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Ilmo Senhor Diretor do DEPARTAMENTO ESTADUAL DE

TRÂNSITO DO RIO GRANDE DO SUL.

Eu XXXXXXXXXXXXXX, residente à rua João XXXX nº 123.


Bairro – XXXXXXX/RS, CEP 9XXXXX-000, portador do RG nº
XXXXXXXXX, CPF nº XXXXXXXXXXX e CNH nº XXXXXXXXXXX1.

Vem, respeitosamente e intempestivamente

Interpor Recurso

Com base no artigo 265 do Código de Trânsito Brasileiro, pelos fatos e


fundamentos a seguir expostos:

1. A Recorrente recebeu a NOTIFICAÇÃO PARA PROCEDIMENTO


DE SUSPENSÃO do Direito de Dirigir Veículos Automotores,
que vai anexada por xerocópia.

II- Referidas Notificações relacionas as infrações conforme copia em


anexo.

Assim, conforme as cópias anexadas ao presente Recurso, é a seguinte


a situação relativamente a cada um dos Autos de Infração de Trânsito
relacionados na NOTIFICAÇÃO agora recebida, e da que se recorre:

A notificação de suspensão referente ao processo administrativo nº


xxxx.xxx.xxxx, que supostamente impõe penalidade de suspensão a
CNH nº xxxxxxxxx não chegou ao conhecimento da recorrente em
tempo hábil. Fica desde já requerido que a Autoridade ou Estadual de
trânsito traga para o Expediente ou Processo a ser formado com este
Recurso as provas de que a ora Recorrente tenha sido devidamente
notificada, nos termos do Código de trânsito Brasileiro e Resolução
nº829, DE 04/03/97 do CONTRAN, ARTIGO 1º, Inciso I, II, e
parágrafo único do artigo 5º (evidentemente essa Resolução foi
recepcionada pelo novo CTB, como atestam os livros atuais de
legislação de trânsito pós-CTB), e a fim de que a Recorrente não sofra
cerceamento no seu direito de ampla defesa, assegurado pela
Constituição do Brasil (artigo 5º, Inciso LV). Como já relatado os
direitos Constitucionais a garantidos a qualquer cidadão, explanar-se-á
as situações fáticas e de direito, que tornam inócua a notificação de
suspensão da CNH em questão.

III. No caso de as Autoridades de Trânsito Estadual , não fazerem a


prova ora requerida, toda essa matéria estará irremediavelmente
preclusa, não mais podendo expedir notificações válidas à ora
recorrente, relativas àquelas autuações, porquanto transcorrido, de há
muito, o prazo de 30 (trinta) dias do CTB, como conseqüência da não
comunicação da notificação de suspensão de CNH em tempo hábil, já
que o querelante impetrou recurso da multa motivadora da notificação
de suspensão da presente CNH fora do prazo.

IV – Argumentos que reforçam a ilegalidade do Ato

Para os motoristas que não foram notificados pessoalmente das


infrações de trânsito praticadas, não há como se negar que os processos
administrativos das infrações que acarretaram a suspensão da CNH
são flagrantemente inconstitucionais, uma vez que para serem válidos
deveriam ter garantido o direito à ampla defesa e contraditório contra
as autuações de trânsito pela apresentação de defesa administrativa.

O direito à ampla defesa e ao contraditório está consubstanciado no


Princípio do Devido Processo Legal previsto nos incisos LIV e LV do
artigo 5º da Constituição Federal de 1988, que acarreta a nulidade
insanável dos atos administrativos quando não permitirem o seu
exercício.

A notificação pessoal é condição necessária para a validade das


autuações de trânsito, sempre que a residência do infrator for
conhecida, como acontece no caso para a maioria dos motoristas pelas
informações contidas no registro de seus veículos.

O Colendo Supremo Tribunal Federal já decidiu que o infrator de uma


infração de trânsito deve ser notificado pessoalmente, salvo se sua
residência for desconhecida, sob pena da nulidade da penalidade
imposta conforme comprova a seguinte ementa de decisão:

"Mandado de Segurança. Renovação de licença. Ocorrência de multa


imposta sem notificação do infrator.

II- Não prevalecem até que seja regularmente intimado. Dita intimação
é pessoal, salvo se desconhecida a residência do infrator"(1ª T do STF.
Recurso Extraordinário nº 89.072-6. Relator Ministro Carlos
Thompson Flores. j. 15.05.79 – DJ de 15.05.79).

Na mesma acepção é o entendimento do STJ no Recurso Especial nº


6.228-0, que deu posteriormente deu origem a Súmula nº 217 assim
redigida:

"É ilegal condicionar a renovação de licença de veículo ao pagamento


de multa, da qual o infrator não foi notificado.
A nulidade da Portaria nº 1.385/2000 e dos processos administrativos
na situação exposta alhures, não somente tem origem na
nconstitucionalidade por afronta aos incisos LIV e LV do artigo 5º da
CF/88, uma vez que ambos também são ilegais por desrespeitarem o
artigo 265 do CTB.

O artigo 265 do CTB dispõe que:

"As penalidades de suspensão do direito de dirigir e de cassação do


documento de habilitação serão aplicadas por decisão fundamenta da
autoridade de trânsito competente, em processo administrativo,
assegurado ao infrator amplo direito de defesa".

Neste sentido, como o precitado dispositivo legal "assegura" ao infrator


amplo direito de defesa, não há como se negar que se este direito "não
for assegurado", a penalidade de suspensão estará sendo aplicada de
forma ilegal.

Isto porque, repita-se, para que a suspensão seja válida,


necessariamente, deverá ser permitida a ampla defesa do infrator antes
de sua aplicação, sob pena de se fazer tábula rasa do que estabelece o
artigo 265 do CTB.

Ressalta-se ainda que, se a defesa apresentada nos termos acima para


garantir a nulidade da pena de suspensão em decisão futura, o Estado
do Rio Grande do Sul se responsabilizará pelos prejuízos sofridos pelos
motoristas que não puderam dirigir no período? Claro que não, o que
mostra a falta de legalidade de se aplicar pena antes de ser possível a
ampla defesa, que no caso dos motoristas não notificados não foi
garantida na esfera administrativa.

Esta interpretação não poderia ser diferente, pois adota o


entendimento do STF de interpretar as normas infra-constitucionais
conforme a Constituição Federal, para que seus efeitos sejam sempre
válidos perante o ordenamento jurídico pátrio.

Com efeito, se a Lei Maior abriga o Princípio do Devido Processo Legal


conforme demonstrado alhures, do qual resulta a necessária intimação
pessoal do infrator de infração de trânsito, a única interpretação válida
do artigo 265 do CTB é a de que se não for garantida a ampla defesa a
aplicação da penalidade será nula.

Por todo exposto, entendendo que a notificaçãao de suspensão de CNH


não chegou em tempo hábil para sua defesa e respectivamente não
respeitando o devido processo legal, pede a anulação do citado
processo não havendo fundamento legal para a continuação do mesmo.
V – Como se não bastasse, são nulos os autos de infração que deram
origem aos processos administrativos dos quais resultaram a
suspensão da CNH dos motoristas não notificados.

Tal fato deve-se ao descumprimento da notificação pessoal do infrator


por meio de sua assinatura, como um dos requisitos de validade dos
autos de infração, conforme estabelece o inciso IV do artigo 280 do
CTB:

"Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-


se-á auto de infração, do qual constará:

VI – assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como


notificação do cometimento da infração".

Como a residência dos motoristas são geralmente conhecidas no


documento de registro do veículo é totalmente possível a sua
notificação por assinatura – pessoal. Aliás, este direito está confirmado
nas precitadas decisões do STF e STJ, que decidiram pela necessidade
da notificação pessoal do infrator para a validade da aplicação da multa
quando a sua residência for conhecida.

Somente não será possível a assinatura do infrator, nos casos em que


sua residência for desconhecida ou se o veículo estiver em nome de
pessoa jurídica, fatos que nitidamente não ocorreram na situação
presente.

Neste sentido, como era possível a assinatura do infrator nos termos do


artigo 280 do CTB, não há como se negar a ilegalidade dos processos
administrativos em relação aos motoristas não notificados, por terem
origem em ato administrativo nulo representado nas autuações que
não cumpriram as formalidades necessárias para sua validade.

Caso persista a suspensão da CNH do presente condutor, estar-se-á


negado à eles o direito de exercerem devidamente a sua atividade
profissional, garantirem a sua subsistência e de sua família, mormente
quando o automóvel é instrumento essencial de trabalho (p.ex.
advogados, médicos, vendedores etc.)

Nestes termos, por ser de direito e de justiça,

Pede e espera deferimento de todo o ora requerido.

‘EX POSITIS’, fica requerido:


a) a exclusão do nome da ora Recorrente dos registros relativos aos
Autos de Infração de Trânsito relacionados e comentados;

b) O cancelamento da NOTIFICAÇÃO para Procedimento de


Suspensão de Direito de Dirigir Veículos Automotores, dispensada a
apreensão da CNH, por indevida.

Estrela – RS, de XXXXXXX de 2010.

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XXXXXXXXXXXXXXX

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