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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO


Disciplina: Processo Civil IV
Discente: Isabela Carvalho Moraes Pires
Docente: Fernanda Borges

JUIZADOS ESPECIAIS
Em sede preliminar, é imperioso destacar os fundamentos que justificam a existência
dos Juizados Especiais. Desta sorte, destaca-se que, no momento, em que fora criado o objetivo
era tão somente ampliar o acesso à justiça, entretanto, com a evolução das relações sociais,
hodiernamente, também se vislumbra um condão de tentar mitigar o problema decorrente do
excessivo número de demandas.
Desta sorte, cabe fazer menção aos princípios que norteiam o funcionamentos do
Juizados Especiais, quais sejam os princípios da oralidade, simplicidade, informalidade,
economia processual e razoável duração do processo. É importante perceber que todos os
princípios se relacionam e se complementam. Sobre o primeiro princípio, é mister trazer à
discussão um excerto retirado da obra de Elpídio Donizetti, segundo o autor:
Em função do princípio da oralidade, o uso da palavra falada assume especial
importância no processo dos Juizados Especiais, daí por que o chamamos de processo
oral. Em razão disso, vários atos podem ser praticados pelas partes verbalmente.
(DONIZETTI, p. 735, 2019).
Contudo, é oportuno dizer que, segundo o mesmo autor, na prática o uso da palavra falada em
detrimento da palavra escrita não encontrou muita aceitação em face do: “excessivo apego do
operador do direito com a sistemática do processo civil tradicional”.
Acerca dos demais, cumpre frisar que há uma preocupação no que tange a
compreensão do cidadão comum, logo, é salutar que o processo seja simples. Destarte, cabe
falar sobre instrumentalidade das formas, princípio que também permeia a sistemática do
Código de Processo Civil de 2015, embora, aqui este assuma uma relevância ainda maior. Isso
porque, a pretensão mais evidente no tocante a ampliação do acesso à justiça e a viabilização
da economia processual. Outrossim, a respeito da economia, importa salientar que nos
procedimentos que envolvem o Juizado Especial, há um cuidado especial no sentido de se
minimizar a quantidade de atos processuais, com o fito de assegurá-la. Por fim, é válido
discorrer sobre o princípio da duração razoável do processo, o qual, assim como nos
procedimentos comuns, viceja grande discussão, uma vez que há que se ter cautela para
interpretá-lo. Isso pois, um julgamento excessivamente moroso obsta o acesso à justiça, tal qual
um julgamento excessivamente rápido, cujo processo não observou as garantias devidas.
Feitas essas considerações, importa discorrer acerca dos procedimentos em si. Nessa
vereda, falar-se-á sobre a competência, prevista pelo art. 3º da Lei nº 9.099 datada de 1995,
segundo o instrumento: “O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo
e julgamento das causas cíveis de menor complexidade”. Acerca da competência vale ressaltar
que a doutrina não é pacífica no tocante a sua natureza, haja vista que alguns autores a
consideram como absoluta enquanto outros a enxergam enquanto relativa, pontua-se que o
segundo entendimento prevalece.
Somado a isso, faz-se necessário abordar quais pessoas são capazes de propor ação
perante o Juizado Especial, segundo o art. 8º da Lei nº 9.099, alhures mencionada, são capazes:
as pessoas físicas capazes, excluídas as cessionárias de direito de pessoas jurídicas; as
microempresas; as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público; e as sociedades de crédito ao microempreendedor. Acrescente-se a esse rol,
igualmente, as empresas de pequeno porte, conforme o art. 74 da LC nº 123/2006.
Nessa oportunidade, tecer-se-á consideração importante sobre a capacidade
postulatória, de forma contrária ao procedimento comum, têm as partes, nas causas de valor
inferior a vinte salários mínimos, tal capacidade. Logo, prescinde da assistência de um
advogado. Todavia, em que pese a orientação, é facultado às partes que compareçam
acompanhados de advogado e, com o fito de não obstar a defesa da parte carente de defesa
técnica, é possível que à outra parte, se quiser, seja concedida a assistência.
Além disso, é oportuno consignar que é vedada a intervenção de terceiros. Contudo,
vale lembrar que o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, previsto pelo CPC,
também se aplica ao Juizado. Neste diapasão, é salutar destacar que há uma divergência no
tocante aos prazos. Nesse sentido, é oportuno mencionar que na vigência do CPC de 1973, o
procedimento comum previa a contagem de prazo em dias corridos, já na égide do Código de
2015, a contagem se dá em dias úteis. Em consequência disso houve dissonância na doutrina
com relação ao que se aplicaria aos Juizados. Desse modo, tem-se que o que ainda prevalece
em alguns estados, é a contagem em dias corridos, seguindo a ótica de 1973, o que se
consubstancia em grave equívoco.
De forma distinta, no que concerne ao procedimento comum, tem-se que o número de
testemunhas está limitada a três, as provas estão disciplinadas nos arts. 32 até 37, ademais, tem-
se a vedação de pericias técnicas complexas, embora se admita as pericias simplificadas. Por
fim, cabe lembrar que não pode o juiz prolatar sentenças ilíquidas, devendo sempre determinar
o quantum.
REFERÊNCIAS
DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 22. Rio de Janeiro Atlas 2019 1 recurso
online.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Código de Processo Civil anotado. 22. Rio de Janeiro
Forense 2019 1 recurso online.

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