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Evolução histórica da

preocupação ambiental.
A preocupação com os efeitos dos impactos ambientais,
decorrentes da acção humana na natureza, passou a
receber maior atenção a partir da década de 1950
motivada pela queda da qualidade de vida em algumas
regiões do planeta.

Nessa época, surgiram movimentos ambientalistas,


entidades governamentais sem fins lucrativos e agências
governamentais voltadas para a protecção ambiental.
A década de 1960

A década de 1960 foi conhecida pelo conflito entre preservacionistas e desenvolvimentistas.

• O debate iniciou-se com a publicação do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson em

1962, que trouxe um alerta sobre a utilização de pesticidas na agricultura.

• Em 1968, o professor americano Paul R. Ehrlich fez uma previsão catastrófica. O mundo

tinha pessoas demais, e milhões morreriam de fome, se não houvesse um controle do

aumento populacional. A teoria era parte do livro Population Bomb (Bomba

Populacional).

• Também, em 1968, surgiu o Clube de Roma. Uma organização independente sem fins

lucrativos em que participavam empresários, cientistas e políticos, com o objectivo de

discutir e analisar os limites do crescimento económico às custas do uso crescente dos


A década de 1970

Em 1972, um grupo de cientistas do Massachusetts Institute of Technology – MIT, que

assessorava o Clube de Roma, alertou sobre os riscos do crescimento económico contínuo

baseado na exploração de recursos naturais não renováveis.

As projecções afirmavam o esgotamento desses recursos em poucas décadas. O relatório

afirmava que somente o crescimento zero e a gestão dos recursos finitos poderia salvar o

planeta.

O documento foi importante para chamar a atenção sobre o impacto da exploração dos

recursos e degradação do meio ambiente, despertando a consciência ecológica mundial. A I

Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, organizada pela Organização das Nações

Unidas – ONU em 1972 foi um reflexo disso. 1972 Conferência de Estocolmo.


Anos 70: óptica correctiva: controle da poluição

A década de 1970 ficou conhecida como a da


regulamentação e do controle ambiental. Após a
conferência de Estocolmo as nações começaram
a estruturar seus órgãos ambientais e estabelecer
suas legislações.

Poluir passou a ser considerado crime em


diversos países.
A década de 1980

No início da década de 1980, a ONU retomou o debate das questões


ambientais. Gro Harlem Brundtland, primeira-ministra da Noruega, foi
indicada pela ONU para chefiar a Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento com o objectivo de estudar o assunto.

O documento final desses estudos chamou-se Nosso Futuro Comum,


também conhecido como Relatório Brundtland. Apresentado em 1987,
propõe o desenvolvimento sustentável, que é “aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações
futuras atenderem às suas necessidades” (CMMAD, 1991).
Também, na década de 1980, entraram em vigor legislações

específicas que visavam controlar a instalação de novas

indústrias e estabelecer exigências para as existentes.

O fenómeno da globalização das preocupações ambientais

veio no final da década de 1980 com o Protocolo de

Montreal, que bania os CFCs e a Convenção da Basileia que

estabeleceu regras para o transporte transfronteiriço de

resíduos.
A década de 1990

Na década de 1990, já havia uma consciência colectiva sobre a importância da


preservação e o equilíbrio ambiental.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,


conhecida também como Cúpula da Terra ou Rio 92, realizada na cidade do Rio
de Janeiro, resultou em importantes documentos como a Carta da Terra
(conhecida como Declaração do Rio) e a Agenda 21.

Em 1997, no Japão, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças


Climáticas, foi anunciado um tratado internacional chamado Protocolo de Kyoto
que estipulava metas para redução de emissões de gases do efeito estufa.
A década de 1990 levou a uma mudança no enfoque em
relação aos problemas ambientais. O foco passou a ser a
optimização do processo produtivo e a redução do impacto
ambiental. O conceito de prevenção ganhou destaque e
aumentaram os esforços para difusão de tecnologias mais
limpas e menos poluentes.

Surgiu o conceito de ciclo de vida dos produtos, que busca


torná-los ecologicamente correctos desde a fase de
concepção até o descarte ou reaproveitamento.
Século XXI

Em, 2002, dez anos após a Rio 92, foi realizada pela ONU, em Johanesburgo, na África

do Sul, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como

Rio+10.

As discussões englobaram, além da preservação do meio ambiente, também aspectos

sociais. Um dos pontos mais importantes da conferência foi a busca por medidas para

reduzir, em 50%, o número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza (com menos

de1dólar por dia) até 2015.

Foram debatidas questões sobre fornecimento de água, saneamento básico, energia, saúde,

agricultura e biodiversidade, além de cobrar atitudes com relação aos compromissos

firmados durante a Eco-92 e principalmente colocar em prática a Agenda 21.


A Rio+20 teve dois temas principais: A economia verde no contexto

do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza e a

estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

A questão ambiental ultrapassou os limites das acções isoladas e

localizadas. Optimização do uso de matérias-primas escassas e não

renováveis, racionalização do uso da energia, combate ao desperdício

e redução da pobreza convergem para uma abordagem mais ampla do

tema ambiental, que pode ser resumido em qualidade ambiental.


Uma das mais recentes resoluções oficiais da ONU, intitulada O

Futuro que Queremos, de 2012, invocando e ratificando um longo

elenco de convenções similares anteriores, foi explícita ao dizer que o

caminho a ser tomado é o do desenvolvimento sustentável.

Nesse documento os Chefes de Estado e de Governo e representantes

de alto nível, com a participação da sociedade civil, renovam o

compromisso com o desenvolvimento sustentável para assegurar a

promoção de um futuro económico, social e ambientalmente

sustentável para o planeta e para as gerações presentes e futuras.


Fases da preocupação ambiental e estágios evolutivos

A questão de preocupacao com o meio ambiente, como


foi exposto anteriormente, foi agrupada em fases de
estagio evolutivos, nomeadamente:
• Estágio reactiva.
• Estágio preventivo
• Estágio proactivo
A primeira fase da preocupação ambiental que vai
de início do século XX até 1972, em que
prevalece um tratamento pontual das questões
ambientais desvinculado de qualquer preocupação
com os processos de desenvolvimento. Esse é o
estágio reativo.
A segunda fase começa com a Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano
em Estocolmo em 1972 e vai até 1992,
caracterizando-se pela busca de uma nova
relação entre meio ambiente e desenvolvimento.
Esse é o estágio preventivo.
A terceira fase é a fase actual que tem início com a
realização da Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992 no Rio de
Janeiro, em que foram aprovados documentos relativos
aos problemas socioambientais globais.

Caracteriza-se pelo aprofundamento e implementação das


disposições e recomendações dos estados nacionais,
governos locais, empresas e outros agentes. Esse é o
estágio proativo.
Relação entre a Sociologia e a
questão ecológica / ambientais
Com frequência o homem se esquece dos laços
inalienáveis que o vinculam ao ambiente natural.

A percepção gerada desde o Iluminismo e a


revolução industrial é a de uma cisão irremediável
entre homem e natureza, produzindo uma cultura
que legitima a apropriação e manipulação dos
recursos naturais numa relação de dominação do
homem sobre o meio ambiente.
Mas o facto de termos nos tornado, por um longo e penoso processo

evolutivo, na espécie animal dominante, não nos dá o direito de fazer

desvanecer os recursos naturais a bel prazer. Pelo contrário, só

aumenta nossa responsabilidade na conservação do equilíbrio

ambiental sem o qual a própria existência é colocada em risco.

A discussão a respeito da relação entre a Sociologia e a questão

ecológica iniciou aproximadamente no final dos anos 70 e início dos

anos 80. Foi nesse período que os sociólogos americanos Riley E.

Dunlap e Willian R. Catton Jr. propuseram a criação de uma

Sociologia Ambiental.
A proposta destes autores tinha como ponto de partida justamente uma crítica

à Sociologia por sua ênfase demasiada no social em detrimento do natural.

Afirmaram, esses autores, que a Sociologia não teria apenas negligenciado os

factores ecológicos, mas constatavam, também, que essa negligência foi vista

com bons olhos pelos sociólogos.

A ideia da Sociologia Ambiental nasceu de uma forte crítica às sociologias


clássica e contemporânea. Essa crítica emergiu ao final da década de 70, quando
os cientistas sociais americanos Catton e Dunlap criticaram justamente a
ausência de qualquer preocupação com as condições ecológicas da sociedade
nos estudos sociológicos.
Sendo assim, o estudo das interações entre o meio
ambiente e a sociedade passou a ter um campo científico
próprio, que possui várias particularidades e teve um longo
caminho até sua afirmação como um campo sociológico.

Nos últimos anos, temos assistido ao surgimento de grupos


específicos de cientistas sociais (e mesmo de outros que
não o são), unidos por interesses ou áreas temáticas como
a questão ambiental.
A ênfase em relação a problemática ambiental, desde seu
surgimento em fins da década de 60, representa uma
verdadeira revolução nos hábitos, valores e
comportamentos das pessoas, e suas transformações não se
restringem ao nível do indivíduo, pois elas envolvem
também modificações socioculturais e econômico-
produtivas, principalmente por ter-se tornado uma
problemática universal e inserida não somente nos
movimentos da sociedade civil, mas também nas agendas
políticas governamentais.
Conforme exposto, a produção sociológica desde a década de 70 até os tempos

actuais vem discorrendo sobre a temática ambiental, com a consequente ampliação

da produção teórica e o surgimento de um novo campo teórico sociológico –

Sociologia Ambiental - que vem propor prováveis teorias a fim de levantar

questionamentos e encaminhamentos sobre o convívio do ser humano e o meio em

que vive.

Dessa forma, devemos entender, que o processo de constituição de um campo

sociológico que trate da problemática ambiental, bem como a sua complexidade,

nos remete ao entendimento de que a Sociologia Ambiental não trata meramente

das dimensões sociais do meio ambiente, mas sim, à incorporação do ambiente

dentro da discussão sociológica.


Um dos entraves iniciais do desenvolvimento científico de uma
sociologia ambiental era o entendimento paradigmático dominante
na academia de que questões relativas ao meio ambiente eram apenas
pertinentes às áreas denominadas das Ciências Naturais (física,
química e biologia).

Esta postura estava muito relacionada com o pensamento positivista


da época, onde a divisão do trabalho é reproduzida na divisão do
conhecimento, de forma extremamente estática, estanque,
reducionista e fragmentada (MATURANA, 1997).

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