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Ailina Mulingue

Emanuel De Manuel Alface


Manuel Major Franguane

ESTRATÉGIA E PLANO DE ACÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E


NUTRICIONAL 2008 – 2015

Universidade Pedagógica De Maputo


Maputo
2023
Ailina Mulingue
Emanuel De Manuel Alface
Manuel Major Franguane

ESTRATÉGIA E PLANO DE ACÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E


NUTRICIONAL 2008 – 2015
Licenciatura em Ciências Alimentares e Segurança Alimentar

Trabalho a ser apresentado no departamento de Química


da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática (FCNM)
na Universidade Pedagógica de Maputo, elaborado na
disciplina de Políticas Alimentares que constitui requisito
de avaliação.
Orientador. Prof. Doutor. Cornélio Mucaca

Universidade Pedagógica De Maputo


Maputo
2023
Indice
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5

2. OBJECTIVOS............................................................................................................................. 6

2.1. Geral ..................................................................................................................................... 6

2.2. Específicos ........................................................................................................................... 6

3. METODOLOGIA ....................................................................................................................... 6

4. ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM MOÇAMBIQUE 7

4.1. Avaliação da Implementação da ESAN I ............................................................................. 7

4.2. A avaliação indicou os seguintes ganhos da ESAN I: ......................................................... 7

4.3. O significado da Segurança Alimentar................................................................................. 8

4.4. Segurança Alimentar em Moçambique ................................................................................ 9

4.5. Situação de Segurança alimentar em Moçambique............................................................ 10

5. FUNDAMENTAÇÃO DA ESAN II E A DEFINIÇÃO DA SAN........................................... 11

5.1. Respeitar ............................................................................................................................. 11

5.2. Proteger .............................................................................................................................. 11

5.3. Promover ............................................................................................................................ 11

5.4. Prover ................................................................................................................................. 11

5.5. Produção e Disponibilidade ............................................................................................... 12

5.6. Acesso ................................................................................................................................ 12

5.7. Uso e Utilização ................................................................................................................. 12

5.9. Estabilidade ........................................................................................................................ 13

6. DEFINIÇÃO DA SAN ............................................................................................................. 13

7. ENQUADRAMENTO DA ESAN II ........................................................................................ 14

8. ABORDAGEM INTEGRADA DA SAN ................................................................................. 14

8.1. O ambiente sócio- economico, político do País ................................................................. 15


8.2. A disponibilidade e acesso aos alimentos .......................................................................... 15

8.2. As condições de saúde e salubridade do meio ................................................................... 16

8.3. A protecção e políticas de cuidado ..................................................................................... 16

8.4. O consumo alimentar e a utilização do alimento pelo corpo ............................................. 17

9. CONSTATAÇÕES ................................................................................................................... 18
5

1. INTRODUÇÃO
Segurança alimentar e nutricional (SAN): refere-se ao direito de todas as pessoas, a todo o
momento, ao acesso físico, económico, e sustentável a uma alimentação adequada, em
quantidade, qualidade, e aceitável no contexto cultural, para satisfazer as necessidades e
preferências alimentares, para uma vida saudável e activa. Existem cinco dimensões implícitas
no conceito: Produção e Disponibilidade; Acesso; Uso e Utilização; Adequação; e Estabilidade
dos alimentos.

A Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN II) resulta da evolução da ESAN I


aprovada pelo Governo de Moçambique em 1998, através da Resolução Interna 16/98. A ESAN
I foi elaborada na sequência da Cimeira Mundial de Alimentação (CMA), realizada em Roma em
1996, quando os diversos países se comprometeram a reduzir a fome para metade até 2015. Este
objectivo coincide com o Objectivo número um do Desenvolvimento do Milénio (ODM),
aprovado na Cimeira do Milénio, em 2000.

Garantir a Segurança Alimentar e Nutricional em Moçambique, em especial nas zonas rurais,


onde há maiores níveis de Insegurança Alimentar e Nutricional é um dos maiores desafios na
actualidade. O desenho e a implementação de medidas eficazes para melhorar a Segurança
Alimentar e Nutricional dependem de um conhecimento profundo de suas covariáveis.
6

2. OBJECTIVOS

2.1. Geral
 Fazer a revisão sobre estratégia e plano de acção de segurança alimentar e nutricional
2008 – 2015.

2.2. Específicos
 Analisar a implementação de ESAN II e sua Fundamentação;
 Identificar as principais abordagens da Segurança Alimentar e Nutricional;
 Identificar as principais estratégias e planos de acção para a SAN.

3. METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho recorreu-se a buscas de dados, através de pesquisas na internet,
com objectivo de consolidar a temática em causa, no tal recorreu-se a leituras bibliográficas,
artigos estando estes, referenciados todos nas referências bibliográficas.
7

4. ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM


MOÇAMBIQUE

4.1. Avaliação da Implementação da ESAN I


A ESAN I foi concebida num contexto político, social e económico orientou as linhas mestras e
o comando da estratégia. Mudanças no contexto justificaram a sua revisão. A avaliação
multissectorial e independente encomendada pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar
e Nutrição (SETSAN) visava essencialmente encontrar respostas às seguintes questões:

 O que evidenciam os dados estatísticos oficiais sobre a situação de Segurança Alimentar e


Nutricional (SAN) no País?
 As componentes de SAN estão efectivamente incorporadas nas políticas e nos programas de
desenvolvimento no País?
 Existe uma cobertura e qualidade suficiente de entidades executoras de acções de SAN no
País?
 As políticas e os programas visam o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
(ODM) no País?
 É importante institucionalizar a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada
(DHAA) em Moçambique?
 A ESAN I como marco orientador e a sua estrutura institucional, o SETSAN, são suficientes
e adequados para responder aos actuais desafios no País?

4.2. A avaliação indicou os seguintes ganhos da ESAN I:


 Criação de uma filosofia de SAN a nível nacional;
 Institucionalização do SETSAN ao nível central e provincial;
 Tratamento multissectorial da SAN, tendo em conta os pilares: disponibilidade; acesso; e
uso e utilização dos alimentos;
 Descentralização da agenda de SAN;
 Inserção da SAN no PARPA II, de forma mais visível e transversal;
 Inserção da SAN em outras políticas e estratégias sectoriais;
 Criação de uma massa crítica em torno da SAN;
 Balanço do estado de Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN) corrente ou crónica no
país; e Reconhecimento do SETSAN ao nível nacional, regional e internacional.
8

De acordo com (SETSAN 2007), apesar de a avaliação reconhecer que a ESAN I, na sua
essência filosófica, continua válida, ela identifica algumas limitações, das quais se destacam:

 Não inclui a análise das ligações do HIV/SIDA com a SAN;


 Não inclui indicadores claros de monitoria e avaliação e não estabelece dispositivos
adequados de curto e médio prazos;
 Enfatiza principalmente nos problemas da InSAN rural em detrimento da InSAN urbana;
 Realça a abordagem da SAN como fenómeno emergencial e como consequência das
calamidades naturais e dá pouca atenção à vulnerabilidade estrutural, que está directamente
associada às causas múltiplas da pobreza absoluta;
 Não define de forma consistente os beneficiários;
 Não apresenta um plano operacional para a coordenação multissectorial e para a
implementação dos programas sectoriais;
 Não prevê um orçamento de implementação mostrando que limitação de recursos afecta o
funcionamento do SETSAN;
 Não preconiza um dispositivo que permite o reforço do envolvimento comunitário e
integração com os princípios do distrito como base de planificação (ligação ESAN/PEDD);
 Não reconhece a heterogeneidade de SAN no país; e

Por fim, não incorpora a abordagem do DHAA. Estas razões, aliadas ao agravamento da
desnutrição crónica e à necessidade de adequar a ESAN ao novo contexto nacional, regional e
internacional justificaram a sua revisão.

4.3. O significado da Segurança Alimentar

De acordo Com Abrahamo (2015), abordagem da questão da Segurança Alimentar em geral e,


nas cidades em particular, tem vindo a atrair grande interesse e atenção tanto de investigadores (e
instituições de investigação) quanto das organizações públicas. Em Moçambique o assunto tem
merecido, igualmente, a atenção daqueles sectores. O PARPA II (2006-2009) considera a
Segurança Alimentar e Nutricional como uma questão transversal, ou seja, “está integrada nas
diversas políticas e estratégias dos sectores do Governo. Estas políticas sectoriais, em geral, são
complementares e têm em comum a preocupação de combater a pobreza absoluta e, por
conseguinte, a Insegurança Alimentar e Nutricional. O PARPA II contém indicadores específicos
9

de Segurança Alimentar e Nutricional e inclui o DHAA (Direito Humano à Alimentação


Adequada) como uma abordagem a adoptar no país”. Porém, ele não destaca a necessidade de
um conhecimento e abordagem aprofundados sobre Insegurança Alimentar urbana.

4.4. Segurança Alimentar em Moçambique


Em Moçambique, a política de Segurança Alimentar ganhou maior importância, visibilidade e
uma abordagem mais integrada e intersectorial, sobretudo a partir de 1998, altura em que foi
elaborada pelo SETSAN e aprovada pelo governo, através da Resolução Interna 16/98, a
primeira Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN I). O SETSAN fora criado
como organismo do governo responsável pelo desenho e monitoria da implementação das
políticas de segurança alimentar em Moçambique. Na estratégia de Segurança Alimentar e
Nutricional definida pelo SETSAN é clarificado que o objectivo das políticas de segurança
alimentar não se reduz apenas à questão da eliminação das necessidades alimentares da
população e da auto-suficiência na produção agro-alimentar mas sim “o direito de todas as
pessoas, a todo o momento, ao acesso físico, económico, e sustentável a uma alimentação
adequada, em quantidade, qualidade, e aceitável no contexto cultural, para satisfazer as
necessidades e preferências alimentares, para uma vida saudável e activa” (SETSAN, 2007).

A Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (2008 – 2015) sublinha, ainda, que a


segurança alimentar e nutricional nos centros urbanos “é fortemente influenciada pelo acesso
económico aos alimentos e não apenas pela disponibilidade física dos mesmos. Nas cidades, a
definição de grupos vulneráveis à Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN) depende
fundamentalmente duma diversidade de factores, tais como, oportunidades de emprego, serviços
básicos de saúde e educação, serviços de protecção social, êxodo rural e funcionamento dos
mercados”. A definição de Insegurança Alimentar, é entendida na ESAN como a situação em
que as pessoas estão incapacitadas de adquirir alimentos suficientes para satisfazer aos
requerimentos alimentares diários.

Abraham (2015), descreve que existem dois tipos de Insegurança Alimentar (InSA): a) InSA
Crónica, que se refere ao consumo insuficiente e persistente de alimentos, também conhecida por
“Fome Silenciosa” e associada aos diversos factores da pobreza extrema, pode causar
“Kwashikor” e “Marasmo” nas crianças: b) InSA Transitória, que se refere a falta temporária de
alimentos para alcançar as quantidades diárias alimentares requeridas”.
10

No entanto, sugere-se que para combater a InSAN persistente nos países em desenvolvimento
como Moçambique, importa identificar, conhecer e actuar sobre os factores que afectam a SAN
para melhor focalização de políticas públicas, em termos de priorização dos factores a atender,
de tal maneira a minimizar as falhas de concretização dos objectivos de projectos de intervenção
(COSTA et al., 2009 e KEPPLE et al., 2011 citado por GOMATE, 2022).

4.5. Situação de Segurança alimentar em Moçambique

Em Moçambique, o relatório de avaliação de SAN do SETSAN II revela que a prevalência da


insegurança alimentar e nutricional é de cerca de 24% dos agregados familiares, correspondente
a cerca de 1.150.000 famílias que estão em insegurança alimentar crônica, e 3,5% das famílias,
correspondentes às 168.000 pessoas que estão em situação de insegurança alimentar aguda
(SETSAN, 2013).

O mesmo relatório refere ainda que, as províncias, Tete, Niassa e Nampula têm maior
prevalência da insegurança alimentar crónica, (com mais de 33% de agregados familiares)
enquanto as províncias do Sul prevalecem menos, principalmente Maputo cidade, que tem o
menor nível (cerca de 11% dos agregados familiares).

Quanto a desnutrição, SETSAN (2013) revela que cerca de 43% das crianças com idade entre 6-
59 meses tem baixa altura para a idade, isto é, estão cronicamente desnutridas, e 7% possui
baixo peso para a altura, implicando que têm a desnutrição aguda. A desnutrição crónica
prevalece mais alta nas províncias do Norte e do Centro (Niassa, Nampula e Sofala, com 44-
52%) e mais baixa em Maputo Província, Maputo Cidade e Inhambane (com prevalência entre
26-31%). À semelhança da desnutrição crónica, a desnutrição aguda é mais alta no Norte e
Centro (Niassa e Sofala, 6-12%) e mais baixa no Sul (3-4% em Inhambane, Gaza, Maputo
Província e Maputo Cidade) (SETSAN, 2013).

Recentemente, o SETSAN estimou que 1,991.542 pessoas enfrentavam a insegurança alimentar


aguda, em todo o país. A maioria destas pessoas também está concentrada na zona norte
incluindo na província de Nampula. Essas pessoas precisavam de intervenções urgentes para
reduzir os défices de consumo de alimentos, de modo a reduzir o risco de desnutrição aguda ou
de mortalidade (SETSAN, 2021).
11

5. FUNDAMENTAÇÃO DA ESAN II E A DEFINIÇÃO DA SAN


A Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN) II 2008 – 2015, resultante da
evolução da ESAN I, elaborada pelo Governo de Moçambique em 1998, através do SETSAN , e
aprovada pela Resolução Interna 16/98 sublinha que "O Programa do Governo define como
objectivo central do desenvolvimento económico e social, a satisfação das necessidades
alimentares e a criação de emprego para combater a fome e a pobreza absoluta no país. A ESAN
II distingue-se da anterior por considerar o DHAA, proclamado na Declaração Universal dos
Direitos do Homem e no Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais. O
DHAA baseia-se nas seguintes dimensões: respeitar, promover, proteger e prover a SAN"
(SETSAN, 2007 & ABRAHAMO, 2015).

5.1. Respeitar
Significa que o Estado não deve, por meio de leis, políticas públicas ou acções, bloquear ou ferir
a realização dos direitos humanos e, quando o fizer, deve criar mecanismos de sua reparação.

5.2. Proteger
Refere-se à prevenção que o Estado deve garantir aos habitantes do seu território contra acções
de terceiros, entre os quais empresas, organizações ou indivíduos que violem os direitos
humanos

5.3. Promover
Significa que o Estado deve envolver-se pró-activamente em actividades destinadas a fortalecer o
acesso das pessoas aos recursos, meios e à sua utilização com vista a garantia dos seus direitos
humanos.

5.4. Prover
Refere-se a obrigação do Estado de garantir a alimentação, moradia adequada, educação e saúde
aos indivíduos ou agregados familiares (AFs) que, em situação de emergência de origem
estrutural ou conjuntural, não conseguem satisfazer essas necessidades.

De acordo com (SETSAN, 2007), na ESAN II, a SAN define-se como o direito de todas as
pessoas, a todo o momento, ao acesso físico, económico, e sustentável a uma alimentação
adequada, em quantidade, qualidade, e aceitável no contexto cultural, para satisfazer as
necessidades e preferências alimentares, para uma vida saudável e activa. A ESAN II reconhece
os seguintes pilares de SAN: a Produção e Disponibilidade suficiente de alimento para o
12

consumo; o Acesso físico e económico aos alimentos; o Uso e Utilização adequadas dos
alimentos, Adequação para que os alimentos sejam social, ambiental e culturalmente aceitáveis
incluindo a absorção dos nutrientes pelo organismo, e a Estabilidade do consumo alimentar a
todo o tempo.

5.5. Produção e Disponibilidade


A ESAN II reconhece a necessidade de incrementar a produção local de alimentos adequados
para cobrir as necessidades nutricionais em termos de quantidade (energia) e qualidade (que
assegure todos os nutrientes essenciais). Porém, a disponibilidade de alimentos assegura-se não
apenas através da produção para o auto-sustento da população, como também por meio de
importações líquidas (incluindo ajuda alimentar), deduzidas as perdas e outras utilizações para
fins não alimentares.

5.6. Acesso
Relaciona-se com a capacidade de as famílias e indivíduos disporem de recursos suficientes para
a aquisição de alimentos adequados às suas necessidades e a existência de infra-estruturas e
mecanismos que assegurem a obtenção dos mesmos. Isso implica a existência de uma
distribuição justa da renda nacional, um sistema efectivo de mercados, sistemas de comunicação,
redes de segurança social formais e informais e assistência alimentar às populações mais
carenciadas. Portanto, o acesso está relacionado com a criação de um ambiente propício para que
as famílias e indivíduos consigam ter e usar recursos suficientes para a sua alimentação
adequada.

5.7. Uso e Utilização


O uso e utilização dos alimentos é constituído por dois aspectos: O uso de alimentos, que se
refere aos aspectos sócio-económicos da SAN, aos hábitos alimentares e aos conhecimentos que
a população tem sobre a nutrição; e,

A utilização relaciona-se com os aspectos biológicos, ou seja, a capacidade corpo humano


absorver os alimentos adequados e convertê-los em energia. Esta relacionase directamente com a
saúde da população. O uso e utilização adequados de alimentos avaliam-se a nível individual e
familiar.
13

A nível familiar, relacionam-se com o processo de transformação dos alimentos disponíveis


numa dieta adequada (incluindo a escolha dos alimentos, o processamento, a preparação e
distribuição intra- familiar).

A nível individual, considera-se a ingestão e a absorção dos alimentos e acção biológica dos
nutrientes no corpo. A utilização a nível individual, pode ser afectada por doenças que inibem a
absorção de nutrientes ou que aumentam a sua necessidade. Os factores a considerar a nível
familiar estão relacionados com a ocupação do tempo da mulher, conhecimentos, hábitos
alimentares, a alimentação infantil e amamentação, utilização dos serviços de saúde preventiva e
curativa, hábitos de higiene, tabus e crenças.

A nível comunitário, há um conjunto de factores que afectam a utilização adequada a nível


familiar e individual tais como a qualidade do meio ambiente (patógenos biológicos, poluentes
químicos no ar, alimentos e água) e a disponibilidade, custo e qualidade de fontes de
abastecimento de água potável, serviços de electricidade, saneamento básico e serviços primários
de saúde.

5.8. Adequação

Significa que o alimento deve ter qualidade nutricional suficiente para satisfazer as necessidades
dietéticas dos indivíduos; deve ser seguro para a alimentação humana e livre de substâncias
adversas ou contaminantes e deve ser culturalmente aceitável para as pessoas a que se destina.
Ainda, preferivelmente, o alimento não deve comprometer a satisfação de outras necessidades
essenciais; deve ser de origem nacional e ser social, económica e ambientalmente sustentável.

5.9. Estabilidade
O alimento deve ser adequado, disponível, acessível e útil continuamente. A estabilidade deve
ser garantida a nível individual, familiar e social. Embora a estabilidade não seja uma dimensão
da SAN, por si só, é considerada como um pilar nesta estratégia para salientar a necessidade da
constância das demais dimensões da SAN.

6. DEFINIÇÃO DA SAN
A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) refere-se a realização do direito de todas as pessoas
ao acesso físico e económico, sustentável e a todo o momento, a uma quantidade suficiente de
14

alimentos adequados, inofensivos, nutritivos e aceitáveis no contexto cultural determinado, para


satisfazer as necessidades e preferências alimentares, a fim de levar uma vida activa e saudável.
A SAN orienta-se pela perspectiva do direito humano a alimentação adequada (DHAA),
proclamado na Declaração Universal dos Direitos do Homem e no Pacto Internacional dos
Direitos Económicos, Sociais e Culturais. O DHAA inclui as seguintes dimensões: respeitar,
promover, proteger e prover a SAN (SETSAN, 2007 & ABRAHAMO, 2015).

7. ENQUADRAMENTO DA ESAN II
A ESAN II enquadra-se nas políticas nacionais; nas políticas internacionais e no Direito
Internacional. Das políticas nacionais salientam-se a Agenda 2025, o Programa Quinquenal do
Governo (PQG), o Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA II), o Plano
Estratégico Nacional de Combate ao HIV/SIDA, e as políticas e estratégias sectoriais e
multissectoriais. As políticas internacionais mais relevantes são: Declaração sobre Agricultura e
Segurança Alimentar em África; Resolução da Cimeira de Abuja sobre a Segurança Alimentar
2006; Resolução da Cimeira Mundial da Alimentação (CMA).

Atenção especial é dada à integração de ESAN II com as políticas de descentralização tendo o


distrito como a base da planificação. Assim, a ESAN II privilegia as suas raízes nas unidades
geográficas abaixo dos distritos como forma de assegurar maior engajamento das comunidades
no diagnóstico e resolução dos problemas de SAN de forma descentralizada e reflectindo a
realidade local.

8. ABORDAGEM INTEGRADA DA SAN


A abordagem integrada de segurança alimentar e nutricional permite visualizar a importância das
interligações dos diferentes componentes da cadeia alimentar, os quais influênciam a situação
nutricional.

As principais componentes da abordagem integrada da segurança alimentar e nutricional são as


seguintes:
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8.1. O ambiente sócio- economico, político do País


Existe uma ligação bipolar entre a pobreza e a SAN pois a pobreza pode ser causa ou
consequência da InSAN (ABRAHAM, 2015).

Segundo o PARPA II, a pobreza é definida como sendo a impossibilidade, por incapacidade ou
por falta de oportunidade de indivíduos, famílias e comunidades, terem acesso a condições
mínimas, segundo as normas básicas da sociedade.

A pobreza inclui, a incapacidade de acesso a recursos económicos, falta de alimentos, falta de


habitação adequada, cuidados de saúde, higiene, e educação. Sendo a InSAN uma das privações,
deve ser considerada uma das dimensões mais importantes da pobreza. Em média, 450,000
pessoas, por ano, no país sofrem de InSAN aguda necessitando de ajuda alimentar imediata e as
crianças que sofrem de InSAN crónica chegam 1,300,000 (SETSAN, 2005).

Mais de metade da população moçambicana (54.1%) vive abaixo da linha de pobreza absoluta.
Mas a pobreza não está igualmente distribuída pelo país. Em geral, aumenta do Sul para o Norte
e das zonas urbanas para as zonas rurais. Contudo, de 1997 a 2003, a pobreza reduziu mais nas
zonas rurais do que nas zonas urbanas, criando assim uma tendência positiva de maior equilíbrio,
devido principalmente ao crescimento da produção agrícola.

A distribuição da população por ramos de actividade mostra que a maioria da população


moçambicana2 (78,5%) trabalha no ramo de “agricultura, pecuária, caça, pesca e silvicultura3 ”.
Na área urbana a população que trabalha neste ramo é de 40% enquanto na área rural é de 93%.
Ao nível das províncias, excluindo Maputo (cidade e província) e Sofala, mais de 70% da
população trabalha no referido ramo (INE, 2006).

Na área rural, quase metade dos AFs (44%) estão envolvidos na produção agrícola de
subsistência como actividade económica principal. Os AFs liderados por mulheres, por razões
tradicionais, têm dificuldade de uso e aproveitamento de terra e acesso a outros bens de raiz
(SETSAN, 2006).

8.2. A disponibilidade e acesso aos alimentos


De acordo com Abrahamo (2021), Moçambique continua a ser um país que sofre com a
Insegurança Alimentar e que consideráveis melhorias ainda são necessárias para aumentar a
16

disponibilidade de alimentos, melhorar seu acesso e utilização e que o limitado poder de compra
é um dos principais obstáculos para o acesso aos alimentos em áreas urbanas, especialmente em
tempos de crescentes preços dos alimentos e as dificuldades com o transporte significam que, por
vezes, a escassez de alimentos em uma região do país precisa ser sanada por meio da importação
de países vizinhos ao invés de compras de outras regiões do território nacional”.

8.2. As condições de saúde e salubridade do meio


A segurança alimentar e nutricional é um dos principais requisitos para a promoção e protecção
da saúde humana e constitui um direito fundamental conceituado na Declaração Universal dos
Direitos Humanos (ZANINI et al. 2021 citado por GOMATE, 2021).

A SAN pode ser influenciada pelas condições de saneamento básico e saúde das pessoas e a
segurança microbiológica e química dos alimentos; portanto, essa dimensão abrange, também, o
conhecimento nutricional.

Tal como refere Germán, L. (2005), citado por Abrahamo (2015) “a qualidade de vida, como um
dos grandes objectivos das políticas públicas está associada à satisfação das necessidades básicas
que estão relacionadas com a existência e bem-estar dos cidadãos. A disponibilidade e acesso da
população a tais serviços básicos é um elemento importante para se poder aferir sobre o seu nível
e qualidade de vida” ou seja o acesso a certos serviços, os chamados serviços básicos, pode ser,
por conseguinte, usado como indicador de nível e condições de vida dos AF´s. Isto é tanto mais
importante quando se sabe que a disponibilidade e acesso a certos serviços como, por exemplo,
electicidade e água potável é importante para a gestão da qualidade de vida dos agregados
familiares.

8.3. A protecção e políticas de cuidado


A ESAN, é uma estratégia transversal, e por isso, está relacionada com diversas políticas do
Governo como o PARPA, o Programa de Agricultura, a Política de Agricultura e Estratégia de
Implementação aprovado pelo Governo em 1987, a Estratégia da Educação, a Política da Saúde,
a Política e Estratégia da Indústria, a Política e Estratégia do Comércio, a Política e Estratégia de
Estradas, a Estratégia de Comercialização Agrícola, e a Estratégia de Combate as Calamidades
Naturais. Exceptuando o PARPA qué uma estratégia global do Governo, as restantes são
17

complementares e têm de comum a preocupação de combate a pobreza absoluta e, por


conseguinte, a segurança alimentar e nutricional.

8.4. O consumo alimentar e a utilização do alimento pelo corpo


A SAN, envolve-se nos aspectos de adequação dos nutrientes e sua utilização pelo organismo,
Adequação dos alimento deve ter qualidade nutricional suficiente para satisfazer as necessidades
dietéticas dos indivíduos; deve ser seguro para a alimentação humana e livre de substâncias
adversas ou contaminantes e dever ser aceitável culturalmente para as pessoas a que se destina.
Por outro lado, preferivelmente, o alimento não deve comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais, deve ser de origem nacional e deve ser social, económica e
ambientalmente sustentável. Em suma este é um dos pilares estratégicos da SAN, que visa
basicamente garantir a existência e o consumo de alimentos de qualidade e quantidades
suficientes para garantir uma vida saudável das pessoas.
18

9. CONSTATAÇÕES
A segurança aliementar é a garantia de disponibilidade de alimentos de qualidade e quantidade
suficientes de modo permanente para que se ganranta a vida das pessoas. Mas esta segurança é
defrontada com com muitos problemas desde os desastres naturais até conflitos políticos que
geram um novo conceito contrário, a insegurança alimentar, é a situação em que as pessoas estão
incapacitadas de adquirir alimentos suficientes para satisfazer aos requerimentos alimentares
diários. Podendo se assim de destacar dois tipos de InSA Crónica, que se refere ao consumo
insuficiente e persistente de alimentos, também conhecida por “Fome Silenciosa” e associada aos
diversos factores da pobreza extrema, pode causar “Kwashikor” e “Marasmo” nas crianças e a
InSA Transitória, refere-se a falta temporária de alimentos para alcançar as quantidades diárias
alimentares requeridas. Muitos programas de governo já e ainda estão sendo implementados para
combater a insegurança aliementar no pais.
19

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

1. Abrahamo E, Análise comparativa dos níveis de Insegurança Alimentar na Cidade de


Maputo dos anos de 2008 e 2014, Maputo, 2015.
2. Abrahamo E, TESE DE DOUTORAMENTO EM DESENVOLVIMENTO E
SOCIEDADE Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo: Caso dos Distritos
Municipais de KaNyaka e KaTembe, Maputo, 2021.
3. GOMATE Z, FACTORES QUE CONTRIBUEM PARA A SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL DOS AGREGADOS FAMILIARES DO DISTRITO
DE MECONTA, PROVÍNCIA DE NAMPULA, 2022.
4. INE, Trabalho de Inquerito Agricola, Resultados Preliminares do TIA, 2006.
5. SETSAN. Segurança Alimentar e Nutricional, um Direito para um Moçambique Sem
Fome e Saudável, 2007.
6. SETSAN. (2021). Relatório da Análise da Tendência de Segurança Alimentar e
Nutricional em Moçambique, 2010 - 2020.
7. SETSAN (2005). Informação Sobre Segurança Alimentar e Nutricional em
Moçambique em 2005.
8. SETSAN (2006). Informação Sobre Segurança Alimentar e Nutricional em
Moçambique em 2006.

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