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República de Moçambique

MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos


Médios de Laboratório

Módulo Vocacional 1:
PROCEDIMENTOS PRÉ E PÓS
ANALÍTICOS

Moçambique
________________
2017
NOTA INTRODUTÓRIA

O presente manual faz parte do currículo de formação inicial do curso de Técnico Médio de
Laboratório (TML) baseado em competências, o qual consiste em 4 semestres lectivos, sendo os
três primeiros de carácter teórico-prático em sala de aula e laboratórios humanístico e
multidisciplinar, com uma componente de estágios parciais, sendo o último referente ao estágio
integral.

A elaboração dos módulos vocacionais, é fruto da colaboração entre Ministério da Saúde


(MISAU), International Training and Educational Center for Health (I-TECH), American Society
for Clinical Pathology (ASCP) e o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças em
Moçambique (CDC), no âmbito do Programa de Emergência do Presidente dos EUA Para o Alívio
ao SIDA (PEPFAR).

O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representa
necessariamente a opinião do CDC.

É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
FICHA TÉCNICA

Elaboração, distribuição e informações:

Ministério da Saúde (MISAU)


Direcção de Recursos Humanos (DRH)
Departamento de Formação
Repartição de Planificação e Desenvolvimento Curricular (RPDC)
Av. Eduardo Mondlane, 1008, 4º andar
Maputo, Moçambique

Coordenação:

Joaquim Wate (I-TECH)


Gerito Augusto (I-TECH)
Florindo Mudender (I-TECH)
Ermelinda Notiço (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Suraia Nanlá (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Flávio Faife (CDC Moçambique)

Equipa técnica de elaboração:

Elaboração do Conteúdo Revisão Técnica Revisão Pedagógica e Linguística


João Aquimo Esmerado Ezembro Joaquim Wate
Luis Porto Gerito Augusto
Travis Price Florindo Mudender
Ivana Brubacker Flávio Faife
Adelina Maiela
Serene Myers
Brazão Catopola
Formatação e Edição

Joaquim Wate
Serene Myers
Flávio Faife
Leonel Monteiro

©2017. Ministério da Saúde


_____________
1ª Edição – Ano 2017
LISTA DE ABREVIATURAS

BAAR - Bacilos álcool-ácido resistentes


C - Concentração comum
CA - Critério de Avaliação
CD - Critério de Desempenho
CD4 - Cluster of differentation
CK - Creatinoquinase
CLRW - Clinical Laboratory Reagent Water
CM - Concentração molar
C.N.T.P - Condições normais de temperatura e pressão
CRBs - Centros de Recursos Biológicos
CSB - Cabines de Segurança Biológica
DNAM - Direcção Nacional de Assistência Médica
EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético em sal “di” ou
tripotássico
ECV - Elemento de Competência Vocacional
EPI - Equipamentos de proteção individual
EPC - Equipamentos de proteção colectiva
Hct - Hematócrito
Hgb - Hemoglobina
HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana
LCR - Líquido céfalo raquidiano
m - Massa
MF - Módulos Formativos
MISAU - Ministério da Saúde
MOC - Microscópio óptico composto
n - Número de moles
NB - Níveis de Biossegurança

OMS - Organização Mundial de Saúde


PCI - Prevenção e controlo das infecções
PCs - Perfuro-cortantes
POPs - Procedimentos operacionais padronizados
pH - Potencial Hidrogeniônico
P/V - Peso por volume

QNQP - Quadro Nacional de Qualificação Profissional


RA - Resultado de Apendizagem
Rh - Rhesus
RPM - Rotação por minuto
SM - Sub-módulos
SRW - Special Reagent Water
TB - Tuberculose
UC - Unidade de Competência
V - Volume
V/V - Volume por volume
PREFÁCIO

Exmos Senhores Estudantes e Professores do Curso de Técnicos Médios de Laboratório

O Ministério da Saúde (MISAU) através da Direcção de Recursos Humanos – Departamento de


Formação na sua missão de formar e desenvolver profissionais de saúde cada vez mais
competentes, tem vindo a implementar reformas curriculares no âmbito da formação baseada em
competências, de modo a trazer ao Serviço Nacional de Saúde, profissionais com conhecimentos,
habilidades e atitudes para responder pontualmente às necessidades dos pacientes.

O presente módulo vocacional apresenta conteúdos, actividades de ensino, casos práticos e


projectos que permitirão que o futuro Técnico Médio de Laboratório adquira competências básicas
para o auxílio ao diagnóstico clínico ao nível das Unidades Sanitárias do Serviço Nacional de
Saúde, bem como vigilância epidemiológica, pesquisa clínica e ensino.

Este módulo é um recurso de apoio aos Professores, na planificação e implementação das aulas
que se destinam à formação de Técnicos Médios de Laboratório e visa desenvolver nestes futuros
profissionais de saúde, conhecimentos, habilidades e atitudes com relação as práticas de prestação
de cuidados de saúde com elevada qualidade e em conformidade com o perfil profissional
estabelecido. Por outro lado, o módulo é resultado da revisão do currículo de técnicos médios de
laboratório para a nova abordagem baseada em competências.

Para o estudante, o módulo servirá de um guião de estudo e de consulta para aquisição de


conhecimentos, atitudes e habilidades técnicas que lhe permitirão prestar um atendimento de
qualidade e humanizado aos pacientes, respeitando os princípios éticos e deontológicos da
profissão e consequentemente, melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados em
Moçambique.

Esperamos, por um lado, que este módulo constitua um verdadeiro suporte para o desenvolvimento
e alcance dos objectivos das diferentes temáticas de formação dos profissionais de laboratório e
por outro, como uma base sólida onde o Professor possa buscar o fortalecimento de
conhecimentos, garantia de uma dinâmica uniformizada tanto na mediação como na assimilação
das matérias de ensino.

O módulo apresenta uma linguagem simples, acessível e clara de modo que permita a fácil
compreensão dos estudantes das Instituições de Formação de Saúde a nível nacional.

Maputo, 20 de Março de 2017


ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO AO MANUAL DE ENSINO __________________________________________ 1


1.1. Sub-módulo 1: Formação de recursos humanos em saúde _______________________ 4

1.2. Sub-módulo 2: Metodologia de investigação aplicada em saúde __________________ 4

2. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO ____________________________________________________ 5


3. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO __________________________________________ 5
Unidade de Competência de referência __________________________________________ 5

Módulo Vocacional de referência_______________________________________________ 8

3. UNIDADES DIDÁCTICAS __________________________________________________________ 11


UNIDADE DIDÁCTICA 1 _______________________________________________________________ 12
UNIDADE DIDÁCTICA 2 _______________________________________________________________ 51
UNIDADE DIDÁCTICA 3 _______________________________________________________________ 80
UNIDADE DIDÁCTICA 4 ______________________________________________________________ 101
UNIDADE DIDÁCTICA 5 ______________________________________________________________ 123
UNIDADE DIDÁCTICA 6 ______________________________________________________________ 150
GLOSSÁRIO ___________________________________________________________________________ 159
QUESTIONÁRIO FINAL DE AUTO AVALIAÇÃO DO MÓDULO _______________________ 160
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1. INTRODUÇÃO AO MANUAL DE ENSINO

O presente manual corresponde a um dos módulos do programa formativo do TÉCNICO MÉDIO


DE LABORATÓRIO, desenhado com base em competências profissionais. A competência é um
conceito amplo que incorpora a capacidade de transferir habilidades e conhecimentos para novas
situações, dentro de uma determinada área ocupacional.
Inclui a organização, planificação do trabalho, a inovação e a capacidade de lidar com actividades
não rotineiras; abrange, também, as qualidades de eficácia pessoal que são exigidas no âmbito do
trabalho, para lidar com os colegas e com os possíveis alunos.
Assim, ser competente é saber agir e reagir em contextos diversificados, ser capaz de solicitar e
combinar os recursos necessários e pertinentes para o cumprimento de uma determinada tarefa, de
compreendê-la e de ter êxito no momento de executá-la.
Uma Qualificação Profissional é uma comprovação de competências para desempenhar uma
ocupação a um determinado nível. O cenário de abordagem por competências tem elementos
inovadores nos âmbitos profissionais e laborais, tais como:
- Mudanças estruturais no mundo do trabalho.
- Mudanças de ordem sócio-económica que vão condicionar o surgimento de “actividades
novas" que antes não existiam no mundo laboral.
- Tecnologias que criam ou modificam ocupações.
- Mudanças nas tendências demográficas; aumento do nível de escolaridade; novas
regulamentações laborais, entre outros. Criam-se assim novas ou mais exigências.
- Necessidade/interesse em realizar actividades com determinado padrão de qualidade.
Aplicar esta metodologia de definição do Perfil Profissional de um técnico que irá garantir o
óptimo e correcto desempenho de todas as exigências laborais e técnicas correspondentes a uma
ocupação é um processo directamente associado ao desenho da formação apropriada do mesmo
para responder a essas exigências de desempenho.
 Um Perfil Profissional assim definido é caracterizado por um conjunto de funções designadas
Unidades de Competência.
 A Unidade de Competência (UC) é um grupo de funções produtivas, identificadas no campo
de trabalho, que expressam um determinado resultado significativo da actividade técnico-
laboral, tem um reconhecimento, um significado no sistema de emprego organizado e
estabelecido dentro de um determinado sector.
Cada UC estabelece qual deve ser o resultado de uma determinada actividade e evidencia se o
profissional é capaz de obtê-lo ou de atingi-lo. Cada UC detalha, também, a qualidade da evidência

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 1
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

requerida nesse resultado, expressando aquilo que é considerado um bom desempenho


profissional.

Cada Unidade de Competência (UC) está constituída por:


 Elementos de Competência (EC) que descrevem uma acção ou comportamento que alguém
deve ser capaz de realizar, demonstrar numa situação de trabalho e num determinado campo
ocupacional.
 Critérios de Desempenho (CD) definem os níveis de competência que permitem julgar as
actividades de trabalho realizadas pela pessoa. Portanto, expressam o nível aceitável de
realização profissional para cada Elemento de Competência que atenda aos objectivos das
organizações e fornecem orientações para a avaliação da competência profissional.
 Contexto de aplicação da UC, que descreve os meios de produção, os produtos, resultados
do trabalho, a informação utilizada ou gerada, os itens de natureza semelhantes e consideradas
necessárias para o desempenho profissional. O contexto de aplicação fornece o significado
contextual dos elementos de competência, isto é, esclarece o ambiente, as condições actuais e
previsíveis em que serão aplicados os elementos de competência que compõem a unidade de
competência.

Desenvolvendo esta metodologia foi definido a qualificação do Técnico Médio de Laboratório.


Foram identificadas e definidas 11 Unidades de Competência Vocacionais:
UC1: Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no laboratório clínico

UC2: Obter sangue seguro e seus componentes para uso hospitalar

UC3: Realizar análises hematológicas de amostras biológicas humanas para fins de diagnóstico
e seguimento de tratamento
UC4: Realizar exames de bioquímica para auxiliar o prognóstico e diagnóstico clínicos, bem
como no seguimento do tratamento
UC5: Realizar testes laboratoriais microbiológicos para auxiliar no diagnóstico clínico e
seguimento do tratamento das infecções
UC6: Processar o material biológico para observação e emissão do resultado histocitológico
que auxilie o diagnóstico clínico
UC7: Realizar testes imunológicos e moleculares para auxiliar no diagnóstico, tratamento e
monitoria clínica das enfermidades
UC8: Processar amostras biológicas para a pesquisa de parasitas e/ou materiais associados, no
sangue, no tracto gastrointestinal e urinário para auxiliar no diagnóstico clínico e
monitoria de tratamento de infecções
UC9: Gerir recursos humanos, aprovisionamento, qualidade, segurança, e actividades
administrativas do laboratório

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UC10: Atender ao utente, realizar actividades administrativas e manter as comunicações nos


serviços de saúde
UC11: Participar na formação de novos profissionais de saúde e na formação contínua de
funcionários, assim como em actividades de investigação que assegurem a eficácia dos
serviços

A partir do Perfil Profissional desenhado é definido o Programa Formativo, com um formato


modular. A cada Unidade de Competência do perfil profissional corresponde um módulo
formativo.
Cada um dos Módulos Formativos constitui um bloco coerente de formação associado a cada
uma das Unidades de Competência, cujo objectivo é a aquisição de competência profissional.
Para cada um destes Módulos são definidos:
- Resultados de Aprendizagem que expressam os resultados esperados do aluno ao final da
Disciplina, para considerar que ele alcançou a competência profissional especificada na UC.
- Critérios de Avaliação que são o conjunto de parâmetros definidos para cada resultado de
aprendizagem que indicam o grau de concretização.
- Conteúdos para cada um dos resultados de aprendizagem.
- Requisitos de Instrução: Infra-estrutura, equipamentos e perfil do professor / formador.
- Notas de Suporte: Contexto da Disciplina/formas de instrução, abordagem da avaliação.
- Referências Bibliográficas.

A partir das 11 Unidades de Competência Vocacionais que constituem o Perfil Profissional, o


Programa Formativo do Técnico Médio de Laboratório contém os seguintes Módulos Formativos
(MF) e Sub-módulos (SM):

Módulos formativos Sub-módulos


MV1: Procedimentos Pré-pós analíticos
MV2: Banco de sangue
MV3: Exames Hematológicos
MV4: Exames Bioquímicos
MV5: Exames Microbiológicos
MV6: Exames Histocitológicos
MV7: Exames Imunológicos e
Moleculares
MV8: Exames Parasitológicos
MV9: Gestão de Recursos e Qualidade
Laboratorial
Sub-módulo 1: Atendimento ao utente, humanização
e deontologia profissional

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 3
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

MV10: Documentação, comunicação, Sub-módulo 2: Gestão da documentação e


atendimento ao utente e humanização comunicação derivadas da actividade dos serviços de
dos serviços de saúde saúde
Sub-módulo 1: Formação de recursos
humanos em saúde
MV11: Formação e Investigação em
Saúde
Sub-módulo 2: Metodologia de
investigação aplicada em saúde

Estágio Parcial
Estágio Rural e Integrado

O presente manual desenvolve o módulo nº 1, intitulado Procedimentos Pré e Pós-Analíticos.


Para facilitar a leitura deste manual, tal como no sumário, o módulo apresenta-se da seguinte
forma:

 Dados básicos do módulo/submódulo.


 Referentes do manual de ensino: perfil profissional e módulo formativo.
 Unidades Didácticas:
- Conteúdo organizador.
- Sequência das Unidades Didácticas.
- O Desenvolvimento das Unidades Didácticas: a denominação, o objetivo geral, a
introdução da unidade, os conteúdos, o desenvolvimento dos conteúdos, as
actividades de ensino–aprendizagem e o caso práctico / projeto.
- As Actividades de Ensino-Aprendizagem que se apresentam têm como objectivos:
- Facilitar aos alunos a aprendizagem significativa.
- Conseguir a implicação dos alunos.
- Despertar neles a intencionalidade.
- Integrar os conteúdos concetuais, procedimentais e atitudinais.
- O Caso Práctico /Projeto: Integra os conteúdos da Unidade Didáctica completa
apoiados em informações e documentos similares aos reais. Todas as Unidades
Didácticas incluem a resolução de um projecto ou caso que parte de situações
concretas relacionadas com o desenvolvimento da actividade habitual, de maneira que
permita a transferência do aprendido a outros contextos.
 Anexos: se o manual precisar de algum dado, instrumento, enlaces web, informação, entre
outros, que seja apenas para consulta.
 Lista de abreviaturas e glossário: com a definição dos termos utilizados.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

 Questionário final de Auto-avaliação do módulo/submódulo, serve ao aluno para avaliar


os seus conhecimentos do módulo.
 Referências Bibliográficas: todos os materiais que foram consultados para a elaboração
do manual.

2. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO

Denominação do módulo: Módulo vocacional 1 – Procedimentos Pré e Pós Analíticos


Unidade de Competência UC1: Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no
correspondente: laboratório clínico
Nível do QNQP: Médio 5
Duração do módulo: 10 horas
Número de créditos: 100

3. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO

Unidade de Competência de referência

UC7: Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no laboratório clínico

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


CD1.1.1.Atende ao utente cordialmente para permitir a
confiança mútua
CD1.1.2.Respeita sempre os direitos dos pacientes, cumprindo
as normas deontológicas existentes e seguindo os
ECV1.1. Fornecer informações procedimentos estabelecidos
aos pacientes para a CD1.1.3.Marca a data da colheita da amostra no livro e na
colheita de amostras em própria requisição de análise
conformidade com as CD1.1.4.Fornece ao utente a informação necessária de forma
normas estabelecidas e/ou sequenciada, tendo em conta as particularidades de
POP de modo a obter cada um, para permitir que perceba os procedimentos
amostras apropriadas para recomendados para colheita de amostras por ele
seu processamento mesmo
CD1.1.5.Verifica se o utente percebeu o procedimento da
colheita, questionando sobre o mesmo
CD1.1.6.Escuta atentamente as questões do utente e responde-
as com clareza e objectividade para melhor orientação
CD1.1.7.Recomenda de forma cordial ao utente para efectuar
nova colheita, caso a amostra não esteja em condições
aceitáveis.
ECV1.2. Gerir a recepção e CD1.2.1.Usa o material de protecção individual de acordo com
identificação de amostras as normas de biossegurança

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


colhidas à sua chegada ao CD1.2.2.Recebe a requisição, marca nela de forma legível
laboratório de acordo com todos os dados conforme as normas institucionais em
as normas estabelecidas vigor
e/ou POPs CD1.2.3.Confirma os dados da requisição com os do
utente/paciente para permitir a sua correcta
identificação
CD1.2.4.Recebe e descarta o invólucro do recipiente das
amostras trazidas pelos utentes de acordo com as
normas de obtenção, recolha, conservação, transporte
e biossegurança
CD1.2.5.Avalia a integridade e a quantidade da amostra para
permitir a biossegurança e conferir resultados fiáveis
CD1.2.6.Regista os dados da recepção de amostra no livro de
entradas ou sistema informatizado do Laboratório
CD1.2.7.Identifica as amostras recebidas e confere os dados da
requisição com os da amostra para evitar erros nas
fases subsequentes
CD1.2.8.Arruma as amostras consoante o tipo e a ordem de
chegada e tendo em conta a especificidade e urgência
CD1.2.9.Conserva as amostras segundo as suas especificidades
e de acordo com as normas estabelecidas no POPs
CD1.2.10. Distribui as amostras para os respectivos
sectores segundo o tipo de análise requerida.
CD1.3.1.Usa o material de protecção individual de acordo com
as normas de biossegurança
CD1.3.2.Limpa, desinfecta e organização local de colheita e o
material indispensável para o procedimento
CD1.3.3.Explica ao utente o objectivo do procedimento de
colheita de amostra no laboratório, e os possíveis
efeitos para sua preparação psicológica
ECV1.3. Colher a amostra de CD1.3.4. Tranquiliza ao utente em caso de mostrar-se ansioso
acordo com as normas em relação ao procedimento procurando minimizar
estabelecidas e/ou POP qualquer possível desconforto
CD1.3.5.Comprova que os materiais para a colheita de
amostras cumprem com as normas da biossegurança e
estão em quantidade suficiente para a realização do
trabalho diário
CD1.3.6.Rotula os recipientes onde serão depositadas as
amostras de forma clara e seguindo os procedimentos
estabelecidos
CD1.3.7.Prepara o local anatómico de colheita das amostras
assegurando a assepsia

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


CD1.3.8.Colhe as amostras biológicas humanas tomando em
conta as recomendações do POP e em função do tipo
de análise a realizar
CD1.3.9.Recomenda de forma cordial ao utente para efectuar
nova colheita, caso a amostra não esteja em condições
aceitáveis
CD1.3.10. Descarta o material usado de acordo com as
normas de biossegurança.
CD1.4.1.Verifica a qualidade das amostras segundo os critérios
de aceitabilidade estabelecidas no laboratório
CD1.4.2.Arruma as amostras consoantes o tipo e a ordem de
ECV1.4. Conservar e armazenar chegada e tendo em conta a especificidade e a
as amostras para seu urgência
processamento de modo a CD1.4.3.Prepara as amostras para seu armazenamento e
conservação segundo as suas especificidades e de
assegurar a estabilidade e
acordo com as normas estabelecidas
evitar o deterioração e CD1.4.4.Realiza o registo das mostras armazenadas para sua
contaminação das fácil localização
mesmas CD1.4.5.Verifica as condições de conservação das amostras de
acordo com as recomendações do POPs
CD1.4.6.Verifica que no final de seu trabalho sua bancada
esteja organizado, limpo e desinfectada
CD1.4.7.Verifica e anota a temperatura das geleiras e/ou
congeladores segundo as normas do POPs.
CD1.5.1.Arruma as amostras seguindo as folhas de trabalho/
requisições correspondentes
CD1.5.2.Distribui as amostras acompanhadas pelas folhas de
trabalho/ requisições no menor tempo possível e
ECV1.5. Distribuir as amostras mantendo as condições de conservação recomendadas
nos diferentes sectores de pelo POPs
acordo com o tipo de CD1.5.3.Retira as amostras que não reúnem os requisitos para
exame solicitado seu processamento
CD1.5.4.Controla o fluxo e transporte das amostras segundo os
procedimentos estabelecidos
CD1.5.5.Regista as incidências que possam ocorrer no processo
da distribuição
CD1.5.6.Garante que as amostras sejam alocadas no sector
específico de processamento
CD1.5.7.Verifica a qualidade do processo de distribuição de
amostras de acordo com o protocolo de aviamento.
CD1.6.1.Reconhece as normas de Biossegurança
CD1.6.2.Identifica as potenciais formas de transmissão de
ECV1.6. Aplicaras normas de infecções
Biossegurança no CD1.6.3.Classifica o material de proteção
ambiente hospitalar CD1.6.4.Reconhece os tipos de riscos laboratoriais
CD1.6.5.Reconhece as normas de proteção da amostra
biológica
CD1.6.6.Demostra as técnicas de desinfeção, limpeza e
esterilização

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Elementos de Competência Critérios de Desempenho


CD1.6.7.Identifica as regras de notificação e registo de
acidentes laborais
CD1.6.8.Simula um plano de resposta a acidente laboral
CD1.6.9.Reconhece as normas de transporte, armazenamento
de materiais.
CD1.7.1.Certifica que o resultado emitido corresponde a
análise efectuada
ECV1.7. Emitir e enviar o CD1.7.2.Regista o resultado de forma legível na
resultado ao respectivo requisição/livro em uso no laboratório
local de proveniência CD1.7.3.Entrega o resultado no local correspondente
assegurando a correcta CD1.7.4.Encaminha o resultado do teste à procedência depois
recepção do mesmo. de registar a saída do resultado
CD1.7.5.Certifica a recepção do resultado do teste através da
assinatura do receptor.

3.1. Módulo Vocacional de referência

Módulo Vocacional 1: PROCEDIMENTOS PRÉ E PÓS-ANALÍTICOS


Resultados de aprendizagem Critérios de Avaliação
CA 1.1.1. Descreve as etapas do processo de admissão, atendimento
e informação ao utente no laboratório
CA 1.1.2. Explica as normas deontológicas, os direitos dos utentes
e as normas de confidencialidade e protecção de dados
pessoais dos utentes
CA 1.1.3. Identifica as diferentes tipologias de utentes/ doentes mais
RA 1.1. Aplicar as técnicas de habituais no Laboratório e as dificuldades na
comunicação na comunicação durante os processos de obtenção de
interacção com os amostras
utentes do laboratório CA 1.1.4. Aplica técnicas de comunicação com os utentes para
de acordo com permitir a confiança mútua
características do CA 1.1.5. Em uma situação real ou simulada devidamente
interlocutor, aplicando caracterizada de obtenção de amostras no laboratório
parâmetros de qualidade CA 1.1.6. Marca a data da colheita da amostra no livro e na própria
padronizados e requisição de análise
respeitando as normas CA 1.1.7. Fornece ao utente a informação necessária de forma
de sigilo e protecção de sequenciada, tendo em conta as particularidades de cada
dados um, para permitir que perceba os procedimentos
recomendados para colheita de amostras por ele mesmo
CA 1.1.8. Verifica se o utente percebeu o procedimento da
colheita, questionando sobre o mesmo
CA 1.1.9. Recomenda de forma cordial ao utente para efectuar
nova colheita, caso a amostra não esteja em condições
aceitáveis
CA 1.1.10.Escuta atentamente as questões do utente e responde-as
com clareza e objectividade para melhor orientação
RA 1.2. Realizar a colheita e CA 1.2.1. Reconhece a documentação utilizada para a colheita e
recepção das amostras recepção das amostras laboratoriais
laboratoriais para o

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 8
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

processamento de CA 1.2.2. Define e preenche todos os dados de requisição do


análise segundo os utente/paciente conforme as normas institucionais em
procedimentos vigor
estabelecidos e/ou POPs CA 1.2.3. Avalia os tipos de recipientes, a integridade e a
quantidade da amostra para permitir a biossegurança e
conferir resultados fiáveis
CA 1.2.4. Aplica técnicas de registo dos dados e de recepção de
amostra no livro de entrada ou sistema informatizado do
Laboratório
CA 1.2.5. Limpa, desinfecta e organiza o local de colheita e reúne
o material indispensável para o procedimento
CA 1.2.6. Comprova que os materiais para a colheita de amostras
cumprem com as normas da biossegurança e estão em
quantidade suficiente para a realização do trabalho diário
CA 1.2.7. Rotula os recipientes onde serão depositadas as amostras
de forma clara e seguindo os procedimentos
estabelecidos.
CA 1.2.8. Prepara o local anatómico de colheita das amostras
assegurando a assepsia
CA 1.2.9. Recolhe as amostras biológicas humanas tomando em
conta as recomendações do POP e em função do tipo de
análise a realizar
CA 1.2.10.Aplica o controlo de qualidade específico na cada etapa
da colheita das amostras
CA 1.2.11.Identifica a normativa de biossegurança para a
prevenção, proteção e descarte do material usado
CA 1.3.1. Lista os reagentes de uso mais frequente no laboratório
clinico e sua finalidade
CA 1.3.2. Reconhece as características das soluções: peso, volume,
densidade, concentração, normalidade, molaridade,
molalidade, e concentração percentual
RA 1.3. Preparar reagentes e CA 1.3.3. Prepara reagentes e soluções aplicando os critérios
amostras, segundo as estabelecidos para realizar as diferentes análises
condições laboratoriais
correspondentes para CA 1.3.4. Explica as técnicas de armazenamento e conservação dos
seu processamento reagentes e das soluções diferenciando os tipos e usos
posteriores
CA 1.3.5. Armazena e conserva as soluções segundo as suas
especificidades e de acordo com as normas estabelecidas
CA 1.3.6. Comprova a idoneidade dos reagentes e soluções,
validando as técnicas utilizadas e as concentrações
obtidas
CA 1.3.7. Verifica se no final de seu trabalho sua bancada está
limpa e organizada
RA 1.4. Selecionar as técnicas CA 1.4.1. Arruma as amostras seguindo as folhas de trabalho/
de conservação, requisições correspondentes
armazenamento, envio e CA 1.4.2. Reconhece os procedimentos de conservação das
transporte das amostras amostras segundo o tipo de análise requerida e de acordo
nos diferentes sectores as recomendações do POP
de acordo com o tipo de
exame solicitado

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017 9
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

CA 1.4.3. Prepara as amostras para seu armazenamento e


conservação segundo as suas especificidades e de acordo
com as normas estabelecidas
CA 1.4.4. Realiza o registo das amostras armazenadas para sua
fácil localização
CA 1.4.5. Reconhece os procedimentos de distribuição das
amostras para os respectivos sectores segundo a
especificidade e a urgência da análise
CA 1.4.6. Preenche as folhas de trabalho/ requisições no menor
tempo possível e mantendo as condições de conservação
recomendadas pelo POP
CA 1.4.7. Aplica os critérios de aceitação ou rejeição das amostras
que não cumprem os requisitos para seu processamento
CA 1.4.8. Reconhece os procedimentos de controlo, fluxo e
transporte das amostras segundo os procedimentos
estabelecidos
CA 1.4.9. Identifica os incidentes que possam ocorrer no processo
da distribuição
CA 1.4.10.Identifica os sectores específicos para a alocação das
amostras
CA 1.4.11.Explica os critérios de qualidade aplicáveis no processo
de distribuição de amostras de acordo com o protocolo
de aviamento
CA 1.5.1. Lista o material e equipamento básico do laboratório e
sua função
RA 1.5. Manipular material e CA 1.5.2. Identifica o material e as técnicas de limpeza,
equipamentos desinfecção e esterilização utilizadas no laboratório
laboratoriais mais CA 1.5.3. Identifica os tipos de águas e seus métodos e obtenção
utilizados para CA 1.5.4. Classifica o material laboratorial segundo sua função
realização de exames CA 1.5.5. Demostra o uso de material e equipamentos básicos do
laboratório
CA 1.5.6. Explica o princípio de funcionamento de equipamento
básico do laboratório
CA 1.5.7. Interpreta os procedimentos estabelecidos para a
utilização e manutenção básica de material e do
equipamento laboratorial
CA 1.6.1. Reconhece as normas de Biossegurança
CA 1.6.2. Identifica as potenciais formas de transmissão de
RA 1.6. Aplicar as normas de infecções
Biossegurança no CA 1.6.3. Classifica o material de proteção
ambiente hospitalar CA 1.6.4. Reconhece os tipos de riscos laboratoriais
CA 1.6.5. Reconhece as normas de proteção da amostra biológica
CA 1.6.6. Demostra as técnicas de desinfeção, limpeza e
esterilização
CA 1.6.7. Identifica as regras de notificação e registo de acidentes
laborais
CA 1.6.8. Simula um plano de resposta a acidente laboral
CA 1.6.9. Reconhece as normas de transporte, armazenamento de
materiais biológicos
RA 1.7. Validar os resultados CA 1.7.1. Identifica os parâmetros estatísticos aplicáveis as
dos exames análises

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

laboratoriais para CA 1.7.2. Estabelece os critérios de aceitação o rejeição dos


garantir a emissão e resultados obtidos nas análises
envio dos mesmos em CA 1.7.3. Valida os dados obtidos e compará-los com os critérios
tempo útil estabelecidos
CA 1.7.4. Comprova que o resultado registado corresponda a
análise efectuada
CA 1.7.5. Regista o resultado de forma legível no livro em uso no
laboratório
CA 1.7.6. Elabora relatórios técnicos seguindo as normas
estabelecidas
CA 1.7.7. Certifica a recepção do resultado do teste através da
assinatura do receptor
CA 1.7.8. Reconhece a importância do controlo de qualidade nos
resultados obtidos

4. UNIDADES DIDÁCTICAS
4.1. Critério de Organização das Unidades Didácticas

Realizar os procedimentos das fases pré e pós-analíticas no laboratório clínico

4.2. Sequência e Temporalização das Unidades Didácticas

Unidades Didácticas Tempo (em horas)


UD1. O laboratório: material, equipamentos e fluxograma das
actividades 15

UD2. A biossegurança laboratorial 20


UD3. Ergonomia e gestão do lixo ou resíduos hospitalares 20
UD4. Colheita, transporte e conservação das amostras biológicas 20
UD5. Funções químicas, pureza dos reagentes e preparação das
soluções 15

UD6. Validação e emissão dos resultados dos exames laboratoriais 10

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UNIDADE DIDÁCTICA 1

O LABORATÓRIO: MATERIAL, EQUIPAMENTOS E


FLUXOGRAMA DAS ACTIVIDADES

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ÍNDICE

1. LABORATÓRIO ____________________________________________________________________ 15
1.1 Tipos de laboratório ___________________________________________________ 16

2. OS DEPARTAMENTOS/SECTORES DE UM LABORATÓRIO CLÍNICO _____________ 18


3. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS CLÍNICOS SEGUNDO O NÍVEIS DE
ATENÇÃO EM SAÚDE __________________________________________________________________ 22
4. ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DO LABORATÓRIO CLÍNICO ___________________ 23
4.1. O Fluxograma de Actividades dos Laboratórios _______________________________ 24

4.2.Equipamento e Material do Laboratório Clínico _______________________________ 24

ii. Materiais do Laboratório Clínico _____________________________________ 35


4.3. Outros Materiais em uso nos Laboratórios Clínicos ____________________________ 39

4.4. Cuidados a ter com o material do laboratório _________________________________ 46

A lavagem do material do laboratório __________________________________________ 47

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM _________________________________________ 48


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________________________ 49

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL

Manipular o material e os equipamentos laboratoriais mais utilizados para realização de exames

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o estudante será capaz de:

- Classificar os laboratórios segundo sua função;

- Descrever o fluxograma de actividades realizadas no laboratório Clínico;

- Identificar os tipos de águas e seus métodos de obtenção;

- Listar o material, o equipamento básico do laboratório clínico e sua função;

- Classificar o material laboratorial segundo sua função;

- Demonstrar o uso de material e os equipamentos básicos do laboratório;

- Explicar o princípio de funcionamento de equipamento básico do laboratório;

- Interpretar os procedimentos estabelecidos para a utilização e manutenção básica de


material e do equipamento laboratorial.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO

O laboratório clínico desempenha um papel importante no suporte das decisões clínicas. Este
laboratório é organizado segundo o nível de unidade sanitária onde se encontra inserido e da
complexidade dos exames realizados.

Nesta unidade, o estudante irá discutir a organização, funcionamento do laboratório e fluxograma


das actividades que se realizam. Também terá a oportunidade de manipular os materiais,
equipamentos mais utilizados no laboratório, aprender sobre os cuidados a serem praticados para
a sua manutenção e conservação.

A presente unidade apresenta seis grandes capítulos a descrever:

- O primeiro capítulo vai abordar, essencialmente, sobre os diferentes tipos de laboratório,


com destaque para o laboratório clínico e os seus diferentes tipos, com destaque para o
laboratório clínico.

- No segundo capítulo abordaremos os departamentos e setores do laboratório clínico, com


destaque para a recepção de amostras, o setor de bioquímica, a microbiologia entre outros.

- No terceiro capítulo capítulo falaremos da classificação dos laboratórios clínicos segundo


o nível de atenção que podem ser primário, secundário, terciário e quaternário.

- Para o quarto capítulo a atenção estará voltada para o estudo da organização hierárquica
do laboratório clínico.

- No quinto capítulo entraremos em debate sobre os materiais e os equipamentos usados no


laboratório clínico, destacando-se neste caso a centrífuga, as balanças, etc.

- E por fim, teremos o sexto capítulo que vai dedicar a sua atenção no estudo sobre os
cuidados a observar com o material do laboratório com relação à sua lavagem.

1. LABORATÓRIO

DEFINIÇÃO Laboratório é uma sala ou espaço físico devidamente equipado com


instrumentos de medida próprios para a realização de experimentos e pesquisas
científicas diversas, dependendo do ramo da ciência para o qual foi
planificado/concebido.

A realização dos exames laboratoriais é fundamentada como sendo um procedimento dinâmico


que se inicia na colheita da amostra biológica e termina com a emissão dos resultados. Este
procedimento, didacticamente, pode ser dividido em três fases:

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Fase Pré-Analítica

- Fase Analítica

- Fase Pós-Analítica.

A fase pré-analítica consiste na preparação do paciente, colheita, manipulação e armazenamento


da amostra antes da determinação analítica, ou seja, engloba todas as actividades que precedem ao
exame laboratorial, dentro ou fora do laboratório clínico. Esta fase tem sido descrita como
responsável por 70% dos erros laboratorias.

A fase analítica inicia com a validação do sistema analítico através do controlo da qualidade
interno e termina quando a determinação analítica gera um resultado.

A fase pós-analítica inicia após a geração do resultado analítico, sendo finalizada, após a emissão
e entrega do mesmo ao solicitante.

Os laboratórios podem ser colocados em dois grandes grupos: laboratórios governamentais e


laboratórios privados.

Os laboratórios governamentais são aqueles que funcionam sob a gestão do estado.

EXEMPLO O laboratório do Hospital Central de Maputo, o Laboratório do Hospital Geral da


Machava e o laboratório do Centro de Saúde de Bagamoio, entre vários.

Os laboratórios privados são aqueles que funcionam sob a gestão de entidades privadas.

EXEMPLO
Laboratório do Hospital Privado de Maputo, entre vários.

1.1. Tipos de laboratório

Os laboratórios são classificados segundo o tipo de experimentos realizados. Sendo assim,


podemos encontrar os seguintes: Laboratório de Educação Física, Laboratório de informática,
Laboratório de física, Laboratório de química, Laboratório de biólogia, Laboratório de veterinária,
Laboratório clínico, entre outros.

Laboratório Clínico: é um lugar no qual são testados, analisados ou avaliados amostras biológicas
ou de origem biológicas tais como: sangue, líquidos corpóreos (Líquido ascítico, líquido pleural,
líquido cefalo-raquidiano), entre outros.

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Os laboratórios clínicos podem ser colocados em dois grandes grupos: laboratórios hospitalares e
laboratórios não hospitalares.

Os laboratórios clínicos hospitalares são aqueles que se encontram inseridos em hospitais públicos
ou privados. Estes laboratórios variam de acordo com o tamanho podendo ser: pequenos, médios
e grandes.

- Os Laboratórios Clínicos Pequenos são aqueles que estão inseridos em hospitais com
capacidade de 100 camas. Estes laboratórios realizam exames de rotina, tais como
plasmódio e parasitas.

- Os Laboratórios Clínicos Médios são aqueles que estão inseridos em hospitais com
capacidade de 300 camas. Estes laboratórios realizam exames mais complexos.

- Os Laboratórios Clínicos Grandes são aqueles que estão inseridos em hospitais com
capacidade acima de 300 camas. Estes laboratórios realizam exames mais complexos com
auxílio de técnicas modernas e manuseiam grande volume de trabalho. Em Moçambique
estes grupos de laboratórios estão inseridos na Classificação por níveis de atenção em
Saúde. Os detalhes desta classificação estam descritos abaixo.

Os laboratórios clínicos não hospitalares são aqueles que se encontram fora dos hospitais. Neste
grupo de laboratórios enquadram-se os laboratórios de consultório médico, laboratórios de
referência e laboratórios de saúde pública.

Laboratórios de Consultório Médico

São pequenos laboratórios localizados nos consultórios dos médicos que são especialistas, tais
como hematologístas e Urologístas. Os Médicos generalistas também podem ter laboratórios nos
quais aplicam técnicas de rotina, tais como: hematócrito e urinálise são executados/realizados.

Laboratórios de Referência

São de escala regional, nacional ou internacional, podem ser públicos ou privados, realizam um
grande volume e variedade de exames. Realizam testes sofisticados/especializados por solicitação
de outros laboratórios.

EXEMPLO O Laboratório Nacional de Referência da Malária, da Tuberculose, entre outros.

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Laboratório de Saúde Pública

É o centro de prevenção de doenças. A sua missão principal é a prestação de serviços de consultoria


aos laboratórios clínicos e de saúde pública bem como os privados e, realizar vigilância
epidemiológica.

EXEMPLO
Laboratório Nacional de Higiene, Àgua e Alimentos, o Laboratório Nacional de
Referência da Tuberculose, entre outros.

2. OS DEPARTAMENTOS/SECTORES DE UM LABORATÓRIO CLÍNICO

O número de departamentos ou sectores do laboratório clínico hospitalar depende do tamanho do


mesmo. Geralmente os laboratórios clínicos possuem os seguintes sectores: Recepção/ aceitação
e colheita de amostras, Hematologia e Banco de Sangue, Bioquímica e Microbiologia.

O Sector de Recepção e da Colheita de Amostras

É o sector onde as amostras são recebidas, registadas e rotuladas, antes de serem encaminhadas
para cada sector do exame. Nos laboratórios grandes, as amostras são colhidas em uma central de
colheita onde as mesmas são registadas e rotuladas antes de serem encaminhadas para cada sector
do exame. Estes laboratórios possuem também um sector separado responsável pela recepção,
registo e rotulagem das amostras para o exame laboratorial.

Em pequenos laboratórios, as amostras são colhidas directamente pelo sector responsável pelo
exame a ser feito. As pessoas que colhem o sangue são chamadas de flebotomistas. Os
procedimentos realizados neste sector fazem parte da fase pré analíticae estes são de extrema
importância para a obtenção de um resultado do exame laboratorial fiável.

O laboratório deve apresentar, no sector de recepção, os procedimentos operacionais padronizados


(POPs) para a colheita, transporte, conservação e recepção de amostras com o objectivo de instruir
aos pacientes/utentes sobre os procedimentos para a obtenção de amostras de boa qualidade e de
resultados fiáveis, assim como, para verificar anormalidades quanto a quantidade, características
físicas, embalagem e condições de transporte da amostra, bem como para a sua correcta
identificação. Por exemplo, nos pops devem aparecer informações para dar orientações correctas
ao utente/paciente, quanto aos procedimentos de colheita das amostras (posição, dieta, jejum,
realização ou não dos exercícios físicos e uso de drogas para fins terapêuticos ou não), intervalo
de tempo entre a colheita e de transporte das amostras para o laboratório, entres outros. A
necessidade do jejum decorre do facto de os valores de referência dos testes terem sido

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estabelecidos em indivíduos nessa condição. A não observância do jejum pode alterar a


composição sanguínea de alguns exames. A maioria dos exames exige três horas de jejum, com
excepção da glicemia (oito horas) e do perfil lipídico (12 horas). Para crianças mais novas, o jejum
pode ser de uma ou duas horas.

As alterações de parâmetros no plasma ainda depende da composição da dieta e do tempo


decorrido entre a ingestão e a colheita da amostra. Alimentos que contêm muita gordura, por
exemplo, fazem subir a concentração de triglicérides, da mesma forma que dietas ricas em
proteínas promovem níveis elevados de amônia, ureia e ácido úrico. Os exercícios físicos são
capazes de aumentar a actividade sérica de enzimas de origem muscular, como a creatinoquinase
(CK), a aldolase e a aspartato aminotransferase, pelo aumento da liberação celular. Pode haver
ainda hipoglicemia, elevação da concentração de ácido láctico em até dez vezes, a depender da
intensidade do exercício. Com efeito, alguns estudos recentes mostram que o paciente deve
permanecer em jejum durante 8-12 horas de tempo, antes da colheita da amostra, de acordo com
o exame laboratorial solicitado, a excepção da água. A ingestão de água suficiente para satisfazer
a hidratação normal não significa que o jejum tenha sido quebrado. Quando o nível da água
diminui, o organismo fica desidratado, a pressão cai e a circulação fica lenta. A desidratação do
organismo torna as veias colapsas, o que dificulta a punção venosa.

Caso seja evidenciada qualquer anormalidade na recepção da amostra, o procedimento deve prever
acção correctiva imediata, consultando o cliente para obter informações adicionais, com base nos
critérios de aceitação e rejeição de amostras. Devem existir registos que comprovem a avaliação
da amostra durante a recepção e as acções realizadas quando evidenciada qualquer anormalidade.

Após a avaliação da qualidade das amostras durante a recepção, uma vez aceites, estas devem ser
identificadas imediatamente através de um procedimento capaz de assegurar que não sejam
confundidas fisicamente, nem quando citadas em algum registo do laboratório. A identificação da
amostra deve ser mantida durante toda a permanência da amostra no laboratório. Portanto, o código
de identificação da amostra deve ser colocado no corpo do recipiente da amostra, assim como na
requisição do paciente que acompanha a amostra e no livro de registos/programa informático em
uso no laboratório.

Sector de Bioquímica

As análises frequentemente realizadas incluem dosagens de glicose, colesterol, enzimas hepáticas


ou cardíacas e medição dos electrólitos (sódio, potássio, cloretos e bicarbonatos) no sangue.

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Pode também se realizar procedimentos de química especial ou toxicologia, onde o sangue ou


urina do paciente pode ser analisado para descobrir qual droga está envolvida em uma “overdose”
e, tabém, os níveis de drogas e
medicamentosas podem ser monitorados; o
nível de hormónios pode ser medido (figura
1).

Estas análises são geralmente realizadas em


amostras no soro (após uma centrifugação
adequada), que é a parte líquida do sangue
após ter-se formado um coágulo. Os testes Figura 1˸ Separação do soro no sector de
também podem ser feitos com recurso ao bioquímica.
Fonte˸ Cortesia do Laboratório do ICSM
plasma, urina e outros fluídos do corpo como
liquor (líquido céfalo raquidiano-LCR), líquido sinovial, líquido ascítico, entre outros.

Sector de Microbiologia

É o responsável pelo crescimento e identificação de microorganismos, usualmente bactérias,


isoladas em amostras de pacientes como sangue, urina, fezes, escarro/expectoração, secreções e
outros fluídos do corpo (figura 2).

A parasitologia, que estuda os parasitas, a virologia, que estuda os vírus e micologia, que estuda
os fungos são geralmente uma parte do sector de microbiologia.

Na parasitologia, as amostras biológicas de fezes


dos pacientes são examinadas para evidenciar
parasitas intestinais, como ténias e
ancilostomídeos. Neste subsector, também são
examinadas as amostras da urina dos pacientes,
para evidenciar os parasita(s) do trato urinário,
como os histosomas e, entre outros.

Sector de Hematologia

O sangue total (colhido no tubo com Figura 2˸ Sementeira das amostras


biológicas no sector de Microbiologia.
anticoagulante) é usado na maioria dos exames. Fonte˸ Cortesia do Laboratório do ICSM
As técnicas hematológicas podem ser qualitativas ou quantitativas (figura 3).

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Os procedimentos quantitativos incluem contagens dos vários componentes do sangue, como por
exemplo, o número de leucócitos (células
brancas), eritrócitos (células vermelhas),
hemostasia e plaquetas, que podem ser
detreminados numa amostra. As contagens
podem ser feitas manualmente ou em
aparelhos automatizados.

As técnicas qualitativas são aquelas através


das quais os vários componentes do sangue
são observados por suas qualidades, sejam Figura 3˸ Determinação do Hemograma no
sector de Hematologia.
tamanho, forma e maturidade. Usando um Fonte˸ Cortesia do Laboratório do ICSM
microscópio, o técnico do laboratório pode
ver um esfregaço para determinar os tipos de leucócitos presentes, estimar o tamanho, forma e
conteúdo de hemoglobina das hemáceas (eritrócitos), ou estimar o número de plaquetas.

Sector de Banco de Sangue

Este sector pode ser chamado, também, de serviço de transfusão ou imuno-hematologia. Aqui
se a transfusão é necessária, os grupos sanguíneos A, B, O e o factor Rhesus (Rh), entre outros do
paciente são determinados pelos técnicos de banco de sangue. Podem também ser determinados
outros grupos sanguíneos (figura 4).

Os técnicos de banco de sangue testam ainda as unidades de sangue que estão estocadas para
determinar quais são compatíveis para
transfusão nos pacientes. Com enfeito, para
tal, são realizados procedimentos de
serologia, usando métodos antígeno-
anticorpo para a testagem de doenças
transmitidas pelo sangue como, por exemplo,
o HIV, Sífilis, Hepatites B e C.

O sangue doado em componentes


específicos, tais como concentrado de Figura 4˸ Determinação dos grupos
hemáceas e plasma também sao processados Sanguíneos no Sector de Banco de Sangue.
Fonte˸ Cortesia do Laboratório do ICSM
no sector de banco de sangue.

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3. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS CLÍNICOS SEGUNDO O


NÍVEIS DE ATENÇÃO EM SAÚDE

Os laboratórios para atender as pessoas organizam-se segundo os níveis de atenção. Assim, estes
podem ser: laboratório de nível primário, secundário, terciário e quaternário.

Laboratório de Nível Primário

Oferece os serviços básicos tais como: os testes rápidos (HIV,malária, sífilis) e microscopia clínica
sem, ou com equipamento mais simples disponível (Microscópio e centrifuga), monitorização
simples de hemoglobina (Hgb) e hematócrito (Hct) e encaminhamento para um nível superior.
Trabalham neste nível entre 1 e 2 técnicos básicos de laboratório e/ou outro pessoal treinado afecto
ao laboratório. Temos como exemplos os laboratórios dos postos e centros de saúde.

Laboratório de Nível Secundário

Oferece serviços de Bioquímica, Hematologia, Serologia, testes de CD4, Bacteriologia,


Parasitologia, microscopia de Tuberculose (TB) e de malária, Testes rápidos de HIV, malária,
sífilis, etc. Este laboratório possui instrumentos capazes de manipular 20-50 amostras por dia.
Trabalham no laboratório deste nível entre 2 a 5 técnicos de laboratório e são oscasos, por exemplo,
dos laboratórios dos hospitais distritais, rurais e gerais.

O Laboratório de Nível Terciário

Oferece serviços laboratoriais mais completos com analisadores automáticos de Bioquímica e


hematologia. Estes laboratórios têm a capacidade para realizar análises de CD4 para 50 a 150
amostras por dia. A capacidade de laboratório de microbiologia completa, pode estar apto a realizar
culturas de Bacilo de Koch ou bacilos álcool-ácido resistentes ﴾BAAR﴿. O laboratório de nível
terciário deve estar equipado para atender a situações que o nível secundário não conseguiu
resolver e eventos mais raros. Necessita pelo menos um pessoal especializado para diferentes
sectores (laboratório de microbiologia, laboratório de bioquímica e hematologia. São os casos, por
exemplo, dos laboratórios dos hospitais provinciais.

Laboratório de Nível Quaternário,

Constitui a referência para os doentes que não encontram soluções ao nível dos Hospitais
Provinciais, Distritais, Rurais e Gerais bem como dos doentes provenientes de Hospitais Distritais
e Centros de Saúde que se situam nas imediações do Hospital e que não têm Hospital Geral para
onde possam ser transferidos. Neste nível situam-se os laboratórios dos Hospitais Centrais que
concentram os equipamentos com alta incorporação tecnológica para a realização de exames de

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alta complexidade. O pessoal que trabalha nestes laboratórios necessita de formação especializada
mais intensiva.

4. ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DO LABORATÓRIO CLÍNICO

Os esquemas organizacionais dos laboratórios variam de acordo com o tamanho dos mesmos (ver
no módulo de gestão). Em uma linha geral, o esquema organizacional pode ser estruturado da
seguinte forma: o Director de Laboratório, Supervisor Técnico ou Gerente de laboratório,
Supervisor Geral ou Chefe de Sector e Pessoal técnico ou tecnologistas de bancada (fig 5).

O Director de Laboratório

É usualmente um patologista, um médico que é especialmente treinado na natureza que causa as


doenças. Os Biomédicos podem também se qualificar para directores. O nível de complexidade
dos exames feitos pelo laboratório determina que qualificação deve ter o director de laboratório.
O director de laboratório é último responsável por tudo o que acontece no laboratório.

O Supervisor Técnico ou Gestor de Laboratório

A figura do Supervisor Técnico ou Gestor de Laboratório está imediatamente abaixo da autoridade


do Director de Laboratório surge então. Este geralmente é formado em laboratório (análises
clínicas) com um treinamento adicional de administração. O supervisor técnico é responsável por
estabelecer critérios do pessoal, procedimentos, avaliação e treinamento, estabelecer programas de
controlo de qualidade apropriados, observar, documentar o desempenho e competências dos

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funcionários. O supervisor deve garantir o manual de procedimento contendo as instruções de cada


procedimento executado no laboratório. Este manual deve estar disponível para todos os
funcionários e deve ser colocado em um lugar de fácil acesso para todos os colegas.

O Supervisor ou Chefe de Sector

É o responsável pela quantidade e qualidade do trabalho realizado em seu setor (cada sector, tem
o seu supervisor geral). Responsabiliza-se, também, pelo treinamento dos funcionários e por
avaliar o desempenho dos mesmos. O supervisor geral reporta ao supervisor técnico.

O pessoal técnico ou tecnologistas de bancada

São os profissionais que realmente realizam os exames de laboratório. Incluem-se aí os


tecnologistas médicos e técnicos de laboratório clínico. O pessoal técnico ou tecnologistas de
bancada reportam ao supervisor técnico e ao Chefe do Sector.

4.1. O Fluxograma de Actividades dos Laboratórios


O pessoal do laboratório só faz um exame se for entregue um formulário ou requisição adequado
para o doente, feito pelo pessoal clínico. Uma vez recebido o pedido de exame no sector de
recepção, a amostra adequada será colhida. Após a colheita, a amostra é devidamente registada e
identificada através de um código que é usado durante o processamento da mesma. O técnico de
laboratório ou outra pessoa responsável por colheita da amostra deve estar treinado para o efeito e
doptado de conhecimentos e capacidade de aceitar ou rejeitar as requisições ou ainda sugerir
repetições de exames se necessário. Em seguida, as amostras colhidas ou recebidas e registadas no
sector de recepção, são encaminhadas para diversos sectores de acordo com o exame solicitado
onde posteriorimente serão analisadas pelos profissionais com o conhecimento na área específica
de laboratório afectos nestes sectores. Por fim, o exame laboratorial é finalizado com o registo dos
resultados e entrega à sua proveniência depois da validação do resultado pelo director técnico; ou
chefe do laboratório; ou pessoal autorizado.

4.2.Equipamento e Material do Laboratório Clínico


Os equipamentos do laboratório clínico são os diversos aparelhos ou instrumentos utilizados em
laboratórios para realizar análises, cálculos e medições. O tipo de equipamento usado no
laboratório clínico é determinado pelo seu tamanho, o número e variedade de exames efectuados.

Um laboratório pequeno (de nível primário) pode ter somente um microscópio, uma centrífuga
e um refrigerador.

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Laboratórios maiores (de níveis secundário, terceário e quaternário) podem ter equipamentos de
qualidades diferentes, várias cores e com custos diversificado e, inclui instrumentos como as
centrifugas, pHmetros, autoclaves, balanças, Microscópio, estufas, Banho-Maria,
aglutinoscópio, pipetas, analisadores, etc.

Para obter resultados de confiança, o equipamento usado no processo dos exames deve ser
manipulado correctamente; é imperativo a consulta dos manuais fornecidos pelos fabricantes dos
equipamentos para determinar qual o uso apropriado de cada peça do equipamento.

a) A Centrífuga

São instrumentos que giram (centrifugam) amostras a altas velocidades, forçando as partículas
mais pesadas ao fundo do recipiente, através da força centripeda (figura 6). O objectivo de
centrigugar amostras no laboratório, sobretudo em Bioquímica, Banco de Sangue e Microbiologia
é de separar os componentes celulares do líquido, ou seja, separar as partículas insolúveis que
numa amostra se sedimentam no fundo do tubo de centrífuga, restando o chamado sobrenadante
(fase líquida) por cima do sedimento. O sobrenadante é então pipetado ou decantado e o sedimento
retirado do tubo.

A centrifugação é usada, por exemplo, na separação de membranas celulares (insolúveis em água)


e citoplasma (solvente celular aquoso)
após ruptura de células. Também é
usada para a separação dos elementos
figurados do sangue e o plasma
sanguíneo, em que as células
(eritrócitos, leucócitos, plaquetas) são
depositadas no tubo, podendo o plasma
ser separado e analisado.

Uma centrifugação inadequada pode


Figura 6˸ A Centrífuga.
hemolisar as amostras. As hemólises Fonte˸ Cortesia do Laboratório do ICSM

podem interferir nos resultados laboratoriais, como é o caso do aumento dos valores de potássio.
A centrifugação inadequada também pode resultar em uma separação incompleta da amostra
(presença de fibrina) no soro, o que levaria à contaminação do analisador e a resultados errados.
As centrífugas podem variar de tamanho, capacidade e velocidade. As centrífugas clínicas têm
uma velocidade variada de 0 a 3000 RPM (rotação por minuto), e podem suportar tubos variados,
de tamanho de 5 a 50ml dependendo de adaptadores. Uma centrífuga pequena, usando tubo de
sorologia de 2 a 3ml de capacidade é usada em Bancos de sangue e sorologia. Assim como outros

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instrumentos, a calibração periódica e as instruções de uso do fabricante devem ser seguidas


quando se usar uma centrífuga, pois, o não seguimento das instruções pode levar a consequências
como, a hemólise das amostras, quebra dos tubos, entre outras.

Regras gerais no uso de centrífugas

1. Sempre opere as centrífugas com a tampa fechada;

2. Equilibre o conteúdo da centrífuga antes de operá-la;

3. Se vai ser centrifugado somente um tubo, um outro tubo idêntico, com o mesmo conteúdo
de líquido (água) deve ser colocado no rotor em posição oposta ao tubo do material. O
Rotor é a parte da centrifuga que suporta, recebe os tubos a serem centrifugados e que gira
durante a operação da centrifuga. Para cada amostra colocada no rotor, deve haver um
outro tubo, directamente oposto, para equilíbrio da centrífuga;

4. Deixe o rotor ficar bem parado antes de abrir a tampa da centrífuga;

5. Centrifugue os tubos fechados/tapados, para evitar a formação de aerossóis;

6. Use somente tubos conforme especificado para cada centrífuga particular.

A relação velocidade/tempo pode variar de um fornecedor para outro; por exemplo, alguns tubos
com gel separador podem ser centrifugados em tempos reduzidos, aproximadamente 4 a 5 minutos,
aumentando a produtividade e optimizando a rotina laboratorial.

O laboratório deve consultar o seu fornecedor sobre as recomendações de centrifugação.

ATENÇÃO Em relação as regras gerais sobre o uso das centrífugas podemos encontrar mais
detalhes nos modulos de Testes Bioquímicos, Exames Hematologicos e Banco de
Sangue.

b) O ph-metro

São equipamentos indicados para medir o pH das soluções em laboratórios químicos de controlo
de qualidade (figura 7).

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ATENÇÃO
Mais detalhes sobre Phmetros encontraremos no módulo de Exames
Bioquímicos.

c) As Balanças

São equipamentos usados para a pesagem de substâncias no laboratório (fig.8). Existem vários
tipos de balanças que se diferem pelas quantidades que podem ser pesadas e na sensibilidade das
medidas, como ésão os casos de balanças analílticas e electrónicas.

As Balanças analíticas são usadas na obtenção (pesagens) da massa de sólidos e líquidos não
voláteis. Possuem menor precisão quando comparadas com as balanças electónicas.

As Balanças electónicas são usadas na obtenção (pesagens) da massa de sólidos e líquidos não
voláteis com grande precisão, algumas chegando a 5 casas decimais. As balanças electónicas
possuem grande sensibilidade a qualquer perturbação externa, por exemplo: corrente de ar e
movimentação extrema no perímetro que alteram a precisão da medida durante seu uso.

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A pesagem incorecta de substâncias no laboratório clínico pode influenciar na preparação de


reagentes com concentrações não previstas.
Por exemplo, a pesagem incorecta de
Cloreto de Sódio para a preparação de
solução salina 0,9% (soro fisiológico), para
a preparação de suspensões de hemáceas no
Banco de Sangue, pode causar hemólise, se
esta for abaixo dos 0,9% e se for acima deste
valor, as hemáceas podem murchar.
Figura 8˸ A Balança Analítica.
d) O Autoclave Fonte˸ Cortesia do Laboratório do ICSM
São instrumentos que esterilizam materiais através do calor sob pressão á vapor. Elas são como
grandes panelas de pressão (fig.9).

Em uma autoclave, os mateiais são aquecidos sob uma pressão de 15 libras/polegada quadrada
(correspondente a 1 atmosfera) a 1210C por 15 a 20 minutos. Estas condições mostraram serem
suficientes para matar os contaminantes e agentes infecciosos, tais como: esporos de fungos,
bactérias e vírus.

A maioria das autoclaves é programada para operar automaticamente, usando um ciclo de tempo.

Os materiais a serem esterilizados são colocados


na câmara da autoclave, que é rodeada por um
cesto metálico que contém o vapor. A porta, com
um vedante para previnir a fuga do vapor deve
ser bem fechada antes que o processo de
esterização seja iniciado.

Quando a autoclave é ligada, a câmara enche-se


de vapor que expulsa o ar contido. Uma válvula
fecha-se e a pressão sobe até o ponto desejado, Figura 9˸ Autoclave.
normalmente 15 libras/polegada quadrada (1 Fonte˸ Cortesia do Laboratório do ICSM

atmosfera de pressão). Após a temperatura alcançar 1210C, os materiais serão aquecidos por 15 a
20 minutos. O vapor é então liberado lentamente, até que a pressão decresça e volte a pressão
atmosférica externa. Quando isso acontecer, a câmara será ventilada e pode-se abrir a porta,
tomando cuidado com algum vapor que eventualmente ainda possa escapar. Os materiais
esterilizados podem ser retirados usando pinça ou luvas termo-isolantes.

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Quando esterilizar líquidos, deve-se usar frascos resistentes ao calor, frouxamente tapados e cheios
até, no máximo, da metade a capacidade total. Esses frascos devem ser colocados em uma estante
ou cesto para evitar derramamentos.

A pressão da câmara deve ser liberada lentamente, para evitar o derramamento do líquido por
excesso de ebulição. Os materiais não esterilizados em uso no laboratório pode ser fonte de
transmissão das infecções.

ATENÇÃO
Podemos encontrar mais detalhes nos Módulo de Exames Microbiológicos e
Parasitológicos.

e) O Microscópio

É um aparelho utilizado para visualizar estruturas minúsculas como as células (fig.10). O


Microscópio Óptico Composto (M.O.C) funciona com um conjunto de lentes (ocular e objectiva)
que ampliam a imagem transpassada por um feixe de luz.

Este tipo de microscópio, é constituido por uma parte mecânica e uma parte óptica. Cada parte
engloba uma série de componentes constituintes do microscópio.

A parte mecânica serve para dar a estabilidade e suportar a parte óptica. Esta parte é constituida
por:

- O Pé ou base: suporta o microscópio, assegurando a sua estabilidade.

- O Braço ou coluna: é uma peça fixa a base, na qual estão aplicadas todas as outras partes
constituintes do microscópio.

- O Tubo ou Canhão: é um cilindro que sustenta os sistemas de lentes, localizando-se na


extremidade superior a ocular e na inferior ao revólver com objectivas.

- A Platina: é uma peça circular, quadrada ou rectangular, paralela à base, onde se coloca a
preparação a ser observada, possui no centro um orifício circular ou alongado que
possibilita a passagem dos raios luminosos concentrados pelo condensador.

- O Parafuso Macrométrico: permite movimentos de grande amplitude, rápidos por


deslocação vertical da platina. É indespensável para fazer a focagem.

- O Parafuso Micrométrico: permite movimentos lentos da deslocação da platina para


focagens mais precisas.

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- O Revólver: é um disco adaptado na zona inferior do tubo que suporta duas a quatro
objectivas de diferentes ampliações. Facilita a substituição de uma objectiva por outras
colocando-as por rotação em posição de observação.

A parte óptica é constituído por:

- As Lentes das oculares: são um conjunto de lentes sobre as quais se coloca o olho.
Fornecem imagem virtual, ampliada e directa. O tamanho de aumento está gravado na sua
extremidade superior. Para o cálculo da ampliação total, multiplica-se a ampliação da
ocular pela da objetiva. Exemplo: ocular (10x) x objetiva (40x) = ampliação total de 400x.

- As Lentes da objetiva: são um conjunto de lentes que permite a ampliação da imagem de


um objecto qualquer. Estão
presas ao revólver que ao ser
girado vai mudando as
objectivas. Ela projecta uma
imagem real, ampliada e
invertida. O tamanho de
aumento da objectiva é
gravado na sua lateral.

Para uso da objectiva de imersão


(100x), deve-se utilizar inicialmente o
menor aumento e focalizar a
preparação. Em seguida, coloca-se
uma gota de óleo de emersão sobre o
centro iluminado da lâmina
lateralmente e controla-se o
abaixamento até que a objetiva toque o óleo. Terminando o estudo, deve-se limpar a lâmina e a
lente usando o papel toalha, ou um pano macio molhado em xilol ou álcool a 70%, entretanto, o
ideal é limpar com papel de lente.

- O Condensador: localiza-se por baixo da platina. É o conjunto de lentes cuja função é


concentrar a luz.

- O parafuso de Charriot: serve para locomover a lâmina para a direita ou esquerda e para
cima ou para baixo.

- O Diafragma: regula a intensidade luminosa no campo visual do microscópio.

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Como utilizar o microscópio

1. Ligar a fonte luminosa.

2. Colocar a lâmina com a preparação sobre a platina.

3. Com o auxílio do condensador e do diafragma obter uma boa iluminação.

4. Olhando pelo lado externo, gire o parafuso macrométrico de forma a aproximar a objectiva
de 10x o mais perto possível da preparação.

5. Olhando pela ocular, deve-se gire o mesmo parafuso no sentido inverso até obter uma
imagem nítida da preparação.

6. A seguir fazer o foco com a objetiva de 40x: gire o revólver colocando a objetiva de 40x
na direcção da preparação e focalizar com o auxílio do parafuso micrométrico.

7. Para uma ampliação maior, (objetiva de 100x), gire o revólver apenas o suficiente para
afastar a objetiva de 40x da preparação. Colocar uma gota de óleo de imersão sobre a
preparação.

8. Em seguida, gire o revólver de forma que a objetiva de 100x fique posicionada sobre a
preparação. Novamente, gire o parafuso micrométrico até obter o melhor foco do material.
Evitar o contacto do óleo de imersão com as objetivas de 10 e 40x, pois este pode danificá-
las.

Os Cuidados a ter com o microscópio

O microscópio deve estar em uma posição permanente, em uma mesa sólida e uma área livre de
vibrações. Se precisar de ser movimentado, o microscópio deve ser transportado cuidadosamente
com as duas mãos, pelo braço e pela base. Ele deve ser colocado suavemente nas bancadas ou
mesas para evitar vibrações. Após o uso, o microscópio deve ser guardado livre de poeira ou óleo
de emersão. Sempre com a menor objetiva e a platina totalmente levantada. Para limpar as lentes
e outros componentes de vidro, remova a sujidade por meio de sopro e depois passe suavemente
uma gaze limpa. Se a lente estiver suja com manchas de óleo, limpe suavemente com um pedaço
de gaze ligeiramente embebido em uma solução de limpeza (50% éter sulfúrico, 50% clorifórmio,
ou álcool a 70%).

ATENÇÃO
Mais detalhes sobre os cuidados podemos encontrar nos módulos de
Exames Parasitologicos e Hematológicos

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Estufa bacteriológica

São utilizadas nos laboratórios de investigação microbiológica e outros, para incubar a temperatura
constante (geralmente 36,5°C) por tempo variável, permitindo deste modo o crescimento e a
multiplicação dos microorganismos (figura 11).

f) O Banho-maria

Instrumento usado em laboratorios para aquecer lenta e uniformemente qualquer substância


líquida ou sólida submergido num outro recipiente (figura 12). Coloca-se água no Banho-maria
e esta é deixada a ferver ou quase e, em seguida, introduz-se neste o recipiente contendo a
substância a ser aquecida.

g) Aglutinoscópio

É empregue em análises onde o fenômeno de aglutinação esteja envolvido (figura 13). Este
dispositivo auxilia na visualização da aglutinação em lâminas, por exemplo. Este equipamento
possui aquecimento que atinge a temperatura de 37 °C, que é ideal para promover as pontes entre
os anticorpos IgG e os respectivos sítios antigênicos durante as análises de exames clínicos.

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A luz emitida por este aparelho possibilita a integração e homogeneização dos eritrócitos com soro
anti-Rh (D) na determinação de factor Rh (D). Além disto, este equipamento oferece uma
visualização prática da aglutinação na lâmina devido ao calor e da uz incidida.

ATENÇÃO
Mais detalhes sobre Aglutinoscópio encontraremos no Módulo de
Banco de Sangue

h) Cabines de Segurança Biológica (CSB)

Também chamadas de capelas de fluxo laminar são equipamentos que têm como função principal
reter partículas contaminantes de dimenções
microscópicas; portanto, servem para proteger a
amostra, o profissional e o ambiente laboratorial dos
aerossóis potencialmente infectantes que podem se
espalhar durante a manipulação de amostras (figura
14).

Alguns tipos de cabine protegem também o produto


que está sendo manipulado do contacto com o meio
externo, evitando contaminações. Para o uso das Figura 14˸ A Cabine de segurança biológica
Fonte: Cortesia do laboratório do ICSM
CSB, recomenda-se o seguimento das instruções do
fornecedor.

i) As Pipetas

São usadas para medir e transferir líquidos rigorosamente e, as mais comuns são: as volumétricas,
graduadas, automáticas e de Pauster.

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 A pipeta graduada é um tubo longo e estreito, aberto nas duas extremidades, marcado
com linhas horizontais que
constituem uma escala graduada.
Utilizam-se para medição e
transferência de volumes variáveis de
líquidos e apresentam uma precisão
inferior a pipeta volumétrica.
Figura 15˸ A Pipeta automática ou micropipeta
Fonte: Cortesia do laboratório do ICSM
 A pipeta volumétrica é um tubo
com uma ponta superior mais larga, um bulbo oval ou redondo no meio e a outra ponta
afunilada. Elas são usadas sempre que a exatidão da transferência de um volume é
necessária.

 A Pipeta automática e micropipeta são feitas de plástico e são usados para transferir
volumes prefixados por premer e pressinonar um botão na pipeta (figura 15).

DEFINIÇÃO A pipeta de Pasteur é um utensílio de plástico, semelhante a um conta-gotas,


geralmente formado por um tubo de ponta afinilada. São utilizados para
adicionar um líquido gota a gota.
Procedimento para o uso de Pipetas

1. Introduzir a ponta inferior da pipeta (ponta da pipeta) no líquido, nem superficialmente,


nem profundamente demais, ou seja, no meio da solução ou líquido que deseja transferir;

2. Aspirar o líquido até uma altura superior a marca de aferição ou ao “Zero”, quer para pipeta
volumétrica, assim como para a pipeta graduada.

3. Vedar a parte superior da pipeta volumétrica com o dedo indicador impedindo a liberação
do líquido. Certificar que não há bolhas no líquido e nem espuma em sua superfície. Retirá-
la do líquido, e inclinar um pouco enxugando a parede externa com papel absorvente.

4. Tocar a ponta da pipeta volumétrica no recipiente para ajustar o nível do líquido ao traço
de referência superior ,deixando o líquido escoar vagarosamente dando uma ligeira folga
na pressão exercida pelo seu dedo indicador, deixando-a na posição vertical.

5. Então, coloque a ponta da pipeta dentro do frasco receptor (onde se deseja transferir o
líquido) e deixe o líquido escorrer vagarosamente como descrito acima, até o volume
desejado. A seguir vede novamente a parte superior com o indicador e retire a pipeta do
frasco receptor.

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j) O Espetofotómetro

É um instrumento usado na medição quantitativa da absorção da luz pelas soluções (figura 16).

Figura 16˸ O espetofotómetro


Fonte: Cortesia do laboratório do ICSM
ATENÇÃO
Mais detalhes sobre espetofotómetro encontraremos no Módulo de
Exames Bioquímicos.

ii. Materiais do Laboratório Clínico


Os utensílios mais usados nos laboratórios são geralmente feitos de vidro (vidraria), de
porcelana, de metal e algum material de plástico.

a) A Água para o uso Laboratorial

A água da torneira não é adequada para o preparo dos reagentes a ser usados no laboratório porque
contém impurezas ou bactérias. As impurezas podem alterar os resultados laboratoriais,
diminuindo ou aumentado os seus valores. As bactérias podem inativar reagentes, contribuir para
a contaminação orgânica total, ou alterar as propriedades ópticas das soluções de ensaio.

O laboratório deve definir o tipo de água necessária para cada um dos seus procedimentos, e deve
ter um fornecimento adequado da mesma.

São defininidos os seguintes tipos de água:

1. Água Reagente para Laboratório Clínico (CLRW), adequada para a maioria dos
procedimentos de laboratório;

2. Água Especial Reagente (SRW), definida para um laboratório com procedimentos que
precisam de especificações diferentes do que CLRW;

3. Água Purificada Engarrafada Comercialmente que pode ser adequada para alguns
procedimentos laboratoriais.

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A qualidade (especificações) de água do laboratório, seja preparada no laboratório ou comprada,


deve ser verificada e documentada pelo menos anualmente. A acção correctiva deve ser
documentada se a água não cumprir os critérios de aceitabilidade.

Em Moçambique, a água destilada é a mais usada para a preparação dos reagentes e na realização
dos procedimentos laboratoriais.

b) Material de Vidro ou Vidraria

A vidraria são materias de rotina na maioria dos laboratórios e vem em vários tamanhos e forma.
A vidraria do laboratório tem duas composições básicas: o Cristal e borossilicatos. O Cristal tem
baixa resistência ao calor e produtos químicos, mas é barato. É usado muitas vezes para fazer
recipientes descartáveis do laboratório. O vidro de borossilicato é de alta resistência térmica e não
reage com a maioria dos produtos químicos. Pyrex e Kimax são marcas de vidro borossilicato
usualmente empregue no fabrico de béquer, frascos e outros artigos. Existem alguns recepientes
que são escurecidos/âmbar a fim de armazenar compostos que reagem com a luz.

A vidraria mais comum em laboratórios inclui as garafas, Béqueres, Balão de Erlenmeyer, Balão
volumétrico, Provetas (cilindros graduado), tubos de ensaio, Termómetro, vidro de relógio, funil
e vareta.

Garrafas

São recipientes usados para o armazenamento de regentes (figura 17). Existem garrafas de vários
tamanhos e tipos. O tamanho da garrafa não deve ser muito maior que a capacidade de volume
para o reagente. Garrafas escuras/âmbar são para o armazenamento de reagentes fotossensíveis
(figura 18). Os reagentes fotossensíveis se não forem armazenados em recipientes apropriados
podem perder as suas propriedades químicas.

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O Béquer (copo de precipitação)

São recipientes cilíndricos de boca larga e um bico para derramar líquidos (figura 19). Cada
Béquer é rotulado para indicar a sua capacidade máxima em mililítros. São usados para o
aquecimento de líquidos e para efectuar reacções de precipitação. Também podem ser utilizados
para medições de rotina e mistura. Possuem apenas 10% de exactidão.

O Balão de Erlenmeyer

Possui um fundo chato e lados inclinados que gradualmente se aproximam no diâmetro, de modo
que a abertura do topo é semelhante a uma garrafa (figura 20). A abertura pode ser lisa, e a tampa
pode ser uma rolha ou rosca. Este balão pode ter a capacidade de 10ml á 4.000ml. São usados para
conter soluções ou para medir volumes não críticos. Podem ser usados na preparação, mistura e
armazenamento de soluções por curto período de tempo.

O Balão Volumétrico

É um frasco em forma de pêra usado para fazer medidas críticas, isto é, medidas que requerem
exactidão (figura 21). Estes balões são produzidos de acordo com os padrões rígidos e garantidos
para conter um certo volume a uma particular temperatura. A capacidade é marcada no frasco,
junto a temperatura de calibração. Uma linha é colocada no gargalo do frasco para marcar o nível
correcto de enchimento.

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Proveta

É de paredes lisas e rectas com base estendida


para dar a estabilidade (figura 22). As provetas
são usadas no laboratório para fazer medições
não críticas e são disponíveis na capacidade de
5 á 2.000ml.

As marcações na lateral indicam a capacidade


total e várias graduações em ml. Os líquidos
são medidos em uma proveta colocando-se o
líquido até que o fundo do menisco esteja no
nível de marcação do volume desejado. Pode
também ser usado para preparar soluções.

Tubos de Ensaio

São obtidos em uma variedade de tamanhos e formas, são usados em muitas técnicas do laboratório
(figura 23). A maioria das análises são realizadas no
tubo de ensaio, podem também ser empregues para
fazer reacções em pequena escala, principalmente nos
testes de reacção em geral. As vezes, um método de
teste exige que seja aquecido o tubo e para este caso, o
ensaio deve ser realizado sempre em tubos de vidro
termoresistente.

O Termómetro

É um instrumento conhecido mesmo fora do âmbito laboratorial, que é utilizado para medir a
temperatura em diversas situações (figura 24).

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Vidro de Relógio

É um prato côncavo que pode ser utilizado para dissolver materiais tais como cristais. Pode
também ser utilizado na pesagem de alguns produtos com características especiais (figura 25).

Funil

É um utensílio conhecido mesmo fora do âmbito dos laboratórios (figura 26). É utilizado para
introduzir alguns pós e líquidos dentro de recipientes de colo estreito ou para filtrar líquidos através
de papel de filtro. Pode ser fabricado com outros materiais.

4.3. Outros Materiais em uso nos Laboratórios Clínicos

Material de Porcelana

O mais comum no laboratóro clínico é o cadinho e o almofariz com pistilo. O almofariz com
pistilo, pode ser fabricado com outros materiais. São recipientes destinados á trituração de
materiais sólidos, (figura 27).

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Cadinho

Cadinho é um pequeno recipente com forma de pote, utilizado para aquecer sólidos a temperaturas
bastante elevadas (Figura 28). Estes podem ser feitos de metal ou de cerâmica mas nos
laboratórios é mais comum encontrarem-se cadinhos de carâmica, especialmente de porcelana. Os
cadinhos são, habictualmente, reutilizáveis.
No entanto, certas reações químicas podem
danificar o cadinho, pelo que, nestes casos,
deve ser descartado.

Os cadinhos são aquecidos, normalmente, por


contacto directo de uma chama de um bico de
bunsen.

Apesar de muito resistentes a elevações de


temperatura, os cadinhos não possuem uma
grande resistência mecânica, pelo que é
necessário cuidado ao escolher um suporte para os sustentar.

Habitualmente, a melhor solução é o uso de tripé e, o que confere ao cadinho mais estabilidade e
menores alterações bruscas de temperatura.

c) Material de Metal

O material de metal usado no laboratório pode ser classificado como material de suporte e para
manuseamento. No grupo de material de suporte destacam-se materiais como, suporte de tubos
de ensaio, rede metálica, tripé e pinça metálica.

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Suporte de Tubos de Ensaio

É utilizado para manter os tubos de ensaio na posição vertical, (figura 29). Os tubos deverão ser
mantidos de boca para baixo, quando não estão a ser utilizados.

Rede Metálica

Apresenta um formato quadrado de malhas finas que trazem na parte central um disco de amianto
preso nas próprias malhas da rede, que concentra o calor e não arde (figura 30). Constitui a rede
onde assenta o recipiente a ser aquecido, e sob a qual é colocada a fonte de aquecimento a gás.

Tripé

É feito de ferro, cujo anel superior suporta uma rede metálica ou uma placa de “ceran” (figura
31).

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Pinça Metálica

Destina-se a sustentar o tubo enquanto se aquece para evitar que o experimentador se queima
(figura 32). No grupo de Material de manuseamento destaca-se o Bico de Bunsen e a espátula.

Bico de Bunsen

É um queimador de gás que tem particular vantagem de permitir modificar o poder calorífico da
sua chama com o simples manuseamento de uma anilha (figura 33).

Esta anilha é móvel na base da chaminé do queimandor e possui dois orifícios que se podem fazer
acertar, ou não, com os outros dois abertos na dita base da chaminé. Quando se acerta a anilha
torna-se fácil o acesso do ar para a combustão do gás que entra no bico de Bunsen próximo desse
nível. A chama obtida é obscura e muito quente. Se os orifícios não se acertam, o acesso do ar é
insuficiente, o combustível arde mal e a chama torna-se luminosa e pouco quente.

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Nos trabalhos do laboratório, os estudantes deverão empregar a chama obscura por ser a mais
quente, mas deverão ter o cuidado de rodar a
anilha e tornar a chama luminosa sempre que
tiverem o bico aceso, mas que não estejam a
utiliza-lo.

Faz-se esta recomendação porque muitas vezes os


alunos se esquecem que o bico está aceso em
virtude de não distinguirem bem a chama obscura
à luz do dia e daí resulta que se queimam
inadvertidamente. O bico de Bunsen apaga-se fechando a torneira do gás e não rodando a anilha.
O movimento da anilha só influi nas qualidades da chama. O mais detalhe no módulo de testes
Microbiológicos.

Espátula

É uma pequena pá de metal (ou de outro material) que serve, por exemplo, para retirar substâncias
sólidas do interior dos frascos, e para outros efeitos semelhantes (figura 34).

Agulhas hipodérmicas

São tubos cilíndricos ocos, utilizados como componentes de equipamentos ou como um meio
através do qual passam fluidos (figura 35). Geralmente são feitas da tubulação de aço inoxidável.
O uso de agulha hipodérmica e seringa é o meio mais comum de colher amostras de sangue. Ela é
composta em partes denominadas de canhão, protector e cânula, este que termina pela ponta
afiada bísel. O Canhão é fabricado em cores diversas que seguem padrão universal e identificam
os calibres das agulhas. Permite acoplamento fácil e seguro ao bico das seringas, proporcionando

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segurança e eficácia na colheita do sangue e em outras actividades. O Protector protege a agulha


de possíveis danos até o momento do uso e garante a esterilidade do conjunto por cinco anos, além
de garantir a centralização da cânula no canhão.

A Cânula é um tubo fabricado a partir de uma fita de aço inoxidável, que vem colado no canhão.
A extremidade externa deste tudo é cortada de acordo com a finalidade de uso da agulha. Elas são
classificadas pelo seu diâmetro externo e espessura da parede, também conhecido como o tamanho
do calibre.

A escolha da agulha hipodérmica de


um calibre que permita sua cômoda
penetração nas veias mais
proeminentes, com pequeno
desconforto é importante. A espessura
(calibre) é consoante a viscosidade do
fluído e o calibre da veia/artéria que se
quer alcançar.

A agulha hipodérmica se for muito


grande para a veia a qual se destina, a agulha dilacerará o vaso e causará sangramento (hematoma);
se for muito pequena, lesionará as hemácias durante a colheita, e os exames de laboratório que
requerem glóbulos de sangue total ou hemoglobina e plasma livre serão inválidos.

A colheita do sangue para transfusão requer um calibre maior do que o usado para colheita de
sangue .Para a colheita de sangue, se o flebotomista utilizar uma agulha de comprimento menor
do que o adequado para o perfil corpóreo do utente/paciente, a colheita pode ficar comprometida.

Nesta situação, principalmente, quando se trata de pessoas obesas que possuem uma camada de
tecido de gordura mais espessa, a agulha pode não ter comprimento suficiente para alcançar as
veias e a aplicação acaba sendo feita no tecido subcutâneo.

Uma seringa é um equipamento de bombeamento, usado por profissionais da área da saúde para
inserir substâncias líquidas por via intravenosa, intramuscular, intracardíaca, subcutânea,
intradérmica, intra-articular; retirar sangue; ou, ainda, realizar uma punção aspirativa em um
paciente ﴾Figura 36﴿.

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d) O Material de Plástico

Os recipientes de plástico são úteis no laboratório porque são resistentes a impactos e corrosão. O
plástico não liberta iões como certos tipos de vidros, mas pode fixar e passar por lixivia e solutos.

Os plásticos não são afectados pela maioria de soluções aquosas. Muitos recipientes usados
actualmente em laboratório têm como matéria-prima o plástico, por ser um material mais barato e
durável. As soluções alcalinas devem ser armazenadas em recipientes plásticos.

A desvantagem destes recipientes é de não ter uma grande estabilidade química e é pouco
permeável ao vapor de água e a corantes. Os exemplos mais comuns de materiais de plástico
udados no laboratório incluem a
garrafa de esguicho e as placas
de Petri.

Garrafa de Esguicho

É uma garrafa plástica que


esguicha o líquido nele contido,
quando se apertam com a mão
(figura 37). É usado para lavagens
de materiais ou recipientes através
de jatos de água, álcool ou outros
solventes. É costume ter esguicho
na mesa de trabalho.

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Placa de Petri

A Placas de Petri, podem ser fabricadas com outros materiais (figura 38). Servem para fazer
cultura de bactérias e de fungos, ou actuam como pequenos ambientes fechados para insectos ou
germinação de sementes, ou até como recipientes para amostras.

ATENÇÃO No laboratório, também utiliza-se material de boracha, como as peras de borachas

e tetinas, que servem para introduzir líquidos em pipetas graduadas e em pipetas


de pausters respectivamente.

4.4. Cuidados a ter com o material do laboratório


O material de laboratório de qualidade é caro e deve ser manipulado com cuidado. A vidraria é um
item de rotina na maioria dos laboratórios, mas pode causar ferimentos. Somente vidraria isenta
de estilhaçamento e libertação de camadas devem ser usadas, vidraria partida está fragilizada e
pode resultar em ferimentos para o usuário. Os vidros partidos devem ser recolhidos do local com
uma escova e pá ou pano de limpeza, nunca com as mãos desprotegidas.

A vidraria não deve ser descartada para o lixo comum, mas em uma caixa de cartão rígido ou
recipientes especialmente feitos para esse fim. A vidraria limpa e seca deve ser guardada em um
lugar que ofereça protecção contra poeira, quebra acidental e humidade.

Sempre que possível os frascos de vidro devem ser substituídos por materiais plásticos. As pipetas
com pontas rachadas ou partidas não são precisas e devem ser descartadas.

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A lavagem do material do laboratório

O material do laboratório descartável foi idealizado para ser usado uma só vez e descartado
imediatamente após o uso. A outra parte do material deve ser lavada antes de ser usada. Para ter
resultados precisos e de qualidade, somente o material do laboratório isento de detergentes ou
soluções contaminantes deve ser usado. Os resíduos de detergentes ou produtos químicos são
nocivos aos resultados dos testes.

Os problemas de limpeza podem ser evitados se o material do laboratório for enxaguado


imediatamente após o seu uso e deixado mergulhado em uma solução de detergente suave até que
seja lavado. As Substâncias secas em recipiente são difícil de remover, mas depósitos resistentes
podem ser removidos após deixar mergulhado em um detergente de laboratório.

O Material do laboratório usado para amostras biológicas ou substâncias deve ser descontaminado
antes da lavagem, colocando-os de molho em um desinfectante adequado. A vidraria do
laboratório deve ser lavada com um bom detergente, usando uma escova, se necessário e enxaguar
com bastante água, seguidas de duas ou três lavagens com água destilada. A lavagem pode ser
feita à mão, usando luvas de limpeza.

RESUMO
O laboratório clínico é um lugar no qual são testados, analisados ou avaliados amostras biológicas
ou de origem biológicas tais como: sangue, líquidos corpóreos (Líquido ascítico, líquido pleural,
líquido cefalo-raquidiano), etc.

O número de departamentos ou sectores do laboratório clínico depende do tamanho do mesmo.


Geralmente os laboratórios clínicos possuem os seguintes sectores: Recepção/ aceitação e
colheita de amostras, Hematologia e Banco de Sangue, Bioquímica e Microbiologia.

Os laboratórios organizam-se para atender as pessoas segundo os níveis de atenção em: primário,
secundário, terciário e quaternário.

O tipo de equipamento e o material usado no laboratório clínico é determinado pelo seu tamanho,
o número e variedade de exames efectuados.

As instruções de uso do equipamento e materiais fornecidos pelo fabricante devem ser seguidas.
O fluxograma das actividades do laboratório inicia após a entrega da requisição por parte do clínico
ao doente. Uma vez recebido do doente o pedido de exame no sector de recepção, a amostra

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adequada será colhida, registada e identificada através de um código que é usado durante o
processamento da mesma.

Em seguida, as amostras colhidas ou recebidas e registadas no sector de recepção, são


encaminhadas para diversos sectores de acordo com o exame solicitado onde posteriormente serão
analisadas, registadas os resultados obtidos e finalizado pela entrega destes resultados ao doente.

A água da torneira não é adequada para o preparo dos reagentes para o uso no laboratório porque
contém impurezas ou bactérias, devendo o laboratório, definir o tipo de água necessária para cada
um dos seus procedimentos, e deve ter um fornecimento adequado da mesma.

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 1 Listagem e descrição do funcionamento dos departamentos do
laboratório clínico
Duração 30 minutos
Objectivos:
- Listar os departamentos do laboratório clínico
- Descrever o funcionamento dos departamentos do laboratório clínico
Conteúdos de referência
Os Departamentos do laboratório clínico
O Funcionamento dos departamentos do laboratório clínico
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos organizam-se em grupos e fazem a discussão. Alguns grupos listam os
departamentos clínicos.
No final da discussão, os grupos apresentam os trabalhos no quadro.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Elogiar o aluno e faz a sintese das apresentações dos alunos.
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Sala de aulas usando marcadores e papel gigante
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a aula. Avalia a assimilação dos
conteúdos por parte dos alunos

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Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE nº 2 Realização da focagem e desfocagem com a objectiva de 40x do
microscópio para visualizar as células patentes na lâmina.
Duração 2h
Objectivos:
- Realizar a focagem e desfocagem do microscópio
Conteúdos de referência
- Instrumentos e materiais do laboratório
- Funciomento do microscópio óptico
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- O aluno liga o microscópio, e coloca a lâmina com a preparação sobre a platina.
- Com o auxílio do condensador e do diafragma, o aluno obtem uma boa iluminação.
- O aluno gira o parafuso macrométrico e apróxima a objetiva de 10x o mais perto da
lâmina.
- Olhando pela ocular, o aluno gira o mesmo parafuso no sentido inverso até obter uma
imagem nítida da preparação.
- A seguir, o aluno gira o revólver colocando a objetiva de 40x na direcção da preparação
e focaliza com o auxílio do parafuso micrométrico.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Elogia o aluno e faz o resumo da colheita do sangue capilar
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Lâminas microcópicas e Lancetas
- Esguicho com álcool a 70% e algodão
- Microscópio óptico
- Pops de colheita, cloração e observação de sangue capilar
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Habilidades durante o manuseio do microscópio

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Mota, V.; (2009); Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações, 5ª


edição, Editora Científica Limitada.

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2. Moura, R; Wada, C. Purchio, A. DE Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório. 3ª


edição, Atheneu; São Paulo.

3. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed,.

4. Xavier, R; Dora, J. De Sousa, C. Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática Clínica:
Consulta rápida, 2ª edição. Editora ABDR.

Documentos oficias consultados

 Ministério de saúde; (2012); Plano estratégico do sector saúde.

 Ministério de saúde; (2011); Introdução ao laboratório: manual de procedimentos práticos


para técnicos de laboratório, 1a edição; maputo.

 Ministério de saúde; (2011); Técnicas de laboratório, 1a edição; Maputo.

SITES CONSULTADOS:

1. Estratégias de ensino usando um microscópio. Disponivel


em:http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/usando-um-
microscopio.htm
2. A avaliação do ciclo de vendas se sofistica. Disponivel
em:http://webinsider.com.br/2014/12/16/a-avaliacao-do-ciclo-de-vendas-se-
sofistica/ (de 6/12/2014)

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UNIDADE DIDÁCTICA 2

A BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL

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ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ____________________________________________________________________ 53


INTRODUÇÃO __________________________________________________________________________ 54
1. A BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL ____________________________________________ 55
Os equipamentos de proteção individual-EPI ____________________________________ 56

Os Equipamentos de proteção colectiva (EPC) ___________________________________ 59

2. A SINALIZAÇÃO USADAS NO LABORATÓRIO ___________________________________ 60


3. AS NORMAS DE BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL ____________________________ 62
4. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS SEGUNDO O NÍVEL DE
BIOSSEGURANÇA _____________________________________________________________________ 63
Níveis de Biossegurança (NB) ________________________________________________ 64

5. INFECÇÃO, VIAS DE TRANSMISSÃO E DOSE DE INFECÇÃO ____________________ 66


6. PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA PARA INCIDENTES POR EXPOSIÇÃO _____ 68
FLUXOGRAMA DE REPORTE DE ACIDENTES RESULTANTES DA EXPOSIÇÃO
OCUPACIONAL ____________________________________________________________ 69

7. AS PRECAUÇÕES UNIVERSAIS PARA PREVENÇÃO DE CONTAMINAÇÃO DOS


TRABALHADORES DE SAÚDE ________________________________________________________ 69
8. A BIO-PROTECÇÃO ________________________________________________________________ 74
9. SISTEMAS DE CONTROLO DE SEGURANÇA COM VISTA A GARANTIA DA
INTEGRIDADE DA AMOSTRA _________________________________________________________ 75
10. O CONTROLO E RESPONSABILIDADE PELO MATERIAL BIOLÓGICO ___________ 75
Actividades de ensino-aprendizagem ___________________________________________ 76

Actividades de ensino-aprendizagem ___________________________________________ 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________________________ 78

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OBJECTIVO GERAL

Aplicar as normas de Biossegurança no Ambiente Hospitalar e Laboratorial

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o estudante será capaz de:


- Classificar o material de protecção individual e colectiva;
- Identificar os sinais usados no laboratório;
- Descrever as normas de Biossegurança;
- Descrever os tipos de riscos laboratoriais;
- Classificar os laboratórios segundo os níveis de biossegurança;
- Descrever as potenciais formas de transmissão de infecções;
- Simular um plano de resposta a acidente laboral;
- Identificar as regras de notificação e registo de acidentes laborais;
- Explicar as normas de protecção das amostras biológicas;
- Demonstrar as técnicas de limpeza, desinfecção e esterilização;
- Descrever as normas de transporte, armazenamento e descarte de materiais biológicos.

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INTRODUÇÃO

Os laboratorios clínicos expõe as pessoas que trabalham nele á riscos de diversas origens. Para
minimizar as consequências destes riscos é necessário tomar um conjunto de medidas ou acções.
Nesta unidade, o estudante irá discutir os factores-chaves que determinam a virulência, os
principais potenciais de risco no laboratório, equipamentos de protecção individual e colectiva,
normas de biossegurança laboratorial, classificar os laboratórios consoante o nível de
biossegurança. Também terá oportunidade de desenhar o fluxograma de reporte de incidentes
resultantes da exposição ocupacional.
De forma geral, a presente unidade didáctica apresenta onze capítulos, onde:
- O primeiro capítulo aborda a temática de biossegurança laboratorial, onde falaremos dos
riscos físicos, químicos, biológicos e também os equipamentos de protecção usados em
laboratórios.
- O segundo destaca as sinalizações usadas, dentre elas, as sinalizações de alerta, de produtos
inflamável, etc.
- O terceiro capítulo descreve as normas de biossegurança em laboratório.
- O quarto capítulo teremos o tema sobre a classificação dos laboratórios segundo o nível de
biossegurança.
- No quinto capítulo a abordagem será feita em volta da infeção e as vias de transmissão e
dose de infeção.
- No sexto capítulo, iremos desenvolver a temática sobre procedimentos de emergência para
incidentes por exposição.
- No sétimo capítulo iremos descrever o fluxograma de reporte de acidentes resultantes da
exposição ocupacional.
- No oitavo capítulo aborda as precauções universais para prevenção de contaminação dos
trabalhadores de saúde.
- N nono capítulo da unidade faz a abordagem dos dois grandes conceitos, a Biossegurança
versus Bioproteção.
- No décimo capítulo a abordagem será focalizada nos sistemas de controlo de segurança
com vista a garantia da integridade da amostra.
- E por fim, temos o último capítulo, décimo primeiro, sobre o controlo e responsabilidade
pelo material biológico.

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1. A BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL
DEFINIÇÃO A Biossegurança é o conjunto de medidas ou acções voltadas para a prevenção,
controlo, minimização ou eliminação dos ríscos presentes nas actividades de
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de
serviços que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, a
preservação do meio ambiente e/ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
Os profissionais e outros usuários do laboratórios estão expostos a vários riscos, ou seja, estão
expostos a ameaça ou perigo de determinada ocorrência. Estes riscos, no ambiente laboratorial,
pode ser classificado em físicos, químicos, ergonómicos e biológicos.
O risco físico é aquele que é causado após a exposição aos agentes de risco físico. Consideram-se
agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores,
tais como: ruído, calor, frio, pressão, humidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração,
entre outros.
O risco químico é aquele que é causado após a exposição aos agentes de risco químicos.
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias que possam penetrar no organismo do
trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, gases, vapores, ou que seja, pela
natureza de actividade, de exposição, possam ter contacto ou ser absorvidos pelo organismo
através da pele ou por ingestão.
A maioria dos reagentes usados em laboratorio clinico, encontram – se neste grupo de risco.
O risco biológico é aquele que é causado após a exposição aos agentes de risco biológico.
Consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias, vírus, fungos, parasitas, entre outros.
Os Ríscos Ergonómicos é aquele que é causado após a exposição aos agentes de risco ergonómico.
ATENÇÃO
Mais detalhes relacionados a riscos ergonomicos na Unidade Didática 05
deste módulo

O objectivo principal da biossegurança é criar um ambiente de trabalho onde se promova a


contenção do risco de exposição a agentes potencialmente nocivos ao trabalhador, pacientes e meio
ambiente, de modo que este risco seja minimizado ou eliminado.

Uma das principais normas de biossegurança em laboratórios diz respeito ao uso de equipamentos
de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção colectiva (EPC).

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Os equipamentos de proteção individual-EPI

Os EPIs funcionam como barreira contra a transmissão de microrganismos devendo ser utilizados
de acordo com o tipo de actividade realizada e o risco de exposição aos patógenos. Os
equipamentos de proteção individual (EPI) são aqueles que conferem proteção individual ao
trabalhador ou manipulador. Nesta situação a proteção é específica para um determinado
indivíduo. São considerados EPI: as luvas, máscaras, óculos de proteção, toucas, batas e
sapatos.
Luvas
Protegem as mãos contra os materiais infecciosos e protegem os pacientes do contacto com
microrganismos presentes nas mãos do profissional de saúde. O profissional de saúde que não
calça as luvas para a realização de procedimento pode estar exposto a risco á infeccções pelos
microrganismos que o paciente ou a amostra transporta. As luvas mais comuns no laboratório
incluem as luvas de procedimentos, luvas cirúrgicas e luvas de borracha.

Luvas de Procedimentos
Que são de látex (borracha natural) ou de material sintético (vinil), servem para manipulação de
materiais potencialmente infectantes (figura 1). As
luvas de procedimentos devem ser usadas em todos
os procedimentos, desde colheita, transporte,
manipulação até o descarte das amostras biológicas,
pois elas são uma barreira de protecção contra os
agentes infecciosos. São vendidas em caixinhas
contendo 100 pares, que podem ser de diferentes tamanhos (S, M, L e XL).

Luvas Cirúrgicas
São luvas estéreis, ou seja, totalmente livres de
microorganismos, que são vendidas embaladas em
pares, havendo uma técnica correta de colocação das
mesmas. (figura 2). Usadas muito mais nas
cirurgias ou em outros procedimentos invasivos.
As luvas de borracha são grossas e antiderrapantes,
servem para manipulação de resíduos ou lavagem de
materiais ou procedimentos de limpeza em geral (figura 3). Estas luvas podem ser usadas para a
manipulação de materiais submetidos a aquecimento ou congelamento, como procedimentos que

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utilizem estufas para secagem de materiais, banho-maria, câmaras frias, freezer para conservação
de amostras, além de outros. As luvas de borracha são resistentes à temperatura e podem ser
reutilizadas. A escolha de luvas para o
uso laboratorial depende dos
procedimentos técnicos que o
profissional pretende realizar. Por
exemplo, para realizar a colheita venosa
de sangue, aconselha-se o uso de luvas
de procedimentos e para fazer limpeza
nos sectores do laboratório, aconselha-
se o uso de luvas de borracha.

ATENÇÃO
Seguir os procedimentos de Calçar e Remover as Luvas.

Bata

Protege a roupa e a pele do profissional, da contaminação por sangue, fluidos corpóreos, salpicos
e derramamentos de material infectados, que pode ocorrer desde colheita, transporte, manipulação
e descarte de amostras clínicas. É importante que a bata seja colocada assim que o profissional
entre no laboratório, e permaneça com ele o tempo todo, porém ao ir a cantinas, refeitórios, bancos,
bibliotecas, auditórios, outros, ele deve ser retirado, pois são áreas não contaminadas e a bata pode
levar agentes biológicos para estes locais.

A bata deve ser confeccionada em tecido resistente (feito de algodão) à penetração de líquidos,
com comprimento abaixo do joelho e mangas longas, pode ser descartável ou não. Caso não seja,
deve ser resistente à descontaminação e autoclavação. A limpeza da bata deve ser feita na própria
lavanderia do hospital, caso esse serviço não esteja disponível para o profissional da saúde, o ideal
é que primeiramente a bata seja autoclavado e depois levada para casa, esse procedimento não gera
riscos de contaminação.

Máscara

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Deve ser utilizada em todas as actividades que envolvam a formação de aerossóis ou suspensão de
partículas como pipetagem, centrifugação,
execução de raspados epidérmicos, semeadura
de material clínico, entre outros.

Existem diversos tipos de mascaras que devem


ser usados de acordo com o matererial expostos.
Por exemplo, na manipulação de amostras
contendo agente infeccioso da tuberculose, deve-
se usar a máscara N95 ou N99 (figura 4) e, na Figura 4˸ Aplicando a Máscara N95.
Fonte: Cortesia de Laboratório do ICSM
manipulação de outras amostras que envolvam
ou não a formação de aerossóis é aconselhável o uso da máscara descartável (figura 6).

Óculos de Protecção

Servem para proteger os olhos dos salpicos das amostras durante o manuseamento. Estes óculos
devem ser de material rígido e leve, com cobertura completa da área dos olhos (figura 5).

Os óculos de grau não substituem os óculos de


proteção. É importante o uso dos óculos com a
máscara, pois protegem todo o rosto. Após o uso,
lavar os óculos com água e sabão e fazer a
desinfecção com álcool etílico70%.

Touca ou Barrete
Figura 5˸ Óculos de Protecção.
Serve para manter preso o cabelo para evitar Fonte˸ Cortesia de Laboratório do ICSM.

contacto com materiais biológicos ou químicos(figura 6). Em alguns sectores o uso da touca é
obrigatório.

Os usuários do laboratório para além do EPI, devem incluir os vestuários como, os sapatos e
calcas. Os sapatos devem ser fechados, confortáveis, de material sintético impermeável, não
poroso e resistente, para impedir lesões, no caso de acidentes com materiais perfuro-cortantes,
substâncias químicas e materiais biológicos.

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Os sapatos, podem ser, em algumas situações, ser


individuais.

As calças devem ser compridas e confeccionado em


tecido resistente. Em alguns sectores o uso do
avental é obrigatório.

Os Equipamentos de proteção colectiva


Figura 6: Máscara descartável.
(EPC) Fonte: Cortesia de Laboratório do ICSM

Os EPCs são dispositivos, sistemas ou meios fixos ou móveis de abrangência colectiva, destinado
a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores usuários e terceiros. Os Equipamentos
de Proteção Colectiva adoptados serão específicos ao tipo de risco encontrado no ambiente de
trabalho, podendo ser implementado praticamente em toda actividade produtiva. Exemplos: A
cabine de segurança biológica, Chuveiro de emergência, Lava-olhos, Extintores de incêndio,
Sinalização, entre outros.

Cabines de Segurança Biológica (CSB)

Também chamadas de capelas de fluxo laminar são equipamentos utilizados para proteger o
profissional e o ambiente laboratorial dos aerossóis potencialmente infectantes que podem se
espalhar durante a manipulação. Os detalhes sobre a cabine de segurança biológica estão
descritos na unidade didática I deste módulo. Normalmente, este equipamento encontra-se em
microbiologia e deve ser utilizado de acordo com
as orientações do Pop.

Chuveiro de Emergência

É utilizado em casos de acidente em que haja


projeção de grande quantidade de sangue,
substâncias químicas ou outro material biológico
sobre o profissional (figura 7). O jato de água
deve ser forte e acionado por alavancas de mão,
cotovelos ou joelhos, para possibilitar a remoção
imediata da substância reduzindo os danos para o indivíduo. Este deve estar localizado em locais
de facil acesso para todos os funcionários.

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Lava-Olhos

É um equipamento utilizado para acidentes na mucosa ocular, o jato de água também deve ser
forte e dirigido aos olhos (figura 8). Quando ocorrer acidente com derrame de material nos olhos,
estes devem ser lavados por, no mínimo 15 minutos, para remoção da substância, reduzindo danos
ao indivíduo. Em geral o lava-olhos é instalado junto dos chuveiros ou junto das pias do
laboratório, porém a proteção com óculos pode evitar esses tipos de acidentes, que às vezes pode
levar a danos irreversíveis. Os chuveiros e os lava-olhos devem ser limpos semanalmente.

Extintores de Incêndio

Usados em laboratórios. Estes podem ser: extintor de água (mangueira) para fogo em papel e
madeira; extintor de dióxido de carbono (pó químico ou espuma) para fogo em líquidos ou gases
inflamáveis; extintor de dióxido de carbono (pó químico seco) para fogo em equipamentos
elétricos. A manta ou cobertor serve para abafar ou envolver a vítima de incêndio, é confeccionado
em lã ou algodão grosso, não pode ter fibras sintéticas.

O balde com areia ou absorvente granulado, é derramado sobre substâncias químicas perigosas
como álcalis para neutralizá-lo. Este deve estar localizado em locais de fácil acesso para todos os
funcionários (corredores, salas aberta, entre outros).

2. A SINALIZAÇÃO USADAS NO LABORATÓRIO


DEFINIÇÃO
A sinalização é uma técnica que administra uma indicação relativa à segurança
de pessoas ou materiais.

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A sinalização é dividida de acordo com suas funções e podem ser: sinalização de alerta,
sinalização de proibição, Sinalização dos equipamentos de combate, sinalização de condições
de orientação e salvamento, entre outras.

Sinalização de Alerta tem a função de alertar para áreas e


materiais com potencial de risco. Os exemplos comuns em
laboratório encontram-se em rótulos de frascos contendo
reagentes, porta de entrada dos laboratorios, recepientes de
transporte de amostras, aliquotas de amostras e reagentes, entre
outros.
Os símbolos de inflamável, radioativo, corrosivo, risco biológico,
entre outras, são exemplos de sinalização de alerta.

Símbolo indicativo de Produto Inflamável, quando visualizado


em um frasco de reagente, deve-se tomar o cuidado para não expor
o produto perto de chamas ou de lugares quentes (figura 9).

Símbolo indicativo de Produtos Químicos Radioativos são perigosos em contacto com a pele,
para manuseá-los é preciso um intenso cuidado (luvas e macacão de segurança) (figura 10).

Símbolo de Substâncias Corrosivas, está presente em frascos de


ácidos fortes (como ácido sulfúrico, ácido clorídrico, etc.).
Deve-se tomar o cuidado para que o ácido não respingue na pele ou
nos olhos, o contacto com a pele causa sérias queimaduras (figura
11).
Símbolo de Risco Biológico está presente em local onde se manipulam microrganismos
infecciosos (figura 12). Este símbolo indica que o produto em questão é prejudicial se entrar em
contacto directo com o indivíduo ou ao meio ambiente. O correto
é não descartar produtos que contenham este símbolo ao local
inadequado, e para o seu manuseamento deve-se seguir
rigorosamente as normas de biossegurança.

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Sinalização de uma Substância Venenosa, alerta ao profissional e aos demais usuários do


laboratório para o não contacto com a pele (figura 13). Indica também
que o produto pode causar a morte se for inalado ou ingerido.
A Sinalizações de Proibição têm a função de proibir acções capazes de
conduzir ao início do incêndio ou outras não conformidades (figura 14).
Os exemplos comuns em laboratório relacionados a sinalização de
alerta são os símbolos afixados em locais onde o perigo pode resultar
da utilização de uma chama, prevenindo assim os riscos de
incêncio ou explosão, como o exemplo de locais de
armazenamento de líquidos inflamáveis.
A Sinalização de condições de orientação e salvamento têm a
função de indicar as rotas de saída e acções necessárias para o seu
acesso, principalmente para situação de emergência. Os exemplos comuns em laboratório estão
relacionados a sinalização de saídas de emergência.
A sinalização dos equipamentos de combate, têm como
função de indicar a localização e os tipos dos equipamentos de
combate. O extintor é o exemplo de um equipamento de
combate ao insêndio (figura 15).
Os outros símbolos comuns em laboratórios incluem a
sinalizações de Kit de primeiros socorros e outras. O Kit de
primeiros socorros é usado em caso de haver acidentes e deve
estar em locais de fácil localização para todos os funcionários
(figura 16). Este Kit, deve conter, além de medicamentos,
manta apaga-fogo (para caso de incêndios) e produto lava-olhos
(para respingos de ácidos nos olhos).

3. AS NORMAS DE BIOSSEGURANÇA
LABORATORIAL

As recomendações gerais de biossegurança que devem ser seguidas por todos os usuários de um
laboratório clínico são:

- Não pipetar produtos com a boca


- Trabalhar sempre com a bata abotoada;
- Não usar produtos que não estejam devidamente rotulados;
- Não levar as mãos à boca ou aos olhos quando estiver manuseando produtos químicos;

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- Verificar sempre a toxicidade e a inflamabilidade dos produtos com os quais esteja


trabalhando;
- Não trabalhar sozinho em um laboratório, sempre que possível;
- Não manipular produtos inflamáveis perto de chamas ou fontes de calor;
- Não comer ou beber em laboratório.
- Lavar sempre as mãos após a manipulação de qualquer produto químico;
- Produtos voláteis ou tóxicos devem sempre ser manipulados na cabine de segurança ou
capelas de exaustão química e em casos especiais, com máscaras de proteção adequadas a
cada caso;
- É expressamente proibido fumar em laboratório;
- Não use sandálias, saias, calções, camisetes, nem amarre um casaco na cintura;
- Não coloque materiais de laboratório em roupas ou gavetas de uso pessoal;
- Não coloque alimentos nas bancadas, armários e geleiras dos laboratórios;
- Não utilize vidraria de laboratório como utensílios domésticos.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS SEGUNDO O NÍVEL DE


BIOSSEGURANÇA
Antes de iniciar qualquer experiência com amostras biológicas no laboratório clínico deve-se fazer
uma avaliação do risco biológico no sentido de avaliar as condições do laboratório assim como as
necessidades físicas associadas à manipulação e descarte. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) recomendou a classificação dos agentes de risco biológico manipulados no laboratório em
grupos com base no perigo que representam. Estes agentes são classificados em:
Agentes do Grupo de Risco I, II, III e IV.

Agentes do Grupo de Risco I

O risco individual e para comunidade é baixo, são agentes biológicos que têm probabilidade nula
ou baixa de provocar infecções ao homem ou aos animais sadios, e de risco potencial mínimo
para o profissional do laboratório e para o ambiente.

EXEMPLO
Lactobacillus.

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Agentes do Grupo de Risco II

O risco individual é moderado e para comunidade é limitado. Aplica-se a agentes biológicos que
provocam infecções ao homem ou aos animais, cujo risco de propagação na comunidade e de
disseminação no meio ambiente é limitado, não constituindo em sério risco a quem os manipula
em condições de contenção, pois existem medidas terapêuticas e profiláticas eficientes.

EXEMPLO
Toxoplasma spp.

Agentes do Grupo de Risco III

O risco individual é alto e para comunidade é limitado. Aplica-se a agentes biológicos que
provocam infecções, graves ou letais, ao homem e aos animais e representam um sério risco a
quem os manipulam. É um risco se disseminado à comunidade e ao meio ambiente, podendo se
propagar de indivíduo para indivíduo, mas existem medidas de tratamento e prevenção.

EXEMPLO
Bacillus anthracis.

Agentes do Grupo de Risco IV

O risco individual e para a comunidade é elevados. Aplica-se aos agentes biológicos de fácil
propagação, altamente patogênicos para o homem, animais e meio ambiente, representando grande
risco a quem os manipula, com grande poder de transmissibilidade por via de aerossóis ou com
riscos de transmissão desconhecido, não existindo medidas profiláticas ou terapêuticas.

EXEMPLO
Vírus Ebola.

Níveis de Biossegurança (NB)

Para manipulação dos microrganismos pertencentes a cada uma das quatro classes de risco devem
ser atendidos alguns requisitos de segurança, conforme o nível de contenção necessário. Estes
níveis de contenção são denominados de níveis de Biossegurança. Os níveis de biosseguraça são

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designados em ordem crescente pelo grau de proteção proporcionado ao pessoal do laboratório,


meio ambiente e à comunidade. Assim, estes podem ser: nível de biossegurança 1, nível de
biossegurança 2, nível de biossegurança 3 e nível de biossegurança 4.

Nível De Biossegurança 1 (Nb-1/Nbsl-1)

É adequado ao trabalho que envolva agentes bem caracterizados e conhecidos por não provocarem
doença em seres humanos e que possuam o mínimo risco ao pessoal do laboratório e ao meio
ambiente. É o nível de contenção laboratorial que se aplica aos laboratórios de ensino básico, onde
são manipulados os microrganismos pertencentes ao grupo de risco 1. Não é requerida nenhuma
característica de desenho, além de uma boa planificação espacial e funcional e a adopção de boas
práticas laboratoriais.

Nível de Biossegurança 2 (NB-2), Semelhante ao NB-1

É adequado ao trabalho que envolva agentes de risco moderado para as pessoas e para o meio
ambiente. Diz respeito aos laboratórios em contenção, onde são manipulados microrganismos da
classe de risco 2. Se aplica aos laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis primários de
diagnóstico, sendo necessário, além da adopção das boas práticas, o uso de barreiras físicas
primárias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual).

Nível De Biossegurança -3 (Nb-3)

É aplicável para laboratórios clínicos de diagnóstico, ensino e pesquisa ou produção, onde o


trabalho com agentes exóticos possa causar doenças sérias ou potencialmente fatais como
resultado de exposição por inalação. É destinado ao trabalho com microrganismos da classe de
risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da
classe de risco 2. Para este nível de contenção são requeridos além dos itens referidos no nível 2,
desenho e construção laboratoriais especiais. Deve ser mantido controlo rígido quanto a operação,
inspeção e manutenção das instalações e equipamentos e o pessoal técnico deve receber
treinamento específico sobre procedimentos de segurança para a manipulação destes
microrganismos.

Nível De Biossegurança - 4 (NB-4)

É indicado para o trabalho que envolve agentes exóticos e perigosos que exponham o indivíduo a
um alto risco de contaminação de infecções que podem ser fatais, além de apresentarem um

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potencial relevado de transmissão por aerossóis. Estes laboratórios são de contenção máxima,
destinam-se a manipulação de microrganismos da classe de risco 4, onde há o mais alto nível de
contenção, além de representar uma unidade geográfica e funcionalmente independente de outras
áreas. Os laboratórios de NB-4 requerem, para além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis
de contenção 1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho e equipamentos de proteção) e
procedimentos especiais de segurança.

5. INFECÇÃO, VIAS DE TRANSMISSÃO E DOSE DE INFECÇÃO


DEFINIÇÃO
A Infecção é a penetração, desenvolvimento ou multiplicação de um agente
infeccioso no organismo de um indivíduo.

Os elementos básicos na cadeia de transmissão das infecções são: o hospedeiro, o agente infeccioso
e o meio ambiente (a triade ecológica).

O hospedeiro pode ser o homem ou um animal, sempre exposto ao agente infeccioso ou ao vetor
transmissor.

O agente infeccioso é um ser vivo capaz de reconhecer o seu hospedeiro, penetrar, desenvolver-
se, multiplicar-se neste ser vivo e, mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros.

EXEMPLO
Bactérias, Vírus, Fungos E Parasitas.

O meio ambiente é o espaço constituído pelos factores físicos, químicos e biológicos, cujo
intermédio influenciam o agente infeccioso e o hospedeiro.

As vias de transmissão das infecções pelos diversos microrganismos variam de acordo com o tipo
de organismo, e alguns agentes infecciosos podem ser transmitidos por mais de uma via. As
principais vias de transmissão das infecções são: via aérea ou respiratória, via oral, via contacto e
via congénita (placentária).

A transmissão das infecções por via aérea ocorre pela passagem dos microrganismos através das
partículas liberadas durante a tosse, espirro ou fala. Essas gotículas podem-se depositar nos olhos,
na boca ou nariz. Por exemplo: o virus da gripe e Mycobacterium tuberculosis ( o agente causador
da tuberculose).

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A transmissão das infecções por via oral ocorre pela passagem dos microrganismos através da
boca (água e alimentos contaminados). Por exemplo: cistos da giardia lãmblia (um dos principais
causador de diarreias em crianças).

A transmissão das infecções por contacto é a forma mais comum de transmissão, podendo ser
subdividida em contacto directo e contacto indirecto.

A via de transmissão por contacto directo ocorre quando os microrganismos são transferidos de
uma pessoa contaminada a outra, sem a participação de um objecto ou uma pessoa intermediária
contaminada. Por exemplo, quando o sangue ou fluídos corpóreos de um paciente são inoculados
directamente em um profissional de saúde por via mucosa ou lesões cutâneas.

A transmissão por contacto indirecto envolve a transferência de um agente infeccioso através de


um objecto inerte ou pessoa intermediária contaminada, contudo a infecção depende da dose.

A dose de infecção é a quantidade mínima do agente causador da infecção necessária para iniciar
uma infecção. Varia com a virulência do agente e com a resistência do hospedeiro. Quanto maior
o número de microorganismos inoculados no hospedeiro, tanto maior será a probabilidade de
infecta-lo.

A patogenicidade é a capacidade do agente de produzir sintomas e sinais (doença), uma vez


instalado. Por exemplo: a patogenicidade é alta no caso do vírus do sarampo, onde a maioria dos
infectados tem sintomas, e a patogenicidade é reduzida no caso do vírus da pólio onde poucos
ficam doentes.
A Letalidade entende-se como sendo o maior ou menor poder que uma doença tem de provocar a
morte das pessoas/hospedeiros. Obtém-se a letalidade calculando-se a relação entre o número de
óbitos resultantes de determinada causa e o número de pessoas que foram realmente acometidas
pela doença, com o resultado expresso em percentual.
A transmissibilidade é a capacidade de um microorganismo de se transmitir de um indivíduo a
outro.
ATENÇÃO
Mas detalhes no módulo de exames Microbiológicos e parasitológicos.

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6. PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA PARA INCIDENTES POR


EXPOSIÇÃO
Um incidente por exposição é o contacto específico (olhos, boca, ou outra membrana mucosa,
ferimento percutâneo ou exposição a aerossóis) com materiais potencialmente infecciosos, como
resultado da realização de procedimentos em laboratório.
Os procedimentos a serem seguidos em caso de exposição na pele ou mucosa íntegra são:
- Lavar bem com água e sabão antisséptico ou desinfetar com etanol a 70%, em excesso,
durante 10 a 15 minutos, deixando o líquido escorrer sobre material absorvente, que possa
ser facilmente descartado. Deixar secar espontaneamente.
Os procedimentos a serem seguidos em caso de exposição na pele ou mucosas feridas são:
- Lavar bem com água sabão antisséptico e desinfetar a área acfetada com povidine 10%
(comercial aquoso).
- Reportar o acidente, ao chefe do sector, colegas de trabalho e ao gabinete de prevenção e
controlo das infecções (PCI)
- Confirmar a reactividade do material infectante para agentes biológicos que possam estar
presentes, testagem labaoratorial das amostras, usando testes rápidos e outros testes com
metodologias moleculares altamente sensíveis.
- Seguir orientação para o tratamento sob indicação e controlo médicos.
Os procedimentos em caso de derrames na Cabine de Segurança Biológica (CSB) são:
No caso de um derrame, todas as superfícies da CSB e objectos existentes no seu interior deverão
ter suas superficies descontaminadas antes de serem removidas da CSB. Se o derramamento
resultou na ocorrência de grandes quantidades do líquido, deverão ser aplicados os seguintes
procedimentos:
- Cobrir a área com um desinfetante adequado (hipoclorito de sódio com 5% de cloro activo,
por exemplo), e deixar reagir por 15 a 30 minutos. Se o sistema de drenagem da cabine
estiver envolvido, consultar as instruções específicas do fabricante da CSB sobre a sua
descontaminação.
- Após o tratamento com hipoclorito de sódio, limpar a area com água para retirar qualquer
resíduo do desinfetante e, em seguida, etanol a 70% (fig.24).
- Descartar qualquer item que possa ter sido contaminado.
- Depois que um derrame é descontaminado, a área deve ser cuidadosamente limpa e seca.
Todos os laboratórios NB3 devem dispor de Kits de Emergência para derrames e acidentes com
perfuro-cortantes que contenha:
- Hipoclorito de Sódio a 5% e 1% de cloro activo.

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- Recipiente para preparo da solução de hipoclorito de sódio.


- Álcool a 70%.
- Desinfetantes fenólicos, quando recomendados.
- Pinças para manipulação de objectos cortantes ou colheita de objectos pequenos.
- Toalhas de papel ou outros absorventes adequados.
- Sacos para colheita de itens contaminados pelo derramamento.
- Recipiente específico para a colheita, se necessário, de agulhas ou outros objectos
cortantes.
- Equipamentos de proteção individual: luvas, proteção para o rosto como máscaras e óculos
e botas de plástico.

FLUXOGRAMA DE REPORTE DE ACIDENTES RESULTANTES DA


EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
Assim que ocorrer o acidente, execute os primeiros socorros e reporte imediatamente aos colegas
de trabalho e ao supervisor ou chefe do sector. O chefe do sector deve reportar o acidente ocorido
ao ao gabinete de prevenção e controlo das infecções (PCI). Isso permitirá o registo e o
gerenciamento adequados do evento. Uma amostra de sangue do paciente e uma outra amostra do
profissional acidentado devem ser colhidas assim que possível após o acidente e encaminhada ao
gabinete do PCI, onde está será submetida a testes rápidos.

No gabinete de prevenção e controlo das infecções (PCI) estão desponíveis os Kits de profilaxia
pós exposição para caso em que o profissional de saúde tenha entrado em contacto com material
ou paciente com HIV. De seguida o profissional acidentado é encaminhado para a consulta do
trabalhador. Em cada sector deve estar disponível e com acesso de todos, o fluxograma de reporte
de acidentes resultantes da exposição ocupacional.

7. AS PRECAUÇÕES UNIVERSAIS PARA PREVENÇÃO DE


CONTAMINAÇÃO DOS TRABALHADORES DE SAÚDE
As precauções universais são parte das normas de biossegurança e consistem em atitudes que
devem ser tomadas por todo trabalhador de saúde frente a qualquer paciente, com o objectivo de
reduzir os riscos de transmissão de agentes infecciosos, principalmente veiculados por sangue e
fluidos corpóreos ou presentes em lesões de pele, mucosas, restos de tecidos ou de órgãos.
As formas mais comuns usadas no laboratório para prevenir infecções consistem na assepsia e
vacinação.

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A assepsia é o conjunto de medidas que são utilizadas para impedir a penetração de


microrganismos num ambiente, ou seja, um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção.
As técnicas de assépsia incluem, a limpeza, sanificação, desinfecção e esterilização.

A limpeza é a acção e o efeito de remover a sujidade, as imperfeições ou os defeitos de algo.

EXEMPLO Retirar as gazes já usadas e inúteis espalhados na bancada de trabalho,


pois pode criar condições para albergar e multiplicação dos
microrganismos.
A sanificação é a redução de microrganismos a um número considerado isento de perigo em
uma superfície inanimada.

EXEMPLO A lavagem de batas de profissionais do laboratório nas lavandeiras do


hospital após a exposição por agentes patogénicos. O outro exemplo
comum é a lavagem dos sectores de laboratórios pelos auxiliares de
laboratório.
A desinfecção é o processo de destruição de grande parte dos agentes infecciosos em forma
vegetativa em objectos inanimados e superfícies, com excepçaõ de esporos bacterianos. Antes de
dar início a processos de desinfecção deve-se fazer a limpeza, removendo através da aplicação de
água e sabão ou desincrustaste, toda matéria orgânica residual do local (bancadas de trabalho,
superfície dos equipamentos laboratoriais, por exemplo), onde será processado amostra (urina,
fezes, secreções, etc.). A desinfecção das bancadas de trabalho no laboratório clínico deve ser
realizada sempre, no período antes e depois de realizar um trabalho, para evitar a contaminação
das amostras, por microrganismos que esta pode conter. No processo de desinfecção em
laboratórios clínicos são aplicados os agentes desinfectantes químicos que incluem o Hipoclorito
de sódio, Formaldeído; Compostos fenólicos e iodo.

O Hipoclorito de sódio é um desinfetante universal activo contra microrganismos com várias


concentrações de cloro activo. O hipoclorito é corrosivo e tóxico, irrita a pele, olhos e sistema
respiratório, porém sua principal aplicação é na desinfecção de superfícies de trabalho, materiais
de vidro sujos e na descontaminação de superfícies de equipamentos, quando não houver indicação
contrária.

O formaldeído é usado como desinfetante na concentração de 50 g/litro (5%) e encontrado no


mercado a concentrações de 370 g/litro (37%). É corrosivo e tóxico, irritante das vias aéreas, pele
e olhos, entretanto é utilizado para desinfecção de superfícies de trabalho e vidrarias.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Os compostos fenólicos são corrosivos e tóxicos, irritam a pele, olhos e sistema respiratório,
devendo ser usado conforme as recomendações dos fabricantes. Seus compostos fazem parte das
formulações de desinfetantes, podendo ser usados em substituição ao hipoclorito de sódio quando
este não for possível. O iodo é tóxico e irritante das vias aéreas, pele e olhos, de natureza corrosiva
e utilizado para desinfecção de superfícies de trabalho, vidrarias e descontaminação de superfícies
de equipamentos.

ATENÇÃO
Mais detalhes no módulo de exames microbiológicos.

A Esterilização é o processo mais eficaz para a destruição ou eliminação total de todos os


microrganismos na forma vegetativa e esporulada presentes em materiais do laboratório, por meio
de agentes físicos (calor seco e húmido) e químicos de acordo como o tipo de material laboratorial
e sua resistência ao vapor ou calor.
No laboratório clínico, a esterilização de meios de cultura e outros materiais em autoclaves é o
exemplo mais comum de esterilização por calor húmido. Em uma autoclave, os mateiais são
aquecidos sob uma pressão de 15 libras/polegada quadrada (correspondente a 1 atmosfera) a 1210C
por 15 a 20 minutos. Estas condições mostraram serem suficientes para matar os contaminantes e
agentes infecciosos, tais como: esporos de fungos, bactérias e vírus.

A maioria das autoclaves é programada para operar automaticamente, usando um ciclo de tempo.
Os materiais a serem esterilizados são colocados na câmara da autoclave, que é rodeada por um
cesto metálico que contém o vapor. A porta, com um vedante para previnir a fuga do vapor, deve
ser bem fechada antes que o processo de esterização seja iniciado.

Quando a autoclave é ligada, a câmara enche-se de vapor, que expulsa o ar contido. Uma válvula
se fecha e a pressão sobe até o ponto desejado, normalmente 15 libras/polegada quadrada (1
atmosfera de pressão). Após a temperatura alcansar 1210C, os materiais serão aquecidos por 15 a
20 minutos. O vapor é então liberado lentamente, até que a pressão decresça e volte a pressão
atmosférica externa. Quando isso acontecer, a câmara é ventilada e pode-se abrir a porta, tomando
cuidado com algum vapor que eventualmente ainda possa escapar. Os materiais esterilizados
podem ser retirados usando pinça ou luvas termo-isolantes.

Quando esterilizar líquidos, deve-se usar frascos resistentes ao calor, frouxamente tampados e
cheios até, no máximo, da metade a capacidade total. Esses frascos devem ser colocados em uma
estante ou cesto para evitar derramamentos.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A pressão da câmara deve ser liberada lentamente, para evitar o derramamento do líquido por
excesso de ebulição. Os materiais não esterilizados em uso no laboratório pode ser fonte de
transmissão das infecções.

ATENÇÃO
Mais detalhes nos módulos de Exames Microbiológicos e
Parasitológicos.

A esterilização pelo calor seco pode ser alcançada pelos métodos de flambagem, incineração, raios
infravermelhos e estufa de ar quente. A estufa bacteriológica de ar quente é a mais utilizada na
esterilização por calor seco no laboratório clínico. As estufas são utilizadas frequentemente no
sector de microbiológia, para incubar os meios de cultura à temperatura constante (geralmente
36,5°C) por tempo variável, permitindo deste modo o crescimento e a multiplicação dos
microorganismos.

A flambagem consiste no aquecimento do material na chama do bico de bunsen até ao rubro. Os


exemplos mais comuns em laboratórios consistem no aquecimento de alsa microbiológica durante
a sementeira de microrganismos.

A incineração é um método destrutivo para os materiais, é eficiente na destruição de matéria


orgânica e lixo hospitalar.

O Raios infravermelho utiliza-se de lâmpadas que emitem radiação infravermelha, essa radiação
aquece a superfície exposta a uma temperatura de cerca de 180O C.

O uso do calor seco, por não ser penetrante como o calor húmido, requer o uso de temperaturas
muito elevadas e tempo de exposição muito prolongado, por isso este método de esterilização só
deve ser utilizado quando o contacto com vapor é inadequado.

Os materiais de borracha, de aço e tecidos não devem ser esterilizados pelo calor seco, pois, a
temperatura empregada é altamente destrutiva, ou seja, o calor seco, interferir na estabilidade
destes materiais. Os materiais indicados para serem esterilizados por este método são instrumentos
de ponta ou de corte, que podem ser oxidados pelo vapor.

A esterilização química é obtida com aldeídos como glutaraldeído e formaldeído, ou com ácido
peracético. A esterilização finaliza a limpeza dos materiais do laboratório de maneira eficaz, isto

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é, quando realizada correctamente a esterilização elimina todas as bactérias, fungos, vírus e


esporos.

A Antissepsia é o método através do qual se impede a proliferação de microrganismos em tecidos


vivos com o uso de substâncias químicas (os antissépticos) usadas como bactericidas ou
bacteriostáticos com objectivos higiênicos ou terapêuticos. Estas substâncias químicas quando
usadas em objectos inanimados (limpeza de bancadas de trabalho) são chamadas de desinfectante
e quando usadas em tecidos vivos são chamadas de anti-sépticos.

A higiene das mãos apesar de ser um acto simples e altamente eficaz na prevenção das infecções,
continua sendo muito pouco praticada entre os profissionais de saúde em geral. A higiene das mãos
em profissionais do laboratório é importante porque para além de reduzir a taxa de infecções
hospitalares, remove os microrganismos que colonizam as camadas superficiais da pele e a
oleosidade, o suor e células mortas, retira a sujidade propícia para a permanência e multiplicação
de microrganismos. Este acto, impede que as mãos sejam uma fonte de transmissão da infecção.
A higiene das mãos deve ser realizado antes de ter contacto com o utente, antes de realizar o
procedimento asséptico, depois de ter contacto com o utente, depois de ter contacto com fluidos
corporais, objectos, pele não intacta ou pessoas e depois de contacto com áreas próximas ao
paciente. A higiene das mãos deve ser realizada logo ao chegar no local de trabalho e depois de
terminar ou ao sair do local de trabalho.

Nota: As mãos devem ser lavadas após a remoção das luvas porque estas podem ter pequenos
furos e permitir a entrada de microrganismos. As bactérias por exemplo, podem multiplicar-se
rapidamente dentro das luvas por causa do ambiente húmido e quente.

Seguir os procedimentos de higiene das mãos descritos no Pop.

A vacinação é um procedimento que objectiva a estimulação do sistema imunológico para o


combate a diversos agentes estranhos. Os profissionais de saúde ficam expostos a diversas doenças
infectocontagiosas, sendo necessário um esquema vacinal ampliado em relação à população em
geral. A vicinaçao é um dos requisitos indispensáveis para os profissionais de saúde, visto que
fundamenta-se a protege-los de diversas doenças infecciosas que possam cursar com gravidade no
futuro, além de prevenir que esses profissionais contaminem os seus pacientes.
Devido a elevada frequência de casos de acidentes do trabaho reportados em estudantes estagiários
dos cursos de saúde nos últimos anos, propõem-se que no final deste capítulo os estudantes

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recebam a vacinação contra as doenças infecciosas mais comum, como é o caso da tuberculose e
hepatites. Os detalhes deste assunto no módulo de exames imunológicos.

8. A BIO-PROTECÇÃO
A Bioproteção é um conjunto de medidas de segurança institucional, pessoal e procedimentos para
evitar a perda, roubo, uso indevido, desvio ou libertação intencional de patógenos ou partes deles,
organismos produtores de toxinas, bem como toxinas, que são mantidas, transferidas ou fornecidas
por coleções microbiológicas ou Centros de Recursos Biológicos (CRBs).

Por exemplo, a Varíola foi erradicada há 32 anos, mas o vírus é mantido em centros colaboradores
da OMS sob máximo controlo. A reintrodução acidental ou deliberada do vírus ao ambiente
ameaça não apenas a saúde pública, mas também a estabilidade econômica e política do mundo
todo. Por isso, os estoques do vírus usados em pesquisa estão sob controlo restrito da OMS, que
avalia a biossegurança e bioproteção dos laboratórios com muito rigor. Apesar destes
procedimentos internacionais, houve a necessidade de estabelecer o Guia de Bioproteção para
Laboratório pela OMS (2006), que oferece maiores garantias quanto às condições de trabalho e
de manutenção de agentes infecciosos, como este vírus.

A Biossegurança versus Bioproteção

A Biossegurança implica a utilização de princípios de contenção, tecnologias e práticas que são


implementadas para prevenir a exposição involuntária a agentes patogênicos e toxinas, ou a sua
liberação acidental.

As Bioproteção são medidas para evitar o uso indevido de patógenos, partes deles, organismos
produtores de toxinas, bem como toxinas, em acções directas ou indirectas contra humanos,
rebanhos ou cultivos agrícolas. A Biossegurança e bioproteção mitigam diferentes riscos, portanto,
têm um objectivo comum, manter os agentes biológicos em segurança e protegidos nas áreas onde
são manipulados e mantidos.

A implementação de actividades específicas de biossegurança já cobre alguns aspectos de


bioproteção. Por exemplo, as boas práticas de biossegurança reforçam e fortalecem as acções de
bioproteção. A aplicação sistemática de princípios e práticas de biossegurança reduz o risco de
exposição acidental e minimiza perda, roubo ou uso indevido de patógenos ou partes deles,
organismos produtores de toxinas, bem como toxinas. As recomendações de biossegurança para o
NB3 conferem níveis de bioproteção, como os casos de portas que fecham automaticamente,

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acesso restrito, separação física das áreas de circulação, janelas anti-choque e plano de resposta à
emergência podem ser comuns tanto para a biossegurança quanto bioproteção.

9. SISTEMAS DE CONTROLO DE SEGURANÇA COM VISTA A


GARANTIA DA INTEGRIDADE DA AMOSTRA
Toda a equipe técnica, operacional e de manutenção deve seguir os procedimentos estabelecidos,
de acordo com o Nível de Risco de Bioproteção para os materiais biológicos. Os ambientes
biocontidos devem manter registos dos visitantes e fornecer um crachá codificado por cores ou
outra identificação evidente, de acordo com o Nível de Risco de Bioproteção a que eles poderão
ter acesso.
As visitas deverão ser previamente agendadas e discutidas entre vários membros da equipe, de
forma a avaliar sua real necessidade. Não permitir a presença de profissionais visitantes
trabalhando independentemente.
Para todos os casos, eles deverão ser submetidos aos mesmos procedimentos de gestão de
segurança. Apenas os membros da equipe com nível apropriado de acesso devem acompanhar
visitantes nas áreas de segurança restrita e alta, respeitando um limite máximo pre-estabelecido de
visitantes e acompanhantes.

10. O CONTROLO E RESPONSABILIDADE PELO MATERIAL


BIOLÓGICO
Os gestores deverão estabelecer sistemas de controlo e de responsabilidade pelo material biológico
que incluam: inventários dos materiais biológicos em seus compartimentos; localização do
material biológico com registos e respectivas cópias actualizados diariamente; identificação de
indivíduos que tenham acesso ou custódia do material biológico.
O material biológico não pode ser mantido sem supervisão. Também não deve ser armazenado
temporariamente fora da sua respectiva àrea de segurança, daí que deve ser supervisionado até o
seu destino final.
O transporte do material biológico deve atender aos requisitos de segurança relativos ao
acondicionamento e ao transporte específico para esse fim.
Os gestores devem empregar uma abordagem de cadeia de custódia rigorosa para transferência
interna e externa de todo material biologico que apresente risco de bioproteção baixo, moderado
ou alto.

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RESUMO
Os profissionais e outros usuários do laboratório estão expostos a vários riscos, ou seja, estão
expostos a ameaça ou perigo de determinada ocorrência. Para a prevenção, controle, minimização
ou eliminação destes ríscos é fundamental a observância das normas de Biossegurança.
As normas de biossegurança em laboratórios dizem respeito ao uso de equipamentos de proteção
individual (EPI) e equipamentos de proteção colectiva (EPC).
São considerados EPI: as luvas, máscaras, óculos de proteção, toucas, batas e sapatos e fazem parte
dos EPCs, a cabine de segurança biológica, Chuveiro de emergência, Lava-olhos, Extintores de
incêndio, Sinalização, entre outros. Caso ocorra um acidente do trabalho, deve ser seguido o
fluxograma de reporte dos acidentes, em uso em cada laboratório.
Actividades de ensino-aprendizagem

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 1 Higiene das Mãos
Duração 90 minutos
Objectivos
Praticar os passos a serem seguidos no procedimento da higiene das mãos
Conteúdos de referência
Higienie das mãos
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- O estudante abre a torneira e molha as mãos;

- Aplica o sabão e esfrega vigorosamente todas as áreas das mãos.

- - O estudante fricciona a palma, o dorso das mãos com movimentos circulares, espaços
interdigitais, articulações, polegar e extremidades dos dedos. Lava os antebraços
cuidadosamente, por 15 segundos.

- Em seguida, o aluno passa as mãos em água corrente abundante, retirando totalmente o


resíduo do sabão.

- Por fim, o aluno seca as mãos com uma toalha de papel e fecha a torneira acionando o
pedal, com o cotovelo.

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


- Demonstra os procedimentos de higienização das mãos antes do estudante executar.

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- Elogia os alunos após a execução


Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Pop de lavagem das mãos
Material necessário
- Àgua da torneira, Sabão
- Toalha de papel ou secador automático das mãos
Critérios de avaliação
- Comportamento do estudante durante a prática.
- Seguimento dos passos dos procedimentos da higienie das mãos

Actividades de ensino-aprendizagem

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE Simulação do fluxograma de reporte de acidentes originados pela
2 exposição pela amostra de sague do paciente nas mucosas feridas.
Duração 50 minutos
Objectivos:
- Descrever o fluxograma de reporte de incidentes resultantes da exposição ocupacional.
Conteúdos de referência
- Biossegurança
- Fluxograma de reporte de acidentes resultantes da exposição ocupacional
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
- Os alunos dividem-se em grupos, e nos grupos os alunos subdivide-se em 1 chefe de
sector, um responsáveis do sector de PCI e outros simulam o acidente.
- Um aluno simula o acidente, e de seguida dirige-se a torneira lavando a parte afectada
com água e sabão antisséptico, por 15 minutos.
- O aluno reporta o incidente ao chefe do sector;
- O chefe do sector reporta o caso ao sector do PCI.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Demonstra os procedimentos de primeiros socorros e de reporte a incidentes
laboratoriais.
- Elogia os alunos após a execução
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Pop de reporte de acidentes e incidentes laboratoriais


Material necessário
- Água da torneira
- Sabão
- Toalha de papel ou toalha individual
Critérios de avaliação
- Comportamento do estudante durante a prática.
- Seguimento dos passos dos procedimentos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Moura, R; Wada, C. Purchio, A. De Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório; 3ª


edição. Atheneu; São Paulo;.

2. Olivares, I.; (2006); Gestão de qualidade em Laboratórios. Editora Átomo; Brasil.

3. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed.

4. Xavier, R; Dora, J. De Sousa, C. Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática


Clínica: Consulta rápida, 2ª edição. Editora ABDR.

DOCUMENTOS OFICIAIS DO MISAU

1. ANVISA; (2015); Manual de vigilância sanitária sobre o transporte de material biológico


humano para fins de diagnóstico clínico.
2. MISAU; (2001); Biossegurança em Laboratórios Biomédicos e de Microbiologia;
Brasília.
3. Organização Internacional do Trabalho; (2009); A sua saúde e segurança no trabalho:
uma colecção de módulos.

4. MISAU; Biossegurança em Saúde: Prioridades e estratégias de acção; Brasília –DF; 2010.

5. MISAU; (2012); Plano estratégico do sector Saúde.

6. MISAU; (2011); Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos práticos para


técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.

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7. MISAU; (2010); Biocontenção: O gerenciamento do risco em ambientes de alta contenção


biológica NB3 e NBA3; Brasília –DF.
8. MISAU; (2003); Manual de referência prevenção e controlo de infecções nas unidades
sanitárias.

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UNIDADE DIDÁCTICA 3

ERGONOMIA E GESTÃO DO LIXO OU RESÍDUOS


HOSPITALARES

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ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ____________________________________________________________________ 83


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica_________________________________ 83

INTRODUÇÃO __________________________________________________________________________ 84
1. A ERGONOMIA ____________________________________________________________________ 84
1.1. Iluminação __________________________________________________________ 85

1.2. Temperatura _________________________________________________________ 85

1.3. Ruído ______________________________________________________________ 86

1.4. Vibração ____________________________________________________________ 86

1.5. Manutenção dos Equipamentos __________________________________________ 87

2. A CONCEPÇÃO DO POSTO DE TRABALHO _______________________________________ 87


2.1. OS RISCOS DERIVADOS DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO _____________ 88

2.2. Esforços Físicos ______________________________________________________ 88

2.3. A Postura ___________________________________________________________ 89

2.4. Manipulação de Cargas ________________________________________________ 90

3. OS PRINCÍPIOS ERGONÓMICOS RELACIONADOS COM A SEGURANÇA NO


LOCAL DE TRABALHO ________________________________________________________________ 90
3.1. A PSICOSSOCIOLOGIA APLICADA E AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO DO
ESTRESSE FÍSICO E PSICOLÓGICO NOS TRABALHADORES DE SAÚDE __________ 91

4. GESTÃO DO LIXO OU RESÍDUOS HOSPITALARES _______________________________ 91


4.1. Resíduos do Grupo A __________________________________________________ 92

4.2. Resíduos do Grupo B __________________________________________________ 92

4.3. Resíduos do Grupo C __________________________________________________ 92

4.4. Resíduos do Grupo D (resíduos comuns) ___________________________________ 92

4.5. Resíduos Do Grupo E (Perfurocortantes) ___________________________________ 92

5. NORMAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES ___________________________ 92


5.1. Identificação _________________________________________________________ 93

5.2. Separação ___________________________________________________________ 94

5.3. Acondicionamento ____________________________________________________ 94

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11.3. Lixo Infeccioso _______________________________________________________ 95

11.4. Lixo Comum _________________________________________________________ 95

6. TRANSPORTE INTERNO DO LIXO HOSPITALAR _________________________________ 95


6.1. Armazenamento Temporário ____________________________________________ 96

6.2. Transporte Externo ____________________________________________________ 97

7. OS MÉTODOS E PROCESSOS DE TRATAMENTO DO LIXO HOSPITALAR ________ 97


7.1. Incineração __________________________________________________________ 97

Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 3 ___________________________________________ 98


Actividades de ensino-aprendizagem da UD nº 3 ___________________________________________ 99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________________________________________ 100

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OBJECTIVO GERAL

Aplicar as normas de Biossegurança no ambiente hospitalar

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No final desta Unidade o formando será capaz de:


- Identificar os tipos de riscos laboratoriais
- Descrever as normas de transporte, armazenamento e descarte de materiais biológicos
- Descrever os riscos derivados da carga física de trabalho.
- Aplicar as normas de gestão do lixo hospitalar.
- Aplicar as medidas de prevenção de estresse físico e psicológico dos profissionais de
saúde.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO

O aumento da mecanização e da automatização acelera frequentemente no trabalho e no seu ritmo,


podendo, por vezes, torná-lo menos motivador. Por outro lado, continuam a existir muitas tarefas
que são realizadas manualmente, implicando um grande esforço físico. Um dos resultados do
trabalho manual, assim como do aumento da mecanização consiste no facto de os trabalhadores
sofrerem de dores nas costas, no pescoço, nos pulsos, nos braços, nas pernas e de provocar um
esforço ocular.
Por outro lado, um dos produtos do trabalho laboratorial manual automático é a produção do lixo
ou resíduos hospitarares. Este lixo e resíduos hospitalares podem constituir um risco sério à saúde
humana e ao meio ambiente se não houver adopção de procedimentos técnicos adequados na sua
manipulação. Nesta unidade, o estudante irá discutir a ergonomia, seus objectivos e as normas de
desenho de um posto de trabalho. Também terá a oportunidade de discutir as normas e
procedimentos de recolha, transporte e tratamento do lixo hospitalar.
A presente unidade didáctica está composta por 6 grandes capítulos a destacar:
- No primeiro capítulo, denominada ergonomia apresentamos o conceito, e aprofundamos a
discussão sobre a iluminação, o ruido, a temperatura entre outros;
- No segundo capítulo, vai abordar a temática sobre o posto de trabalho, com enfoque nos
conceitos;
- Para o terceiro capítulo, trataremos dos riscos derivados da carga física do trabalho com
enfoque nos esforços físicos, na postura e na manipulação das cargas;
- No quarto capítulo, apresentamos essencialmente os princípios ergonômicos relacionados com
a segurança no local de trabalho;
- No quinto capítulo abordaremos a psicossociologia aplicada e as medidas de prevenção do
estresse físico e psicológico nos trabalhadores de saúde.
- E por fim, teremos o nosso sexto capítulo, onde discutiremos o processo de gestão de lixo
hospitalar com enfoque nas etapas da gestão dos resíduos hospitalares dentre eles: a
identificação, a separação, o acondicionamento, o transporte interno, o armazenamento
temporário ou armazenamento externo, o transporte externo e o tratamento final.

1. A ERGONOMIA
DEFINIÇÃO A ergonomia é o estudo do trabalho e da sua relação com o ambiente no qual
é desempenhado (o local de trabalho) e com aqueles que o desempenham, ou
seja, os trabalhadores.

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A ergonomia é utilizada com o objectivo de determinar a forma como o local de trabalho deve ser
concebido ou adaptado ao trabalhador, de modo a prevenir diversos problemas de saúde,
aumentando a sua eficácia, por outras palavras, tem como objectivo a adequação e a adaptação da
tarefa ao trabalhador, em vez de forçar o trabalhador a adaptar-se à tarefa. Um exemplo simples
consiste em aumentar a altura das bancadas de trabalho, de modo a que o trabalhador não tenha de
se curvar desnecessariamente para poder realizar o seu trabalho.A vantagem mais evidente da
ergonomia consiste no aumento da produtividade laboral. A ergonomia engloba uma grande
variedade das condições de trabalho que podem afectar o conforto e a saúde do trabalhador,
incluindo factores como a iluminação, o ruído, a temperatura, as vibrações, a concepção do
posto de trabalho, equipamentos, assim como a concepção da tarefa, incluindo factores como
o trabalho por turnos, os respectivos intervalos e os horários de almoço.
Iluminação

A iluminação nos serviços é um factor muito importante a ter em conta na rentabilidade e na


segurança do trabalho (figura 1). A
iluminação ideal é a que é proporcionada
pela luz natural. Contudo, por razões de
ordem prática, o seu uso é bastante
restrito, havendo necessidade de recorrer
complementarmente à luz artificial.

A qualidade da iluminação artificial de um


ambiente de trabalho dependerá
fundamentalmente da sua adequação ao
tipo de actividade prevista, da limitação do
encandeamento, da distribuição
conveniente das lâmpadas e da harmonização da cor da luz com as cores dos predominantes do
local.

Temperatura

O calor excessivo ou muito frio gera certo desconforto ao trabalhador, ou seja, pode causar
acidentes de trabalho e até danos a saúde (figura 2). Se a exposição for essencial para o
cumprimento de suas tarefas, a empresa deverá fornecer mecanismos de prevenção e de proteção,
como roupas especiais, ar condicionado, aquecedores, entre outros.

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Ruído

O ruído é um sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de


vibração com diferentes freqüências que não apresentam relação entre si (figura 3). O ruído pode
ser definido como um som desagradável e indesejável.

Já na definição operacional, ele é um estímulo que não contém informações úteis à tarefa em
execução. O ruído no laboratório clínico pode destrair o profissional de saúde nas tarefas em que
este esteja a executar.

Vibração

A vibração é um dos factores que incomoda e


prejudica o ser humano e está presente no dia-a-
dia do homem como um dos factores ambientais
estressante (figura 4). No laboratório, a vibração
pode induzir a falhas na pesagem de reagentes ou
na pipetagem, entre outros.

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Manutenção dos Equipamentos

A falta de manutenção de equipamentos e a utilização de equipamentos improvisados e


inadequados, também tornam o trabalho mais árduo e estressante para o trabalho (figura 5). Estes
equipamentos podem causar acidentes de trabalho no laboratório.

2. A CONCEPÇÃO DO POSTO DE TRABALHO


DEFINIÇÃO O posto de trabalho é o espaço em que o trabalhador ocupa quando
desempenha uma tarefa, seja durante a totalidade do período laboral, seja
através da utilização de vários locais.

É importante que um posto de trabalho esteja bem desenhado, para o que deverá obedecer a regras
decorrentes da aplicação dos princípios da fisiologia e da biomecânica, criando condições para a
definição de esforços aceitáveis, pois evitará as doenças relacionadas com condições laborais
deficientes, designadamente, a fadiga excessiva ou desgastante do organismo, para além de
assegurar maior produtividade do trabalho (figura 6). O posto de trabalho deve ser desenhado
tendo em conta o trabalho e a tarefa que vai realizar, a fim de que esta seja executada de modo
confortável e eficiente. Portanto, há que considerar que os movimentos exigidos pelo trabalho
como, as posturas e o esforço intelectual. Se o posto de trabalho for adequadamente desenhado, o
trabalhador poderá manter uma postura de trabalho correcta e cómoda, sendo certo que se assim
não fôr, poderão decorrer várias consequências para a saúde.

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As normas de concepção a ter em conta na disposição dos postos de trabalho deverão atender às
características humanas essenciais (capacidades sensoriais, dimensões do corpo, resistência
muscular, aptidões intelectuais, entre outras), para além de abordar a conduta do trabalhador
enquanto transformador da energia (fisiologia do trabalho), e como sistema de tratamento de
informação (psicologia do trabalho). No desenho do posto de trabalho importa definir critérios
como o nível de dimensionamento, disposição do equipamento, espaço de trabalho e ambiente de
trabalho. Os critérios inerentes ao espaço de trabalho referem-se, entre outros, às dimensões,
paredes e tectos, coberturas, janelas, portas e saídas de emergência, vias de circulação e escadas,
pavimentos, instalações eléctricas, locais sociais, áreas administrativas, à iluminação, ventilação e
qualidade do ar, ambiente térmico e ao modo como são utilizadas quer em condições normais de
operação, quer em condições extraordinárias.

Os Riscos Derivados Da Carga Física De Trabalho

A carga de trabalho é um dos factores referidos aos esforços físico e mental, ao que se vê submetido
o trabalhador no desempenho de sua tarefa. O risco é a possibilidade de que o trabalhador sofra
um determinado dano derivado do trabalho. Os riscos derivados da carga física de trabalho
incluem: esforços físicos de todo tipo (manipulação de cargas, posturas de trabalho, esfórços
físicos, etc).

Esforços Físicos

- Grau de dificuldade de uma tarefa no laboratório é determinado pelo consumo de energia


do trabalhador (figura 7).

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- Portanto, quanto mais difícil é a tarefa, maior é o consumo de energia exigido (medido em
quilocalorias).

A Postura

- As mais desfavoráveis tornam o trabalho mais pesado e desagradável, assim como


antecipam o surgimento do cansaço, podendo inclusive ter consequências mais graves no
futuro (figura 8﴿.
- A posição sentada é a
postura de trabalho mais
confortável, embora possa
igualmente tornar-se
incomoda se não houver
troca de posições, que, se
possível, impliquem
movimento.
- A posição de pé implica
uma sobrecarga dos
músculos das pernas,
costas e ombros.

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Manipulação de Cargas

- Um levantamento de peso mal executado pode causar sérios danos à coluna vertebral e
outras partes de corpo humano, por isso é preciso respeitar as regras básicas no
levantamento de peso.
- Antes de carregar um peso, verifique com antecedência, o caminho que será utilizado.
- Elimine todos os obstáculos de seu caminho. E não se esqueça daqueles, cuja remoção não
for possível fazer.

3. OS PRINCÍPIOS ERGONÓMICOS RELACIONADOS COM A


SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
A aplicação de princípios ergonómicos na segurança do trabalho será sempre mais eficaz, se for
feito o estudo e diagnóstico das condições de cada posto de trabalho, pois, nem sempre que é
necessário alterações ergonómicas maiores na concepção do trabalho.
Em seguida apresentamos alguns exemplos de alterações ergonómicas que, caso sejam
implementadas, podem resultar numa melhoria significativa:
1. Para os trabalhos de montagem, o material deve estar colocado numa posição de modo a
que a maior parte do trabalho seja realizada pelos músculos mais fortes do trabalhador.
2. Para o trabalho de detalhe que envolva uma relação próxima com os materiais, a mesa de
trabalho deve ser mais baixa do que a utilizada para o trabalho mais pesado.
3. As ferramentas manuais que provocam desconforto ou lesões devem ser modificadas ou
substituídas. Muitas vezes, os trabalhadores são a melhor fonte de sugestões para a
melhoria de uma ferramenta, a fim de tornar a sua utilização mais confortável.
4. Uma tarefa não deve obrigar o trabalhador a permanecer numa posição inadequada, como
obrigar a ficar esticada, curvada, durante longos períodos de tempo.
5. O trabalho executado em pé deve ser minimizado, tendo em conta que é muito menos
cansativo desempenhar uma função na posição de sentado do que em pé.
6. A atribuição de funções deve ser rotativa, a fim de minimizar a quantidade de tempo que
um trabalhador necessita para realizar uma tarefa altamente repetitiva, tendo em conta que
o trabalho repetitivo exige a utilização sucessiva dos mesmos músculos, sendo, regra geral,
extremamente cansativo.
7. Os trabalhadores e os equipamentos devem estar posicionados, de forma a poderem
desempenhar as suas funções com os seus antebraços ao lado do corpo e com os pulsos
direitos.

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4. A PSICOSSOCIOLOGIA APLICADA E AS MEDIDAS DE


PREVENÇÃO DO ESTRESSE FÍSICO E PSICOLÓGICO NOS
TRABALHADORES DE SAÚDE

DEFINIÇÃO Psicossociologia é uma vertente da Psicologia Social, cujo campo de estudo é


constituído pelos grupos e organizações, visto como conjuntos concretos, que
são criados, geridos e transformados pelos indivíduos e que servem como
mediadores na vida desses mesmos indivíduos.
Portanto, pode-se ainda considerar a que a Psicossociologia é um ramo de conhecimento
interdisciplinar (Psicologia, Sociologia, Psicologia Social e Ciências Políticas), orientado para a
compreensão e gestão de pessoas.
DEFINIÇÃO O estresse é um sintoma muitas vezes indescritível que pode ser caracterizado
por sensações de medo, desconforto, preocupação, irritação, frustração,
indignação, nervosismo, e pode ser motivado por diversos motivos distintos.
O estresse é um problema com ampla discussão na actualidade, uma vez que apresenta riscos para
o equilíbrio emocional do ser humano. Além disso, os profissionais de saúde são indivíduos
bastante afectados pelo estresse físico originado pelo excesso de trabalho, acúmulo de tarefas e
pressão psicológica (situações conflituosas como controlo supervisionado em excesso).
O estresse no ambiente de trabalho de saúde é gerado pela inserção do trabalhador nestes contextos
adversos, uma vez que o trabalho deveria ser fonte de satisfação, crescimento e de realização
pessoal. A redução da incidência de incapacidade e enfermidades de trabalho decorrentes do
estress deve passar, necessariamente, pela adopção de medidas preventivas do mesmo, através da
valorização do ser humano pois este, está dotado de sentimentos, ambições e necessidades, a quem
deve corresponder o gozo integral da saúde como um direito.

5. GESTÃO DO LIXO OU RESÍDUOS HOSPITALARES


DEFINIÇÃO O lixo ou resíduo hospitalar é aquele que é gerado no atendimento de paciente
ou de qualquer estabelecimento de saúde ou unidade que execute actividades
de natureza de atendimento médico, tanto para seres humanos quanto para
animais.
No grupo de lixo ou resíduo hospitalar, encontram-se os materiais biológicos contaminados, tais
como: sangue, patógenos, peças anatômicas, seringas, gazes, agulhas, papéis, restos de
medicamentos, frascos e outros materiais plásticos, além de uma grande variedade de substâncias

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tóxicas, inflamáveis e até radioactivas. Os resíduos hospitalares são classificados em: Resíduos
Do Grupo A, B, C, D e E.
Resíduos do Grupo A

- São os que contêm presença de agentes biológicos que apresentem risco de infecção.
Por exemplo das bolsas de sangue contaminado.

Resíduos do Grupo B

- São os que contêm substâncias químicas capazes de causar risco à saúde ou ao meio
ambiente, independente de suas características inflamáveis, de corrosividade,
reactividade e toxicidade.

EXEMPLO
Medicamentos para tratamento de cancer e reagentes para laboratório.

Resíduos do Grupo C

- São materiais que contêm radioactividade em carga acima do padrão e que não possam
ser reutilizados, como exames de medicina nuclear.

Resíduos do Grupo D (resíduos comuns)

- É qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar acidentes. Por
exemplo de papéis não contaminados.

Resíduos Do Grupo E (Perfurocortantes)

- São objectos e instrumentos que possam furar ou cortar, como lâminas, bisturis,
agulhas e ampolas de vidro.

6. NORMAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES


As normas de gestão de resíduos hospitalares são um conjunto de procedimentos de gestão,
planificados e implantados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o
objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um
encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. As etapas do gerenciamento dos
resíduos hospitalares são: Identificação, Separação, Acondicionamento, Transporte Interno,
Armazenamento Temporário Ou Armazenamento Externo, Transporte Externo, E
Tratamento Final.

Identificação

- A identificação deve ser feita nos locais de produção, acondicionamento, colheita,


transporte e armazenamento. Esta identificação deve ser em local de fácil visualização
e com o símbolo conforme o quadro abaixo.
Símbolo Orientação
O Grupo A

- É identificado pelo símbolo de substância infectante, com


rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

O Grupo D

- É identificado com o símbolo de material reciclável.

O Grupo C

- Têm uma identificação especial por conter elementos


radioactivos.

O Grupo B

- É identificado através do símbolo de risco associado e


com discriminação da substância química e frase de risco
em Recipiente resistente.

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O Lixo Do Grupo E

- É identificado pelo símbolo de substância infectante, com


rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

Separação

A separação do lixo e resíduos hospitalares é feita de acordo com as características físicas,


químicas, biológicas, estado físico e riscos
envolvidos (figura 9﴿.
É obrigatória a separação dos resíduos na
fonte e no momento da geração, de acordo
com suas características, para fins de
redução do volume dos resíduos a serem
tratados e dispostos, garantindo a proteção
da saúde e do meio ambiente.
A separação é uma etapa de grande
relevância para que a gestão seja eficaz. O processo de separação consiste em acondicionar cada
grupo de resíduo em um local previamente determinado, isso porque cada um tem características
que necessitam de cuidados específicos. Os resíduos do serviço de saúde são classificados
considerando os grupos de risco, onde cada um destes exige cuidados específicos.
Acondicionamento
O Acondicionamento consiste no acto de embalar os resíduos segregado-os, em sacos,
recipientes, que evitem vazamentos e resistam às
acções de perfuro-cortantes e de ruptura (figura 10﴿.
A capacidade dos recipientes de acondicionamento
deve ser compatível com a geração diária de cada
tipo de resíduo.
Os materiais perfuro-cortantes (PCs) devem ser
acondicionados separadamente (embalado em
caixas de papelão), no local da sua geração,
imediatamente após o seu uso. É expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para
o seu reaproveitamento.

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Os recipientes que acondicionam os PCs devem ser descartados quando o preenchimento atingir
2/3 da sua capacidade ou o nível de preenchimento ficar a 5cm da distância da boca do recipiente.
Os PCs gerados pelos serviços de assistência domiciar, devem ser acondicionados e recolhidos
pelos próprios agentes de atendimento ou por pessoa treinada para a actividade, recolhidos pelo
serviço de assistência domiciar responsável pelo gerenciamento desse resíduo. Para a sua
destruição numa iceneradora.
Lixo Infeccioso

Os resíduos hospitalares que tenham presença de


agentes biológicos como o exemplo das luvas
cirúrgicas contaminadas, sangue, excreções,
secreções, líquidos orgânicos, tecidos, órgãos, fetos,
peças anatômicas, gases aspirados de áreas
contaminadas, entre outros, é considerado como lixo
infeccioso (figura 11﴿.

Este lixo deve ser acondicionado em sacos plásticos autoclavavéis, grossos e resistentes com o
símbolo biológico de substância infectante. O destino desses é a autoclavação e incineração ou o
aterro sanitário através do sistema de colheita especial.

Lixo Comum
Qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa
provocar acidentes é considerado como sendo lixo
comum (figura 12﴿. Neste grupo encontram-se os
papéis, resíduos alimentares, gases não contaminados e
jardins entre outros.

Este tipo de lixo deve ser acondicionado em sacos


plásticos pretos e grosso. São destinados à reciclagem interna.

Os restos alimentares sem processamento industrial não poderão ser encaminhados para a
alimentação de animais.

7. TRANSPORTE INTERNO DO LIXO HOSPITALAR


O transporte interno do lixo hospitalar consiste no translado deste material, do ponto de geração
até ao local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade
de apresentação para a recolha (figura 13﴿.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Para o transporte interno, o pessoal responsável pelo transporte deve estar com os equipamentos
de protecção individual adequados, como luva,
máscara, avental e botas. O horário do transporte deve
ser padrão e não pode coincidir com o horário de
visitas, distribuição de roupas limpas, alimentos ou
medicamentos.
Os recipientes para transporte interno devem ser
constituídos de material rígido, lavável, impermeável,
provido de tampa articulada ao próprio corpo do
equipamento, cantos e bordas arredondados, e serem
identificados com o símbolo correspondente ao risco
do resíduo neles contidos, de acordo com este regulamento técnico. Devem ser providos de rodas
revestidas de material que reduza o ruído.
Armazenamento Temporário

O armazenamento temporário consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os


resíduos já acondicionados, em local próximo aos
pontos de geração, visando agilizar a colheita
dentro do estabelecimento e optimizar o
deslocamento entre os pontos geradores e o ponto
destinado à apresentação para colheita externa
(figura 14﴿. É obrigatória a conservação dos
sacos contendo o material em recipientes de
acondicionamento.

O armazenamento temporário pode ser feito


em camiões ou contentores, um para cada grupo de resíduos, em quantidade suficiente para atender
à demanda diária. O armazenamento temporário poderá ser dispensado nos casos em que a
distância entre o ponto de geração e o armazenamento externo seja pequena.

O local do armazenamento deve ser de fácil acesso para recolhimento externo, ter uso exclusivo
para armazenar os resíduos e oferecer segurança aos mesmos até que seja realizada a colheita para
a destinação final.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Transporte Externo

O transporte externo do lixo e resíduos hospitalares consistem na remoção deste material do


armazenamento interno ou armazenamento externo até a unidade de tratamento ou disposição
final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento do
material, saúde dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com
as orientações dos órgãos de limpeza urbana. O tratamento de lixo hospitalar consiste na aplicação
de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos,
reduzindo ou eliminando o risco de contaminação de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio
ambiente.

8. OS MÉTODOS E PROCESSOS DE TRATAMENTO DO LIXO


HOSPITALAR

Os métodos ou processo de tratamento de lixo hospitalar inclui a Incineração, Autoclavagem,


Microondas, Aterro Sanitário (vala séptica), Desinfecção química e Radiação Ionizante ou
Irradiação.

Incineração

A incineração é uma das técnicas térmicas existentes para o tratamento de resíduos (figura 15﴿.
Consiste na queima de materiais em alta temperatura (geralmente acima de 900 oC), em mistura
com uma quantidade apropriada de ar e durante um
tempo pré-determinado. O processo de
autoclavagem consiste no tratamento dos resíduos
com vapor saturado, onde estes são expostos à
temperatura de 121 oC a 132 oC durante 15 a 30
minutos para a destruição das bactérias, que ocorre
pela termocoagulação das proteínas
citoplasmáticas, numa autoclave. É o considerado
um método seguro de esterilização que pode ser
usado para o lixo potencionalmente infectante.

O processo de microondas consiste na prévia trituração e aspersão de água nos resíduos que são
submetidos na área de processamento a acção de vapor e radiação de microondas que dessa
maneira alcançam temperatura e pressão máxima de esterilização. A disposição final do lixo

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

hospitalar consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los,


obedecendo a critérios técnicos de construção e operação.

RESUMO

A ergonomia é o estudo do trabalho e da sua relação com o ambiente no qual é desempenhado (o


local de trabalho) com aqueles que o desempenham, ou seja, os trabalhadores. A ergonomia tem
como objectivo adequar e adaptar a tarefa ao trabalhador, em vez de forçar o trabalhador a adaptar-
se à tarefa.

A ergonomia engloba condições de trabalho que podem afectar o conforto e a saúde do trabalhador,
incluindo factores como a iluminação, o ruído, a temperatura, as vibrações, a concepção do posto
de trabalho, equipamentos, assim como a concepção da tarefa, incluindo factores como o trabalho
por turnos, os respectivos intervalos e os horários de almoço.

O lixo ou resíduo hospitalar é aquele que é gerado no atendimento de paciente ou de qualquer


estabelecimento de saúde ou unidade que execute actividades de natureza de atendimento médico,
tanto para seres humanos quanto para animais.

Este lixo ou resíduos é classificado em grupo A, B, C, D e grupo E. As etapas do gerenciamento


dos resíduos hospitalares são: identificação, separação, acondicionamento, transporte interno,
armazenamento temporário ou armazenamento externo, transporte externo, e tratamento final.

Actividades de ensino-aprendizagem

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE Liste em separado alguns exemplos dos resíduos resultantes da actividade
1 sanitária em infeccioso, comum e especial.
Duração 30 minutos
Objectivos:
Saber destingir os principais resíduos resultantes da actividade sanitária.
Conteúdos de referência
- Gestão do Lixo e residuos laboratoriais
- Classificação geral de resíduos e lixo resultantes da actividade sanitária
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos organizam-se em grupos e listam o seguinte:

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- Listam Exemplos de lixo comum:


- Listam Exemplos de lixo infeccioso:
- Listam Exemplos de lixo especial:
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Organizar os alunos em grupo
- Fazer breve resumo da aula
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
-Sala de aulas
-Papel gigante
-Marcador e quadro branco
Critérios de avaliação
-Comportamento do estudante durante a prática.
-Domínio dos estudantes no tema

Actividades de ensino-aprendizagem

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 2 Mencione as etapas do gerenciamento dos resíduos hospitalares.
Duração 30 minutos
Objectivos
Reconhecer as etapas de gerenciamento dos resíduos hospitalares.
Conteúdos de referência
- Normas de gestão de resíduos hospitalares
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Em grupos, os estudantes fazem o levantamento e descrevem as etapas da gestão dos resíduos
hospitalares.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Organizar os alunos em grupo e orienta os alunos no desenvolvimento das actividades
- Fazer breve resumo da aula
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
-Sala de aulas
-Papel gigante
-Marcador e quadro branco
Critérios de avaliação

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Comportamento do estudante durante a prática.


-Domínio dos estudantes no tema

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CDC; Enquadramento e directrizes de gestão laboratorial; 2008.

2. Goulart, I. B (1998). Expectativas de desempenho de psicólogos em modernas


organizações; In: Psicologia do Trabalho e Gestão de Recursos Humanos: estudos
contemporâneos. São Paulo: Casa do Psicólogo.

3. Len, L. (2007). Lixo hospitalar e suas conseqüências Sanitárias e ambientais: Estudo


comparativo de caso em fortaleza – ceará; Fortaleza – ceará;.

4. MISAU; Biocontenção (2010). O gerenciamento do risco em ambientes de alta contenção


biológica NB3 e NBA3; Brasília –DF.

5. Motta, F.; (2009). Avaliação ergonômica de postos de trabalho no sector de pré-impressão


de uma indústria gráfica.
6. Ministério de Saúde (2011). Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos
práticos para técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.

7. Olivares, I. (2006) Gestão de qualidade em Laboratórios; Editora Átomo; Brasil.

8. Pinto, A. (2009) Análise ergonómica dos postos de trabalho com equipamentos dotados
de visor em centros de saúde da administração regional de saúde do centro; Coimbra.

9. Walters, N. J. (1998) Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; Laboratório Clínico: Técnicas


Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed;

10. Xavier, R; Dora, J (2010) De sousa, C.; Barros, E.; Laboratório Clínico na prática Clínica:
Consulta rápida, 2ª ed.;Editora ABDR.

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UNIDADE DIDÁCTICA 4

COLHEITA, TRANSPORTE E CONSERVAÇÃO DAS


AMOSTRAS BIOLÓGICAS

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ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ___________________________________________________________________ 103


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica________________________________ 103

INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________ 104


1. AMOSTRA BIOLÓGICA __________________________________________________________ 104
1.2. COLHEITA DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS ____________________________ 104

1.3. A Colheita de Sangue Venoso __________________________________________ 105

1.4. A colheita de sangue a vácuo é a técnica de colheita de sangue venoso recomendada


pelas normas da OMS por apresentar vantagens como: ______________________________ 111

1.5. A colheita de Sangue Capilar ___________________________________________ 113

1.6. A Colheita de Amostra de Urina ________________________________________ 114

1.7. O exame de Rotina de Fezes____________________________________________ 115

1.8. A Colheita de Amostras de Expectoração _________________________________ 116

2. O TRANSPORTE E ENVIO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS _______________________ 118


3. A CONSERVAÇÃO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS _______________________________ 118
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD Nº 4 ___________________________ 120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________________________________________ 121

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OBJECTIVO GERAL

Realizar a colheita, conservação e transporte das amostras laboratoriais para o processamento de


análise segundo os procedimentos estabelecidos e/ou POPs

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica


No fim desta Unidade o estudante será capaz de:
- Definir e preencher todos os dados da requisição do utente/paciente conforme as
normas institucionais em vigor
- Avaliar os tipos de recipientes, a integridade e a quantidade mínima da amostra para
garantir a qualidade e conferir resultados fiáveis
- Aplicar as técnicas de registo dos dados e de recepção de amostra no livro de entrada
ou sistema informatizado/informático do Laboratório
- Organizar o local de colheita e reunir o material indispensável para o procedimento,
como recomendam as boas práticas laboratoriais-BPL
- Comprovar se os materiais para a colheita de amostras cumprem com as normas da
biossegurança e estão em quantidade suficiente para a realização do trabalho diário,
segundo o check-list de colheita
- Rotular os recipientes onde serão depositadas as amostras de forma clara e seguindo os
procedimentos estabelecidos.
- Recolher as amostras biológicas humanas tomando em conta as recomendações do POP
e em função do tipo de análise a realizar
- Arrumar as amostras seguindo as folhas de trabalho/requisições correspondente.
- Preparar as amostras para sua conservação segundo as suas especificidades e de acordo
com as normas estabelecidas.
- Aplicar os critérios de aceitação ou rejeição das amostras que não cumprem os
requisitos para seu processamento.
- Identificar os sectores específicos para a alocação das amostras.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO

A colheita correcta de amostra biológica para o exame laboratorial constitui uma das actividades
importântes para a obtenção de um resultado do exame laboratorial fiável.
Nesta unidade, o estudante terá a oportunidade de aprender, as principais amostras biológicas
usadas na rotina laboratorial, também terá oportunidade de aprender os procedimentos de colheita,
conservação e transporte das mesmas, antes da realização do exame laboratorial.
Em suma, a presente unidade apresenta três grandes capítulos:
- No primeiro capítulo sobre a amostra biológica, abordaremos a colheita de amostras
biológicas, a colheita de sangue venoso, colheita de sangue a vácuo, a colheita de sangue
capilar, a colheita de amostra de urina, o exame de rotina de fezes e ainda a colheita de
amostras de expectoração.
- No segundo capítulo será abordada a temática sobre o transporte de amostras biológicas.
- No terceiro capítulo será a apresentado e discutido o tema sobre a conservação de amostras
biológicas.

1. AMOSTRA BIOLÓGICA
DEFINIÇÃO
A Amostra Biológica é a parte do material biológico do paciente que é utilizada
para análises laboratoriais.

Faz parte de amostra biológica, a pequena parte do material como a do sangue, urina, fezes,
líquidos corporais (cefalo-raquidiano-LCR, pleural, amniótico, etc.), tecidos (biópsia,
raspagem,etc.) e secreções corporais (expectoração, esperma, vaginal, uretral, entre outros).

1.1. Colheita Das Amostras Biológicas

A colheita da amostra biológica para o exame laboratorial são procedimentos que fazem parte
da fase pré analítica e são, também, actividades de estrema importância para a obtenção de um
resultado do exame laboratorial fiável. A colheita da amostra biológica para o exame laboratorial
pode ser realizada no laboratório (pelo profissional de laboratório), na enfermaria (pelo
profissional de enfermagem e outros profissionais de saude) ou em casa, pelo próprio paciente,
após ter recebido do laboratório orientações claras sobre a colheita de modo a previnir ocorências
de enganos ou a introdução de variáveis não controladas que poderão comprometer com a
exactidão dos resultados nas fases subsequentes.

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No acto de colheita, o técnico do laboratório deve assegurar de que a amostra será colhida do
paciente especificado na requisição dos exames. Para isto, recomenda-se:

Para Pacientes em Ambulatórios


- Pedir que forneça o nome completo e a idade para confirmar com o nome da requisição;
- Crianças e pessoas com outras limitações devem ser acompanhados.
Para Pacientes Internados
- Em geral as enfermarias disponibilizam etiquetas com dados de identificação necessário,
mesmo assim, o pessoal responsável pela colheita deve verificar a identificação no bracelete
ou a identificação postada na cama, quando disponível;
- O número de cama nunca deve ser utilizado como critério de identificação;
- Relatar ao enfermeiro chefe ou ao chefe do laboratório qualquer discrepância, antes de efectuar
a colheita;
- Para pacientes com algum tipo de dificuldades de comunicação, o pessoal responsável pela
colheita deve valer-se de informações de algum acompanhante ou da enfermagem; é
indespensável que a identificação possa ser rastreada a qualquer instante do processo;
- O material colhido deve ser identificado na presença do paciente. Nos sistemas manuais, a
identificação pode ser feita pela colocação nos recipientes de colheita, duma etiqueta com o
nome do paciente, a data da colheita e o número sequencial do livro de registo de atendimento.
Em seguida iremos abordar com detalhes os seguintes tópicos: colheita de sangue venoso, sangue
vácuo, sangue capilar, a colheita de amostra de urina, o exame de rotina de fezes e a colheita
de expetoração.

1.2. A Colheita de Sangue Venoso

DEFINIÇÃO
A colheita de sangue venoso é o procedimento de obtenção de amostras de
sangue para análises laboratoriais a partir de punção venosa.

A punção venosa consiste na introdução de uma agulha numa veia para injectar medicamentos
ou para extrair sangue, de acordo com a figura-1, que apresenta Localização das veias humanas
mais utilizadas na punção venosa. As veias mais utilizadas são a basílica mediana e a cefálica,
ambas localizadas na parte anterior do braço, próximo à dobra do cotovelo. A punção na veia
basílica mediana costuma ser a melhor opção, pois na punção da veia cefálica existe maior risco
de formação de hematomas. As veias do dorso da mão também podem ser puncionadas. Nessa
região, recomenda-se a veia do arco venoso dorsal, por possuir maior calibre.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

A outra é a veia dorsal do metacarpo que também poderá ser puncionada, porém a colheita será
mais dolorosa.
As áreas a serem evitadas na punção venosa são:

- Área com terapêutica ou hidratação intravenosa de qualquer espécie;


- Locais com cicatrizes de queimadura;
- Membro superior próximo ao local onde foi realizada mastectomia, cateterismo ou qualquer
outro procedimento com hematomas;
- Veias que sofreram trombose porque são pouco elástica, podem parecer um cordão e têm
paredes endurecidas;
- Se o doente estiver sobre administração de soro glicosado ou outros líquidos intraveno no
membro, estes devem ser suspensos por três minutos antes de ser obtida a amostra;
- Deve ser feita uma chamada de atenção na requisição do pedido de exames laboratoriais e no
formulário do relatório dos resultados.

Os materiais para a colheita de sangue venoso incluem: o garrote (torniquete), agulha, e


adaptadores (para o sistema fechado), seringa (para o sistema aberto), bolas de algodão,
álcool a 70% e tubos para a colheita de acordo com o pedido do exame.

Garrote

O garrote é definido como um instrumento de compressão usado para obstruir temporariamente


a circulação sanguínea de um membro, geralmente o superior, por um determinado tempo através

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da aplicação de uma pressão local (figura 2). Esta pressão ao ser aplicada sobre a pele é transferida
à parede dos vasos causando uma oclusão venosa transitória.

No laboratório clínico, a oclusão venosa gerada pela aplicação do garrote induz um aumento da
pressão de filtração através das paredes dos capilares. O aumento na turgidez dos vasos
sanguíneos, pelo acúmulo de sangue, facilita a sua identificação e punção subseqüente.

Em condições fisiológicas normais, as concentrações dos elementos que compõem o sangue são
homogéneas em toda a extensão do vaso. A estase venosa criada pelo garrote, gera um aumento
da pressão intravascular, a água e compostos de baixo peso molecular se movem do espaço
intravascular para o intersticial, diminuido as suas concetrações. Constituintes do sangue de massa
molecular alta, como os lípidos, as proteínas e substâncias ligadas às proteínas, aumentam suas
concentrações devido à impossibilidade de difusão para o interstício.

O tempo ideal de permanência do garrote no braço do paciente/utente é de 30 segundos, período


em que não ocorrem grandes prejuízos para os parâmetros laboratoriais mais solicitados. A estase
venosa induzida pela permanência de garrote por um período de tempo superior a 60 segundos
aumenta significativamente a concentração sérica dos elementos como o colesterol, proteínas
totais, albumina, glicose, cálcio, lactato, magnésio e, diminui a concentração sérica dos elementos
difusíveis do meio intravascular para o meio intersticial como é o caso de Sódio. A libertação de
potássio de plaquetas pelo efeito do garrote eleva a sua concentração sérica. Concentração sérica
é a quantidade (dosagem) disponível destes analitos no sangue.

Para o uso adequado do garrote devem ser seguidos os seguintes passos:

1. Posicionar o braço do paciente, inclinando – o para baixo a partir da altura do ombro;


2. Colocar o garrote (torniquete) com o braço para cima a 8cm do local de punção;
3. Não aplicar o procedimento de “bater nas veias com dois dedos” no momento de selecção
venosa. Este procedimento provoca hemólise capilar;
4. Não usar o garrote continuamente por mais de 1 minuto, ja que, a oclusão venosa
prolongada pode elevar a concentação dos analitos sanguíneos com a massa molecular alta,
gerando falsos em certas análises;
5. Pedir ao paciente que feche a mão para evidenciar a veia;
6. Não apertar intensamente o garrote pois o fluxo arterial não deve ser interrompido.

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ATENÇÃO
O garrote deve ser trocado ou desinfetado sempre que a condição higiénica for
necessária, assim evitará a contaminação.

Para evidenciar as vias As técnicas para evidenciar as veias estão listados abaixo:

1. Pedir o paciente para baixar o braço e fazer movimentos suaves de abrir e fechar a mão;
2. Massagear delicadamente o braço do paciente (do punho para o cotovelo);
3. Fixar as veias com os dedos nos casos de flacidez.

Tubos Para Colheita de Sangue

Os tubos para a colheita de sangue devem ser seleccionados de acordo com o exame solicitado,
sendo de extrema importância conhecê-los para a realização de uma boa colheita de material
biológico (figura 3). A troca de tubos na colheita de amostras para o exame laboratorial, influencia
significativamente nos resultados de exames laboratorias.

EXEMPLO Se a requisição do paciente solicita o exame de glicemia e, a amostra é colhida


em tubo com EDTA como anticoagulante, será difícil centrifugar a amostra e os
resultados podem ser alterados devido a presença de enzimas que metabolizam a
glicemia.

Quando o paciente possui mais de um exame solicitado e estes exames necessitam de amostras
que devem ser colhidos em tubos diferentes, a sequência de colheita para tubos de colheita de ser
feito baseando ao método a que está sendo usado na colheita, para evitar a contaminação e possível
coagulação das mesmas.

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EXEMPLO Pelo sistema aberto, a sequência deve ser: tubos com anticoagulante, tubo com
heparina (tampa verde), tubo com EDTA (tampa roxa) e tubo com fluoreto de
sódio (tampa cinza), seguido pelo tubo sem anticoagulante (tampa vermelha ou
tampa amarela).

Pelo sistema fechado, a sequência deve ser: tubo sem anticoagulante (tampa
vermelha ou tampa amarela), seguido pelos tubos com anticoagulante tubo
com heparina (tampa verde), tubo com EDTA (tampa roxa) e tubo com
fluoreto de sódio (tampa cinza).

O material colhido em recipiente inadequado deve ser rejeitado e descartado pelo laboratório pois
não terá validade para a realização da análise.

Tabela 1: Relação Entre o Tipo de Tubo e o Tipo de Exames Laboratoriais

Cor da tampa Volume Exames Grupo de


anticoagulantes/aditivos

Lilás ou roxa 4.0 á 5.0 ml Hemograma; VS; Tubos com EDTA


Grupo sanguíneo;
CD4; Carga Viral

Azul 4.5ml Provas de Tubos com citrato de


coagulação sódio

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Cinza 2.0ml Glicemia Tubos com fluoreto de


sódio

Vermelha ou Tubo maior (10ml) Bioquímica; Tubos para soro com


amarela hormonas; serologia; ativador de coágulo com
Tubo menor (4.0ml) testes rápidos gel separador

A colheita de sangue venoso pode ser realizada pelo sistema aberto, como também pelo sistema
fechado.

A Colheita de Sangue Venoso Pelo Sistema Aberto


- A Colheita de sangue venoso pelo sistema aberto é o procedimento de obtenção de
obtenção de amostra de sangue pelo método da agulha e seringa.
- Este método é usado há muitos anos e enraizou-se em algumas áreas de saúde, pois o
mesmo produto é usado para infundir medicamentos.
- A colheita com seringa e agulha no laboratório é ainda muito usada, seja por sua
disponibilidade, uma vez que seringas e agulhas hipodérmicas são materiais essenciais para
o funcionamento de uma instituição de saúde, seja pelo menor custo do produto. Porém,
poderá trazer impacto em maior escala na qualidade da amostra obtida, bem como nos
riscos de acidente com materiais perfurocortantes.
Os procedimentos técnicos para a colheita de sangue venosa pelo sistema aberto são:

1. Organizar os materiais necessários: luva de procedimento, agulha, seringa, garrote, bolas


de algodão, álcool a 70%,tubos para a colheita de acordo com o pedido do exame;
2. Confrontar a informação contida na requisição do paciente (nome, sexo, idade);
3. Identificar –se ao paciente, explicar o procedimento e pedir a colaboração do paciente;
4. Calçar as luvas;
5. Colocar a agulha na seringa sem retirar a capa protetora, não tocar na parte inferior da
agulha;
6. Movimentar o êmbulo e pressionar para retirar o ar;
7. Ajustar o garrote e escolher a veia;
8. Fazer a anti-sepsia do local da colheita com algodão humedecido em álcool a 70% ou álcool
iodado a 1% em movimento circular do centro para a periferia. Não tocar mais no local
desinfectado;
9. Retirar a capa da agulha e fazer a punção;
10. Soltar o garrote assim que o sangue começar a fluir na seringa;

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11. Orientar o paciente a pressionar com algodão a parte puncionada, mantendo o braço
estendido, sem dobra-lo;
12. Transferir o sangue para um tubo de ensaio, escorrer delicadamente o sangue pela parede
do tubo. Este procedimento evita a hemólise da amostra. Descartar a seringa no mesmo
recipiente de descarte da agulha.

As precauções que devem ser tomadas na colheita do sangue venoso em sistema aberto são: não
reencapar as agulhas, descartar em recipiente próprio a seringa e a agulha (caixa para material
perfuro-cortante); Ao transferir o sangue para os tubos, retirar a agulha e transferir o sangue pelas
paredes dos tubos, tapar e misturar por inversão; Evitar a formação de espuma.

1.3. A colheita de sangue a vácuo é a técnica de colheita de sangue


venoso recomendada pelas normas da OMS por apresentar vantagens
como:
- Segurança do paciente e do profissional de saúde;
- Proporção correcta do sangue/anticoagulante elevando a qualidade da amostra;
- Colheita em pacientes com acessos venosos difícil;
- Numa única punção pode se colher vários tubos;
- Qualidade nos resultados dos exames.
Os procedimentos técnicos para a colheita de sangue venosa pelo sistema fechado são:

1. Organizar os materiais necessários: luva de procedimento, agulhas para colheita de sangue e


adaptadores, garrote, bolas de algodão, álcool a 70%, tubos para a coleta de acordo com o
pedido do exame.
2. Confrontar a informação contida na requisição do paciente (nome, sexo, idade);
3. Identificar – se ao paciente, explicar o procedimento e pedir a colaboração do paciente;
4. Calçar as luvas; (consulte o tema uso de luvas de procedimento no capítulo Bio-ssegurança);
5. Fazer a anti-sepsia do local da colheita com algodão humedecido em álcool a 70% ou álcool
iodado a 1% em movimento circular do centro para a periferia. Não tocar mais no local
desinfectado;
6. Conectar a agulha ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja firme para assegurar que
não solte durante o uso;
7. Remover a capa superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima;
8. Ajustar o garrote e escolher a veia;

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9. O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da mão e seguro firmemente entre o
indicador e polegar;
10. No acto de punção, com o indicador ou polegar de uma das mãos, esticar a pele do paciente
firmando a veia escolhida e com sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia com
precisão e rapidez (movimento único);
11. O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de colheita de 15º em relação ao braço
do paciente;
12. Segurando firmemente o sistema agulha-adaptador com uma das mãos, com a outra pegar o
tubo de colheita a ser utilizado e conectá-lo ao adaptador;

Sempre que possível: a mão que estiver puncionando deverá controlar o


ATENÇÃO
sistema, pois durante a colheita, a mudança de mão poderá provocar
alteração indevida na posição da agulha.

13. Com o tubo de colheita dentro do adaptador, pressione-o com o polegar até que a tampa tenha
sido penetrada;

ATENÇÃO
Deve: sempre manter o tubo pressionado pelo polegar assegurando um
óptimo preenchimento.

14. Tão logo que o sangue flua para dentro do tubo de colheita, o garrote deve ser retirado. Se a
veia for muito fina poderá manter o garrote;
15. Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, remova-o do adaptador trocando-o
pelo seguinte; Sempre seguindo a sequência correcta de colheita;
16. A medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los gentilmente por inversão (5 a 8
vezes);

Agitar vigorosamente pode causar espuma ou hemólise. Nos tubos com


ATENÇÃO
anticoagulantes, a homogeneização inadequada pode resultar em
agregação plaquetária e/ou microcoágulos.

17. Logo que terminar a colheita do último tubo, retirar a agulha;


18. Orientar o paciente a pressionar com algodão a parte puncionada, mantendo o braço estendido,
sem dobra-lo;
19. Uma vez estancado o sangramento aplicar uma bandagem;

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

20. Descartar a agulha em recipiente próprio para materiais infecto contaminantes.

ATENÇÃO
Descartar a agulha imediatamente após a remoção do braço do paciente,
em recipiente adequado (não desconectar a agulha – não reencapar).

21. Enviar as amostras para os sectores na posição vertical em maletas de transportes apropriados
ou em suportes;
22. Perguntar ao paciente “como se sente”.
- Em caso de positivo, agradeça a sua colaboração e dispensa-o.
- Em caso negativo por:
Hematoma (sinais de inchaço e dor)

Causas: a agulha perfurou totalmente a veia; o bisel entrou parcialmente na veia;

Acção:

- Remover o Garrote
- Remover a Agulha
- Aplicar a Pressão Quanto Tempo.

1.4. A colheita de Sangue Capilar


- A colheita de sangue capilar é o procedimento de obtenção de amostras de sangue para
análises laboratoriais a partir de punção de capilares sangíneos. Esta amostra é útil para a
realização dos testes rápidos de malária, bem como o exame de rotina de microscopia de
malária.

LEMBRA-TE
Mais detalhes nos módulos de Exames Hematológicos e Parasitológicos

Os procedimentos técnicos para a colheita de sangue capilar são:

1. Organizar o material (lanceta, bola de algodão, álcool a 70%, lâmina ou a placa do teste
rápido a ser realizado)
2. Pedir ao paciente os dados de idade, nome e sexo e logo anotar na requisição e lâmina ou
a placa do teste rápido a ser realizado o respectivo código.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

3. Com a mão esquerda do paciente, palmas para cima, seleccionar o terceiro ou quarto dedo
﴾contado a partir do polegar﴿. Para as crianças pode ser usado o dedão do pé ou no
calcanhar.
4. Usar uma bola de algodão levemente humedecido com álcool a 70% para limpar o dedo
usando movimentos firmes para remover a sujidade e a gordura da ponta do mesmo;
5. Utilizar outra bola de algodão para secar o dedo, usando movimentos firmes para estimular
a circulação sanguínea.
ATENÇÃO Com a lanceta estéril, puncionar a ponta do dedo rodando a lanceta rapidamente
aplicando uma leve pressão no dedo.

6. Exprimir a primeira gota de sangue e limpar com algodão seco; certificar de que nenhum
fio de algodão permaneceu no dedo.
7. Asegurar a lâmina limpa apenas nas bordas e colher o sangue.
8. Limpe o sangue restante do dedo com algodão.

1.5. A Colheita de Amostra de Urina


- A colheita de amostra de urina para o exame laboratorial é frequentemente solicitada
pelos clínicos, para auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversas patologias. Todavia, a
colheita adequada da amostra é essencial para que os resultados dos exames sejam válidos.

A amostra de urina deve ser examinada após uma hora de emissão. Quando isso não for possível,
a urina deve ser refrigerada entre 4 – 6 oC por até oito horas.

Na colheita de urina para o exame geral devem ser obedecidos os seguintes cuidados:

- De preferência, colher a primeira urina da manhã;


- Lavar os órgãos genitais externos com água e
sabão;
- Colher a urina em recipiente limpo e seco e envia-
lá imediatamente ao laboratório (os frascos para
amostra de urina poderão ser levantados
previamente no laboratório ﴾figura 4﴿;
- Colher somente o jato médio, desprezando o início
e o fim da micção;
- Na colheita de urina de mulheres, recomendar a abstinência sexual de pelo menos 24 horas;

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Em mulheres menstruadas, usar tampão vaginal depois da lavagem, para não contaminar a
urina com sangue.
ATENÇÃO Se a colheita for realizada no laboratório ou em pacientes acamados é necessário
que se evite no preparo do paciente a presença de elementos que poderiam
confundir os achados do exame microscópico do sedimento, como fibras de
algodão ou talco (usado nas luvas cirúrgicas).

Em geral são colhidos de 50 a 100ml de urina mas, em casos especiais, como em crianças pequenas
ou de pacientes com problemas de micção, volumes bem menores podem ser suficientes.

No caso de crianças pequenas, após a lavagem externa dos órgãos genitais, deve-se colocar
colectores plásticos e aguardar a micção. É necessário que a recepção do laboratório seja orientada
para julgar caso por caso.

Se a colheita for em casa, é necessário que a recepção do laboratório oriente o paciente como a
colheita deve ser feita e o paciente leve para casa instruções escritas para colheita de urina de 12
horas e de 24 horas. Alguns pacientes hospitalizados poderão necessitar de punção suprapúbica
para colher amostra de urina para o exame laboratorial, esta será praticada pelo médico.

LEMBRA-TE Mais detalhes dos procedimentos de colheita de urina para exames de


sedimento urinário e urocultura encontram-se no módulo de exames
microbiológicos.
1.6. O exame de Rotina de Fezes
O exame de rotina de fezes compreende as análises macroscópicas, microscópicas e bioquímicas
para a detecção precoce de sangramento gastrintestinal, distúrbios hepáticos e dos ductos biliares
e síndromes de mal absorção. De igual valor diagnóstico são a detecção e identificação das
bactérias patogênicas e parasitas.

A colheita de fezes tem recomendações especiais, segundo as finalidades do exame a que se


destinam. A melhor amostra é de fezes frescas, enviadas ao laboratório logo após a colheita.

- No exame coprológico (coprocultura), estuda-se as funções digestivas do paciente. O paciente


deve ser submetido a regime alimentar apropriado, que varia de carboidrato, gorduras e
proteínas, em dieta variada, composta de alimentos triviais e na proporção que figuram na dieta
normal. Recomenda-se ao paciente que pelo menos 72 horas antes da colheita do material
inclua na sua dieta normal a carne, leite, batata, feijão e manteiga.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

No dia de exame colher pelo menos 50g de fezes e encaminhar no laboratório. Esta amostra deve
ser colhida em recipiente de boca larga e limpa, sem necessidade de esterilização. Colher o material
correspondente a parte intermediária da evacuação, que é, em geral, de maior uniformidade. É
fundamental que se evite a contaminação com urina, água ou outro elemento.

- A pesquisa de sangue oculto é uma técnica usada para detectar precocemente o sangramento
intestinal provocado por tumores malígnos do cólon, na parte inferior do intestino. A colheita
de fezes para este teste deve ser bem-feita para que os resultados obtidos, tanto positivos como
negativos, tenham significado clínico. É necessário que a pesquisa de sangue oculto seja
precedida de dieta rigorosa por 4 dias, sem ingestão de carnes, vegetais verdes (devido a
clorofila) e medicamentos a base de ferro ou aspirina. Recomeda-se ainda que nos 4 dias o
paciente não escove os dentes, para evitar sangramentos gengivais. A pesquisa deve ser feita
em fezes recentemente emitidas.

- A Colheita de fezes para pesquisa de parasitas é um dos exames mais solicitados em


laboratório clínico. As fezes recentes são colhidas em recipientes de boca larga, limpos e secos,
com tampa rosqueada. Evitar a contaminação com urina. Os detalhes dos procedimentos de
colheita de amostras de fezes encontram-se no módulo de exames microbiológicos.

1.7. A Colheita de Amostras de Expectoração


A Colheita de amostras de expectoração para o exame
laboratorial é um dos mais solicitados para pacientes com
suspeita de tuberculose. A expectoração é uma amostra
obtida da árvore brônquica, após esforço da tosse. Esta
amostra deve ser colhida em frascos ﴾escarradores﴿
estéreis fornecidos pela unidade sanitária ou pelo
laboratório

Os escarradores devem ter as seguintes características:


- Ter altura mínima de 40mm e diâmetro de 50mm.
- Ter Tampa com rosca e larga.
- De plástico transparente.
- Com capacidade de 35 a 50ml.
As instruções para a colheita de expectoração devem estar disponíveis por escrito em todos os
laboratórios e serviços de consulta da tuberculose. O profissional de saúde deve conhecer

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

perfeitamente essas instruções para explicar ao paciente. É importante informar ao paciente que a
melhor amostra é a proveniente da árvore brônquica (pulmões); a saliva ou secreções nasais são
inadequadas para o exame, e são necessárias duas amostras de expectoração para um diagnóstico
ideal.
Os procedimentos para a colheita da 1ª amostra estão alistados a seguir:
1. Lavar a boca ou buchechar com água corrente para retirar partículas alimentares;
2. Inspirar o ar profundamente pelo nariz, reter o ar por alguns segundos no pulmão, e expirar
lentamente pela boca (realizar este procedimento duas vezes);
3. Na terceira vez, inspirar o ar profundamente pelo nariz, reter o ar por alguns segundos no
pulmão, e expirar forçando a tosse;
4. Colher a expectoração directamente para o escarrador;
5. Se necessário repetir estes procedimentos até atingir um volume de 5 a 10ml de
expectoração;
6. Fechar bem o escarrador e entregar ao profissional de saúde.
ATENÇÃO A 1ª amostra deve ser colhida de imediato, isto é, no local da consulta; num sítio
arejado e distante das pessoas, pois, se esta for positivo, o paciente iniciará o
tratamento logo que este retorne a unidade sanitária para a entrega da segunda
amostra. Se não for possível realizar a colheita no local da consulta, o paciente
deve colher a noite, antes do jantar. O profissional de saúde deve entregar os
escarradores já identificados e simular a técnica de colheita durante as orientações
de colheita.

Os procedimentos para a colheita da 2ª amostra são os seguintes:


1. Instruir o paciente a tomar muitos líquidos durante o dia (água, sumos, etc.) e a se deitar
sem almofada, caso tenha dificuldades de expectorar;
2. Realizar a 2ª colheita no dia seguinte, logo ao acordar, seguindo as orientações acima
descritas.
3. Levar o escarrador até ao profissional de saúde o mais rápido possível, protegendo-o do
sol.
LEMBRA-TE Os conteúdos relacionados com as amostras de tecidos, líquidos e secreções
corporais, encontram-se nos módulos de Exames Histocitológicos e
Microbiologicos respectivamente.

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2. O TRANSPORTE E ENVIO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS


O transporte de material biológico dentro do País, em função da sua natureza institucional, pode
ser, Intra-institucional (entre laboratórios da mesma instituição) e Inter-institucional (entre
laboratórios de instituições diferentes). Em laboratórios da mesma instituição, localizados no
mesmo prédio ou campus, o transporte deve ser feito em embalagens fechadas e vedadas,
devidamente identificadas com o tipo de material transportado, além do nome e endereço do
remetente e destinatário. É necessária a utilização de dois recipientes, sendo um interno (tubos de
ensaio fechados ou placas de Petri vedadas) que conterá o material, e outro recipiente ou
embalagem externa, cujo material ofereça resistência ao transporte. O laboratório clínico deve
apresentar um procedimento de transporte das amostras para garantir que a sua integridade não
seja comprometida durante seu transporte. O laboratório deve dar orientações ao transportador das
amostras quanto as condições necessárias para o transporte, pois, cada amostra, dependendo das
suas características, pode necessitar de cuidados especiais que devem ser considerados.
EXEMPLO - Temperatura da amostra durante o transporte;
- Acondicionamento adequado (importante no caso de amostras frágeis);
- Embalagem adequada (a fim de evitar contaminação da amostra);
- Identificação adequada e Periculosidade das amostras.
O transporte Inter institucional de material biológico deverá ser realizado em embalagem tripla,
com as descrições acima apresentadas.
O profissional responsável pelo envio deve assegurar que a embalagem utilizada seja vedada e
identificada com o símbolo internacional de segurança biológica, além de conter informações, tais
como: nome, endereço completo e telefone do remetente e destinatário. Todas as informações
pertinentes ao correcto transporte da amostra devem ser passadas ao responsável pelo transporte,
que deve atendê-las, bem como dispor de veículo adequado para realizar a entrega dentro do prazo
que, de acordo com a embalagem, garanta a integridade destas. A embalagem deve estar
identificada com o símbolo de risco biológico. O destinatário deverá informar ao remetente sobre
o recebimento do material e as condições deste.

3. A CONSERVAÇÃO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS


O paciente deve receber instruções claras sobre armazenamento e conservação da amostra colhida.
As condições para conservação de amostras devem possibilitar a manutenção da integridade dos
elementos e contribuir para a estabilidade das substâncias químicas. A estabilidade de uma amostra
é definida pela capacidade de seus componentes se manterem nos valores iniciais, dentro de limites
aceitáveis de variação, por um determinado período de tempo. A estabilidade pré-analítica das

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118
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

amostras depende de vários factores, como a temperatura, carga mecânica e tempo de


processamento. De uma forma geral, se o envio das amostras de amostras ao laboratório ocorrer
dentro de 24 horas, ou seja no mesmo dia de colheita, elas poderão estar a temperatura ambiente
protegidas da luz solar (18 a 22oC). Se a demora no envio ao laboratório for no máximo de 5 dias,
as amostras deverão ser mantidas refrigeradas entre 2 a 8 oC na geleira para armazenamento do
material contaminado, ou em caixas térmicas com acumuladores de gelo.
Para urina, caso seja ultrapassado o tempo de 1 hora entre a colheita e entrega ao laboratório, esta
deve ser conservada em refrigerador entre 2 a 10oC. Algumas amostras, como é o caso de
expectoração, se não for possível enviar em 24 horas ao laboratório, e não houver geleira para
armazenamento, pode-se realizar o esfregaço e fixar na chama para posterior envio ao laboratório.

RESUMO
A Amostra biológica é a parte do material biológico do paciente que é utilizada para análises
laboratoriais. Faz parte de amostra biológica, a pequena parte do material como a do sangue, urina,
fezes, líquidos corporais (cefalo-raquidiano-LCR, pleural, amniótico, etc.), tecidos (biópsia,
raspagem, etc.) e secreções corporais (expectoração, esperma, vaginal, uretral, entre outros). A
colheita de cada tipo de amostra deve seguir os Pops existentes em cada laboratório.

Em laboratórios da mesma instituição, localizados no mesmo prédio ou campus, o transporte das


amostras deve ser feito em embalagens fechadas e vedadas, devidamente identificadas com o tipo
de material transportado, além do nome e endereço do remetente e destinatário. É necessária a
utilização de dois recipientes, sendo um interno (tubos de ensaio fechados ou placas de Petri
vedadas) que conterá o material, e outro recipiente ou embalagem externa, cujo material ofereça
resistência ao transporte. O laboratório clínico deve apresentar um procedimento de transporte das
amostras para garantir que a sua integridade não seja comprometida durante seu transporte.

O transporte Inter institucional de material biológico deverá ser realizado em embalagem tripla,
com as descrições acima apresentadas. Se o transporte das amostras para o laboratório ocorrer
dentro de 24 horas, ou seja no mesmo dia de colheita, elas poderão estar a temperatura ambiente
protegidas da luz solar (18 a 22oC). Se a demora no envio ao laboratório for no máximo de 5 dias,
as amostras deverão ser mantidas refrigeradas, em temperaturas que variam de acordo com o tipo
da amostra.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Actividades de ensino-aprendizagem

ACTIVIDADE
nº 1 A Colheita De Sangue Capilar Para Observação Microscópica
Duração 30 minutos
Objectivos:
- Identificar os materiais usados na colheita do sangue capilar
- Descrever os procedimentos de colheita de sangue capilar
- Realizar a punção capilar para colher a amostra
Conteúdos de referência
- Material para a colheita de sangue
- Tipos de amostras laboratoriais
- Técnicas de colheita de sangue
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
O aluno organiza o material (álcool 70%, bola de algodão, lancetas, lâminas)
Descrição: Acomoda o utente, sauda, seleciona o dedo medio, desinfecta, realiza a colheita.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Elogia o aluno e faz o resumo da colheita do sangue capilar
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Manual de colheita de sangue ou POP
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Capacidade de relacionamento com o utente
- Execução da colheita de sangue capilar

Actividades de ensino-aprendizagem
Actividades de ensino-aprendizagem

ACTIVIDADE nº 2 Colheita de sangue capilar para obsevação Microscópica


Duração 30 minutos
Objectivos:
- Identificar os materiais usados na colheita do sangue capilar

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Descrever os procedimentos de colheita de sangue capilar


- Realizar a punção capilar para colher a amostra
Conteúdos de referência
- Material para a colheita de sangue
- Tipos de amostras laboratoriais
- Técnicas de colheita de sangue
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
O aluno organiza e realiza a colheita da amostra
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
Elogia o aluno e faz o resumo da colheita do sangue capilar
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório Multidisciplinar
- Manual de colheita de sangue ou POP
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Capacidade de relacionamento com o utente
- Execução da colheita de sangue capilar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ANVISA; (2015); Manual de vigilância sanitária sobre o transporte de material


biológico humano para fins de diagnóstico clínico.
2. CDC; (2008); Enquadramento e directrizes de gestão laboratorial.
3. Ezembro, E.; Azam, K.; Cadi, N; (2012); Manual de Baciloscopia da Tuberculose,
Misau/PNCT/INS.
4. MISAU; (2011); Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos práticos para
técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.
5. MISAU; (2010); Biocontenção: o gerenciamento do risco em ambientes de alta
contenção biológica NB3 e NBA3; Brasília –DF.
6. Mota, V.; (2009); Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações; 5ª
ed.; Editora Científica Limitada.
7. Moura, R; Wada, C.; Purchio, A.; De Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório; 3ª
ed.; Atheneu; São Paulo.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

8. Moura, R. A.; (1995); Colheita de Material para o Exame de Laboratório: Assegurando


a Qualidade dos Serviços no Laboratório Clínico; 1a edição; São Paulo. Rio de Janeiro.
Belo Horizonte; Atheneu.
9. Nelson, D & Cox, M.; (2006); Princípios de Bioquímica; 4ª ed.; Sarvier Editora de Livros
Médicos Ltda.
10. Olivares, I.; (2006); Gestão de qualidade em Laboratórios; Editora Átomo; Brasil.
11. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed.
12. Xavier, R; Dora, J.; De sousa, C.; Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática
Clínica: Consulta rápida, 2ª ed.;Editora ABDR.

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UNIDADE DIDÁCTICA 5

FUNÇÕES QUÍMICAS, PUREZA DOS REAGENTES E


PREPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ___________________________________________________________________ 125


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica________________________________ 125

INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________ 126


1. AS FUNÇÕES QUÍMICAS _________________________________________________________ 126
a. Os ácidos___________________________________________________________ 126

b. As Bases ___________________________________________________________ 127

c. Os Sais ____________________________________________________________ 128

d. Os Óxidos __________________________________________________________ 129

e. Os hidrocarbonetos ___________________________________________________ 130

2. ESTEQUIOMETRIA E PUREZA DOS REAGENTES __________________________________ 136


2.1. Grau de Pureza dos Reagentes _______________________________________________________ 138
2. CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES ______________________________________________ 140
a. Usando Proporções Para Preparar Soluções ________________________________ 142

b. Usando Percentagem para preparar Soluções _______________________________ 143

3. CONSERVAÇÃO SEGURA DE PRODUTOS QUÍMICOS (REAGENTES) ___________ 146


Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 5 _________________________________________ 146
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________________________________________ 149

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124
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL

Preparar reagentes e amostras, segundo as condições correspondentes para seu processamento

Resultados de aprendizagem da unidade didáctica

No fim desta Unidade o formando será capaz de:


- Listar os reagentes de uso mais frequente no laboratório clinico e sua finalidade
- Identificar as características das soluções: peso, volume, densidade, concentração,
normalidade, molaridade, molalidade, e concentração percentual
- Preparar reagentes e soluções aplicando os critérios estabelecidos nos POPs para realizar
as diferentes análises laboratoriais
- Explicar as técnicas de armazenamento e conservação dos reagentes e das soluções
diferenciando os tipos e usos posteriores
- Conservar as soluções segundo as suas especificidades e de acordo com as normas
estabelecidas
- Comprovar a idoneidade dos reagentes e soluções, validando as técnicas utilizadas e as
concentrações obtidas, segundo os POPs de validação de reagentes e soluções
- Verificar se no final de seu trabalho sua bancada está limpa e organizada.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO

No laboratório clínico, a maioria dos exames realizados, requer o preparo das soluções ou
reagentes. Por isso, é fundamental, conhecer os diversos modos de expressar a concentração das
soluções, saber pesar correctamente com a balança analítica e fazer os cálculos necessários para o
seu preparo.
Na presente unidade, o estudante terá a opurtunidade de aprender a efectuar os cálculos
estequiométricos das reacções químicas comuns em laboratórios, determinar o grau de pureza dos
reagentes, pesagem e preparar as soluções usadas com frequencia nos laboratórios clínicos.
Portanto, a unidade em estudo apresenta cinco grandes capítulos a destacar:
- O primeiro capítulo faz menção as funções químicas, onde abordaremos os ácidos, as
bases, os sais, os óxidos, os hidrocarbonetos, os álcoois e os aldeídos.
- Para o segundo capítulo a abordagem será feita em volta da estequiometria e pureza dos
reagentes.
- No terceiro capítulo faremos a abordagem da concentração de soluções.
- No quarto capítulo da unidade teremos a oportunidade de abordar o processo de preparação
do soro fisiológico.
- O quinto e o último capítulo será sobre o processo de conservação segura de produtos
químicos (reagentes).

1. AS FUNÇÕES QUÍMICAS

DEFINIÇÃO As funções químicas são grupos de substâncias compostas que apresentam


com propriedades químicas e comportamentos semelhantes devido a presença
de um ou mais átomos comuns em sua fórmula.
As funções químicas são classificadas como inorgânicas e orgânicas. As funções inorgânicas são
aquelas que não possuem cadeias carbônicas. Estas substâncias são divididas em ácidos, bases,
sais e óxidos.

a. Os ácidos

Segundo Arrehnius, os ácidos são compostos neutros que em meio aquoso que se dissociam,
libertando o catião hidrogénio (H+) e o anião correspondente. Por exemplo, o Cloreto de
Hidrogénio é um ácido porque quando dissolvido em água se ioniza para dar origem ao catião

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126
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Hidrogenio (H+) e anião cloreto (Cl-), segundo a equação: HCl ͢ H+ + Cl- . Os ácidos
(g) (aq) (aq)

incluem os compostos tais como HCl, HCN, H2SO4, entre outros.


Os ácidos, quanto a presença ou não de oxigênio em sua molécula classificam – se em Oxiácidos
e Hidrácidos. Os hidrácidos são ácidos que não possuem o elemento oxigênio em sua composição.

EXEMPLO
Ácido clorídrico (HCl).

Os oxiácidos são ácidos que possuem o elemento oxigênio em sua composição.

EXEMPLO
Ácido nítrico (HNO3) e o ácido sulfúrico (H2SO4).

A nomenclatura dos Hidrácidos é feita da seguinte maneira: nome Ácido + (prefixo do nome do
elemento) + ídrico.
EXEMPLO
HCl – ácido clorídrico; HI – ácido iodídrico; HF – ácido fluorídrico; HCN
–ácido cianídrico.

A nomenclatura dos Oxiácidos será realizada da seguinte maneira: nome Ácido + (nome do
elemento) + ico.

EXEMPLO
HClO3 – Ácido clórico; H2SO4 – Ácido sulfúrico; HNO3 – Ácido nítrico; H3PO4
– Ácido fosfórico e H2CO3 – Ácido carbônico.

b. As Bases

- As bases, são compostos neutros que se ionizam quando se dissolvem em água para formar
iões (OH-) e o correspondente ião positivo.
- O hidróxido de Sódio (NaOH) é uma base porque quando dissolvido em água se ioniza
para dar origem ao anião hidroxila (OH-) e o catião Sódio (Na+), de acordo com a equação:
NaOH (g) ͢ Na+(aq) + OH-(aq). As bases incluem compostos tais como NaOH, KOH, Ca
(OH)2, entre outros.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

c. Os Sais

- Os sais são todos compostos que em água se dissociam liberando um catião diferente de
H+ e um anião diferente de OH-. A reação de um ácido com uma base recebe o nome de
neutralização ou salificação.

Ácido + Base  Sal + Água

- A nomenclatura dos sais obedece à expressão: (nome do anião) de (nome do catião)


Sufixo do Ácido Sufixo do Anião

Ídrico eto

Ico ato

Oso ito

H2SO4 + Ca(OH)2 → CaSO4 + H2O


Sulfato de cálcio

Os sais neutros ou normais são obtidos por neutralização total.

EXEMPLO H CO + Ca(OH)  CaCO3 +2H2O; 2 NaOH + H SO  Na SO + 2


2 3 2 2 4 2 4
H O
2

Os Sais Ácidos e Sais Básicos são obtidos por neutralização parcial (H+ioniz ≠ OH-):

- H2CO3 + NaOH NaHCO3 + H2O (Sal ácido ou hidrogenossal)

- HCl + Mg(OH)2Mg(OH)Cl + H2O (Sal básico ou hidroxissal)

Os sais são classificados quanto a presença ou não do oxigénio; quanto a presença ou não da
água na sua estrutura; e quanto a natureza de formação.
Quanto à Presença de Oxigênio os sais são classificados em:
- Oxissais: possuem oxigênio. Por exemplo, o sulfato de cálcio (CaSO4), o carbonato de
cálcio (CaCO3) e nitrato de potássio (KNO3).

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Halóides: não possuem oxigénio. Por exemplo, o cloreto de sódio (NaCl), o cloreto de
cálcio (CaCl2) e cloreto de potassio (KCl).
Quanto à Presença ou não de Água os sais são classificados em:
- Hidratados: nas estruturas moleculares desse sal são encontradas uma certa quantidade de
água, e são elas que definem a nomenclatura do sal. Por exemplo, o CuSO4.5 H2O (sulfato
de cobre II penta hidratado e o CaSO4.2 H2O (sulfato de cálcio di hidratado).
- Anidro: em suas estruturas moleculares não contém água. Por exemplo, KCl; NaCl;
CaSO4.
Quanto à Natureza os sais são classificados em:
- Neutros ou normais:são produtos da neutralização total de um ácido ou de uma base.
EXEMPLO
O NaBr (Brometo de Sódio) e o CaCO3 (Carbonatode Cálcio).

- Ácidos ou Hidrogenossais: apresenta um anião e dois catiões, sendo um dos catiões o


(H+).
EXEMPLO
O NaHCO3 (Hidrogeno Carbonato de Sódio) e oCaHPO4 (Hidrogeno
Fosfato de Sódio).

- Básicos ou Hidroxissais: apresenta um catião e dois aniões, sendo um dos aniões o (OH).
EXEMPLO
O Ca (OH)Br (hidroxi brometo de cálcio).

- Duplos ou mistos:composto por dois catiões diferentes (excepto H+) ou dois aniões
diferentes (excepto OH-).
EXEMPLO
O NaKSO4 (sulfato de sódio e potássio) e o CaClBr (Cloreto Brometo de
cálcio).

Os Óxidos
DEFINIÇÃO
Os óxidos são compostos químicos binários formados por átomos de oxigênio
com outro elemento em que o oxigênio é o mais eletronegativo.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

EXEMPLO
Óxido de ferroIII e óxido de carbono IV (CO2).

As funções orgânicas são aquelas que possuem cadeias carbônicas. Neste grupo, fazem parte
muitas funções, sendo as mais comuns: Hidrocarbonetos, Álcool, Aldeído, Cetona, Ácido
carboxílico Éter, Aminas e Amidas.

d. Os hidrocarbonetos

DEFINIÇÃO Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados unicamente por


carbono e hidrogênio unidos tetraedricamente por ligação covalente (alcanos,
alcenos e alcinos).
A nomenclatura dos hidrocarbonetos, assim como os de todos os compostos orgânicos, está
baseada na utilização de prefixos, infixos e sufixos. O prefixo indica o número de carbonos
existente na cadeia:1 C – MET; 2 C – ET; 3 C – PROP; 4 C- BUT; 5 C – PENT; 6 C – HEX;
7 C – HEPT; 8 C – OCT; 9 C – NON; 10 C – DEC.

O infixo está relacionado com a saturação do composto e, o sufixo, designa a subfunção do


hidrocarboneto (alcano, alceno, alcadieno, alcino, alcenino, etc.).

- A cadeia não contém insaturações - prefixo + ANO


- A cadeia contém uma dupla ligação - prefixo + ENO
- A cadeia contém uma tripla ligação - prefixo + INO

Os radicais livres são os produtos de roptura de uma ligação, como exemplo de uma ligação
covalente entre carbono e hidrogênio; se houver uma ruptura homolítica dessa ligação, tem-se a
formação de um radical livre:

Os radicais são nomeados usando-se o prefixo do número de carbonos seguido do sufixo IL(a) ou
IL (o).

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

EXEMPLO CH3- metil

CH3-CH2- etil

Os Alcanos ou Parafinas são os hidrocarbonetos de cadeia aberta com apenas ligações covalentes
simples (saturados) entre seus átomos de carbono.Fórmula geral: CnH2n+2.

A nomenclatura official IUPAC dos alcanos é feita juntando o: Prefixo + ano


EXEMPLO

Propriedades

- Os alcanos são pouco reactivos. Para fazer reagir um alcano é preciso fornecer grande
quantidade de energia, pois a sua estrutura é muito estável e muito difícil de ser quebrada.
São insolúveis em água e solúveis em solventes apolares como é o caso de benzeno.

Aplicação

- Em anatomia patológica, a parafina é usada no etapa de inclusão para infiltrar o material


biógico a ser analizado.

Os álcoois

Os álcoois são compostos orgânicos que contêm uma ou mais hidroxilas (OH) ligadas diretamente
a átomos de carbono saturados

A Nomenclatura dos álcoois é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo + infixo + ol

Nomenclatura usual: Álcool + prefixo + ílico

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EXEMPLO

Propriedades

- O grupo OH dos álcoois é a sua parte mais reactiva e os álcoois mais simples são soúvel
em água.

Aplicações

- Os álcoois mais simples são muito usados no laboratório, dentre outras coisas, como:
Solventes.

Os aldeídos

- Os aldeídos são compostos que possuem o carbono da extremidade da cadeia realizando


dupla ligação com um oxigênio (carbonila) e uma ligação com um hidrogênio, enquanto,
as cetonas são compostos orgânicos caracterizados pela presença do grupamento carbonila,
ligado a dois radicais orgânicos.

A Nomenclatura dos aldeídos é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo + infixo + al


Nomenclatura usual I: Aldeído + prefixo + ílico
Nomenclatura usual II: Prefixo + aldeído

A Nomenclatura das cetonas é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo + infixo + ona


Nomenclatura usual: Radical menor + radical maior + cetona

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EXEMPLO

Propriedades

- Os aldeídos e cetonas são bastante reactivos em decorrência da grande polaridade gerada


pelo grupo carbonilo. Os mais simples são bastante solúveis em água e em alguns solventes
apolares.

Aplicações dos aldeídos e cetonas

- O aldeído fórmico é utilizado como desinfetante e como líquido para conservação de


cadáveres e peças anatômicas.
- A cetonas mais importante é a propanona (acetona comum), utilizada principalmente no
laboratório como solvente e na fabricação de medicamentos hipnóticos (clorofórmio,
sulfonal, cloretona etc.).

Os ácidos carboxílicos

Os ácidos carboxílicos são caracterizados pelo grupo carboxila (-COOH), ligado à um carbono
da cadeia principal. Praticamente todos os ácidos carboxílicos possuem nomes vulgares. A
Nomenclatura IUPAC dos ácidos carboxílicos é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Ácido + prefixo + infixo + óico


Aplicações

EXEMPLO
Nome vulgɑr Fórmula molecular Nome IUPAC
Fórmico HCOOH Ácido metɑnóico
Acético CH3COOH Ácido etɑnóico

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Propiônico CH3CH2COOH Ácido propɑnóico


Butírico CH3(CH2)2COOH Ácido Butɑnóico
- No laboratório os ácidos carboxílicos encontram numerosas aplicações, o ácido fórmico é
usado como desinfetante.

Os Éteres

- Os Éteres são compostos orgânicos caracterizados pela presença de um átomo de oxigênio


(O) ligado a dois radicais monovalentes alquila (hidrocarbonetos).

A Nomenclatura dos éteres é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo do radical menor + óxi + hidrocarboneto maior


Nomenclatura usual: Éter + radical menor + prefixo do radical maior + ílico

EXEMPLO

Propriedades

- Os éteres são pouco reativos em virtude da grande estabilidade das ligações C-O-C e a
solubilidade dos éteres em água é comparável à dos álcoois correspondentes, já que com
as moléculas de água os éteres podem formar ligações de hidrogênio.

Aplicações:

- No laboratório, os éteres mais simples são usados principalmente como solventes.

As Aminas

- As aminas são compostos orgânicos derivados da amônia (NH3), onde os hidrogênios são
substituídos por radicais orgânicos.

A Nomenclatura das aminas é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Radicais + amina

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EXEMPLO

Propriedades

- As aminas têm caráter básico semelhante ao da amônia, e por isso as aminas são
consideradas bases orgânicas. As aminas mais baixas são perfeitamente solúveis em água,
a partir das aminas com seis átomos de carbono a solubilidade decresce, e as aminas passam
a ser solúveis em solventes menos polares (éter, álcool, benzeno).

Aplicações

- Síntese da acetanilida e outros medicamentos.

As amidas

As amidas são um derivado de ácido carboxílico, resultante da substituição do OH por um grupo


NH2, NHR ou NR2.

A Nomenclatura das aminas é feita de seguinte forma:

Nomenclatura oficial IUPAC: Prefixo + infixo + amida

EXEMPLO

Aplicações

- As amidas são utilizadas em muitas sínteses em laboratório. A uréia, de fórmula CO(NH2)2,


é uma amida do ácido carbônico encontrada como produto final do metabolismo dos
animais superiores e eliminada pela urina. A amida do ácido sulfanílico (sulfanilamida) e
outras amidas substituídas relacionadas com ela têm considerável importância terapêutica
e conhecem-se por sulfamidas.

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2. ESTEQUIOMETRIA E PUREZA DOS REAGENTES

DEFINIÇÃO
A estequiometria é a parte da química que trata dos cálculos da massa, volume
e número de moles nas reacções químicas.

Para efectuar os cálculos estequiométricos deve-se considerar algumas leis ponderais ﴾leis que
relacionam as massas das substâncias participantes em uma reacção química﴿, como é o caso
de lei de conservação de massas ﴾Lei de Lavoisier﴿ e a lei de proporções Constantes ﴾Lei de Joseph
Louis Proust﴿. A lei de conservação de massas enuncia que, numa reação química em um sistema
fechado, a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos, ou seja, “Nada
se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A Lei de Proust enuncia que em uma reação química
as massas dos reagentes e as massas dos produtos estabelecem sempre uma proporção constante.
Estas leis recordam a necessidade de realizar acertos de equações químicas dos compostos
químicos envolvidos na reacção antes de efectuar os pretendidos cálculos.

Por exemplo:

Qual é a massa de água necessária, para preparar 24g de Hidróxido de Cálcio, segundo a
equação: Ca + H2O  Ca﴾OH﴿2 + H2?

Para resolver este exercício, deve ser seguido as seguintes regras:

1. Escrever a equação química ﴾ Ca + H2O  Ca﴾OH﴿2 + H2﴿.

2. Acertar os Coeficientes: para o acerto deve ser considerado o seguinte

- Acertar primeiro os metais

- Acertar os ametais que sejam diferentes de Oxigénio e Hidrogénio

- Acertar o Oxigénio

- Por último, acertar o Hidrogénio

Para o exercício em causa fica: Ca + 2H2O  Ca﴾OH﴿2 + H2

3. Escrever as massas das substâncias envolvidas no problema com o auxílio da tabela


periódica ﴾Massas moleculares: 36g de H2O estão para 74g de Ca﴾OH﴿2﴿.

Massas em questão: Xg de H2O estão para 24g de Ca﴾OH﴿2

4. Estabelecer Proporção.

5. Fazer a conversão das unidades, se necessário:

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

6. Calcular o valor em causa:

24𝑔 𝑥 36𝑔
Xg de H20 = = 11.68g
74𝑔

Resposta:

- Serão necessários, aproximadamente 11.68g de H2O para preparar 24g de Hidróxido de


Cálcio.

Nos cálculos estequiométricos também se deve ter em conta as leis volumétricas ﴾leis que dizem
respeito aos volumes dos gases que participam de uma reacção química e complementam as leis
ponderais.﴿ A mais importante lei volumétrica foi a criada por Joseph Gay-Lussac. Esta lei enuncia
que, nas condições normais de temperatura e pressão ﴾C.N.T.P﴿, os volumes dos gases dos
reagentes e dos produtos de uma reação química têm sempre entre si uma relação de números
inteiros e pequenos, ou seja, o volume de qualquer gás nas C.N.T.P é de 22,4l. Por exemplo:

Determine a massa de CO2 que se obtém quando se utilizam 5,6l de CH4 nas C.N.T.P conforme
a equação: CH4 + O2→ CO2 + H2O.

Para resolver este exercício, deve ser seguido as seguintes regras:

1. Escrever a equação química ﴾ CH4 + O2→ CO2 + H2O﴿

2. Acertar os Coeficientes: para o acerto deve ser considerado o seguinte

o Acertar primeiro os metais

o Acertar os ametais que sejam diferentes de Oxigénio e Hidrogénio

o Acertar o Oxigénio

o Por último, acertar o Hidrogénio

Para o exercício em causa fica: CH4 + 2O2→ CO2 + 2H2O

3. Escrever as massas e volumes das substâncias envolvidas no problema com o auxílio da


tabela periódica ﴾Massas e volumes moleculares: 22,4l de CH4 estão para 44g de CO2.

Massas e volumes em questão: 5,6l de CH4 estão para Xg de CO2

4. Estabelecer Proporção

5. Fazer a conversão das unidades, se necessário:

6. Calcular o valor em causa:

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

5,6l x 44g
X= = 11𝑔
22,4𝑙

Resposta:

- São obtidos 11.0g de Co2 quando se utilizam 5,6l de gás CH4.

2.1. Grau de Pureza dos Reagentes

DEFINIÇÃO
O grau de pureza dos reagentes descreve a pureza que a substância apresenta
para ser utilizada em diferentes aplicações laboratoriais.

Na maioria das vezes, as substâncias (reagentes) laboratoriais colocadas para reagirem não são
totalmente puros. Por exemplo do álcool concentrado que se encontra disponível a 95% ou 96% é
utilizado para a preparação da solução desinfectante de álcool a 70%.

Se dissermos que uma dada substância tem 80% de pureza significa que em cada 100g dela, apenas
80g será do reagente puro e, as outras 20g será de impurezas. Nestes casos, para efectuar
os cálculos estequiométricos deve-se levar em conta apenas as substâncias puras.

Em 200g de calcário encontramos 180g de CaCO3 e 20g de impurezas. Qual o


EXEMPLO grau de pureza do calcário?

Resolvendo:

- 200g é 100%, como temos apenas 180g de calcário puro, basta fazermos
uma regra de três para sabermos qual a porcentagem de pureza desta
substância.

- 200g _______ 100%

- 180g ________ x

- X = 180/2 = 90%

Ou seja, o grau de pureza do calcário é de 90%.


Soluções e sua Preparação

DEFINIÇÃO As soluções são misturas homogêneas constituida por duas ou mais substâncias
uniformemente distribuidas umas nas outras. As soluções incluem diversas

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combinações em que um sólido, um líquido ou um gás actua como dissolvente


(solvente) ou soluto.

Solvente: O Solvente é a substância presente em maior quantidade em uma solução, por meio da
qual as partículas do soluto são preferencialmente dispersas. É muito comum a utilização da água
como solvente, originando soluções aquosas.

Soluto: O Soluto é a substância presente em menor quantidade em uma solução. As soluções são
classificadas de acordo com o seu estado fisico em líquidas, sólidas e gasosas.

Soluções Líquidas: As soluções líquidas são importantes para o laboratório e para a vida. Estas
soluções, apesar de apresentar o aspecto final totalmente líquido, nem todos os seus componentes
estão inicialmente nesse estado físico. Existem três tipos básicos de soluções líquidas:

- Líquido + líquido: todos os seus componentes encontram-se inicialmente no estado


líquido.

EXEMPLO
O álcool etílico é uma mistura de álcool etílico e água.

- Líquido + sólido: essa é a solução mais comum de todas, pois é produzida quando se
dissolve um sólido em um solvente que, normalmente, é a água.

EXEMPLO
O Soro fisiológico (solução formada por água e cloreto de sódio – NaCl);
Álcool iodado (iodo dissolvido em álcool).

- Líquido + gás: esse tipo de solução necessita de alguns aspectos importantes para
solubilizar o gás no líquido.

As soluções podem ser classificadas quanto à condutividade elétrica em eletrolíticas e não


eletrolíticas ou moleculares.
Soluções Eletrolíticas
- As Soluções eletrolíticas: são as que conduzem energia elétrica, tais como soluções
aquosas de NaCl, KI, NaOH, HCl entre outras.

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Soluções não Eletrolíticas

- As soluções não eletrolíticas ou moleculare sao as soluções aquosas do açúcar que não
conduzem energia, por exemplo, solução de açúcar, álcool, éter, entre outras.

As soluções líquidas podem ser obtidas por adição de soluto, concentrando-á, ou por adição de
solvente, diluíndo -á.
- As soluções que contêm a quantidade de soluto dissolvido em uma determinada quantidade
de solvente, considerando-se constante a temperatura e a pressão exactamente igual ao
coeficiente de solubilidade denominam-se de saturadas.
- As soluções nas quais a quantidade de soluto dissolvido é menor que a quantidade máxima
que o solvente consegue dissolver, considerando-se constante a temperatura e a pressão
menor que o coeficiente de solubilidade denominam-se de Insaturadas.
- As soluções nas quais a quantidade de soluto dissolvido supera o coeficiente de
solubilidade (na mesma temperatura) denominam-se de Supersaturadas.

3. CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES

A concentração de uma solução constitui uma das principais características e muitas das
propriedades das soluções depende exclusivamente da concentração.
DEFINIÇÃO A concentração é definida como sendo a quantidade de soluto dissolvida em
uma quantidade de solvente. A concentração (C) de uma solução é tanto maior
quanto mais soluto estiver dissolvido em uma mesma quantidade de solvente.

Quando duas soluções têm a mesma concentração, elas são chamadas isotônicas ou
isosmóticas (iso= igual).

Quando a concentração é diferente, a mais concentrada é chamada hipertônica ou


hiperosmótica (hiper=superior) e a menos concentrada é chamada hipotônica ou hiposmótica
(hipo=inferior). As regras básicas na preparação de soluções são as seguintes:

- Nunca utilizar a mesma ponta para diferentes soluções;


- Nunca pipetar soluções tóxicas ou corrosivas, sem a utilização de pêra de boracha ou algodão
na extremidade superior da pipeta;
- Evitar pipetar directamente do frasco de estoque;
- Não recolocar as sobras dos reativos nos respectivos frascos estoques;

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- Utilizar papel absorvente e enxugar o líquido excedente da ponta de pipeta, antes de esvaziá-
la;
- As pipetas volumétricas deverão tocar suas pontas na superfície do líquido pipetado;
- Observar a posição da pipeta. Ela deverá estar na posição vertical e o menisco deverá coincidir
com a linha graduada, ao nível dos olhos;
- Observar se a solução do frasco estoque exige homogeneização antes da sua retirada;
- Evitar toda contaminação proveniente de tampas de frascos colocadas em lugares indevidos.
Voltar a tampa assim que puder;
- Retirar somente a quantidade de solução necessária;
- Observar, minunciosamente, se o material utilizado está completamente limpo;
- Ao utilizar pipetas para medir sangue, ácidos concentrados, álcalis ou suspensões, lavar
imediatamente todo o material;
- Utilizar avental de cor clara para detecção e protecção de possíveis acidentes de trabalho;

A concentração das soluções pode ser expressa em concentração comum, concentração molar,
concentração nornal e entre outras.

Concentração Comum

- A concentração comum indica a relação entre a massa do soluto em gramas e volume da


solução em litros. A expressão matemática que se usa para representar esta concentração
m
é: C= onde, C= concentração comum [g/l]; m= massa de soluto [g]; V= volume da
V

solução [litro];

EXEMPLO Determine a massa de NaOH necessária para preparar 2litro de solução de


NaOH a 40g/L.
- Dados: m =? ; C = 40g/L; V = 2L
m
- Fórmula: C= ; m= 𝐶𝑥𝑉; = 80𝑔; onde m é a massa de soluto e V o
V

volume da solução.
Resposta: São necessárias 80gpara preparar 2 litro de solução de NaOH
a 2g/L.

Para as concentrações molares, mol por litro (mol/L) é a expressão usada para substituir o termo
molaridade (M).

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EXEMPLO Determine a concentração molar de uma solução de NaOH sabendo que a sua
massa é de 60g.
- Dados: m = 60g; Mr = 40g; C =?
m 60g
- Fórmulas: n= M ; n= 40g/mol; n= 1,5𝑚𝑜𝑙

C𝑀 = Vn; C𝑀 = 1,5mol
1litro
; C= 1,5 M; onde, CM= concentração molar [mol/l];
n=número de moles de soluto [mol]; V= volume da solução [litro]; Mr= massa
molar do soluto [g/mol]

Resposta: A concentração molar desta solução é de 1,5M.


a. Usando Proporções Para Preparar Soluções
A proporção é usada quando o reagente é preparado por adição de uma determinada quantidade
de uma solução a uma quantidade determinada de outra solução.

EXEMPLO Um tampão é feito adicionando 2 partes da “solução A” a 5 partes da “solução


B”. Quanto de solução A e solução B são necessários para fazer 70ml de
tampão?

Volume total requerido (C)


- Fórmula:𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑑𝑒𝑢𝑚𝑎𝑝𝑎𝑟𝑡𝑒 (𝑉) = Partes de A+Partes de B

70ml exigidos
- 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑑𝑒𝑢𝑚𝑎𝑝𝑎𝑟𝑡𝑒 (𝑉) = 2 Partes de A+5 Partes de B

70ml
- 10𝑚𝑙 (𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑑𝑒𝑢𝑚𝑎𝑝𝑎𝑟𝑡𝑒) (𝑉) = 7

- 2 partes da solução A = 2 x 10ml = 20ml

- 5 partes da solução B = 5 x 10ml = 50ml

Resposta: O tampão poderá ser feito adicionando 20ml da solução A a


50ml da solução B, dando um volume final de 70ml de tampão.

A proporção também pode ser usada para determinar quanto de uma solução concentrada é
necessário para preparar uma solução diluída.

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EXEMPLO Prepare 100ml de uma solução de HCl a 0,1N a partir da solução concentrada de
HCl a 1N.

- Dados: C1 = 1N; V1 = ?; V2 = 100ml; C2 = 0,1N.

- Fórmula: C1 x V1 = C2 x V2

C2 x V2 0,1N x 100ml
- 𝑉1 = ; 𝑉1 = ; V1 =10ml
C1 1N

- C1 = Concentração da solução mais concentrada

- C2 = Concentração da solução menos concentrada

- V1= Volume da solução mais concentrada necessário para preparar a


solução menos concentrada

- V2= Volume desejado da solução final

Resposta: MEDIR 10ml de HCl concentrado e diluir em água destilada


até perfazer 100ml.
b. Usando Percentagem para preparar Soluções

Percentagem peso/volume (p/v). A concentração de muitas soluções e reagentes de laboratório


são expressas em percentagem. As soluções em percentagem podem ser feitas pesando uma
quantidade específica de sustância (soluto) para cada 10ml de solvente (água ou outro líquido).
Isto é chamado peso por volume (p/v).

EXEMPLO Prepare 100ml de solução salina a 0,9% (soro fisiológico).

Materiais:

- Água destilada; Copo de precipitação; Vareta; Balão volumétrico de


100ml; Balança analítica; Espátula; Papel de Filtro ou vidro de relógio;
Funil e NaCl.

Procedimentos:

- Sabe-se que, uma solução a 0,9% contém 0,9g do soluto em 100ml de


solução.

- Coloque o vidro de relógio na Balança analítica;

- Com o auxílio da espátula, pese 0,9g de NaCl;

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- Transfira o NaCl pesado para o como de precipitação e dissolver


suavemente em água destiladacom auxílio da vareta.

- Depositar esta solução no balão volumétrico de 100ml com auxílio do


funil e agite suavemente;

Encha o balão volumétrico até ao menisco.

LEMBRA-TE O soro fisiológico em laboratórios de biologia, microbiologia, bioquímica é


usado para muitas finalidades.

Percentagem Volume/Volume (V/V)


a) Solução de percentagem no qual um certo volume de um líquido é acrescentado a um
volume específico de outro.

EXEMPLO Prepare 500ml da solução de hipoclorito a 10%.

1. Sabe-se que, uma solução a 10% de hipoclorito contém 10ml do


hipoclorito em 100ml de solução.
2. Assim, 500ml da soluçãocontém 50ml do hipoclorito
Para preparar a solução:
b) Colocar 450ml de água destilada no Balão volumétrico
c) Adicionar 50ml de hipoclorito
d) Cuidadosamente, agitar para misturar.
e) Rotular o frasco

LEMBRA-TE
A solução de hipoclorito é usada para desinfectar superfícies.

Percentagem peso/peso (V/V). Esse tipo de solução é raramente usado.

3.1. Usando Razão Para Preparar Soluções


DEFINIÇÃO
Uma Razão é a relação em número ou grau entre duas coisas. As diluições são
razões, e expressão a relação entre uma parte da solução e o total da solução

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EXEMPLO
1:100 de soro (lê-se, “um para cem”) significa uma parte de soro para cem partes
da solução.

Muitas vezes, o trabalhador do laboratório deve fazer diluições seriadas de uma amostra de soro
para achar a mais alta diluição que contenha um determinado componente, ou que produza uma
reacção positiva a um teste. Quanto maior a diluição, menor é a quantidade de amostra original e
maior é a quantidade de diluente. O resultado de um teste quantitativo de gravidez ou artrite
reumatóide é expresso em termos da maior diluição na qual a reacção pode ser detectada.Por
exemplo, prepare uma diluição seriada de soro a 1:512.
1. Colocar 2ml do soro a ser diluído em um tubo de ensaio;
2. Colocar 9 tubos de ensaio limpos, numerados de “1 a 9” em um supore. Adicione 1ml de
soro fisiológico a 0,9% a cada um dos tubos.
3. Pipetar 1ml do soro (dos 2ml) para o tubo número 1;
4. Misturar bem o soro com o diluente, por aspirar e dispensar com a pipete 3 a 4 vezes. Esse
tubo agora contém uma diluição 1:2 (uma parte do sora para duas partes da solução);
5. Transferir 1ml da mistura do tubo 1 para o tubo 2 e misture. Continuar a transferir 1ml e
misturando de tubo para tubo, até chegar no tubo 9. Descartar o último 1ml pipetado. Todos
os tubos têm agora um volume de 1ml.
Este tipo de diluição seriada cria “diluições duplas” do soro. O soro no tubo 1 está diluído 1:2; no
tubo 2 diluído 1:4;no tubo 3 diluído 1:8; no tubo 4 diluído 1:16; no tubo 5 diluído 1:32; no tubo 6
diluído 1:64;no tubo 7 diluído 1:128; no tubo 8 diluído 1:256 e no tubo 9 diluído 1:512. Diluições
seriadas podem ser feitas para qualquer diluíção que seja necessária para uma determinada técnica.
Para o cálculo da concentraçao de uma solução diluida, multiplica-se a diluição pela concentração
inicial. Por exemplo, uma solução a 25% foi diluída em 1:5, determine a concentração da solução
diluída.
25 x 1
𝐶= 𝐶 = 5%
5
Uma solução a 20% foi diluída em 1:5, e esta por sua vez, foi diluida em 3:10, determine a
concentração da solução diluída.
20𝑥1𝑥3
𝐶= 𝐶 = 1,2%
5x10

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145
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

4. CONSERVAÇÃO SEGURA DE PRODUTOS QUÍMICOS (REAGENTES)


Os líquidos inflamáveis, ácidos concentrados e bases concentradas devem estar guardados em
lugar seguro, em recipientes adequados. Gabinetes especiais devem estar disponíveis para guardar,
de maneira segura, vários tipos de produtos químicos perigoso. O perigo pode ser evitado usando
um guia confiável para planificar o armazenamento dos produtos químicos.
No passado, os produtos químicos eram armazenados em ordem alfabética para tornar mais fácil
a sua localização. Este método coloca lado a lado elementos incompatíveis. Actualmente os
fabricantes de produtos químicos estão agora codificando em cores de rótulos a compatibilidade
no estoque lado a lado de substâncias. Algumas soluções preparadas para o uso na rotina
laboratorial, não são conservadas em balões volumétricos (são usados somente na preparação).
Estas soluções devem ser conservadas de maneira a manter inalterado seu título tanto quanto
possível.

RESUMO
As funções químicas são grupos de substâncias compostas que se apresentam com propriedades
químicas e comportamentos semelhantes devido a presença de um ou mais átomos comuns em sua
fórmula. As funções químicas são classificadas como inorgânicas e orgânicas. As funções
inorgânicas são aquelas que não possuem cadeias carbônicas. Estas substâncias são divididas em
ácidos, bases, sais e óxidos. As funções orgânicas são aquelas que possuem cadeias carbônicas.

Neste grupo, fazem parte muitas funções, sendo as mais comuns: Hidrocarbonetos, Álcool,
Aldeído, Cetona, Ácido carboxílico, Éter, Aminas e Amidas. Algumas destas funções são
utilizadas na preparação de soluções ou reagentes do laboratório e que, devem ser armazenados de
acordo com as exigências químicas de cada solução.

Actividades de ensino-aprendizagem

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE no 1 Preparação de 50ml de uma solução de etanol a 70% a partir da solução
concentrada (100%).

Duração 60 minutos
Objectivos
- Identificar os materiais usados na preparacao de solucoes
- Descrever as regras básicas de preparacao de solucoes
- Efectuar a medição de volumes

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146
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Preparar a solução do etanol a 70% para o uso laboratorial


Conteúdos de referência
- Material do laboratório
- Regras básicas de preparação de soluções
- Tipo de soluções (Percentagem Volume/Volume)
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos organizam o material e reagentes necessarios
- Provela, balao volumetrico de 50ml, Frasco de etanol absoluto (100%), esguicho
contendo água destilada.
- Os alunos divididos em grupos efectuam os seguintes calculos:C1 x V1 = C2 x V2
100% x V1 = 70% x 50ml
V1= 35ml
Onde: C1 --- concentração do etanol absoluto
V1 --- Volume do etanol absoluto
C2 --- concentracao da solucao a ser preparada
V1 --- Volume da solucao a ser preparada
- De seguida, os alunos transferem 35ml do etanol absoluto para a proveta e com o
auxílio do esguicho, perfazem com agua destilada os 50ml da solucao contida na
proveta, fazendo-a atingir uma concentracao de 70%.
- De seguida, os alunos tranferem a solução a solucao preparada para o balão
volumétrico.

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


- Faz o resumo das aulas anterior
- Divide os alunos em grupos
- Orienta os grupos na execucao das tarefas
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Laboratório multidisciplinar
- Manual de preparacao de soluções ou POP
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Execução de cálculos
- Avaliação do cumprimento das regras de medicao de massas e volumes,
- Avaliação dos procedimentos relacionados ao preparo de solucoes

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147
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Actividades de ensino-aprendizagem

ACTIVIDADE no 2 Preparação de 500ml de uma solução salina (soro fisiologico) a 0,9%.

Duração 60 minutos
Objectivos
- Identificar os materiais usados na preparação de soluções
- Descrever as regras básicas de preparação de soluções
- Efectuar a medição de volumes e massas
- Preparar uma solução salina (soro fisiológico) a 0,9%.
Conteúdos de referência
- Material e equipamento do laboratório
- Regras básicas de preparação de soluções
- Tipo de soluções (Percentagem Peso/Volume)
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
Os alunos organizam o material e reagentes necessarios
- Balança, espatula, copo de precipitação, balão volumetrico de 500ml, papel de filtro,
Frasco de NaCl, vareta, agua destilada.
- Efectuam as seguintes proporções: 0,9g de NaCl --------100ml de água destilada
Xg de NaCl ---------- 500ml de água destilada
X = 4,5g de NaCl
- De seguida, os alunos ligam a balanca e com o auxílio da espatula, balanca e papel de
filtro, efectuam a pesagem de 4,5g de NaCl.
- Os alunos transferem o NaCl pesado para o copo de precipitação e dissolvem
suavemente em 250ml de água destilada com auxílio da vareta.
- De seguida, os alunos depositam a solução no balão volumétrico com auxílio do funil,
perfazem o volume desejado ate ao minisco e agitam suavemente.

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


- Faz o resumo da aula anterior
- Divide os alunos em grupos
- Orienta os grupos na execucao das tarefas
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Laboratório multidisciplinar
- Manual de preparação de soluções ou POP
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Execução de cálculos
- Avaliação do cumprimento das regras de medicao de massas e volumes,
- Avaliação dos procedimentos relacionados ao preparo de soluções.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. MISAU; (2011); Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos práticos para


técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.

2. MISAU; (2011); Técnicas de Laboratório; 1a edição; Maputo.

3. Mota, V.; (2009); Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações; 5ª


ed.; Editora Científica Limitada.

4. Morrison, R. & Boyd, R.; (1990); Química Orgânica, 9ª ed.

5. Moura, R; Wada, C.; Purchio, A.; De Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório; 3ª
ed.; Atheneu; São Paulo.

6. Nelson, D & Cox, M.; (2006); Princípios de Bioquímica, 4ª ed.; Sarvier Editora de Livros
Médicos Ltda.

7. Rossell, J.; (2012); Química Geral; 2ª ed; Volume 2; São Paulo.

8. Ucko, D.; (1992); Química para as ciências da Saúde; Editora Manole LTDA; 2ª ed.

9. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed.

10. Xavier, R; Dora, J.; De sousa, C.; Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática
Clínica: Consulta rápida, 2ª ed.;Editora ABDR.

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

UNIDADE DIDÁCTICA 6

VALIDAÇÃO E EMISSÃO DOS RESULTADOS DOS EXAMES


LABORATORIAIS

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

ÍNDICE

OBJECTIVO GERAL ___________________________________________________________________ 152


Resultados de aprendizagem da unidade didáctica________________________________ 152

INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________ 153


1. VALIDAÇÃO E EMISSÃO DOS RESULTADOS DOS EXAMES LABORATORIAIS _ 153
Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 6 ________________________________ 156

Actividades de ensino-aprendizagem da UD n º 6 ________________________________ 156

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

OBJECTIVO GERAL

Validar os resultados dos exames laboratoriais para garantir a emissão dos mesmos em tempo útil

Resultados de aprendizagem

No fim desta Unidade o estudante será capaz de:


- Identificar os parâmetros estatísticos aplicáveis as análises
- Estabelecer os critérios de aceitação ou rejeição dos resultados obtidos nas análises
- Validar os dados obtidos e compara-os com os critérios estabelecidos
- Comprovar que o resultado registado corresponde a análise efectuada
- Registar o resultado de forma legível no livro ou na folha de trabalho em uso no laboratório
- Elaborar os relatórios técnicos seguindo as normas estabelecidas
- Certificar a recepção do resultado do teste através da assinatura do receptor ou acusação de
recepção
- Reconhecer a importância do controlo de qualidade dos resultados obtidos

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152
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

INTRODUÇÃO

Os procedimentos da fase pós-analítica, constituem uma das importantes na realização do exame


laboratorial e na liberatação dos resultados fiáveis. Estes procedimentos consistem em avaliar,
validar, emitir os resultados, conservar e descartar as amostras. Neste capítulo, o estudante terá a
opurtunidade de aprender, os critérios de aceitação ou rejeição dos resultados obtidos nas análises,
validar os dados obtidos e compara-os com os critérios estabelecidos, comprovar que o resultado
registado corresponde a análise efectuada e elaborar os relatórios técnicos seguindo as normas
estabelecidas. Na presente unidade iremos focalizar ao estudo exclusivo do processo de validação
e emissão dos resultados dos exames laboratoriais.

1. VALIDAÇÃO E EMISSÃO DOS RESULTADOS DOS EXAMES


LABORATORIAIS
DEFINIÇÃO A validação e emissão dos resultados é uma etapa da fase pós analítica que
consiste em avaliar os exames solicitados, decidir que os resultados avaliados
estão prontos para ser usados e entrega dos mesmos ao solicitante.

A avaliação consiste em confrontar os resultados obtidos na fase analítica com a informação


clínica do pacinte, sugerindo o possível diagnóstico. Na avaliação deve - se também confrontar os
resultados com o aspecto da amostra
(amostra ictérica, hemolisada,
lipémica, entre outros aspectos),
reportando os casos de amostra
alterada na requisição (Figura 1).
Também, os resultados das análises
devem ser revisados e avaliados
estatisticamente depois de completar
todos os ensaios solicitados para
determinar se são mutuamente
consistentes e se cumprem com as
especificações recomendadas, quando
aplicável.
Na avaliação deve-se verificar se todos exames solicitados foram realizados.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017
153
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Sempre que se obter resultados duvidosos (suspeita de resultado fora da especificação) estes
deverão ser investigados e, deve ser realizado uma revisão dos procedimentos aplicados durante o
processo de ensaio pelo supervisor com o analista ou técnico antes de permitir a repetição da
análise. A identificação de um erro que tenha causado um resultado discrepante invalidará o
resultado e será necessário a repetição da análise da amostra.
Para os resultados da análise não conclusivos (analises com resultados não claros), a confirmação
deve ser realizada por outro analista que deve ser ao menos tão competente e com experiência no
procedimento de ensaio como o analista original. Um resultado similar indicará um resultado fora
de especificação. No entanto, convém uma nova confirmação usando outro método validado, se
estiver disponível.
A validação dos resultados consiste em decidir que os resultados avaliados estão prontos para ser
usados pelo solicitante. Depois da validação, os resultados são emitidos.
A emissão, consiste na impreensão dos resultados e a entrega dos mesmos ao destinatário. Em
alguns laboratórios, a documentação utilizada para a emissão e envio dos resultados é o relatório.
O relatório laboratorial é um compilado dos resultados e estabelece as conclusões da análisede
uma amostra. Deve ser emitido pelo laboratório e baseado no registro de análise. Para garantir que
os resultados de cada análise realizada pelo laboratório sejam relatados de forma clara, objectiva,
exacta, sem ambiguidades e apresentando todas as informações necessárias para sua interpretação,
é necessário que seja criado um procedimento para orientar a elaboração do relatório. O relatório
deve atender as necessidades do cliente e o propósito a que se destina (seja apenas uma folha de
dados, ou um relatório mais completo).
Os relatórios devem indicar informações como:

- Título
- Data do recebimento da amostra (quando necessário);
- Número de registro da amostra do laboratório;
- Número do relatório laboratorial;
- Uma descrição do material analizado;
- Nome e endereço do laboratório que analisou a amostra;
- Nome de quem solicitou a análise;
- Nome, descrição e número de lote da amostra, quando aplicável;
- Uma introdução dando os antecedentes e os propósitos da investigação.
- Uma referência às especificações usadas para analisar a amostra ou uma descrição detalhada
dos procedimentos empregados, incluindo os limites;

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154
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Identificação do método utilizado, informando se este é oficial ou validado segundo


procedimentos do laboratório;
- Resultados de análises com as devidas unidades de medida e expressão da incerteza do
resultado;
- Uma discussão dos resultados obtidos;
- Uma conclusão sobre se amostra foi encontrada ou não, dentro dos limites das especificações
usadas
- A data da finalização do ensaio
- A assinatura do chefe de laboratório ou pessoa autorizada;
- Se a amostra cumpre ou não com os requisitos;
- A data de repetição da análise, se aplicável;
- Uma declaração que indique que o relatório de ensaio analítico, ou qualquer parte do mesmo,
não pode ser reproduzido sem a autorização do laboratório.
Depois de emissão e entrega dos resultados, as amostras usadas para a realização das análises são
conservadas por cerca de 7 dias, a temperaturas recomendadas para cada tipo de amostras, com o
objectivo de serem novamente analisadas em casos de necessidades (perca dos resultados, entre
outros). Depois deste período de conservação, as amostras são descartadas.

RESUMO

A validação e emissão dos resultados é uma etapa da fase pós analítica que consiste em avaliar os
exames solicitados, decidir que os resultados avaliados estão prontos para ser usados e entrega dos
mesmos ao solicitante. A avaliação consiste em confrontar os resultados obtidos na fase analítica
com a informação clínica do paciente, sugerindo o possível diagnóstico. Na avaliação deve - se
também confrontar os resultados com o aspecto da amostra (amostra ictérica, hemolisada,
lipémica, entre outros aspectos), reportando os casos de amostra alterada na requisição.

A validação dos resultados consiste em decidir que os resultados avaliados estão prontos para ser
usados pelo solicitante. Depois da validação, os resultados são emitidos e, a emissão, consiste na
impreensão dos resultados e a entrega dos mesmos ao destinatário. Depois da entrega dos
resultados, as amostras são conservadas por cerca de 7 dias, a temperaturas recomendadas para
cada tipo de amostras. Depois deste período de conservação, as amostras são descartadas.

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155
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

Actividades de ensino-aprendizagem

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 01 Avaliação dos resultados laboratoriais
Duração 10 minutos
Objectivos
- Listar os aspectos a ser considerados na avaliação dos resultados laboratoriais
Conteúdos de referência
- Avaliação dos resultados laboratoriais;
Desenvolvimento da actividade por parte do estudante
Os estudantes, organizam-se em grupos e listam o seguinte: A avaliação consiste no seguinte:
- Confrontar os resultados obtidos na fase analítica com a informação clínica do pacinte;
- Confrontar os resultados com o aspecto da amostra (amostra ictérica, hemolisada,
lipémica, entre outros aspectos);
- Verificar se todos os exames solicitados foram realizados.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Faz o resumo das aulas anterior
- Divide os alunos em grupos
- Orienta os grupos na execucao das tarefas
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Sala de aula; caderno; caneta; papel gigante e marcador;
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Domíneo do conteúdo por parte do estudante

Actividades de ensino-aprendizagem

Actividades de ensino-aprendizagem
ACTIVIDADE 02 Descrição dos procedimentos a serem realizados depois de avaliação dos
resultados laboratoriais
Duração 10 minutos
Objectivos
- Listar os aspectos a ser considerados na avaliação dos resultados laboratoriais
Conteúdos de referência

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156
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

- Validação e emissão dos resultados laboratoriais;


Desenvolvimento da actividade por parte do estudante
Os estudantes, organizam-se em grupos e listam o seguinte: A avaliação consiste no seguinte:
- Validar os resultados;
- Emitir os resultados
- Conservação das amostras durante 7 dias;
- Descarte das amostras após os 7 dias;
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
- Faz o resumo das aulas anterior
- Divide os alunos em grupos
- Orienta os grupos na execucao das tarefas
Espaço/Meios didácticos e tecnológicos
- Sala de aula; caderno; caneta; papel gigante e marcador;
Critérios de avaliação
- Acções e comportamentos do aluno durante a actividade
- Domínio do conteúdo por parte do estudante

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. MISAU; (2011); Introdução ao Laboratório: Manual de procedimentos práticos para
técnicos de Laboratório, 1a edição; Maputo.

2. Moura, R. A.; (1995); Colheita de Material para o Exame de Laboratório: Assegurando a


Qualidade dos Serviços no Laboratório Clínico; 1a edição; São Paulo. Rio de Janeiro. Belo
Horizonte; Atheneu.

3. Mota, V.; (2009); Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações; 5ª


ed.; Editora Científica Limitada.

4. Moura, R; Wada, C.; Purchio, A.; De Almeida, T.; (2006); Técnicas de Laboratório; 3ª
ed.; Atheneu; São Paulo.

5. Nelson, D & Cox, M. (2006); Princípios de Bioquímica, 4ª ed.; Sarvier Editora de Livros
Médicos Ltda.

6. Olivares, I.; (2006); Gestão de qualidade em Laboratórios; Editora Átomo; Brasil.

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157
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

7. Walters, N. J.; Estridge, B. H.; Reynolds, A. P.; (1998); Laboratório Clínico: Técnicas
Básicas; 3a edição; Porto Alegre; Artmed.

8. Xavier, R; Dora, J.; De sousa, C.; Barros, E.; (2010); Laboratório Clínico na prática
Clínica: Consulta rápida, 2ª ed.;Editora ABDR.

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017
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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

GLOSSÁRIO

A
 Amostra Biológica é a parte do material biológico do paciente que é utilizada para análises
laboratoriais.

B
 Biossegurança é o conjunto de medidas ou acções voltadas para a prevenção, controle,
minimização ou eliminação dos ríscos presentes nas actividades de pesquisa, produção,
ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que podem comprometer a
saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e/ou a qualidade dos
trabalhos desenvolvidos.

E
 Equipamentos de proteção individual (EPI) - são aqueles que conferem proteção
individual ao trabalhador ou manipulador. Nesta situação a proteção é específica para um
determinado indivíduo.
 Equipamentos de proteção colectiva (EPC) são dispositivos, sistemas, ou meios, fixo ou
móveis de abrangência colectiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos
trabalhadores usuários e terceiros.

 Ergonomia é o estudo do trabalho e da sua relação com o ambiente no qual é desempenhado


(o local de trabalho) e com aqueles que o desempenham, ou seja, os trabalhadores.

F
 Fase pré-analítica - consiste na preparação do paciente, colheita, manipulação e
armazenamento da amostra, antes da determinação analítica, ou seja, engloba todas as
actividades que precedem ao exame laboratorial, dentro ou fora do laboratório clínico.
 Fase pós-analítica - iniciam após a geração do resultado analítico, sendo finalizada, após a
emissão e entrega do mesmo, ao solicitante.
 Função química são grupos de substâncias compostas que apresentam com propriedades
químicas e comportamentos semelhantes devido a presença de um ou mais átomos comuns
em sua fórmula.
I
 Infecção é a penetração, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no
organismo de um indivíduo.
L

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159
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

 Laboratório é uma sala ou espaço físico devidamente equipado com instrumentos de


medida próprios para a realização de experimentos e pesquisas científicas diversas,
dependendo do ramo da ciência para o qual foi planificado/concebido.

 Lixo ou resíduo hospitalar é aquele que é gerado no atendimento de paciente ou de


qualquer estabelecimento de saúde ou unidade que execute actividades de natureza de
atendimento médico, tanto para seres humanos quanto para animais.

R
 Risco é a probabilidade de um evento acontecer, seja ele uma ameaça, quando negativo, ou
oportunidade, quando positivo.

S
 Soluções são misturas homogêneas constituida por duas ou mais substâncias
uniformemente distribuidas umas nas outras. As soluções incluem diversas combinações
em que um sólido, um líquido ou um gás actua como dissolvente (solvente) ou soluto.

V
 Validação e emissão dos resultados: é uma etapa da fase pós analítica que consiste em
avaliar os exames solicitados, decidir que os resultados avaliados estão prontos para ser
usados e entrega dos mesmos ao solicitante.

QUESTIONÁRIO FINAL DE AUTO AVALIAÇÃO DO MÓDULO

UNIDADE DIDÁCTICA nº 1
1. Diga quem são os flebotomistas?

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160
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

2. Porque razão se afirma que os procedimentos pré-analíticos são de extrema


importância?
3. Porquanto tempo os pacientes devem ficar de jejum antes da colheita de
sangue?
4. Esquematize a estrutura organizacional do laboratório clínico?
5. Descreva o fluxo das actividades no laboratório clínico?
6. Mencione os tipos de àgua usados nos laboratórios clínicos?
7. Mencione cinco equipamentos em uso nos laboratórios clínicos?
8. Cite três materiais usados nos laboratórios clínicos?
9. Porque razão deve-se ter cuidado ao manipular os materiais do laboratório?

UNIDADE DIDÁCTICA nº 2
1. Defina o conceito de biossegurança?
2. Mencione os tipos de ríscos que os profissionais de saúde e outros usuários do
laboratório estão sujeitos?
3. Diga o que são os equipamentos de protecção individual, dê três exemplos?
4. Mencione três equipamentos de proteção colectiva?
5. O que são normas de biossegurança laboratorial?
6. Diga qual é a base de classificação dos laboratórios em níveis de
biossegurança?
7. Quais são os elementos básicos na cadeia de transmissão das infecções?
8. O que entendes por incidente de exposição. Dê dois exemplos?
9. Esquematize o fluxo de reporte de incidentes resultantes da exposição
ocupacional?
10. Quais são as precauções universais para a prevenção de contaminações aos
trabalhadores de saúde?
11. O que entedes por bio-protecção?
12. Quais são as medidas que garantem o controlo e segurança dos visitantes e a
integridade da amostra?
13. Quais são as medidas de controlo do material biológico?

UNIDADE DIDÁCTICA nº 3

Módulo Vocacional para Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório – DRH/Formação – MISAU – 2017
161
Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

1. Diga qual é a importância do estudo da ergonomia?


2. Mencione as condições detrabalho que podem afectar o rendimento?
3. Explica a influência da restrição dos seguintes facctores ergonómetricos no
rendimento e segurança no trabalho: A iluminação, a temperatura e o ruído?
4. Quais são as precauções que devem ser tomadas na concepção do local de
trabalho?
5. Quais os ríscos derivados da carga de trabalho e como ultrapassa-los?
6. Diga qual é o objecto de estudo da psicossociologia?
7. O que deve ser feito para a redução doestresse aos trabalhadores de saúde?
8. Diga como são classificados os residues hospitalares?
9. O que são normas de gestão de resíduos hospitalares?
10. Quais são as etapas de gestão dos resíduos hospitalares?

UNIDADE DIDÁCTICA nº 4
1. O que entendes por amostra biológica e dê três exemplos?
2. Que implicações têm a falta de clareza na colheita das amostras?
3. Qual é o local ideal para a colheita de amostras de sangue venoso?
4. Mencione dois locais a serem evitados na colheita de sangue venoso?
5. Quais são os materiais para a colheita de sangue venoso?
6. Diga por que razão a selecção dos tubos para a colheita de sangue segundo o exame
solicitado é de extrema importância?
7. Diga qual é a causa do hematoma?
8. Qual é a utilidade da colheita de sangue venoso?
9. Por que razão a colheita das amostras de urina deve ser adequada?
10. Diga como deve ser o envio e transporte das amostras biologicas?
11. Quais são as temperaturas ideais para o acondicionamento das amostras?

UNIDADE DIDÁCTICA nº 5
1. Liste os reagentes de uso mais frequentes nos laboratórios clínicos?
2. Cite três funções químicas?
3. Mencione três técnicas de conservação de reagentes e soluções laboratoriais?
4. O que se entende por funções químicas?

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Módulo Vocacional 1: Procedimentos Pré e Pós-Analíticos

5. Qual é a diferença entre as funções inorgânicas e orgânicas?


6. Dê três exemplos de ácidos, bases e sais usados nos laboratórios clínicos?
7. Quais são as funções orgânicas mais comuns?
8. Diga porque os alcanos ou parafinas são pouco reactivos?
9. O que entendes por líquidos imessíveis?
10. Cite duas aplicações dos aldeidos e cetonas nos laboratórios clínicos?
11. Enucie as duas leis em que se baseia a estiquiometria?
12. O que entendes por grau de pureza dos reagentes?
13. Dê três exemplos de soluções: Líquido+líquido, líquido+sólido e líquido+gás?
14. Diga qual é a diferença entre uma solução isotónica e hipertónica?
15. Qual é a massa de NaOH necessária para preparar 4 litros de solução de NaOH a
80g/L?

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163
Esta publicação foi financiada pelo Centro Internacional para Educação e Formação em
HIV/SIDA (IAETC), com financiamento do acordo de Cooperação U91HA06801 do
Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) dos EUA, a Administração dos
Recursos e Serviços de Saúde (HRSA), no âmbito do Plano de Emergência do Presidente
dos EUA para o Alívio da SIDA (PEPFAR). O seu conteúdo e as suas conclusões são da
exclusiva responsabilidade dos seus autores e não devem ser interpretados como
posicionamento ou politicas oficiais, assim como não se deve inferir nenhum endossamento
à HRSA, HHS ou ao Governo dos EUA.

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