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Enunciado
A Sociedade Comercial Foge ao Fisco, Lda., com a sede na cidade do
Porto, tem como objeto a prestação de serviços de consultoria fiscal e
financeira, para além de outros em matéria de recuperação de
empresas que se encontrem com problemas de tesouraria.
A empresa encontra-se, desde há uns tempos a esta parte, ante uma
situação de iliquidez e nem por via do recurso a empréstimos
bancários consegue cumprir todas as obrigações, nomeadamente
para com a Administração Fiscal, com a qual apresenta já um
conjunto de dívidas e coimas em falta respeitantes ao não pagamento
de IRC referente ao exercício económico do ano anterior.
Por outro lado, as coimas avolumam-se, por quanto, desde a seis
meses que não entrega as declarações periódicas de IVA que está
obrigada a fazer perante as finanças, e além disso, acresce o facto de
que não procedeu, igualmente, ao pagamento de um conjunto de
impostos especiais relacionados com a sua atividade.
Não obstante a sucessivas interpelações da Administração Fiscal para
que efetuasse o pagamento das dividas tributárias e coimas
respetivas, à mesma faz Jus ao seu nome e tenta por todos os meios,
lançar mão de expediente dilatórios para protelar no tempo o não
pagamento.
Contudo, no dia de hoje, a Foge ao fisco, LDA., foi citada pela
Administração Tributária de que contra ela tinha sido instaurado
processo de execução Fiscal.
a) Preocupados com esta situação, os gerentes da referida
sociedade, contactaram Fernando Aurélio, advogado com quem
tinham uma avença, no sentido de este os informar qual seria o
meio idóneo de reagirem contra este processo de execução
fiscal.
Quid Juris?
Resolução:
O caso que agora trazemos à colação verte uma matéria de
específica e singular importância no ordenamento jurídico-fiscal, mais
propriamente no âmbito dos conteúdos fetos ao procedimento e
processo tributário: A execução fiscal.
Assim, para efeitos da lei fiscal são títulos executivos nos termos do
artigo 162º CPPT.
Todavia, não basta apensa existir o título executivo, sendo ainda
necessário, que o mesmo contenha um conjunto de requisitos
essenciais, sem os quais o mesmo não opera enquanto tal,
determinando mesmo, a nulidade do processo de execução fiscal
(artigo 165º Nº1 al b) CPPT).
Com efeito, prescreve o artigo 163º Nº1 CPPT, referindo os
respetivos requisitos.
Cumprindo o título executivo todas estas formalidades essenciais,
está em condições de ser intentado o competente processo judicial e
de prosseguir os seus termos sem que lhe seja imputada qualquer
nulidade insanável que dite a anulação dos termos posteriores que o
processa tenha corrido (artigo 165º Nº2 e Nº4 CPPT).
Vejamos agora os termos fundamentais da tramitação do processo de
execução Fiscal, isto porque importa, fundamentalmente verter os
momentos do mesmo e a fase em que este pode ou não desaguar no
tribunal. E assim se compreende que o processo judicial tenha, por
um lado uma fase pré-judicial, com a instauração da execução pelo
órgão periférico local da administração, e por outro lado, uma fase de
conhecimento do processo pelos tribunais, quando o executado se
opões à execução ou quando o mesmo permanece silente no que
tange ao processo contra si instaurado.
Desta feita, sabemos de já que o processo começa com a instauração,
pelo serviço de Finanças local, do procedimento executório, tendo por
base as certidões de divida extraídas contra o executado, que na
eventualidade de ser mais que uma certidão, serão autuadas pelo
que, tendo em mãos o titulo executivo (artigo 88º, 148º, 162º e
163º CPPT), proceder-se-á de seguida, à citação do executado no
sentido de lhe dar conhecimento de que contra ele foi proposta
determinada execução fiscal (artigos 35º Nº2 e 188º CPPT). Uma
vez realizada a citação, o executado é informado dos prazos para
oposição à execução e para requerer, caso pretenda, o pagamento
em prestações ou a dação em pagamento, atentas as formalidades
previstas no artigo 189º CPPT.
Não obstante, se o executado houver beneficiado do pagamento em
prestações, no enquadramento preciso da lei fiscal (artigo 42º LGT),
já não estará em condições de beneficiar dessa mesma faculdade no
campo de ação circunscrito ao processo de execução, conforme assim
dita o artigo 189º Nº2 CPPT.