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SEMINÁRIO I - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL

Aluna: Mariana Lopes Moraes Ferreira

1. Recurso administrativo protocolado intempestivamente tem o condão de suspender a


exigibilidade do crédito tributário? Fundamentar sua decisão observando o que dispõe o art.
35 do Decreto Federal n. 70.235/72: “Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será
encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção.”

Observando que no caso estamos falando de recurso, o processo administrativo


dessa forma já se encontra em andamento, assim em tese o crédito já está suspenso, nos
termos do artigo 151, III do CTN.

Em resposta a questão acredito que é possível que recurso administrativo


protocolado intempestivamente suspenda a exigibilidade do crédito tributário, ademais é o
entendimento do STJ, conforme segue abaixo:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA DE
DÉBITO TRIBUTÁRIO NA VIA ADMINISTRATIVA. SUSPENSÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL.
ARTS. 151, III, E 174, DO CTN. 1. O Superior Tribunal de Justiça,
atualmente, tem entendimento firme no sentido de que o recurso
administrativo, mesmo quando interposto intempestivamente, suspende
a exigibilidade do crédito tributário, bem como o curso do prazo
prescricional, que somente volta a fluir da notificação do contribuinte
acerca do trânsito em julgado da decisão administrativa. Precedentes.
2. A Primeira Seção firmou entendimento de que eventual "alteração
jurisprudencial, por si só, não ofende os princípios da segurança jurídica,
não sendo o caso de modulação de efeitos porquanto não houve
declaração de inconstitucionalidade de lei" (EDcl nos EDcl no REsp
1.060.210/SC, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção,
DJe 8/9/2014). No mesmo sentido: EDcl nos EREsp 1.134.957/SP, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Corte Especial, DJe 6/6/2017; AgInt nos EREsp
1.281.431/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Corte Especial, DJe
27/10/2017: AgRg no REsp 1.348.902/RS, Rel. Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, DJe 19/12/2014.
3. Agravo interno não provido.
(AgInt nos EDcl no REsp n. 1.394.912/SC, relator Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 2/4/2019, DJe de 4/4/2019.)

2. Considerando a presunção de legitimidade dos atos administrativos, a quem compete o


ônus da prova nos recursos e impugnações? Até que momento o contribuinte (recorrente)
pode juntar aos autos do processo administrativo provas documentais? Diante do que
dispõem os arts. 9º e 10 do CPC/15, apresentadas novas provas pelo contribuinte o julgador
administrativo deverá dar oportunidade ao Fisco para se manifestar a respeito antes de
afetar o processo para julgamento? (Vide anexo I, II e III).

Quando existe recurso ou impugnação interposto pelo sujeito passivo, cabe o


Fisco demonstrar o porque tal recurso ou impugnação deve ser julgado improcedente.

Para que não seja ferido o princípio do duplo grau de jurisdição conforme acórdão
do anexo II (Acórdão n. 1201-000.820) as provas, devem ser apresentadas até a decisão de
primeira instância.

Quando existe uma prova nova, sendo prova nova uma prova constituída após o
protocolo do processo administrativo, o Fisco deverá sim ter oportunidade de se manifestar,
acredito que por mais que seja o Fisco a parte adversa, pelo princípio do contraditório e ampla
defesa, garantia essa constitucional, e bem como pelo princípio da paridade de armas, garan
ctia dada pelo Código de Processo Civil, o Fisco tem o direito de se manifestar e opinar o
porquê de tal documento não ser admitido.

3.Os tribunais administrativos exercem “jurisdição”? Justifique sua resposta, definindo


“jurisdição”. Podem, no ato de julgar, afastar a aplicação de Decreto sob a alegação de sua
ilegalidade para com a Lei. Pode a decisão administrativa inovar o feito, agravando o
lançamento por ocasião do julgamento da defesa do contribuinte?

Jurisdição é o poder-função que tem o Estado detém para solucionar litígios e


aplicar a lei ao caso concreto.

Conforme artigo: “Uma justiça administrativa no Brasil” publicado no de 2021 na


revista do TCU, edição v. 1 n. 148 (2021): Revista do TCU, escrito por Vitor Levi Barboza Silva,
Paulo Cavichioli Carmona e Sandro Lúcio Dezan, temos que:

“Considerando os desafios de atendimento satisfatório dos direitos


fundamentais e sociais à população, bem como o frequente aumento da
demanda de direitos, os Estados desenvolveram mecanismos em prol da
eficiência pública, dentre os quais a descentralização, delegação e a
regulação, destarte, houve o surgimento de diversas instituições, órgãos e
entidades responsáveis pela administração, gerenciamento, fiscalização,
regulação e solução de conflitos no âmbito dessas novas frentes.
No Brasil, paralelamente ao Poder Judiciário, há diversas instituições, como
o Tribunal de Contas da União (TCU), o Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (CARF) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE), cujas decisões em suas respectivas áreas, em tese, não podem ser
revistas pelo Poder Judiciário, no aspecto material.

Portanto, a despeito de o Brasil adotar formalmente o sistema de


monopólio da jurisdição (modelo inglês), percebe-se que, em algumas áreas
específicas (contas públicas, questões tributárias e de defesa econômica),
há outras instituições que exercem uma espécie de jurisdição própria,
inclusive com poder de decisão final de mérito, instituto conhecido como
coisa julgada formal ou administrativa.”

Corroborando com esse entendimento temos o artigo 16 e artigo 926, § 1º do


Código de Processo Civil. Dessa forma, entendo que os Tribunais Administrativos exercem
jurisdição, assim podem afastar a aplicação de Decreto sob a alegação de sua ilegalidade para
com a Lei.

Sobre a decisão administrativa inovar o feito, agravando o lançamento por


ocasião do julgamento da defesa do contribuinte, defendo que não é possível tendo em vista o
princípio da non reformatio in pejus, não podendo assim o contribuinte ser prejudicado.

4.Qual a aplicabilidade do CPC/15 ao processo administrativo tributário? Os enunciados das


súmulas vinculantes devem ser observados pela Administração Pública? E os demais
enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional e do STJ em matéria
infraconstitucional? E os acórdãos em incidente de resolução de demandas repetitivas (vide
art. 928, II, do CPC/15)?

Acredito que o Código de Processo Civil deve ser aplicado de forma subsidiária no
processo administrativo, naquilo que não existe legislação tributária para o ato, deve ser
aplicado o Código de Processo Civil.

Sobre os enunciados e súmulas vinculadas entendo que nos termos do artigo 927,
inciso II do Código de Processo Civil os mesmo devem ser observados pela Administração
Pública.

Sobre os enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional e do STJ em


matéria infraconstitucional e os acórdãos em incidente de resolução de demandas repetitivas
do artigo 927, inciso IV do Código de Processo Civil.
Ademais entendo que é necessário que os Tribunais Administrativos vinculem as
legislações, sumulas e enunciados em prol da segurança jurídica, posto que caso não fizesse
isso criarias se um ambiente de insegurança.

5.A lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro é aplicada ao procedimento/processo


administrativo fiscal? Quais as implicações da aplicação da LINDB no PAF? Analisar
especificamente os artigos 241 e 282 da referida lei (vide ACÓRDÃOS DO CARF Nª 9202-
006.996, 1301-003.284, 9101-003.839). A desconsideração de negócios jurídicos para
requalificação dos efeitos tributários por consideração de inexistência de propósito negocial
pode ensejar a aplicação do artigo 28 da LINDB?

Tendo em vista que a LINDB é uma lei vigente a aplicável entendo que a mesma
deve ser aplica no procedimento administrativo fiscal.

A implicação da LINDB no PAF é que tendo como base o artigo 24 o julgador terá
que se vincular em jurisprudência pretéritas, tendo em vista que o artigo fala em orientações
gerais da época. Assim teríamos um caso que ocorreu em 2009 sendo julgado em 2018,
observando a LIND deve a jurisprudência/emendas/costumes do ano de 2009 serem aplicados
e não do ano do julgamento.

6. A existência de processo judicial e administrativo concomitantes implica renúncia às


instâncias administrativas? (Vide anexos IV, V e VI).

Sim, conforme Súmula n. 1 do CARF do anexo IV.

7. A Lei n° 13.988/2020 incluiu o art. 19-E na Lei nº 10.522/2002, cujo enunciado prescreve
que “em caso de empate no julgamento do processo administrativo de determinação e
exigência do crédito tributário, não se aplica o voto de qualidade a que se refere o § 9º do
art. 25 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, resolvendo-se favoravelmente ao
contribuinte.”. Tomando como base o dispositivo legal ora transcrito, responda:

i) A existência do chamado “voto de qualidade”, tal qual originalmente previsto no art.


25, § 9º, do Decreto nº 70.235/72, afrontava preceitos legais de hierarquia superior e/ou
constitucionais? E a extinção desse expediente, imposto pela Lei nº 13.988/2020, pressupõe
alguma violação a princípios constitucionais e/ou legais? Responder as questões cotejando
os cânones constitucionais da igualdade, do devido processo legal, da presunção de
inocência e da supremacia do interesse público, bem como o disposto no art. 112 do CTN.

1
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Temos que o voto de qualidade é o peso duplo do voto do presidente da turma de
julgamento, que é um representante do Fisco.
Depois de alguns anos por questão moralidade alguns votos de qualidade foram
questionados por advogados tendo em vista uma evidente imparcialidade. Tendo até o
Conselho Federal da OAB interposto uma ADI 5.731.
A extinção desse expediente trazida pela Lei nº 13.988/2020, determina que a
divergência gerada será automaticamente decidida a favor do contribuinte, o que
trouxe de forma clara mais segurança e isonomia, uma vez que com o uso do voto de
qualidade acarretava em danos evidente ao contribuinte. Desta feita, prevaleceu o
entendimento do artigo 112, do CTN, não existindo assim violação a princípios
constitucionais.
Existindo assim o in dubio pro contribuinte de forma clara conforme previsão do
CTN.

ii) A expressão “processo administrativo de determinação de crédito” abarca os


processos que tenham sido originados da não homologação de declarações de compensação
e do indeferimento de pedidos de ressarcimento/restituição de créditos? E os processos
administrativos originados e autuações aduaneiras (pena de perdimento, por exemplo)?

Observando que esses processos atendem aos procedimentos do Decreto nº


70.235/72, assim existindo alteração nesse rito gera uma repercussão direta sobre
todos os demais, mesmo que não envolvam determinação e exigência do crédito
tributário. Desta feita, será aplicável a Lei nº 13.988/2020.

8.A Administração lavra contra determinado contribuinte auto de infração imputando duas
condutas que resultaram em ausência de recolhimento de imposto. Em face do auto, o
contribuinte se insurge contra apenas uma das imputações, mantendo-se inerte em relação
à remanescente. Pode o Fisco segregar o auto de infração para cobrança da parte não
expressamente impugnada?

Entendo que na imputação que o contribuinte se manteve inerte ocorreu trânsito em


julgado, podendo assim o fisco segregar para cobrança, posto que não foi impugnação, sendo
assim ato perfeito que deve ser cobrado. Ademais assim entende o artigo 42, I do Decreto
70.235/72.
9.Analise os acórdãos lavrados no RE nº 601.314 e na ADIN 2859 e responda, em relação à
quebra de sigilo bancário:

a) Há diferença entre envio de Declaração de Movimentação Financeira (DIMOF), atual e-


FINANCEIRA, pelos bancos à RFB, e a obtenção de extratos bancários pela RFB junto aos
bancos, sem autorização judicial. (Vide anexos VII e VIII).

Sim, posto que entendo que o sigilo bancário está entre os direito da
personalidade não podendo assim ser violado.

b) A declaração efetuada para fins de aproveitamento do Programa que recebeu o nome de


“Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária” – RERCT, criado pela Lei n.
13.254/16 está protegida pelo sigilo fiscal?

Sim, são protegidos pelo sigilo fiscal.

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