca fibra
c) Sedentarismo
d) Depressão

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7.Diarreia é:
a) Aumento do número de evacuações acompanhada pela perda de consistência das fezes
b) Aumento do número de evacuações acompanhada pelo aumento da consistência das fezes
c)Diminuição do número de evacuações acompanhada pela perda de consistência das fezes
d) Diminuição do número de evacuações acompanhada pelo aumento de consistência das fezes

8.Fazem parte das técnicas de sedimentação as seguintes:


a) Método de Hoffman, Pons & Janer e Método de Ritchie
b) Método de Hoffman, Pons & Janer e Método de Faust
c) Método de Ritchie e Método de Willis
d) Método de Willis e Método de Faust

9.O Método de graham (Método da fita adesiva) é utilizado para pesquisa de:
a) Schistosoma mansoni
b) Taenia solium
c) Giardia lamblia
d) Enterobius vermiculares

10.Apresenta-se sob forma de quisto e trofozoíto; trofozoíto em formato de pêra,quisto resistente ao processo
de cloração de água.A descrição acima é referente a
a)Entamoeba hystolítica
b)Trichuris trichuria
c)Giardia lamblia
d)Ascaris lumbricoides
e) Taenia ssp

11. São parasitoses intestinais as seguintes:


a) Diarreia com sangue, Giardíase, Amebíase
b) Malária,Giardíase, Tricomoníase
c)Tricomoníase,Tripanossomíase,Amebíase
d) Giardíase,Tricuríase, Ascardíase

12.Coloque em frente de cada parasita a sua fase infectante para o homem

a) Entamoemba histolitica-

b) Giardia lamblia -

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c) Balantidium coli –

d) Trichuris trichuria-

Ascaris lumbricoides-

13.Período negativo é:

a) Período de eliminação acentuada de formas parasitaárias

b) período de eliminação moderada de formas parasitárias

c)Período de eliminação reduzida de formas negativas

d) Período de não eliminação de formas parasitárias

14. Identifique as seguintes imagens:

B C D

15.Explique os ciclos evolutivos de Giardia lamblia, Trichuris trichuria, Schistosoma mansoni.

16. Que estratégias podem ser efectuadas para contornar o período negativo?

17. Explique por palavras suas a diferença entre métodos de flutuação, sedimentação.

18.Explique a diferença entre os métodos de directo a fresco e de coloração.

Unidade didática III


1. Qual é a constituição básica da Urina?

2. Qual é o objectivo do exame macroscópico da urina

3. Classifica a urina quanto a coloração

4. Qual é a diferença entre exame microscópico e citoquímico da urina

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5. Identifique as seguintes imagens.

A B C

D E F

6.Fazem parte dos procedimentos de colheita de urina no homem os seguintes, excepto:


a)Lavar as mãos com água e sabão
b)Lavar a glande
c) Afastar os grande lábios
d) Colher o jato médio da micção

7.A temperatura de conservação de amostra de urina é de:


a) 22 o a 28oC
b) 12 o a 18 oC
c)2 o a 8 oC
d) -2 o a -8 oC
8.A colheita da urina que é necessário esvaziar a beixiga pela manhã e marcar o cronómetro é classificada
como:
a) Tipo I
b) Tipo II
c) Jacto médio
d) Primeira da manhã

9. Os rótulos dos frascos de urina devem ser colocados:


a) Na tampa para facilitar a leitura dos dados do apaciente
b) Na tampa para evitar sujar durante a colheita e transporte
c) No corpo do frasco para evitar exposição dos dados
d) No corpo do frasco para evitar troca de amostras e resultados

10.Durante o transporte de amostra de urina, ela deve ser protegida da luz solar porque pode:

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a) Diminuir a bilirrubina
b) Diminuír as cetonas
c) Aumentar a bilirrubina
d) Aumentar as cetonas

11. Fazem parte do exame físico da urina os seguintes, excepto:


a) Cor; Aparência; Cheiro; Corpos cetónicos
b) Cor; Aparência;Células epiteliais
c) Cor, PH, Cheiro,
d) Cor, PH, uratos

12.A condição em que o indíviduo não elimina urina é denominada:


a) Oligúria
b) Anúria
c) Poliúria
d) Hematúria

13.Um dos grandes interferentes da conservação por refrigeração da urina é:


a) Precipitação de fosfato e uratos, dificultando a análise microscópica do sedimento.
b) Precipitação de fosfatos e uratos, melhorando a análise microscópica do sedimento
c) Flutuação de fosfato e uratos, dificultando a análise microscópica do sedimento
d) Flutuação de fosfato e uratos, melhorando a análise microscópica do sedimento

14. A cor vermelha e preta da urina pode ser por:


a) Consumo de Sparleta e coca cola respectivamente
b) Sangramento das vias urinárias e Icterícia respectivamente
c)Concentração da hemoglobina e bilirrubina respectivamente
d) Todas alíneas estão correctas

15.Os termos transparente, opaca, ligeiramente turva, turva, muito turva, leitosa são usados para
descrever:
a) Densidade da urina
b) Transparência da urina
c) Coloração da urina
d) Odor da urina

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16. Urina é considerada opaca quando:


a) colocada em frente dum papel escrito é possível ler os escritos
b) Colocada em frente dum papel escrito não é possível ler os escritos
c) Colocada em frente dum papel escrito é parcialmente possível ler os escritos
d) Colocada em frente dum papel escrito é possível ler os escritos dependendo da visão de cada um

17.Odor de fruta (cetónico) da urina pode ser indicativo de :


a) Diabete
b) Câncer
c) Hepatite
d) Bilharziose

18. A densidade da água pura é de 1g/cm3, quanto mais próximo deste valor estiver a urina é considerada:
a) Concentrada
b) Diluída
c) Adocicada
d) Salgada

19.Sobre a técnica de leitura de fita reactiva é correcto afirmar que:


a) O tempo máximo recomendável para leitura da fita é 120 minutos
b) O tempo mínimo recomendável para leitura da fita é 120 minutos
c) O tempo médio recomendável para leitura da fita é 120 minutos
d) Todas alternativas estão erradas

20.4.Prepar as fitas 2.Ceritificar-se do bom estado e validade 3. Homegeinizar a amostra, 1.inserir a fita na
amostra 5.esperar tempo de reação 6.comparar as cores da fita com o padrão.Sobre os passos básicos da
técnica de leitura da fita reactiva a ordem correcta seria:
a) 1-2-3-4-5-6
b) 4-2- 3-1- 5-6
c) 6- 4-3- 2- 1-5
d) 2-4-3- 5- 1- 6

21.A densidade indica:


a) Estado de hidratação do organismo
b) Estado nutricional do organismo

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c) Estado funcional do organismo


d) Estado disfuncional do organismo

22.Presença de nitritos pode significar:


a) Infecção por bactérias gram positivas que reduzem nitrato a nitrito
b) Infecção por bactérias gram positivas que reduzem nitrito a nitrato
c) Infecção por bactérias gram negativas que reduzem nitrato a nitrito
d) Infecção por bactérias gram negativas que reduzem nitrito a nitrato

23.Constituem cristais da urina ácida os seguintes:


a) Uratos amorfos, ácido úrico, oxalato de cálcio
b) Fosfatos amorfos, fosfatos tríplos, carbonato de cálcio
c) Uratos amorfos, fosfatos tríplos, oxalato de cálcio
d) Oxalato de cálcio, carbonato de cálcio, fosfatos triplos

24.Uma infecção por Tricomonas vaginalis na mulher começa por:


a) Reduzir a população de lactobacillus acidófilos diminuindo o PH
b) Reduzir a população de lactobacillus acidófilos aumentando o PH
c) Aumentando a população de lactobacillus acidófilos diminuindo o PH
d) Aumento da população de lactobacillus acidófilos aumentando o PH

Unidade didática IV
1.Sobre a colheita de sangue venoso é correcto afirmar que:
a) O ângulo que o bisel deve formar com o braço do paciente é 3 a 4,5o
b) O ângulo que o bisel deve formar com o braço do paciente é 30 a 45o
c) O ângulo que o bisel deve formar com o braço do paciente é 25 a 50o
d) O ângulo que o bisel deve formar com o braço do paciente é 10 a 15o

2.A gota que permite identificar as formas parasitárias bem como a espécie é:
a) Estendida
b) Espessa
c) Todas
d) Nenhuma

3.A leitura de uma lâmina microscópica corrada deve obedecer o movimento:

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a) Helicoidal
b) Circular
c) Zig- zag
d) Quadrangular

4.A forma evolutiva de toxoplasma gondii que se reproduz de forma lenta e que se encontra dentro do
vacúolo parasitóforo das células de vários tecidos é:
a) Taquizoíto
b) Bradizoíto
c)Esporozoítos
d) Oocisto

5.A forma de resistência de T. Gondii é:


a) Taquizoíto
b) Bradizoíto
c)Esporozoítos
d) Oocisto

6. A forma de T. Gondii que é encontrada no vacúolo parasitóforo das células durante a fase aguda
da infecção e que é considerada forma proliferativa é:
a) Taquizoíto
b) Bradizoíto
c)Esporozoítos
d) Oocisto

7.A confirmação de que a malária é uma hemoparasitose foi dada por:


a)Gerhardt,ao reproduzir a doença através da picada de mosquito Anophelis infectado
b) Gerhardt,ao reproduzir a doença através da transfusão de sangue infectado
c) Romanowsky ao encontrar oocisto do plasmodium no mosquito
d) Romanowsky ao inventar a coloração específica para o plasmodium

8.Por ter descrito o ciclo asexuado do plasmodium, o mesmo ganhou seu nome. O autor dessa
descrição é:
a) Gerhardt
b) Romanowsky
c) Golgi

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ódulo Vocacional 8: Exames Parasitológicos

d) Eintein

9.A fase infectante do plasmodium para o homem é:


a) Esporozoíto
b) Gametócito
c) Esquizonte
d) Trofozoíto

10.Os hospedeiros intermediário e definitivo de plasmodium são respectivamente:


a) Mosquito e Homem
b) Homem e Mosquito
c) Chipanzé e Homem
d) Homem e Chipanzé

11.A espécie de plasmodium que constitui 90% dos diagnósticos em Moçambique é:


a) Malarie
b) Ovale
c) falciparum
d) Vivax

12.A fase infectante de plasmodium para o mosquito é:


a) Esporozoíto
b) Gametócito
c) Esquizonte
d) Trofozoíto

13.As fases de diagnóstico de plasmodium no homem são:


a) Trofozoíto, gametócito, Esquizonte
b)Trofozoíto, Esporozoíto, Oocisto
c) Gametócito, oocineto, trofozoíto
d) gametócito, esporozoíto, trofozoíto

14. As crises febrís na malária devem- se :


a) Roptura de eritrócitos e libertação de merozoítos
b) Roptura de eritrócitos e libertação de gametócitos
c) Roptura de eritrócitos e libertação de oocistos

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d) Roptura de eritrócitos e libertação de Esquizontes

15.Porque é que a leitura de uma lâmina micoscópica deve ser em zig-zag?

16.Os explique os passos básicos de execução de gota estendida.

18. Descreva o ciclo biológico de plasmodium.

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