Você está na página 1de 187

República de Moçambique

Ministério da Saúde
Direcção de Recursos Humanos
Departamento de Formação

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos


Médios de Laboratório

Módulo Vocacional 1:
PROCEDIMENTOS PRÉ E PÓS-ANALÍTICOS

Moçambique
________________
2016
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

NOTA INTRODUTÓRIA

O presente manual faz parte do currículo de formação inicial do curso de Técnico Médio de
Laboratório (TML) baseado em competências, o qual consiste em 4 semestres lectivos, sendo os
três primeiros de carácter teórico-prático em sala de aula e laboratórios humanístico e
multidisciplinar, com uma componente de estágios parciais, sendo o último referente ao estágio
integral.

A elaboração dos módulos vocacionais, é fruto da colaboração entre Ministério da Saúde


(MISAU), International Training and Educational Center for Health (I-TECH), American
Society for Clinical Pathology (ASCP) e o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças em
Moçambique (CDC), no âmbito do Programa de Emergência do Presidente dos EUA Para o
Alívio ao SIDA (PEPFAR).

O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representa
necessariamente a opinião do CDC.

É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016 2
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

FICHA TÉCNICA

Elaboração, distribuição e informações:

Ministério da Saúde (MISAU)


Direcção de Recursos Humanos (DRH)
Departamento de Formação
Repartição de Planificação e Desenvolvimento Curricular (RPDC)
Av. Eduardo Mondlane, 1008, 4º andar
Maputo, Moçambique

Coordenação:

Joaquim Wate (I-TECH)


Gerito Augusto (I-TECH)
Florindo Mudender (I-TECH)
Ermelinda Notiço (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Suraia Nanlá (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Flávio Faife (CDC Moçambique)

Equipa técnica de elaboração:

Elaboração do Conteúdo Revisão Técnica Revisão Pedagógica e Linguística


João Aquimo Esmerado Ezembro Joaquim Wate
Luis Porto Gerito Augusto
Travis Price Florindo Mudender
Ivana Brubacker Flávio Faife
Adelina Maiela
Serene Myers

Formatação e Edição

Joaquim Wate
Serene Myers
Flávio Faife
António Paunde

©2016. Ministério da Saúde


_____________
1ª Edição – Ano 2016

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016 3
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

LISTA DE ABREVIATURAS

BAAR - Bacilos álcool-ácido resistentes


C - Concentração comum
CA - Critério de Avaliação
CD - Critério de Desempenho
CD4 - Cluster of differentation
CK - Creatinoquinase
CLRW - Clinical Laboratory Reagent Water
CM - Concentração molar
C.N.T.P - Condições normais de temperatura e pressão
CRBs - Centros de Recursos Biológicos
CSB - Cabines de Segurança Biológica
DNAM - Direcção Nacional de Assistência Médica
EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético em sal “di” ou
tripotássico
ECV - Elemento de Competência Vocacional
EPI - Equipamentos de proteção individual
EPC - Equipamentos de proteção colectiva
Hct - Hematócrito
Hgb - Hemoglobina
HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana
LCR - Líquido céfalo raquidiano
m - Massa
MF - Módulos Formativos
MISAU - Ministério da Saúde
MOC - Microscópio óptico composto
n - Número de moles
NB - Níveis de Biossegurança

OMS - Organização Mundial de Saúde

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016 4
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

PCI - Prevenção e controlo das infecções


PCs - Perfuro-cortantes
POPs - Procedimentos operacionais padronizados
pH - Potencial Hidrogeniônico
P/V - Peso por volume

QNQP - Quadro Nacional de Qualificação Profissional


RA - Resultado de Apendizagem
Rh - Rhesus
RPM - Rotação por minuto
SM - Sub-módulos
SRW - Special Reagent Water
TB - Tuberculose
UC - Unidade de Competência
V - Volume
V/V - Volume por volume

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016 5
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

PREFÁCIO

Exmos. Senhores, Estudantes e Professores do Curso de Técnicos Médios de Laboratório


O Ministério da Saúde (MISAU) através da Direcção de Recursos Humanos – Departamento de
Formação na sua missão de formar e desenvolver profissionais de saúde cada vez mais
competentes, tem vindo a implementar reformas curriculares no âmbito da formação baseada em
competências, de modo a trazer ao Serviço Nacional de Saúde, profissionais com conhecimentos,
habilidades e atitudes para responder pontualmente às necessidades dos pacientes.

O presente módulo vocacional apresenta conteúdos, actividades de ensino, casos práticos e


projectos que permitirão que o futuro Técnico Médio de Laboratório adquira competências
básicas para o auxílio ao diagnóstico clínico ao nível das Unidades Sanitárias do Serviço
Nacional de Saúde, bem como vigilância epidemiológica, pesquisa clínica e ensino.

Este módulo é um recurso de apoio aos professores, na planificação e implementação das aulas
que se destinam a formação de Técnicos Médios de Laboratório e visa desenvolver nestes
futuros profissionais de saúde, conhecimentos, habilidades e atitudes com relação as práticas de
prestação de cuidados de saúde com elevada qualidade e em conformidade com o perfil
profissional estabelecido. Por outro lado, o módulo é resultado da revisão do currículo de
técnicos médios de laboratório para a nova abordagem baseada em competências.

Para o estudante, o módulo servirá de um guião de estudo e de consulta para aquisição de


conhecimentos, atitudes e habilidades técnicas que lhe permitirão prestar um atendimento de
qualidade e humanizado aos pacientes, respeitando os princípios éticos e deontológicos da
profissão e consequentemente, melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados em
Moçambique.

Esperamos, por um lado, que este módulo constitua um verdadeiro suporte para o
desenvolvimento e alcance dos objectivos das diferentes temáticas de formação dos profissionais
de laboratório e por outro como uma base sólida onde o professor possa buscar o fortalecimento
de conhecimentos, garantia de uma dinâmica uniformizada tanto na mediação como na
assimilação das matérias de ensino.

O módulo apresenta uma linguagem simples, acessível e clara de modo que permita a fácil
compreensão dos estudantes das Instituições de Formação de Saúde a nível nacional.

Maputo, Setembro de 2016

_______________________________
Nazira Karimo Vali Abdula
Ministra da Saúde

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016 6
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO AO MANUAL DE ENSINO_____________________________________8


1.1. Sub-módulo 1: Formação de recursos humanos em saúde_______________________11

1.2. Sub-módulo 2: Metodologia de investigação aplicada em saúde__________________11

2. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO____________________________________________12


3. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO____________________________________13
Unidade de Competência de referência___________________________________________13

Módulo Vocacional de referência_______________________________________________16

3. UNIDADES DIDÁCTICAS__________________________________________________19
UNIDADE DIDÁCTICA 1______________________________________________________20
UNIDADE DIDÁCTICA 2______________________________________________________61
UNIDADE DIDÁCTICA 3______________________________________________________93
UNIDADE DIDÁCTICA 4______________________________________________________116
UNIDADE DIDÁCTICA 5_____________________________________________________141
UNIDADE DIDÁCTICA 6_____________________________________________________173
GLOSSÁRIO________________________________________________________________183
QUESTIONÁRIO FINAL DE AUTO AVALIAÇÃO DO MÓDULO_____________________185

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016 7
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1. INTRODUÇÃO AO MANUAL DE ENSINO

O presente manual corresponde a um dos módulos do programa formativo do TÉCNICO


MÉDIO DE LABORATÓRIO, desenhado com base em competências profissionais. A
competência é um conceito amplo que incorpora a capacidade de transferir habilidades e
conhecimentos para novas situações, dentro de uma determinada área ocupacional.
Inclui a organização e planificação do trabalho e a inovação e capacidade de lidar com
actividades não rotineiras; abrange, também, as qualidades de eficácia pessoal que são exigidas
no âmbito do trabalho, para lidar com os colegas e com os possíveis alunos.
Assim, ser competente é saber agir e reagir em contextos diversificados, ser capaz de solicitar e
combinar os recursos necessários e pertinentes para o cumprimento de uma determinada tarefa,
de compreendê-la e de ter êxito no momento de executá-la.
Uma Qualificação Profissional é uma comprovação de competências para desempenhar uma
ocupação a um determinado nível. O cenário de abordagem por competências tem elementos
inovadores nos âmbitos profissionais e laborais, tais como:
- Mudanças estruturais no mundo do trabalho.
- Mudanças de ordem sócio-económica que vão condicionar o surgimento de “actividades
novas" que antes não existiam no mundo laboral.
- Tecnologias que criam ou modificam ocupações.
- Mudanças nas tendências demográficas; aumento do nível de escolaridade; novas
regulamentações laborais, entre outros. Criam-se assim novas ou mais exigências.
- Necessidade/interesse em realizar actividades com determinado padrão de qualidade.
Aplicar esta metodologia de definição do Perfil Profissional de um técnico que irá garantir o
óptimo e correcto desempenho de todas as exigências laborais e técnicas correspondentes a uma
ocupação é um processo directamente associado ao desenho da formação apropriada do mesmo
para responder a essas exigências de desempenho.
 Um Perfil Profissional assim definido é caracterizado por um conjunto de funções
designadas Unidades de Competência.

 A Unidade de Competência (UC) é um grupo de funções produtivas, identificadas no


campo de trabalho, que expressam um determinado resultado significativo da actividade
técnico-laboral e tem um reconhecimento e um significado no sistema de emprego

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016 8
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

organizado e estabelecido dentro de um determinado sector. Cada UC estabelece qual deve


ser o resultado de uma determinada actividade e evidencia se o profissional é capaz de obtê-
lo ou de atingi-lo. Cada UC detalha, também, a qualidade da evidência requerida nesse
resultado, expressando aquilo que é considerado um bom desempenho profissional.

Cada Unidade de Competência (UC) está constituída por:


 Elementos de Competência (EC) que descrevem uma acção ou comportamento que
alguém deve ser capaz de realizar e demonstrar numa situação de trabalho e num
determinado campo ocupacional.
 Critérios de Desempenho (CD) definem os níveis de competência que permitem julgar as
actividades de trabalho realizadas pela pessoa. Portanto, expressam o nível aceitável de
realização profissional, para cada Elemento de Competência, que atenda aos objectivos das
organizações e fornecem orientações para a avaliação da competência profissional.
 Contexto de aplicação da UC, que descreve os meios de produção, os produtos e resultados
do trabalho, a informação utilizada ou gerada e os itens de natureza semelhantes e
consideradas necessárias para o desempenho profissional. O contexto de aplicação fornece o
significado contextual dos elementos de competência. Isto é, esclarece o ambiente e as
condições actuais e previsíveis em que serão aplicados os elementos de competência que
compõem a unidade de competência.

Desenvolvendo esta metodologia foi definido a qualificação do Técnico Médio de Laboratório.


Foram identificadas e definidas 11 Unidades de Competência Vocacionais:

UC1: Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no laboratório clínico

UC2: Obter sangue seguro e seus componentes para uso hospitalar

UC3: Realizar análises hematológicas de amostras biológicas humanas para fins de


diagnóstico e seguimento de tratamento
UC4: Realizar exames de bioquímica para auxiliar o prognóstico e diagnóstico clínicos, bem
como no seguimento do tratamento
UC5: Realizar testes laboratoriais microbiológicos para auxiliar no diagnóstico clínico e
seguimento do tratamento das infecções
UC6: Processar o material biológico para observação e emissão do resultado histocitológico
que auxilie o diagnóstico clínico
UC7: Realizar testes imunológicos e moleculares para auxiliar no diagnóstico, tratamento e
monitoria clínica das enfermidades

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016 9
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UC8: Processar amostras biológicas para a pesquisa de parasitas e/ou materiais associados, no
sangue, no tracto gastrointestinal e urinário para auxiliar no diagnóstico clínico e
monitoria de tratamento de infecções
UC9: Gerir recursos humanos, aprovisionamento, qualidade, segurança, e actividades
administrativas do laboratório
UC10: Atender ao utente, realizar actividades administrativas e manter as comunicações nos
serviços de saúde
UC11: Participar na formação de novos profissionais de saúde e na formação contínua de
funcionários, assim como em actividades de investigação que assegurem a eficácia dos
serviços

A partir do Perfil Profissional desenhado é definido o Programa Formativo, com um formato


modular. A cada Unidade de Competência do perfil profissional corresponde um módulo
formativo.
Cada um dos Módulos Formativos constitui um bloco coerente de formação associado a cada
uma das Unidades de Competência, cujo objectivo é a aquisição de competência profissional.
Para cada um destes Módulos são definidos:
- Resultados de Aprendizagem que expressam os resultados esperados do aluno ao final
da Disciplina, para considerar que ele alcançou a competência profissional especificada na
UC.
- Critérios de Avaliação que são o conjunto de parâmetros definidos para cada resultado
de aprendizagem que indicam o grau de concretização.
- Conteúdos para cada um dos resultados de aprendizagem.
- Requisitos de Instrução: Infra-estrutura, equipamentos e perfil do professor / formador.
- Notas de Suporte: Contexto da Disciplina/formas de instrução, abordagem da avaliação.
- Referências Bibliográficas.

A partir das 11 Unidades de Competência Vocacionais que constituem o Perfil Profissional, o


Programa Formativo do Técnico Médio de Laboratório contém os seguintes Módulos
Formativos (MF) e Sub-módulos (SM):

Módulos formativos Sub-módulos


MV1: Procedimentos Pré-pós analíticos
MV2: Banco de sangue
MV3: Exames Hematológicos
MV4: Exames Bioquímicos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
10
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

MV5: Exames Microbiológicos


MV6: Exames Histocitológicos
MV7: Exames Imunológicos e
Moleculares
MV8: Exames Parasitológicos
MV9: Gestão de Recursos e Qualidade
Laboratorial
Sub-módulo 1: Atendimento ao utente,
MV10: Documentação, comunicação, humanização e deontologia profissional
atendimento ao utente e humanização Sub-módulo 2: Gestão da documentação e
dos serviços de saúde comunicação derivadas da actividade dos serviços
de saúde
1.1. Sub-módulo 1: Formação de recursos
humanos em saúde
MV11: Formação e Investigação em
Saúde 1.2. Sub-módulo 2: Metodologia de
investigação aplicada em saúde

Estágio Parcial
Estágio Rural e Integrado

O presente manual desenvolve o módulo nº 5, intitulado Exames Microbiológicos.

Para facilitar a leitura deste manual se encontra dividido nas partes apresentadas no sumário
inicial:
 Dados básicos do módulo/submódulo.
 Referentes do manual de ensino: perfil profissional e módulo formativo.
 Unidades Didácticas:
- Conteúdo organizador.
- Sequência das Unidades Didácticas.
- O Desenvolvimento das Unidades Didácticas: a denominação, o objetivo geral, a
introdução da unidade, os conteúdos, o desenvolvimento dos conteúdos, as
actividades de ensino–aprendizagem e o caso práctico / projeto.
- As Actividades de Ensino-Aprendizagem que se apresentam têm como objectivos:
- Facilitar aos alunos a aprendizagem significativa.
- Conseguir a implicação dos alunos.
- Despertar neles a intencionalidade.
- Integrar os conteúdos concetuais, procedimentais e atitudinais.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
11
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- O Caso Práctico /Projeto: Integra os conteúdos da Unidade Didáctica completa


apoiados em informações e documentos similares aos reais. Todas as Unidades
Didácticas incluem a resolução de um projecto ou caso que parte de situações
concretas relacionadas com o desenvolvimento da actividade habitual, de maneira
que permita a transferência do aprendido a outros contextos.
 Anexos: se o manual precisar de algum dado, instrumento, enlaces web, informação, entre outros, que
seja apenas para consulta.
 Lista de abreviaturas e glossário: com a definição dos termos utilizados.
 Questionário final de Auto-avaliação do módulo/submódulo, serve ao aluno para avaliar os seus
conhecimentos do módulo.
 Referências Bibliográficas: todos os materiais que foram consultados para a elaboração do manual.

2. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO

Denominação do módulo: Módulo vocacional 1 – Procedimentos Pré e Pós Analíticos


Unidade de Competência UC1: Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no
correspondente: laboratório clínico
Nível do QNQP: Médio 5
Duração do módulo: 10 horas
Número de créditos: 100

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
12
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

3. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO

Unidade de Competência de referência

UC7: Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no laboratório clínico

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


CD1.1.1.Atende ao utente cordialmente para permitir a
confiança mútua
CD1.1.2.Respeita sempre os direitos dos pacientes, cumprindo
as normas deontológicas existentes e seguindo os
ECV1.1. Fornecer informações procedimentos estabelecidos
aos pacientes para a CD1.1.3.Marca a data da colheita da amostra no livro e na
colheita de amostras em própria requisição de análise
conformidade com as CD1.1.4.Fornece ao utente a informação necessária de forma
normas estabelecidas e/ou sequenciada, tendo em conta as particularidades de
POP de modo a obter cada um, para permitir que perceba os procedimentos
amostras apropriadas para recomendados para colheita de amostras por ele
seu processamento mesmo
CD1.1.5.Verifica se o utente percebeu o procedimento da
colheita, questionando sobre o mesmo
CD1.1.6.Escuta atentamente as questões do utente e responde-
as com clareza e objectividade para melhor orientação
CD1.1.7.Recomenda de forma cordial ao utente para efectuar
nova colheita, caso a amostra não esteja em condições
aceitáveis.
ECV1.2. Gerir a recepção e CD1.2.1.Usa o material de protecção individual de acordo com
identificação de amostras as normas de biossegurança
colhidas à sua chegada ao CD1.2.2.Recebe a requisição, marca nela de forma legível
laboratório de acordo com todos os dados conforme as normas institucionais em
as normas estabelecidas vigor
e/ou POPs CD1.2.3.Confirma os dados da requisição com os do
utente/paciente para permitir a sua correcta
identificação
CD1.2.4.Recebe e descarta o invólucro do recipiente das
amostras trazidas pelos utentes de acordo com as
normas de obtenção, recolha, conservação, transporte
e biossegurança
CD1.2.5.Avalia a integridade e a quantidade da amostra para
permitir a biossegurança e conferir resultados fiáveis
CD1.2.6.Regista os dados da recepção de amostra no livro de

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
13
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


entradas ou sistema informatizado do Laboratório
CD1.2.7.Identifica as amostras recebidas e confere os dados da
requisição com os da amostra para evitar erros nas
fases subsequentes
CD1.2.8.Arruma as amostras consoante o tipo e a ordem de
chegada e tendo em conta a especificidade e urgência
CD1.2.9.Conserva as amostras segundo as suas especificidades
e de acordo com as normas estabelecidas no POPs
CD1.2.10. Distribui as amostras para os respectivos
sectores segundo o tipo de análise requerida.
CD1.3.1.Usa o material de protecção individual de acordo com
as normas de biossegurança
CD1.3.2.Limpa, desinfecta e organização local de colheita e o
material indispensável para o procedimento
CD1.3.3.Explica ao utente o objectivo do procedimento de
colheita de amostra no laboratório, e os possíveis
efeitos para sua preparação psicológica
CD1.3.4.Tranquiliza ao utente em caso de mostrar-se ansioso
em relação ao procedimento procurando minimizar
qualquer possível desconforto
CD1.3.5.Comprova que os materiais para a colheita de
ECV1.3. Colher a amostra de amostras cumprem com as normas da biossegurança e
acordo com as normas estão em quantidade suficiente para a realização do
estabelecidas e/ou POP trabalho diário
CD1.3.6.Rotula os recipientes onde serão depositadas as
amostras de forma clara e seguindo os procedimentos
estabelecidos
CD1.3.7.Prepara o local anatómico de colheita das amostras
assegurando a assepsia
CD1.3.8.Colhe as amostras biológicas humanas tomando em
conta as recomendações do POP e em função do tipo
de análise a realizar
CD1.3.9.Recomenda de forma cordial ao utente para efectuar
nova colheita, caso a amostra não esteja em condições
aceitáveis
CD1.3.10. Descarta o material usado de acordo com as
normas de biossegurança.
ECV1.4. Conservar e armazenar CD1.4.1.Verifica a qualidade das amostras segundo os
as amostras para seu critérios de aceitabilidade estabelecidas no laboratório
processamento de modo a CD1.4.2.Arruma as amostras consoantes o tipo e a ordem de
chegada e tendo em conta a especificidade e a

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
14
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


urgência
CD1.4.3.Prepara as amostras para seu armazenamento e
conservação segundo as suas especificidades e de
assegurar a estabilidade e acordo com as normas estabelecidas
evitar o deterioração e CD1.4.4.Realiza o registo das mostras armazenadas para sua
contaminação das fácil localização
mesmas CD1.4.5.Verifica as condições de conservação das amostras de
acordo com as recomendações do POPs
CD1.4.6.Verifica que no final de seu trabalho sua bancada
esteja organizado, limpo e desinfectada
CD1.4.7.Verifica e anota a temperatura das geleiras e/ou
congeladores segundo as normas do POPs.
CD1.5.1.Arruma as amostras seguindo as folhas de trabalho/
requisições correspondentes
CD1.5.2.Distribui as amostras acompanhadas pelas folhas de
trabalho/ requisições no menor tempo possível e
ECV1.5. Distribuiras amostras mantendo as condições de conservação recomendadas
nos diferentes sectores de pelo POPs
acordo com o tipo de CD1.5.3.Retira as amostras que não reúnem os requisitos para
exame solicitado seu processamento
CD1.5.4.Controla o fluxo e transporte das amostras segundo os
procedimentos estabelecidos
CD1.5.5.Regista as incidências que possam ocorrer no
processo da distribuição
CD1.5.6.Garante que as amostras sejam alocadas no sector
específico de processamento
CD1.5.7.Verifica a qualidade do processo de distribuição de
amostras de acordo com o protocolo de aviamento.
CD1.6.1.Reconhece as normas de Biossegurança
CD1.6.2.Identifica as potenciais formas de transmissão de
infecções
CD1.6.3.Classifica o material de proteção
ECV1.6. Aplicaras normas de CD1.6.4.Reconhece os tipos de riscos laboratoriais
Biossegurança no CD1.6.5.Reconhece as normas de proteção da amostra
ambiente hospitalar biológica
CD1.6.6.Demostra as técnicas de desinfeção, limpeza e
esterilização
CD1.6.7.Identifica as regras de notificação e registo de
acidentes laborais
CD1.6.8.Simula um plano de resposta a acidente laboral
CD1.6.9.Reconhece as normas de transporte, armazenamento
de materiais.
ECV1.7. Emitir e enviar o CD1.7.1.Certifica que o resultado emitido corresponde a
resultado ao respectivo análise efectuada
local de proveniência CD1.7.2.Regista o resultado de forma legível na
assegurando a correcta requisição/livro em uso no laboratório

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
15
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


CD1.7.3.Entrega o resultado no local correspondente
CD1.7.4.Encaminha o resultado do teste à procedência depois
recepção do mesmo. de registar a saída do resultado
CD1.7.5.Certifica a recepção do resultado do teste através da
assinatura do receptor.

Módulo Vocacional de referência

Módulo Vocacional 1: PROCEDIMENTOS PRÉ E PÓS-ANALÍTICOS


Resultados de aprendizagem Critérios de Avaliação
CA 1.1.1. Descreve as etapas do processo de admissão,
atendimento e informação ao utente no laboratório
CA 1.1.2. Explica as normas deontológicas, os direitos dos utentes
e as normas de confidencialidade e protecção de dados
pessoais dos utentes
CA 1.1.3. Identifica as diferentes tipologias de utentes/ doentes
mais habituais no Laboratório e as dificuldades na
RA 1.1. Aplicar as técnicas de
comunicação durante os processos de obtenção de
comunicação na
amostras
interacção com os
CA 1.1.4. Aplica técnicas de comunicação com os utentes para
utentes do laboratório
permitir a confiança mútua
de acordo com
CA 1.1.5. Em uma situação real ou simulada devidamente
características do
caracterizada de obtenção de amostras no laboratório
interlocutor, aplicando
CA 1.1.6. Marca a data da colheita da amostra no livro e na própria
parâmetros de qualidade
requisição de análise
padronizados e
CA 1.1.7. Fornece ao utente a informação necessária de forma
respeitando as normas
sequenciada, tendo em conta as particularidades de cada
de sigilo e protecção de
um, para permitir que perceba os procedimentos
dados
recomendados para colheita de amostras por ele mesmo
CA 1.1.8. Verifica se o utente percebeu o procedimento da
colheita, questionando sobre o mesmo
CA 1.1.9. Recomenda de forma cordial ao utente para efectuar
nova colheita, caso a amostra não esteja em condições
aceitáveis
CA 1.1.10. Escuta atentamente as questões do utente e
responde-as com clareza e objectividade para melhor
orientação
RA 1.2. Realizar a colheita e CA 1.2.1. Reconhece a documentação utilizada para a colheita e
recepção das amostras recepção das amostras laboratoriais
laboratoriais para o CA 1.2.2. Define e preenche todos os dados de requisição do
processamento de utente/paciente conforme as normas institucionais em
análise segundo os vigor
procedimentos CA 1.2.3. Avalia os tipos de recipientes, a integridade e a
estabelecidos e/ou POPs quantidade da amostra para permitir a biossegurança e
conferir resultados fiáveis

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
16
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Aplica técnicas de registo dos dados e de recepção de


CA 1.2.4.
amostra no livro de entrada ou sistema informatizado do
Laboratório
CA 1.2.5. Limpa, desinfecta e organiza o local de colheita e reúne
o material indispensável para o procedimento
CA 1.2.6. Comprova que os materiais para a colheita de amostras
cumprem com as normas da biossegurança e estão em
quantidade suficiente para a realização do trabalho diário
CA 1.2.7. Rotula os recipientes onde serão depositadas as amostras
de forma clara e seguindo os procedimentos
estabelecidos.
CA 1.2.8. Prepara o local anatómico de colheita das amostras
assegurando a assepsia
CA 1.2.9. Recolhe as amostras biológicas humanas tomando em
conta as recomendações do POP e em função do tipo de
análise a realizar
CA 1.2.10. Aplica o controlo de qualidade específico na cada
etapa da colheita das amostras
CA 1.2.11. Identifica a normativa de biossegurança para a
prevenção, proteção e descarte do material usado
CA 1.3.1. Lista os reagentes de uso mais frequente no laboratório
clinico e sua finalidade
CA 1.3.2. Reconhece as características das soluções: peso, volume,
densidade, concentração, normalidade, molaridade,
molalidade, e concentração percentual
RA 1.3. Preparar reagentes e CA 1.3.3. Prepara reagentes e soluções aplicando os critérios
amostras, segundo as estabelecidos para realizar as diferentes análises
condições laboratoriais
correspondentes para CA 1.3.4. Explica as técnicas de armazenamento e conservação dos
seu processamento reagentes e das soluções diferenciando os tipos e usos
posteriores
CA 1.3.5. Armazena e conserva as soluções segundo as suas
especificidades e de acordo com as normas estabelecidas
CA 1.3.6. Comprova a idoneidade dos reagentes e soluções,
validando as técnicas utilizadas e as concentrações
obtidas
CA 1.3.7. Verifica se no final de seu trabalho sua bancada está
limpa e organizada
RA 1.4. Selecionar as técnicas CA 1.4.1. Arruma as amostras seguindo as folhas de trabalho/
de conservação, requisições correspondentes
armazenamento, envio e CA 1.4.2. Reconhece os procedimentos de conservação das
transporte das amostras amostras segundo o tipo de análise requerida e de acordo
nos diferentes sectores as recomendações do POP
de acordo com o tipo de CA 1.4.3. Prepara as amostras para seu armazenamento e
exame solicitado conservação segundo as suas especificidades e de acordo
com as normas estabelecidas
CA 1.4.4. Realiza o registo das amostras armazenadas para sua
fácil localização

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
17
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

CA 1.4.5. Reconhece os procedimentos de distribuição das


amostras para os respectivos sectores segundo a
especificidade e a urgência da análise
CA 1.4.6. Preenche as folhas de trabalho/ requisições no menor
tempo possível e mantendo as condições de conservação
recomendadas pelo POP
CA 1.4.7. Aplica os critérios de aceitação ou rejeição das amostras
que não cumprem os requisitos para seu processamento
CA 1.4.8. Reconhece os procedimentos de controlo, fluxo e
transporte das amostras segundo os procedimentos
estabelecidos
CA 1.4.9. Identifica os incidentes que possam ocorrer no processo
da distribuição
CA 1.4.10. Identifica os sectores específicos para a alocação
das amostras
CA 1.4.11. Explica os critérios de qualidade aplicáveis no
processo de distribuição de amostras de acordo com o
protocolo de aviamento
CA 1.5.1. Lista o material e equipamento básico do laboratório e
sua função
RA 1.5. Manipular material e CA 1.5.2. Identifica o material e as técnicas de limpeza,
equipamentos desinfecção e esterilização utilizadas no laboratório
laboratoriais mais CA 1.5.3. Identifica os tipos de águas e seus métodos e obtenção
utilizados para CA 1.5.4. Classifica o material laboratorial segundo sua função
realização de exames CA 1.5.5. Demostra o uso de material e equipamentos básicos do
laboratório
CA 1.5.6. Explica o princípio de funcionamento de equipamento
básico do laboratório
CA 1.5.7. Interpreta os procedimentos estabelecidos para a
utilização e manutenção básica de material e do
equipamento laboratorial
CA 1.6.1. Reconhece as normas de Biossegurança
CA 1.6.2. Identifica as potenciais formas de transmissão de
RA 1.6.Aplicar as normas de infecções
Biossegurança no CA 1.6.3. Classifica o material de proteção
ambiente hospitalar CA 1.6.4. Reconhece os tipos de riscos laboratoriais
CA 1.6.5. Reconhece as normas de proteção da amostra biológica
CA 1.6.6. Demostra as técnicas de desinfeção, limpeza e
esterilização
CA 1.6.7. Identifica as regras de notificação e registo de acidentes
laborais
CA 1.6.8. Simula um plano de resposta a acidente laboral
CA 1.6.9. Reconhece as normas de transporte, armazenamento de
materiais biológicos
RA 1.7. Validar os resultados CA 1.7.1. Identifica os parâmetros estatísticos aplicáveis as
dos exames análises
laboratoriais para CA 1.7.2. Estabelece os critérios de aceitação o rejeição dos
garantir a emissão e resultados obtidos nas análises

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
18
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

CA 1.7.3. Valida os dados obtidos e compará-los com os critérios


estabelecidos
CA 1.7.4. Comprova que o resultado registado corresponda a
análise efectuada
envio dos mesmos em CA 1.7.5. Regista o resultado de forma legível no livro em uso no
tempo útil laboratório
CA 1.7.6. Elabora relatórios técnicos seguindo as normas
estabelecidas
CA 1.7.7. Certifica a recepção do resultado do teste através da
assinatura do receptor
CA 1.7.8. Reconhece a importância do controlo de qualidade nos
resultados obtidos

3. UNIDADES DIDÁCTICAS

Conteúdo organizador

Aplicar …

1.3. Sequência e Temporalização das Unidades Didácticas

Unidades Didácticas Tempo (em horas)


UD1. O laboratório: material, equipamentos e fluxograma das
actividades 15

UD2. A biossegurança laboratorial 20


UD3. Ergonomia e gestão do lixo ou resíduos hospitalares 20
UD4. Colheita, transporte e conservação das amostras biológicas 20
UD5. Funções químicas, pureza dos reagentes e preparação das
soluções 15

UD6. Validação e emissão dos resultados dos exames laboratoriais 10

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
19
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UNIDADE DIDÁCTICA 1

O LABORATÓRIO: MATERIAL, EQUIPAMENTOS E


FLUXOGRAMA DAS ACTIVIDADES

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
20
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL__________________________________________________________22
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica__________________________________22

1. INTRODUÇÃO____________________________________________________________23
2. LABORATÓRIO___________________________________________________________24
2.1 Tipos de laboratório_____________________________________________________25

3. OS DEPARTAMENTOS/SECTORES DE UM LABORATÓRIO CLÍNICO____________27


4. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS CLÍNICOS SEGUNDO O NÍVEIS DE
ATENÇÃO EM SAÚDE________________________________________________________31
5. ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DO LABORATÓRIO CLÍNICO_________________32
b. O Fluxograma de Actividades dos Laboratórios_______________________________34

c. Equipamento e material do laboratório clínico________________________________34

i. Os Equipamentos do Laboratório Clínico________________________________34


ii. Materiais do Laboratório clínico________________________________________45
d. Outros Materiais em uso nos Laboratórios Clínicos____________________________50

e. Cuidados a ter com o material do laboratório_________________________________56

f. A Lavagem do Material do Laboratório_____________________________________57

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD1____________________________58


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS______________________________________________60

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
21
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL

Manipular o material e os equipamentos laboratoriais mais utilizados para realização de exames

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o estudante será capaz de:

- Classificar os laboratórios segundo sua função;

- Descrever o fluxograma de actividades realizadas no laboratório Clínico;

- Identificar os tipos de águas e seus métodos de obtenção;

- Listar o material e o equipamento básico do laboratório clínico e sua função;

- Classificar o material laboratorial segundo sua função;

- Demonstrar o uso de material e os equipamentos básicos do laboratório;

- Explicar o princípio de funcionamento de equipamento básico do laboratório;

- Interpretar os procedimentos estabelecidos para a utilização e manutenção básica de


material e do equipamento laboratorial.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
22
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1. INTRODUÇÃO

O laboratório clínico desempenha um papel importante no suporte das decisões clínicas. Este
laboratório, é organizado segundo o nível de unidade sanitária onde se encontra inserido e da
complexidade dos exames realizados.

Nesta unidade, o estudante irá discutir a organização e funcionamento do laboratório,


fluxograma das actividades que se realizam. Também terá a oportunidade de manipular os
materiais e equipamentos mais utilizados no laboratório e dos cuidados a serem praticados para a
sua manutenção e conservação.

A presente unidade apresenta seis grandes capítulos a descrever:

- O primeiro capítulo vai abordar essencialmente o laboratório e os seus diferentes tipos


com destaque para o laboratório clínico.

- No segundo capítulo abordaremos os departamentos e setores do laboratório clínico com


destaque para a recepção de amostras, o setor de bioquímica, a microbiologia entre
outros.

- No terceiro capítulo capítulo falaremos da classificação dos laboratórios clínicos segundo


o nível de atenção que podem ser primário, secundário, terciário e quaternário.

- Para o quarto capítulo a atenção estará voltada para o estudo da organização hierárquica
do laboratório clínico.

- No quinto capítulo entraremos em debate sobre os materiais e os equipamentos usados no


laboratório clínico, destacando-se neste caso a centrífuga, as balanças, etc.

- E por fim, teremos o sexto capítulo que vai dedicar a sua atenção no estudo sobre os
cuidados a observar com o material do laboratório com relação à sua lavagem.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
23
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

2. LABORATÓRIO

DEFINIÇÃO Laboratório é uma sala ou espaço físico devidamente equipado com


instrumentos de medida próprios para a realização de experimentos e pesquisas
científicas diversas, dependendo do ramo da ciência para o qual foi
planificado/concebido.

A realização dos exames laboratoriais é fundamentada como sendo um procedimento dinâmico


que se inicia na colheita da amostra biológica e termina com a emissão dos resultados. Este
procedimento, didacticamente, pode ser dividido em três fases:

- Fase Pré-Analítica

- Fase Analítica

- Fase Pós-Analítica.

A fase pré-analítica consiste na preparação do paciente, colheita, manipulação e


armazenamento da amostra, antes da determinação analítica, ou seja, engloba todas as
actividades que precedem ao exame laboratorial, dentro ou fora do laboratório clínico. Esta fase
tem sido descrita como responsável por 70% dos erros laboratorias.

A fase analítica inicia-se com a validação do sistema analítico, através do controlo da qualidade
interno e termina quando a determinação analítica gera um resultado.

A fase pós-analítica, iniciam-se, após a geração do resultado analítico, sendo finalizada, após a
emissão e entrega do mesmo, ao solicitante.

Os laboratórios podem ser colocados em dois grandes grupos: laboratórios governamentais e


laboratórios privados.

Os laboratórios governamentais são aqueles laboratórios que funcionam com gestão do estado.

EXEMPLO O laboratório do Hospital Central de Maputo, o Laboratório do Hospital Geral da


Machava e o laboratório do Centro de Saúde de Bagamoio, entre vários.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
24
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Os laboratórios privados são aqueles laboratórios que funcionam com a gestão de entidades
privadas.

EXEMPLO
Laboratório do Hospital Privado de Maputo, entre vários.

2.1 Tipos de laboratório

Os laboratórios são classificados segundo o tipo de experimentos realizados, e sendo assim


podemos encontrar os seguintes: Laboratório de Educação Física, Laboratório de informática,
Laboratório de física, Laboratório de química, Laboratório de biólogia, Laboratório de
veterinária, Laboratório clínico, entre outros. Mas para o nosso estudo iremos focalizar a
descrição dos seguintes: Laboratório Clínico.

Laboratório Clínico

É um lugar no qual são testados, analisados ou avaliados amostras biológicas ou de origem


biológicas tais como: sangue, líquidos corpóreos (Líquido ascítico, líquido pleural, líquido
cefalo-raquidiano), entre outros.

Os laboratórios clínicos podem ser colocados em dois grandes grupos: laboratórios hospitalares e
laboratórios não hospitalares.

Os laboratórios clínicos hospitalares são aqueles que se encontram inseridos em hospitais


públicos ou privados. Estes laboratórios, de acordo com o tamanho, podem ser pequenos,
médios e grandes.

- Os Laboratórios Clínicos Pequenos são aqueles que estão inseridos em hospitais com
capacidade de 100 camas. Estes laboratórios realizam exames de rotina, tais como
plasmódio e parasitas.
- Os Laboratórios Clínicos Médios são aqueles que estão inseridos em hospitais com
capacidade de 300 camas. Estes laboratórios realizam exames mais complexos.
- Os Laboratórios Clínicos Grandes são aqueles que estão inseridos em hospitais com
capacidade acima de 300 camas. Estes laboratórios realizam exames mais complexos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
25
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

com auxílio de técnicas modernas e manuseiam grande volume de trabalho. Em


Moçambique, estes grupos de laboratórios, estão inseridos na Classificação por níveis de
atenção em Saúde. Os detalhes desta classificação estam descritos abaixo.

Os laboratórios clínicos não hospitalares são aqueles que se encontram fora dos hospitais. Para
este grupo de laboratórios enquadram-se, os laboratórios de consultório médico, laboratórios de
referência e laboratórios de saúde pública.

Laboratórios de Consultório Médico

São pequenos laboratórios localizados nos consultórios dos médicos que são especialistas, tais
como hematologístas e Urologístas. Os Médicos generalistas também podem ter laboratórios nos
quais técnicas de rotina, tais como: hematócrito e urinálise são executados/realizados.

Laboratórios de Referência

São de escala regional, nacional ou internacional, podem ser públicos ou privados, realizam um
grande volume e variedade de exames. Realizam testes sofisticados/especializados por
solicitação de outros laboratórios.

EXEMPL
O Laboratório Nacional de Referência da Malária, da Tuberculose, entre outros.

Laboratório de Saúde Pública

É o centro de prevenção de doenças. A sua missão principal é a prestação de serviços de


consultoria aos laboratórios clínicos e de saúde pública bem como os privados e, realizar
vigilância epidemiológica.

EXEMPLO
Laboratório Nacional de Higiene, Àgua e Alimentos, o Laboratório Nacional de
Referência da Tuberculose, entre outros.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
26
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

3. OS DEPARTAMENTOS/SECTORES DE UM LABORATÓRIO CLÍNICO

O número de departamentos ou sectores do laboratório clínico hospitalar depende do tamanho do


mesmo. Geralmente os laboratórios clínicos possuem os seguintes sectores: Recepção/ aceitação
e colheita de amostras, Hematologia e Banco de Sangue, Bioquímica e Microbiologia.

O Sector de Recepção e da Colheita de Amostras

É o sector onde as amostras são recebidas, registadas e rotuladas, antes de serem encaminhadas
para cada sector do exame. Os laboratórios grandes, as amostras são colhidas em uma central de
colheita onde as mesmas são registadas e rotuladas antes de serem encaminhadas para cada
sector do exame. Estes laboratórios possuem também, um sector separado responsável pela
recepção, registo e rotulagem das amostras para o exame laboratorial. Em pequenos laboratórios,
as amostras são colhidas directamente pelo sector responsável pelo exame a ser feito. As pessoas
que colhem o sangue são chamadas de flebotomistas. Os procedimentos realizados neste sector,
fazem parte da fase pré analítica e estes são de estrema importância para a obtenção de um
resultado do exame laboratorial fiável.

O laboratório deve apresentar, no sector de recepção, os procedimentos operacionais


padronizados (POPs), para a colheita, transporte, conservação e recepção de amostras com o
objectivo de instruir aos pacientes/utentes sobre os procedimentos para a obtenção de amostras
de boa qualidade e de resultados fiáveis; assim como para verificar anormalidades quanto a
quantidade, características físicas, embalagem e condições de transporte da amostra, bem como
para a sua correcta identificação. Por exemplo, nos pops devem aparecer informações para dar
orientações correctas ao utente/paciente, quanto aos procedimentos de colheita das amostras
(posição, dieta, jejum, realização ou não dos exercícios físicos e uso de drogas para fins
terapêuticos ou não), intervalo de tempo entre a colheita e de transporte das amostras para o
laboratório, entres outros.

A necessidade do jejum decorre do facto de os valores de referência dos testes terem sido
estabelecidos em indivíduos nessa condição. A não observância do jejum pode alterar a
composição sanguínea de alguns exames. A maioria dos exames exige três horas de jejum, com
excepção da glicemia (oito horas) e do perfil lipídico (12 horas). Para crianças mais novas, o
jejum pode ser de uma ou duas horas. Por outro lado, as alterações de parâmetros no plasma

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
27
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ainda depende da composição da dieta e do tempo decorrido entre a ingestão e a colheita da


amostra. Alimentos que contêm muita gordura, por exemplo, fazem subir a concentração de
triglicérides, da mesma forma que dietas ricas em proteínas promovem níveis elevados de
amônia, ureia e ácido úrico. Os exercícios físicos são capazes de aumentar a actividade sérica de
enzimas de origem muscular, como a creatinoquinase (CK), a aldolase e a aspartato
aminotransferase, pelo aumento da liberação celular. Pode haver ainda hipoglicemia, elevação da
concentração de ácido láctico em até dez vezes, a depender da intensidade do exercício.

Estudos recentes mostram que, o paciente deve permanecer em jejum durante 8-12 horas de
tempo, antes da colheita da amostra, de acordo com o exame laboratorial solicitado, a excepção
da água. A ingestão de água suficiente para satisfazer a hidratação normal não significa que o
jejum tenha sido quebrado. Quando o nível da água diminui, o organismo fica desidratado, a
pressão cai e a circulação fica lenta. A desidratação do organismo torna as veias colapsas, o que
dificulta a punção venosa.

Caso seja evidenciada qualquer anormalidade na recepção da amostra, o procedimento deve


prever acção correctiva imediata, consultando o cliente para obter informações adicionais, com
base nos critérios de aceitação e rejeição de amostras. Devem existir registos que comprovem a
avaliação da amostra durante a recepção e as acções realizadas quando evidenciada qualquer
anormalidade.

Após a avaliação da qualidade das amostras durante a recepção, uma vez aceites, estas devem ser
identificadas imediatamente, através de um procedimento capaz de assegurar que não sejam
confundidas fisicamente, nem quando citadas em algum registo do laboratório. A identificação
da amostra deve ser mantida durante toda a permanência da amostra no laboratório. Portanto, o
código de identificação da amostra deve ser colocado no corpo do recipiente da amostra, assim
como na requisição do paciente que acompanha a amostra e no livro de registos/programa
informático em uso no laboratório.

Sector de Bioquímica

As análises frequentemente realizadas, incluem dosagens de glicose, colesterol; enzimas


hepáticas ou cardíacas e medição dos electrólitos (sódio, potássio, cloretos e bicarbonatos) no
sangue. Pode também realizar-se procedimentos de química especial ou toxicologia, onde o

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
28
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

sangue ou urina do paciente pode ser analisado para descobrir qual droga está envolvida em uma
“overdose”, ou níveis de drogas
medicamentosas podem ser monitorados, ou o
nível de hormónios pode ser medido (figura
1). Estas análises, são geralmente realizadas
em amostras no soro (após uma centrifugação
adequada), que é a parte líquida do sangue
após ter-se formado um coágulo. Os testes
também podem ser feitos no plasma, urina e
outros fluídos do corpo como liquor (líquido
céfalo raquidiano-LCR), líquido sinovial,
líquido ascítico, entre outros.

Sector de Microbiologia

É responsável pelo crescimento e identificação de microorganismos, usualmente bactérias,


isoladas de amostras de pacientes, como sangue,
urina, fezes, escarro/expectoração, secreções e
outros fluídos do corpo (figura 2).

A parasitologia, que estuda os parasitas, a


virologia, que estuda os vírus e micologia, que
estuda os fungos, são geralmente uma parte do
sector de microbiologia.

Na parasitologia, as amostras biológicas de fezes


dos pacientes são examinadas para evidenciar
parasitas intestinais, como ténias e
ancilostomídeos. Neste subsector, também são
examinadas as amostras da urina dos pacientes,
para evidenciar os parasitar do trato urinário, como os histosomas e, entre outros.

Sector de Hematologia

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
29
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

O sangue total (colhida no tubo com anticoagulante) é usado na maioria dos exames. As técnicas
hematológicas podem ser qualitativas
ou quantitativas (figura 3).

Os procedimentos
quantitativos incluem contagens
dos vários componentes do sangue,
como por exemplo, o número de
leucócitos (células brancas), eritrócitos
(células vermelhas), hemostasia
e plaquetas em uma amostra de sangue
podem ser determinados. Estas
contagens podem ser feitas
manualmente ou em aparelhos
automatizados.

As técnicas qualitativas são aquelas nas quais os vários componentes do sangue são observados
por suas qualidades, sejam tamanho, forma e maturidade. Usando um microscópio, o técnico do
laboratório pode ver um esfregaço para determinar os tipos de leucócitos presentes, estimar o
tamanho, forma e conteúdo de hemoglobina das hemáceas (eritrócitos), ou estimar o número de
plaquetas.

Sector de Banco de Sangue

Pode ser chamado também de serviço de


transfusão ou imuno-
hematologia. Neste sector, se a transfusão
é necessária, os grupos sanguíneos
A, B, O e o factor Rhesus (Rh), entre
outros do paciente são
determinados pelos técnicos de banco de
sangue. Podem também ser
determinados outros grupos sanguíneos
(figura 4). Os técnicos de banco de

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
30
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

sangue testam ainda as unidades de sangue que estão estocadas para determinar quais são
compatíveis para transfusão nos pacientes. São realizados procedimentos de serologia usando
métodos antígeno-anticorpo para a testagem de doenças transmitidas pelo sangue como o HIV,
Sífilis, Hepatites B e C.

O sector de banco de sangue também processa o sangue doado em componentes específicos, tais
como concentrado de hemáceas e plasma.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS CLÍNICOS SEGUNDO O NÍVEIS DE


ATENÇÃO EM SAÚDE

Os laboratórios organizam-se para atender as pessoas segundo os níveis de atenção em:


laboratório de nível primário, secundário, terciário e quaternário.

Laboratório de Nível Primário

Oferece os serviços básicos tais como: os testes rápidos (HIV,malária, sífilis) e microscopia
clínica sem, ou com equipamento mais simples disponível (Microscópio e centrifuga),
monitorização simples de hemoglobina (Hgb) e hematócrito (Hct) e encaminhamento para um
nível superior. Trabalham neste nível cerca de 1 a 2 técnicos básicos de laboratório ou outro
pessoal treinado afecto ao laboratório (por exemplo de laboratórios dos postos e centros de
saúde).

Laboratório de Nível Secundário

Oferece serviços de Bioquímica, Hematologia, Serologia, testes de CD4, Bacteriologia,


Parasitologia, microscopia de Tuberculose (TB) e de malária, Testes rápidos de HIV, malária,
sífilis, etc. Este laboratório possui instrumentos capazes de manipular 20-50 amostras por dia.
Trabalham no laboratório deste nível cerca de 2 a 5 técnicos de laboratório, (Por exemplo os
laboratórios dos hospitais distritais, rurais e gerais).

O Laboratório de Nível Terciário

Oferece serviços laboratoriais mais completos com analisadores automáticos de Bioquímica e


hematologia. Estes laboratórios têm a capacidade para realizar análises de CD4 para 50 a 150
amostras por dia. A capacidade de laboratório de microbiologia completa, pode estar apto a
realizar culturas de Bacilo de Koch ou bacilos álcool-ácido resistentes ﴾BAAR﴿. O laboratório de

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
31
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

nível terciário deve estar equipado para atender a situações que o nível secundário não conseguiu
resolver e eventos mais raros. Necessita pelo menos um pessoal especializado para diferentes
sectores (laboratório de microbiologia, laboratório de bioquímica e hematologia). Por exemplo
de laboratórios dos hospitais provinciais.

Laboratório de Nível Quaternário,

Constitui a referência para os doentes que não encontram soluções ao nível dos Hospitais
Provinciais, Distritais, Rurais e Gerais bem como dos doentes provenientes de Hospitais
Distritais e Centros de Saúde que se situam nas imediações do Hospital e que não têm Hospital
Geral para onde possam ser transferidos. Neste nível situam-se os laboratórios dos Hospitais
Centrais que concentram os equipamentos com alta incorporação tecnológica para a realização
de exames de alta complexidade. O pessoal que trabalha nestes laboratórios necessita de
formação especializada mais intensiva.

5. ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DO LABORATÓRIO CLÍNICO

Os esquemas organizacionais dos laboratórios, variam de acordo com o tamanho dos mesmos
(ver no módulo de gestão). Em uma linha geral, o esquema organizacional pode ser estruturado
da seguinte forma: o Director de Laboratório, Supervisor Técnico ou Gerente de
laboratório, Supervisor Geral ou Chefe de Sector e Pessoal técnico ou tecnologistas de
bancada (fig 5).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
32
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

O Director de Laboratório

É usualmente um patologista, um médico que é especialmente treinado na natureza que causa as


doenças. Os Biomédicos podem também se qualificar para directores. O nível de complexidade
dos exames feitos pelo laboratório determina que qualificação deve ter o director de laboratório.
O director de laboratório é último responsável por tudo o que acontece no laboratório.

O Supervisor Técnico ou Gestor de Laboratório

Está directamente abaixo da autoridade do Director de Laboratório surge então a figura do


Supervisor Técnico ou Gestor de Laboratório. Este geralmente é formado em laboratório
(análises clínicas) com um treinamento adicional de administração. O supervisor técnico é
responsável por estabelecer critérios do pessoal, procedimentos, avaliação e treinamento,
estabelecer programas de controlo de qualidade apropriados, observar e documentar o
desempenho e competências dos funcionários. O supervisor deve garantir o manual de
procedimento contendo as instruções de cada procedimento executado no laboratório. Este
manual deve estar disponível para todos os funcionários e deve ser colocado em um lugar de
fácil acesso para todos os colegas.

O Supervisor ou Chefe de Sector

É o responsável pela quantidade e qualidade do trabalho realizado em seu setor (cada sector, tem
o seu supervisor geral), como também, responsabiliza-se pelo treinamento dos funcionários e por
avaliar o desempenho dos mesmos. O supervisor geral reporta ao supervisor técnico.

O pessoal técnico ou tecnologistas de bancada

São os profissionais que realmente realizam os exames de laboratório. Incluem-se aí os


tecnologistas médicos e técnicos de laboratório clínico. O pessoal técnico ou tecnologistas de
bancada reportam ao supervisor técnico e ao Chefe do Sector.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
33
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1.4. O Fluxograma de Actividades dos Laboratórios

O pessoal do laboratório só faz um exame se for entregue um formulário ou requisição adequado


para o doente, feito pelo pessoal clínico. Uma vez recebido o pedido de exame no sector de
recepção, a amostra adequada será colhida.

Após a colheita, a amostra é devidamente registada e identificada através de um código que é


usado durante o processamento da mesma.

O técnico de laboratório ou outra pessoa responsável por colheita da amostra deve estar treinado
para o efeito e doptado de conhecimentos e capacidade de aceitar ou rejeitar as requisições ou
ainda sugerir repetições de exames se necessário.

Em seguida, as amostras colhidas ou recebidas e registadas no sector de recepção, são


encaminhadas para diversos sectores de acordo com o exame solicitado onde posteriorimente
serão analisadas pelos profissionais com o conhecimento na área específica de laboratório
afectos nestes sectores.

Por fim, o exame laboratorial é finalizado com o registo dos resultados e entrega à sua
proveniência depois da validação do resultado pelo director técnico ou chefe do laboratório ou
pessoal autorizado.

1.5. Equipamento e material do laboratório clínico

ii. Os Equipamentos do Laboratório Clínico


Os equipamentos do laboratório clínico são os diversos aparelhos ou instrumentos utilizados em
laboratórios para realizar análises, cálculos e medições.

O tipo de equipamento usado no laboratório clínico é determinado pelo seu tamanho, o número e
variedade de exames efectuados.

Um laboratório pequeno (de nível primário) pode ter somente um microscópio, uma
centrífuga e um refrigerador.

Laboratórios maiores (de níveis secundário, terceário e quaternário) podem ter equipamentos
de qualidades diferentes, várias cores e com custos deversificado e, inclui instrumentos como as
centrifugas, pHmetros, autoclaves, balanças, Microscópio, estufas, Banho-Maria,
aglutinoscópio, pipetas, analisadores, etc.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
34
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Para obter resultados de confiança, o equipamento usado no processo dos exames deve ser
manipulado correctamente e é imperativa a consulta aos manuais fornecidos pelos fabricantes
dos equipamentos para determinar qual o uso apropriado de cada peça do equipamento.

a) A Centrífuga

São instrumentos que giram


(centrifugam) amostras a altas
velocidades, forçando as partículas mais
pasadas ao fundo do recipiente, através
da força centripeda (figura 6). O
objectivo de centrigugar amostras no
laboratório, sobretudo em Bioquímica,
Banco de Sangue e Microbiologia é para
separar os componentes celulares do
líquido, ou seja, separar as partículas
insolúveis que numa amostra se
sedimentam no fundo do tubo de centrífuga, restando o chamado sobrenadante (fase líquida) por
cima do sedimento. O sobrenadante é então pipetado ou decantado e o sedimento retirado do
tubo.

A centrifugação é usada, por exemplo, na separação de membranas celulares (insolúveis em


água) e citoplasma (solvente celular aquoso) após ruptura de células. Também é usada para a
separação dos elementos figurados do sangue e o plasma sanguíneo, em que as células
(eritrócitos, leucócitos, plaquetas) são depositadas no tubo, podendo o plasma ser separado e
analisado.

Uma centrifugação inadequada pode hemolisar as mostras. As hemólises podem interferir nos
resultados laboratoriais, como é o caso do aumento dos valores de potássio. A centrifugação
inadequada também pode resultar em uma separação incompleta da amostra (presença de fibrina)
no soro, o que levaria à contaminação do analisador e a resultados errados.

As centrífugas podem variar de tamanho, capacidade e velocidade. As centrífugas clínicas têm


uma velocidade variada de 0 a 3000 RPM (rotação por minuto), e podem suportar tubos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
35
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

variados, de tamanho de 5 a 50ml dependendo de adaptadores. Uma centrífuga pequena, usando


tubo de sorologia de 2 a 3ml de capacidade é usada em Bancos de sangue e sorologia. Assim
como outros instrumentos, a calibração periodica e as instruções de uso do fabricante devem ser
seguidas quando se usar uma centrífuga, pois, o não seguimento das instruções pode levar a
consequências como, a hemólise das amostras, quebra dos tubos, entre outras.

Regras gerais no uso de centrífugas

1. Sempre opere as centrífugas com a tampa fechada;

2. Equilibre o conteúdo da centrífuga antes de operá-la;

3. Se vai ser centrifugado somente um tubo, um outro tubo idêntico, com o mesmo
conteúdo de líquido (água) deve ser colocado no rotor em posição oposta ao tubo do
material. O Rotor é a parte da centrifuga que suporta, recebe os tubos a serem
centrifugados e que gira durante a operação da centrifuga. Para cada amostra colocada no
rotor, deve haver um outro tubo, directamente oposto, para equilíbrio da centrífuga;

4. Deixe o rotor ficar bem parado antes de abrir a tampa da centrífuga;

5. Centrifugue os tubos fechados/tapados, para evitar a formação de aerossóis;

6. Use somente tubos conforme especificado para cada centrífuga particular.

A relação velocidade/tempo pode variar de um fornecedor para outro; por exemplo, alguns tubos
com gel separador podem ser centrifugados em tempos reduzidos, aproximadamente 4 a 5
minutos, aumentando a produtividade e optimizando a rotina laboratorial. O laboratório deve
consultar o seu fornecedor sobre as recomendações de centrifugação.

ATENÇÃO Em relação as regras gerais sobre o uso das centrífugas podemos encontrar mais

detalhes nos modulos de Testes Bioquímicos, Exames Hematologicos e Banco de


Sangue.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
36
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

b) O ph-metro

São equipamentos indicados para medir o


pH das soluções em laboratórios químicos
de controlo de qualidade (figura 7).

ATENÇÃO
Mais detalhes sobre Phmetros encontraremos no módulo de Exames
Bioquímicos.

c) As Balanças

São equipamentos usados para a pesagem de substâncias no laboratório (fig.8). Existem vários
tipos de balanças e elas diferem nas quantidades que podem ser pesadas e na sensibilidade das
medidas, como é o caso de balanças analílticas e electrónicas.

As Balanças analíticas são usadas na obtenção (pesagens) da massa de sólidos e líquidos não
voláteis. Possuem menor precisão quando comparadas
com as balanças electónicas.

As Balanças electónicas são usadas na obtenção


(pesagens) da massa de sólidos e líquidos não voláteis
com grande precisão, algumas chegando a 5 casas
decimais. As balanças electónicas possuem grande
sensibilidade a qualquer perturbação externa, por
exemplo: corrente de ar e movimentação extrema no
perímetro, que alteram a precisão da medida durante seu
uso.

A pesagem incorecta de substâncias no laboratório clínico pode influenciar na preparação de


reagentes com concentrações não previstas. Por exemplo, a pesagem incorecta de Cloreto de
Sódio para a preparação de solução salina 0,9% (soro fisiológico), para a preparação de
suspensões de hemáceas no Banco de Sangue, pode causar hemólise, se esta for abaixo dos 0,9%

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
37
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

e se for acima deste valor, as hemáceas podem


murchar.

d) O Autoclave

São instrumentos que esterilizam materiais através


do calor sob pressão a vapor. Elas são como
grandes panelas de pressão (fig.9).

Em uma autoclave, os mateiais são aquecidos sob


uma pressão de 15 libras/polegada quadrada
(correspondente a 1 atmosfera) a 1210C por 15 a
20 minutos. Estas condições mostraram serem suficientes para matar os contaminantes e agentes
infecciosos, tais como: esporos de fungos, bactérias e vírus.

A maioria das autoclaves é programada para operar automaticamente, usando um ciclo de tempo.
Os materiais a serem esterilizados são colocados na câmara da autoclave, que é rodeada por um
cesto metálico que contém o vapor. A porta, com um vedante para previnir a fuga do vapor, deve
ser bem fechada antes que o processo de esterização seja iniciado.

Quando a autoclave é ligada, a câmara enche-se de vapor, que expulsa o ar contido. Uma válvula
se fecha e a pressão sobe até o ponto desejado, normalmente 15 libras/polegada quadrada (1
atmosfera de pressão). Após a temperatura alcansar 121 0C, os materiais serão aquecidos por 15 a
20 minutos. O vapor é então liberado lentamente, até que a pressão decresça e volte a pressão
atmosférica externa. Quando isso acontecer, a câmara é ventilada e pode-se abrir a porta,
tomando cuidado com algum vapor que eventualmente ainda possa escapar. Os materiais
esterilizados podem ser retirados usando pinça ou luvas termo-isolantes.

Quando esterilizar líquidos, deve-se usar frascos resistentes ao calor, frouxamente tapados e
cheios até, no máximo, da metade a capacidade total. Esses frascos devem ser colocados em uma
estante ou cesto para evitar derramamentos.

A pressão da câmara deve ser liberada lentamente, para evitar o derramamento do líquido
por excesso de ebulição. Os materiais não esterilizados em uso no laboratório pode ser
fonte de transmissão das infecções.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
38
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ATENÇÃO
Podemos encontrar mais detalhes nos Módulo de Exames
Microbiológicos e Parasitológicos.

e) O Microscópio

É um aparelho utilizado para visualizar estruturas minúsculas como as células (fig.10). O


Microscópio Óptico Composto (M.O.C) funciona com um conjunto de lentes (ocular e
objectiva) que ampliam a imagem transpassada por um feixe de luz.

Este tipo de microscópio, é constituido por uma parte mecânica e uma parte óptica. Cada parte
engloba uma série de componentes constituintes do microscópio.

A parte mecânica serve para dar a


estabilidade e suportar a parte óptica.
Esta parte é constituida por:

- O Pé ou base: suporta o
microscópio, assegurando a sua
estabilidade.

- O Braço ou coluna: é uma


peça fixa a base, na qual estão
aplicadas todas as outras partes
constituintes do microscópio.

- O Tubo ou Canhão: é um
cilindro que sustenta os sistemas de lentes, localizando-se na extremidade superior a
ocular e na inferior o revólver com objectivas.

- A Platina: é uma peça circular, quadrada ou rectangular, paralela à base, onde se coloca
a preparação a ser observada, possui no centro um orifício circular ou alongado que
possibilita a passagem dos raios luminosos concentrados pelo condensador.

- O Parafuso Macrométrico: permite movimentos de grande amplitude, rápidos por


deslocação vertical da platina. É indespensável para fazer a focagem.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
39
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- O Parafuso Micrométrico: permite movimentos lentos da deslocação da platina para


focagens mais precisas.

- O Revólver: é um disco adaptado a zona inferior do tubo que suporta duas a quatro
objectivas de diferentes ampliações. Facilita a substituição de uma objectiva por outras
colocando-as por rotação em posição de observação.

A parte óptica é constituído por:

- As Lentes das oculares: são um conjunto de lentes sobre as quais se coloca o olho.
Fornecem imagem virtual, ampliada e directa. O tamanho de aumento está gravado na
sua extremidade superior. Para o cálculo da ampliação total, multiplica-se a ampliação da
ocular pela da objetiva. Exemplo: ocular (10x) x objetiva (40x) = ampliação total de
400x.

- As Lentes da objetiva: são um conjunto de lentes que permite a ampliação da imagem


de um objecto qualquer. Estão presas ao revólver, que ao ser girado vai mudando as
objectivas. Ela projecta uma imagem real, ampliada e invertida. O tamanho de aumento
da objectiva é gravado na sua lateral.

Para uso da objectiva de imersão (100x), utilizar inicialmente, o menor aumento e focalizar a
preparação. Em seguida, coloca-se uma gota de óleo de emersão sobre o centro iluminado da
lâmina lateralmente e controlar o abaixamento até que a objetiva toque o óleo. Terminando o
estudo, limpar a lâmina e a lente usando o papel toalha, ou um pano macio molhado em xilol ou
álcool a 70%, entretanto, o ideal é limpar com papel de lente.

- O Condensador: localiza-se por baixo da platina. É o conjunto de lentes cuja função é


concentrar a luz.

- O parafuso de Charriot: serve para locomover a lâmina para a direita ou esquerda e


para cima ou para baixo.

- O Diafragma: regula a intensidade luminosa no campo visual do microscópio.

Como utilizar o microscópio

1. Ligar a fonte luminosa.

2. Colocar a lâmina com a preparação sobre a platina.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
40
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

3. Com o auxílio do condensador e do diafragma obter uma boa iluminação.

4. Olhando pelo lado externo, girar o parafuso macrométrico de forma a aproximar a


objectiva de 10x o mais perto possível da preparação.

5. Olhando pela ocular, girar o mesmo parafuso no sentido inverso até obter uma imagem
nítida da preparação.

6. A seguir fazer o foco com a objetiva de 40x: girar o revólver colocando a objetiva de 40x
na direcção da preparação e focalizar com o auxílio do parafuso micrométrico.

7. Para uma ampliação maior, (objetiva de 100x), girar o revólver apenas o suficiente para
afastar a objetiva de 40x da preparação. Colocar uma gota de óleo de imersão sobre a
preparação.

8. Em seguida, girar o revólver de forma que a objetiva de 100x fique posicionada sobre a
preparação. Girar o parafuso micrométrico até obter o melhor foco do material. Evitar o
contacto do óleo de imersão com as objetivas de 10 e 40x, pois este pode danificá-las.

Os Cuidados a ter com o microscópio

O microscópio deve estar em uma posição permanente, em uma mesa sólida e uma área livre de
vibrações. Se precisar de ser movimentado, o microscópio deve ser transportado cuidadosamente
com as duas mãos, pelo braço e pela base. Ele deve ser colocado suavemente nas bancadas ou
mesas, para evitar vibrações.

Após o uso, o microscópio deve ser guardado livre de poeira ou óleo de emersão. Sempre com a
menor objetiva e a platina totalmente levantada.

Para limpar as lentes e outros componentes de vidro, remova a sujidade por meio de sopro e
depois passe suavemente uma gaze limpa.

Se a lente estiver suja com manchas de óleo, limpe suavemente com um pedaço de gaze
ligeiramente embebido em uma solução de limpeza (50% éter sulfúrico, 50% clorifórmio, ou
álcool a 70%).

ATENÇÃO
Mais detalhes sobre os cuidados podemos encontrar nos módulos de
Exames Parasitologicos e Hematológicos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
41
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

f) A Estufa bacteriológica

São utilizadas nos laboratórios de investigação


microbiológica, e outros, para incubar à
temperatura constante (geralmente 36,5°C) por
tempo variável, permitindo deste modo o
crescimento e a multiplicação dos
microorganismos (figura 11).

g) O Banho-maria

Instrumento usado em laboratorios para aquecer lenta e uniformemente qualquer substância


líquida ou sólida submergido num outro recipiente (figura 12). Coloca-se água no Banho-
maria e esta, é deixada a ferver ou quase e, em seguida, introduz-se neste, o recipiente contendo
a substância a ser aquecida.

h) Aglutinoscópio

É empregue em análises onde o fenômeno de aglutinação esteja envolvido (figura 13). Este
dispositivo auxilia na visualização da
aglutinação em lâminas, por exemplo. Este
equipamento possui aquecimento que atinge a
temperatura de 37 °C, que é ideal para
promover as pontes entre os anticorpos IgG e
os respectivos sítios antigênicos durante as
análises de exames clínicos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
42
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A luz emitida por este aparelho possibilita a integração e homogeneização dos eritrócitos com
soro anti-Rh (D) na determinação de factor Rh (D). Além disto, este equipamento oferece uma
visualização prática da aglutinação na lâmina, devido ao calor e da luz incidida.

ATENÇÃO
Mais detalhes sobre Aglutinoscópio encontraremos no Módulo de
Banco de Sangue

i) Cabines de Segurança Biológica (CSB)

Também chamadas de capelas de fluxo laminar, são equipamentos que tem como função
principal reter partículas contaminantes de
dimenções microscópicas; portanto, servem para
proteger a amostra, o profissional e o ambiente
laboratorial dos aerossóis potencialmente
infectantes que podem se espalhar durante a
manipulação de amostras (figura 14). Alguns tipos
de cabine protegem também o produto que está
sendo manipulado do contacto com o meio
externo, evitando contaminações. Para o uso das
CSB, recomenda-se o seguimento das instruções
do fornecedor.

j) As Pipetas

São usadas para medir rigorosamente e transferir líquidos. As mais comuns são: as
volumétricas, graduadas, automáticas e de Pauster.

 A pipeta graduada é um tubo longo e estreito, aberto nas duas extremidades, marcado
com linhas horizontais que constituem uma escala graduada. Utilizam-se para medição e
transferência de volumes variáveis de líquidos, e apresentam uma precisão inferior à
pipeta volumétrica.
 A pipeta volumétrica é um tubo
com uma ponta superior mais larga,
um bulbo oval ou Redondo no meio

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
43
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

e a outra ponta afinilada. Elas são usadas sempre que a exatidão da transferência de um
volume é necessária.
 A Pipeta automática e micropipeta são feitas de plástico e são usados para transferir
volumes prefixados por premer e pressinonar um botão na pipeta (figura 15).

DEFINIÇÃO A pipeta de Pasteur é um utensílio de plástico, semelhante a um conta-gotas,


geralmente formado por um tubo de ponta afinilada. São utilizados para
adicionar um líquido gota a gota.

Procedimento para o uso de Pipetas

1. Introduzir a ponta inferior da pipeta (ponta da pipeta) no líquido, nem superficialmente,


nem profundamente demais, ou seja, no meio da solução ou líquido que deseja transferir;

2. Aspirar o líquido até uma altura superior a marca de aferição ou ao “Zero”, quer para
pipeta volumétrica, assim como para a pipeta graduada.

3. Vedar a parte superior da pipeta volumétrica com o dedo indicador impedindo a liberação
do líquido. Certificar que não há bolhas no líquido e nem espuma em sua superfície.
Retirá-la do líquido, e inclinar um pouco enxugando a parede externa com papel
absorvente.

4. Tocar a ponta da pipeta volumétrica no recipiente para ajustar o nível do líquido ao traço
de referência superior, deixando o líquido escoar vagarosamente, dando uma ligeira folga
na pressão exercida pelo seu dedo
indicador, deixando-a na posição
vertical.

5. Então coloque a ponta da pipeta dentro


do frasco receptor (onde se deseja
transferir o líquido) e deixe o líquido
escorrer vagarosamente como descrito
acima, até o volume desejado. A seguir
vede novamente a parte superior com o
indicador e retire a pipeta do frasco
receptor.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
44
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

k) O Espetofotómetro

É um instrumento usado na medição quantitativa da absorção da luz pelas soluções (figura 16).

ATENÇÃO
Mais detalhes sobre espetofotómetro encontraremos no Módulo de
Exames Bioquímicos.

iii. Materiais do Laboratório clínico


Os utensílios mais usados nos laboratórios são geralmente feitos de vidro (vidraria), de
porcelana, de metal e algum material de plástico.

a) A Água para o uso Laboratorial

A água da torneira não é adequada para o preparo dos reagentes a ser usados no laboratório
porque contém impurezas ou bactérias. As imporezas podem alterar os resultados laboratoriais,
diminuindo ou aumentado os seus valores. As bactérias podem inativar reagentes, contribuir para
a contaminação orgânica total, ou alterar as propriedades ópticas das soluções de ensaio.

O laboratório deve definir o tipo de água necessária para cada um dos seus procedimentos, e
deve ter um fornecimento adequado da mesma.

São defininidos os seguintes tipos de água:

1. Água Reagente para Laboratório Clínico (CLRW), adequada para a maioria dos
procedimentos de laboratório;

2. Água Especial Reagente (SRW), definida para um laboratório com procedimentos que
precisam de especificações diferentes do que CLRW;

3. Água Purificada Engarrafada Comercialmente que pode ser adequada para alguns
procedimentos laboratoriais.

A qualidade (especificações) de água do laboratório, seja preparada no laboratório ou comprada,


deve ser verificada e documentada pelo menos anualmente. A acção correctiva deve ser
documentada se a água não cumprir os critérios de aceitabilidade.

Em Moçambique, a água destilada é a mais usada para a preparação dos reagentes e na


realização dos procedimentos laboratoriais.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
45
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

b) Material de Vidro ou Vidraria

A vidraria são materias de rotina na maioria dos laboratórios e vem em vários tamanhos e forma.
A vidraria do laboratório tem duas composições básicas: o Cristal e borossilicatos. O Cristal tem
baixa resistência ao calor e produtos químicos, mas é barato. É usado muitas vezes para fazer
recipientes descartáveis do laboratório. O vidro de borossilicato é de alta resistência térmica e
não reage com a maioria dos produtos químicos. Pyrex e Kimax são marcas de vidro
borossilicato usualmente empregue no fabrico de béquer, frascos e outros artigos. Existem
alguns recepientes que são escurecidos/âmbar a fim de armazenar compostos que reagem com a
luz. A vidraria mais comum em laboratórios inclui as garafas, Béqueres, Balão de Erlenmeyer,
Balão volumétrico, Provetas (cilindros graduado), tubos de ensaio, Termómetro, vidro de
relógio, funil e vareta.

Garrafas

São recipientes usados para o armazenamento de regentes (figura 17). Existem garrafas de
vários tamanhos e tipos. O tamanho da garrafa não deve ser muito maior que a capacidade de
volume para o reagente. Garrafas escuras/âmbar são para o armazenamento de reagentes
fotossensíveis (figura 18). Os reagentes fotossensíveis se não forem armazenados em recipientes
apropriados podem perder as suas propriedades químicas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
46
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

O Béquer (copo de precipitação)

São recipientes cilíndricos de boca larga e


um bico para derramar líquidos (figura 19).
Cada Béquer é rotulado para indicar a sua
capacidade máxima em mililítros. São
usados para o aquecimento de líquidos e para
efectuar reacções de precipitação. Também
podem ser utilizados para medições de rotina
e mistura. Possuem apenas 10% de
exactidão.

O Balão de Erlenmeyer

Possui um fundo chato e lados inclinados que


gradualmente se aproximam no diâmetro, de
modo que a abertura do topo é semelhante a uma
garrafa (figura 20). A abertura pode ser lisa, e a
tampa pode ser uma rolha ou rosca. Este balão
pode ter a capacidade de 10ml á 4.000ml. São
usados para conter soluções ou para medir
volumes não críticos. Podem ser usados na
preparação, mistura e armazenamento de
soluções por curto período de tempo.

O Balão Volumétrico

É um frasco em forma de pêra usado para fazer medidas


críticas, isto é, medidas que requerem exactidão (figura

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
47
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

21). Estes balões são produzidos


de acordo com os padrões rígidos e
garantidos para conter um certo volume a
uma particular temperatura.

A capacidade é marcada no frasco, junto


a temperatura de calibração. Uma
linha é colocada no gargalo do frasco para
marcar o nível correcto de enchimento.

Proveta

É de paredes lisas e rectas, com base


estendida para dar a estabilidade (figura
22). As provetas são usadas no laboratório
para fazer medições não críticas e são disponíveis na capacidade de 5 á 2.000ml.

As marcações na lateral indicam a capacidade total e várias graduações em ml. Os líquidos são
medidos em uma proveta colocando-se o líquido até que o fundo do menisco esteja no nível de
marcação do volume desejado. Pode também ser usado para preparar soluções.

Tubos de Ensaio

São obtidos em uma variedade de tamanhos e formas, são usados em muitas técnicas do
laboratório (figura 23).

A maioria das análises são realizadas no tubo de ensaio, podem também ser empregues para
fazer reacções em pequena escala, principalmente nos testes de reacção em geral. As vezes, um
método de teste exige que seja aquecido o tubo e para este caso, o ensaio deve ser realizado
sempre em tubos de vidro termoresistente.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
48
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

O Termómetro

É um instrumento conhecido mesmo fora do


âmbito laboratorial, que é utilizado para medir a temperatura em diversas situações (figura 24).

O Vidro de Relógio

É um prato côncavo que pode ser


utilizado para dissolver materiais tais
como cristais. Pode também ser
utilizado na pesagem de alguns produtos
com características especiais (figura
25).

O Funil

É um utensílio conhecido mesmo fora do âmbito dos


laboratórios (figura 26). É utilizado para introduzir alguns
pós e líquidos dentro de recipientes de colo estreito ou para
filtrar líquidos através de papel de filtro. Pode ser fabricado
com outros materiais.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
49
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Outros Materiais em uso nos Laboratórios Clínicos

c) Material de Porcelana
O mais comum no laboratóro clínico é o cadinho e o
almofariz com pistilo. O almofariz com pistilo, pode
ser fabricado com outros materiais. São recipientes
destinados á trituração de materiais sólidos, (figura
27).

O Cadinho

Um cadinho é um pequeno recipiente, com forma de pote, que é utilizado para aquecer sólidos a
temperaturas bastante elevadas (figura 28).
Estes podem ser feitos de metal ou de
cerâmica mas nos laboratórios é mais comum
encontrarem-se cadinhos de carâmica,
especialmente de porcelana. Os cadinhos são,
habictualmente, reutilizáveis. No entanto,
certas reações químicas podem danificar o
cadinho, pelo que, nestes casos, deve ser
descartado.

Os cadinhos são aquecidos, normalmente, por contacto directo de uma chama de um bico de
bunsen. Apesar de muito resistentes a elevações de temperatura, os cadinhos não possuem uma
grande resistência mecânica, pelo que é necessário cuidado ao escolher um suporte para os
sustentar. Habictualmente, a melhor solução é o uso de tripé e , o que confere ao cadinho mais
estabilidade e menores alterações bruscas de temperatura.

d) Material de Metal

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
50
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

O material de metal usado no laboratório pode ser classificado como material de suporte e para
manuseamento. No grupo de material de suporte destacam-se materiais como, suporte de tubos
de ensaio, rede metálica, tripé e pinça metálica.

Suporte de Tubos de Ensaio

É utilizado para manter os tubos de ensaio


na posição vertical, (figura 29). Os tubos
deverão ser mantidos de boca para baixo,
quando não estão a ser utilizados.

A Rede Metálica

Apresenta um formato quadrado, de malhas


finas, que trazem na parte central um disco de
amianto, preso nas próprias malhas da rede,
que concentra o calor e não arde (figura 30).
Constitui a rede onde assenta o recipiente a ser
aquecido, e sob a qual é colocada a fonte de
aquecimento a gás.

O Tripé

É feito de ferro, cujo anel superior suporta uma


rede metálica ou uma placa de “ceran” (figura 31).

Pinça Metálica

Destina-se a sustentar o tubo enquanto se aquece


para evitar que o experimentador se queima (figura
32).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
51
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

No grupo de Material de manuseamento, destaca-se o Bico de Bunsen e a espátula.

Bico de Bunsen

É um queimador de gás que tem particular vantagem de permitir modificar o poder calorífico da
sua chama com o simples manuseamento de uma anilha (figura 33).

Esta anilha é móvel na base da chaminé do queimandor e possui dois orifícios que se podem
fazer acertar, ou não, com os outros dois abertos na dita base da chaminé. Quando se acerta a
anilha torna-se fácil o acesso do ar para a combustão do gás que entra no bico de Bunsen
próximo desse nível.

A chama obtida é então obscura e muito quente. Se os orifícios não se acertam, o acesso do ar é
insuficiente, o combustível arde mal e a chama torna-se luminosa e pouco quente.

Nos trabalhos do laboratório, os estudantes deverão empregar a chama obscura por ser a mais
quente, mas deverão ter o cuidado de rodar a
anilha e tornar a chama luminosa sempre
que tiverem o bico aceso, mas que não
estejam a utiliza-lo.

Faz-se esta recomendação porque muitas


vezes os alunos se esquecem que o bico está
aceso em virtude de não distinguirem bem a
chama obscura à luz do dia e daí resulta que se
queimam inadvertidamente.

O bico de Bunsen apaga-se fechando a


torneira do gás e não rodando a anilha. O movimento da anilha só influi nas qualidades da
chama. O mais detalhe no módulo de testes Microbiológicos.

Espátula

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
52
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

É uma pequena pá de metal (ou de outro material) que serve, por exemplo, para retirar
substâncias sólidas do interior dos frascos, e para outros efeitos semelhantes (figura 34).

Agulhas hipodérmicas

São tubos cilíndricos ocos utilizados como componentes de equipamentos ou como um meio
através do qual passam fluidos (figura 35).
Geralmente são feitas da tubulação de aço
inoxidável. O uso de agulha hipodérmica e
seringa é o meio mais comum de colher
amostras de sangue. Ela é composta em partes
denominadas de canhão, protector e cânula,
este que termina pela ponta afiada bísel. O
Canhão é fabricado em cores diversas que
seguem padrão universal e identificam os
calibres das agulhas. Permite acoplamento fácil e seguro ao bico das seringas, proporcionando
segurança e eficácia na colheita do sangue e em outras actividades.

O Protector protege a agulha de possíveis danos até o momento do uso e garante a esterilidade
do conjunto por cinco anos, além de garantir a centralização da cânula no canhão.

A Cânula é um tubo fabricado à partir de uma fita de aço inoxidável, que vem colado no canhão.
A extremidade externa deste tudo é cortada de acordo com a finalidade de uso da agulha.Elas são
classificadas pelo seu diâmetro externo e espessura da parede, também conhecido como o
tamanho do calibre.

A escolha da agulha hipodérmica de um calibre que permita sua cômoda penetração nas veias
mais proeminentes, com pequeno desconforto é importante. A espessura (calibre) é consoante a
viscosidade do fluído e o calibre da veia/artéria que se quer alcançar.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
53
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A agulha hipodérmica se for muito grande para a veia à qual se destina, a agulha dilacerará o
vaso e causará sangramento (hematoma); se for muito pequena, lesionará as hemácias durante a
colheita, e os exames de laboratório que requerem glóbulos de sangue total ou hemoglobina e
plasma livre serão inválidos.
A colheita do sangue para transfusão requer um calibre maior do que o usado para colheita de
sangue .
Para a colheita de sangue, se o flebotomista utilizar uma agulha de comprimento menor do que o
adequado para o perfil corpóreo do utente/paciente, a colheita
pode ficar comprometida.
Nesta situação, principalmente em se tratando de pessoas
obesas que possuem uma camada de tecido de gordura mais
espessa, a agulha pode não ter comprimento suficiente para
alcançar as veias e a aplicação acaba sendo feita no tecido
subcutâneo.
Uma seringa é um equipamento de bombeamento, usado por
profissionais da área da saúde para inserir substâncias
líquidas por via intravenosa, intramuscular, intracardíaca, subcutânea, intradérmica, intra-
articular; retirar sangue; ou, ainda, realizar uma punção aspirativa em um paciente ﴾Figura 36﴿.

e) O Material de Plástico

Os recipientes de plástico são úteis no laboratório porque são resistentes a impactos e corrosão.
O plástico não liberta iões como certos tipos de vidros, mas pode fixar e passar por lixivia e
solutos.

Os plásticos não são afectados pela maioria de soluções aquosas. Muitos recipientes usados
actualmente em laboratório têm como matéria-prima o plástico, por ser um material mais barato
e durável. As soluções alcalinas devem ser armazenadas em recipientes plásticos.

A desvantagem destes recipientes é de não ter uma


grande estabilidade química e é pouco permeável
ao vapor de água e a corantes. Os exemplos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
54
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

mais comuns de materiais de plástico udados no laboratório incluem a garrafa de esguicho e as


placas de Petri.

Garrafa de Esguicho

É uma garrafa plástica que esguicha o líquido nele contido, quando se apertam com a mão
(figura 37). É usado para lavagens de materiais ou recipientes através de jatos de água, álcool ou
outros solventes. É costume ter esguicho na mesa de trabalho.

Placa de Petri

A Placas de Petri, podem ser fabricadas com outros materiais


(figura 38). Servem para fazer cultura de bactérias e de fungos,
ou actuam como pequenos ambientes fechados para insectos ou
germinação de sementes, ou até como recipientes para
amostras.

ATENÇÃO No laboratório, também utiliza-se material de boracha, como as peras de


borachas e tetinas, que servem para introduzir líquidos em pipetas
graduadas e em pipetas de pausters respectivamente.

1.6. Cuidados a ter com o material do laboratório

O material de laboratório de qualidade é caro e deve ser manipulado com cuidado. A vidraria é
um item de rotina na maioria dos laboratórios, mas pode causar ferimentos. Somente vidraria
isenta de estilhaçamento e libertação de camadas devem ser usadas, vidraria partida está
fragilizada e pode resultar em ferimentos para o usuário. Os vidros partidos devem ser recolhidos
do local com uma escova e pá ou pano de limpeza, nunca com as mãos desprotegidas.

A vidraria não deve ser descartada no lixo comum, mas em uma caixa de cartão rígido ou
recipientes especialmente feitos para esse fim. A vidraria limpa e seca devem ser guardadas em
um lugar que ofereça protecção contra poeira, quebra acidental e humidade.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
55
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Sempre que possível, os frascos de vidro devem ser substituídos por materiais plásticos. As
pipetas com pontas rachadas ou partidas não são precisas e devem ser descartadas.

1.7. A LAVAGEM DO MATERIAL DO LABORATÓRIO

O material do laboratório descartável foi idealizado para ser usado uma só vez e descartado
imediatamente após o uso. A outra parte do material deve ser lavada antes de ser usada. Para ter
resultados precisos e de qualidade, somente o material do laboratório isento de detergentes ou
soluções contaminantes deve ser usado. Os resíduos de detergentes ou produtos químicos são
nocivos aos resultados dos testes.
Os problemas de limpeza podem ser evitados se o material do laboratório for enxaguado
imediatamente após o seu uso e deixado mergulhado em uma solução de detergente suave até
que seja lavado. As Substâncias secas em recipiente são difícil de remover, mas depósitos
resistentes podem ser removidos após deixar mergulhado em um detergente de laboratório.
O Material do laboratório usado para amostras biológicas ou substâncias deve ser
descontaminado antes da lavagem, colocando-os de molho em um desinfectante adequado. A
vidraria do laboratório deve ser lavada com um bom detergente, usando uma escova, se
necessário e enxaguar com bastante água, seguidas de duas ou três lavagens com água destilada.
A lavagem pode ser feita à mão, usando luvas de limpeza.

RESUMO O laboratório clínico é um lugar no qual são testados, analisados ou


avaliados amostras biológicas ou de origem biológicas tais como: sangue,
líquidos corpóreos (Líquido ascítico, líquido pleural, líquido cefalo-
raquidiano), etc.

O número de departamentos ou sectores do laboratório clínico depende do


tamanho do mesmo. Geralmente os laboratórios clínicos possuem os
seguintes sectores: Recepção/ aceitação e colheita de amostras,
Hematologia e Banco de Sangue, Bioquímica e Microbiologia.

Os laboratórios organizam-se para atender as pessoas segundo os níveis de


atenção em: primário, secundário, terciário e quaternário.

O tipo de equipamento e o material usado no laboratório clínico é

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
56
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

determinado pelo seu tamanho, o número e variedade de exames efectuados.

As instruções de uso do equipamento e materiais fornecidos pelo fabricante


devem ser seguidas. O fluxograma das actividades do laboratório inicia após
a entrega da requisição por parte do clínico ao doente. Uma vez recebido do
doente o pedido de exame no sector de recepção, a amostra adequada será
colhida, registada e identificada através de um código que é usado durante o
processamento da mesma.

Em seguida, as amostras colhidas ou recebidas e registadas no sector de


recepção, são encaminhadas para diversos sectores de acordo com o exame
solicitado onde posteriormente serão analisadas, registadas os resultados
obtidos e finalizado pela entrega destes resultados ao doente.

A água da torneira não é adequada para o preparo dos reagentes para o uso no
laboratório porque contém impurezas ou bactérias, devendo o laboratório,
definir o tipo de água necessária para cada um dos seus procedimentos, e
deve ter um fornecimento adequado da mesma.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD1


Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 1 Listagem e descrição do funcionamento dos departamentos do
laboratório clínico
Duração 30 minutos
Objectivos:
- Listar os departamentos do laboratório clínico
- Descrever o funcionamento dos departamentos do laboratório clínico
Conteúdos de referência
Os Departamentos do laboratório clínico
O Funcionamento dos departamentos do laboratório clínico
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos organizam-se em grupos e fazem a discussão. Alguns grupos listam os
departamentos clínicos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
57
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

No final da discussão, os grupos apresentam os trabalhos no quadro.


Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Elogiar o aluno e faz a sintese das apresentações dos alunos.
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Sala de aulas usando marcadores e papel gigante
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a aula. Avalia a assimilação dos
conteúdos por parte dos alunos

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 2 Realização da focagem e desfocagem com a objectiva de 40x do
microscópio para visualizar as células patentes na lâmina.
Duração 2h
Objectivos:
- Realizar a focagem e desfocagem do microscópio
Conteúdos de referência
- Instrumentos e materiais do laboratório
- Funciomento do microscópio óptico
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- O aluno liga o microscópio, e coloca a lâmina com a preparação sobre a platina.
- Com o auxílio do condensador e do diafragma, o aluno obtem uma boa iluminação.
- O aluno gira o parafuso macrométrico e apróxima a objetiva de 10x o mais perto da
lâmina.
- Olhando pela ocular, o aluno gira o mesmo parafuso no sentido inverso até obter uma
imagem nítida da preparação.
- A seguir, o aluno gira o revólver colocando a objetiva de 40x na direcção da
preparação e focaliza com o auxílio do parafuso micrométrico.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Elogia o aluno e faz o resumo da colheita do sangue capilar
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
58
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Laboratório multidisciplinar
- Lâminas microcópicas e Lancetas
- Esguicho com álcool a 70% e algodão
- Microscópio óptico
- Pops de colheita, cloração e observação de sangue capilar
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Habilidades durante o manuseio do microscópio

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bibliografia

1. Mota, V.; (2009); Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações, 5ª


edição, Editora Científica Limitada.

2. Moura, R; Wada, C. Purchio, A. DE Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório. 3ª


edição, Atheneu; São Paulo.

3. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed,.

4. Xavier, R; Dora, J. De Sousa, C. Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática


Clínica: Consulta rápida, 2ª edição. Editora ABDR.

Documentos oficias consultados

 Ministério de saúde; (2012); Plano estratégico do sector saúde.

 Ministério de saúde; (2011); Introdução ao laboratório: manual de procedimentos


práticos para técnicos de laboratório, 1a edição; maputo.

 Ministério de saúde; (2011); Técnicas de laboratório, 1a edição; Maputo.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
59
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UNIDADE DIDÁCTICA 2

A BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
60
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ÍNDICE

UNIDADE DIDÁCTICA 2______________________________________________________61


OBJECTIVO GERAL__________________________________________________________63
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica_________________________________63

INTRODUÇÃO_______________________________________________________________64
1. A BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL______________________________________65
1.1. Os equipamentos de proteção individual-EPI_________________________________66

1.2. Os Equipamentos de proteção colectiva (EPC)________________________________69

2. A SINALIZAÇÃO USADAS NO LABORATÓRIO_______________________________71


3. AS NORMAS DE BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL_________________________73
4. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS SEGUNDO O NÍVEL DE
BIOSSEGURANÇA____________________________________________________________74
4.1. Níveis de Biossegurança (NB)______________________________________________76

5. INFECÇÃO, VIAS DE TRANSMISSÃO E DOSE DE INFECÇÃO__________________77


6. PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA PARA INCIDENTES POR EXPOSIÇÃO_____79
7. FLUXOGRAMA DE REPORTE DE ACIDENTES RESULTANTES DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL___81

8. AS PRECAUÇÕES UNIVERSAIS PARA PREVENÇÃO DE CONTAMINAÇÃO DOS


TRABALHADORES DE SAÚDE_________________________________________________81
9. A BIO-PROTECÇÃO_______________________________________________________86
10. SISTEMAS DE CONTROLO DE SEGURANÇA COM VISTA A GARANTIA DA
INTEGRIDADE DA AMOSTRA_________________________________________________88
11. O CONTROLO E RESPONSABILIDADE PELO MATERIAL BIOLÓGICO___________88
11.1. Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º2______________________________89

11.2. Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º2______________________________90

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS______________________________________________92
DOCUMENTOS OFICIAIS DO MISAU___________________________________________92

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
61
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL
Aplicar as normas de Biossegurança no Ambiente Hospitalar e Laboratorial

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o estudante será capaz de:


- Classificar o material de protecção individual e colectiva;
- Identificar os sinais usados no laboratório;
- Descrever as normas de Biossegurança;
- Descrever os tipos de riscos laboratoriais;
- Classificar os laboratórios segundo os níveis de biossegurança;
- Descrever as potenciais formas de transmissão de infecções;
- Simular um plano de resposta a acidente laboral;
- Identificar as regras de notificação e registo de acidentes laborais;
- Explicar as normas de protecção das amostras biológicas;
- Demonstrar as técnicas de limpeza, desinfecção e esterilização;
- Descrever as normas de transporte, armazenamento e descarte de materiais biológicos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
62
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO
Os laboratorios clínicos podem expor às pessoas que trabalham nele a riscos de diversas origens.
Para minimizar as consequências destes riscos é necessário tomar um conjunto de medidas ou
acções. Nesta unidade, o estudante irá discutir os factores-chave que determinam a virulência, os
principais potenciais de risco no laboratório, Equipamentos de protecção individual e colectiva,
Normas de biossegurança laboratorial, Classificar os laboratórios consoante o nível de
biossegurança. Também terá oportunidade de desenhar o fluxograma de reporte de incidentes
resultantes da exposição ocupacional.

De forma geral, a presente unidade didáctica apresenta onze capítulos, onde:


- O primeiro capítulo aborda a temática de biossegurança laboratorial, onde falaremos dos
riscos fiscos, químicos, biológicos e também os equipamentos de protecção usados em
laboratórios.
- O segundo destaca as sinalizações usadas, dentre elas, as sinalizações de alerta, de
produtos inflamável, etc.
- O terceiro capítulo descreve as normas de biossegurança em laboratório.
- Para o quarto capítulo teremos o tema sobre a classificação dos laboratórios segundo o
nível de biossegurança.
- No quinto capítulo a abordagem será feita em volta da infeção e as vias de transmissão e
dose de infeção.
- No sexto capítulo, iremos desenvolver a temática sobre procedimentos de emergência
para incidentes por exposição.
- Para o sétimo capítulo iremos descrever o fluxograma de reporte de acidentes resultantes
da exposição ocupacional.
- O oitavo capítulo aborda as precauções universais para prevenção de contaminação dos
trabalhadores de saúde.
- O nono capítulo da unidade faz a abordagem dos dois grandes conceitos, a Biossegurança
versus Bioproteção.
- No décimo capítulo a abordagem será focalizada nos sistemas de controlo de segurança
com vista a garantia da integridade da amostra.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
63
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- E por fim, temos o último capítulo sobre o controlo e responsabilidade pelo material
biológico.

1. A BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL
DEFINIÇÃO A Biossegurança é o conjunto de medidas ou acções voltadas para a prevenção,
controlo, minimização ou eliminação dos ríscos presentes nas actividades de
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de
serviços que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, a
preservação do meio ambiente e/ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.

O •produção, ensino,
desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços que podem
comprometer a saúde do
homem, dos animais, a
preservação do meio ambiente
e/ou a qualidade dos trabalhos
desenvolvidos.
O risco físico é aquele que é causado após a exposição aos agentes de risco físico. Consideram-
se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os
trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão, humidade, radiações ionizantes e não-
ionizantes, vibração, entre outros.
O risco químico é aquele que é causado após a exposição aos agentes de risco químicos.
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias que possam penetrar no organismo do

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
64
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, gases, vapores, ou que seja, pela
natureza de actividade, de exposição, possam ter contacto ou ser absorvidos pelo organismo
através da pele ou por ingestão. A maioria dos reagentes usados em laboratorio clinico,
encontram – se neste grupo de risco.
O risco biológico é aquele que é causado após a exposição aos agentes de risco biológico.
Consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias, vírus, fungos, parasitas, entre
outros.
Os Ríscos Ergonómicos é aquele que é causado após a exposição aos agentes de risco
ergonómico.
ATENÇÃO
Mais detalhes relacionados a riscos ergonomicos na Unidade Didática 05
deste módulo

O objectivo principal da biossegurança é criar um ambiente de trabalho onde se promova a


contenção do risco de exposição a agentes potencialmente nocivos ao trabalhador, pacientes e
meio ambiente, de modo que este risco seja minimizado ou eliminado.

Uma das principais normas de biossegurança em laboratórios diz respeito ao uso de


equipamentos de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção colectiva (EPC).

1.8. Os equipamentos de proteção individual-EPI

Os EPIs funcionam como barreira contra a transmissão de microrganismos devendo ser


utilizados de acordo com o tipo de actividade realizada e o risco de exposição aos patógenos. Os
equipamentos de proteção individual (EPI) são aqueles que conferem proteção individual ao
trabalhador ou manipulador. Nesta situação a proteção é específica para um determinado
indivíduo. São considerados EPI: as luvas, máscaras, óculos de proteção, toucas, batas e
sapatos.

Luvas
Protegem as mãos contra os materiais infecciosos e protegem os pacientes do contacto com
microrganismos presentes nas mãos do profissional de saúde. O profissional de saúde que não
calça as luvas para a realização de procedimento pode estar exposto a risco á infeccções pelos
microrganismos que o paciente ou a amostra transporta. As luvas mais comuns no laboratório
incluem as luvas de procedimentos, luvas cirúrgicas e luvas de borracha.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
65
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Luvas De Procedimentos
Que são de látex (borracha natural) ou de material sintético (vinil), servem para manipulação de
materiais potencialmente infectantes (figura
1). As luvas de procedimentos devem ser
usadas em todos os procedimentos, desde
colheita, transporte, manipulação até o
descarte das amostras biológicas, pois elas são
uma barreira de protecção contra os agentes
infecciosos. São vendidas em caixinhas
contendo 100 pares, que podem ser de
diferentes tamanhos (S, M, L e XL).

Luvas Cirúrgicas
São luvas estéreis, ou seja, totalmente livres de microorganismos, que são vendidas embaladas
em pares, havendo uma técnica correta de
colocação das mesmas. (figura 2). Usadas muito
mais nas cirurgias ou em outros procedimentos
invasivos.
As luvas de borracha são grossas e
antiderrapantes, servem para manipulação de
resíduos ou lavagem de materiais ou procedimentos
de limpeza em geral (figura 3). Estas luvas podem
ser usadas para a manipulação de materiais
submetidos a aquecimento ou congelamento, como
procedimentos que utilizem estufas para secagem de
materiais, banho-maria, câmaras frias, freezer para
conservação de amostras, além de outros. As luvas de
borracha são resistentes à temperatura e podem ser
reutilizadas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
66
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A escolha de luvas para o uso laboratorial depende dos procedimentos técnicos que o
profissional pretende realizar. Por exemplo, para realizar a colheita venosa de sangue, aconselha-
se o uso de luvas de procedimentos e para fazer limpeza nos sectores do laboratório, aconselha-
se o uso de luvas de borracha.

ATENÇÃO
Seguir os procedimentos de Calçar e Remover as Luvas.

Bata

Protege a roupa e a pele do profissional, da contaminação por sangue, fluidos corpóreos, salpicos
e derramamentos de material infectados, que pode ocorrer desde colheita, transporte,
manipulação e descarte de amostras clínicas. É importante que a bata seja colocada assim que o
profissional entre no laboratório, e permaneça com ele o tempo todo, porém ao ir a cantinas,
refeitórios, bancos, bibliotecas, auditórios, outros, ele deve ser retirado, pois são áreas não
contaminadas e a bata pode levar agentes biológicos para estes locais.

A bata deve ser confeccionada em tecido resistente (feito de algodão) à penetração de líquidos,
com comprimento abaixo do joelho e mangas longas, pode ser descartável ou não. Caso não seja,
deve ser resistente à descontaminação e autoclavação. A limpeza da bata deve ser feita na
própria lavanderia do hospital, caso esse serviço não esteja disponível para o profissional da
saúde, o ideal é que primeiramente a bata seja autoclavado e depois levada para casa, esse
procedimento não gera riscos de contaminação.

Máscara

Deve ser utilizada em todas as actividades que


envolvam a formação de aerossóis ou suspensão
de partículas como pipetagem, centrifugação,
execução de raspados epidérmicos, semeadura de
material clínico, entre outros. Existem diversos
tipos de mascaras que devem ser usados de
acordo com o matererial expostos. Por exemplo,
na manipulação de amostras contendo agente

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
67
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

infeccioso da tuberculose, deve-se usar a máscara N95 ou N99 (figura 4) e, na manipulação de


outras amostras que envolvam ou não a formação de aerossóis é aconselhável o uso da máscara
descartável (figura 6).

Óculos de Protecção

Servem para proteger os olhos dos salpicos das amostras durante o manuseamento. Estes óculos
devem ser de material rígido e leve, com cobertura completa da área dos olhos (fig. 5). Os óculos
de grau não substituem os óculos de proteção. É importante o uso dos óculos com a máscara,
pois protegem todo o rosto. Após o uso, lavar os óculos com água e sabão e fazer a desinfecção
com álcool etílico70%.

Touca ou Barrete

Serve para manter preso o cabelo para evitar contacto com materiais biológicos ou
químicos(figura 6). Em alguns sectores o uso da touca é obrigatório.

Os usuários do laboratório para além do EPI, devem


incluir os vestuários como, os sapatos e calcas. Os
sapatos devem ser fechados, confortáveis, de
material sintético impermeável, não poroso e
resistente, para impedir lesões, no caso de acidentes
com materiais perfuro-cortantes, substâncias
químicas e materiais biológicos. Os sapatos, podem
ser, em algumas situações, ser individuais.

As calças devem ser compridas e confeccionado em


tecido resistente. Em alguns sectores o uso do
avental é obrigatório.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
68
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1.9. Os Equipamentos de proteção colectiva (EPC)

Os EPCs são dispositivos, sistemas, ou meios, fixo ou móveis de abrangência colectiva,


destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores usuários e terceiros. Os
Equipamentos de Proteção Colectiva adoptados serão específicos ao tipo de risco encontrado no
ambiente de trabalho, podendo ser implementado praticamente em toda actividade produtiva.
Exemplos: A cabine de segurança biológica, Chuveiro de emergência, Lava-olhos,
Extintores de incêndio, Sinalização, entre outros.

Cabines de Segurança Biológica (CSB)

Também chamadas de capelas de fluxo laminar são equipamentos utilizados para proteger o
profissional e o ambiente laboratorial dos aerossóis potencialmente infectantes que podem se
espalhar durante a manipulação. Os detalhes sobre a cabine de segurança biológica estão
descritos na unidade didática I deste módulo. Normalmente este, equipamento encontra-se em
microbiologia e deve ser utilizado de acordo com as orientações do Pop.

Chuveiro de Emergência

É utilizado em casos de acidente em que haja projeção


de grande quantidade de sangue, substâncias químicas
ou outro material biológico sobre o profissional (figura
7). O jato de água deve ser forte e acionado por
alavancas de mão, cotovelos ou joelhos, para possibilitar
a remoção imediata da substância reduzindo os danos
para o indivíduo. Este deve estar localizado em locais de
facil acesso para todos os funcionários.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
69
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Lava-Olhos

É um equipamento utilizado para acidentes na mucosa ocular, o jato de água também deve ser
forte e dirigido aos olhos (figura 8). Quando ocorrer
acidente com derrame de material nos olhos, estes devem ser
lavados por, no mínimo 15 minutos, para remoção da
substância, reduzindo danos ao indivíduo. Em geral o lava-
olhos é instalado junto dos chuveiros ou junto das pias do
laboratório, porém a proteção com óculos pode evitar esses
tipos de acidentes, que às vezes pode levar a danos
irreversíveis. Os chuveiros e os lava-olhos devem ser limpos
semanalmente.

Extintores de Incêndio

Usados em laboratórios são: extintor de água (mangueira) para fogo em papel e madeira; extintor
de dióxido de carbono (pó químico ou espuma) para fogo em líquidos ou gases inflamáveis;
extintor de dióxido de carbono (pó químico seco) para fogo em equipamentos elétricos. A manta
ou cobertor serve para abafar ou envolver a vítima de incêndio, é confeccionado em lã ou
algodão grosso, não pode ter fibras sintéticas. O balde com areia ou absorvente granulado, é
derramado sobre substâncias químicas perigosas como álcalis para neutralizá-lo. Este deve estar
localizado em locais de fácil acesso para todos os funcionários (corredores, salas aberta, entre
outros).

2. A SINALIZAÇÃO USADAS NO LABORATÓRIO


DEFINIÇÃO
A sinalização é uma técnica que administra uma indicação relativa à segurança
de pessoas ou materiais.

A sinalização é dividida de acordo com suas funções em: sinalização de alerta, sinalização de
proibição, Sinalização dos equipamentos de combate, sinalização de condições de
orientação e salvamento, entre outras.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
70
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Sinalização de Alerta tem a função de alertar para áreas e materiais com potencial de risco. Os
exemplos comuns em laboratório encontram-se em rotulos de frascos contendo reagentes, porta
de entrada dos laboratorios, recepientes de transporte de amostras, aliquotas de amostras e
reagentes, entre outros. Os símbolos de inflamável, radioativo,
corrosivo, risco biológico, entre outras, são exemplos de
sinalização de alerta.

Símbolo indicativo de Produto Inflamável, quando


visualizado em um frasco de reagente, deve-se tomar o cuidado
para não expor o produto perto de chamas ou de lugares quentes (figura 9).

Símbolo indicativo de Produtos Químicos Radioativos são


perigosos em contacto com a pele, para manuseá-los é preciso
um intenso cuidado (luvas e macacão de segurança) (figura 10).

Símbolo de Substâncias
Corrosivas, está presente em
frascos de ácidos fortes (como
ácido sulfúrico, ácido clorídrico, etc.). Deve-se tomar o cuidado
para que o ácido não respingue na pele ou nos olhos, o contacto
com a pele causa sérias queimaduras (figura 11).

Símbolo de Risco Biológico, está presente em local onde se


manipulam microrganismos infecciosos (figura 12). Este
símbolo, indica que o produto em questão é prejudicial se
entrar em contacto directo com o indivíduo ou ao meio
ambiente. O correto é não descartar produtos que contenham
este símbolo ao local inadequado, e para o seu manuseamento
deve-se seguir rigorosamente as normas de biossegurança.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
71
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Sinalização de uma Substância Venenosa, alerta ao profissional e aos demais usuários do


laboratório para o não contacto com a pele (figura 13). Indica também que o produto pode
causar a morte se for inalado ou ingerido.

A Sinalizações de Proibição têm a função de proibir


acções capazes de conduzir ao início do incêndio ou outras
não conformidades (figura 14). Os exemplos comuns em
laboratório relacionados a sinalização de alerta são os
símbolos afixados em locais onde o perigo pode resultar da
utilização de uma
chama, prevenindo assim os riscos de incêncio ou
explosão, como o exemplo de locais de armazenamento de
líquidos inflamáveis.
A Sinalização de condições de orientação e salvamento
têm a função de indicar as rotas de saída e acções
necessárias para o seu
acesso, principalmente para
situação de emergência. Os exemplos comuns em laboratório
estão relacionados a sinalização de saídas de emergência.

A sinalização dos equipamentos de combate, têm como função


de indicar a localização e os tipos dos equipamentos de combate.
O extintor é o exemplo de um equipamento de combate ao
insêndio (figura 15).

Os outros símbolos comuns em laboratórios incluem a


sinalizações de Kit de primeiros socorros e outras.
O Kit de primeiros socorros é usado em caso de haver
acidentes e deve estar em locais de fácil localização
para todos os funcionários (figura 16). Este Kit, deve

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
72
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

conter, além de medicamentos, manta apaga-fogo (para caso de incêndios) e produto lava-olhos
(para respingos de ácidos nos olhos).

3. AS NORMAS DE BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL


As recomendações gerais de biossegurança que devem ser seguidas por todos os usuários de um
laboratório clínico são:

- Não pipetar produtos com a boca


- Trabalhar sempre com a bata abotoada;
- Não usar produtos que não estejam devidamente rotulados;
- Não levar as mãos à boca ou aos olhos quando estiver manuseando produtos químicos;
- Verificar sempre a toxicidade e a inflamabilidade dos produtos com os quais esteja
trabalhando;
- Não trabalhar sozinho em um laboratório, sempre que possível;
- Não manipular produtos inflamáveis perto de chamas ou fontes de calor;
- Não comer ou beber em laboratório.
- Lavar sempre as mãos após a manipulação de qualquer produto químico;
- Produtos voláteis ou tóxicos devem sempre ser manipulados na cabine de segurança ou
capelas de exaustão química e em casos especiais, com máscaras de proteção adequadas a
cada caso;
- É expressamente proibido fumar em laboratório;
- Não use sandálias, saias, calções, camisetes, nem amarre um casaco na cintura;
- Não coloque materiais de laboratório em roupas ou gavetas de uso pessoal;
- Não coloque alimentos nas bancadas, armários e geleiras dos laboratórios;
- Não utilize vidraria de laboratório como utensílios domésticos.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS SEGUNDO O NÍVEL DE


BIOSSEGURANÇA
Antes de iniciar qualquer experiência com amostras biológicas no laboratório clínico, deve-se
fazer uma avaliação do risco biológico no sentido de avaliar as condições do laboratório assim

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
73
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

como as necessidades físicas associadas à manipulação e descarte. A Organização Mundial de


Saúde (OMS) recomendou a classificação dos agentes de risco biológico manipulados no
laboratório em grupos com base no perigo que representam. Estes agentes são classificados em:
Agentes do Grupo de Risco I, II, III e IV.

Agentes do Grupo de Risco I

O risco individual e para comunidade é baixo, são agentes biológicos, que têm probabilidade
nula ou baixa de provocar infecções ao homem ou aos animais sadios, e de risco potencial
mínimo para o profissional do laboratório e para o ambiente.

EXEMPLO
Lactobacillus.

Agentes do Grupo de Risco II

O risco individual é moderado e para comunidade é limitado. Aplica-se a agentes biológicos que
provocam infecções ao homem ou aos animais, cujo risco de propagação na comunidade e de
disseminação no meio ambiente é limitado, não constituindo em sério risco a quem os manipula
em condições de contenção, pois existem medidas terapêuticas e profiláticas eficientes.

EXEMPLO
Toxoplasma spp.

Agentes do Grupo de Risco III

O risco individual é alto e para comunidade é limitado. Aplica-se a agentes biológicos que
provocam infecções, graves ou letais, ao homem e aos animais e representam um sério risco a
quem os manipulam. É um risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo
se propagar de indivíduo para indivíduo, mas existem medidas de tratamento e prevenção.

EXEMPLO
Bacillus anthracis.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
74
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Agentes do Grupo de Risco IV

O risco individual e para a comunidade são elevados. Aplica-se aos agentes biológicos de fácil
propagação, altamente patogênicos para o homem, animais e meio ambiente, representando
grande risco a quem os manipula, com grande poder de transmissibilidade por via de aerossóis
ou com riscos de transmissão desconhecido, não existindo medidas profiláticas ou terapêuticas.

EXEMPLO
Vírus Ebola.

1.10. Níveis de Biossegurança (NB)

Para manipulação dos microrganismos pertencentes a cada uma das quatro classes de
risco devem ser atendidos alguns requisitos de segurança, conforme o nível de contenção
necessário. Estes níveis de contenção são denominados de níveis de Biossegurança.

Os níveis de biosseguraça são designados em ordem crescente, pelo grau de proteção


proporcionado ao pessoal do laboratório, meio ambiente e à comunidade em nível de
biossegurança 1, nível de biossegurança 2, nível de biossegurança 3 e nível de
biossegurança 4.

Nível De Biossegurança 1 (Nb-1/Nbsl-1)

É adequado ao trabalho que envolva agentes bem caracterizados e conhecidos por não
provocarem doença em seres humanos e que possuam o mínimo risco ao pessoal do laboratório e
ao meio ambiente. É o nível de contenção laboratorial que se aplica aos laboratórios de ensino
básico, onde são manipulados os microrganismos pertencentes ao grupo de risco 1. Não é
requerida nenhuma característica de desenho, além de uma boa planificação espacial e funcional
e a adopção de boas práticas laboratoriais.

Nível de Biossegurança 2 (NB-2), Semelhante ao NB-1

É adequado ao trabalho que envolva agentes de risco moderado para as pessoas e para o meio
ambiente. Diz respeito aos laboratórios em contenção, onde são manipulados microrganismos da
classe de risco 2. Se aplica aos laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis primários de
diagnóstico, sendo necessário, além da adopção das boas práticas, o uso de barreiras físicas
primárias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
75
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Nível De Biossegurança -3 (Nb-3)

É aplicável para laboratórios clínicos de diagnóstico, ensino e pesquisa ou produção, onde o


trabalho com agentes exóticos possa causar doenças sérias ou potencialmente fatais como
resultado de exposição por inalação. É destinado ao trabalho com microrganismos da classe de
risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da
classe de risco 2. Para este nível de contenção são requeridos além dos itens referidos no nível 2,
desenho e construção laboratoriais especiais. Deve ser mantido controlo rígido quanto a
operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos e o pessoal técnico deve
receber treinamento específico sobre procedimentos de segurança para a manipulação destes
microrganismos.

Nível De Biossegurança - 4 (NB-4)

É indicado para o trabalho que envolve agentes exóticos e perigosos que exponham o indivíduo a
um alto risco de contaminação de infecções que podem ser fatais, além de apresentarem um
potencial relevado de transmissão por aerossóis. Estes laboratórios são de contenção máxima,
destinam-se a manipulação de microrganismos da classe de risco 4, onde há o mais alto nível de
contenção, além de representar uma unidade geográfica e funcionalmente independente de outras
áreas. Os laboratórios de NB-4 requerem, para além dos requisitos físicos e operacionais dos
níveis de contenção 1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho e equipamentos de
proteção) e procedimentos especiais de segurança.

5. INFECÇÃO, VIAS DE TRANSMISSÃO E DOSE DE INFECÇÃO


DEFINIÇÃO
A Infecção é a penetração, desenvolvimento ou multiplicação de um agente
infeccioso no organismo de um indivíduo.

Os elementos básicos na cadeia de transmissão das infecções são: o hospedeiro, o agente


infeccioso e o meio ambiente (a triade ecológica).

O hospedeiro pode ser o homem ou um animal, sempre exposto ao agente infeccioso ou ao


vetor transmissor.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
76
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

O agente infeccioso é um ser vivo capaz de reconhecer o seu hospedeiro, penetrar, desenvolver-
se, multiplicar-se neste ser vivo e, mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros.

EXEMPLO
Bactérias, Vírus, Fungos E Parasitas.

O meio ambiente é o espaço constituído pelos factores físicos, químicos e biológicos, cujo
intermédio influenciam o agente infeccioso e o hospedeiro.

As vias de transmissão das infecções pelos diversos microrganismos variam de acordo com o
tipo de organismo e, alguns agentes infecciosos podem ser transmitidos por mais de uma via. As
principais vias de transmissão das infecções são: via aérea ou respiratória, via oral, via contacto e
via congénita (placentária).

A transmissão das infecções por via aérea ocorre pela passagem dos microrganismos através das
partículas liberadas durante a tosse, espirro ou fala. Essas gotículas podem-se depositar nos
olhos, na boca ou nariz. Por exemplo: o virus da gripe e Mycobacterium tuberculosis ( o agente
causador da tuberculose).

A transmissão das infecções por via oral ocorre pela passagem dos microrganismos através da
boca (água e alimentos contaminados). Por exemplo: cistos da giardia lãmblia (um dos
principais causador de diarreias em crianças).

A transmissão das infecções por contacto é a forma mais comum de transmissão, podendo ser
subdividida em contacto directo e contacto indirecto.

A via de transmissão por contacto directo pode ocorrer quando os microrganismos são
transferidos de uma pessoa contaminada a outra, sem a participação de um objecto ou uma
pessoa intermediária contaminada. Por exemplo, quando o sangue ou fluídos corpóreos de um
paciente são inoculados directamente em um profissional de saúde por via mucosa ou lesões
cutâneas.

A transmissão por contacto indirecto envolve a transferência de um agente infeccioso através


de um objecto inerte ou pessoa intermediária contaminada, contudo a infecção depende da dose.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
77
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A dose de infecção é a quantidade mínima do agente causador da infecção necessária para


iniciar uma infecção. Varia com a virulência do agente e com a resistência do hospedeiro.
Quanto maior o número de microorganismos inoculados no hospedeiro, tanto maior será a
probabilidade de infecta-lo.

A patogenicidade é a capacidade do agente de produzir sintomas e sinais (doença), uma vez


instalado. Por exemplo: a patogenicidade é alta no caso do vírus do sarampo, onde a maioria dos
infectados tem sintomas, e a patogenicidade é reduzida no caso do vírus da pólio onde poucos
ficam doentes.

A Letalidade entende-se como sendo o maior ou menor poder que uma doença tem de provocar
a morte das pessoas/hospedeiros. Obtém-se a letalidade calculando-se a relação entre o número
de óbitos resultantes de determinada causa e o número de pessoas que foram realmente
acometidas pela doença, com o resultado expresso em percentual.

A transmissibilidade é a capacidade de um microorganismo de se transmitir de um


indivíduo a outro.
ATENÇÃO
Mas detalhes no módulo de exames Microbiológicos e parasitológicos.

6. PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA PARA INCIDENTES POR EXPOSIÇÃO


Um incidente por exposição é o contacto específico (olhos, boca, ou outra membrana mucosa,
ferimento percutâneo ou exposição a aerossóis) com materiais potencialmente infecciosos, como
resultado da realização de procedimentos em laboratório.

Os procedimentos a serem seguidos em caso de exposição na pele ou mucosa íntegra são:

- Lavar bem com água e sabão antisséptico ou desinfetar com etanol a 70%, em excesso,
durante 10 a 15 minutos, deixando o líquido escorrer sobre material absorvente, que
possa ser facilmente descartado. Deixar secar espontaneamente.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
78
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Os procedimentos a serem seguidos em caso de exposição na pele ou mucosas feridas são:


- Lavar bem com água sabão antisséptico e desinfetar a área acfetada com povidine 10%
(comercial aquoso).
- Reportar o acidente, ao chefe do sector, colegas de trabalho e ao gabinete de prevenção e
controlo das infecções (PCI)
- Confirmar a reactividade do material infectante para agentes biológicos que possam estar
presentes, testagem labaoratorial das amostras, usando testes rápidos e outros testes com
metodologias moleculares altamente sensíveis.
- Seguir orientação para o tratamento sob indicação e controlo médicos.

Os procedimentos em caso de derrames na Cabine de Segurança Biológica (CSB) são:


No caso de um derrame, todas as superfícies da CSB e objectos existentes no seu interior
deverão ter suas superficies descontaminadas antes de serem removidas da CSB.
Se o derramamento resultou na ocorrência de grandes quantidades do líquido, deverão ser
aplicados os seguintes procedimentos:
- Cobrir a área com um desinfetante adequado (hipoclorito de sódio com 5% de cloro
activo, por exemplo), e deixar reagir por 15 a 30 minutos. Se o sistema de drenagem da
cabine estiver envolvido, consultar as instruções específicas do fabricante da CSB sobre a
sua descontaminação.
- Após o tratamento com hipoclorito de sódio, limpar a area com água para retirar qualquer
resíduo do desinfetante e, em seguida, etanol a 70% (fig.24).
- Descartar qualquer item que possa ter sido contaminado.
- Depois que um derrame é descontaminado, a área deve ser cuidadosamente limpa e seca.

Todos os laboratórios NB3 devem dispor de Kits de Emergência para derrames e acidentes com
perfuro-cortantes que contenha:

- Hipoclorito de Sódio a 5% e 1% de cloro activo.


- Recipiente para preparo da solução de hipoclorito de sódio.
- Álcool a 70%.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
79
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Desinfetantes fenólicos, quando recomendados.


- Pinças para manipulação de objectos cortantes ou colheita de objectos pequenos.
- Toalhas de papel ou outros absorventes adequados.
- Sacos para colheita de itens contaminados pelo derramamento.
- Recipiente específico para a colheita, se necessário, de agulhas ou outros objectos
cortantes.
- Equipamentos de proteção individual: luvas, proteção para o rosto como máscaras e
óculos e botas de plástico.

1.11. FLUXOGRAMA DE REPORTE DE ACIDENTES RESULTANTES DA


EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL

Assim que ocorrer o acidente, execute os primeiros socorros e reporte imediatamente aos colegas
de trabalho e ao supervisor ou chefe do sector. O chefe do sector deve reportar o acidente
ocorido ao ao gabinete de prevenção e controlo das infecções (PCI). Isso permitirá o registo e o
gerenciamento adequados do evento.

Uma amostra de sangue do paciente e uma outra amostra do profissional acidentado devem ser
colhidas assim que possível após o acidente e encaminhada ao gabinete do PCI, onde está será
submetida a testes rápidos.

No gabinete de prevenção e controlo das infecções (PCI) estão desponíveis os Kits de profilaxia
pós exposição para caso em que o profissional de saúde tenha entrado em contacto com material
ou paciente com HIV. De seguida o profissional acidentado é encaminhado para a consulta do
trabalhador. Em cada sector deve estar disponível e com acesso de todos, o fluxograma de
reporte de acidentes resultantes da exposição ocupacional.

7. AS PRECAUÇÕES UNIVERSAIS PARA PREVENÇÃO DE CONTAMINAÇÃO DOS


TRABALHADORES DE SAÚDE
As precauções universais são parte das normas de biossegurança e consistem em atitudes que
devem ser tomadas por todo trabalhador de saúde frente a qualquer paciente, com o objectivo de

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
80
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

reduzir os riscos de transmissão de agentes infecciosos, principalmente veiculados por sangue e


fluidos corpóreos ou presentes em lesões de pele, mucosas, restos de tecidos ou de órgãos.

As formas mais comuns usadas no laboratório para prevenir infecções consistem na assepsia e
vacinação.

A assepsia é o conjunto de medidas que são utilizadas para impedir a penetração de


microrganismos num ambiente, ou seja, um ambiente asséptico é aquele que está livre de
infecção. As técnicas de assépsia incluem, a limpeza, sanificação, desinfecção e esterilização.

A limpeza é a acção e o efeito de remover a sujidade, as imperfeições ou os defeitos de algo.

EXEMPLO Retirar as gazes já usadas e inúteis espalhados na bancada de trabalho,


pois pode criar condições para albergar e multiplicação dos
microrganismos.

A sanificação é a redução de microrganismos a um número considerado isento de perigo em


uma superfície inanimada.

EXEMPLO A lavagem de batas de profissionais do laboratório nas lavandeiras do


hospital após a exposição por agentes patogénicos. O outro exemplo
comum é a lavagem dos sectores de laboratórios pelos auxiliares de
laboratório.

A desinfecção é o processo de destruição de grande parte dos agentes infecciosos em forma


vegetativa em objectos inanimados e superfícies, com excepção de esporos bacterianos. Antes de
dar início a processos de desinfecção deve-se fazer a limpeza, removendo através da aplicação de
água e sabão ou desincrustaste, toda matéria orgânica residual do local (bancadas de trabalho,
superfície dos equipamentos laboratoriais, por exemplo), onde será processado amostra (urina,
fezes, secreções, etc.).

A desinfecção das bancadas de trabalho no laboratório clínico deve ser realizada sempre, no
período antes e depois de realizar um trabalho, para evitar a contaminação das amostras, por
microrganismos que esta pode conter. No processo de desinfecção em laboratórios clínicos são

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
81
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

aplicados os agentes desinfectantes químicos que incluem o Hipoclorito de sódio, Formaldeído;


Compostos fenólicos e iodo.

O Hipoclorito de sódio é um desinfetante universal activo contra microrganismos, com várias


concentrações de cloro activo. O hipoclorito é corrosivo e tóxico, irrita a pele, olhos e sistema
respiratório, porém sua principal aplicação é na desinfecção de superfícies de trabalho, materiais
de vidro sujos e na descontaminação de superfícies de equipamentos, quando não houver
indicação contrária.

O formaldeído é usado como desinfetante na concentração de 50 g/litro (5%) e encontrado no


mercado a concentrações de 370 g/litro (37%). É corrosivo e tóxico, irritante das vias aéreas,
pele e olhos, entretanto é utilizado para desinfecção de superfícies de trabalho e vidrarias.
Os compostos fenólicos são corrosivos e tóxicos, irritam a pele, olhos e sistema respiratório,
devendo ser usado conforme as recomendações dos fabricantes. Seus compostos fazem parte das
formulações de desinfetantes, podendo ser usados em substituição ao hipoclorito de sódio
quando este não for possível. O iodo é tóxico e irritante das vias aéreas, pele e olhos, de natureza
corrosiva e utilizado para desinfecção de superfícies de trabalho, vidrarias e descontaminação de
superfícies de equipamentos.

ATENÇÃO
Mais detalhes no módulo de exames microbiológicos.

A Esterilização é o processo mais eficaz para a destruição ou eliminação total de todos os


microrganismos na forma vegetativa e esporulada presentes em materiais do laboratório, por
meio de agentes físicos (calor seco e húmido) e químicos de acordo como o tipo de material
laboratorial e sua resistência ao vapor ou calor.
No laboratório clínico, a esterilização de meios de cultura e outros materiais em autoclaves, é o
exemplo mais comum de esterilização por calor húmido. Em uma autoclave, os mateiais são
aquecidos sob uma pressão de 15 libras/polegada quadrada (correspondente a 1 atmosfera) a
1210C por 15 a 20 minutos. Estas condições mostraram serem suficientes para matar os
contaminantes e agentes infecciosos, tais como: esporos de fungos, bactérias e vírus.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
82
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A maioria das autoclaves é programada para operar automaticamente, usando um ciclo de tempo.
Os materiais a serem esterilizados são colocados na câmara da autoclave, que é rodeada por um
cesto metálico que contém o vapor. A porta, com um vedante para previnir a fuga do vapor, deve
ser bem fechada antes que o processo de esterização seja iniciado.

Quando a autoclave é ligada, a câmara enche-se de vapor, que expulsa o ar contido. Uma válvula
se fecha e a pressão sobe até o ponto desejado, normalmente 15 libras/polegada quadrada (1
atmosfera de pressão). Após a temperatura alcansar 121 0C, os materiais serão aquecidos por 15 a
20 minutos. O vapor é então liberado lentamente, até que a pressão decresça e volte a pressão
atmosférica externa. Quando isso acontecer, a câmara é ventilada e pode-se abrir a porta,
tomando cuidado com algum vapor que eventualmente ainda possa escapar. Os materiais
esterilizados podem ser retirados usando pinça ou luvas termo-isolantes.

Quando esterilizar líquidos, deve-se usar frascos resistentes ao calor, frouxamente tampados e
cheios até, no máximo, da metade a capacidade total. Esses frascos devem ser colocados em uma
estante ou cesto para evitar derramamentos.

A pressão da câmara deve ser liberada lentamente, para evitar o derramamento do líquido
por excesso de ebulição. Os materiais não esterilizados em uso no laboratório pode ser
fonte de transmissão das infecções.

ATENÇÃO
Mais detalhes nos módulos de Exames Microbiológicos e
Parasitológicos.

A esterilização pelo calor seco pode ser alcançada pelos métodos de flambagem, incineração,
raios infravermelhos e estufa de ar quente. A estufa bacteriológica de ar quente é a mais
utilizada na esterilização por calor seco no laboratório clínico. As estufas são utilizadas
frequentemente no sector de microbiológia, para incubar os meios de cultura à temperatura
constante (geralmente 36,5°C) por tempo variável, permitindo deste modo o crescimento e a
multiplicação dos microorganismos.

A flambagem consiste no aquecimento do material na chama do bico de bunsen até ao rubro. Os


exemplos mais comuns em laboratórios, consiste no aquecimento de alsa microbiológica durante
a sementeira de microrganismos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
83
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A incineração é um método destrutivo para os materiais, é eficiente na destruição de matéria


orgânica e lixo hospitalar.

O Raios infravermelho utiliza-se de lâmpadas que emitem radiação infravermelha, essa radiação
aquece a superfície exposta a uma temperatura de cerca de 180O C.

O uso do calor seco, por não ser penetrante como o calor húmido, requer o uso de temperaturas
muito elevadas e tempo de exposição muito prolongado, por isso este método de esterilização só
deve ser utilizado quando o contacto com vapor é inadequado.

Os materiais de borracha, de aço e tecidos não devem ser esterilizados pelo calor seco, pois, a
temperatura empregada é altamente destrutiva, ou seja, o calor seco, interferir na estabilidade
destes materiais. Os materiais indicados para serem esterilizados por este método são
instrumentos de ponta ou de corte, que podem ser oxidados pelo vapor.

A esterilização química é obtida com aldeídos como glutaraldeído e formaldeído, ou com ácido
peracético.
A esterilização finaliza a limpeza dos materiais do laboratório de maneira eficaz, isto é, quando
realizada correctamente, a esterilização elimina todas as bactérias, fungos, vírus e esporos.

A Antissepsia é o método através do qual se impede a proliferação de microrganismos em


tecidos vivos com o uso de substâncias químicas (os antissépticos) usadas como bactericidas ou
bacteriostáticos com objetivos higiênicos ou terapêuticos. Estas substâncias químicas quando
usadas em objectos inanimados (limpeza de bancadas de trabalho) são chamadas de
desinfectante e quando usadas em tecidos vivos são chamadas de anti-sépticos.

A higiene das mãos apesar de ser um acto simples e altamente eficaz na prevenção das
infecções, continua sendo muito pouco praticada entre os profissionais de saúde em geral. A
higiene das mãos em profissionais do laboratório é importante porque para além de reduzir a taxa
de infecções hospitalares, remove os microrganismos que colonizam as camadas superficiais da
pele e a oleosidade, o suor e células mortas, retira a sujidade propícia para a permanência e
multiplicação de microrganismos. Este acto, impede que as mãos sejam uma fonte de
transmissão da infecção.

A higiene das mãos deve ser realizado antes de ter contacto com o utente, antes de realizar o
procedimento asséptico, depois de ter contacto com o utente, depois de ter contacto com fluidos
corporais, objectos, pele não intacta ou pessoas e depois de contacto com áreas próximas ao

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
84
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

paciente. A higiene das mãos deve ser realizada logo ao chegar no local de trabalho e depois de
terminar ou ao sair do local de trabalho.

Nota: As mãos devem ser lavadas após a remoção das luvas porque estas podem ter pequenos
furos e permitir a entrada de microrganismos. As bactérias por exemplo, podem multiplicar-se
rapidamente dentro das luvas por causa do ambiente húmido e quente.

Seguir os procedimentos de higiene das mãos descritos no Pop.

A vacinação é um procedimento que objectiva, a estimulação do sistema imunológico para o


combate a diversos agentes estranhos. Os profissionais de saúde ficam expostos a diversas
doenças infectocontagiosas, sendo necessário um esquema vacinal ampliado em relação à
população em geral.

A vicinaçao e um dos requisitos indispensáveis para os profissionais de saúde, visto que


fundamenta-se a protege-los de diversas doenças infecciosas que possam cursar com gravidade
no futuro, além de prevenir que esses profissionais contaminem os seus pacientes.

Devido a elevada frequência de casos de acidentes do trabaho reportados em estudantes


estagiários dos cursos de saúde nos últimos anos, propõem-se que, no final deste capítulo os
estudantes recebam a vacinação contra as doenças infecciosas mais comum, como é o caso da
tuberculose e hepatites. Os detalhes deste assunto no módulo de exames imunológicos.

8. A BIO-PROTECÇÃO
A Bioproteção são medidas de segurança institucional e pessoal e procedimentos para evitar a
perda, roubo, uso indevido, desvio ou libertação intencional de patógenos ou partes deles,
organismos produtores de toxinas, bem como toxinas, que são mantidas, transferidas ou
fornecidas por coleções microbiológicas ou Centros de Recursos Biológicos (CRBs).

Por exemplo, a Varíola foi erradicada há 32 anos, mas o vírus é mantido em centros
colaboradores da OMS sob máximo controlo. A reintrodução acidental ou deliberada do vírus ao
ambiente ameaça não apenas a saúde pública, mas também a estabilidade econômica e política
do mundo todo. Por isso, os estoques do vírus usados em pesquisa estão sob controlo restrito da
OMS que avalia a biossegurança e bioproteção dos laboratórios com muito rigor. Apesar destes

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
85
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

procedimentos internacionais, houve a necessidade de estabelecer o Guia de Bioproteção para


Laboratório pela OMS (2006), que oferece maiores garantias quanto às condições de trabalho e
de manutenção de agentes infecciosos, como este vírus.

A Biossegurança versus Bioproteção

A Biossegurança implica a utilização de princípios de contenção, tecnologias e práticas que são


implementadas para prevenir a exposição involuntária a agentes patogênicos e toxinas, ou a sua
liberação acidental.

As Bioproteção são medidas para evitar o uso indevido de patógenos, partes deles, organismos
produtores de toxinas, bem como toxinas, em acções directas ou indirectas contra humanos,
rebanhos ou cultivos agrícolas. A Biossegurança e bioproteção mitigam diferentes riscos,
portanto, têm um objectivo comum, manter os agentes biológicos em segurança e protegidos nas
áreas onde são manipulados e mantidos.

A implementação de actividades específicas de biossegurança já cobre alguns aspectos de


bioproteção. Por exemplo, as boas práticas de biossegurança reforçam e fortalecem as acções de
bioproteção. A aplicação sistemática de princípios e práticas de biossegurança reduz o risco de
exposição acidental e minimiza perda, roubo ou uso indevido de patógenos ou partes deles,
organismos produtores de toxinas, bem como toxinas. As recomendações de biossegurança para
o NB3 conferem níveis de bioproteção, como os casos de portas que fecham automaticamente,
acesso restrito, separação física das áreas de circulação, janelas anti-choque e plano de resposta à
emergência podem ser comuns tanto para a biossegurança quanto bioproteção.

9. SISTEMAS DE CONTROLO DE SEGURANÇA COM VISTA A GARANTIA DA


INTEGRIDADE DA AMOSTRA

Toda a equipe técnica, operacional e de manutenção deve seguir os procedimentos estabelecidos,


de acordo com o Nível de Risco de Bioproteção para os materiais biológicos. Os ambientes
biocontidos devem manter registos dos visitantes e fornecer um crachá codificado por cores ou

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
86
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

outra identificação evidente, de acordo com o Nível de Risco de Bioproteção a que eles poderão
ter acesso.
As visitas deverão ser previamente agendadas e discutidas entre vários membros da equipe, de
forma a avaliar sua real necessidade. Não permitir a presença de profissionais visitantes
trabalhando independentemente.
Para todos os casos, eles deverão ser submetidos aos mesmos procedimentos de gestão de
segurança. Apenas os membros da equipe com nível apropriado de acesso devem acompanhar
visitantes nas áreas de segurança restrita e alta, respeitando um limite máximo pre-estabelecido
de visitantes e acompanhantes.

10. O CONTROLO E RESPONSABILIDADE PELO MATERIAL BIOLÓGICO

Os gestores deverão estabelecer sistemas de controlo e de responsabilidade pelo material


biológico que incluam: inventários dos materiais biológicos em seus compartimentos;
localização do material biologico com registos e respectivas cópias actualizados diariamente;
identificação de indivíduos que tenham acesso ou custódia do material biológico.
O material biológico não pode ser mantido sem supervisão. Também não deve ser armazenado
temporariamente fora da sua respectiva àrea de segurança, daí que deve ser supervisionado até o
seu destino final.
O transporte do material biológico deve atender aos requisitos de segurança relativos ao
acondicionamento e ao transporte específico para esse fim.
Os gestores devem empregar uma abordagem de cadeia de custódia rigorosa para transferência
interna e externa de todo material biologico que apresente risco de bioproteção baixo, moderado
ou alto.
RESUMO

Os profissionais e outros usuários do laboratório, estão expostos a vários riscos, ou seja, estão
expostos a ameaça ou perigo de determinada ocorrência. Para a prevenção, controle,
minimização ou eliminação destes ríscos, é fundamental a observância das normas de
Biossegurança.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
87
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

As normas de biossegurança em laboratórios dizem respeito ao uso de equipamentos de proteção


individual (EPI) e equipamentos de proteção colectiva (EPC).

São considerados EPI: as luvas, máscaras, óculos de proteção, toucas, batas e sapatos e fazem
parte dos EPCs, a cabine de segurança biológica, Chuveiro de emergência, Lava-olhos,
Extintores de incêndio, Sinalização, entre outros. Caso ocorra um acidente do trabalho, deve ser
seguido o fluxograma de reporte dos acidentes, em uso em cada laboratório.

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º2

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 1 Higiene das Mãos
Duração 90 minutos
Objectivos
Praticar os passos a serem seguidos no procedimento da higiene das mãos
Conteúdos de referência
Higienie das mãos
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- O estudante abre a torneira e molha as mãos;

- Aplica o sabão e esfrega vigorosamente todas as áreas das mãos.

- - O estudante fricciona a palma, o dorso das mãos com movimentos circulares, espaços
interdigitais, articulações, polegar e extremidades dos dedos. Lava os antebraços
cuidadosamente, por 15 segundos.

- Em seguida, o aluno passa as mãos em água corrente abundante, retirando totalmente o


resíduo do sabão.

- Por fim, o aluno seca as mãos com uma toalha de papel e fecha a torneira acionando o
pedal, com o cotovelo.

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


- Demonstra os procedimentos de higienização das mãos antes do estudante executar.
- Elogia os alunos após a execução

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
88
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Espaço/Meios didácticos e tecnológicos


- Laboratório multidisciplinar
- Pop de lavagem das mãos
Material necessário
- Àgua da torneira
- Sabão
- Toalha de papel ou secador automático das mãos
Critérios de avaliação
- Comportamento do estudante durante a prática.
- Seguimento dos passos dos procedimentos da higienie das mãos

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º2

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE Simulação do fluxograma de reporte de acidentes originados pela
2 exposição pela amostra de sague do paciente nas mucosas feridas.
Duração 50 minutos
Objectivos:
- Descrever o fluxograma de reporte de incidentes resultantes da exposição
ocupacional.
Conteúdos de referência
- Biossegurança
- Fluxograma de reporte de acidentes resultantes da exposição ocupacional
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- Os alunos dividem-se em grupos, e nos grupos os alunos subdivide-se em 1 chefe de
sector, um responsáveis do sector de PCI e outros simulam o acidente.
- Um aluno simula o acidente, e de seguida dirige-se a torneira lavando a parte afectada
com água e sabão antisséptico, por 15 minutos.
- O aluno reporta o incidente ao chefe do sector;
- O chefe do sector reporta o caso ao sector do PCI.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
89
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Demonstra os procedimentos de primeiros socorros e de reporte a incidentes


laboratoriais.
- Elogia os alunos após a execução
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Pop de reporte de acidentes e incidentes laboratoriais
Material necessário
- Água da torneira
- Sabão
- Toalha de papel ou toalha individual
Critérios de avaliação
- Comportamento do estudante durante a prática.
- Seguimento dos passos dos procedimentos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Moura, R; Wada, C. Purchio, A. De Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório; 3ª
edição. Atheneu; São Paulo;.

2. Olivares, I.; (2006); Gestão de qualidade em Laboratórios. Editora Átomo; Brasil.

3. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed.

4. Xavier, R; Dora, J. De Sousa, C. Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática


Clínica: Consulta rápida, 2ª edição. Editora ABDR.

DOCUMENTOS OFICIAIS DO MISAU


1. ANVISA; (2015); Manual de vigilância sanitária sobre o transporte de material
biológico humano para fins de diagnóstico clínico.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
90
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

2. MISAU; (2001); Biossegurança em Laboratórios Biomédicos e de Microbiologia;


Brasília.
3. Organização Internacional do Trabalho; (2009); A sua saúde e segurança no trabalho:
uma colecção de módulos.

4. MISAU; Biossegurança em Saúde: Prioridades e estratégias de acção; Brasília –DF;


2010.

5. MISAU; (2012); Plano estratégico do sector Saúde.

6. MISAU; (2011); Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos práticos para


técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.
7. MISAU; (2010); Biocontenção: O gerenciamento do risco em ambientes de alta
contenção biológica NB3 e NBA3; Brasília –DF.
8. MISAU; (2003); Manual de referência prevenção e controlo de infecções nas unidades
sanitárias.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
91
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UNIDADE DIDÁCTICA 3
ERGONOMIA E GESTÃO DO LIXO OU RESÍDUOS
HOSPITALARES

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
92
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Índice
OBJECTIVO GERAL__________________________________________________________96
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica_________________________________96

INTRODUÇÃO_______________________________________________________________97
1. A ERGONOMIA__________________________________________________________98
1.1. Iluminação____________________________________________________________98

1.2. Temperatura__________________________________________________________99

1.3. Ruído________________________________________________________________99

1.4. Vibração______________________________________________________________99

1.5. Manutenção dos Equipamentos__________________________________________100

2. A CONCEPÇÃO DO POSTO DE TRABALHO_________________________________100


2.1. OS RISCOS DERIVADOS DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO_______________________101

2.2. Esforços Físicos________________________________________________________101

2.3. A Postura____________________________________________________________102

2.4. Manipulação de Cargas_________________________________________________102

3. OS PRINCÍPIOS ERGONÓMICOS RELACIONADOS COM A SEGURANÇA NO


LOCAL DE TRABALHO______________________________________________________102
3.1. A PSICOSSOCIOLOGIA APLICADA E AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO DO ESTRESSE FÍSICO E
PSICOLÓGICO NOS TRABALHADORES DE SAÚDE_____________________________________103

4. GESTÃO DO LIXO OU RESÍDUOS HOSPITALARES__________________________104


4.1. Resíduos do Grupo A___________________________________________________104

4.2. Resíduos do Grupo B___________________________________________________105

4.3. Resíduos do Grupo C___________________________________________________105

4.4. Resíduos do Grupo D (resíduos comuns)____________________________________105

4.5. Resíduos Do Grupo E (Perfurocortantes)____________________________________105

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
93
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

5. NORMAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES_______________________105


5.1. Identificação__________________________________________________________106

5.2. Separação____________________________________________________________107

5.3. Acondicionamento_____________________________________________________107

11.3. Lixo Infeccioso________________________________________________________108

11.4. Lixo Comum__________________________________________________________109

6. TRANSPORTE INTERNO DO LIXO HOSPITALAR____________________________109


6.1. Armazenamento Temporário_____________________________________________110

6.2. Transporte Externo____________________________________________________111

7. OS MÉTODOS E PROCESSOS DE TRATAMENTO DO LIXO HOSPITALAR_______111


7.1. Incineração___________________________________________________________111

Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 3_____________________________________113


Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 3_____________________________________114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_____________________________________________114

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
94
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL
Aplicar as normas de Biossegurança no ambiente hospitalar

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No final desta Unidade o formando será capaz de:


- Identificar os tipos de riscos laboratoriais
- Descrever as normas de transporte, armazenamento e descarte de materiais biológicos
- Descrever os riscos derivados da carga física de trabalho.
- Aplicar as normas de gestão do lixo hospitalar.
- Aplicar as medidas de prevenção de estresse físico e psicológico dos profissionais de
saúde.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
95
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO
O aumento da mecanização e da automatização, acelera frequentemente no trabalho e no seu
ritmo, podendo, por vezes, torná-lo menos motivador. Por outro lado, continuam a existir muitas
tarefas que são realizadas manualmente, implicando um grande esforço físico. Um dos resultados
do trabalho manual, assim como do aumento da mecanização, consiste no facto de os
trabalhadores sofrerem de dores nas costas, no pescoço, nos pulsos, nos braços, nas pernas e de
provocar um esforço ocular.

Por outro lado, um dos produtos do trabalho laboratorial manual automático, é a produção do
lixo ou resíduos hospitarares. Este lixo e resíduos hospitalares podem constituir um risco sério à
saúde humana e ao meio ambiente, se não houver adopção de procedimentos técnicos adequados
na sua manipulação. Nesta unidade, o estudante irá discutir a ergonomia, seus objectivos e as
normas de desenho de um posto de trabalho. Também terá a oportunidade de discutir as normas e
procedimentos de recolha, transporte e tratamento do lixo hospitalar.

A presente unidade didáctica está composta por 6 grandes capítulos a destacar:


- No primeiro capítulo, denominada ergonomia apresentamos o conceito, e aprofundamos a
discussão sobre a iluminação, o ruido, a temperatura entre outros;
- No segundo capítulo, vai abordar a temática sobre o posto de trabalho, com enfoque nos
conceitos;
- Para o terceiro capítulo, trataremos dos riscos derivados da carga física do trabalho com
enfoque nos esforços físicos, na postura e na manipulação das cargas;
- No quarto capítulo, apresentamos essencialmente os princípios ergonômicos relacionados
com a segurança no local de trabalho;
- No quinto capítulo abordaremos a psicossociologia aplicada e as medidas de prevenção do
estresse físico e psicológico nos trabalhadores de saúde.
- E por fim, teremos o nosso sexto capítulo, onde discutiremos o processo de gestão de lixo
hospitalar com enfoque nas etapas da gestão dos resíduos hospitalares dentre eles: a
identificação, a separação, o acondicionamento, o transporte interno, o armazenamento
temporário ou armazenamento externo, o transporte externo e o tratamento final.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
96
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

2. A ERGONOMIA
DEFINIÇÃO A ergonomia é o estudo do trabalho e da sua relação com o ambiente no qual é
desempenhado (o local de trabalho) e com aqueles que o desempenham, ou seja,
os trabalhadores.

A ergonomia é utilizada com o objectivo de determinar a forma como o local de trabalho deve
ser concebido ou adaptado ao trabalhador, de modo a prevenir diversos problemas de saúde,
aumentando a sua eficácia, por outras palavras, tem como objectivo a adequação e a adaptação
da tarefa ao trabalhador, em vez de forçar o trabalhador a adaptar-se à tarefa. Um exemplo
simples consiste em aumentar a altura das bancadas de trabalho, de modo a que o trabalhador
não tenha de se curvar desnecessariamente para poder realizar o seu trabalho.
A vantagem mais evidente da ergonomia consiste no aumento da produtividade laboral. A
ergonomia engloba uma grande variedade das condições de trabalho que podem afectar o
conforto e a saúde do trabalhador, incluindo factores como a iluminação, o ruído, a
temperatura, as vibrações, a concepção do posto de trabalho, equipamentos, assim como a
concepção da tarefa, incluindo factores como o trabalho por turnos, os respectivos
intervalos e os horários de almoço.

2.1. Iluminação

A iluminação nos serviços é um factor muito importante a ter em conta na rentabilidade e na


segurança do trabalho (figura 1). A iluminação ideal é
a que é proporcionada pela luz natural. Contudo, por
razões de ordem prática, o seu uso é bastante restrito,
havendo necessidade de recorrer complementarmente
à luz artificial.

A qualidade da iluminação artificial de um ambiente


de trabalho dependerá fundamentalmente da sua
adequação ao tipo de actividade prevista, da limitação
do encandeamento, da distribuição conveniente das lâmpadas e da harmonização da cor da luz
com as cores dos predominantes do local.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
97
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

2.2. Temperatura

O calor excessivo ou muito frio gera certo


desconforto ao trabalhador, ou seja, pode causar
acidentes de trabalho e até danos a saúde (figura
2). Se a exposição for essencial para o
cumprimento de suas tarefas, a empresa deverá
fornecer mecanismos de prevenção e de proteção,
como roupas especiais, ar condicionado,
aquecedores, entre outros.

2.3. Ruído

O ruído é um sinal acústico aperiódico, originado da


superposição de vários movimentos de vibração com
diferentes freqüências que não apresentam relação entre
si (figura 3). O ruído pode ser definido como um som
desagradável e indesejável. Já na definição operacional,
ele é um estímulo que não contém informações úteis à
tarefa em execução. O ruído no laboratório clínico pode
destrair o profissional de saúde nas tarefas em que este
esteja a executar.

2.4. Vibração

A vibração é um dos factores que incomoda e prejudica o


ser humano e está presente no dia-a-dia do homem como
um dos factores ambientais estressante (figura 4). No
laboratório, a vibração pode induzir a falhas na pesagem
de reagentes ou na pipetagem, entre outros.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
98
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

2.5. Manutenção dos Equipamentos

A falta de manutenção de equipamentos e a


utilização de equipamentos improvisados e
inadequados, também tornam o trabalho mais árduo e
estressante para o trabalho (fig.5). Estes
equipamentos podem causar acidentes de trabalho
no laboratório.

3. A CONCEPÇÃO DO POSTO DE TRABALHO

DEFINIÇÃO O posto de trabalho é o espaço em que o trabalhador ocupa quando


desempenha uma tarefa, seja durante a totalidade do período laboral, seja através
da utilização de vários locais.

É importante que um posto de trabalho esteja bem desenhado, para o que deverá obedecer a
regras decorrentes da aplicação dos princípios da fisiologia e da biomecânica, criando condições
para a definição de esforços aceitáveis, pois evitará as doenças relacionadas com condições
laborais deficientes, designadamente, a fadiga excessiva ou desgastante do organismo, para além
de assegurar maior produtividade do trabalho (figura 6).

O posto de trabalho deve ser desenhado tendo em conta o trabalho e a tarefa que vai realizar, a
fim de que esta seja executada de modo confortável
e eficiente. Portanto, há que considerar que os
movimentos exigidos pelo trabalho como, as
posturas e o esforço intelectual. Se o posto de
trabalho for adequadamente desenhado, o
trabalhador poderá manter uma postura de trabalho
correcta e cómoda, sendo certo que se assim não fôr,
poderão decorrer várias consequências para a saúde.

As normas de concepção a ter em conta na disposição dos postos de trabalho deverão atender às
características humanas essenciais (capacidades sensoriais, dimensões do corpo, resistência

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
99
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

muscular, aptidões intelectuais, entre outras), para além de abordar a conduta do trabalhador
enquanto transformador da energia (fisiologia do trabalho), e como sistema de tratamento de
informação (psicologia do trabalho).

No desenho do posto de trabalho importa definir critérios como o nível de dimensionamento,


disposição do equipamento, espaço de trabalho e ambiente de trabalho.

Os critérios inerentes ao espaço de trabalho referem-se, entre outros, às dimensões, paredes e


tectos, coberturas, janelas, portas e saídas de emergência, vias de circulação e escadas,
pavimentos, instalações eléctricas, locais sociais, áreas administrativas, à iluminação, ventilação
e qualidade do ar, ambiente térmico e ao modo como são utilizadas quer em condições normais
de operação, quer em condições extraordinárias.

3.1. OS RISCOS DERIVADOS DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO

A carga de trabalho é um dos factores referidos aos esforços físico e mental, ao que se vê
submetido o trabalhador no desempenho de sua tarefa.

O risco é a possibilidade de que o trabalhador sofra um determinado dano derivado do trabalho.

Os riscos derivados da carga física de trabalho incluem: esforços físicos de todo tipo
(manipulação de cargas, posturas de trabalho, esfórços físicos, etc).

3.2. Esforços Físicos

- Grau de dificuldade de uma


tarefa no laboratório é
determinado pelo consumo de
energia do trabalhador (figura
7).

- Portanto, quanto mais difícil é


a tarefa, maior é o consumo de energia exigido (medido em quilocalorias).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
100
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

3.3. A Postura

- As mais desfavoráveis tornam o trabalho mais


pesado e desagradável, assim como antecipam o
surgimento do cansaço, podendo inclusive ter
consequências mais graves no futuro (figura 8﴿.

- A posição sentada é a postura de trabalho mais


confortável, embora possa igualmente tornar-se
incomoda se não houver troca de posições, que, se
possível, impliquem movimento.

- A posição de pé implica uma sobrecarga dos músculos das pernas, costas e ombros.

3.4. Manipulação de Cargas

- Um levantamento de peso mal executado pode causar sérios danos à coluna vertebral e
outras partes de corpo humano, por isso é preciso respeitar as regras básicas no
levantamento de peso.

- Antes de carregar um peso, verifique com antecedência, o caminho que será utilizado.

- Elimine todos os obstáculos de seu caminho. E não se esqueça daqueles, cuja remoção
não for possível fazer.

4. OS PRINCÍPIOS ERGONÓMICOS RELACIONADOS COM A SEGURANÇA NO


LOCAL DE TRABALHO

A aplicação de princípios ergonómicos na segurança do trabalho, será sempre mais eficaz, se for
feito o estudo e diagnóstico das condições de cada posto de trabalho, pois, nem sempre que é
necessário alterações ergonómicas maiores na concepção do trabalho.

Em seguida apresentamos alguns exemplos de alterações ergonómicas que, caso sejam


implementadas, podem resultar numa melhoria significativa:

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
101
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1. Para os trabalhos de montagem, o material deve estar colocado numa posição de modo a
que a maior parte do trabalho seja realizada pelos músculos mais fortes do trabalhador.
2. Para o trabalho de detalhe, que envolva uma relação próxima com os materiais, a mesa de
trabalho deve ser mais baixa do que a utilizada para o trabalho mais pesado.
3. As ferramentas manuais que provocam desconforto ou lesões devem ser modificadas ou
substituídas. Muitas vezes, os trabalhadores são a melhor fonte de sugestões para a
melhoria de uma ferramenta, a fim de tornar a sua utilização mais confortável.
4. Uma tarefa não deve obrigar o trabalhador a permanecer numa posição inadequada, como
obrigar a ficar esticada, curvada, durante longos períodos de tempo.
5. O trabalho executado em pé deve ser minimizado, tendo em conta que é muito menos
cansativo desempenhar uma função na posição de sentado do que em pé.
6. A atribuição de funções deve ser rotativa, a fim de minimizar a quantidade de tempo que
um trabalhador necessita para realizar uma tarefa altamente repetitiva, tendo em conta
que o trabalho repetitivo exige a utilização sucessiva dos mesmos músculos, sendo, regra
geral, extremamente cansativo.
7. Os trabalhadores e os equipamentos devem estar posicionados, de forma a poderem
desempenhar as suas funções com os seus antebraços ao lado do corpo e com os pulsos
direitos.

4.1. A PSICOSSOCIOLOGIA APLICADA E AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO DO


ESTRESSE FÍSICO E PSICOLÓGICO NOS TRABALHADORES DE SAÚDE

DEFINIÇÃO Psicossociologia é uma vertente da Psicologia Social, cujo campo de estudo é


constituído pelos grupos e organizações, visto como conjuntos concretos, que
são criados, geridos e transformados pelos indivíduos e que servem como
mediadores na vida desses mesmos indivíduos.

Portanto, pode-se ainda considerar a Psicossociologia é um ramo de conhecimento


interdisciplinar (Psicologia, Sociologia, Psicologia Social e Ciências Políticas), orientado para a
compreensão e gestão de pessoas.
DEFINIÇÃO O estresse é um sintoma muitas vezes indescritível que pode ser caracterizado

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
102
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

por sensações de medo, desconforto, preocupação, irritação, frustração,


indignação, nervosismo, e pode ser motivado por diversos motivos distintos.

O estresse é um problema com ampla discussão na actualidade, uma vez que apresenta riscos
para o equilíbrio emocional do ser humano. Além disso, os profissionais de saúde são indivíduos
bastante afectados pelo estresse físico originado pelo excesso de trabalho e acúmulo de tarefas e
psicológico (situações conflituosas como controlo supervisionado em excesso).
O estresse no ambiente de trabalho de saúde é gerado pela inserção do trabalhador nestes
contextos adversos, uma vez que o trabalho deveria ser fonte de satisfação, crescimento e de
realização pessoal. A redução da incidência de incapacidade e enfermidades de trabalho
decorrentes do estress deve passar, necessariamente, pela adopção de medidas preventivas do
mesmo, através da valorização do ser humano pois este, está dotado de sentimentos, ambições e
necessidades, a quem deve corresponder o gozo integral da saúde como um direito.

5. GESTÃO DO LIXO OU RESÍDUOS HOSPITALARES


DEFINIÇÃO O lixo ou resíduo hospitalar é aquele que é gerado no atendimento de paciente
ou de qualquer estabelecimento de saúde ou unidade que execute actividades de
natureza de atendimento médico, tanto para seres humanos quanto para animais.
No grupo de lixo ou resíduo hospitalar, encontram-se os materiais biológicos contaminados, tais
como: sangue, patógenos, peças anatômicas, seringas, gazes, agulhas, papéis, restos de
medicamentos, frascos e outros materiais plásticos, além de uma grande variedade de substâncias
tóxicas, inflamáveis e até radioactivas. Os resíduos hospitalares são classificados em: Resíduos
Do Grupo A, B, C, D e E.

5.1. Resíduos do Grupo A

- São os que tenham presença de agentes biológicos que apresentem risco de infecção.
Por exemplo das bolsas de sangue contaminado.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
103
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

5.2. Resíduos do Grupo B

- São os que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde ou ao


meio ambiente, independente de suas características inflamáveis, de corrosividade,
reactividade e toxicidade.

EXEMPLO
Medicamentos para tratamento de cancer e reagentes para laboratório.

5.3. Resíduos do Grupo C

- São materiais que contenham radioactividade em carga acima do padrão e que não
possam ser reutilizados, como exames de medicina nuclear.

5.4. Resíduos do Grupo D (resíduos comuns)

- É qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar acidentes. Por
exemplo de papéis não contaminados.

5.5. Resíduos Do Grupo E (Perfurocortantes)

- São objectos e instrumentos que possam furar ou cortar, como lâminas, bisturis,
agulhas e ampolas de vidro.

6. NORMAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES


As normas de gestão de resíduos hospitalares são um conjunto de procedimentos de gestão,
planificados e implantados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o
objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um
encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação
da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.

As etapas do gerenciamento dos resíduos hospitalares são: Identificação, Separação,


Acondicionamento, Transporte Interno, Armazenamento Temporário Ou Armazenamento
Externo, Transporte Externo, E Tratamento Final.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
104
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

6.1. Identificação

- A identificação deve ser feita nos locais de produção, acondicionamento, colheita,


transporte e armazenamento. Esta identificação deve ser em local de fácil
visualização e com o símbolo conforme o quadro abaixo.

Símbolo Orientação
O Grupo A

- É identificado pelo símbolo de substância infectante, com


rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

O Grupo D

- É identificado com o símbolo de material reciclável.

O Grupo C

- Têm uma identificação especial por conter elementos


radioactivos.

O Grupo B

- É identificado através do símbolo de risco associado e com


discriminação da substância química e frase de risco em
Recipiente resistente.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
105
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

O Lixo Do Grupo E

- É identificado pelo símbolo de substância infectante, com


rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

6.2. Separação

- A separação do lixo e resíduos


hospitalares é feita de acordo com as
características físicas, químicas,
biológicas, estado físico e riscos
envolvidos (figura 9﴿.

- É obrigatória a separação dos resíduos na


fonte e no momento da geração, de acordo com suas características, para fins de
redução do volume dos resíduos a serem tratados e dispostos, garantindo a proteção
da saúde e do meio ambiente.

- A separação é uma etapa de grande relevância para que a gestão seja eficaz. O
processo de separação, consiste em acondicionar cada grupo de resíduo em um local
previamente determinado, isso porque cada um tem características que necessitam de
cuidados específicos.

Os resíduos do serviço de saúde são classificados considerando os grupos de risco, onde cada um
destes exige cuidados específicos.

6.3. Acondicionamento

- O Acondicionamento consiste no acto de embalar os resíduos segregado-os, em sacos,


recipientes, que evitem vazamentos e resistam às acções de perfuro-cortantes e de ruptura

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
106
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

(figura 10﴿. A capacidade dos recipientes de


acondicionamento deve ser compatível com a
geração diária de cada tipo de resíduo.
- Os materiais perfuro-cortantes (PCs) devem ser
acondicionados separadamente (embalado em
caixas de papelão), no local da sua geração,
imediatamente após o seu uso. É expressamente
proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu reaproveitamento.

- Os recipientes que acondicionam os PCs devem ser descartados quando o preenchimento


atingir 2/3 da sua capacidade ou o nível de preenchimento ficar a 5cm da distância da
boca do recipiente. Os PCs gerados pelos serviços de assistência domiciar, devem ser
acondicionados e recolhidos pelos próprios agentes de atendimento ou por pessoa
treinada para a actividade, recolhidos pelo serviço de assistência domiciar responsável
pelo gerenciamento desse resíduo. Para a sua destruição numa iceneradora.

6.4. Lixo Infeccioso

Os resíduos hospitalares que tenham presença


de agentes biológicos como o exemplo
das luvas cirúrgicas contaminadas, sangue,
excreções, secreções, líquidos
orgânicos, tecidos, órgãos, fetos, peças
anatômicas, gases aspirados de áreas
contaminadas, entre outros, é
considerado como lixo infeccioso (figura
11﴿.

Este lixo deve ser acondicionado em sacos plásticos autoclavavéis, grossos e resistentes com o
símbolo biológico de substância infectante. O destino desses é a autoclavação e incineração ou o
aterro sanitário através do sistema de colheita especial.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
107
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

6.5. Lixo Comum

Qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar acidentes é considerado como
sendo lixo comum (figura 12﴿.

Neste grupo encontram-se os papéis, resíduos


alimentares, gases não contaminados e jardins entre
outros.

Este tipo de lixo deve ser acondicionado em sacos


plásticos pretos e grosso. São destinados à reciclagem
interna.

Os restos alimentares sem processamento industrial


não poderão ser encaminhados para a alimentação de
animais.

7. TRANSPORTE INTERNO DO LIXO HOSPITALAR


O transporte interno do lixo hospitalar consiste no translado deste material, do ponto de
geração até ao local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo com a
finalidade de apresentação para a recolha (figura 13﴿.
Para o transporte interno, o pessoal responsável pelo transporte deve estar com os equipamentos
de protecção individual adequados, como luva, máscara, avental e botas. O horário do transporte
deve ser padrão e não pode coincidir com o horário de visitas, distribuição de roupas limpas,
alimentos ou medicamentos.

Os recipientes para transporte interno devem ser


constituídos de material rígido, lavável,
impermeável, provido de tampa articulada ao
próprio corpo do equipamento, cantos e bordas
arredondados, e serem identificados com o
símbolo correspondente ao risco do resíduo

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
108
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

neles contidos, de acordo com este regulamento técnico. Devem ser providos de rodas revestidas
de material que reduza o ruído.

7.1. Armazenamento Temporário

O armazenamento temporário consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os


resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a colheita
dentro do estabelecimento e optimizar o
deslocamento entre os pontos geradores e o
ponto destinado à apresentação para colheita
externa (figura 14﴿. É obrigatória a conservação
dos sacos contendo o material em recipientes de
acondicionamento.

O armazenamento temporário pode ser feito


em camiões ou contentores, um para cada grupo
de resíduos, em quantidade suficiente para
atender à demanda diária. O armazenamento temporário poderá ser dispensado nos casos em que
a distância entre o ponto de geração e o armazenamento externo seja pequena.

O local do armazenamento deve ser de fácil acesso para recolhimento externo, ter uso exclusivo
para armazenar os resíduos e oferecer segurança aos mesmos até que seja realizada a colheita
para a destinação final.

7.2. Transporte Externo

O transporte externo do lixo e resíduos hospitalares consistem na remoção deste material do


armazenamento interno ou armazenamento externo até a unidade de tratamento ou disposição
final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento do
material, saúde dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo
com as orientações dos órgãos de limpeza urbana. O tratamento de lixo hospitalar consiste na
aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
109
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação de acidentes ocupacionais ou de


dano ao meio ambiente.

8. OS MÉTODOS E PROCESSOS DE TRATAMENTO DO LIXO HOSPITALAR


Os métodos ou processo de tratamento de lixo hospitalar inclui a Incineração, Autoclavagem,
Microondas, Aterro Sanitário (vala séptica), Desinfecção química e Radiação Ionizante ou
Irradiação.

8.1. Incineração

A incineração é uma das técnicas térmicas existentes para o tratamento de resíduos ( figura 15﴿.
Consiste na queima de materiais em alta temperatura
(geralmente acima de 900 oC), em mistura com uma
quantidade apropriada de ar e durante um tempo pré-
determinado.

O processo de autoclavagem consiste no tratamento


dos resíduos com vapor saturado, onde estes são
expostos à temperatura de 121 oC a 132 oC durante 15
a 30 minutos para a destruição das bactérias, que
ocorre pela termocoagulação das proteínas
citoplasmáticas, numa autoclave. É o considerado um método seguro de esterilização que pode
ser usado para o lixo potencionalmente infectante.

O processo de microondas consiste na prévia trituração e aspersão de água nos resíduos, que são
submetidos na área de processamento, a acção de vapor e radiação de microondas, e dessa
maneira alcançam temperatura e pressão máxima de esterilização.

A disposição final do lixo hospitalar consiste na disposição de resíduos no solo, previamente


preparado para recebê-los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
110
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

RESUMO

A ergonomia é o estudo do trabalho e da sua relação com o ambiente no qual é desempenhado (o


local de trabalho) e com aqueles que o desempenham, ou seja, os trabalhadores. A ergonomia
tem como objectivo de, adequar e adaptar da tarefa ao trabalhador, em vez de forçar o
trabalhador a adaptar-se à tarefa.

A ergonomia engloba condições de trabalho que podem afectar o conforto e a saúde do


trabalhador, incluindo factores como a iluminação, o ruído, a temperatura, as vibrações, a
concepção do posto de trabalho, equipamentos, assim como a concepção da tarefa, incluindo
factores como o trabalho por turnos, os respectivos intervalos e os horários de almoço.

O lixo ou resíduo hospitalar é aquele que é gerado no atendimento de paciente ou de qualquer


estabelecimento de saúde ou unidade que execute actividades de natureza de atendimento
médico, tanto para seres humanos quanto para animais.

Este lixo ou resíduos é classificado em grupo A, B, C, D e grupo E. As etapas do gerenciamento


dos resíduos hospitalares são: identificação, separação, acondicionamento, transporte interno,
armazenamento temporário ou armazenamento externo, transporte externo, e tratamento final.

Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 3
Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE Liste em separado alguns exemplos dos resíduos resultantes da actividade
1 sanitária em infeccioso, comum e especial.
Duração 30 minutos
Objectivos:
Saber destingir os principais resíduos resultantes da actividade sanitária.
Conteúdos de referência

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
111
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Gestão do Lixo e residuos laboratoriais


- Classificação geral de resíduos e lixo resultantes da actividade sanitária
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos organizam-se em grupos e listam o seguinte:
- Listam Exemplos de lixo comum:
- Listam Exemplos de lixo infeccioso:
- Listam Exemplos de lixo especial:
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Organizar os alunos em grupo
- Fazer breve resumo da aula
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
-Sala de aulas
-Papel gigante
-Marcador e quadro branco
Critérios de avaliação
-Comportamento do estudante durante a prática.
-Domínio dos estudantes no tema

Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 3
Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 2 Mencione as etapas do gerenciamento dos resíduos hospitalares.
Duração 30 minutos
Objectivos
Reconhecer as etapas de gerenciamento dos resíduos hospitalares.
Conteúdos de referência
- Normas de gestão de resíduos hospitalares
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Em grupos, os estudantes fazem o levantamento e descrevem as etapas da gestão dos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
112
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

resíduos hospitalares.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Organizar os alunos em grupo e orienta os alunos no desenvolvimento das actividades
- Fazer breve resumo da aula
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
-Sala de aulas
-Papel gigante
-Marcador e quadro branco
Critérios de avaliação
- Comportamento do estudante durante a prática.
-Domínio dos estudantes no tema

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CDC; Enquadramento e directrizes de gestão laboratorial; 2008.

2. Goulart, I. B (1998). Expectativas de desempenho de psicólogos em modernas


organizações; In: Psicologia do Trabalho e Gestão de Recursos Humanos: estudos
contemporâneos. São Paulo: Casa do Psicólogo.

3. Len, L. (2007). Lixo hospitalar e suas conseqüências Sanitárias e ambientais: Estudo


comparativo de caso em fortaleza – ceará; Fortaleza – ceará;.

4. MISAU; Biocontenção (2010). O gerenciamento do risco em ambientes de alta contenção


biológica NB3 e NBA3; Brasília –DF.

5. Motta, F.; (2009). Avaliação ergonômica de postos de trabalho no sector de pré-


impressão de uma indústria gráfica.
6. Ministério de Saúde (2011). Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos
práticos para técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.

7. Olivares, I. (2006) Gestão de qualidade em Laboratórios; Editora Átomo; Brasil.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
113
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

8. Pinto, A. (2009) Análise ergonómica dos postos de trabalho com equipamentos dotados
de visor em centros de saúde da administração regional de saúde do centro; Coimbra.

9. Walters, N. J. (1998) Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; Laboratório Clínico: Técnicas


Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed;

10. Xavier, R; Dora, J (2010) De sousa, C.; Barros, E.; Laboratório Clínico na prática
Clínica: Consulta rápida, 2ª ed.;Editora ABDR.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
114
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UNIDADE DIDÁCTICA 4
COLHEITA, TRANSPORTE E CONSERVAÇÃO DAS
AMOSTRAS BIOLÓGICAS

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
115
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Índice

OBJECTIVO GERAL_________________________________________________________118
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica________________________________118

INTRODUÇÃO______________________________________________________________119
1. AMOSTRA BIOLÓGICA__________________________________________________120
1.2. COLHEITA DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS____________________________________120

1.3. A Colheita de Sangue Venoso____________________________________________121

1.4. A colheita de sangue a vácuo é a técnica de colheita de sangue venoso recomendada


pelas normas da OMS por apresentar vantagens como:_______________________________127

1.5. A colheita de Sangue Capilar_____________________________________________129

1.6. A Colheita de Amostra de Urina__________________________________________130

1.7. O exame de Rotina de Fezes_____________________________________________132

1.8. A Colheita de Amostras de Expectoração___________________________________133

2. O TRANSPORTE E ENVIO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS____________________135


3. A CONSERVAÇÃO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS___________________________136
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD Nº 4________________________137
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_____________________________________________139

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
116
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL

Realizar a colheita, conservação e transporte das amostras laboratoriais para o processamento de


análise segundo os procedimentos estabelecidos e/ou POPs

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o estudante será capaz de:


- Definir e preencher todos os dados da requisição do utente/paciente conforme as
normas institucionais em vigor
- Avaliar os tipos de recipientes, a integridade e a quantidade mínima da amostra para
garantir a qualidade e conferir resultados fiáveis
- Aplicar as técnicas de registo dos dados e de recepção de amostra no livro de entrada
ou sistema informatizado/informático do Laboratório
- Organizar o local de colheita e reunir o material indispensável para o procedimento,
como recomendam as boas práticas laboratoriais-BPL
- Comprovar se os materiais para a colheita de amostras cumprem com as normas da
biossegurança e estão em quantidade suficiente para a realização do trabalho diário,
segundo o check-list de colheita
- Rotular os recipientes onde serão depositadas as amostras de forma clara e seguindo
os procedimentos estabelecidos.
- Recolher as amostras biológicas humanas tomando em conta as recomendações do
POP e em função do tipo de análise a realizar
- Arrumar as amostras seguindo as folhas de trabalho/requisições correspondente.
- Preparar as amostras para sua conservação segundo as suas especificidades e de
acordo com as normas estabelecidas.
- Aplicar os critérios de aceitação ou rejeição das amostras que não cumprem os
requisitos para seu processamento.
- Identificar os sectores específicos para a alocação das amostras.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
117
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO
A colheita correcta de amostra biológica para o exame laboratorial constitui uma das actividades
importântes para a obtenção de um resultado do exame laboratorial fiável.
Nesta unidade, o estudante terá a opurtunidade de aprender, as principais amostras biológicas
usadas na rotina laboratorial, também terá oportunidade de aprender os procedimentos de
colheita, conservação e transporte das mesmas, antes da realização do exame laboratorial.
Em suma, a presente unidade apresenta três grandes capítulos:
- No primeiro capítulo sobre a amostra biológica, abordaremos a colheita de amostras
biológicas, a colheita de sangue venoso, colheita de sangue a vácuo, a colheita de sangue
capilar, a colheita de amostra de urina, o exame de rotina de fezes e ainda a colheita de
amostras de expectoração.
- No segundo capítulo será abordada a temática sobre o transporte de amostras biológicas.
- No terceiro capítulo será a apresentado e discutido o tema sobre a conservação de
amostras biológicas.

1. AMOSTRA BIOLÓGICA
DEFINIÇÃO A Amostra Biológica é a parte do material biológico do paciente que é utilizada

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
118
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

para análises laboratoriais.

Faz parte de amostra biológica, a pequena parte do material como a do sangue, urina, fezes,
líquidos corporais (cefalo-raquidiano-LCR, pleural, amniótico, etc.), tecidos (biópsia,
raspagem,etc.) e secreções corporais (expectoração, esperma, vaginal, uretral, entre outros).

1.1. Colheita Das Amostras Biológicas

A colheita da amostra biológica para o exame laboratorial, são procedimentos que fazem parte
da fase pré analítica e, são aactividades de estrema importância para a obtenção de um resultado
do exame laboratorial fiável.

A colheita da amostra biológica para o exame laboratorial, pode ser realizada no laboratório
(pelo profissional de laboratório), na enfermaria (pelo profissional de enfermagem e outros
profissionais de saude) ou em casa, pelo próprio paciente, após ter recebido do laboratório
orientações claras sobre a colheita de modo a previnir ocorências de enganos ou a introdução de
variáveis não controladas que poderão comprometer com a exactidão dos resultados nas fases
subsequentes.

No acto de colheita, o técnico do laboratório deve assegurar de que a amostra será colhida do
paciente especificado na requisição dos exames. Para isto, recomenda-se:

Para Pacientes em Ambulatórios


- Pedir que forneça o nome completo e a idade para confirmar com o nome da requisição;
- Criancas e pessoas com outras limitações, devem ser acompanhados.

Para Pacientes Internados


- Em geral as enfermarias disponibilizam etiquetas com dados de identificação necessário,
mesmo assim, o pessoal responsável pela colheita deve verificar a identificação no bracelete
ou a identificação postada na cama, quando disponível;
- O número de cama nunca deve ser utilizado como critério de identificação;

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
119
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Relatar ao enfermeiro chefe ou ao chefe do laboratório qualquer discrepância, antes de


efectuar a colheita;
- Para pacientes com algum tipo de dificuldades de comunicação, o pessoal responsável pela
colheita deve valer-se de informações de algum acompanhante ou da enfermagem; é
indespensável que a identificação possa ser rastreada a qualquer instante do processo;
- O material colhido deve ser identificado na presença do paciente. Nos sistemas manuais, a
identificação pode ser feita pela colocação nos recipientes de colheita, duma etiqueta com o
nome do paciente, a data da colheita e o número sequencial do livro de registo de
atendimento.

Em seguida iremos abordar com detalhes as os seguintes tópicos: colheita de sangue venoso,
sangue vácuo, sangue capilar, a colheita de amostra de urina, o exame de rotina de fezes e a
colheita de expetoração.

1.2. A Colheita de Sangue Venoso

DEFINIÇÃO
A colheita de sangue venoso é o procedimento de obtenção de amostras de
sangue para análises laboratoriais a partir de punção venosa.

A Punção venosa consiste na introdução de uma agulha numa veia para injectar medicamentos
ou para extrair sangue, de acordo com a figura-1, que apresenta Localização das veias humanas
mais utilizadas na punção venosa.

As veias mais utilizadas são


a basilica mediana e a
cefálica, ambas localizadas
na parte anterior do braço,
próximo à dobra do
cotovelo. A punção na veia
basilica mediana costuma
ser a melhor opção, pois na
punção da veia cefálica existe maior risco de formação de hematomas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
120
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

As veias do dorso da mão também podem ser puncionadas. Nessa região, recomenda-se a veia do
arco venoso dorsal, por possuir maior calibre.

A outra é a veia dorsal do metacarpo que também poderá ser puncionada, porém a colheita será
mais dolorosa.

As áreas a serem evitadas na punção venosa são:

- Área com terapêutica ou hidratação intravenosa de qualquer espécie;


- Locais com cicatrizes de queimadura;
- Membro superior próximo ao local onde foi realizada mastectomia, cateterismo ou qualquer
outro procedimento com hematomas;
- Veias que sofreram trombose porque são pouco elástica, podem parecer um cordão e têm
paredes endurecidas;
- Se o doente estiver sobre administração de soro glicosado ou outros líquidos intraveno no
membro, estes devem ser suspensos por três minutos antes de ser obtida a amostra;
- Deve ser feita uma chamada de atenção na requisição do pedido de exames laboratoriais e no
formulário do relatório dos resultados.

Os materiais para a colheita de sangue venoso incluem: o garrote (torniquete), agulha, e


adaptadores (para o sistema fechado), seringa (para o sistema aberto), bolas de algodão,
álcool a 70% e tubos para a colheita de acordo com o pedido do exame.

Garrote

O garrote é definido como um instrumento de compressão usado para obstruir temporariamente


a circulação sanguínea de um membro, geralmente o superior, por um determinado tempo
através da aplicação de uma pressão local (figura 2). Esta pressão ao ser aplicada sobre a pele é
transferida à parede dos vasos causando uma oclusão venosa transitória.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
121
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

No laboratório clínico, a oclusão venosa gerada pela aplicação do garrote induz um aumento da
pressão de filtração através das paredes dos
capilares.

O aumento na turgidez dos vasos sanguíneos, pelo


acúmulo de sangue, facilita a sua identificação e
punção subseqüente.

Em condições fisiológicas normais, as


concentrações dos elementos que compõem o
sangue são homogéneas em toda a extensão do vaso. A estase venosa criada pelo garrote, gera
um aumento da pressão intravascular, a água e compostos de baixo peso molecular se movem do
espaço intravascular para o intersticial, diminuido as suas concetrações. Constituintes do sangue
de massa molecular alta, como os lípidos, as proteínas e substâncias ligadas às proteínas,
aumentam suas concentrações devido à impossibilidade de difusão para o interstício.

O tempo ideal de permanência do garrote no braço do paciente/utente é de 30 segundos, período


em que não ocorrem grandes prejuízos para os parâmetros laboratoriais mais solicitados. A
estase venosa induzida pela permanência de garrote por um período de tempo superior a 60
segundos aumenta significativamente a concentração sérica dos elementos como o colesterol,
proteínas totais, albumina, glicose, cálcio, lactato, magnésio e, diminui a concentração sérica dos
elementos difusíveis do meio intravascular para o meio intersticial como é o caso de Sódio. A
libertação de potássio de plaquetas pelo efeito do garrote eleva a sua concentração sérica.
Concentração sérica é a quantidade (dosagem) disponível destes analitos no sangue.

Para o uso adequado do garrote devem ser seguidos os seguintes passos:

1. Posicionar o braço do paciente, inclinando – o para baixo a partir da altura do ombro;


2. Colocar o garrote (torniquete) com o braço para cima a 8cm do local de punção;
3. Não aplicar o procedimento de “bater nas veias com dois dedos” no momento de selecção
venosa. Este procedimento provoca hemólise capilar;

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
122
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

4. Não usar o garrote continuamente por mais de 1 minuto, ja que, a oclusão venosa
prolongada pode elevar a concentação dos analitos sanguíneos com a massa molecular
alta, gerando falsos em certas análises;
5. Pedir ao paciente que feche a mão para evidenciar a veia;
6. Não apertar intensamente o garrote pois o fluxo arterial não deve ser interrompido.

ATENÇÃO
O garrote deve ser trocado ou desinfetado sempre que a condição
higiénica for necessária, assim evitará a contaminação.

Para evidenciar as vias As técnicas para evidenciar as veias estão listados abaixo:

1. Pedir o paciente para baixar o braço e fazer movimentos suaves de abrir e fechar a mão;
2. Massagear delicadamente o braço do paciente (do punho para o cotovelo);
3. Fixar as veias com os dedos nos casos de flacidez.

Tubos Para Colheita de Sangue

Os tubos para a colheita de sangue devem ser seleccionados de acordo com o exame solicitado,
sendo de extrema importância conhecê-los para a realização de uma boa colheita de material
biológico (figura 3). A troca de tubos na colheita de amostras para o exame laboratorial,
influencia significativamente nos resultados de exames laboratorias.

EXEMPLO Se a requisição do paciente solicita o exame de glicemia e, a amostra é colhida em


tubo com EDTA como anticoagulante, será difícil centrifugar a amostra e os
resultados podem ser alterados devido a presença de enzimas que metabolizam a
glicemia.

Quando o paciente possui mais de um exame


solicitado e estes exames necessitam de amostras
que devem ser colhidos em tubos diferentes, a
sequência de colheita para tubos de colheita de ser

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
123
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

feito baseando ao método a que está sendo usado na colheita, para evitar a contaminação e
possível coagulação das mesmas.

EXEMPLO Pelo sistema aberto, a sequência deve ser, tubos com anticoagulante, tubo com
heparina (tampa verde), tubo com EDTA (tampa roxa) e tubo com fluoreto de
sódio (tampa cinza), seguido pelo tubo sem anticoagulante (tampa vermelha ou
tampa amarela).

Pelo sistema fechado, a sequência deve ser, tubo sem anticoagulante (tampa
vermelha ou tampa amarela), seguido pelos tubos com anticoagulante tubo com
heparina (tampa verde), tubo com EDTA (tampa roxa) e tubo com fluoreto de
sódio (tampa cinza).

O material colhido em recipiente inadequado deve ser rejeitado e descartado pelo laboratório
pois não terá validade para a realização da análise.

Tabela 1: Relação Entre o Tipo de Tubo e o Tipo de Exames Laboratoriais

Cor da tampa Volume Exames Grupo de


anticoagulantes/aditivos

Lilás ou roxa 4.0 á 5.0 ml Hemograma; VS; Tubos com EDTA


Grupo sanguíneo;
CD4; Carga Viral

Azul 4.5ml Provas de coagulação Tubos com citrato de


sódio

Cinza 2.0ml Glicemia Tubos com fluoreto de


sódio

Vermelha ou Tubo maior (10ml) Bioquímica; Tubos para soro com


amarela hormonas; serologia; ativador de coágulo com
Tubo menor (4.0ml) testes rápidos gel separador

A colheita de sangue venoso pode ser realizada pelo sistema aberto, como também pelo
sistema fechado.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
124
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A Colheita de Sangue Venoso Pelo Sistema Aberto


- A Colheita de sangue venoso pelo sistema aberto é o procedimento de obtenção de
obtenção de amostra de sangue pelo método da agulha e seringa.
- Este método é usado há muitos anos e enraizou-se em algumas áreas de saúde, pois o
mesmo produto é usado para infundir medicamentos.
- A colheita com seringa e agulha no laboratório é ainda muito usada, seja por sua
disponibilidade, uma vez que seringas e agulhas hipodérmicas são materiais essenciais
para o funcionamento de uma instituição de saúde, seja pelo menor custo do produto.
Porém, poderá trazer impacto em maior escala na qualidade da amostra obtida, bem como
nos riscos de acidente com materiais perfurocortantes.

Os procedimentos técnicos para a colheita de sangue venosa pelo sistema aberto são:

1. Organizar os materiais necessários: luva de procedimento, agulha, seringa, garrote, bolas


de algodão, álcool a 70%,tubos para a colheita de acordo com o pedido do exame;
2. Confrontar a informação contida na requisição do do paciente (nome, sexo, idade);
3. Identificar –se ao paciente, explicar o procedimento e pedir a colaboração do paciente;
4. Calçar as luvas;
5. Colocar a agulha na seringa sem retirar a capa protetora, não tocar na parte inferior da
agulha;
6. Movimentar o êmbulo e pressionar para retirar o ar;
7. Ajustar o garrote e escolher a veia;
8. Fazer a anti-sepsia do local da colheita com algodão humedecido em álcool a 70% ou
álcool iodado a 1% em movimento circular do centro para a periferia. Não tocar mais no
local desinfectado;
9. Retirar a capa da agulha e fazer a punção;
10. Soltar o garrote assim que o sangue começar a fluir na seringa;
11. Orientar o paciente a pressionar com algodão a parte puncionada, mantendo o braço
estendido, sem dobra-lo;
12. Transferir o sangue para um tubo de ensaio, escorrer delicadamente o sangue pela parede
do tubo. Este procedimento evita a hemólise da amostra. Descartar a seringa no mesmo
recipiente de descarte da agulha.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
125
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

As precauções que devem ser tomadas na colheita do sangue venoso em sistema aberto são: não
reencapar as agulhas, descartar em recipiente próprio a seringa e a agulha (caixa para material
perfuro-cortante); Ao transferir o sangue para os tubos, retirar a agulha e transferir o sangue
pelas paredes dos tubos, tapar e misturar por inversão; Evitar a formação de espuma.

1.3. A colheita de sangue a vácuo é a técnica de colheita de sangue venoso


recomendada pelas normas da OMS por apresentar vantagens como:

- Segurança do paciente e do profissional de saúde;


- Proporção correcta do sangue/anticoagulante elevando a qualidade da amostra;
- Colheita em pacientes com acessos venosos difícil;
- Numa única punção pode se colher vários tubos;
- Qualidade nos resultados dos exames.

Os procedimentos técnicos para a colheita de sangue venosa pelo sistema fechado são:

1. Organizar os materiais necessários: luva de procedimento, agulhas para colheita de sangue e


adaptadores, garrote, bolas de algodão, álcool a 70%, tubos para a coleta de acordo com o
pedido do exame.
2. Confrontar a informação contida na requisição do paciente (nome, sexo, idade);
3. Identificar – se ao paciente, explicar o procedimento e pedir a colaboração do paciente;
4. Calçar as luvas; (consulte o tema uso de luvas de procedimento no capítulo Bio-ssegurança);
5. Fazer a anti-sepsia do local da colheita com algodão humedecido em álcool a 70% ou álcool
iodado a 1% em movimento circular do centro para a periferia. Não tocar mais no local
desinfectado;
6. Conectar a agulha ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja firme para assegurar que
não solte durante o uso;
7. Remover a capa superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima;
8. Ajustar o garrote e escolher a veia;
9. O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da mão e seguro firmemente entre o
indicador e polegar;

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
126
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

10. No acto de punção, com o indicador ou polegar de uma das mãos, esticar a pele do paciente
firmando a veia escolhida e com sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia
com precisão e rapidez (movimento único);
11. O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de colheita de 15º em relação ao braço
do paciente;
12. Segurando firmemente o sistema agulha-adaptador com uma das mãos, com a outra pegar o
tubo de colheita a ser utilizado e conectá-lo ao adaptador;

ATENÇÃ
Sempre que possível: a mão que estiver puncionando deverá controlar o
O
sistema, pois durante a colheita, a mudança de mão poderá provocar
alteração indevida na posição da agulha.

13. Com o tubo de colheita dentro do adaptador, pressione-o com o polegar, até que a tampa
tenha sido penetrada;

ATENÇÃO
Deve: sempre manter o tubo pressionado pelo polegar assegurando um
óptimo preenchimento.

14. Tão logo que o sangue flua para dentro do tubo de colheita, o garrote deve ser retirado. Se a
veia for muito fina poderá manter o garrote;
15. Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, remova-o do adaptador trocando-o
pelo seguinte; Sempre seguindo a sequência correcta de colheita;
16. A medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los gentilmente por inversão (5 a 8
vezes);

ATENÇÃ
Agitar vigorosamente pode causar espuma ou hemólise. Nos tubos com
O
anticoagulantes, a homogeneização inadequada pode resultar em
agregação plaquetária e/ou microcoágulos.

17. Logo que terminar a colheita do último tubo, retirar a agulha;

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
127
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

18. Orientar o paciente a pressionar com algodão a parte puncionada, mantendo o braço
estendido, sem dobra-lo;
19. Uma vez estancado o sangramento aplicar uma bandagem;
20. Descartar a agulha em recipiente próprio para materiais infecto contaminantes.

ATENÇÃO
Descartar a agulha imediatamente após a remoção do braço do paciente,
em recipiente adequado (não desconectar a agulha – não reencapar).

21. Enviar as amostras para os sectores na posição vertical em maletas de transportes apropriados
ou em suportes;
22. Perguntar ao paciente “como se sente”.
- Em caso de positivo, agradeça a sua colaboração e dispensa-o.
- Em caso negativo por:

Hematoma (sinais de inchaço e dor)

Causas: a agulha perfurou totalmente a veia; o bisel entrou parcialmente na veia;

Acção:

- Remover o Garrote
- Remover a Agulha
- Aplicar a Pressão Quanto Tempo.

1.4. A colheita de Sangue Capilar

- A colheita de sangue capilar é o procedimento de obtenção de amostras de sangue


para análises laboratoriais a partir de punção de capilares sangíneos. Esta amostra
e útil para a realização dos testes rápidos de malária, bem como o exame de rotina
de microscopia de malária.

LÉMBRA-TE Mais detalhes nos módulos de Exames Hematológicos e


Parasitológicos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
128
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Os procedimentos técnicos para a colheita de sangue capilar são:

1. Organizar o material (lanceta, bola de algodão, álcool a 70%, lâmina ou a placa do teste
rápido a ser realizado)
2. Pedir ao paciente os dados de idade, nome e sexo e logo anotar na requisição e lâmina ou
a placa do teste rápido a ser realizado o respectivo código.
3. Com a mão esquerda do paciente, palmas para cima, seleccionar o terceiro ou quarto
dedo ﴾contado a partir do polegar﴿. Para as crianças pode ser usado o dedão do pé ou no
calcanhar.
4. Usar uma bola de algodão levemente humedecido com álcool a 70% para limpar o dedo
usando movimentos firmes para remover a sujidade e a gordura da ponta do mesmo;
5. Utilizar outra bola de algodão para secar o dedo, usando movimentos firmes para
estimular a circulação sanguínea.
ATENÇÃO
Com a lanceta estéril, puncionar a ponta do dedo rodando a lanceta rapidamente
aplicando uma leve pressão no dedo.

6. Exprimir a primeira gota de sangue e limpar com algodão seco; certificar de que nenhum
fio de algodão permaneceu no dedo.
7. Asegurar a lâmina limpa apenas nas bordas e colher o sangue.
8. Limpe o sangue restante do dedo com algodão.

1.5. A Colheita de Amostra de Urina

- A colheita de amostra de urina para o exame laboratorial é frequentemente solicitada


pelos clínicos, para auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversas patologias. Todavia,
a colheita adequada da amostra é essencial para que os resultados dos exames sejam
válidos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
129
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A amostra de urina deve ser examinada após uma hora de emissão.


Quando isso não for possível, a urina deve ser refrigerada entre 4 – 6 oC
por até oito horas.

Na colheita de urina para o exame geral devem ser obedecidos os


seguintes cuidados:

- De preferência, colher a primeira urina da manhã;


- Lavar os órgãos genitais externos com água e sabão;
- Colher a urina em recipiente limpo e seco e envia-lá imediatamente ao laboratório (os frascos
para amostra de urina poderão ser levantados previamente no laboratório ﴾figura 4﴿;
- Colher somente o jato médio, desprezando o início e o fim da micção;
- Na colheita de urina de mulheres, recomendar a abstinência sexual de pelo menos 24 horas;
- Em mulheres menstruadas, usar tampão vaginal depois da lavagem, para não contaminar a
urina com sangue.

ATENÇÃO Se a colheita for realizada no laboratório ou em pacientes acamados é


necessário que se evite, no preparo do paciente, a presença de elementos
que poderiam confundir os achados do exame microscópico do sedimento,
como fibras de algodão ou talco (usado nas luvas cirúrgicas).

Em geral são colhidos de 50 a 100ml de urina mas, em casos especiais, como em crianças
pequenas ou de pacientes com problemas de micção, volumes bem menores podem ser
suficientes.

No caso de crianças pequenas, após a lavagem externa dos órgãos genitais, deve-se colocar
colectores plásticos e aguardar a micção. É necessário que a recepção do laboratório seja
orientada para julgar caso por caso.

Se a colheita for em casa, é necessário que a recepção do laboratório oriente o paciente como a
colheita deve ser feita e o paciente leve para casa instruções escritas para colheita de urina de 12
horas e de 24 horas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
130
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Alguns pacientes hospitalizados poderão necessitar de punção suprapúbica para colher amostra
de urina para o exame laboratorial, esta será praticada pelo médico.

LÉMBRA-TE Mais detalhes dos procedimentos de colheita de urina para exames de


sedimento urinário e urocultura encontram-se no módulo de exames
microbiológicos.

1.6. O exame de Rotina de Fezes

- O exame de rotina de fezes compreende as análises macroscópicas, microscópicas e


bioquímicas para a detecção precoce de sangramento gastrintestinal, distúrbios hepáticos
e dos ductos biliares e síndromes de mal absorção. De igual valor diagnóstico são a
detecção e identificação das bactérias patogênicas e parasitas.

A colheita de fezes tem recomendações especiais, segundo as finalidades do exame a que se


destinam. A melhor amostra é de fezes frescas, enviadas ao laboratório logo após a colheita.

- No exame coprológico (coprocultura), estuda-se as funções digestivas do paciente. O


paciente deve ser submetido a regime alimentar apropriado, que varia de carboidrato,
gorduras e proteínas, em dieta variada, composta de alimentos triviais e na proporção que
figuram na dieta normal. Recomenda-se ao paciente que pelo menos 72 horas antes da
colheita do material inclua na sua dieta normal a carne, leite, batata, feijão e manteiga.

No dia de exame colher pelo menos 50g de fezes e encaminhar no laboratório. Esta amostra deve
ser colhida em recipiente de boca larga e limpa, sem necessidade de esterilização. Colher o
material correspondente a parte intermediária da evacuação, que é, em geral, de maior
uniformidade. É fundamental que se evite a contaminação com urina, água ou outro elemento.

- A pesquisa de sangue oculto é uma técnica usada para detectar precocemente o sangramento
intestinal provocado por tumores malígnos do cólon, na parte inferior do intestino. A colheita
de fezes para este teste deve ser bem-feita para que os resultados obtidos, tanto positivos
como negativos, tenham significado clínico. É necessário que a pesquisa de sangue oculto

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
131
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

seja precedida de dieta rigorosa por 4 dias, sem ingestão de


carnes, vegetais verdes (devido a clorofila) e medicamentos a
base de ferro ou aspirina. Recomeda-se ainda que nos 4 dias o
paciente não escove os dentes, para evitar sangramentos
gengivais. A pesquisa deve ser feita em fezes recentemente
emitidas.

- A Colheita de fezes para pesquisa de parasitas é um dos


exames mais solicitados em laboratório clínico. As fezes recentes são colhidas em recipientes
de boca larga, limpos e secos, com tampa rosqueada. Evitar a contaminação com urina. Os
detalhes dos procedimentos de colheita de amostras de fezes encontram-se no módulo
de exames microbiológicos.

1.7. A Colheita de Amostras de Expectoração

- A Colheita de amostras de expectoração para o exame laboratorial é um dos mais


solicitados para pacientes com suspeita de tuberculose. A expectoração é uma amostra
obtida da árvore brônquica, após esforço da tosse. Esta amostra deve ser colhida em
frascos ﴾escarradores﴿ estéreis fornecidos pela unidade sanitária ou pelo laboratório

Os escarradores devem ter as seguintes características:


- Ter altura mínima de 40mm e diâmetro de 50mm;
- Ter Tampa com rosca e larga;
- De plástico transparente;
- Com capacidade de 35 a 50ml.

As instruções para a colheita de expectoração devem estar disponíveis por escrito em todos os
laboratórios e serviços de consulta da tuberculose. O profissional de saúde deve conhecer
perfeitamente essas instruções para explicar ao paciente.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
132
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

É importante informar ao paciente que a melhor amostra é a proveniente da árvore brônquica


(pulmões); a saliva ou secreções nasais são inadequadas para o exame, e são necessárias duas
amostras de expectoração para um diagnóstico ideal.

Os procedimentos para a colheita da 1ª amostra estão alistados a seguir:


1. Lavar a boca ou buchechar com água corrente para retirar partículas alimentares;
2. Inspirar o ar profundamente pelo nariz, reter o ar por alguns segundos no pulmão, e
expirar lentamente pela boca (realizar este procedimento duas vezes);
3. Na terceira vez, inspirar o ar profundamente pelo nariz, reter o ar por alguns segundos no
pulmão, e expirar forçando a tosse;
4. Colher a expectoração directamente para o escarrador;
5. Se necessário repetir estes procedimentos até atingir um volume de 5 a 10ml de
expectoração;
6. Fechar bem o escarrador e entregar ao profissional de saúde.

ATENÇÃO A 1ª amostra deve ser colhida de imediato, isto é, no local da consulta; num sítio
arejado e distante das pessoas, pois, se esta for positivo, o paciente iniciará o
tratamento logo que este retorne a unidade sanitária para a entrega da segunda
amostra. Se não for possível realizar a colheita no local da consulta, o paciente
deve colher a noite, antes do jantar. O profissional de saúde deve entregar os
escarradores já identificados e simular a técnica de colheita durante as orientações
de colheita.

Os procedimentos para a colheita da 2ª amostra são os seguintes:


1. Instruir o paciente a tomar muitos líquidos durante o dia (água, sumos, etc.) e a se deitar
sem almofada, caso tenha dificuldades de expectorar;
2. Realizar a 2ª colheita no dia seguinte, logo ao acordar, seguindo as orientações acima
descritas.
3. Levar o escarrador até ao profissional de saúde o mais rápido possível, protegendo-o do
sol.
LÉMBRA-TE Os conteúdos relacionados com as amostras de tecidos, líquidos e
secreções corporais, encontram-se nos módulos de Exames

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
133
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Histocitológicos e Microbiologicos respectivamente.

2. O TRANSPORTE E ENVIO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS


O transporte de material biológico dentro do País, em função da sua natureza institucional, pode
ser, Intra-institucional (entre laboratórios da mesma instituição) e Inter-institucional (entre
laboratórios de instituições diferentes).

Em laboratórios da mesma instituição, localizados no mesmo prédio ou campus, o transporte


deve ser feito em embalagens fechadas e vedadas, devidamente identificadas com o tipo de
material transportado, além do nome e endereço do remetente e destinatário. É necessária a
utilização de dois recipientes, sendo um interno (tubos de ensaio fechados ou placas de Petri
vedadas) que conterá o material, e outro recipiente ou embalagem externa, cujo material ofereça
resistência ao transporte.

O laboratório clínico deve apresentar um procedimento de transporte das amostras para garantir
que a sua integridade não seja comprometida durante seu transporte.

O laboratório deve dar orientações ao transportador das amostras quanto as condições


necessárias para o transporte, pois, cada amostra, dependendo das suas características, pode
necessitar de cuidados especiais que devem ser considerados.

EXEMPLO - Temperatura da amostra durante o transporte;


- Acondicionamento adequado (importante no caso de amostras
frágeis);
- Embalagem adequada (a fim de evitar contaminação da
amostra);
- Identificação adequada;

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
134
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Periculosidade das amostras.

O transporte Inter institucional de material biológico deverá ser realizado em ebalagem tripla,
com as descrições acima apresentadas.

O profissional responsável pelo envio deve assegurar que a embalagem utilizada seja vedada e
identificada com o símbolo internacional de segurança biológica, além de conter informações,
tais como: nome, endereço completo e telefone do remetente e destinatário.

Todas as informações pertinentes ao correcto transporte da amostra devem ser passadas ao


responsável pelo transporte, que deve atendê-las, bem como dispor de veículo adequado para
realizar a entrega dentro do prazo que, de acordo com a embalagem, garanta a integridade destas.
A embalagem deve estar identificada com o símbolo de risco biológico. O destinatário deverá
informar ao remetente sobre o recebimento do material e as condições deste.

3. A CONSERVAÇÃO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS

O paciente deve receber instruções claras sobre armazenamento e conservação da amostra


colhida. As condições para conservação de amostras devem possibilitar a manutenção da
integridade dos elementos e contribuir para a estabilidade das substâncias químicas.
A estabilidade de uma amostra é definida pela capacidade de seus componentes se manterem nos
valores iniciais, dentro de limites aceitáveis de variação, por um determinado período de tempo.
A estabilidade pré-analítica das amostras depende de vários factores, como a temperatura, carga
mecânica e tempo de processamento.
De uma forma geral, se o envio das amostras de amostras ao laboratório ocorrer dentro de 24
horas, ou seja no mesmo dia de colheita, elas poderão estar a temperatura ambiente protegidas da
luz solar (18 a 22oC). Se a demora no envio ao laboratório for no máximo de 5 dias, as amostras
deverão ser mantidas refrigeradas entre 2 a 8 oC na geleira para armazenamento do material
contaminado, ou em caixas térmicas com acumuladores de gelo.
Para urina, caso seja ultrapassado o tempo de 1 hora entre a colheita e entrega ao laboratório,
esta deve ser conservada em refrigerador entre 2 a 10 oC. Algumas amostras, como é o caso de
expectoração, se não for possível enviar em 24 horas ao laboratório, e não houver geleira para

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
135
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

armazenamento, pode-se realizar o esfregaço e fixar na chama para posterior envio ao


laboratório.

RESUMO

A Amostra biológica é a parte do material biológico do paciente que é utilizada para análises
laboratoriais.

Faz parte de amostra biológica, a pequena parte do material como a do sangue, urina, fezes,
líquidos corporais (cefalo-raquidiano-LCR, pleural, amniótico, etc.), tecidos (biópsia, raspagem,
etc.) e secreções corporais (expectoração, esperma, vaginal, uretral, entre outros). A colheita de
cada tipo de amostra deve seguir os Pops existentes em cada laboratório.

Em laboratórios da mesma instituição, localizados no mesmo prédio ou campus, o transporte das


amostras deve ser feito em embalagens fechadas e vedadas, devidamente identificadas com o
tipo de material transportado, além do nome e endereço do remetente e destinatário. É necessária
a utilização de dois recipientes, sendo um interno (tubos de ensaio fechados ou placas de Petri
vedadas) que conterá o material, e outro recipiente ou embalagem externa, cujo material ofereça
resistência ao transporte.

O laboratório clínico deve apresentar um procedimento de transporte das amostras para garantir
que a sua integridade não seja comprometida durante seu transporte.

O transporte Inter institucional de material biológico deverá ser realizado em embalagem tripla,
com as descrições acima apresentadas. Se o transporte das amostras para o laboratório ocorrer
dentro de 24 horas, ou seja no mesmo dia de colheita, elas poderão estar a temperatura ambiente
protegidas da luz solar (18 a 22oC). Se a demora no envio ao laboratório for no máximo de 5
dias, as amostras deverão ser mantidas refrigeradas, em temperaturas que variam de acordo com
o tipo da amostra.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
136
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD Nº 4
Actividades de ensino-aprendizagem

ACTIVIDADE
nº 1 A Colheita De Sangue Capilar Para Observação Microscópica
Duração 30 minutos
Objectivos:
- Identificar os materiais usados na colheita do sangue capilar
- Descrever os procedimentos de colheita de sangue capilar
- Realizar a punção capilar para colher a amostra
Conteúdos de referência
- Material para a colheita de sangue
- Tipos de amostras laboratoriais
- Técnicas de colheita de sangue
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
O aluno organiza o material (álcool 70%, bola de algodão, lancetas, lâminas)
Descrição: Acomoda o utente, sauda, seleciona o dedo medio, desinfecta, realiza a colheita.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Elogia o aluno e faz o resumo da colheita do sangue capilar
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Manual de colheita de sangue ou POP
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Capacidade de relacionamento com o utente
- Execução da colheita de sangue capilar

Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 4

Actividades de ensino-aprendizagem

ACTIVIDADE

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
137
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

nº 2 Colheita de sangue capilar para obsevação Microscópica


Duração 30 minutos
Objectivos:
- Identificar os materiais usados na colheita do sangue capilar
- Descrever os procedimentos de colheita de sangue capilar
- Realizar a punção capilar para colher a amostra
Conteúdos de referência
- Material para a colheita de sangue
- Tipos de amostras laboratoriais
- Técnicas de colheita de sangue
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
O aluno organiza e realiza a colheita da amostra

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


Elogia o aluno e faz o resumo da colheita do sangue capilar
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório Multidisciplinar
- Manual de colheita de sangue ou POP
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Capacidade de relacionamento com o utente
- Execução da colheita de sangue capilar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ANVISA; (2015); Manual de vigilância sanitária sobre o transporte de material
biológico humano para fins de diagnóstico clínico.
2. CDC; (2008); Enquadramento e directrizes de gestão laboratorial.
3. Ezembro, E.; Azam, K.; Cadi, N; (2012); Manual de Baciloscopia da Tuberculose,
Misau/PNCT/INS.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
138
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

4. MISAU; (2011); Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos práticos para


técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.
5. MISAU; (2010); Biocontenção: o gerenciamento do risco em ambientes de alta
contenção biológica NB3 e NBA3; Brasília –DF.
6. Mota, V.; (2009); Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações;
5ª ed.; Editora Científica Limitada.
7. Moura, R; Wada, C.; Purchio, A.; De Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório; 3ª
ed.; Atheneu; São Paulo.
8. Moura, R. A.; (1995); Colheita de Material para o Exame de Laboratório: Assegurando
a Qualidade dos Serviços no Laboratório Clínico; 1 a edição; São Paulo. Rio de Janeiro.
Belo Horizonte; Atheneu.
9. Nelson, D & Cox, M.; (2006); Princípios de Bioquímica; 4ª ed.; Sarvier Editora de
Livros Médicos Ltda.
10. Olivares, I.; (2006); Gestão de qualidade em Laboratórios; Editora Átomo; Brasil.
11. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed.
12. Xavier, R; Dora, J.; De sousa, C.; Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática
Clínica: Consulta rápida, 2ª ed.;Editora ABDR.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
139
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UNIDADE DIDÁCTICA 5
FUNÇÕES QUÍMICAS, PUREZA DOS REAGENTES E
PREPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
140
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Índice

OBJECTIVO GERAL_________________________________________________________143
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica________________________________143

INTRODUÇÃO______________________________________________________________144
1. AS FUNÇÕES QUÍMICAS_________________________________________________145
a. Os ácidos____________________________________________________________145

b. As Bases_____________________________________________________________146

c. Os Sais______________________________________________________________146

d. Os Óxidos____________________________________________________________149

e. Os hidrocarbonetos____________________________________________________149

2. ESTEQUIOMETRIA E PUREZA DOS REAGENTES______________________________156


2.1. Grau de Pureza dos Reagentes_______________________________________________158
2. CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES________________________________________161
a. Usando Proporções Para Preparar Soluções_________________________________163

b. Usando Percentagem para preparar Soluções_______________________________165

3. CONSERVAÇÃO SEGURA DE PRODUTOS QUÍMICOS (REAGENTES)___________168


Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 5____________________________________169
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_____________________________________________172

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
141
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL
Preparar reagentes e amostras, segundo as condições correspondentes para seu processamento

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o formando será capaz de:


- Listar os reagentes de uso mais frequente no laboratório clinico e sua finalidade
- Identificar as características das soluções: peso, volume, densidade, concentração,
normalidade, molaridade, molalidade, e concentração percentual
- Preparar reagentes e soluções aplicando os critérios estabelecidos nos POPs para realizar
as diferentes análises laboratoriais
- Explicar as técnicas de armazenamento e conservação dos reagentes e das soluções
diferenciando os tipos e usos posteriores
- Conservar as soluções segundo as suas especificidades e de acordo com as normas
estabelecidas
- Comprovar a idoneidade dos reagentes e soluções, validando as técnicas utilizadas e as
concentrações obtidas, segundo os POPs de validação de reagentes e soluções
- Verificar se no final de seu trabalho sua bancada está limpa e organizada.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
142
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO
No laboratório clínico, a maioria dos exames realizados, requer o preparo das soluções ou
reagentes. Por isso, é fundamental, conhecer os diversos modos de expressar a concentração das
soluções, saber pesar correctamente com a balança analítica e fazer os cálculos necessários para
o seu preparo.
Na presente unidade, o estudante terá a opurtunidade de aprender a efectuar os cálculos
estequiométricos das reacções químicas comuns em laboratórios, determinar o grau de pureza
dos reagentes, pesagem e preparar as soluções usadas com frequencia nos laboratórios clínicos.
Portanto, a unidade em estudo apresenta cinco grandes capítulos a destacar:
- O primeiro capítulo faz menção as funções químicas, onde abordaremos os ácidos, as
bases, os sais, os óxidos, os hidrocarbonetos, os álcoois e os aldeídos.
- Para o segundo capítulo a abordagem será feita em volta da estequiometria e pureza dos
reagentes.
- No terceiro capítulo faremos a abordagem da concentração de soluções.
- No quarto capítulo da unidade teremos a oportunidade de abordar o processo de
preparação do soro fisiológico.
- O quinto e o último capítulo será sobre o processo de conservação segura de produtos
químicos (reagentes).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
143
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1. AS FUNÇÕES QUÍMICAS

DEFINIÇÃO As funções químicas são grupos de substâncias compostas que apresentam com
propriedades químicas e comportamentos semelhantes devido a presença de um
ou mais átomos comuns em sua fórmula.
As funções químicas são classificadas como inorgânicas e orgânicas. As funções inorgânicas
são aquelas que não possuem cadeias carbônicas. Estas substâncias são divididas em ácidos,
bases, sais e óxidos.

a. Os ácidos

Segundo Arrehnius, os ácidos são compostos neutros que em meio aquoso que se dissociam,
libertando o catião hidrogénio (H+) e o anião correspondente. Por exemplo, o Cloreto de
Hidrogénio é um ácido porque quando dissolvido em água se ioniza para dar origem ao catião

Hidrogenio (H+) e anião cloreto (Cl-), segundo a equação: HCl ͢ H+ + Cl- . Os ácidos
(g) (aq) (aq)
incluem os compostos tais como HCl, HCN, H2SO4, entre outros.
Os ácidos, quanto a presença ou não de oxigênio em sua molécula classificam – se em Oxiácidos
e Hidrácidos. Os hidrácidos são ácidos que não possuem o elemento oxigênio em sua
composição.

EXEMPLO
ácido clorídrico (HCl).

Os oxiácidos são ácidos que possuem o elemento oxigênio em sua composição.

EXEMPLO
Ácido nítrico (HNO3) e o ácido sulfúrico (H2SO4).

A nomenclatura dos Hidrácidos é feita da seguinte maneira: nome Ácido + (prefixo do nome do
elemento) + ídrico.

EXEMPLO HCl – ácido clorídrico; HI – ácido iodídrico; HF – ácido fluorídrico; HCN

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
144
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

–ácido cianídrico.

A nomenclatura dos Oxiácidos será realizada da seguinte maneira: nome Ácido + (nome do
elemento) + ico.

EXEMPLO
HClO3 – Ácido clórico; H2SO4 – Ácido sulfúrico; HNO3 – Ácido nítrico;
H3PO4 – Ácido fosfórico e H2CO3 – Ácido carbônico.

b. As Bases

- As bases, são compostos neutros que se ionizam quando se dissolvem em água para
formar iões (OH-) e o correspondente ião positivo.
- O hidróxido de Sódio (NaOH) é uma base porque quando dissolvido em água se ioniza
para dar origem ao anião hidroxila (OH -) e o catião Sódio (Na+), de acordo com a
equação: NaOH (g) ͢ Na+(aq) + OH-(aq). As bases incluem compostos tais como NaOH,
KOH, Ca (OH)2, entre outros.

c. Os Sais

- Os sais são todos compostos que em água se dissociam liberando um catião diferente de
H+ e um anião diferente de OH-. A reação de um ácido com uma base recebe o nome de
neutralização ou salificação.

Ácido + Base  Sal + Água

- A nomenclatura dos sais obedece à expressão: (nome do anião) de (nome do catião)

Sufixo do Ácido Sufixo do Anião

Ídrico eto

Ico ato

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
145
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Oso ito

H2SO4 + Ca(OH)2 → CaSO4 + H2O


Sulfato de cálcio

Os sais neutros ou normais são obtidos por neutralização total.

EXEMPLO H CO + Ca(OH)  CaCO3 +2H2O; 2 NaOH + H SO  Na SO + 2


2 3 2 2 4 2 4
H O
2

Os sais Ácidos e Sais Básicos são obtidos por neutralização parcial (H+ioniz ≠ OH-):

- H2CO3 + NaOH NaHCO3 + H2O (Sal ácido ou hidrogenossal)

- HCl + Mg(OH)2Mg(OH)Cl + H2O (Sal básico ou hidroxissal)

Os sais são classificados quanto a presença ou não do oxigénio, quanto a presença ou não
da água na sua estrutura e quanto a natureza de formação.

Quanto à Presença de Oxigênio os sais são classificados em:


- Oxissais: possuem oxigênio. Por exemplo, o sulfato de cálcio (CaSO4), o carbonato de
cálcio (CaCO3) e nitrato de potássio (KNO3).
- Halóides: não possuem oxigénio. Por exemplo, o cloreto de sódio (NaCl), o cloreto de
cálcio (CaCl2) e cloreto de potassio (KCl).

Quanto à Presença ou não de Água os sais são classificados em:


- Hidratados:nas estruturas moleculares desse sal são encontradas uma certa quantidade
de água, e são elas que definem a nomenclatura do sal. Por exemplo, o CuSO4.5 H2O
(sulfato de cobre II penta hidratado e o CaSO4.2 H2O (sulfato de cálcio di hidratado).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
146
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Anidro: em suas estruturas moleculares não contém água. Por exemplo, KCl; NaCl;
CaSO4.

Quanto à Natureza os sais são classificados em:


- Neutros ou normais:são produtos da neutralização total de um ácido ou de uma base.
EXEMPLO
O NaBr (Brometo de Sódio) e o CaCO3 (Carbonatode Cálcio).

- Ácidos ou Hidrogenossais: apresenta um anião e dois catiões, sendo um dos catiões o


(H+).
EXEMPLO
O NaHCO3 (Hidrogeno Carbonato de Sódio) e oCaHPO4 (Hidrogeno
Fosfato de Sódio).

- Básicos ou Hidroxissais: apresenta um catião e dois aniões, sendo um dos aniões o


(OH).
EXEMPLO
O Ca (OH)Br (hidroxi brometo de cálcio).

- Duplos ou mistos:composto por dois catiões diferentes (excepto H +) ou dois aniões


diferentes (excepto OH-).
EXEMPLO
O NaKSO4 (sulfato de sódio e potássio) e o CaClBr (Cloreto Brometo de
cálcio).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
147
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

d. Os Óxidos

DEFINIÇÃO
Os óxidos são compostos químicos binários formados por átomos de oxigênio
com outro elemento em que o oxigênio é o mais eletronegativo.

EXEMPLO
Óxido de ferroIII e óxido de carbono IV (CO2).

As funções orgânicas são aquelas que possuem cadeias carbônicas. Neste grupo, fazem parte
muitas funções, sendo as mais comuns: Hidrocarbonetos, Álcool, Aldeído, Cetona, Ácido
carboxílico Éter, Aminas e Amidas.

e. Os hidrocarbonetos

DEFINIÇÃO Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados unicamente por


carbono e hidrogênio unidos tetraedricamente por ligação covalente (alcanos,
alcenos e alcinos).

A nomenclatura dos hidrocarbonetos, assim como os de todos os compostos orgânicos, está


baseada na utilização de prefixos, infixos e sufixos. O prefixo indica o número de carbonos
existente na cadeia:1 C – MET; 2 C – ET; 3 C – PROP; 4 C- BUT; 5 C – PENT; 6 C – HEX;
7 C – HEPT; 8 C – OCT; 9 C – NON; 10 C – DEC.

O infixo está relacionado com a saturação do composto e, o sufixo, designa a subfunção do


hidrocarboneto (alcano, alceno, alcadieno, alcino, alcenino, etc.).

- A cadeia não contém insaturações - prefixo + ANO


- A cadeia contém uma dupla ligação - prefixo + ENO
- A cadeia contém uma tripla ligação - prefixo + INO

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
148
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Os radicais livres são os produtos de roptura de uma ligação, como exemplo de uma ligação
covalente entre carbono e hidrogênio; se houver uma ruptura homolítica dessa ligação, tem-se a
formação de um radical livre:

Os radicais são nomeados usando-se o prefixo do número de carbonos seguido do sufixo IL(a)
ou IL (o).

EXEMPLO CH3- metil

CH3-CH2- etil

Os Alcanos ou Parafinas são os hidrocarbonetos de cadeia aberta com apenas ligações


covalentes simples (saturados) entre seus átomos de carbono.Fórmula geral: CnH2n+2.

A nomenclatura official IUPAC dos alcanos é feita juntando o: Prefixo + ano

EXEMPLO

Propriedades

- Os alcanos são pouco reactivos. Para fazer reagir um alcano é preciso fornecer grande
quantidade de energia, pois a sua estrutura é muito estável e muito difícil de ser quebrada.
São insolúveis em água e solúveis em solventes apolares como é o caso de benzeno.

Aplicação

- Em anatomia patológica, a parafina é usada no etapa de inclusão para infiltrar o material


biógico a ser analizado.

Os álcoois

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
149
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Os álcoois são compostos orgânicos que contêm uma ou mais hidroxilas (OH) ligadas
diretamente a átomos de carbono saturados

A Nomenclatura dos álcoois é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo + infixo + ol

Nomenclatura usual: Álcool + prefixo + ílico

EXEMPL

Propriedades

- O grupo OH dos álcoois é a sua parte mais reactiva e os álcoois mais simples são soúvel
em água.

Aplicações

- Os álcoois mais simples são muito usados no laboratório, dentre outras coisas, como:
Solventes.

Os aldeídos

- Os aldeídos são compostos que possuem o carbono da extremidade da cadeia realizando


dupla ligação com um oxigênio (carbonila) e uma ligação com um hidrogênio, enquanto,
as cetonas são compostos orgânicos caracterizados pela presença do grupamento
carbonila, ligado a dois radicais orgânicos.

A Nomenclatura dos aldeídos é feita de seguinte forma:

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
150
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo + infixo + al

Nomenclatura usual I: Aldeído + prefixo + ílico

Nomenclatura usual II: Prefixo + aldeído

A Nomenclatura das cetonas é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo + infixo + ona

Nomenclatura usual: Radical menor + radical maior + cetona

EXEMPL

Propriedades

- Os aldeídos e cetonas são bastante reactivos, em decorrência da grande polaridade gerada


pelo grupo carbonilo e os mais simples são bastante solúveis em água e em alguns
solventes apolares.

Aplicações dos aldeídos e cetonas

- O aldeído fórmico é utilizado como: desinfetante e como líquido para conservação de


cadáveres e peças anatômicas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
151
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- A cetonas mais importante é, a propanona (acetona comum), utilizada principalmente no


laboratório como solvente e na fabricação de medicamentos hipnóticos (clorofórmio,
sulfonal, cloretona etc.).

Os ácidos carboxílicos

Os ácidos carboxílicos são caracterizados pelo grupo carboxila (-COOH), ligado à um


carbono da cadeia principal. Praticamente todos os ácidos carboxílicos possuem nomes
vulgares. A Nomenclatura IUPAC dos ácidos carboxílicos é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Ácido + prefixo + infixo + óico

EXEMPLO Nome vulgɑr Fórmula molecular Nome IUPAC

Fórmico HCOOH Ácido metɑnóico

Acético CH3COOH Ácido etɑnóico

Propiônico CH3CH2COOH Ácido propɑnóico

Butírico CH3(CH2)2COOH Ácido Butɑnóico

Aplicações

- No laboratório, os ácidos carboxílicos encontram numerosas aplicações, o ácido fórmico


é usado como desinfetante.

Os Éteres

- Os Éteres são compostos orgânicos caracterizados pela presença de um átomo de


oxigênio (O) ligado a dois radicais monovalentes alquila (hidrocarbonetos).

A Nomenclatura dos éteres é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo do radical menor + óxi + hidrocarboneto maior

Nomenclatura usual: Éter + radical menor + prefixo do radical maior + ílico

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
152
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

EXEMPL

Propriedades

- Os éteres são pouco reativos, em virtude da grande estabilidade das ligações C-O-C e a
solubilidade dos éteres em água é comparável à dos álcoois correspondentes, já que, com
as moléculas de água, os éteres podem formar ligações de hidrogênio.

Aplicações:

- No laboratório, os éteres mais simples são usados principalmente como solventes.

As Aminas

- As aminas são compostos orgânicos derivados da amônia (NH3), onde os hidrogênios


são substituídos por radicais orgânicos.

A Nomenclatura das aminas é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Radicais + amina

EXEMPL

Propriedades

- As aminas têm caráter básico, semelhante ao da amônia, e por isso as aminas são
consideradas bases orgânicas. As aminas mais baixas são perfeitamente solúveis em
água, a partir das aminas com seis átomos de carbono a solubilidade decresce, e as
aminas passam a ser solúveis em solventes menos polares (éter, álcool, benzeno).

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
153
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Aplicações

- Síntese da acetanilida e outros medicamentos.

As amidas

As amidas são um derivado de ácido carboxílico, resultante da substituição do OH por um grupo


NH2, NHR ou NR2.

A Nomenclatura das aminas é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo + infixo + amida

EXEMPL

Aplicações

- As amidas são utilizadas em muitas sínteses em laboratório. A uréia, de fórmula


CO(NH2)2, é uma amida do ácido carbônico, encontrada como produto final do
metabolismo dos animais superiores, e eliminada pela urina. A amida do ácido sulfanílico
(sulfanilamida) e outras amidas substituídas relacionadas com ela, têm considerável
importância terapêutica e conhecem-se por sulfamidas.

2. ESTEQUIOMETRIA E PUREZA DOS REAGENTES


DEFINIÇÃO
A estequiometria é a parte da química que trata dos cálculos da massa, volume
e número de moles nas reacções químicas.

Para efectuar os cálculos estequiométricos, deve-se considerar algumas leis ponderais ﴾leis que
relacionam as massas das substâncias participantes em uma reacção química﴿, como é o

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
154
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

caso de lei de conservação de massas ﴾Lei de Lavoisier﴿ e a lei de proporções Constantes ﴾Lei de
Joseph Louis Proust﴿. A lei de conservação de massas enuncia que, numa reação química em
um sistema fechado, a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos,
ou seja, “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A Lei de Proust enuncia que, em
uma reação química as massas dos reagentes e as massas dos produtos estabelecem sempre uma
proporção constante. Estas leis, recordam a necessidade de realizar de acertos de equações
químicas dos compostos químicos envolvidos na reacção, antes de efectuar os pretendidos
cálculos.

Por exemplo:

Qual é a massa de água necessária, para preparar 24g de Hidróxido de Cálcio, segundo a
equação: Ca + H2O  Ca﴾OH﴿2 + H2?

Para resolver este exercício, deve ser seguido as seguintes regras:

1. Escrever a equação química ﴾ Ca + H2O  Ca﴾OH﴿2 + H2﴿.

2. Acertar os Coeficientes: para o acerto deve ser considerado o seguinte

- Acertar primeiro os metais

- Acertar os ametais que sejam diferentes de Oxigénio e Hidrogénio

- Acertar o Oxigénio

- Por último, acertar o Hidrogénio

Para o exercício em causa fica: Ca + 2H2O  Ca﴾OH﴿2 + H2

3. Escrever as massas das substâncias envolvidas no problema com o auxílio da tabela


periódica ﴾Massas moleculares: 36g de H2O estão para 74g de Ca﴾OH﴿2﴿.

Massas em questão: Xg de H2O estão para 24g de Ca﴾OH﴿2

4. Estabelecer Proporção.

5. Fazer a conversão das unidades, se necessário:

6. Calcular o valor em causa:

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
155
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Resposta:

- Serão necessários, aproximadamente 11.68g de H2O para preparar 24g de Hidróxido de


Cálcio.

Nos cálculos estequiométricos também, deve-se ter em conta as leis volumétricas ﴾leis que dizem
respeito aos volumes dos gases que participam de uma reacção química e complementam as leis
ponderais. ﴿ A mais importante lei volumétrica foi a criada por Joseph Gay-Lussac. Esta lei
enuncia que, nas condições normais de temperatura e pressão ﴾C.N.T.P﴿, os volumes dos gases
dos reagentes e dos produtos de uma reação química têm sempre entre si uma relação de
números inteiros e pequenos, ou seja, o volume de qualquer gás nas C.N.T.P é de 22,4l. Por
exemplo:

Determine a massa de CO2 que se obtém quando se utilizam 5,6l de CH 4 nas C.N.T.P conforme
a equação: CH4 + O2→ CO2 + H2O.

Para resolver este exercício, deve ser seguido as seguintes regras:

1. Escrever a equação química ﴾ CH4 + O2→ CO2 + H2O ﴿

2. Acertar os Coeficientes: para o acerto deve ser considerado o seguinte

o Acertar primeiro os metais

o Acertar os ametais que sejam diferentes de Oxigénio e Hidrogénio

o Acertar o Oxigénio

o Por último, acertar o Hidrogénio

Para o exercício em causa fica: CH4 + 2O2→ CO2 + 2H2O

3. Escrever as massas e volumes das substâncias envolvidas no problema com o auxílio da


tabela periódica ﴾Massas e volumes moleculares: 22,4l de CH4 estão para 44g de CO2.

Massas e volumes em questão: 5,6l de CH4 estão para Xg de CO2

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
156
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

4. Estabelecer Proporção

5. Fazer a conversão das unidades, se necessário:

6. Calcular o valor em causa:

Resposta:

- São obtidos 11.0g de Co2 quando se utilizam 5,6l de gás CH4.

2.1. Grau de Pureza dos Reagentes

DEFINIÇÃO
O grau de pureza dos reagentes, descreve a pureza que a substância apresenta
para ser utilizada em diferentes aplicações laboratoriais.

Na maioria das vezes, as substâncias (reagentes) laboratoriais colocadas para reagirem não são
totalmente puros. Por exemplo do álcool concentrado que se encontra disponível a 95% ou 96%
é utilizado para a preparação da solução desinfectante de álcool a 70%.

Se dissermos que uma dada substância tem 80% de pureza, significa que em cada 100g dela,
apenas 80g será do reagente puro, as outras 20g será de impurezas. Nestes casos, para efectuar
os cálculos estequiométricos deve-se levar em conta apenas as substâncias puras.

EXEMPL Em 200g de calcário encontramos 180g de CaCO 3 e 20g de impurezas. Qual o


grau de pureza do calcário?

O Resolvendo:

- 200g é 100%, como temos apenas 180g de calcário puro, basta fazermos
uma regra de três para sabermos qual a porcentagem de pureza desta
substância.

- 200g _______ 100%

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
157
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- 180g ________ x

- X = 180/2 = 90%

Ou seja, o grau de pureza do calcário é de 90%.

Soluções e sua Preparação

DEFINIÇÃO As soluções são misturas homogêneas constituida por duas ou mais substâncias
uniformemente distribuidas umas nas outras. As soluções incluem diversas
combinações em que um sólido, um líquido ou um gás actua como dissolvente
(solvente) ou soluto.

Solvente

O Solvente é a substância presente em maior quantidade em uma solução, por meio da qual as
partículas do soluto são preferencialmente dispersas. É muito comum a utilização da água como
solvente, originando soluções aquosas.

Soluto

O Soluto é a substância presente em menor quantidade em uma solução.

As soluções são classificadas de acordo com o seu estado fisico em líquidas, sólidas e gasosas.

Soluções Líquidas

As soluções líquidas são importantes para o laboratório e para a vida. Estas soluções, apesar de
apresentar o aspecto final totalmente líquido, nem todos os seus componentes estão inicialmente
nesse estado físico. Existem três tipos básicos de soluções líquidas:

- Líquido + líquido: todos os seus componentes encontram-se inicialmente no estado


líquido.

EXEMPLO
O álcool etílico’ é uma mistura de álcool etílico e água.

- Líquido + sólido: essa é a solução mais comum de todas, pois é produzida quando se
dissolve um sólido em um solvente que, normalmente, é a água.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
158
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

EXEMPLO
O Soro fisiológico (solução formada por água e cloreto de sódio – NaCl);
Álcool iodado (iodo dissolvido em álcool).

- Líquido + gás: esse tipo de solução necessita de alguns aspectos importantes para
solubilizar o gás no líquido.

As soluções podem ser classificadas quanto à condutividade elétrica em eletrolíticas e não


eletrolíticas ou moleculares.

Soluções Eletrolíticas
- As Soluções eletrolíticas: são as que conduzem energia elétrica, tais como soluções
aquosas de NaCl, KI, NaOH, HCl entre outras.

Soluções não Eletrolíticas

- As soluções não eletrolíticas ou moleculares: sao as soluções aquosas do açúcar, que não
conduzem energia, por exemplo: solução de açúcar, álcool, éter, entre outras.

As soluções líquidas podem ser obtidas por adição de soluto (concentrando-á) ou por adição de
solvente (diluíndo -á).

- As soluções que contêm a quantidade de soluto dissolvido em uma determinada


quantidade de solvente, considerando-se constante a temperatura e a pressão
(exactamente igual ao coeficiente de solubilidade denominam-se de saturadas.

- As soluções nas quais a quantidade de soluto dissolvido é menor que a quantidade


máxima que o solvente consegue dissolver, considerando-se constante a temperatura e a
pressão (menor que o coeficiente de solubilidade denominam-se de Insaturadas.

- As soluções nas quais a quantidade de soluto dissolvido supera o coeficiente de


solubilidade (na mesma temperatura) denominam-se de Supersaturadas.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
159
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

3. CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES

A concentração de uma solução constitui uma das principais características e muitas das
propriedades das soluções depende exclusivamente da concentração.
DEFINIÇÃO A concentração é definida como sendo a quantidade de soluto dissolvida em
uma quantidade de solvente. A concentração (C) de uma solução é tanto maior
quanto mais soluto estiver dissolvido em uma mesma quantidade de solvente.

Quando duas soluções têm a mesma concentração, elas são chamadas isotônicas ou
isosmóticas (iso= igual).

Quando a concentração é diferente, a mais concentrada é chamada hipertônica ou


hiperosmótica (hiper=superior) e a menos concentrada é chamada hipotônica ou hiposmótica
(hipo=inferior).

As regras básicas na preparação de soluções são as seguintes:

- Nunca utilizar a mesma ponta para diferentes soluções;


- Nunca pipetar soluções tóxicas ou corrosivas, sem a utilização de pêra de boracha ou
algodão na extremidade superior da pipeta;
- Evitar pipetar directamente do frasco de estoque;
- Não recolocar as sobras dos reativos nos respectivos frascos estoques;
- Utilizar papel absorvente e enxugar o líquido excedente da ponta de pipeta, antes de
esvaziá-la;
- As pipetas volumétricas deverão tocar suas pontas na superfície do líquido pipetado;
- Observar a posição da pipeta. Ela deverá estar na posição vertical e o menisco deverá
coincidir com a linha graduada, ao nível dos olhos;
- Observar se a solução do frasco estoque exige homogeneização antes da sua retirada;
- Evitar toda contaminação proveniente de tampas de frascos colocadas em lugares indevidos.
Voltar a tampa assim que puder;
- Retirar somente a quantidade de solução necessária;
- Observar, minunciosamente, se o material utilizado está completamente limpo;

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
160
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Ao utilizar pipetas para medir sangue, ácidos concentrados, álcalis ou suspensões, lavar
imediatamente todo o material;
- Utilizar avental de cor clara para detecção e protecção de possíveis acidentes de trabalho;

A concentração das soluções pode ser expressa em concentração comum, concentração molar,
concentração nornal e entre outras.

Concentração Comum

- A concentração comum indica a relação entre a massa do soluto em gramas e volume da


solução em litros. A expressão matemática que se usa para representar esta concentração

é: C onde, C= concentração comum [g/l]; m= massa de soluto [g]; V= volume da

solução [litro];

EXEMPLO Determine a massa de NaOH necessária para preparar 2litro de solução de NaOH
a 40g/L.

- Dados: m =? ; C = 40g/L; V = 2L

- Fórmula: C ;m ; ; onde m é a massa de soluto e V o

volume da solução.
Resposta: São necessárias 80gpara preparar 2 litro de solução de NaOH a
2g/L.

Para as concentrações molares, mol por litro (mol/L) é a expressão usada para substituir o
termo molaridade (M).

EXEMPLO Determine a concentração molar de uma solução de NaOH sabendo que a sua
massa é de 60g.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
161
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Dados: m = 60g; Mr = 40g; C =?

- Fórmulas: n ;n ;n

C ; C ;C ; onde, CM= concentração molar [mol/l];

n=número de moles de soluto [mol]; V= volume da solução [litro]; Mr= massa


molar do soluto [g/mol]

Resposta: A concentração molar desta solução é de 1,5M.

a. Usando Proporções Para Preparar Soluções

A proporção é usada quando o reagente é preparado por adição de uma determinada quantidade
de uma solução a uma quantidade determinada de outra solução.

EXEMPLO Um tampão é feito adicionando 2 partes da “solução A” a 5 partes da “solução


B”. Quanto de solução A e solução B são necessários para fazer 70ml de
tampão?

- Fórmula:

- 2 partes da solução A = 2 x 10ml = 20ml

- 5 partes da solução B = 5 x 10ml = 50ml

Resposta: O tampão poderá ser feito adicionando 20ml da solução A a


50ml da solução B, dando um volume final de 70ml de tampão.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
162
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A proporção também pode ser usada para determinar quanto de uma solução concentrada é
necessário para preparar uma solução diluída.

EXEMPLO Prepare 100ml de uma solução de HCl a 0,1N a partir da solução concentrada de
HCl a 1N.

- Dados: C1 = 1N; V1 = ?; V2 = 100ml; C2 = 0,1N.

- Fórmula: C1 x V1 = C2 x V2

- ; ; V1 =10ml

- C1 = Concentração da solução mais concentrada

- C2 = Concentração da solução menos concentrada

- V1= Volume da solução mais concentrada necessário para preparar a


solução menos concentrada

- V2= Volume desejado da solução final

Resposta: MEDIR 10ml de HCl concentrado e diluir em água destilada


até perfazer 100ml.

b. Usando Percentagem para preparar Soluções

- Percentagem peso/volume (p/v). A concentração de muitas soluções e reagentes de


laboratório são expressas em percentagem. As soluções em percentagem podem ser
feitas pesando uma quantidade específica de sustância (soluto) para cada 10ml de
solvente (água ou outro líquido). Isto é chamado peso por volume (p/v).

EXEMPLO Prepare 100ml de solução salina a 0,9% (soro fisiológico).

Materiais:

- Água destilada; Copo de precipitação; Vareta; Balão volumétrico de


100ml; Balança analítica; Espátula; Papel de Filtro ou vidro de relógio;

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
163
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Funil e NaCl.

Procedimentos:

- Sabe-se que, uma solução a 0,9% contém 0,9g do soluto em 100ml de


solução.

- Coloque o vidro de relógio na Balança analítica;

- Com o auxílio da espátula, pese 0,9g de NaCl;

- Transfira o NaCl pesado para o como de precipitação e dissolver


suavemente em água destiladacom auxílio da vareta.

- Depositar esta solução no balão volumétrico de 100ml com auxílio do


funil e agite suavemente;

Encha o balão volumétrico até ao menisco.

LÉMBRA-
O soro fisiológico em laboratórios de biologia, microbiologia, bioquímica é usado
TE
para muitas finalidades.

Percentagem Volume/Volume (V/V)


a) Solução de percentagem no qual um certo volume de um líquido é acrescentado a um
volume específico de outro.

EXEMPLO Prepare 500ml da solução de hipoclorito a 10%.

1. Sabe-se que, uma solução a 10% de hipoclorito contém 10ml do


hipoclorito em 100ml de solução.
2. Assim, 500ml da soluçãocontém 50ml do hipoclorito

Para preparar a solução:


b) Colocar 450ml de água destilada no Balão volumétrico
c) Adicionar 50ml de hipoclorito
d) Cuidadosamente, agitar para misturar.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
164
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Rotular o frasco

LÉMBRA-
TE
A solução de hipoclorito é usada para desinfectar superfícies.

Percentagem peso/peso (V/V). Esse tipo de solução é raramente usado.

3.1. Usando Razão Para Preparar Soluções

DEFINIÇÃO
Uma Razão é a relação em número ou grau entre duas coisas. As diluições são
razões, e expressão a relação entre uma parte da solução e o total da solução

EXEMPLO
1:100 de soro (lê-se, “um para cem”) significa uma parte de soro para cem
partes da solução.

Muitas vezes, o trabalhador do laboratório deve fazer diluições seriadas de uma amostra de soro
para achar a mais alta diluição que contenha um determinado componente, ou que produza uma
reacção positiva a um teste.
Quanto maior a diluição, menor é a quantidade de amostra original e maior é a quantidade de
diluente. O resultado de um teste quantitativo de gravidez ou artrite reumatóide é expresso em
termos da maior diluição na qual a reacção pode ser detectada.Por exemplo, prepare uma
diluição seriada de soro a 1:512.
1. Colocar 2ml do soro a ser diluído em um tubo de ensaio;
2. Colocar 9 tubos de ensaio limpos, numerados de “1 a 9” em um supore. Adicione 1ml de
soro fisiológico a 0,9% a cada um dos tubos.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
165
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

3. Pipetar 1ml do soro (dos 2ml) para o tubo número 1;


4. Misturar bem o soro com o diluente, por aspirar e dispensar com a pipete 3 a 4 vezes.
Esse tubo agora contém uma diluição 1:2 (uma parte do sora para duas partes da
solução);
5. Transferir 1ml da mistura do tubo 1 para o tubo 2 e misture. Continuar a transferir 1ml e
misturando de tubo para tubo, até chegar no tubo 9. Descartar o último 1ml pipetado.
Todos os tubos têm agora um volume de 1ml.
Este tipo de diluição seriada cria “diluições duplas” do soro. O soro no tubo 1 está diluído 1:2;
no tubo 2 diluído 1:4;no tubo 3 diluído 1:8; no tubo 4 diluído 1:16; no tubo 5 diluído 1:32; no
tubo 6 diluído 1:64;no tubo 7 diluído 1:128; no tubo 8 diluído 1:256 e no tubo 9 diluído 1:512.
Diluições seriadas podem ser feitas para qualquer diluíção que seja necessária para uma
determinada técnica.
Para o cálculo da concentraçao de uma solução diluida, multiplica-se a diluição pela
concentração inicial. Por exemplo, uma solução a 25% foi diluída em 1:5, determine a
concentração da solução diluída.

Uma solução a 20% foi diluída em 1:5, e esta por sua vez, foi diluida em 3:10, determine a
concentração da solução diluída.

4. CONSERVAÇÃO SEGURA DE PRODUTOS QUÍMICOS (REAGENTES)

Os líquidos inflamáveis, ácidos concentrados e bases concentradas devem estar guardados


em lugar seguro, em recipientes adequados. Gabinetes especiais devem estar disponíveis para
guardar, de maneira segura, vários tipos de produtos químicos perigoso.
O perigo pode ser evitado usando um guia confiável para planificar o armazenamento dos
produtos químicos.
No passado, os produtos químicos eram armazenados em ordem alfabética para tornar mais fácil
a sua localização. Este método coloca lado a lado elementos incompatíveis. Actualmente os

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
166
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

fabricantes de produtos químicos estão agora codificando em cores de rótulos a compatibilidade


no estoque lado a lado de substâncias.
Algumas soluções preparadas para o uso na rotina laboratorial, não são conservadas em balões
volumétricos (são usados somente na preparação). Estas soluções devem ser conservadas de
maneira a manter inalterado seu título tanto quanto possível.

RESUMO

As funções químicas são grupos de substâncias compostas que se apresentam com propriedades
químicas e comportamentos semelhantes devido a presença de um ou mais átomos comuns em
sua fórmula.

As funções químicas são classificadas como inorgânicas e orgânicas. As funções inorgânicas são
aquelas que não possuem cadeias carbônicas. Estas substâncias são divididas em ácidos, bases,
sais e óxidos. As funções orgânicas são aquelas que possuem cadeias carbônicas.

Neste grupo, fazem parte muitas funções, sendo as mais comuns: Hidrocarbonetos, Álcool,
Aldeído, Cetona, Ácido carboxílico, Éter, Aminas e Amidas. Algumas destas funções são
utilizadas na preparação de soluções ou reagentes do laboratório e que, devem ser armazenados
de acordo com as exigências químicas de cada solução.

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 5
Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE no 1 Preparação de 50ml de uma solução de etanol a 70% a partir da
solução concentrada (100%).

Duração 60 minutos
Objectivos
- Identificar os materiais usados na preparacao de solucoes

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
167
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Descrever as regras básicas de preparacao de solucoes


- Efectuar a medição de volumes
- Preparar a solução do etanol a 70% para o uso laboratorial
Conteúdos de referência
- Material do laboratório
- Regras básicas de preparação de soluções
- Tipo de soluções (Percentagem Volume/Volume)
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos organizam o material e reagentes necessarios
- Provela, balao volumetrico de 50ml, Frasco de etanol absoluto (100%), esguicho
contendo água destilada.

- Os alunos divididos em grupos efectuam os seguintes calculos:C1 x V1 = C2 x V2


100% x V1 = 70% x 50ml
V1= 35ml
Onde: C1 --- concentração do etanol absoluto
V1 --- Volume do etanol absoluto
C2 --- concentracao da solucao a ser preparada
V1 --- Volume da solucao a ser preparada

- De seguida, os alunos transferem 35ml do etanol absoluto para a proveta e com o


auxílio do esguicho, perfazem com agua destilada os 50ml da solucao contida na
proveta, fazendo-a atingir uma concentracao de 70%.
- De seguida, os alunos tranferem a solução a solucao preparada para o balão
volumétrico.

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


- Faz o resumo das aulas anterior
- Divide os alunos em grupos
- Orienta os grupos na execucao das tarefas
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
168
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Manual de preparacao de soluções ou POP


Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Execução de cálculos
- Avaliação do cumprimento das regras de medicao de massas e volumes,
- Avaliação dos procedimentos relacionados ao preparo de solucoes

Actividades de ensino-aprendizagem

ACTIVIDADE no 2 Preparação de 500ml de uma solução salina (soro fisiologico) a 0,9%.

Duração 60 minutos
Objectivos
- Identificar os materiais usados na preparação de soluções
- Descrever as regras básicas de preparação de soluções
- Efectuar a medição de volumes e massas
- Preparar uma solução salina (soro fisiológico) a 0,9%.
Conteúdos de referência
- Material e equipamento do laboratório
- Regras básicas de preparação de soluções
- Tipo de soluções (Percentagem Peso/Volume)
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos organizam o material e reagentes necessarios
- Balança, espatula, copo de precipitação, balão volumetrico de 500ml, papel de filtro,
Frasco de NaCl, vareta, agua destilada.
- Efectuam as seguintes proporções: 0,9g de NaCl --------100ml de água destilada
Xg de NaCl ---------- 500ml de água destilada
X = 4,5g de NaCl

- De seguida, os alunos ligam a balanca e com o auxílio da espatula, balanca e papel de

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
169
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

filtro, efectuam a pesagem de 4,5g de NaCl.


- Os alunos transferem o NaCl pesado para o copo de precipitação e dissolvem
suavemente em 250ml de água destilada com auxílio da vareta.
- De seguida, os alunos depositam a solução no balão volumétrico com auxílio do funil,
perfazem o volume desejado ate ao minisco e agitam suavemente.

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


- Faz o resumo da aula anterior
- Divide os alunos em grupos
- Orienta os grupos na execucao das tarefas
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Manual de preparação de soluções ou POP
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Execução de cálculos
- Avaliação do cumprimento das regras de medicao de massas e volumes,
- Avaliação dos procedimentos relacionados ao preparo de soluções.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. MISAU; (2011); Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos práticos para


técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.

2. MISAU; (2011); Técnicas de Laboratório; 1a edição; Maputo.

3. Mota, V.; (2009); Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações; 5ª


ed.; Editora Científica Limitada.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
170
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

4. Morrison, R. & Boyd, R.; (1990); Química Orgânica, 9ª ed.

5. Moura, R; Wada, C.; Purchio, A.; De Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório; 3ª
ed.; Atheneu; São Paulo.

6. Nelson, D & Cox, M.; (2006); Princípios de Bioquímica, 4ª ed.; Sarvier Editora de Livros
Médicos Ltda.

7. Rossell, J.; (2012); Química Geral; 2ª ed; Volume 2; São Paulo.

8. Ucko, D.; (1992); Química para as ciências da Saúde; Editora Manole LTDA; 2ª ed.

9. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed.

10. Xavier, R; Dora, J.; De sousa, C.; Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática
Clínica: Consulta rápida, 2ª ed.;Editora ABDR.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
171
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UNIDADE DIDÁCTICA 6
VALIDAÇÃO E EMISSÃO DOS RESULTADOS DOS EXAMES
LABORATORIAIS

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
172
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Índice
OBJECTIVO GERAL_________________________________________________________175
Resultados de aprendizagem da unidade didáctica________________________________175

INTRODUÇÃO______________________________________________________________176
1. VALIDAÇÃO E EMISSÃO DOS RESULTADOS DOS EXAMES LABORATORIAIS__177
Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 6__________________________________180

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 6__________________________________181

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_________________________________________182

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
173
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL
Validar os resultados dos exames laboratoriais para garantir a emissão dos mesmos em tempo
útil

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o estudante será capaz de:


- Identificar os parâmetros estatísticos aplicáveis as análises
- Estabelecer os critérios de aceitação ou rejeição dos resultados obtidos nas análises
- Validar os dados obtidos e compara-os com os critérios estabelecidos
- Comprovar que o resultado registado corresponde a análise efectuada
- Registar o resultado de forma legível no livro ou na folha de trabalho em uso no laboratório
- Elaborar os relatórios técnicos seguindo as normas estabelecidas
- Certificar a recepção do resultado do teste através da assinatura do receptor ou acusação de
recepção
- Reconhecer a importância do controlo de qualidade dos resultados obtidos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
174
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO
Os procedimentos da fase pós-analítica, constituem uma das importantes na realização do exame
laboratorial e na liberatação dos resultados fiáveis. Estes procedimentos consistem em avaliar,
validar, emitir os resultados, conservar e descartar as amostras. Neste capítulo, o estudante terá a
opurtunidade de aprender, os critérios de aceitação ou rejeição dos resultados obtidos nas
análises, validar os dados obtidos e compara-os com os critérios estabelecidos, comprovar que o
resultado registado corresponde a análise efectuada e elaborar os relatórios técnicos seguindo as
normas estabelecidas.
Na presente unidade iremos focalizar ao estudo exclusivo do processo de validação e emissão
dos resultados dos exames laboratoriais.

1. VALIDAÇÃO E EMISSÃO DOS RESULTADOS DOS EXAMES LABORATORIAIS


DEFINIÇÃO A validação e emissão dos resultados é uma etapa da fase pós analítica que
consiste em avaliar os exames solicitados, decidir que os resultados avaliados

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
175
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

estão prontos para ser usados e entrega dos mesmos ao solicitante.

A avaliação consiste em confrontar os resultados obtidos na


fase analítica com a informação clínica do pacinte, sugerindo o possível diagnóstico. Na
avaliação deve - se também confrontar os resultados com o aspecto da amostra (amostra ictérica,
hemolisada, lipémica, entre outros aspectos), reportando os casos de amostra alterada na
requisição (Figura 1). Também, os resultados das análises devem ser revisados e avaliados
estatisticamente depois de completar todos os ensaios solicitados para determinar se são
mutuamente consistentes e se cumprem com as especificações recomendadas, quando aplicável.
Na avaliação deve-se verificar se todos exames solicitados foram realizados.
Sempre que se obter resultados duvidosos (suspeita de resultado fora da especificação) estes
deverão ser investigados e, deve ser realizado uma revisão dos procedimentos aplicados durante
o processo de ensaio pelo supervisor com o analista ou técnico antes de permitir a repetição da
análise.
A identificação de um erro que tenha causado um resultado discrepante invalidará o resultado e
será necessário a repetição da análise da amostra.
Para os resultados da análise não conclusivos (analises com resultados não claros), a
confirmação deve ser realizada por outro analista que deve ser ao menos tão competente e com
experiência no procedimento de ensaio como o analista original. Um resultado similar indicará
um resultado fora de especificação. No entanto, convém uma nova confirmação usando outro
método validado, se estiver disponível.

A validação dos resultados consiste em decidir que os resultados avaliados estão prontos para
ser usados pelo solicitante. Depois da validação, os resultados são emitidos.
A emissão, consiste na impreensão dos resultados e a entrega dos mesmos ao destinatário. Em
alguns laboratórios, a documentação utilizada para a emissão e envio dos resultados é o relatório.
O relatório laboratorial é um compilado dos resultados e estabelece as conclusões da análisede
uma amostra. Deve ser emitido pelo laboratório e baseado no registro de análise.
Para garantir que os resultados de cada análise realizada pelo laboratório sejam relatados de
forma clara, objectiva, exacta, sem ambiguidades e apresentando todas as informações

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
176
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

necessárias para sua interpretação, é necessário que seja criado um procedimento para orientar a
elaboração do relatório.

O relatório deve atender as necessidades do cliente e o propósito a que se destina (seja apenas
uma folha de dados, ou um relatório mais completo).

Os relatórios devem indicar informações como:

- Título
- Data do recebimento da amostra (quando necessário);
- Número de registro da amostra do laboratório;
- Número do relatório laboratorial;
- Uma descrição do material analizado;
- Nome e endereço do laboratório que analisou a amostra;
- Nome de quem solicitou a análise;
- Nome, descrição e número de lote da amostra, quando aplicável;
- Uma introdução dando os antecedentes e os propósitos da investigação.
- Uma referência às especificações usadas para analisar a amostra ou uma descrição detalhada
dos procedimentos empregados, incluindo os limites;
- Identificação do método utilizado, informando se este é oficial ou validado segundo
procedimentos do laboratório;
- Resultados de análises com as devidas unidades de medida e expressão da incerteza do
resultado;
- Uma discussão dos resultados obtidos;
- Uma conclusão sobre se amostra foi encontrada ou não, dentro dos limites das especificações
usadas
- A data da finalização do ensaio
- A assinatura do chefe de laboratório ou pessoa autorizada;
- Se a amostra cumpre ou não com os requisitos;
- A data de repetição da análise, se aplicável;
- Uma declaração que indique que o relatório de ensaio analítico, ou qualquer parte do mesmo,
não pode ser reproduzido sem a autorização do laboratório.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
177
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Depois de emissão e entrega dos resultados, as amostras usadas para a realização das análises são
conservadas por cerca de 7 dias, a temperaturas recomendadas para cada tipo de amostras, com o
objectivo de serem novamente analisadas em casos de necessidades (perca dos resultados, entre
outros). Depois deste período de conservação, as amostras são descartadas.

RESUMO

A validação e emissão dos resultados é uma etapa da fase pós analítica que consiste em avaliar
os exames solicitados, decidir que os resultados avaliados estão prontos para ser usados e entrega
dos mesmos ao solicitante.

A avaliação consiste em confrontar os resultados obtidos na fase analítica com a informação


clínica do paciente, sugerindo o possível diagnóstico. Na avaliação deve - se também confrontar
os resultados com o aspecto da amostra (amostra ictérica, hemolisada, lipémica, entre outros
aspectos), reportando os casos de amostra alterada na requisição.

A validação dos resultados consiste em decidir que os resultados avaliados estão prontos para ser
usados pelo solicitante. Depois da validação, os resultados são emitidos e, a emissão, consiste na
impreensão dos resultados e a entrega dos mesmos ao destinatário. Depois da entrega dos
resultados, as amostras são conservadas por cerca de 7 dias, a temperaturas recomendadas para
cada tipo de amostras. Depois deste período de conservação, as amostras são descartadas.

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 6

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 01 Avaliação dos resultados laboratoriais
Duração 10 minutos
Objectivos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
178
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Listar os aspectos a ser considerados na avaliação dos resultados laboratoriais


Conteúdos de referência
- Avaliação dos resultados laboratoriais;
Desenvolvimento da actividade por parte do estudante

Os estudantes, organizam-se em grupos e listam o seguinte: A avaliação consiste no seguinte:


- Confrontar os resultados obtidos na fase analítica com a informação clínica do
pacinte;
- Confrontar os resultados com o aspecto da amostra (amostra ictérica, hemolisada,
lipémica, entre outros aspectos);
- Verificar se todos os exames solicitados foram realizados.
-
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Faz o resumo das aulas anterior
- Divide os alunos em grupos
- Orienta os grupos na execucao das tarefas
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Sala de aula; caderno; caneta; papel gigante e marcador;
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Domíneo do conteúdo por parte do estudante

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 6

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 02 Descrição dos procedimentos a serem realizados depois de avaliação
dos resultados laboratoriais
Duração 10 minutos

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
179
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Objectivos
- Listar os aspectos a ser considerados na avaliação dos resultados laboratoriais
Conteúdos de referência
- Validação e emissão dos resultados laboratoriais;
Desenvolvimento da actividade por parte do estudante

Os estudantes, organizam-se em grupos e listam o seguinte: A avaliação consiste no seguinte:


- Validar os resultados;
- Emitir os resultados
- Conservação das amostras durante 7 dias;
- Descarte das amostras após os 7 dias;
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Faz o resumo das aulas anterior
- Divide os alunos em grupos
- Orienta os grupos na execucao das tarefas
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Sala de aula; caderno; caneta; papel gigante e marcador;
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Domínio do conteúdo por parte do estudante

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
180
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1. MISAU; (2011); Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos práticos para


técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.

2. Moura, R. A.; (1995); Colheita de Material para o Exame de Laboratório: Assegurando


a Qualidade dos Serviços no Laboratório Clínico; 1a edição; São Paulo. Rio de Janeiro.
Belo Horizonte; Atheneu.

3. Mota, V.; (2009); Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações; 5ª


ed.; Editora Científica Limitada.

4. Moura, R; Wada, C.; Purchio, A.; De Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório; 3ª
ed.; Atheneu; São Paulo.

5. Nelson, D & Cox, M. (2006); Princípios de Bioquímica, 4ª ed.; Sarvier Editora de Livros
Médicos Ltda.

6. Olivares, I.; (2006); Gestão de qualidade em Laboratórios; Editora Átomo; Brasil.

7. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed.

8. Xavier, R; Dora, J.; De sousa, C.; Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática
Clínica: Consulta rápida, 2ª ed.;Editora ABDR.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
181
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

GLOSSÁRIO
A
 Amostra Biológica é a parte do material biológico do paciente que é utilizada para
análises laboratoriais.

B
 Biossegurança é o conjunto de medidas ou acções voltadas para a prevenção, controle,
minimização ou eliminação dos ríscos presentes nas actividades de pesquisa, produção,
ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que podem comprometer a
saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e/ou a qualidade dos
trabalhos desenvolvidos.

E
 Equipamentos de proteção individual (EPI) - são aqueles que conferem proteção
individual ao trabalhador ou manipulador. Nesta situação a proteção é específica para um
determinado indivíduo.
 Equipamentos de proteção colectiva (EPC) são dispositivos, sistemas, ou meios, fixo ou
móveis de abrangência colectiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos
trabalhadores usuários e terceiros.

 Ergonomia é o estudo do trabalho e da sua relação com o ambiente no qual é


desempenhado (o local de trabalho) e com aqueles que o desempenham, ou seja, os
trabalhadores.

F
 Fase pré-analítica - consiste na preparação do paciente, colheita, manipulação e
armazenamento da amostra, antes da determinação analítica, ou seja, engloba todas as
actividades que precedem ao exame laboratorial, dentro ou fora do laboratório clínico.
 Fase pós-analítica - iniciam após a geração do resultado analítico, sendo finalizada, após
a emissão e entrega do mesmo, ao solicitante.
 Função química são grupos de substâncias compostas que apresentam com propriedades
químicas e comportamentos semelhantes devido a presença de um ou mais átomos
comuns em sua fórmula.
I
 Infecção é a penetração, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no
organismo de um indivíduo.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
182
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

L
 Laboratório é uma sala ou espaço físico devidamente equipado com instrumentos de
medida próprios para a realização de experimentos e pesquisas científicas diversas,
dependendo do ramo da ciência para o qual foi planificado/concebido.

 Lixo ou resíduo hospitalar é aquele que é gerado no atendimento de paciente ou de


qualquer estabelecimento de saúde ou unidade que execute actividades de natureza de
atendimento médico, tanto para seres humanos quanto para animais.

R
 Risco é a probabilidade de um evento acontecer, seja ele uma ameaça, quando negativo,
ou oportunidade, quando positivo.

S
 Soluções são misturas homogêneas constituida por duas ou mais substâncias
uniformemente distribuidas umas nas outras. As soluções incluem diversas combinações
em que um sólido, um líquido ou um gás actua como dissolvente (solvente) ou soluto.

V
 Validação e emissão dos resultados: é uma etapa da fase pós analítica que consiste em
avaliar os exames solicitados, decidir que os resultados avaliados estão prontos para ser
usados e entrega dos mesmos ao solicitante.

QUESTIONÁRIO FINAL DE AUTO AVALIAÇÃO DO MÓDULO


Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 1

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
183
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Questionário final de auto-avaliação


1- Diga quem são os flebotomistas?
2- Porque razão se afirma que os procedimentos pré-analíticos são de extrema
importância?
3- Porquanto tempo os pacientes devem ficar de jejum antes da colheita de sangue?
4- Esquematize a estrutura organizacional do laboratório clínico?
5- Descreva o fluxo das actividades no laboratório clínico?
6- Mencione os tipos de àgua usados nos laboratórios clínicos?
7- Mencione cinco equipamentos em uso nos laboratórios clínicos?
8- Cite três materiais usados nos laboratórios clínicos?
9- Porque razão deve-se ter cuidado ao manipular os materiais do laboratório?

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
184
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 2

Questionário final de auto-avaliação


1- Defina o conceito de biossegurança?
2- Mencione os tipos de ríscos que os profissionais de saúde e outros usuários
do laboratório estão sujeitos?
3- Diga o que são os equipamentos de protecção individual, dê três exemplos?
4- Mencione três equipamentos de proteção colectiva?
5- O que são normas de biossegurança laboratorial?
6- Diga qual é a base de classificação dos laboratórios em níveis de
biossegurança?
7- Quais são os elementos básicos na cadeia de transmissão das infecções?
8- O que entendes por incidente de exposição. Dê dois exemplos?
9- Esquematize o fluxo de reporte de incidentes resultantes da exposição
ocupacional?
10- Quais são as precauções universais para a prevenção de contaminações aos
trabalhadores de saúde?
11- O que entedes por bio-protecção?
12- Quais são as medidas que garantem o controlo e segurança dos visitantes e a
integridade da amostra?
13- Quais são as medidas de controlo do material biológico?

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º3

Questionário final de auto-avaliação


1- Diga qual é a importância do estudo da ergonomia?
2- Mencione as condições detrabalho que podem afectar o rendimento?
3- Explica a influência da restrição dos seguintes facctores ergonómetricos
no rendimento e segurança no trabalho: A iluminação, a temperatura e o
ruído?
4- Quais são as precauções que devem ser tomadas na concepção do local de
trabalho?

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
185
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

5- Quais os ríscos derivados da carga de trabalho e como ultrapassa-los?


6- Diga qual é o objecto de estudo da psicossociologia?
7- O que deve ser feito para a redução doestresse aos trabalhadores de
saúde?
8- Diga como são classificados os residues hospitalares?
9- O que são normas de gestão de resíduos hospitalares?
10- Quais são as etapas de gestão dos resíduos hospitalares?

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º4

Questionário final de auto-avaliação


1- O que entendes por amostra biológica e dê três exemplos?
2- Que implicações têm a falta de clareza na colheita das amostras?
3- Qual é o local ideal para a colheita de amostras de sangue venoso?
4- Mencione dois locais a serem evitados na colheita de sangue venoso?
5- Quais são os materiais para a colheita de sangue venoso?
6- Diga por que razão a selecção dos tubos para a colheita de sangue
segundo o exame solicitado é de extrema importância?
7- Diga qual é a causa do hematoma?
8- Qual é a utilidade da colheita de sangue venoso?
9- Por que razão a colheita das amostras de urina deve ser adequada?
10- Diga como deve ser o envio e transporte das amostras biologicas?
11- Quais são as temperaturas ideais para o acondicionamento das
amostras?

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º5

Questionário final de auto-avaliação

1- Liste os reagentes de uso mais frequentes nos laboratórios clínicos?


2- Cite três funções químicas?
3- Mencione três técnicas de conservação de reagentes e soluções laboratoriais?
4- O que entendes por funções quimicas?
5- Qual é a diferença entre as funções inorgânicas e organicas?
6- Dê três exemplos de ácidos, bases e sais usados nos laboratórios clínicos?
7- Quais são as funções orgânicas mais comuns?
8- Diga porque os alcanos ou parafinas são pouco reativos?

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
186
ódulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

9- O que entendes por líquidos imessíveis?


10- Cite duas aplicações dos aldeidos e cetonas nos laboratórios clínicos?
11- Enucie as duas leis em que se baseia a estiquiometria?
12- O que entendes por grau de pureza dos reagentes?
13- Dê três exemplos de soluções: Líquido+líquido, líquido+sólido e
líquido+gás?
14- Diga qual é a diferença entre uma solução isotónica e hipertónica?
15- Qual é a massa de NaOH necessária para preparar 4 litros de solução de
NaOH a 80g/L?

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2016
187

Você também pode gostar