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Vistos etc.
Há, sim, pedido de interferência no direito de greve, mas isso não significa que a
Justiça Comum não seja a competente para apreciar a matéria, pois as reivindicações
não guardam relação com o contrato de trabalho em si, mas com as condições de
trabalho garantidas no âmbito de um contrato público, de concessão de serviço
público, e o objetivo da paralisação não é viabilizar negociações com o empregador,
mas alterar políticas públicas do plano distrital/nacional de imunização.
Em outras palavras, a melhoria das condições de trabalho reivindicada não pode ser
atendida pelos empregadores e a ameaça de paralisação é dirigida ao Poder Público,
como meio de sobrepor os interesses da categoria profissional à escolha política da
definição de grupos prioritários para a vacinação. (ID 90433367).
É o breve relatório.
A Constituição Federal prevê, no inciso II do artigo 114, a competência da
Justiça do Trabalho para processar e julgar as ações que envolvam exercício do
direito de greve. Dispõe, ainda, que, “em caso de greve em atividade essencial, com
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá
ajuizar dissídio coletivo, competindo a Justiça do Trabalho decidir o conflito” (art. 114,
§3º).
b l d l d d d fi
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23. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada
em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.
Nesse ponto, trago a ementa de julgado que deu origem ao entendimento
vinculante:
No caso presente, a ação civil pública ajuizada pelo Distrito Federal envolve
direito de greve, tanto que a fundamentação está baseada em diversos dispositivos
da Lei 7.783/1989 (Lei de Greve). A motivação do movimento grevista - se de natureza
política ou econômica - é irrelevante para a definição da competência para o
julgamento da ação. Basta que a lide envolva o direito de greve para que se atraia a
competência da Justiça do Trabalho, nos termos do artigo 114, inciso II, da
Constituição Federal.
Cumpre destacar que, em ação civil pública semelhante, ajuizada em 2019
pelo Distrito Federal contra sindicatos de trabalhadores do segmento de transportes
que organizavam movimento grevista contra a Reforma da Previdência daquele ano,
í d d d úbl d d l d ê
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Ademais, as empresas rés nesta ação civil pública (autos 0702764-
57.2021.8.07.0018) já ajuizaram dissídio coletivo de greve na Justiça do Trabalho, na
data de ontem (1º/5/2021), autos 0000343-60.2021.5.10.0000, cuja liminar foi
parcialmente deferida pelo Presidente do TRT da 10ª Região, Desembargador
Brasilino Santos Ramos, para:
determinar que, caso venha haver sustação coletiva do trabalho, seja garantido o
contingente mínimo de 60% (sessenta por cento) nos horários considerados de pico
(5h às 9h30 da manhã e 17h às 19h30), e de 40% (quarenta por cento) nos demais
horários, sob pena de pagamento de multa diária de R$50.000,00 (cinquenta mil
reais). Advirto que eventuais ilícitos praticados por empregados ou empregadores no
curso do movimento paredista serão apurados por meio dos remédios processuais
próprios. Designo audiência, a ser realizada na modalidade telepresencial, por meio
da plataforma de comunicação digital Microsoft Teams, para 3/5/2021, às 15h30. Em
razão de o processo ter sido direcionado ao ambiente do gabinete do plantonista, as
Suscitantes são consideradas intimadas nestes autos. Brasília-DF, 01 de maio de
2021.
àd l ó á f d l l d
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Essa realidade, entretanto, configura apenas a regra criada pelo sistema, porque
o juízo que se declara incompetente poderá no mesmo ato decidir que
determinados atos por ele praticados deixam de gerar efeitos até que sejam
ratificados pelo juízo competente. Note-se que não há mais declaração de
nulidade do ato, até porque o ato é válido, mas é possível ao juiz de origem
que decida pela ineficácia de determinada decisão por ele proferida. É
nesse sentido que deve ser interpretado o início do dispositivo legal:
“Salvo decisão judicial em sentido contrário (...)”. (Grifo nosso)
Por fim, ressalto que a decisão já proferida pelo juízo trabalhista, em dissídio
coletivo, que afinal deve prevalecer, viabiliza o direito de greve dos trabalhadores,
sem, contudo, inviabilizar o direito de ir e vir da população do Distrito Federal, por
meio do transporte público, uma vez que garante o contingente mínimo de 60%
(sessenta por cento) da frota nos horários considerados de pico (5h às 9h30 da
manhã e 17h às 19h30), e de 40% (quarenta por cento) nos demais horários, sob
pena de pagamento de multa diária de R$50.000,00 (cinquenta mil reais).
Dessa forma, suspendo os efeitos da decisão de ID 90433367, proferida nos
autos da ação civil pública 0702764-57.2021.8.07.0018, nos termos do artigo 64, §4º,
c/c artigo 1.019, inciso I, ambos do CPC e declino da competência em favor de uma
das Varas da Justiça do Trabalho no Distrito Federal, com as devidas homenagens. I.
Sandra De Santis
b d l
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