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DIRETOR DO DETRAN/SP
Recurso ao CETRAN
Processo Administrativo n. 1/2023
Entretanto, minha defesa foi indeferida sem qualquer fundamentação e motivação do ato.
Ora, o órgão julgador simplesmente não enfrentou o tema proposto para seu julgamento, fato
que macula a decisão proferida.
A propósito: "3. Nas infrações de trânsito, a análise da consistência do auto de infração à luz da
defesa propiciada é premissa inafastável para a aplicação da penalidade e consectário da
garantia da ampla defesa assegurada no inciso LV, do artigo 5º da CF, como decorrência do due
process of law do direito anglo-norte-americano, hoje constitucionalizado na nossa Carta Maior"
(STJ, 1ª T., REsp 490728 / RS, rel. min. Luiz Fux, j. em 03/06/2003, DJ 23.06.2003 p. 265). (grifos
meu)
O Dever de motivar decisões administrativas também da lei 9.784/99. Em seu artigo 50, a referida
lei elenca situações de fato e de direito que quando presentes obrigam o agente público a motivar
o ato, com a indicação dos fatos e dos fundamento jurídicos presentes. De extrema relevância a
citação, in litteris, deste artigo:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos
e dos fundamentos jurídicos, quando:
V – decidam recursos administrativos;
Assim, a motivação dos atos administrativos não pode ser entendida como uma mera vontade
estatal, mas como uma obrigação da administração pública, pois se trata da participação direta do
cidadão no controle desses atos, sendo causa de invalidação do processo administrativo.
Nesse contexto, são nulas todas as decisões administrativas que não analisam as questões fáticas
apresentadas na defesa, culminando com a respectiva invalidação dos respectivos atos
decorrentes, aplicadas ao Requerente.
Assim, válido é, NOVAMENTE, expor as questões fáticas e de direito que embasam a ANULAÇÃO
da presente penalidade.
DOS FATOS
Importante frisar que também se aplica ao processo administrativo para imposição da penalidade
de cassação do direito de dirigir os artigos 280 e seguintes do CTB que trata do Processo
Administrativo, por isso, é imprescindível analisar também o auto de infração que acarretou na
instauração deste PA.
Tanto que a Seção II que começa a partir do art. 281 do CTB fala do Julgamento das Autuações e
Penalidades, ou seja, o AIT deve ser analisando também quando estamos diante de um processo
administrativo para aplicação da penalidade de cassação do direito de dirigir.
Não podemos nos limitar à Resolução 723 do CONTRAN, uma vez que não tem como desvincular
o processo de cassação do direito de dirigir do processo de multa, já que é através do processo de
multa, ou seja, do AIT que decorre a instauração do processo de suspensão do direito de dirigir.
Então, quer dizer que se tivermos um processo de multa viciado, também teremos um processo
de cassação passível de nulidade. E é o que acontece no presente feito.
Em que pese ter sido este PA instaurado em 2023, é certo que há PRECLUSÃO do direito de punir
do DETRAN/SP, ante o decurso do prazo para expedir a notificação prevista no art. 282 do CTB.
Isso porque, a infração que acarretou na instauração deste PA, segundo previsão do art. 261, II do
CTB ocorreu em 28/10/2018.
É certo que a Lei em vigor tem vigência IMEDIATA, ou seja, a nova redação do art. 282 do CTB
deve ser aplicada imediatamente, adequando-se, então, os fatos jurídicos que ainda estão
ocorrendo à nova previsão legal.
Essa situação está prevista na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que diz
em seu artigo 6º que “a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.”
No caso, não há ato jurídico perfeito, nem direito adquirido e nem coisa julgada, uma vez que não
houve aplicação da penalidade.
Assim, a data da notificação de instauração deste PA deve seguir a regra prevista no art. 282, §6º,
já que o texto legal abaixo transcrito fala do prazo das notificações das penalidades previstas no
art. 256 do CTB, vejamos:
Como a suspensão do direito de dirigir é uma das penalidades ali previstas, deve o texto legal
valer para ela também.
Ora, aqui é usar por analogia a previsão do art. 281, §1º, II do CTB, que trata da notificação da
autuação que deve ser expedida no prazo de 30 dias - prazo decadencial que gera a preclusão do
direito de punir, vejamos:
No caso aqui em discussão, este PA está precluso, uma vez que os prazos previstos no art. 282,
§6º do CTB, de qualquer ângulo que se olhe, já foram extrapolados.
Isso porque, entre a data da infração, que foi em 28/10/2018 e a data da instauração deste PA em
10/03/2023, passaram-se 1594 dias ( 04 anos, 04 meses e 10 dias), ou seja, prazo muito superior
ao estabelecido no art. 282, §6º do CTB.
Logo, o arquivamento deste processo administrativo, nos termos do § 1º, II, do art. 281 do CTB é a
medida que se impõe, o que desde logo se requer.
Como narrado, o AIT aqui em discussão ofende à segurança jurídica, conforme demonstrado, pelo
que se requer, sob pena de responsabilidade, a nulidade do PA aqui em discussão.
Do efeito suspensivo
Caso o recurso não seja julgado no prazo estabelecido pelo art. 25 da Resolução 723 do
CONTRAN, requer seja concedido o efeito suspensivo à penalidade em questão, vejamos:
Art. 25. No curso do processo administrativo de que trata esta Resolução não
incidirá nenhuma restrição no prontuário do infrator, inclusive para fins de
mudança de categoria do documento de habilitação, renovação e transferência
para outra unidade da Federação, até a efetiva aplicação da penalidade de
suspensão ou cassação do documento de habilitação.
DO PEDIDO
Assim, diante do exposto acima, e dos fundamentos legais apresentados para provar as suas
razões, o recorrente REQUER a esta autoridade de trânsito, o seguinte:
I. DO JULGAMENTO: requer seja o presente recurso RECEBIDO e
DEFERIDO, nos termos da legislação aqui exposta;
01 de fevereiro de 2024.
NEISA DE OLIVEIRA