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ILUSTRÍSSIMOS SENHORES JULGADORES

Eu, Laudenir Mazzucco, ____________________, 786.167.199-20, R vitor Venetto, 48999890770,


____________________, manifestando inconformidade com a alegação do Detran sc, apresento Defesa Prévia,
opondo-me, respeitosamente, à alegação de que tenha cometido o ato de Art. 230, VI, CTB Conduzir o veículo:
com qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e visibilidade, conduzindo o
veículo de placa ____________________, conforme constante no AIT de nº ____________________. Faço
isso utilizando-me dos motivos abaixo:

Tipo Amplo
Destaca-se que não há indicação precisa no auto de infração sobre qual foi exatamente a conduta praticada e
considerada infratora pela autoridade fiscalizadora, nem qual foi a razão específica para a anotação da infração,
vez que o tipo legal é amplo, carecendo de complementação.
Considerando que a infração comporta inúmeras condutas, é imprescindível que haja apontamento de qual
documento obrigatório não era portado no momento da suposta infração, sendo impossível oferecer defesa plena
se é oportunizado acesso apenas a informações contraditórias, sendo que nem mesmo o órgão autuador apontou
exatamente qual foi a conduta supostamente realizada pelo Defendente.
Não cogitamos que se possa aplicar penalidade contra o Requerente que não reconhece a infração, não identifica
tê-la cometido e que não é esclarecida sobre qual seria a sua razão. Tal situação cerceia toda possibilidade de
defesa ou justificação, uma vez que não se tem determinada a acusação.
O simples fato da cópia do tipo legal no auto não enseja a presente infração, porquanto não há qualquer
esclarecimento quanto às circunstâncias em ela teria ocorrido, já que é necessário o conhecimento das razões
que levaram o agente a realizar a autuação, para que a defesa possa ter, ao mínimo, condições de esclarecer e
justificar os fatos imputados em desfavor do Requerente.

Da Ausência de Irregularidade na conduta do Requerente


Ademais, impera destacar que o Recorrente foi autuado quando estava com o veículo estacionado, não tendo
sequer saído do local, de modo que não há se falar em infração, uma vez que o tipo legal prevê o seguinte:
“Conduzir o veículo com qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e
visibilidade”.
Destarte, não havendo comprovação de que o Recorrente conduzia o veículo na via, apenas constando no auto
que o veículo encontrava-se no local da suposta infração, a anulação da autuação é medida que se impõe, tendo
em vista que a conduta do Recorrente não se amolda ao tipo legal descrito no auto de infração questionado.
Assim sendo, não se vislumbra outra medida a ser tomada que não o cancelamento da presente autuação e o
arquivamento do seu respectivo auto de infração, especialmente diante do que preconiza o artigo 281 do Código
de Trânsito Brasileiro, que estabelece o seguinte: “Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência
estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a
penalidade cabível. Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente: I - se
considerado inconsistente ou irregular;” – grifei.
Logo, em face do citado dispositivo legal, bem como dos argumentos acima expostos, o arquivamento do auto
de infração ora atacado e o julgamento de insubsistência de seu registro é medida que se impõe, sob pena de
contrariar-se a Constituição Federal, o Código de Trânsito Brasileiro e toda a Legislação de trânsito em vigor.
Da Ausência de Irregularidade na conduta do Requerente
Ademais, impera destacar que o Recorrente foi autuado quando não estava nem com o som ligado, de modo que
não há se falar em infração, uma vez que o tipo legal prevê o seguinte: “Usar no veículo equipamento com som
em volume ou freqüência que não sejam autorizados pelo CONTRAN”.
Destarte, não havendo comprovação de que o Recorrente que o Recorrente estava com o som ligado ou em uma
frequência não permitida, apenas constando no auto que o veículo encontrava-se no local da suposta infração, a
anulação da autuação é medida que se impõe, tendo em vista que a conduta do Recorrente não se amolda ao tipo
legal descrito no auto de infração questionado. Assim sendo, não se vislumbra outra medida a ser tomada que
não o cancelamento da presente autuação e o arquivamento do seu respectivo auto de infração, especialmente
diante do que preconiza o artigo 281 do Código de Trânsito Brasileiro, que estabelece o seguinte: “Art. 281. A
autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará
a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível. Parágrafo único. O auto de infração será
arquivado e seu registro julgado insubsistente: I - se considerado inconsistente ou irregular;” – grifei.
Logo, em face do citado dispositivo legal, bem como dos argumentos acima expostos, o arquivamento do auto
de infração ora atacado e o julgamento de insubsistência de seu registro é medida que se impõe, sob pena de
contrariar-se a Constituição Federal, o Código de Trânsito Brasileiro e toda a Legislação de trânsito em vigor.

Da não aplicação de pontuação na CNH em caso de infração administrativa


A infração supra citada, trata-se de infração meramente administrativa já que a pontuação serve para inibir
infrações de trânsito, quando da condução em si. O bem jurídico tutelado com a imposição da pontuação é a
segurança e educação do trânsito em defesa da coletividade.
No caso em tela, o condutor não representa perigo nenhum quando da condução do veículo. Ademais, não existe
função social na penalidade de pontuação desta multa, a qual já conta com pena pecuniária. Nesse sentido tem
decidido o judiciário.
EMENTA: ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CANCELAMENTO DE PERMISSÃO
PARA DIRIGIR. NEGATIVA DE CONCESSÃO DA CNH DEFINITIVA. TRANSFERÊNCIA DE VEÍCULO
NO PRAZO DE TRINTA DIAS. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO DE NATUREZA MERAMENTE
ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE RISCO À SEGURANÇA DO TRÂNSITO. PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA REFORMADA.
- Não é cabível o cancelamento de permissão para dirigir quando a falta atribuída ao condutor reside em não
haver providenciado a transferência de veículo, no prazo de trinta dias, para o nome do comprador. (TJMG -
Apelação Cível 1.0000.18.048994-0/001, Relator(a): Des.(a) Alberto Vilas Boas , 1ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 09/04/0019, publicação da súmula em 11/04/2019)
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. COMETIMENTO DE INFRAÇÃO
PREVISTA NO ART. 230, INC. V, DO CTB. INFRAÇÃO DE NATUREZA MERAMENTE
ADMINISTRATIVA. CNH DEFINITIVA. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE.
SENTENÇA MANTIDA.
A teor do § 3º do art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro, a Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao
condutor no término de um ano, desde que o mesmo não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou
gravíssima, ou seja, reincidente em infração média.
Entretanto, com base nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, evidencia-se que é cabível a
emissão da Carteira Nacional de Habilitação Definitiva em razão de uma infração meramente administrativa,
que não esteja relacionada com a segurança do trânsito e, tão pouco, seja capaz de verificar a capacidade do
indivíduo em conduzir veículos e/ou ofereça risco à coletividade.
Recurso conhecido e não provido. Sentença confirmada no reexame necessário. (TJMG - Ap Cível/Rem
Necessária 1.0000.18.062962-8/002, Relator(a): Des.(a) Fábio Torres de Sousa (JD Convocado) , 8ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 01/08/0019, publicação da súmula em 09/08/2019)
Subsidiariamente, caso não seja conhecida a nulidade da autuação, requeiro a não aplicação da pontuação
correspondente.

Finalidade arrecadatória
As sanções administrativas decorrentes da prática de infrações de trânsito devem ter caráter educacional, com o
intuito de que os condutores infratores se conscientizem de seus atos incorretos e atentatórios à segurança do
trânsito e não mais incorram em condutas semelhantes.
Para que se possa de fato alcançar essa finalidade educativa, não basta que sejam aplicadas autuações de forma
discricionária. É de suma importância que os órgãos tenham critérios para verificar de fato se as autuações estão
cumprindo com seu papel ou tornando-se meramente um fundo para arrecadação de valores aos entes da
administração pública.
Infrações constatadas em locais com sinalização dúbia, equipamentos para aferição de infrações sem
comprovação de regularidade, anotação de infrações por agentes sem meio probatório, são exemplos de
situações em que, aos condutores autuados, somente restará o desapontamento e o sentimento de injustiça.
A situação presente se enquadra exatamente nesses casos, visto que jamais houve a intenção de descumprir
norma de trânsito. Sendo assim, a manutenção da presente imputação somente confirmará o descrédito apontado
ao sistema de trânsito pela mídia e cidadãos em geral, o que não espero.
Solicitação de efeito suspensivo ao recurso
Considerando as razões expostas em sede de defesa e a probabilidade de meu direito, não há como se pretender
uma penalização de forma prematura e frágil, razão pela qual solicito a aplicação de efeito suspensivo ao
recurso. Essa deverá ser mantida mesmo em caso de eventual indeferimento, visto que a penalidade só deverá
ser aplicada quando esgotadas as esferas administrativas de defesa.
A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu art. 5º, incisos LIV e LV, estabelece que “ninguém será
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” e que “aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”.
Assim, não podem os condutores serem punidos antes que suas razões sejam analisadas em todas as instâncias,
sob pena de afronta aos princípios do contraditório e ampla defesa. De igual forma, o Conselho Nacional de
Trânsito – CONTRAN, dispõe no art. 25 da Resolução nº 723/2018 que “No curso do processo administrativo
de que trata esta Resolução não incidirá nenhuma restrição no prontuário do infrator [...]”.
Deste modo, não há como esperar postura diversa, sendo necessária a aplicação do efeito suspensivo, o que
venho requerer.
Dos Pedidos
Diante do exposto, requer o deferimento do presente recurso, na forma do inciso I do parágrafo único do
artigo 281 do Código de Trânsito Brasileiro, determinando-se o arquivamento do auto de infração e julgando-
se insubsistente seu registro, com o consequente cancelamento da multa e a extinção da pontuação que a
infração gerou no Prontuário do Recorrente.
Requer ainda seja concedido o efeito suspensivo no caso do recurso não ter sido julgado em até 30 (trinta) dias
da data de seu protocolo em conformidade com o parágrafo terceiro do artigo 285 também do Código de
Trânsito Brasileiro.
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Laudenir Mazzucco

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