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RESUMO DO ACÓRDÃO – DIREITO DO TRABALHO

Concerne em um julgado do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª


Região do estado de Minas Gerais, tombado sob o nº 0010459-
52.2023.5.03.0000, processo no qual se enfrentam em relação às
greves do transporte sob trilhos ocorridas no mês de fevereiro, através
de uma Ação declaratória de Abusividade de Greve (Ação Principal),
Ação Cautelar Inominada e Agravo Regimental. O acórdão destacou a
importância de cumprir a Lei nº 7.783/89 durante greves em atividades
essenciais e ressaltou que o desacato à ordem judicial representa grave
desrespeito às instituições e ao Estado Democrático de Direito

A suscitante entrou com a Ação a fim de evitar a greve que, à época iria
acontecer com base na “Não Privatização do Transporte Público”. A
priori foi determinado o funcionamento parcial do transporte, haja vista,
que devido ao feriado de carnaval, o fluxo de pessoas seria intenso.
Deste modo para que a decisão fosse efetivamente cumprida foi
colacionado aos autos que seria pago por cada dia de descumprimento
da respeitável decisão, a quantia de 150.000,00 nos dias próprios do
feriado e 100.000,00 nos demais. Entretanto, mesmo com as multas, o
suscitado descumpriu a ordem feita pelo juízo competente, ocorrendo a
paralisação total.
Ao decorrer do acórdão é disposto de forma clara e objetiva os
fundamentos e as razões para o desfecho decisório de tais ações, que
se dispôs no reconhecimento da abusividade de greve, que resultou em
multa e condenação ao pagamento de honorários advocatícios e custas.
Além de autorizar/ratificar a dedução dos dias parados, tal qual a
reposição ou a supressão do corte salarial. O acórdão destaca a
importância de cumprir a Lei nº 7.783/89 durante greves em atividades
essenciais e ressalta que o desacato à ordem judicial representa grave
desrespeito às instituições e ao Estado Democrático de Direito.

ANÁLISE JURÍDICA.
Trata-se de um processo do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região do estado de Minas Gerais, onde as partes da lide entram em
controvérsia em relação às greves abusivas em atividades essenciais
do transporte público ocorridas no mês de fevereiro de 2023, que
resultou em multa e condenação ao pagamento de honorários
advocatícios e custas.

A decisão é fundamentada na Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o


exercício do direito de greve, e em outros dispositivos legais e
constitucionais. Pode-se dizer que o órgão julgador adota um raciocínio
interpretativo que busca conciliar o direito de greve com a necessidade
de manutenção dos serviços essenciais à população. Nesse sentido, o
acórdão destaca a importância de cumprir a Lei nº 7.783/89 durante
greves em atividades essenciais e ressalta que o desacato à ordem
judicial representa grave desrespeito às instituições e ao Estado
Democrático de Direito. Mencionado igualmente no acórdão temos o
princípio da continuidade do serviço público, que pode ser conceituado
como:

“Os serviços públicos não devem ser interrompidos, dada a sua


natureza e relevância, pois são atividades materiais escolhidas e
qualificadas pelo legislador como tais em dado momento histórico, em
razão das necessidades de determinada coletividade. Como a
qualificação, por lei, de determinadas atividades como serviços públicos
tem o condão de retirá-las do domínio econômico por afigurarem-se
imprescindíveis à coletividade – motivo pelo qual sua titularidade passar
a ser do Estado e consequentemente o seu regime jurídico norteador,
regime de direito público – devem as mesmas ser contínuas, consistindo
tal dever em um dos princípios jurídicos próprios desse regime, qual
seja o princípio da continuidade.” (Professora de Direito
Administrativo do COGEAE/PUCSP. Doutora e Mestre em Direito do
Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.)
Seguindo nessa linha de raciocínio, temos o direito de greve dos
trabalhadores, bem como o descumprimento da ordem judicial prolatada
por órgão superior, que consistia na paralisação parcial do transporte,
com 70% do funcionamento, e desempenho total durante o feriado de
carnaval, e o princípio da continuidade do serviço público em total
controvérsia entre si.

Retirado do próprio acórdão temos termos utilizados, como "atividade


essencial", "percentual mínimo de funcionamento", "greve abusiva" e
"desacato à ordem judicial" para fundamentar a decisão. Embora o
direito de greve seja um direito fundamental dos trabalhadores, ele deve
ser exercido com responsabilidade, especialmente nos serviços e
atividades essenciais, onde a paralisação pode afetar a vida e a
segurança da população.

A greve abusiva é aquela que desrespeita a lei ou a ordem judicial. O


desacato à ordem judicial é o desrespeito à decisão judicial, que pode
resultar em multa ou outras sanções. Cabe apontar ainda que não é
lícita a greve surpresa, sendo que, a greve deverá ser anunciada com
uma antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas e 72 (setenta e
duas) horas, em se tratando de serviços essenciais (RAFAEL
ALTAFIN, 2016, p. 118), como foi o caso em questão.

Em suma, a decisão adotada pelo órgão julgador é fundamentada em


conceitos jurídicos e em uma interpretação da legislação que busca
conciliar o direito de greve com a necessidade de manutenção dos
serviços essenciais à população, bem como demonstrar a lesividade ao
princípio da continuidade. A decisão destaca a importância de cumprir a
Lei nº 7.783/89 durante greves em atividades essenciais e ressalta que
o desacato à ordem judicial representa grave desrespeito às instituições
e ao Estado Democrático de Direito.

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