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UNIVERSIADE ABERTA ISCED

Instituto de Educação à Distância

Epidemiologia

TEMA: Suplementação nutricional e a melhoria no estado de desnutrição em crianças dos 6


meses aos 59 meses atendidos e internadas no Hospital Central da Beira.

Curso de Licenciatura em (Nutrição)

Estudante: Celeste Aurora Américo Salvador Filipe

Chimoio, Março de 2023


Índice
1 Introdução ...................................................................................................................... 3
2 Objectivos ...................................................................................................................... 4
2.1 Objectivo geral........................................................................................................ 4
2.2 Objectivos específicos ............................................................................................. 4
2.3 Metodologias .......................................................................................................... 4
3 Conceitos chave na desnutrição ...................................................................................... 5
3.1 Malnutrição ............................................................................................................. 5
3.2 Medicamentos e suplementos de rotina ................................................................... 6
3.2.1 Desparasitante .................................................................................................. 6
3.2.2 Vitamina A ...................................................................................................... 6
3.2.3 F75 e F100 ....................................................................................................... 7
3.3 Material e Métodos ................................................................................................. 7
3.3.1 Descrição do local de estudo ............................................................................ 7
3.4 Tipo de estudo e método de abordagem ................................................................... 7
3.5 População e amostra................................................................................................ 7
3.6 Critério de inclusão ................................................................................................. 8
3.7 Critério de exclusão ................................................................................................ 8
3.8 Variáveis Sociodemográficas: ................................................................................. 8
3.9 Técnica e instrumento de recolha de dados .............................................................. 8
3.10 Procedimentos......................................................................................................... 8
4 Conclusão .................................................................................................................... 10
5 Referências bibliográficas ............................................................................................ 11

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1 Introdução
O tratamento a nível hospitalar de crianças desnutridas com a utilização rigorosa e cuidada
das fórmulas F75 e F100 pode resultar em baixas taxas de mortalidade. No entanto, o
tratamento domiciliar com ATPU está associado com melhores resultados, para a desnutrição
na infância, a nível de segurança e custo-benefício. Em relação à reabilitação nutricional
através de alimentos locais são necessários ensaios clínicos para estabelecer eficácia e
viabilidade.

Em Moçambique, cerca de 44% das crianças sofre de desnutrição crónica, sendo esta a
responsável por um terço das mortes em crianças com menos de cinco anos de idade 5,6. As
suas principais causas são a ingestão inadequada de nutrientes, os níveis elevados da infecção
e a gravidez precoce.

A alimentação da população em Moçambique considera-se monótona com consequente


deficiência de micronutrientes. A malária e os parasitas gastrointestinais afectam metade da
população e as mulheres grávidas apresentam-se com níveis elevados de infecções. Por outo
lado, na grande maioria as grávidas são ainda muito jovens, estando o seu próprio organismo
em desenvolvimento, quando engravidam.

O aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses, também representa uma causa importante
para a desnutrição sendo que, apenas 40% das crianças menores que seis meses são
exclusivamente amamentadas.

Subjacentes a estas causas, encontram-se também a insegurança alimentar (especialmente no


acesso limitado e no uso dos alimentos nutritivos), a pobreza e as práticas inadequadas em
relação aos cuidados das meninas adolescentes, mães e crianças, bem como o acesso
insuficiente à saúde, à água e aos serviços de saneamento e o baixo nível de educação e a
desigualdade do género (este último responsável pelos casamentos e gravidezes precoces).

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2 Objectivos
2.1 Objectivo geral
 Avaliar o estado nutricional das crianças dos 6 aos 59 meses de idade e das
respectivas mães na cidade da Beira no Hospital Central da Beira, em Moçambique.

2.2 Objectivos específicos


 Conceituar de desnutrição e sua classificação;
 Tipos de suplementação existente no País e sua aplicação;
 Identificar os factores que influenciam na melhoria do estado nutricional das crianças
entre 6 meses a 49 meses;
 Identificar os suplementos nutricionais usados para tratar desnutrição no país.
2.3 Metodologias
Para a realização do trabalho indicado recorreu-se uma pesquisa bibliográfica, em que foram
utilizadas como fontes de referência, periódicos, livros e artigos Online na revisão
bibliográfica nas bibliotecas virtuais e alguns autores que nas suas obras abordam sobre o
tema em destaque; “suplementação nutricional e a melhoria no estado de desnutrição em
crianças dos 6 meses aos 59 meses”.

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3 Conceitos chave na desnutrição
O estado nutricional óptimo de um indivíduo é reflectido pela manutenção dos processos
vitais de sobrevivência, crescimento, desenvolvimento e actividade. Qualquer desvio do
estado nutricional óptimo resulta em distúrbios nutricionais referidos como malnutrição.

3.1 Malnutrição
Malnutrição: é o estado patológico resultante tanto da deficiente ingestão e/ou absorção de
nutrientes pelo organismo (desnutrição ou sub-nutrição), como da ingestão e/ou absorção de
nutrientes em excesso (sobrenutrição).

O termo desnutrição abrange o baixo peso, desnutrição aguda, desnutrição crónica e


deficiencia de micronutrientes. As diferentes formas de desnutrição podem aparecer isoladas
ou combinadas.

Desnutrição aguda: A desnutrição aguda nos adolescentes e adultos é usualmente causada


pelo aparecimento de uma enfermidade que resulta na perda de peso num período recente
e/ou aparecimento de edema bilateral. A desnutrição aguda em adultos está comummente
associada ao HIV e tuberculose.

A desnutrição aguda grave manifesta-se através das seguintes condições clínicas:

Marasmo (emagrecimento grave).

Desnutrição edematosa (denominada Kwashiorkor em crianças, é acompanhada de edema


bilateral) Desnutrição crónica:

A desnutrição crónica é um estado nutricional resultante da ingestão de alimentos


insuficientes a necessidades do organismo e/ou doenças frequentes ao longo do tempo. E
manifesta-se através de baixa estatura-para-idade, avaliada a partir de padrões internacionais
de crescimento infantil, específicos para sexo e idade.

Desnutrição de micronutrientes: As formas mais comuns de desnutrição de micronutrientes


estão relacionadas com as deficiências de ferro, zinco, vitamina A, iodo, e das vitaminas do
complexo B.

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3.2 Medicamentos e suplementos de rotina

3.2.1 Desparasitante
O Mebendazol ou Albendazol devem ser dados como rotina a todas as crianças a partir dos
12 meses de idade, que não tenham recebido nos 6 meses anteriores. O registo é feito na ficha
de registo de rotina para Mebendazol.

3.2.2 Vitamina A

É necessário encaminhar qualquer criança ou adolescente com sinais de deficiência de


vitamina A para o tratamento no internamento (hospitalar), uma vez que a condição dos olhos
pode se deteriorar rapidamente e o risco de cegueira é maior.

A situação de suplementação com Vitamina A deve sempre ser verificada no Cartão de Saúde
da Criança. De acordo com as normas nacionais deve-se administrar vitamina A a todas as
crianças que não foram suplementadas nos últimos 6 meses. O registo de suplementação com
vitamina A deve ser feito nas fichas de registo de rotina.
Suplementação alimentar
Em Moçambique existem dois productos alimentares suplementares disponíveis para o
tratamento da DAM: misturas alimentícias enriquecidas (MAE) e alimento terapêutico pronto
para uso (ATPU).
As misturas alimentícias enriquecidas consistem numa mistura de cereais e outros
ingredientes (por exemplo: soja, leguminosas, sementes oleaginosas, leite em pó desnatado,
açúcar e/ou óleo vegetal) que foi moída, misturada, pré-cozinhada por extrusão ou torragem e
enriquecida com uma prémistura de vitaminas e minerais.
A MAE mais comum em Moçambique, é o “CSB Plus”, uma mistura de milho e soja
enriquecida com vitaminas e minerais. A MAE usada para suplementação alimentar deve ter
a composição nutricional semelhante ao do CSB Plus.
Nos distritos em que as Unidades Sanitárias têm MAE disponível através do Programa de
Suplementação Alimentar – PSA do MISAU, deve-se dar MAE a todos doentes com DAM.
Nos distritos onde há MAE e ATPU disponíveis, deve-se dar MAE para o tratamento da
DAM.

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3.2.3 F75 e F100
Os leites terapêuticos devem ser preparados numa área limpa e especificamente dedicada para
este propósito na Unidade Sanitária. Num recipiente limpo, despeje 1 pacote de 102,5 g de
F75 e de seguida adicione 0,5 litros de água fervida ainda quente (70ºC) para formar 0,6 litros
de leite, e misture bem. De seguida arrefeça o leite por imergir o recipiente com o preparado
em água com gelo. O conteúdo de cada pacote de F75 deve ser usado na totalidade no
momento de preparação, isto é os 0,6 litros de leite devem ser produzidos de uma única vez.
Todas as sobras de leite terapêutico já pronto devem ser refrigeradas e, se não forem usadas
dentro de 24 horas, devem ser descartadas (deitar fora).

3.3 Material e Métodos

3.3.1 Descrição do local de estudo


O hospital Central da Beira localiza-se na província de Sofala, por sinal é a maior unidade
sanitária de referência da região centro do país que se fornece cuidados quaternários,
contempla vários serviços tais como os serviços de Saúde Materno Infantil (SMI), Consultas
Pré-natais (CPN), assistência ao parto (Maternidade), Consultas Pós Parto (CPP), Consultas
de Crianças Sadias (CCS), Consultas de Crianças em Risco (CCR), serviços de Triagem
pediátrica e de adultos, Banco de Socorros, serviços de Laboratório, serviços de Farmácia,
Estomatologia, serviços de Circuncisão masculina, Programa Nacional de Combate a
Tuberculose e Lepra (PNCTL), serviços Amigo do Adolescente e Jovem (SAAJ), Programa
Alargado de Vacinação (PAV) e serviços de tratamento anti- retroviral (TARV).

3.4 Tipo de estudo e método de abordagem


A pesquisa, vai se basear num estudo descritivo, com a abordagem qualitativa. Este tipo de
pesquisa possibilitará compreender a experiência humana através da colecta e análise de
materiais narrativos e subjectivos, fazendo parte a obtenção de dados descritivos mediante
contacto directo e interactivo do pesquisador com o objecto de estudo (Lakatos & Marconi,
2003).

3.5 População e amostra


A população do estudo será constituída por todas as mães que estiverem a amamentar
crianças dos 6 aos 59 meses de idade. Num estudo similar, realizado por Jamo (2017), usou-
se como amostra 40 sujeitos, contudo, no presente estudo será usada uma amostra de 40
sujeitos, obedecendo o critério de saturação teórica, que possibilitará a interrupção da

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pesquisa, caso haja redundâncias das respostas obtidas durante a entrevista de acordo com os
objectivos da pesquisadora.

3.6 Critério de inclusão


Para o estudo será considerada uma unidade de observação (Mães) nomeadamente:

 Ter aceitado fazer parte do estudo após consentimento informado;


 Ter filho com idade compreendida entre os 6 á 12 meses;
 Ser utente presente na altura de colheita de dados na unidade sanitária;
 Ter sanidade mental apta para responder ao questionário;
 Falar a língua portuguesa.

3.7 Critério de exclusão


 Não puder falar a língua portuguesa;

 Recusar assinar o termo de consentimento informado;

 Estar doente no momento de colheita de dados;

 Ter filho com idade inferior á 6 meses e superior á 12 meses;

3.8 Variáveis Sociodemográficas:


 Idade, sexo, estado civil, profissão, nível de escolaridade, nº de filhos, residência.
3.9 Técnica e instrumento de recolha de dados
A recolha de dados será feita através de entrevistas individualizadas semi-estruturadas e de
observação directa tendo como instrumento de recolha de dados o guião de entrevista semi-
estruturado. Essa técnica possibilitará a adição de novas questões que poderão surgir na
medida em que os entrevistados forem respondendo as questões. As entrevistas individuais
vão possibilitar alcançar uma variedade de respostas e percepções que as diferentes
participantes possuírem em relação as variáveis do estudo.

3.10 Procedimentos
Para a selecção da amostra, obedecer-se-á os princípios pré-estabelecidos no critério de
inclusão e exclusão onde farão parte as mães que tiverem crianças com idade compreendida
entre 6 á 59 meses, selecionadas intencionalmente pela pesquisadora, que fará observação dos
cartões de crianças para apurar os que reunirem requisitos para participar no estudo.

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De seguida, serão convidadas as mães para a participação no estudo respeitando todos os
princípios éticos, pedindo para que as que pretenderem participar, assinem o termo de
consentimento informado isto para as que souberem ler e escrever, para aquelas que não
souberem ler nem escrever, será indicado alguém que estiver no local na altura de colheita de
dados para assinar no lugar da participante como testemunha.

A entrevista será realizada em lugar privado para evitar influência das respostas entre as
participantes, cada guião será codificado com letra e número para facilitar a análise da
informação obtida e transcrita no guião para posterior análise e processamento.

Guião de entrevista

1. Idade da mãe __________ Anos;


2. Idade da criança______ Meses
3. Residência______________________
4. Estado civil___________
5. Nível de escolaridade___________
6. Profissão_________________________
7. IMC ….
8. PB ….
9. Peso …..
10. História clinica …..
11. História de alimentação …...
12. PC …….
13. P/E ……
14. Doenças adjacentes ……
15. histórias médica, social e dietética ……
16. avaliação clínica ……
17. dados bioquímicos …..
18. dados antropométricos …..

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4 Conclusão
A maioria dos países em desenvolvimento dispõe de instalações hospitalares limitadas,
escassas, financeiramente restritos e com poucos recursos humanos. O resultado esperado do
tratamento, em termos de aumento de peso e de redução da mortalidade, pode ser afectado
por uma oferta de produtos essenciais limitada ou em atraso e pela frequente rotação do
pessoal de saúde.

Os profissionais de saúde devem ser treinados no sentido de melhorar o sucesso do


tratamento do desnutrido primário grave, proporcionado tanto a nível hospitalar como
domiciliar. Com tratamentos modernos e melhor acesso ao tratamento, se poderá atingir uma
taxa de mortalidade baixa (abaixo de 5%), tanto a nível comunitário como em centros de
saúde.

Muitas pessoas conhecem o significado de uma alimentação equilibrada, mas mesmo assim
continuam se alimentando de maneira incorrecta. Isso porque não adianta apenas saber, é
preciso reeducar-se nutricionalmente, isto é, trocar os maus hábitos alimentares por bons
hábitos. Trata-se de adoptar um novo estilo de vida, de ampliar conceitos, mudar costumes...
o que não é nada fácil, ainda que possível.

A melhor maneira é apostar na educação alimentar. Esse aprendizado pode e deve ocorrer em
qualquer lugar, mas a escola é um espaço privilegiado para o estudo da alimentação e da
nutrição como ciência, arte, técnica e história. A escola deve actuar como um laboratório em
permanente actividade de busca sobre o homem e as suas condições de vida. Afinal, é na
escola que se revelam as dificuldades que existem fora dela e é na escola que essas
dificuldades podem ser solucionadas, através da pedagogia.

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5 Referências bibliográficas
1. BENDER, A. E. Dicionário de nutrição e tecnologia de alimentos. 4 ed. São Paulo:
Roca.
2. MAHAN, L. K.; ARLIN, M. T. Krause: alimentos, nutrição edietoterapia. 8 ed. São
Paulo: Roca, 1995.
3. MARTINS, C. Fibras e fatos. — Curitiba: Nutro Clínica, 1997.
4. ORNELLAS, L. H. Técnica dietética: seleção e preparo de alimentos. 6 ed. São Paulo:
Atheneu, 1995.
5. MINDELL, E. Vitaminas: guia prático das propriedades e aplicações. São Paulo:
Melhoramentos, 1996.
6. PROENÇA, R.P.C. Qualidade nutricional e sensorial na produção de refeições.
Florianópolis: UFSC, 2005, 221 p.
7. nstituto Nacional de Estatística, II Resenceamento Geral da População e Habitação 2007,
Républica de Moçambique, Maputo, 2008. 7. Ministério da Saúde da República de
Moçambique (MISAU).
8. Desnutrição Crónica em Moçambique: da análise da situação a acções para redução.
Seminário Nacional, Centro de Conferências Joaquim Chissano. Maputo, 3 e 4 de Março
2010.
9. Departamento da Saúde da Comunidade, Universidade Lúrio. Programa Um Estudante
Uma Família 2012 (1E-1F).

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