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Partiu Concurseiro 1

Questões de Administrativo

Caderno de Questões
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Direito Administrativo

O que são os efeitos prodrômicos do ato


administrativo?

O efeito TÍPICO do ato administrativo é o efeito esperado,


desejado do ato, como exemplo, a demissão tem como efeito
típico o desligamento do servidor dos quadros da
Administração. Já os efeitos SECUNDÁRIOS do ato
administrativo são chamados de ATÍPICOS. Esses efeitos
atípicos são de duas espécies: reflexos ou
preliminares/prodômicos.

Efeitos atípicos do ato administrativo

A) Efeito reflexo: É aquele que atinge terceiros estranhos à


prática do ato.

Ex.: Estado desapropria o imóvel, o efeito típico é aquisição do


respectivo imóvel; porém, se o desapropriado tem um contrato
de locação com um terceiro, essa desapropriação também o
atinge (efeito atípico reflexo, pois é um terceiro estranho ao
ato).

B) Efeito preliminar ou prodrômico: Ocorre nos atos


administrativos que dependem de DUAS manifestações de
vontade. Este efeito se configura com o dever da segunda
autoridade se manifestar, quando a primeira já o fez, e surge
antes do aperfeiçoamento do ato.
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Ex.: nomeação de dirigente da agência reguladora é um ato


complexo que depende de duas manifestações (Senado +
Presidente). Quando a primeira autoridade se manifesta, surge
para a segunda também esse dever. Essa segunda
manifestação é o efeito secundário e atípico, preliminar,
também chamado de prodrômico. Portanto, o efeito típico é
nomear o dirigente e o secundário é a manifestação da
segunda autoridade denominado de prodrômico.

Assim, o efeito atípico prodrômico do ato ocorre nos atos


complexos ou compostos, e surge antes de o ato concluir seu
ciclo de formação, consubstanciando-se em situação de
pendência de alguma outra formalidade. O efeito prodrômico
do ato se dá, por exemplo, quando a primeira autoridade se
manifesta e surge a obrigação de um segundo também fazê-lo,
constatado neste meio tempo; o efeito prodrômico independe
da vontade do administrador e não pode ser suprimido.

Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: CESPE -


2015 - STJ - Analista Judiciário - Administrativa

Os efeitos prodrômicos do ato administrativo são efeitos


atípicos que existem enquanto perdura a situação de
pendência na conclusão desse ato.

Gabarito: CERTO.

Improbidade administrativa: Teses

1) O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos


de natureza política, como são os cargos de Secretário
Estadual e Municipal. Mesmo em caso de cargos políticos, será
possível considerar a nomeação indevida nas hipóteses de: a)
nepotismo cruzado; b) fraude à lei e c) inequívoca falta de
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razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de


qualificação técnica ou por inidoneidade moral do nomeado.

STF. 1ª Turma. Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso,


julgado em 17/9/2019 (Info 952).

2) O processo e julgamento de prefeito municipal por crime de


responsabilidade (Decreto-lei 201/67) não impede sua
responsabilização por atos de improbidade administrativa
previstos na Lei nº 8.429/92, em virtude da autonomia das
instâncias.

STF. Plenário. RE 976566, Rel. Min. Alexandre de Moraes,


julgado em 13/09/2019 (repercussão geral – Tema 576).

3) Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime


prescricional previsto na Lei de Improbidade
Administrativa para o agente público.

STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/06/2019, DJe 17/06/2019.

4) O prazo prescricional previsto na lei penal se aplica às


infrações disciplinares também capituladas como crime
independentemente da apuração criminal da conduta do
servidor. Para se aplicar a regra do § 2º do art. 142 da Lei nº
8.112/90 não se exige que o fato esteja sendo apurado na
esfera penal (não se exige que tenha havido oferecimento de
denúncia ou instauração de inquérito policial). Se a infração
disciplinar praticada for, em tese, também crime, deve ser
aplicado o prazo prescricional previsto na legislação penal
independentemente de qualquer outra exigência.

STJ. 1ª Seção. MS 20857-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia


Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 22/05/2019
(Info 651).

5) São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário


fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de
Improbidade Administrativa.
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STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de


Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
08/08/2018 (repercussão geral) (Info 910).

6) Os agentes políticos, com exceção do Presidente da


República, encontram-se sujeitos a duplo regime
sancionatório, de modo que se submetem tanto à
responsabilização civil pelos atos de improbidade
administrativa quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade. O foro especial
por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em
relação às infrações penais comuns não é extensível às
ações de improbidade administrativa.

STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red.
p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 901).

7) Em caso de ação de improbidade administrativa que envolva


dois ou mais réus, o prazo prescricional de 5 anos previsto no
art. 23 da Lei nº 8.429/92 deve ser contado de forma individual.
O art. 23 é claro no sentido de que o início do prazo
prescricional ocorre com o término do exercício do mandato ou
cargo em comissão, sendo tal prazo computado
individualmente, mesmo na hipótese de concurso de agentes,
haja vista a própria natureza subjetiva da pretensão
sancionatória e do instituto em tela.

STJ. 2ª Turma. REsp 1230550/PR, Rel. Min. Og Fernandes,


julgado em 20/02/2018.

8) Em regra, para a configuração dos atos de improbidade


administrativa previstos no art. 10 da Lei nº 8.429/92 exige-se a
presença do efetivo dano ao erário. Exceção: no caso da
conduta descrita no inciso VIII do art. 10 (frustrar a licitude de
processo licitatório) não se exige a presença do efetivo dano ao
erário. Isso porque, neste caso, o dano é presumido (dano in re
ipsa).

STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Min. Benedito


Gonçalves, julgado em 05/06/2018.
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9) A sentença que concluir pela carência ou pela


improcedência de ação de improbidade administrativa
está sujeita ao reexame necessário, com base na aplicação
subsidiária do CPC e por aplicação analógica da primeira parte
do art. 19 da Lei nº 4.717/65.

STJ. 1ª Seção.EREsp 1220667-MG, Rel. Min. Herman


Benjamin, julgado em 24/5/2017 (Info 607).

10) É possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério


Público objetivando a apuração de ato ímprobo atribuído a
magistrado mesmo que já exista concomitante procedimento
disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca dos mesmos
fatos, não havendo usurpação das atribuições da Corregedoria
pelo órgão ministerial investigante. A mera solicitação para que
o juiz preste depoimento pessoal nos autos de inquérito civil
instaurado pelo Ministério Público para apuração de suposta
conduta ímproba não viola o disposto no art. 33, IV, da LC nº
35/79 (LOMAN).

STJ. 1ª Turma. RMS 37151-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes


Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em
7/3/2017 (Info 609).

11) No caso de condenação pela prática de ato de improbidade


administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e
de proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios não podem ser
fixadas abaixo de 3 anos, considerando que este é o mínimo
previsto no art. 12, III, da Lei nº 8.429/92. Não existe
autorização na lei para estipular sanções abaixo desse
patamar.

STJ. 2ª Turma. REsp 1582014-CE, Rel. Min. Humberto Martins,


julgado em 7/4/2016 (Info 581).

12) Ainda que não haja dano ao erário, é possível a


condenação por ato de improbidade administrativa que importe
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enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se,


contudo, a possibilidade de aplicação da pena de
ressarcimento ao erário.

STJ. 1ª Turma. REsp 1412214-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes


Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado
em 8/3/2016 (Info 580)

13) A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, nas


demandas por improbidade administrativa, a decretação de
indisponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único, da LIA
não depende da individualização dos bens pelo Parquet,
podendo recair sobre aqueles adquiridos antes ou depois dos
fatos descritos na inicial, bem como sobre bens de família

STJ, REsp 1287422/SE, julgado em 15/08/2013, DJe


22/08/2013.

Processo Administrativo Disciplinar: Teses

1) A Lei n. 8.112/1990 pode ser aplicada de modo supletivo aos


procedimentos administrativos disciplinares estaduais, nas
hipóteses em que existam lacunas nas leis locais que regem os
servidores públicos.

"As disposições da Lei 8.112/1990 são aplicáveis no âmbito


dos Estados nas hipóteses em que existam lacunas nas leis
locais que regem os servidores públicos e não haja
incompatibilidade entre as normas. Dessa forma, a lacuna na
LC 131/2010 do Estado do Paraná acerca da possibilidade de
suspender o processo de aposentadoria enquanto tramita o
processo administrativo disciplina deve ser suprida com a
aplicação subsidiária da Lei 8.112/1990".

STJ, Segunda Turma, RMS 60493/PR, j. 19/09/2019.


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2) É possível a substituição de membros da comissão


processante, desde que respeitados, quanto aos membros
designados, os requisitos insculpidos no art. 149 da Lei n.
8.112/1990.

STJ, MS 21898/DF, Primeira Seção, j. 23/05/2018.

3) As alegações de imparcialidade e de suspeição de membro


da comissão processante devem estar fundadas em provas,
não bastando meras conjecturas ou suposições desprovidas de
qualquer comprovação.

STJ, Primeira Seção, MS 17796/DF, j. 25/09/2019.

4) A imparcialidade de membro de comissão não fica


prejudicada tão somente por este compor mais de uma
comissão processante instituída para apuração de fatos
distintos que envolvam o mesmo servidor.

"Não há parcialidade de membro da Comissão Processante


apenas por compor outra Comissão Processante, que apura
outros fatos pelos quais é investigado o mesmo servidor
público".

STJ, Primeira Seção, MS 21773/DF, j. 23/10/2019.

5) A simples oitiva de membro da comissão processante, de


autoridade julgadora ou de autoridade instauradora como
testemunha ou como informante no bojo de outro processo
administrativo ou até mesmo penal que envolva o investigado
não enseja, por si só, o reconhecimento da quebra da
imparcialidade.

STJ, Primeira Seção, MS 22928/DF, j. 3/06/2018.

6) Na composição de comissão de processo administrativo


disciplinar, é possível a designação de servidores lotados em
órgão diverso daquele em que atua o servidor investigado, não
existindo óbice nas legislações que disciplinam a apuração das
infrações funcionais.
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STJ, Primeira Seção, MS 17796/DF, j. 25/09/2019.

7) Em regra, a instauração de processo administrativo


disciplinar contra servidor efetivo cedido dar-se-á no órgão em
que tenha sido praticada a suposta irregularidade (cessionário),
devendo o julgamento e a eventual aplicação de sanção
ocorrer no órgão ao qual o servidor efetivo estiver vinculado
(cedente).

"A instauração de processo administrativo disciplinar pelo


órgão cessionário para a apuração de responsabilidade de
servidor a ele cedido não impede a atuação do órgão cedente,
a quem compete prosseguir na investigação e aplicar a
penalidade cabível".

STJ, Primeira Seção, MS 17590/DF, j. 11/12/2019.

8) A participação de membro do Ministério Público em conselho


da Polícia Civil torna nulo o procedimento administrativo
disciplinar instaurado para processar e para julgar servidor
público estadual por prática de ato infracional.

STJ, Segunda Turma, REsp 1805695/PR, j. 22/10/2019.

9) A convalidação de atos, determinada pelo Supremo Tribunal


Federal na ADPF n. 388, não alcança aqueles produzidos no
âmbito de processo administrativo disciplinar declarado nulo
em razão da participação de membro do Ministério Público em
conselho da Polícia Civil estadual.

"Na forma da orientação jurisprudencial no STF e no STJ,


não prospera a alegação de incidência, in casu, dos efeitos da
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF
388, porquanto dela não se extrai a ampla e irrestrita
convalidação dos atos praticados em afronta ao texto
constitucional, conforme assentado no julgamento do ARE
951.589/PR AgR, de relatoria do Ministro Marco Aurélio,
publicado no DJe de 04/08/2016 (AgInt no Ag 1.433.411/PR,
Rel. Min. Regina Helena Costa, DJe 5.12.2017).
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STJ, Primeira Turma, AgInt no RMS 49869/PR, j. 16/12/2019.

10) Compete ao Ministro de Estado da Educação a instauração


de procedimento administrativo disciplinar e a aplicação de
penalidades previstas na Lei n. 8. 112/1990 contra servidor
integrante do quadro de pessoal de Universidade Pública
Federal, por força do disposto nos Decretos n. 3.035/1999 e n.
3. 669/2000.

STJ, MS 21669/DF, Primeira Seção, j. 23/08/2017.

11) O termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do


fato pela autoridade competente para instaurar o Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) e não a ciência de qualquer
autoridade da Administração Pública.

STJ. 1ª Seção. MS 20.615/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves,


julgado em 08/03/2017.

12) A decisão administrativa que põe fim ao processo


administrativo, à semelhança do que ocorre no âmbito
jurisdicional, possui a característica de ser definitiva. Logo, o
servidor público já punido administrativamente não pode ser
julgado novamente para que sua pena seja agravada mesmo
que fique constatado que houve vícios no processo e que ele
deveria receber uma punição mais severa. Assim, a anulação
parcial do processo administrativo disciplinar para adequar a
penalidade aplicada ao servidor, consoante pareceres do órgão
correspondente, ensejando aplicação de sanção mais grave
ofende o devido processo legal e a proibição da reformatio in
pejus.

STJ, Terceira Seção. MS 10.950-DF, j. 23/5/2012

13) Não é possível a anulação de processo administrativo


disciplinar já encerrado, com sanção já cumprida
(ex: suspensão), para aplicação de penalidade mais severa
(ex: demissão) pelos mesmos fatos. Não se admite
o agravamento da penalidade imposta a servidor, após o
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encerramento do respectivo processo disciplinar, com o


julgamento definitivo pela autoridade competente. Isso
caracteriza revisão com reformatio in pejus, o que é rechaçado
pela jurisprudência do STJ. Incide, na espécie, a Súmula nº 19-
STF. Assim, o servidor público já punido administrativamente
não pode ser julgado novamente para que sua pena seja
agravada, mesmo que fique constatado que houve vícios no
processo e que ele deveria receber uma punição mais severa.

STJ. 1ª Seção. MS 11.749/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves,


julgado em 11/06/2014

14) Conclusões expostas pelo STJ sobre processo


administrativo disciplinar:

I – Não é obrigatória a intimação do interessado para


apresentar alegações finais após o relatório final de processo
administrativo disciplinar. Isso porque não existe previsão legal
nesse sentido.

II – É possível utilizar, em processo administrativo disciplinar,


na qualidade de “prova emprestada”, a interceptação telefônica
produzida em ação penal, desde que devidamente autorizada
pelo juízo criminal e com observância das diretrizes da Lei
9.296/1996.

III – É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que o


excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo
disciplinar não gera, por si só, qualquer nulidade no feito. O
excesso de prazo só tem o condão de macular o processo
administrativo se ficar comprovado que houve fundado e
evidenciado prejuízo, pois não há falar em nulidade sem
prejuízo (pas de nulité sans grief).

IV – Deve ser aplicada a penalidade de demissão ao servidor


público federal que obtiver proveito econômico indevido em
razão do cargo, independentemente do valor auferido (no caso,
eram apenas 40 reais). Isso porque não incide, na esfera
administrativa, o princípio da insignificância quando constatada
falta disciplinar prevista no art. 132 da Lei 8.112/1990.
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STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins,


julgado em 8/5/2013; MS 16.146-DF, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 22/5/2013

Servidores Públicos: Teses

1) A acumulação de cargos públicos de profissionais da área


de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao
limite de 60 horas semanais previsto em norma
infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na Constituição
Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a
compatibilidade de horários no exercício das funções, cujo
cumprimento deverá ser aferido pela administração pública.
STF. 1a Turma. RE 1094802 AgR, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 11/5/2018. STF. 2a Turma. RMS 34257
AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018.

STJ. 2a Turma. REsp 1746784/PE, Rel. Min. Og Fernandes,


julgado em 23/08/2018.

2) Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação


de cargos, empregos e funções, o teto é considerado
especificamente para cada cargo, sendo permitido que ele
receba acima do limite previsto no art. 37, XI da CF se
considerarmos seus ganhos globais (STF, Info 862).

3) Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios


exigidos do beneficiário são mais favoráveis que os
estabelecidos normalmente para as demais pessoas. A CF/88
prevê que os servidores que exerçam atividades de risco têm
direito à aposentadoria especial, segundo requisitos e
condições previstas em lei complementar (art. 40, § 4o, II, “b”).
Diante da ausência de legislação específica, não cabe ao
Poder Judiciário garantir aposentadoria especial (art. 40, § 4o,
II, da CF/88) às guardas municipais. A aposentadoria especial
não pode ser estendida aos guardas civis, uma vez que suas
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atividades precípuas não são inequivocamente perigosas e,


ainda, pelo fato de não integrarem o conjunto de órgãos de
segurança pública relacionados no art. 144, I a V, da CF/88

STF. Plenário. MI 6515/DF, MI 6770/DF, MI 6773/DF, MI


6780/DF, MI 6874/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
20/6/2018 - Info 907.

4) O termo inicial do adicional de insalubridade a que faz jus o


servidor público é a data do laudo pericial.

STJ. 1a Seção. PUIL 413-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves,


julgado em 11/04/2018 - Info 624.

5) No âmbito da administração pública federal, é vedada a


contratação temporária do mesmo servidor antes de decorridos
24 meses do encerramento do contrato anterior. Tal regra está
prevista no art. 9o, III, da Lei no 8.745/93. O STF decidiu
que essa regra é constitucional e fixou a seguinte tese: “É
compatível com a Constituição Federal a previsão legal
que exija o transcurso de 24 (vinte e quatro) meses, contados
do término do contrato, antes de nova admissão de professor
temporário anteriormente contratado.” (Info 869 STF).

6) A justiça comum, federal ou estadual, é competente para


julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas
da Administração pública direta, autarquias e fundações
públicas.

STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o


ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1o/8/2017
(repercussão geral) (Info 871).

7) O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou


modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os
servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. É obrigatória a participação do Poder
Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das
carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC,
para vocalização dos interesses da categoria.
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Questões de Administrativo

STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin,


red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017,
repercussão geral - Info 860.

8) A administração pública deve proceder ao desconto dos dias


de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve
pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo
funcional que dela decorre. É permitida a compensação em
caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar
demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do
Poder Público.

STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado


em 27/10/2016, repercussão geral - Info 845.

9) Em regra, não produzem fato consumado a posse e o


exercício em cargo público decorrentes de decisão judicial
tomada à base de cognição não-exauriente. Em outras
palavras, não se aplica a teoria do fato consumado para
candidatos que assumiram o cargo público por força de
decisão judicial provisória posteriormente revista. Trata-se do
entendimento firmado no RE 608482/RN (Tema 476).

A situação é diferente, contudo, se a pessoa, após permanecer


vários anos no cargo, conseguiu a concessão de
aposentadoria. Neste caso, em razão do elevado grau de
estabilidade da situação jurídica, o princípio da proteção da
confiança legítima incide com maior intensidade. Trata-se de
uma excepcionalidade que autoriza a distinção (distinguish)
quanto ao leading case do RE 608482/RN (Tema 476).

STF. 1a Turma. RE 740029 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de


Moraes, julgado em 14/8/2018 - Info 911.

Quando o exercício do cargo foi amparado por decisões


judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do
julgamento final do mandado de segurança, por tempo de
contribuição durante esse exercício e após legítima
contribuição ao sistema, a denegação posterior da segurança
Partiu Concurseiro 14
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que inicialmente permitira ao servidor prosseguir no certame


não pode ocasionar a cassação da aposentadoria.

STJ. 1a Seção. MS 20558-DF, Rel. Min. Herman Benjamin,


julgado em 22/2/2017 - Info 600.

10) O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual


dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso X
do art. 37 da CF/88, não gera direito subjetivo a indenização.
Deve o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de forma
fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a
revisão.

STF. Plenário. RE 565089 /SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio,


red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/9/2019
(repercussão geral – Tema 19 - Info 953).

11) É possível o pagamento de terço de férias e de décimo


terceiro salário aos Vereadores, mas desde que isso
esteja previsto em lei municipal.

STF. 1a Turma. Rcl 32483 AgR/SP, Rel. Min. Roberto Barroso,


julgado em 3/9/2019 - Info 950.

12) Na falta de lei específica que regulamente a aposentadoria


especial dos servidores públicos portadores de deficiência (art.
40, § 4o, I, da CF/88), deve ser aplicada a LC 142/2013, que
trata sobre a aposentadoria especial de pessoas com
deficiência no RGP.

STF. 1a Turma. MI 6818/DF e MI 6988/RR, Rel. Min. Marco


Aurélio, julgados em 13/8/2019 - Info 947.

13) A estabilidade especial do art. 19 do Ato das Disposições


Constitucionais Transitórias (ADCT) não se estende
aos empregados das fundações públicas de direito privado,
aplicando-se tão somente aos servidores das pessoas jurídicas
de direito público. O termo “fundações públicas”, utilizado pelo
art. 19 do ADCT, deve ser compreendido como fundações
autárquicas, sujeitas ao regime jurídico de direito público. Ex:
Partiu Concurseiro 15
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empregados da Fundação Padre Anchieta não gozam dessa


estabilidade do art. 19 do ADCT em razão de se tratar de uma
fundação pública de direito privado.

STF. Plenário.RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em


1o e 7/8/2019, repercussão geral.

14) A expressão “Procuradores”, contida na parte final do inciso


XI do art. 37 da Constituição da República, compreende os
procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas
funções essenciais à Justiça, estando, portanto, submetidos ao
teto de 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento) do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF

STF. Plenário. RE 663696/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em


28/2/2019 - Info 932.

15) TERÁ QUE DEVOLVER?

1) Servidor recebe por decisão ADMINISTRATIVA depois


revogada: NÃO;

2) Servidor que recebe indevidamente valores em decorrência


de erro operacional da Administração: NÃO;

3) Servidor recebe por decisão JUDICIAL não definitiva depois


reformada SIM (posição do STJ);

4) Servidor recebe por decisão JUDICIAL não definitiva depois


reformada (obs.: a reforma da liminar foi decorrência de
mudança na jurisprudência): NÃO (posição do STF);

5) Servidor recebe por sentença TRANSITADA EM JULGADO


e que posteriormente é rescindida: NÃO;

6) Herdeiro que recebe indevidamente proventos do servidor


aposentado depois que ele morreu: SIM
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O que é relicitação?

Relicitação. Que negócio é esse?

O Governo percebeu que algumas concessionárias que


celebraram contratos de parceria nos setores rodoviário,
ferroviário e aeroportuário não estavam conseguindo cumprir
suas obrigações. Diante disso, abriu-se a possibilidade de
haver um desfazimento consensual desses contratos com a
imediata assunção de novas empresas, escolhidas mediante
licitação.

Relicitação, portanto, é a extinção amigável do contrato de


parceria (Lei nº 13.334/2016) e a celebração de novo ajuste
negocial para o empreendimento, em novas condições
contratuais e com novos contratados, mediante licitação
promovida para esse fim.

Em quais contratos será possível fazer a relicitação?

A Lei 13.448/2017 dispõe sobre a possibilidade de prorrogação


ou de relicitação dos contratos de concessões de rodovias,
ferrovias e de aeroportos federais que tenham sido definidos
pelo Programa de Parcerias de Investimentos – PPI (Lei nº
13.334/2016). Assim, apenas nos contratos de parceria
relacionados com os setores rodoviário, ferroviário e
aeroportuário é que será possível fazer a relicitação.

A prorrogação nada mais é do que a extensão do prazo dos


contratos de parceria. Isso pode ocorrer de duas formas:
a) Prorrogação contratual: alteração do prazo de vigência do
contrato de parceria realizada em razão do término da vigência
do ajuste; b) Prorrogação antecipada: alteração do prazo de
vigência do contrato de parceria antes do término da vigência
do ajuste. Obs.: as prorrogações aplicam-se apenas aos
contratos relacionados com rodovias e ferrovias (aeroportos
não).
Partiu Concurseiro 17
Questões de Administrativo

Portanto, relicitação é a extinção amigável do contrato de


parceria (Lei nº 13.334/2016) e a celebração de novo ajuste
negocial para o empreendimento, em novas condições
contratuais e com novos contratados, mediante licitação
promovida para esse fim.

Lei nº 13.448/2017. Art. 13. Com o objetivo de assegurar a


continuidade da prestação dos serviços, o órgão ou a
entidade competente poderá realizar, observadas as
condições fixadas nesta Lei, a relicitação do objeto dos
contratos de parceria nos setores rodoviário, ferroviário e
aeroportuário cujas disposições contratuais não estejam
sendo atendidas ou cujos contratados demonstrem
incapacidade de adimplir as obrigações contratuais ou
financeiras assumidas originalmente.

Ressalta-se que apenas nos contratos de parceria relacionados


com os setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário será
possível fazer a relicitação.

Na prática, o concessionário que estiver em dificuldade de


cumprir com as suas obrigações contratuais ou financeiras
formula requerimento ao Poder Público solicitando a relicitação,
devendo apresentar:

I - justificativas e elementos técnicos que demonstrem a


necessidade e a conveniência da adoção do processo de
relicitação, com as eventuais propostas de solução para as
questões enfrentadas;

II - renúncia ao prazo para corrigir eventuais falhas e


transgressões e para o enquadramento previsto no § 3º do art.
38 da Lei nº 8.987/95, caso seja posteriormente instaurado ou
retomado o processo de caducidade;

III - declaração formal quanto à intenção de aderir, de maneira


irrevogável e irretratável, ao processo de relicitação;

IV - renúncia expressa quanto à participação no novo certame


ou no futuro contrato de parceria relicitado;
Partiu Concurseiro 18
Questões de Administrativo

V - informações necessárias à realização do processo de


relicitação, em especial as demonstrações relacionadas aos
investimentos em bens reversíveis vinculados ao
empreendimento e aos eventuais instrumentos de
financiamento utilizados no contrato, bem como de todos os
contratos em vigor de cessão de uso de áreas para fins
comerciais e de prestação de serviços, nos espaços sob a
titularidade do atual contratado.

O órgão ou entidade competente irá, então, avaliar a


necessidade, a pertinência e a razoabilidade da instauração do
processo de relicitação. A concessionária que terá o contrato
extinto receberá uma indenização, a qual será definida por
meio de arbitragem ou outro mecanismo privado de resolução
de conflitos admitido na legislação aplicável (art. 15, III, da Lei
nº 13.448/2017).

Qual é a vantagem para o concessionário em aderir ao


processo de relicitação?

Se o concessionário não está cumprindo as suas obrigações


contratuais, o Poder Público concedente poderá extinguir o
contrato sob o fundamento da caducidade (art. 38 da Lei nº
8.987/95). Ocorre que a caducidade é mais desvantajosa para
a concessionária, uma vez que na caducidade, eventual
indenização que ela receba será paga por meio de precatório
(já na relicitação, a indenização ao concessionário será paga
pelo novo contratado, nos termos e limites previstos no edital
da relicitação). Além disso, na caducidade, a empresa poderá
receber a pena de inabilitação de contratar com a
Administração Pública, ao passo que na relicitação a empresa
não será punida com a inabilitação de contratar com a
Administração Pública, sendo que a única restrição é que ela
não poderá participar do certame licitatório da relicitação.

De acordo com a Lei, as multas e as demais somas de


natureza não tributária devidas pelo anterior contratado ao
órgão ou à entidade competente deverão ser abatidas da
indenização que ele irá receber (art. 15, § 2º). Logo, as dívidas
Partiu Concurseiro 19
Questões de Administrativo

que a concessionária tiver com o Poder Público serão


descontadas da indenização que ela receberá.

"A Lei nº 13.448, de 5.6.2017, alterou as diretrizes da Lei nº


13.334/2016, para incluir a possibilidade de proceder à
prorrogação normal ou antecipada de contratos em curso,
mediante anuência do contratado, com a finalidade de adotar
melhores práticas regulatórias e empregar novas tecnologias e
serviços (art. 2º). Previu-se, ainda, o que foi denominado de
“relicitação”, pela qual se extinguiria amigavelmente o contrato
de parceria, celebrando-se novo contrato com
outros contratados, mediante licitação com esse objetivo (art.
4º, III). A denominação é evidentemente imprópria, pois que, na
verdade, as partes ajustam consensualmente a rescisão do
contrato, para que outro seja firmado com nova sociedade e, se
assim é, claro que indispensável será uma nova licitação. São
relações jurídicas diversas, o que exige obviamente todo o
procedimento interno e externo para o novo contrato. Melhor
que “relicitação” seria “recontratação” com contratado diverso,
impondo-se nova licitação, como em qualquer caso
similar. Enfim, o governo federal se propõe a desenvolver
ações de infraestrutura e desestatização, mediante alocação
de recursos, socorrendo-se de parcerias com o setor privado
por meio da celebração de um dos negócios jurídicos que
espelham cooperação recíproca entre os pactuantes" (Filho,
José dos Santos Carvalho, Manual de Direito Administrativo,
ed. 2018).

O que é licitação verde?

Licitação verde, princípio da licitação verde ou princípio da


licitação sustentável impõe que o processo licitatório deve estar
em consonância com o desenvolvimento nacional sustentável,
de preferência aquelas propostas que preservem o meio
ambiente, gerando o menor impacto possível.

Lei 8.666/93. Art. 3.º A licitação destina-se a garantir a


Partiu Concurseiro 20
Questões de Administrativo

observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção


da proposta mais vantajosa para a administração e a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável e
será processada e julgada em estrita conformidade com os
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos (Redação
dada pela Lei 12.349, de 2010).

Assim, a preocupação com a sustentabilidade ambiental é uma


das principais tendências nas contratações públicas naquilo
que se convencionou chamar de “licitações verdes”.
Nas licitações públicas para contratação de empreendimentos
que exigem licenciamento ambiental, o projeto básico deve
conter o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA). De acordo com Rafael Oliveira,
“as “licitações verdes” ou “contratos públicos ecológicos”
(Green Public Procurement) representam tendência
consagrada no Direito Comunitário Europeu que exige a
utilização da contratação pública para implementação de
políticas públicas ambientais. Após, e com fundamento neste
diploma normativo, o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão editou, em 19.01.2010, a Instrução Normativa 01, que
“dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na
aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela
Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional”. Nessas hipóteses excepcionais, chega-se a
admitir, inclusive, que o Estado pague preço maior na
aquisição de bens e serviços, com o objetivo de fomentar o
desenvolvimento sustentável" (Licitações e Contratos
Administrativos, ed. 2018).

Percebe-se, com isso, que o legislador ordinário elegeu


preferência às propostas que propiciem a preservação do
meio ambiente. Para que isso ocorra, os instrumentos
convocatórios deverão ter a previsão da exigência da busca de
uma maior sustentabilidade ambiental, harmonizando o
desenvolvimento social e econômico com a defesa do meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
Partiu Concurseiro 21
Questões de Administrativo

O Estado responde por atos de multidões?

O Estado responde por atos de multidões?

Via de regra, não! Os atos de multidão não são capazes de


gerar a responsabilidade civil do estado, tendo em vista que os
eventos são praticados por terceiros, não existindo ação ou
omissão imputável ao estado e consequentemente não há
nexo de causalidade.

No entanto, a doutrina afirma ser possível que o estado


responda caso tenha ciência do movimento e exista
possibilidade de evitar os danos (previsilibilidade e
evitabilidade). Por exemplo, quando o ente tem ciência de que
vai ocorrer uma partida entre times rivais e não adota as
providências de segurança pública necessárias para evitar as
confusões.

Assim, os atos de multidões serão de responsabilidade do


Estado nas especiais situações em que ele tem a possibilidade
de evitar o dano e se omite. Nesse sentido, José dos Santos
Carvalho Filho:

"A regra, aceita no direito moderno, é a de que os danos


causados ao indivíduo em decorrência exclusivamente de tais
atos não acarretam a responsabilidade civil do Estado, já que,
na verdade, são tidos como atos praticados por terceiros.
Sequer existem os pressupostos da responsabilidade objetiva
do Estado, seja pela ausência da conduta administrativa, seja
por falta de nexo causal entre atos estatais e o dano. Pelo
inusitado ou pela rapidez com que os fatos ocorrem, não se
pode atribuir os seus efeitos a qualquer ação ou omissão do
Poder Público.

Ocorre, porém, que, em certas situações, se torna notória a


omissão do Poder Público, porque teria ele a possibilidade de
Partiu Concurseiro 22
Questões de Administrativo

garantir o patrimônio das pessoas e evitar os danos


provocados pela multidão. Nesse caso, é claro que existe uma
conduta omissiva do Estado, assim como é indiscutível o
reconhecimento do nexo de causalidade entre a conduta e o
dano, configurando-se, então, a responsabilidade civil do
Estado. Trata-se, pois, de situação em que fica cumpridamente
provada a omissão culposa do Poder Público. Essa é a
orientação que tem norteado a jurisprudência a respeito do
assunto" (Filho, José dos Santos Carvalho, Manual de Direito
Administrativo).

No mesmo sentido, Rafael Carvalho Rezende Oliveira entende


que os danos causados por atos de multidões (ou
multitudinários) não geram responsabilidade civil do Estado,
tendo em vista a inexistência do nexo de causalidade, pois tais
eventos são praticados por terceiros. Assim, não há ação ou
omissão estatal causadora do dano. Entretanto,
excepcionalmente, o Estado será responsável quando
comprovada a ciência prévia da manifestção coletiva
(previsibilidade) e a possibilidade de evitar a ocorrência de
danos (evitabilidade). Por exemplo, se o Estado é notificado
sobre encontro violento de torcidas organizadas de times rivais
e não adota as providências necessárias para evitar o
confronto, restarão caracterizadas a sua omissão específica e,
por consequência, a sua responsabilidade.

Por fim, segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, no caso


de danos provocados por atos de multidão fica caracterizada a
responsabilidade extracontratual subjetiva do Estado. Exemplo
de situação seria uma manifestação pública, em que uma
multidão de terceiros (particulares, não agentes públicos)
venha a causar danos às pessoas, depredando propriedades;
ou a ocorrência de eventos da natureza, como vendavais e
enchentes, que imponham prejuízos à população. Nessas
hipóteses, a indenização estatal só será devida se restar
comprovado - e o ônus da prova é de quem sofreu o dano -
que determinada omissão culposa da Administração concorreu
para o surgimento do resultado danoso, ou seja, que o dano
não teria ocorrido se o Poder Público tivesse prestado
adequadamente os serviços públicos que lhe incumbe
Partiu Concurseiro 23
Questões de Administrativo

(responsabilidade subjetiva, na modalidade culpa


administrativa ou culpa anônima) (RE 179.147/SP rel Min.
Carlos Velloso).

Ressalta-se que, embora o STF tenha aplicado a


responsabilidade objetiva nos casos de omissão específica da
Administração Pública, não há uma jurisprudência pacificada
sobre o assunto. O STJ e os demais tribunais caminham no
sentido de reconhecer a responsabilidade subjetiva no caso de
omissão da Administração, a qual preconiza também a doutrina
majoritária.

Porém, partindo do pressuposto que o STF tem conferido


tratamento idêntico tanto aos atos comissivos quanto aos atos
omissivos (art. 37, §6°, CF), principalmente nos casos de
omissão específica, é possível chegar à conclusão de que é
aplicável a responsabilidade objetiva também nos atos de
multidão.

O ponto central da questão está no nexo causal entre a


omissão da Administração Pública e o resultado danoso
decorrente de ato de multidão, havendo um descumprimento
de dever específico de proteção do Estado.

Assim, independentemente de a responsabilidade ser subjetiva


ou objetiva, a questão mais tormentosa no que se refere à
responsabilidade civil do Estado quanto aos atos de multidão
está na configuração de um nexo de causalidade entre uma
omissão estatal e o dano provocado pela coletividade ao
terceiro. Do contrário, o Estado seria transformado em uma
espécie de garantidor universal, com consequências funestas
para toda a sociedade.

A esse respeito, confira-se o seguinte trecho do voto


condutor do RE 841.526/RS:

“Diante de tal indefinição, a jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal vem se orientando no sentido de que a
responsabilidade civil do Estado por omissão também está
fundamentada no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, ou
Partiu Concurseiro 24
Questões de Administrativo

seja, configurado o nexo de causalidade entre o dano sofrido


pelo particular e a omissão do Poder Público em impedir a sua
ocorrência – quando tinha a obrigação legal específica de fazê-
lo – surge a obrigação de indenizar, independentemente de
prova da culpa na conduta administrativa, consoante os
seguintes precedentes (..).

Deveras, é fundamental ressaltar que, não obstante o Estado


responda de forma objetiva também pelas suas omissões, o
nexo de causalidade entre essas omissões e os danos sofridos
pelos particulares só restará caracterizado quando o Poder
Público ostentar o dever legal específico de agir para impedir o
evento danoso, não se desincumbindo dessa obrigação legal.
Entendimento em sentido contrário significaria a adoção da
teoria do risco integral, repudiada pela Constituição Federal,
como já mencionado acima.” (STF, RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, j. 30/03/2016, Repercussão geral)

Em suma

a) Em regra, o Estado NÃO responde pelos danos causados


por atos praticados por agrupamento de pessoas ou multidões,
tendo em vista que tais eventos são praticados por terceiros
(fato de terceiro) e de maneira imprevisível ou inevitável, não
existindo ação ou omissão imputável ao Estado.

b) Entretanto, a doutrina entende que o Estado poderá ser


responsável quando comprovadas a ciência prévia da
manifestação coletiva (previsibilidade) e a possibilidade de
evitar a ocorrência de danos (evitabilidade). Por exemplo,
partida de futebol entre times rivais e o Estado não adota as
providências de segurança pública necessárias para evitar as
confusões.

Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova:


CESPE - 2014 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal

Na hipótese de danos causados a particulares por atos de


multidões, o Estado somente poderá ser responsabilizado caso
seja comprovada sua participação culposa.
Partiu Concurseiro 25
Questões de Administrativo

Prova: CESPE - 2009 - TRT - 17ª Região (ES) - Analista


Judiciário - Área Judiciária Disciplina: Direito
Constitucional | Assuntos: Administração Pública –
Disposições Gerais e Servidores Públicos; Disposições
Gerais:

O Estado não responde civilmente pelos danos causados por


atos praticados por agrupamentos de pessoas ou multidões,
por se tratar de atos de terceiros que caracterizam uma
excludente de causalidade, salvo quando se verificar omissão
do poder público em garantir a integridade do patrimônio
danificado, hipótese em que a responsabilidade civil é
subjetiva.

Gabarito: 1) Certo. 2) Certo.

Qual a natureza jurídica do silêncio


administrativo?

Silêncio administrativo

Em regra, a manifestação unilateral de vontade da


Administração Pública é materializada de forma expressa, por
meio de atos administrativos. A doutrina discute, no entanto, a
viabilidade de o silêncio administrativo (omissão administrativa
ou “não ato”) configurar forma legítima de manifestação de
vontade administrativa. Segundo Rafael Oliveira, a omissão, no
caso, não é um ato administrativo, pois inexiste manifestação
formal da vontade da Administração, devendo ser configurada
como fato administrativo.

No Direito Civil, o silêncio do particular representa,


normalmente, consentimento tácito (art. 111 do Código Civil).
No Direito Administrativo, por sua vez, o silêncio não
configura, em regra, consentimento estatal. Ou seja, o silêncio
administrativo não representa a manifestação de vontade da
Administração.
Partiu Concurseiro 26
Questões de Administrativo

Constatada a omissão ilegítima da Administração, que não se


manifesta no prazo legalmente fixado ou durante prazo
razoável de tempo, o interessado deve pleitear na via
administrativa (ex.: direito de petição) ou judicial (ex.: ação
mandamental) a manifestação expressa da vontade estatal,
sendo vedado ao Judiciário expedir o ato administrativo,
substituindo-se à Administração omissa, tendo em vista o
princípio da separação de poderes. No caso, o magistrado
somente será possível exigir que a Administração Pública
manifeste a sua vontade dentro do prazo fixado na decisão
judicial, sob pena de sanções (ex.: multa diária).

Silêncio administrativo: Exceção

Excepcionalmente, o silêncio representará a manifestação de


vontade administrativa quando houver previsão legal expressa
nesse sentido (ex.: art. 26, § 3.º, da Lei 9.478/1997). Nesses
casos, o silêncio importará concordância ou não com
determinada pretensão do administrado.

Lei 9.478/1997. Art. 26. A concessão implica, para o


concessionário, a obrigação de explorar, por sua conta e risco
e, em caso de êxito, produzir petróleo ou gás natural em
determinado bloco, conferindo-lhe a propriedade desses
bens, após extraídos, com os encargos relativos ao
pagamento dos tributos incidentes e das participações legais
ou contratuais correspondentes.

§ 2° A ANP emitirá seu parecer sobre os planos e projetos


referidos no parágrafo anterior no prazo máximo de cento e
oitenta dias.

§ 3° Decorrido o prazo estipulado no parágrafo anterior sem


que haja manifestação da ANP, os planos e projetos
considerar-se-ão automaticamente aprovados.

"Na verdade, o silêncio não é ato jurídico. Por isto,


evidentemente, não pode ser ato administrativo. Este é uma
declaração jurídica. Quem se absteve de declarar, pois,
Partiu Concurseiro 27
Questões de Administrativo

silenciou, não declarou nada e por isto não praticou ato


algum. Tal omissão é ‘fato jurídico’ e, in casu, um ‘fato jurídico
administrativo" (Celso Antônio Bandeira de Mello).

Portanto, majoritariamente, pode-se definir que o silêncio da


Administração Pública, diante de determinada situação, não
produz qualquer efeito, ressalvadas as hipóteses em que o
próprio texto legal determinar o dever de agir do poder público,
definindo que a ausência de conduta ensejará a aceitação
tácita de determinado fato ou até mesmo a negativa pelo
decurso do tempo. Nestes casos, pode-se entender que o
efeito decorre da disposição legal que atribui à não atuação
determinadas consequências específicas e não do silêncio,
propriamente considerado.

Incidem juros compensatórios na


desapropriação de imóvel improdutivo?

Na desapropriação, os juros compensatórios são devidos EM


RAZÃO DA PERDA DA POSSE PELO PARTICULAR EM
VIRTUDE DE IMISSÃO PROVISÓRIA da posse pelo ente
público.

Por muito tempo discutiu-se se o fato de o imóvel ser


improdutivo afastaria a incidência dos juros compensatórios.

Antes do julgamento da ADI 2332, pelo STF, o STJ entendia


que A EVENTUAL IMPRODUTIVIDADE DO IMÓVEL NÃO
AFASTAVA O DIREITO AOS JUROS COMPENSATÓRIOS,
pois estes restituem não só o que o expropriado deixou de
ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de
renda, considerando a possibilidade do imóvel ser aproveitado
a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser
vendido com o recebimento do seu valor à vista (REsp
1116364/PI).
Partiu Concurseiro 28
Questões de Administrativo

Assim, prevalecia o entendimento de que SOMENTE NÃO


HAVERIA INCIDÊNCIA DOS JUROS COMPENSATÓRIOS
QUANDO A PROPRIEDADE SE MOSTRASSE IMPASSÍVEL
DE QUALQUER ESPÉCIE DE EXPLORAÇÃO ECONÔMICA
SEJA ATUAL OU FUTURA, em decorrência de limitações
legais ou da situação geográfica ou topográfica do local onde
se situa a propriedade (EREsp 519.365/SP).

ADI 2332/DF

No julgamento da ADI 2332/DF, no ano de 2018, o STF


resolveu alterar a decisão liminar que havia tomado em 2001 e
declarou constitucional o percentual de juros compensatórios
de 6% ao ano pela imissão provisória do ente público na posse
do bem, conforme previsão do art. 15-A do DL 3.365/1941.

Na ocasião, o STF declarou constitucionais os §§ 1º e 2º do art.


15-A do DL 3.365/41, que preveem que os juros
compensatórios serão destinados, apenas, a compensar a
perda de renda comprovadamente sofrida pelo
proprietário, e que não serão devidos quando o imóvel possuir
graus de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais
a zero.

Segundo o Min. Alexandre de Moraes, os dispositivos não


violam o direito de propriedade nem vulneram o caráter justo
da indenização. Isso porque é correto dizer que os juros
compensatórios destinam-se a compensar tão somente a perda
de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário.

Os dispositivos impugnados foram declarados constitucionais e


condicionam a condenação do Poder Público ao pagamento
aos juros compensatórios aos seguintes requisitos:

a) ter ocorrido imissão provisória na posse do imóvel;

b) a comprovação pelo proprietário da perda da renda sofrida


pela privação da posse;
Partiu Concurseiro 29
Questões de Administrativo

c) o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência


na exploração superiores a zero.

"(..) Constitucionalidade dos §§ 1º, 2º e 4º, do art. 15-


A, do Decreto-lei nº 3.365/1941, ao determinarem a
não incidência dos juros compensatórios nas hipóteses
em que (i) não haja comprovação de efetiva perda de
renda pelo proprietário com a imissão provisória na
posse (§ 1º), (ii) o imóvel tenha “graus de utilização da
terra e de eficiência na exploração iguais a zero” (§ 2º),
e (iii) sobre o período anterior “à aquisição da
propriedade ou posse titulada pelo autor da ação”
(STF, Plenário, ADI 2332, j. 17/05/2018).

Desta forma, a partir do julgamento da ADI 2332, os juros


compensatórios só terão incidência se o desapropriado
comprovar a utilização efetiva da terra, bem como a perda de
renda com a imissão na posse, sendo seu ônus realizar tal
comprovação, sob pena de não incidência dos juros
compensatórios.

Em que consiste a licitação compartilhada?

A licitação compartilhada está prevista no art. 112 da Lei de


Licitações. De acordo com o dispositivo, os consórcios públicos
estão autorizados a realizarem licitação da qual, nos termos do
edital, decorram contratos administrativos celebrados por
órgãos ou entidades dos entes da Federação consorciados, na
forma do art. 112, § 1.º, da Lei 8.666/1993.

Lei 8.666/1993. Art. 112. "Quando o objeto do contrato


interessar a mais de uma entidade pública, caberá ao
órgão contratante, perante a entidade interessada,
responder pela sua boa execução, fiscalização e
pagamento.
Partiu Concurseiro 30
Questões de Administrativo

§ 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação


da qual, nos termos do edital, decorram contratos
administrativos celebrados por órgãos ou entidades
dos entes da Federação consorciados.

§ 2º É facultado à entidade interessada o


acompanhamento da licitação e da execução do
contrato".

Segundo Rafael Oliveira, o objetivo da legislação é permitir a


realização de um único certame pelo consórcio do qual
decorram contratos celebrados pelos entes consorciados. Ao
concentrar em uma única licitação quantitativos maiores que
serão contratados, a tendência, com esse ganho de escala, é a
redução de preços pelos licitantes interessados, em
consonância com o princípio da economicidade (Nesse sentido:
Licitações e Contratos Administrativos, edição 2019).

Estagiário responde por improbidade


administrativa?

Segundo o STJ, “o estagiário que atua no serviço público,


ainda que transitoriamente, remunerado ou não, SE
ENQUADRA no conceito legal de agente público preconizado
pela Lei 8.429/1992" (REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 18/8/2015, DJe 8/9/2015).

Isso porque o conceito de agente público adotado pela Lei de


Improbidade Administrativa (Lei 8429/92) é AMPLO,
abrangendo todo aquele que venha a exercer função pública,
inclusive os estagiários do serviço público. Confira-se a
redação do art. 2º da Lei:

“Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,


todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
sem remuneração, por eleição, nomeação,
Partiu Concurseiro 31
Questões de Administrativo

designação, contratação ou qualquer outra forma de


investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.

Acrescente-se ainda que a Lei de Improbidade não se destina


a punir unicamente os agentes públicos, podendo ser aplicada
também ao PARTICULAR que “INDUZA ou CONCORRA para
a prática do ato de improbidade ou dele SE BENEFICIE sob
qualquer forma direta ou indireta” (art. 3º). Nesse caso, a
responsabilização do particular somente será possível
concomitantemente à responsabilização do agente público,
exigindo-se, portanto, a formação de um LITISCONSÓRCIO
NECESSÁRIO no polo passivo da ação.

O que é o "período suspeito" nas


desapropriações?

Como se sabe, as desapropriações dependem de um decreto


expropriatório. Esse ato normativo, contudo, pode caducar e
perder sua força de imperatividade jurídica. A caducidade do
decreto, nos casos de desapropriações por necessidade ou
utilidade, nos termos do art. 10 do Decreto-lei 3365, ocorre se a
desapropriação não for efetivada mediante acordo ou se não
for proposta a devida ação judicialmente, dentro de cinco anos,
contados da data da expedição do respectivo decreto.

Já na desapropriação por interesse social, o prazo de


caducidade do decreto é de dois anos. Nesses termos, na
prática, a Administração Pública possui o prazo de 05 ou 02
anos para, a contar do decreto expropriatório, efetivamente
desapropriar ou propor a ação de desapropriação e conseguir a
citação válida

Obs.: Para evitar a caducidade, a Administração


necessita conseguir a CITAÇÃO VÁLIDA – não basta
a propositura da ação – antes de se completarem os
05 ou 02 anos da publicação do decreto.
Partiu Concurseiro 32
Questões de Administrativo

Nesse sentido, esse período de 5 ou 2 anos é o que se chama


de período suspeito, isto é, o espaço de tempo entre a
expedição do decreto desapropriatório e a propositura da ação
respectiva ou da efetiva realização da desapropriação.

O termo remonta ao célebre Seabra Fagundes, apontando tal


momento como fase intermediária entre a livre propriedade
anterior do indivíduo e a propriedade ulterior da Fazenda
Pública, na qual o indivíduo ainda é dono, mas não dispõe
integralmente da coisa. A declaração de utilidade pública gera
um estado de insegurança jurídica, por tornar iminente a
transferência da propriedade para o Estado. Por isso, esse
período compreendido entre a declaração de utilidade e a
efetiva transmissão do bem ao expropriante é denominado de
“período suspeito”.

Portanto, o "período suspeito" nas desapropriações é


exatamente o intervalo de tempo entre a EXPEDIÇÃO DO
DECRETO EXPROPRIATÓRIO e a PROPOSITURA DA
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO ou EFETIVA REALIZAÇÃO
DA DESAPROPRIAÇÃO. Na desapropriação por interesse
social ela ocorre em 02 anos, já na desapropriação
por necessidade ou utilidade pública, ela ocorre em 05 anos.

Estado não tem responsabilidade civil por atos


praticados por presos foragidos

O STF decidiu que, no caso de danos decorrentes de crime


praticado por pessoa foragida do sistema prisional, só é
caracterizada a responsabilidade civil objetiva do Estado (artigo
37, parágrafo 6º, da Constituição Federal) quando for
demonstrado o nexo causal entre o momento da fuga e o
delito.

Por maioria de votos, prevaleceu o entendimento do ministro


Alexandre de Moraes de que o conjunto dos fatos e das provas
Partiu Concurseiro 33
Questões de Administrativo

colhidos nas instâncias ordinárias não permite atribuir


responsabilidade por omissão ao Estado pela conduta de
terceiros que deveriam estar sob sua custódia. O ministro
explicou que o princípio da responsabilidade objetiva não é
absoluto e pode ser abrandado em hipóteses excepcionais,
como o caso fortuito, a força maior ou evidências de ocorrência
de culpa atribuível à própria vítima.

Segundo o ministro Alexandre, a jurisprudência do Supremo


considera necessária a comprovação de causalidade direta e
imediata entre a omissão do Estado e o crime praticado para
que seja imputada a responsabilidade civil ao Estado. Ele
observa que a fuga do presidiário e o cometimento do crime,
três meses depois, sem qualquer relação direta com a evasão,
não permite a imputação da responsabilidade objetiva ao
Estado prevista na Constituição Federal. Como o crime não foi
cometido durante a fuga, não há uma sequência lógica e
imediata entre um fato e outro, o que afasta o nexo causal.

A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte:

“Nos termos do artigo 37 §6º da Constituição Federal,


não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do
Estado por danos decorrentes de crime praticado por
pessoa foragida do sistema prisional, quando não
demonstrado o nexo causal direto entre o momento da
fuga e a conduta praticada” (STF, Plenário, RE
608880, repercussão geral - Tema 362).

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