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Alunas: Maria Eduarda de Sousa Fleury e Sara Rayanne dos Santos Renildo

10° Semestre
Laboratório de Prática Penal

Resumo: Caso dos Exploradores de Caverna

O Caso dos Exploradores de Caverna, escrito por Lon L. Fuller, é um dos


alicerces daqueles que buscam adentrar no curso de direito, assim como as
clássicas obras de Cesare Beccaria - dos delitos e das penas e o livro de Rudolph
Von Ihering - A luta pelo direito, pois confrontam áreas fundamentais que vão desde
o direito natural ao direito positivado.
Com a obra trabalhada ao longo do presente texto, não seria diferente, pois ela
se desenvolve sobre a principal linha de argumentação, que hoje é defendida pela
nossa Carta Magna de 1988, que é "o direito à vida", direito permanentemente
protegido. Principalmente, porque após estarmos inseridos dentro do bojo social,
sob condições que nos afastam de nossa real natureza e sob condições prosaicas,
a vida humana passou automaticamente a ser um produto absoluto que sobressai
das mais variadas situações, sendo assim defendida sob toda e qualquer
justificativa, mesmo envolvendo casos de legítima defesa, estado de necessidade,
periculosidade e etc, o que nos incorre a erro, pois nos impossibilita em encarar as
reais situações fáticas, um exemplo é o caso relatado a seguir.

Dito isso, a história ilustra o acontecimento de um acidente, onde quatro


membros de uma sociedade amadora de exploração de cavernas sobrevivem após
ocorrer um desmoronamento de terra que obstrui totalmente a abertura da caverna,
impossibilitando que a equipe que estava dentro do local na hora do
desmoronamento retornassem à superfície.

Com a preocupação dos familiares a respeito da demora no retorno dos


exploradores, o secretário da sociedade, ciente da possível localização entrou em
contato com a equipe de socorro que prontamente iniciou os trabalhos de
desobstrução e resgate do grupo.
Vinte dias se passaram, e com isso os suprimentos levados pelos
exploradores estavam ficando cada vez mais escassos e a equipe de resgate ainda
encontrava dificuldades em solucionar o problema, visto que durante as tentativas,
vieram a suceder novos deslizamentos, em um destes, resultou na fatalidade que
acometeu dez dos operários que colaboraram com o resgate, os quais acabaram
falecendo. Após alguns dias, a comunicação entre as equipes de socorro e os
exploradores é estabelecida graças a um aparelho de rádio transistorizado, que
possibilitou em algumas ocasiões a troca de informações entre eles.
Em uma das conversas é questionado quanto tempo levaria para de fato
acontecer o resgate, a resposta foi que levariam cerca de pelo menos mais dez
dias, pois era necessário o acréscimo de mais homens no local devido a extrema
dificuldade.
Diante da então prolação dos fatos, Whetmore que é a real vítima do caso no
qual circula o tema do conto, chega a questionar se haveriam chances reais de
sobrevivência, o que resultou no silêncio por longas 8 horas, após o presidente do
comitê de médicos afirmar que a possibilidade era remota.
Assim, o então representante dos aprisionados, apresenta a seguinte
situação hipotética, "se os grupo de exploradores soterrados se alimentassem da
carne de um eles, resultaria na sobrevivência doa demais", questionamento que
obteve uma resposta afirmativa.
O mesmo explorador ainda perguntou a respeito da legalidade do ato, não
tendo sido respondido pela junta médica, perguntou se algum juiz ou outra
autoridade superior e governamental poderia sanar tal dúvida, porém todos se
abstiveram de responder tal pergunta feita por ele, o que claramente pode ser
considerada como omissão por parte daqueles que tinham o dever de informar e
garantir que eventuais irregularidades, delitos e tragédias ocorressem.
Dito isso, para uma eventual defesa capaz de aproximar uma das três
excludentes de ilicitude elencadas em nosso código penal, diante da atitude tomada
por Whetmore, ao se apoiar em diversas fontes, e até mesmo recorrer em ultima
ratio, ao solicitar apoio intelectual e ortodoxo de dois guias espirituais, ou seja, o
mesmo esgostou o rol de possibilidades, a fim de sustentar e testificar de que
neném, deles seriam responsabilizados, caso chegassem a recorrer a tal proposta,
para garantir a sobrevivência dos demais.
O aparelho que mantinha a conexão entre os exploradores e a equipe de
resgate descarregou após alguns dias, cessando assim a comunicação entre as
equipes. Quando finalmente foram resgatados, notou-se a ausência de Whetmore,
justamente o que havia indagado sobre se alimentar da carne de um deles. Quando
questionados, os sobreviventes declararam que no trigésimo terceiro dia Whetmore
foi morto e servido de alimento aos demais. Então os sobreviventes passam a ser
encarados como acusados, e depois de permanecerem um tempo no hospital, são
denunciados pela prática do crime de homicídio, que fazendo alusão à algumas
qualificadoras do nosso ordenamento jurídico de 1940, a acusação poderia se
utilizar, primeiro do emprego de tortura em força dos demais que consequentemente
dificultou e torne impossivel a defesa do ofendido, visto que, após perceber que a
sorte não estava do seu lado e que ela se voltou contra ele, Roger Whetmore tenta
voltar a trás, mas já era tarde.

Os exploradores alegam que Whetmore foi o primeiro que cogitou a


possibilidade do que veio a ocorrer, e que ele mesmo sugeriu utilizar os dados que
teria consigo como forma de tirar na sorte qual deles seria sacrificado. Segundo
eles, todos estavam hesitantes, mas posteriormente aceitaram a proposta de
Whetmore. Entretanto, segundo declarado na audiência, o mesmo refletiu sobre a
questão e pediu para que esperassem por mais uma semana, se retirando do
acordo feito entre eles e , porém, seus companheiros não aceitaram e optaram por
prosseguir com o sorteio, jogando pela vítima.

Roger Whetmore já havia se retirado do acordo mas mesmo assim um dos


réus arremessou os dados por ele então o questionaram se ele havia alguma
objeção em relação quanto a justiça do arremesso, a vítima afirmou que não havia
nenhuma objeção, e então a computação dos resultados foi feita, determinando que
Whetmore seria o membro a ser sacrificado.
No julgamento da primeira instância, a decisão tomada pelo juiz foi de que os
sobreviventes eram culpados pelo homicídio. Pois era imprescindível a leitura literal
do texto legal, que conhecia que " quem intencionalmente tirar a vida de ontrem será
punido com a morte".
Em linhas gerais, os protetores que deveriam zelar pelo poder judiciário,
buscaram aplicar com o máximo rigor da lei, lei que foram criadas por também
homens, de maneira abstrata, em outras palavras, toda e qualquer lei, é incapaz de
sustentar qualquer eficácia, se simplesmente se afastar da mínima análise dos fatos
e dos casos in concreto. A mesma que diz proteger parece se voltar contra os
homens, que deveria alcançá-los.
O Presidente da Suprema Corte, Truepenny, C.J entende como apropriada a
aplicação do princípio da clemência executiva, em relação ao pedido do júri e do juiz
de primeira instância, que enviaram ao Poder Executivo um pedido de comutação
da pena para prisão de seis meses.

Para tanto, parece coerente ao menos a análise prévia do presente princípio,


que poderia ser garantido pelo chefe do executivo, em casos que a lei parece
ultrapassar seus limites de razoabilidade. E trazendo tal princípio por equivalência,
poderíamos citar a graça constitucional dada ao deputado Daniel Silveira, pelo atual
presidente do Brasil, que afastou justamente o rigor do judiciário.
Nesse sentido, o julgamento ocorreu com a análise de quatro membros do
judiciário, que respectivamente proferiram suas opiniões e interpretações sem
oferecer qualquer estímulo contra a lei ou em desrespeito a ela.

O primeiro a expor seu voto foi FOSTER, J.


Que logo de cara, deixou claro seu descontentamento com a atitude
daqueles que se afastaram da possibilidade de ponderar a situação e só se
preocuparam em aplicar a lei, sem sequer levar em consideração a situação de
quase morte que os acusados passaram. Ou seja, se esqueceram de fazer a breve
leitura do senso comum, e em suas palavras, longe está de fazer justiça e mais
próximo estavam de ler a letra da lei de maneira mecânica.
E por isso não poderia sustentar outra coisa, que não fosse a absolvição dos
réus, pois os mesmos não estariam, naquela situação por livre e espontânea
vontade, portanto não se sujeitariam às leis escritas por homens que não foram
confrontados por tal situação, mas sim pela lei e o direito natural, que nos coloca
frente à frente com a necessidade e objetividade em tomar decisões que garantam
nossa sobrevivência. Ou seja, naquele momento a jurisdição da sociedade, não os
alcançariam. Principalmente porque a lei e a coexistência entre os entes da
sociedade ganhou uma resignificação perante o desencadear dos fatos.
TATTING, J. (Se absteve)
KEEN, J.
HANDY, J.

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