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ADVOGANDO PARA SERVIDORES PÚBLICOS

1. REINTEGRAÇÃO DE SERVIDOR DEMITIDO EM PROCESSO


ADMINISTRATIVO (PAD)

Objetivo: anular judicialmente a portaria demissional do cliente servidor público


obtendo, em tutela antecipada1, a imediata reintegração no cargo e, na sentença
obter a indenização de todos os valores devidos corrigidos, além de danos morais.

ATENÇÃO: após a EC 19/98, passou a ser possível ter empregados celetistas


também nas pessoas jurídicas de direito público, como autarquias (INSS, Ibama,
Universidades Federais) e entidades federativas (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios).

*** Então é importante saber qual a lei que disciplina o PAD, a carreira ou cargo do
servidor (estatutário ou celetista). A Lei 8112/90 só cabe para servidores federais.

1
ADC 4, do STF – “A decisão proferida pela corte na ADC 4 – MC/DF, Rel. Ministro Sidney Sanches,
não veda toda e qualquer antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, mas somente as hipóteses
taxativamente previstas no art. 1º, da Lei nº 9.494/97. Ausência de identidade material entre o caso
aludido e a decisão tida como afrontada”. (Rcl 6257 AGR).
ATUALIZAÇÃO: “4. A cautelaridade do mandado de segurança é ínsita à proteção constitucional ao
direito líquido e certo e encontra assento na própria Constituição Federal. Em vista disso, não será possível a
edição de lei ou ato normativo que vede a concessão de medida liminar na via mandamental, sob pena de
violação à garantia de pleno acesso à jurisdição e à própria defesa do direito líquido e certo protegida
pela Constituição. Proibições legais que representam óbices absolutos ao poder geral de cautela. 5. Ação
julgada parcialmente procedente, apenas para declarar a inconstitucionalidade dos arts. 7º, §2º, e 22º, §2º, da
Lei 12.016/2009, reconhecendo-se a constitucionalidade dos arts. 1º, § 2º; 7º, III; 23 e 25 dessa mesma lei” (ADI
4296 DE 11/10/2021).
*** A demissão de empregado público celetista também exige ampla defesa e o
contraditório (art. 5º, LIV e LV, da CF/88), mas não com base no Estatuto do
Servidor. Como todo ato administrativo, exige motivação expressa, ainda que o
servidor celetista não possua estabilidade (proibição de despedida arbitrária – art. 7º,
I, da CF/88).

Fundamentação legal: art. 5º, LV, da CFRB/88 estabelece o contraditório e a ampla


defesa em processo administrativo.

- PAD – desencadeado a partir de uma infração funcional. Violação de deveres e


proibições previstos no Estatuto (Ex: artigos. 116 e 117, da Lei 8.112/90).
- As infrações são tipos abertos, ou seja, abrem margem para a discricionariedade
da administração.
- Os parâmetros de controle do subjetivismo administrativo serão sempre os
princípios que regem o PAD e os elencados na CF/88.
- A violação de princípios da Administração Pública pode caracterizar improbidade
administrativa se existir dolo (Art. 11, da Lei 8.429/92).
Lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo)
- Princípios indispensáveis: publicidade, transparência e legalidade.
- O art. 2º da Lei 9.784/99 elenca diversos princípios administrativos que a CF não
menciona, como finalidade, motivação, proporcionalidade, moralidade (Todos
comandam o ato administrativo, em geral).

- O PAD é um rito independente da A.P. Uma única conduta pode desencadear


processos em várias instâncias diferentes, não interferindo nos demais
(incomunicabilidade de instâncias). Exceto: absolvição criminal por ausência de
autoria e materialidade (art. 126, da Lei 8.112/90).

Principais causas de nulidade do PAD:


- Perseguição (Assédio moral/sexual);
- Perseguição (Inimizade);
- Pena sem processo;
- Processo for sigiloso (não publicidade da acusação ao servidor);
- Pena sem contraditório (Todos os elementos de defesa precisam colaborar na
formação do juízo decisório);
- Pena sem ampla defesa (indeferimento de prova);
- Incompetência da autoridade que assinou a Portaria de abertura do PAD;
- Comissão sem 3 servidores estáveis;
- Presidente da comissão não possui cargo igual ou superior ao indiciado;
- Pena sem previsão na lei que rege o vínculo;
- Sanção desproporcional à gravidade da conduta (proporcionalidade);
- Pena não aplicada pela autoridade competente;
- Decisão final sem fundamentação detalhada (deve afastar todos os argumentos da
defesa);
- Prescrição da pretensão punitiva (Ex: art. 142, da Lei 8.112).

Reintegração do servidor com direito à indenização: art. 41, §2º, da CF/88 e art.
28, da Lei nº 8.112/90.
Danos morais e materiais: artigos 186, 187 e 927, do Código Civil; art. 37, §6º, da
CF/88 (responsabilidade do Estado).

*** Anexar os cálculos do prejuízo remuneratório com juros e correção monetária


(baseado no último holerite).

Documentos importantes:
- documentos regulares do cliente;

- documentos que comprovem eventual irregularidade do processo (cartas de


perseguição, e-mails, boletins de ocorrência por assédio, atestados justificando
faltas, livro de ponto, fotos, atestado de bons antecedentes, prontuário funcional do
cliente sem penalidades aplicadas, etc);

- (nome completo e endereço das testemunhas que confirmem as perseguições ou


inimizade com chefia);

- procuração;

- último holerite;

- tabela ou planilha com o montante atualizado de todos os valores que o autor


deixou de receber durante o período de afastamento, até a propositura da ação.

2. NOMEAÇÃO JUDICIAL PARA CONCURSO PÚBLICO

Objetivo: garantir judicialmente o direito adquirido à posse de candidato aprovado


em concurso público (cargos estatutários, empregos públicos, cartórios e
tabelionatos).

Princípio do concurso público (meritocracia): artigos 37, II e 236, da CFRB/88. A


investidura em cargo ou emprego público depende da prévia aprovação em
concurso público.

ATENÇÃO: Não existe dispositivo normativo que garanta a nomeação após


aprovação em concurso público – poder discricionário.
*** Impetrar Mandado de Segurança2 com pedido de liminar.

*** Analisar os princípios que regem o concurso público (Igualdade, impessoalidade,


competição, interesse público, eficiência).

Hipóteses:
- Preterição da ordem classificatória (Súmula 15 do STF): “Dentro do prazo de
validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o
cargo for preenchido sem a observância da classificação” (Direito imediato à posse
para todos os preteridos);

- Aprovação dentro do número de vagas anunciadas no edital (STJ RMS 20.718 de


08/02/2008). Somente se o edital anunciar expressamente o número de vagas.
Direito à posse somente ao final do prazo de prorrogação do concurso (podendo ser

2
Os atos administrativos que causam lesões a direitos individuais e coletivos estão sujeitos à tutela
do Mandado de Segurança cujo objetivo é a correção de ato omissivo, ilegal ou ofensivo a direito
individual ou coletivo, líquido e certo, praticado por autoridade (Art. 5º, inciso LXIX, da CFRB/88; art.
1º, da Lei nº 12.016/2009).
prorrogado), para todos os aprovados, dentro do número de vagas, respeitada a
ordem classificatória;***

- Requisição de servidores para o exercício da mesma função a ser provida pelo


concurso (STF RE 581.113/SC). Direito imediato à posse do número de candidatos
equivalente à quantidade de requisitados para a mesma função, respeitada a ordem
classificatória;

- Contratação temporária de pessoal em cargo para cujo provimento haja candidato


aprovado em concurso público realizado pela mesma entidade estatal que promoveu
a contratação.

- Desistência do candidato aprovado na posição anterior (CNJ Pedido de


Providências nº 5662-23.2010.2.00). Direito imediato à posse do candidato aprovado
na posição seguinte;

- Convocação dos candidatos para apresentar documentos necessários à nomeação


(STJ RMS 30.881/CE, RMS 30.110/CE). Direito imediato a posse de todos os
convocados, respeitada a ordem classificatória;

- Ato inequívoco que manifesta a necessidade do preenchimento de vagas (CNJ


Pedido de Providências nº 5662-23.2010.2.00). Exemplo: aposentadoria em massa
de servidores em razão da reforma da previdência. Direito imediato à posse dos
aprovados dentro do número de vagas abertas reveladas pelo ato inequívoco.

Fundamentação legal: O STJ firmou entendimento de que o candidato aprovado


em concurso dentro do número de vagas previsto no edital tem direito público
subjetivo à nomeação, não podendo a A.P dispor desse direito (RMS 58416 SP).

- STF (RE 598.099 Rel. Min. Gilmar Mendes): zelo pela segurança jurídica ao
determinar o direito subjetivo à nomeação de candidato aprovado dentro do número
de vagas.
- Princípio da proibição do venire contra factum proprium (Teoria dos Atos Próprios)
– proíbe a A.P de agir de forma contraditória, prejudicando a segurança jurídica.

- O órgão público que cria um concurso para o preenchimento de vagas em sua


estrutura, mas não nomeia os aprovados desrespeita os princípios da legalidade,
moralidade e eficiência.

- Nomeação é ato administrativo vinculado (o edital é a lei do concurso público). A


margem para a discricionariedade dada à Administração é apenas para sistematizar
como será o certame, não podendo criar requisitos de acesso ao cargo

Da liminar: art. 7º, III, da Lei 12.016/093.

Documentos importantes:
- documentos regulares do aprovado;

- procuração;

- edital;

- cópia da lista de aprovados com o nome do aprovado;

- prova documental da ocorrência do ato inequívoco que comprova o direito à vaga.


Exemplo: edital anunciando número de vagas, publicação da requisição de
servidores de outro órgão, ato de convocação para juntada de documentos.

3- CINCO ANOS NO MESMO NÍVEL

Objetivo: Assegurar que o servidor receba proventos de aposentadoria em valor


correto, considerando que atuou os cinco últimos anos dentro da mesma carreira e,
não necessariamente no mesmo nível.

3
“A determinação para que candidatos sejam nomeados e empossados em cargo público não ofende
a decisão do STF na ADC 4. A postulação para ingresso nos quadros funcionais do Estado diz
respeito ao direito de acesso aos cargos, empregos e funções de natureza pública. Direito
expressamente assegurado pelo inciso II do art. 37 da Constituição Federal e consistente na
instauração de vínculo jurídico até então inexistente” (STF Rcl 7212 / PI – PIAUÍ)
Deve ser pedido a regularização dos pagamentos futuros e o ressarcimento de todos
os valores corrigidos que deixaram de ser pagos nos últimos 5 anos (art. 1º, do
Decreto 20.910/32)4.

Fundamentação legal:
EC nº 20/98, art. 1º, §1º, inciso III – serão aposentados voluntariamente, desde que
cumprido o tempo mínimo de 10 anos de efetivo exercício no serviço público e cinco
anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.
§3º - Os proventos de aposentadoria, por ocasião de sua concessão serão
calculados com base na remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a
aposentadoria e, na forma da lei, corresponderão à totalidade da remuneração
(integralidade).

Problemática: embora a norma constitucional não dissesse, entidades federativas


consideraram que os 5 anos deveriam ser interpretados como sendo referentes ao
mesmo NÍVEL (sem promoção), ao invés de 5 anos na carreira.
Exemplo: exigem cinco anos como procurador nível 2, e não procurador (carreira).

Solução:
Propor ação de procedimento comum para obter, em tutela antecipada, a imediata
retificação dos proventos, além de, na sentença, determinar ao réu o pagamento dos
valores que deixaram de ser recebidos nos últimos 5 anos contados da propositura
da ação.

Relembrando: a prescrição para a propositura da ação se renova a cada


recebimento (trato sucessivo), mas para a condenação à indenização, somente os 5
anos anteriores à ação.

4
Algumas pretensões formuladas em face da Fazenda Pública dizem respeito a vantagens financeiras que se
dividem a cada dia, mês ou ano. A isso é dado o nome de prestações de trato sucessivo e em casos assim, a
prescrição não encobre toda a pretensão, atingindo apenas as prestações que venceram antes dos 5 anos
anteriores à propositura da ação (SÚMULA 85 DO STJ).
Cumprimento de sentença:
Após o trânsito em julgado, ingressar com petição de execução da obrigação de
fazer para o apostilamento5 da decisão (petição simples dirigida ao mesmo juiz) e
requerer que a Fazenda apresente a planilha de diferenças.
Passo dois: com a planilha da Fazenda em mãos, atualizar os valores (juros e
correção monetária) e ingressar com a petição de execução da obrigação de pagar
(outra petição perante o mesmo juiz).

DICA: o valor da causa será contado com base nos últimos 12 meses da diferença
entre o que deveria ser pago e o que efetivamente foi.

Documentos necessários:

- documentos regulares do servidor;

- procuração;

- contrato de honorários;

- último contracheque.

4 – QUINQUÊNIOS E SEXTA PARTE

Objetivo: Assegurar ao servidor o recálculo do valor do quinquênio, de modo a


incluir na base de cálculo do benefício os vencimentos integrais e não somente a
remuneração principal6.

*na mesma ação requerer a indenização pela diferença nos últimos 5 anos (Decreto
nº 20.910/32).

DICA 1: Adicionais e gratificações são criados para incentivar servidores na ativa


sem estender o benefício aos aposentados. Portanto, constituem aumentos
disfarçados.
5
Apostilamento é o ato administrativo que altera a situação funcional do servidor (pode ser automático ou
determinado judicialmente).
6
Esse benefício existe mais para servidores federais. Sempre é preciso verificar se existe o benefício nas
legislações que regulamentam a carreira do servidor.
O quinquênio é um adicional por tempo de serviço que aumenta normalmente 5% da
remuneração a cada 5 anos (quinquênio) de efetivo exercício, até atingir 1/6 (sexta
parte) dos vencimentos.

Alguns Estados e Municípios exigem um período aquisitivo menor (biênio, triênio


etc), podendo variar também o percentual de acréscimo.

Para reduzir o valor do benefício, a Fazenda aplica os 5% somente sobre o


recebimento principal. Porém, doutrina e jurisprudência reconhecem que sua base
de cálculo deve incluir também todas as demais vantagens pecuniárias temporárias
(conhecidas como “penduricalhos”).

Alguns exemplos de vantagens temporárias:

- adicional de periculosidade

- adicional de insalubridade

- gratificação de atividade de magistério (GAM)

- gratificação de atividade policial (GAP)

- gratificação por trabalho educacional (GTE)

- gratificação de atividade especial (GAE)

- adicional de local de exercício (ALE)

- adicional operacional de localidade (AOL)

*descubra junto ao servidor a partir do contracheque, qual vem sendo a base de


cálculo usada para o computo do quinquênio. Todos os valores excluídos do cálculo
precisariam estar na base do benefício e compõe a diferença.

DICA 2: o percentual do benefício do quinquênio deve ser calculado sobre o valor


integral dos vencimentos porque a legislação não restringe somente ao principal.

Gratificações são aumentos disfarçados, como o observado acima.


Por isso, o servidor vem recebendo o adicional de tempo de serviço calculado a
menor.

É importante listar todos os penduricalhos que o servidor recebe e que estão de fora
da base de cálculo do benefício.

Solução:

Propor ação de procedimento comum para obter, em tutela antecipada, a correção


imediata do valor do benefício e, na sentença, indenização pela diferença não paga
nos últimos 5 anos.

Prescrição: nessa ação, os 5 anos de prescrição se renovam a cada recebimento


(na prática, não tem prazo). Mas especificamente o pedido de condenação ao
pagamento dos valores que deixaram de ser recebidos limita-se aos 5 anos da
propositura da ação.

Cumprimento de sentença: o mesmo da ação anterior.

Documentos importantes:
- documentos regulares do cliente;
- procuração;
- último holerite.

5 – DESVIO DE FUNÇÃO

Objetivo: Obter judicialmente a diferença remuneratória em favor do cliente que,


embora aprovado no concurso para um cargo, exerce na prática função de cargo
superior fora da mesma carreira (desvio de função).

Ex.: escrivão de polícia de 2ª classe, mas que está lotado em Delegacia de classe
superior.
São duas pretensões na mesma ação: corrigir em tutela antecipada os recebimentos
seguintes e, na sentença, exigir a diferença de valores pretéritos.

DICA 1: raramente o desvio de função se dá entre cargos muito diferentes.


Normalmente, são dois cargos muito parecidos e que o cliente tende a conhecer
bem. Exemplo: escrivão de polícia classe 1 e escrivão de polícia classe especial.

Fundamentação legal:
O art. 37, II, da Constituição Federal determina que:

“a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia


em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei”

Assim, é inadmissível que o servidor aprovado para o cargo X exerça atribuições de


função cabível a outro cargo.

Súmula n. 378 do STJ enuncia que:

“Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais


decorrentes”.

O desvio de função constitui enriquecimento ilícito por parte do Estado. O direito ao


recebimento da diferença é reconhecido amplamente pela jurisprudência (Súmula
378 do STJ).

Solução:

Propor ação de procedimento comum para, na tutela antecipada, corrigir os


pagamentos seguintes e, na sentença, obter o pagamento das diferenças dos
últimos 5 anos.
DICA 2: Embora a apuração do valor devido seja feita no procedimento de execução
da sentença, convém na inicial já mostrar a disparidade remuneratória entre os
cargos, como no exemplo abaixo:

LC Nº XX/88 – ÁREA – POLÍCIA CIVIL - OPERACIONAL


DENOMINAÇÃO PADRÃO SALÁRIO RETP GRATIF. SALÁRIO
BASE REPRES. INICIAL
CARGO X1 I 1.965,59 1.965,59 3.931,18
CARGO X2 II 2.172,00 2.172,00 4.344,00
CARGO X3 III 2.400,05 2.400,05 4.800,00
CARGO X4 IV 2.652,04 2.652,04 5.304,08

Documentos necessários:

- documentos regulares do servidor;

- procuração;

- último contracheque.

6 – APOSENTORIA ESPECIAL POLÍCIA CIVIL – LC 51

Objetivo: Garantir ao servidor, membro da polícia civil, aposentadoria com paridade


e integralidade7, com fundamento na Lei Complementar 51/85.

*Juntar certidão de tempo de serviço (se o servidor não tiver peça que ele requeira
junto ao departamento de pessoal da unidade de atuação).

Fundamentação legal:
A Constituição Federal abriu espaço para aposentadoria especial de servidores da
Polícia Civil.
Estabelecem os arts. 40 e 144 da CF:

“Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de


cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição
do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de

7
Paridade é receber igual ao servidor ativo. Integralidade é receber na aposentadoria (proventos) o mesmo valor que recebia
na ativa (vencimentos).
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial.
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para
concessão de benefícios em regime próprio de previdência social,
ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.”
(...)
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo
ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para
aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de
agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV
do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do
caput do art. 144. (...)

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade


de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
(...)
IV - polícias civis;”

A Lei Complementar 51/85 vem sendo interpretada como tendo garantido aos
policiais civis uma aposentadoria especial com paridade e integralidade:

“Art. 1º O servidor público policial será aposentado:

(...)

II - voluntariamente, com proventos integrais, independentemente da


idade:

a) após 30 (trinta) anos de contribuição, desde que conte, pelo menos, 20


(vinte) anos de exercício em cargo de natureza estritamente policial, se
homem;

b) após 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, desde que conte, pelo


menos, 15 (quinze) anos de exercício em cargo de natureza estritamente
policial, se mulher.

Para o Supremo Tribunal Federal, a norma da LC 51/1985 foi recepcionada pela


CFRB/1988, (ADI 3.817/2008).
Com base nessas normas, servidores da Polícia Civil têm conseguido aposentadoria
com integralidade e paridade.

Solução:
Propor ação pelo procedimento comum (ordinária) para garantir o pagamento dos
proventos com paridade e integralidade.
DICA 2: No caso de servidor já aposentado, cabe tutela antecipada para imediata
correção dos proventos, sem prejuízo da sentença para assegurar indenização pelos
valores pretéritos pagos a menor

Se o servidor estiver em vias de se aposentar, a tutela antecipada será para garantir


o pagamento correto assim que ocorrer a aposentação. Nesse caso, só haverá
indenização se houver algum recebimento de proventos a menor (ex.: se negada a
tutela antecipada, o cliente se aposentar no curso da ação)

Documentos necessários:
- certidão de tempo de serviço (se ainda não aposentou);
- documentos regulares do servidor;
- procuração;
- último contracheque.

7 – TRANSFORMAÇÃO DE LICENÇA DE SAÚDE EM ACIDENTE DE TRABALHO

Objetivo: obter para o servidor a conversão da licença-saúde em licença por


acidente de trabalho, recebendo ainda as diferenças nos pagamentos pretéritos.
Exemplo: o servidor sofreu um acidente decorrente da atividade laboral,
normalmente no deslocamento para o serviço, mas a perícia oficial não reconheceu
relação direta entre o evento danoso e a atividade profissional.

Fundamentação legal:

Licença-saúde e licença por acidente de trabalho são modalidades de afastamento


médico que a legislação assegura a agentes públicos.
A licença-saúde paga menos, e não conta tempo para fins de outros benefícios.
É concedida quando não há nexo causal entre o problema de saúde e a
atividade profissional.
Já a licença por acidente de trabalho paga mais e, além disso, conta tempo para
benefícios como quinquênio, sexta parte, licença prêmio, férias. É concedida
quando houver relação entre o evento e a atividade.
Por essas razões, a licença por acidente de trabalho é muito melhor para o servidor
do que a licença-saúde.
Cabe à perícia oficial determinar se foi acidente de trabalho8 ou evento sem relação
com atividade laboral.

Solução:
Propor ação pelo procedimento comum para converter licença-saúde em acidente
de trabalho, retificando-se o prontuário do servidor para contar o afastamento como
tempo efetivo para fins de outros benefícios, além de obter a diferença de valores
desde o início do afastamento.

Documentos necessários:

- documentos comprobatórios do acidente (protocolo de atendimento médico,


atestados de saúde, receitas médicas, pedido de concessão do benefício acidente
de trabalho, laudo oficial, laudos privados se houver)

- documentos regulares do cliente

- procuração

- último contracheque.

8 – APOSENTADORIA ESPECIAL E ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Objetivo: Reconhecer o direito do servidor à aposentadoria especial, ou seja, com


tempo reduzido de contribuição, proventos integrais e sem idade mínima devido ao
exercício de atividade insalubre. Exemplo: o servidor é um agente público que já

8
Art. 212 da Lei 8112: “Configura acidente em serviço ou do trabalho o dano físico ou mental sofrido pelo
servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido. Parágrafo único.
Equipara-se ao acidente em serviço o dano: I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor
no exercício do cargo; e II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.”.
Os acidentes em serviço podem ser classificados quanto à forma como ocorrem, em: • Acidente
típico: são todos os acidentes que ocorrem no desenvolvimento das atividades laborais no ambiente de
trabalho ou a serviço deste, durante a jornada de trabalho ou quando à disposição dele. Nos períodos
destinados às refeições ou ao descanso no local de trabalho, o servidor é considerado a serviço do órgão, de
forma que o acidente nesta hipótese também deve ser considerado como típico. • Acidente de trajeto: são os
acidentes que ocorrem no trajeto entre a residência e o trabalho ou vice-versa. Para sua caracterização, o
servidor não poderá desviar de seu percurso habitual por interesse próprio, vez que, se tal fato ocorrer, será
considerado acidente comum. • Doenças relacionadas ao trabalho: os servidores podem desenvolver agravos
à sua saúde, adoecer ou mesmo morrer por causas relacionadas ao trabalho, como consequência da profissão
que exercem ou exerceram, ou pelas condições adversas em que seu trabalho é ou foi realizado.
preencheu o tempo de serviço em atividade insalubre, mas não teve ainda sua
aposentadoria especial deferida.

Fundamentação legal:

O art. 57 da Lei 8213/91 reconhece o direito a aposentadoria especial com período


aquisitivo menor para quem exerce atividade insalubre:

“A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência


exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a
lei”

O período aquisitivo de 15, 20 ou 25 anos varia de acordo com o grau de


insalubridade da atividade exercida (quanto mais insalubre, menor o prazo).

Exemplo: se o servidor recebe 40% de adicional de insalubridade, tem direito à


contagem de tempo somando mais 40%. Assim, se trabalhou 10 anos, devem ser
contados 14 anos de tempo comum.

O art. 40, § 4º, da CF/88, até a Emenda 103/2019, admitia a extensão dessa regra
aos servidores públicos, nos termos de lei complementar (nunca aprovada).

Ante a ausência dessa lei complementar federal, o STF reconheceu aos servidores
públicos o direito à mesma forma de contagem para fins de aposentadoria especial
(RE 1.014.286).

O entendimento do STF é objeto da Súmula Vinculante 33:

“Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime


Geral de Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata
o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal, até edição
de lei complementar específica”

As entidades federativas, no entanto, se recusam a converter o tempo de trabalho


insalubre em tempo comum para aposentadoria especial, alegando falta de norma
regulamentadora.

ATENÇÃO: A Emenda 103/2019 determinou que agora os requisitos para a


aposentadoria especial dependem de lei complementar de cada ente federativo,
estabelecendo condições bem mais rigorosas para quem ainda não havia
preenchido os requisitos, e também para novos servidores.
IMPORTANTE: Se o servidor não preencheu as condições até a data da Emenda
103, 13 do novembro de 2019, ou ingressou no serviço público depois dessa data,
ele não se enquadra nessa oportunidade!

DICA 1: na petição inicial é fundamental indicar, na narrativa dos fatos, qual o


percentual do adicional de insalubridade o servidor recebe (o próprio cliente sabe)
porque é esse percentual que deve ser usado para conversão em tempo comum.

Solução:

Propor ação pelo procedimento comum para averbação do tempo de serviço


prestado em condições insalubres, convertendo em tempo comum para fins de
concessão de aposentadoria especial.

Documentos necessários:

- certidão de tempo de serviço

- documento que comprove a atividade insalubre (PPP: perfil profissiográfico


previdenciário; ou LTCAT: laudo técnico das condições ambientais de trabalho)

- holerite ou documento equivalente comprobatório do recebimento de adicional de


insalubridade (se houver)

- documentos regulares do cliente

- procuração

*** Se a entidade empregadora não fornecer algum documento do cliente, é preciso


requerer administrativamente por escrito ou impetrar mandado de segurança.

9 – DEMORA NA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA

Objetivo: Obter indenização ao servidor pelo tempo adicional de trabalho


compulsório devido ao atraso na aposentação em função da mora do poder público.
Inclui danos morais.
Quase sempre a demora na aposentação se dá porque o servidor requereu a
expedição de Certidão de Liquidação de Tempo de Serviço, que o órgão público
leva meses ou anos para expedir.

Fundamentação legal:

O artigo 40, § 1º, III, da Constituição Federal estabelece as regras para


aposentadoria do servidor por tempo de serviço.

A contagem do tempo é formalizada pelo poder público, mediante requerimento do


interessado, por certidão (CLTS: Certidão de Liquidação de Tempo de Serviço).

Feito o requerimento, é comum haver grande atraso na expedição do documento


obrigando o servidor a permanecer involuntariamente na ativa.

As constituições estaduais e leis orgânicas municipais costumam fixar o prazo


máximo de 10 dias para expedição. Após esse prazo, o poder público entra em
mora.

Na falta de disposição específica, o art. 49 da Lei 9784/99 (Lei Federal do Processo


Administrativo) é usado para estabelecer o prazo de 30 dias para a administração
responder a solicitações.

Dessa forma, a mora da Administração em fornecer a certidão obrigou o cliente a


exercer trabalho compulsório, devendo ser indenizado por danos materiais e morais.

Solução:

Propor ação pelo procedimento comum para, em sede de tutela antecipada, obter a
imediata aposentação do servidor. Na sentença, pede-se indenização pelo tempo
extra trabalhado cumulada com danos morais.

Documentos necessários:

- requerimento datado de expedição da certidão

- documentos regulares do cliente

- procuração

- último contracheque.
10 – CONVERSÃO DE LICENÇA PRÊMIO NÃO GOZADA EM PECÚNIA

Objetivo: Obter indenização para o servidor que se aposentou e não gozou a


licença-prêmio.

Fundamentação legal:
Licença-prêmio é um benefício criado para estimular a assiduidade do servidor.

Como regra, seu período aquisitivo está associado ao quinquênio (ou equivalente*) e
à sexta-parte, na medida em que a cada 5 anos* o servidor tem direito a 90 dias* de
descanso com vencimentos integrais.

*O período aquisitivo e a duração da licença podem variar de uma entidade para


outra

DICA 1: A licença-prêmio, inicialmente, foi criada para compensar a perda do 31º dia
do mês já que os servidores recebem a remuneração com base em um mês de 30
dias

Ocorre que muitas vezes o servidor completou o período aquisitivo, se aposentou


mas não gozou a licença (em geral, porque a administração nega o pedido). Nesse
caso, tem direito a indenização equivalente ao vencimento integral para cada mês
não gozado, também conhecida como “conversão da licença-prêmio em pecúnia”.

Pela jurisprudência do STJ, o servidor tem direito à conversão da licença-prêmio


em pecúnia, ainda que não haja previsão legal expressa, como forma de evitar o
enriquecimento sem causa pelo Estado (REsp 693.728/RS, 5a Turma, da minha
relatoria, DJ de 11/04/2005.).

Desse modo, a licença-prêmio não gozada, seja por indeferimento seja porque o
servidor não requereu, dá direito à indenização equivalente a 1 mês de vencimentos
integrais para cada mês não-gozado.

DICA 2: É importante indicar claramente na peça qual o período exato a que o


servidor tinha direito (123 dias de descanso, por exemplo), calculando-se o montante
da indenização com base no último salário da ativa, acrescentados com juros legais
e correção monetária contados desde a data da aposentadoria.
Documentos necessários:
- documentos regulares do cliente (RG, CPF, comprovante de residência)

- indeferimento do pedido de licença-prêmio (se houver)

- comprovante do ato de aposentação datado

- último contracheque/fichas financeiras na ativa

- último comprovante do recebimento da aposentadoria

- planilha simples apresentando o montante a que o servidor tem direito

- procuração

11 – ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO PARA EMPREGADOS CELETISTAS

Objetivo: Assegurar ao empregado público celetista, estadual ou municipal, o direito


ao Adicional de Tempo de Serviço (ATS), sexta parte e licença-prêmio*, desde
que a legislação local não restrinja os benefícios expressamente apenas aos
servidores estatutários.

*Licença prêmio é benefício que assegura, como prêmio de assiduidade, 90 dias


de licença em cada período de 5 (cinco) anos de exercício.

IMPORTANTE: é preciso conferir se a legislação local aplicável ao cliente


(Constituição Estadual ou Lei Orgânica):

a) se prevê direito a adicional por tempo de serviço (biênio, triênio, quinquênio etc),
sexta parte e licença prêmio;

b) se não restringe claramente o benefício somente aos estatutários.

DICA 1: exatamente o mesmo raciocínio pode ser aplicado a qualquer benefício se


a legislação local não tiver limitado expressamente à categoria dos estatutários.
Fundamentação legal:
As Constituições Estaduais e Leis Orgânicas asseguram, com frequência, o direito
a ATS (adicional por tempo de serviço), sem restringir especificamente aos
titulares de cargo (estatutários). Por isso, o benefício também deve ser estendido
a empregados públicos celetistas.
- Embasar nas disposições constitucionais e nas legislações que regem a carreira do
servidor.

Solução:
Propor reclamação trabalhista para apostilamento do benefício, além de pedido de
indenização referente aos últimos 5 anos.

IMPORTANTE: demanda proposta na Justiça do Trabalho.

Documentos importantes:

- certidão de tempo de serviço

- holerite ou documento equivalente

- documentos regulares do cliente

- procuração

12 – NEGATIVA DE LICENÇA-SAÚDE

Objetivo: Obter para o servidor o benefício da licença-saúde negada pelo Estado.

Caso: o cliente é um servidor estatutário que contraiu uma doença, mas o Estado,
baseado em laudo oficial, indefere a licença para tratamento de saúde, computando
faltas e descontando os dias de ausência.
Há risco de as faltas causarem demissão por caracterizarem abandono de cargo
(regra: mais de 30 dias consecutivos), ou inassiduidade habitual (regra: 60 dias
interpoladamente, no período de 12 meses).
Fundamentação legal:
Licença-saúde é um benefício previsto nos estatutos de servidores federais,
estaduais, distritais e municipais.
Desde que o laudo oficial confirme que o servidor está impossibilitado de exercer o
cargo, o benefício permite o afastamento com remuneração.
Duração da licença: no Estado de São Paulo, por exemplo, o período de
afastamento é de até 4 anos (regra geral nas demais entidades).
Ocorre que, especialmente no caso de perturbações psiquiátricas, é comum o
laudo oficial não considerar o servidor inapto para o trabalho. A hipótese mais
comum é a depressão.

A Constituição Federal lista a saúde entre os direitos sociais (art. 6º).

Os arts. 193 e 194 da CF/88 determinam, ainda, o dever de o Estado garantir a


Seguridade Social, incluindo a saúde.

Dizer que o estatuto do servidor assegura o direito à licença-saúde.

Laudo particular atesta a doença do servidor, de modo que o indeferimento do


pedido é nulo e precisa ser revertido na via judicial.

Importante: é imprescindível, nessa causa, indicar qual a classificação da doença do


cliente no Código Internacional de Doenças (CID) e juntar um laudo particular
atestando sua ocorrência

Solução:

Propor ação pelo procedimento comum para, em tutela, suspender as faltas do


cliente e, a partir de perícia judicial, determinar o gozo da licença-saúde, restituindo
os valores da remuneração descontados pelas faltas.

Documentos necessários:

- laudo privado obtido pelo cliente atestando sua condição

- pedido de deferimento do benefício e sua recusa

- documentos regulares do cliente

- procuração
- último contracheque.

12 – APOSENTADORIA INTEGRAL AO DIRETOR DE ESCOLA PÚBLICA

Objetivo: Obter para o servidor, diretor de escola ou titular de qualquer outro cargo
de coordenação, o reconhecimento do direito à aposentadoria especial de
professores, além de obter indenização pelo não pagamento do abono de
permanência.
Caso: diretor ou coordenador de escola da rede pública (exceto universidades
públicas) que preencheu os requisitos para aposentadoria especial antes da EC
103/19 (12 de novembro de 2019).

Fundamentação legal:
O art. 40, § 5º, da Constituição Federal, antes da Emenda 103/19, assegurava que:

“Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em


cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio”.

DICA 1: após a EC 103/19, passou a exigir-se lei complementar de cada entidade


definindo os requisitos para aposentadoria especial. Servidores que não
preencheram os requisitos para aposentadoria especial até a EC 103/19 não se
incluem nessa oportunidade.

Antes da EC 103/19, os requisitos para aposentadoria especial eram:

a) Homens: 55 anos de idade e 30 anos de contribuição;

b) Mulheres: 50 anos de idade e 25 anos de contribuição.

STF: no julgamento da ADI 3772/DF, do RE 1.039.644 e no tema 965 de


repercussão geral o STF entendeu que a aposentadoria especial também se
aplica a atividades de direção, coordenação e assessoramento.
“Para a concessão da aposentadoria especial de que trata o art. 40, § 5º, da
Constituição, conta-se o tempo de efetivo exercício, pelo professor, da
docência e das atividades de direção de unidade escolar e de coordenação
e assessoramento pedagógico, desde que em estabelecimentos de
educação infantil ou de ensino fundamental e médio (RE 1.039.644)

Se o servidor optar por continuar em atividade até a aposentadoria compulsória, tem


direito a receber abono de permanência.
Conforme decisões do STF, a aposentadoria especial para professores da rede
pública também se aplica às atividades de direção de unidade escolar e de
coordenação e assessoramento pedagógico.

IMPORTANTE: é indispensável indicar na peça o tempo exato de contribuição e


idade do cliente, mostrando que preencheu os requisitos antes da Emenda 103/19.

Solução:
Propor ação pelo procedimento comum para obter, em tutela antecipada, a ordem
de aposentação (se o cliente quiser se aposentar) e, na sentença, o pagamento
retroativo do abono de permanência.

Documentos necessários:
- cópias do requerimento do pedido de abono de permanência e prova da recusa de
deferimento (se houver)

- documentos regulares do cliente

- procuração

- último contracheque.

13 – LEVANTAMENTO DO PASEP (REVISÃO DO PASEP)

Objetivo: Obter para o cliente o reconhecimento do direito de receber o saldo


integral do Pasep (“revisão” do Pasep).
Caso: servidor estatutário ou empregado público celetista que entraram no serviço
público antes de 5/10/1988 (alguns entendem que seria antes de 17/8/1988).
IMPORTANTE: a oportunidade não se aplica a quem já sacou o Pasep há mais de 5
anos (prescrição) ou que entrou no serviço público após 1988.

Fundamentação legal:
O Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) é uma
espécie “poupança do servidor” sustentado por um tributo (contribuição) pago pelas
pessoas jurídicas estatais empregadoras.

Equivale ao PIS da iniciativa privada (PIS-Pasep).

ATENÇÃO: O PIS e Pasep foram extintos em 2020 e todo seu patrimônio foi
incorporado ao FGTS

Ocorre que no momento de sacar o valor, especialmente na passagem para a


inatividade, o servidor descobre que os montantes não foram depositados pelo
Estado ou foram depositados a menor, ou então que não houve a devida correção
monetária.

As enormes diferenças entre o valor correto e o efetivamente depositado surgiram


porque boa parte dos montantes desapareceu das contas de milhões de servidores.

DICA 1: O Banco do Brasil é obrigado a emitir um extrato detalhado dos valores


depositados na conta do servidor (lembre ainda que ações contra o Banco do Brasil
– sociedade de economia mista – são de competência da vara cível na justiça
comum estadual).

Polo passivo: embora o tema gere alguma controvérsia, devemos optar pela
propositura da ação contra o Banco do Brasil.

Solução:
Propor ação pelo procedimento comum para obter a correção dos valores do Pasep
e a restituição das diferenças dos últimos 5 anos.

Documentos necessários:

- documentos regulares do cliente (RG, CPF, comprovante de residência, holerite)

- procuração

- extratos do Pasep após 1999 (o Banco do Brasil disponibiliza)


- extratos do Pasep microfilmados anteriores a 1999

- declaração emitida pela unidade de atuação do servidor, indicando a data de


ingresso no serviço público e a data da sua aposentadoria (se estiver aposentado).

14 – ABONO PERMANÊNCIA

Objetivo: Assegurar o recebimento do abono de permanência para o servidor que


optou por seguir trabalhando mesmo após completar os requisitos para
aposentadoria (idade, tempo de contribuição, etc).

Mesmo após solicitação do pagamento do abono de permanência, o poder


público pode demorar anos sem se manifestar sobre o pedido.

Nessa oportunidade, vamos pedir o imediato deferimento do benefício e o


recebimento dos valores atrasados.

Caso: servidor estatutário ou empregado celetista que já preencheu os requisitos


para se aposentar.

Fundamentação legal:

O artigo 40, § 1º, III, da Constituição Federal estabelece as regras para


aposentadoria do servidor ou permite que continue na ativa recebendo abono de
permanência.

O STF reconheceu o direito ao abono de permanência (ARE 954408: Tema 888).

A contagem do tempo é formalizada pelo poder público, mediante Certidão de


Liquidação de Tempo de Serviço (ou de contribuição).

As constituições estaduais e leis orgânicas municipais costumam fixar o prazo


máximo de 10 dias para expedição a Certidão de Liquidação de Tempo de
Serviço (ou de contribuição).

Na falta de disposição específica, o art. 49 da Lei 9784/99 (Lei Federal do Processo


Administrativo) é usado para estabelecer o prazo de 30 dias para a administração
responder a solicitações.

A demora no deferimento do pedido de abono de permanência priva do servidor do


recebimento do benefício.
Solução:

Propor ação pelo procedimento comum para, em sede de tutela antecipada, obter a
imediata concessão do benefício. Na sentença, pede-se a condenação ao
pagamento retroativo do abono, desde a data do preenchimento do requisito
temporal.

Documentos necessários:

- requerimento datado para deferimento do benefício

- documentos regulares do cliente

- procuração

- último contracheque

14 – CONTESTAÇÃO EM AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Objetivo: Defender o cliente (em regra, empresário), que não é agente público, mas
foi citado em ação de improbidade administrativa.

Caso: a ação pode ser proposta contra qualquer agente público, mas nesta
oportunidade a demanda é proposta contra um particular (improbidade imprópria).

Fundamentação legal:

Regida pela Lei 8429/92 (Lei de Improbidade Administrativa – LIA), a ação de


improbidade, em regra, deve ser proposta contra agentes públicos (improbidade
própria).

Porém, somente em quatro casos a LIA admite que a ação inclua particulares no
polo passivo (improbidade imprópria):

a) induzir à prática do ato (art. 3º da LIA);

b) concorrer para o ato (art. 3º da LIA);

c) beneficiar-se do ato;
d) sucessor do agente ímprobo (dentro dos limites da herança, e exclusivamente
para penas patrimoniais) (arts. 8º e 8º-A).

Segundo precedentes do STJ, a ação de improbidade nunca pode ser proposta


exclusivamente contra particular.

TESE: Em qualquer caso, porém, o particular não pode responder sozinho nas
ações de improbidade (STJ: REsp 1.405.748).

Solução:

Apresentar contestação alegando a descaracterização do ato ímprobo por ausência


de agente público no polo passivo da demanda.

Documentos importantes:

- documentos regulares do cliente (RG, CPF, comprovante de residência,


contracheque)

- procuração.

15 – FÉRIAS EM PECÚNIA NÃO GOZADAS

Objetivo: Obter indenização para o cliente que se aposentou e tem período de


férias não gozadas (ou porque a Administração não deferiu o pedido ou porque não
deu tempo de gozar).

Fundamentação legal:
O servidor tem direito a tirar férias, mas é comum ao se aposentar não ter
conseguido exercer esse direito (pedido foi indeferido ou se aposentou antes do
gozo).

O período aquisitivo é de 1 ano, gerando direito a 30 dias de férias.

Não gozando, o servidor tem direito a conversão das férias em pecúnia.


As férias não-gozadas dão direito a indenização.

DICA 1: É importante indicar claramente na peça qual o período exato a que o


servidor tinha direito (90 dias de férias, por exemplo), calculando-se o montante da
indenização com base no último salário da ativa, acrescentados com juros legais e
correção monetária contados desde a data da aposentação.

**Lembrar que o fundamento do dever de indenizar está na proibição de


enriquecimento sem causa por parte do Estado.

Solução:

Propor ação indenizatória pelo procedimento comum para recebimento de


indenização correspondente à conversão de férias não gozadas em pecúnia.

Documentos necessários:

- documentos regulares do cliente (RG, CPF, comprovante de residência)

- indeferimento do pedido de férias (se houver)

- comprovante do ato de aposentação datado

- último contracheque na ativa

- último comprovante do recebimento da aposentadoria

- planilha simples apresentando o montante a que o servidor tem direito

- procuração

15 – DEFESA CONTRA A LEI DA COVID-19

Objetivo: Obter para o cliente o reconhecimento do direito à contagem de tempo


para fruição de benefícios não se aplicando as restrições impostas pela Lei da
Covid-19.
Fundamentação legal:
Lei Complementar 173, de 27 de maio 2020 (“Lei da Covid”), instituiu o Programa
Federativo de Enfrentamento ao Covid-19, que alterou a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LC 101).

Há determinação para que o tempo de serviço dos servidores públicos federais,


estaduais, municipais, de 28/05/2020 até 31/12/2021, não seja computado para fins
de adicionais de tempo de serviço e sexta parte, e, além disso, não seja permitido o
gozo da licença prêmio em pecúnia. .

Nos termos do art. 8º da Lei da Covid:

“Art. 8º Na hipótese de que trata o art. 65 da Lei Complementar no 101, de 4


de maio de 2000, a União os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
afetados pela calamidade pública decorrente da pandemia da Covid-19
ficam proibidos, até 31 de dezembro de 2021, de:

IX. contar esse tempo como de período aquisitivo necessário


exclusivamente para a concessão de anuênios, triênios, quinquênios,
licenças-prêmio e demais mecanismos equivalentes que aumentem a
despesa com pessoal em decorrência da aquisição de determinado tempo
de serviço, sem qualquer prejuízo para o tempo de efetivo exercício,
aposentadoria, e quaisquer outros fins.

Ocorre que a LC 173/20 é flagrantemente inconstitucional na medida em que a


iniciativa de projetos de lei sobre benefícios de servidor é privativa do Chefe do
Executivo respectivo.

Além disso, a LC 173/20 viola o princípio da autonomia federativa (arts. 18, 25 e 37,
X, da CF).

A LC 173 é inconstitucional porque:

a) invade a competência das leis locais para tratar de temas de servidor, que são
de iniciativa do Chefe do Executivo;

b) promove violação da autonomia federativa (art. 1º da Constituição Federal);

c) implica evidente violação ao princípio da legalidade, na medida em que


somente a lei propriamente dita, EDITADA PELO ENTE COMPETENTE, pode criar
obrigações e restringir direitos.

Apenas a lei e/ou o texto constitucional no stricto sensu criam, modificam e


extinguem direitos e obrigações. In casu, qualquer outro ato normativo que não
esteja compreendido na competência privativa do Legislador local.
Solução:

Propor ação pelo procedimento comum para assegurar a contagem regular de


tempo para os benefícios do servidor.

Documentos necessários:

- documentos regulares do cliente (RG, CPF, comprovante de residência, holerite)

- procuração.

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